A APRENDIZAGEM E O LÚDICO: UMA NOVA PRÁXIS EM SALA DE AULA
Clério Cezar Batista Sena
Joicy Midiã Figueiredo Macedo
Matheus Soares
RESUMO:
Esta pesquisa consiste num estudo bibliográfico sobre o conceito da práxis em sala
de aula em relação ao uso de jogos, dinâmicas como uma intervenção educacional.
É de suma importância a compreensão desse trabalho, tanto no âmbito social,
quanto educacional para a priorização do ensino de uma forma geral e da integração
e da interatividade para o suprimento das dificuldades de aprendizagem na escola.
O jogo em si, não é apenas um brincar por brincar, mas sim uma amostragem de
que a brincadeira facilita na aprendizagem. É necessário focarmos no que
desrespeita a busca por um ensino de qualidade. A ênfase de se trabalhar o jogo
relacionado à atividade curricular do aluno propõe acabar com a mesmice em sala
de aula e também na relação interpessoal educacional entre professor - aluno. Para
que o ensino melhore e os educandos desenvolvam suas habilidades, é preciso da
mobilização e reflexão da equipe pedagógica, dos gestores de escolas, dos
professores, dos alunos para o desenvolvimento do projeto, independentes de suas
dificuldades de aprendizagem apresentadas.
PALAVRAS-CHAVE: aprendizagem, lúdico, ensino, práxis, educação.
2
INTRODUÇÃO
A escola é hoje além de um lugar de ensino - aprendizagem é o espaço na
qual a criança passa a maior parte do tempo. È na escola que ela desenvolve seus
mecanismos de inteligência, que aprende a conviver com o outro, expressam suas
emoções, enfim. E o professor faz parte desse processo de desenvolvimento,
observando e muitas vezes atuando com suas regras, buscando sempre um aspecto
harmônico para suas aulas.
Tratando do tema: a aprendizagem e o lúdico, o foco esta na questão da
importância de se trabalhar a dinâmica interativa relacionada às atividades
propostas no currículo escolar.
Desta forma, o lúdico, não é apenas brincar por brincar, mas mostrar que
através da brincadeira também podemos aprender.
Muitos pesquisadores desenvolveram trabalhos para que a criança por meio
das atividades lúdicas tenha um conhecimento melhor dentro dos conteúdos
apresentados em sala de aula.
A educação é proveniente de muitas metodologias, mas de nenhuma
estratégia que já venha pronta, por isso, precisamos nos adentrar e conhecer melhor
o mundo em que vivemos para que possamos pesquisar novas teorias para o ensino
em relação ao seu desenvolvimento nas escolas.
Para entendermos melhor este tema, procuraremos elucidar o verdadeiro
significado do termo lúdico, buscando mostrar que não é apenas um novo modismo
inserido no cotidiano escolar.
O principal objetivo deste estudo é proporcionar uma visão sobre o tema
abordado, visando principalmente à aplicação na nossa prática pedagógica. Desta
forma busca-se a compreensão das concepções que sustentam as políticas
apresentadas dentro do âmbito educacional.
1.TEORIAS DE APRENDIZAGEM E O BRINCAR
1.1 CONCEITUANDO APRENDIZAGEM
3
Em primeira instância desta investigação esta é a questão: Mas, afinal o que
é aprendizagem?
A aprendizagem é um processo que pode ser definido de forma sintética
como o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem
competências e mudam o comportamento. Contudo, a complexidade desse processo
dificilmente pode ser explicada apenas através de recortes do todo. Por outro lado,
qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de pressupostos políticoideológicos, relacionados com a visão de homem, sociedade e saber.
Segundo alguns estudiosos, a aprendizagem é um processo integrado que
provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que aprende.
Essa transformação se dá através da alteração de conduta de um indivíduo, seja por
condicionamento operante, experiência ou ambos, de uma forma razoavelmente
permanente. As informações podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou
até pela simples aquisição de hábitos. O ato ou vontade de aprender é uma
característica essencial do psiquismo humano, pois somente este possui o caráter
intencional, ou a intenção de aprender; dinâmico, por estar sempre em mutação e
procurar informações para a aprendizagem; criador, por buscar novos métodos
visando à melhora da própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e erro.
Um outro conceito de aprendizagem é uma mudança relativamente durável
do comportamento, de uma forma mais ou menos sistemática, ou não, adquirida pela
experiência, pela observação e pela prática motivada.
O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando de
estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o aprendizado. Há
aprendizados que podem ser considerados inatos, como o ato de aprender a falar, a
andar, necessitando que ele passe pelo processo de maturação física, psicológica e
social. Na maioria dos casos a aprendizagem se dá no meio social e temporal em
que o indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses fatores, e por
predisposições genéticas.
Partindo do contexto de que a educação escolar é uma mediação neste
seguimento, compreende-se que a socialização primária se dá no momento familiar,
isto é, a criança adquire como modelo de aprendizagem: o pai, a mãe, pois é onde
realiza suas primeiras falas, é o contato mais próximo do sujeito (criança) ao objeto
(aprendizagem). Depois ela transfere esse conhecimento com o outro ser, ou seja, o
aprendente.
4
Em relação a esta teoria, Vygotsky (1991, p.101), afirma que “a
aprendizagem é um processo que se dá por meio da fala e do pensamento, mais não
de uma forma inata, isto é, ela é adquirida e tem propriedades e leis específicas”.
As pessoas se apropriam da linguagem desde a infância e dessa forma
relacionam-se.
Seguindo esta abordagem, a criança ao aprender a linguagem falada, já
verbalizada, o pensamento torna as suscetíveis à repetição e a análise e ao mesmo
tempo lançando mão de suas construções intelectuais, intelectualizada a fala.
A aprendizagem é a conversão entre estímulo e resposta no mesmo eixo do
conhecimento. Ela requer esforço deliberado do aprendiz. O professor utiliza seus
conhecimentos prévios para que o aluno desenvolva suas habilidades e
consequentemente adquira novas competências.
Numa abordagem piagetiana, compreende - se que o processo de
aprendizagem se dá de acordo com os estágios do desenvolvimento. Trata-se de
encontrar o ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Conforme
Piaget (1975) postula:
Que todo esquema de assimilação tende a alimentar-se, isto é, a incorporar
elementos que lhe são exteriores e compatíveis com a sua natureza. E
postula também que todo esquema de assimilação é obrigado a se acomodar
aos elementos que assimila, isto é, a se modificar em função de suas
particularidades, mas, sem com isso, perder sua continuidade (portanto, seu
fechamento enquanto ciclo de processos interdependentes), nem seus
poderes anteriores de assimilação. ( PIAGET,1975, p. 14)
Complementando esta abordagem, Paín (1985, p.23) afirma que: “a
aprendizagem é o resultado da articulação de fatores internos e externos do próprio
sujeito, do organismo, do desejo de aprender, das estruturas cognitivas e do
comportamento em geral”. Ainda segundo Paín (1985), aprendizagem possui algumas
funções contraditórias, dentre elas destaca-se a função socializadora, repressora e a
função transformadora.
•
Na função socializadora: a escola trabalha dentro de um projeto social, em
que o ser humano atua para que este seja integrado no seu ambiente. Isto
é, viver em sociedade, aprendendo a conhecer e a conviver com novas
5
culturas, adquirir novos conhecimentos e também a convivência com o
outro de uma forma natural seguida por regras de conduta, de acordo com
seus diretos e deveres.
•
Na função repressiva: conforme a visão da autora aprendizagem possui
essa função, já que o professor trabalha com limites claros e a escola é
um espaço permeado de limites (o uso de uniformes, horários,
programação de tarefas pedagógicas etc.) Além disso, não há espaço
para a expressão plena do desejo de aprender porque, na maioria das
vezes, as atividades são coletivas e um sujeito representa o limite do
outro.
•
Na função transformadora: eis aqui o elemento de dicotomia das funções
da aprendizagem, pois, ao mesmo tempo em que ela possui a função da
manutenção da cultura (função socializadora) e de delimitar o sujeito
(função repressora), a aprendizagem tem a função de libertar o homem a
partir do conhecimento e, por conseqüência, transformar a sociedade.
Estas funções determinadas pela autora mostram como funciona o processo
de aprendizagem e que a ausência de uma das funções pode afetar no que
determinamos de dificuldades de aprendizagem.
É retratando esta importância que se enfatiza a proposta de desenvolvimento
do conhecimento e articulação do mesmo para a aprendizagem por meio de jogos e
brincadeiras.
1.2 AS TEORIAS E O BRINCAR
O brincar na aprendizagem não é uma metodologia, mas uma estratégia para
o desenvolvimento do ensino. Muitos pesquisadores acreditam que a brincadeira, ou
seja, a interação pode render bons frutos. A estimulação nasce por meio dos jogos e
do contato interpessoal entre “professor e aluno”. Esta estrutura pedagógica
desencadeia a formação de conceitos construtivistas, pois aderem às ideologias
piagetiana.
6
De acordo com os estágios do desenvolvimento em relação a proposição do
brincar como proposta na atividade escolar Piaget afirma:
O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensóriomotor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria,
fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função
das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação
das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material
conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades
intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.
(PIAGET,1976, p.160).
1.2.1 A visão winnicottiana sobre o brincar.
Donald Woods Winnicott, pediatra e psicanalista britânico (1896-1971),
trabalhou durante 40 anos como pediatra, tornando-se em 1935 membro da
Sociedade Britânica de Psicanálise, a qual presidiu. Em seus trabalhos, preocupa-se
com a latente e com o cuidado materno. Teoriza sobre o brincar. Para ele, a origem
do simbolismo pode estar no caminho que passa do subjetivo para o objetivo,
traduzido pelo objeto transacional, o primeiro brinquedo.
Concede-se, portanto que o ato de brincar é uma vastíssima dimensão no
domínio humano. Relacionando a saúde mental, a Psicanálise e brincadeira,
afirmando que brincar é, além de uma busca de prazer, uma forma de lidar com a
angústia.
Segundo Winnicott (1975, p.312), afirma que “É uma necessidade para o
desenvolvimento de uma personalidade sadia”. Em sua citação na Sociedade
Britânica de Psicanálise em outubro de 1966, Winnicott disse:
Freud, em sua topografia da mente, não encontrou lugar para a experiência
das coisas culturais, deu um novo valor a realidade psíquica interna e disso
proveio um novo valor para as coisas que são reais e verdadeiramente
externas. Freud utilizou a palavra sublimação para apontar o caminho a um
lugar em que a experiência cultural é significativa, mas talvez não tenha
chegado a ponto de nos dizer em que lugar na mente se acha a experiência
cultural. (WINNICOTT, 1958, p.325)
Em consideração ao termo sobre experiência cultural, Winnicott encontra
ressonância a abordagem de Vygotsky sobre o significado do brinquedo, dando
7
ênfase à experiência cultural como uma representação do mundo simbólico e da
subjetividade humana apresentando a possibilidade de rupturas com algumas
dicotomias, incluindo a da experiência de sistemas independentes como o psíquico e
o social, o objetivo e o subjetivo.
1.2.2 O olhar vygotskyano em relação ao brincar
Levy Seminovich Vygotsky (1896-1934), psicólogo soviético, apresentava
interesses em diversos campos do conhecimento. Foi advogado, psicólogo,
semiólogo. Desenvolveu interessantes estudos sobre o papel da cultura na
constituição do sujeito humano.
Na sua concepção entre o biológico e o cultural constitui-se como uma
interação permanente em que os aspectos que chamaríamos psíquicos ou subjetivos
exercem
influencia sobre
o
ambiente, recebendo destes seus
elementos
constitutivos.
Vygotsky restringe a definição de brinquedo como algo que somente da
prazer à criança.
Ela satisfaz certas necessidades através do brinquedo e essas necessidades
passam por um processo de maturação. Exemplifica essa situação com o
inicio da fase pré-escolar. No inicio a criança tem seus desejos como algo que
não podem ser imediatamente satisfeitos, permanecendo num estagio
precedente, isto é uma tendência para a satisfação imediata dos desejos.
Para resolver essa tensão, a criança (4 a 6 anos) envolve-se num mundo
ilusório e imaginário, na qual seus desejos não realizáveis podem ser
realizados nesse mundo, é o que chamado de “brinquedo”. (WINNICOTT,
1975, p.210).
Com todas as funções da consciência, a imaginação surge da ação. A
imaginação é o brinquedo em ação. Enfatizar o brinquedo apenas como uma
atividade simbólica e/ ou cognitiva é arriscar-se a negligenciar a motivação e as
circunstancias da atividade da criança. O brinquedo que envolve uma situação
imaginária é um brinquedo com regras. É no brinquedo que a criança aprende a agir
numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das
motivações e tendências internas e não dos incentivos fornecidos pelos objetos
8
externos. No brinquedo, os objetos perdem a sua força determinadora. A criança vê
um objeto, mas age de maneira diferente em relação aquilo que ela vê. A ação
imaginaria ensina a criança a dirigir seu comportamento não só pela percepção
imediata dos objetos, mas pelo significado dessa situação.
A essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do
significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre situações no pensamento
e situações dos objetos e as ações surgem das idéias e não das coisas. Por
exemplo: Um cabo de vassoura é um cavalinho e passa-se a agir com ele conforme
as regras sociais foram mostrando ao sujeito. Entretanto, é por meio dessas
interações do sujeito com a cultura que se reconhece a construção mediadora dessa
forma de ação.
2. EDUCAÇÃO E O BRINCAR
2.1 A APRENDIZAGEM E O LÚDICO
Muito se fala em o “brincar para educar”, mas quais as possibilidades de
uma intervenção psicopedagógica numa atividade de leitura ou de escrita, ou seja,
trabalhar uma dinâmica interativa para que desenvolva estas habilidades de modo
que se aprenda a importância da leitura, sem que se torne uma desordem escolar.
O processo de aprendizagem pode ser visto como uma grande brincadeira
de esconde – esconde ou caça ao tesouro: tanto uma criança da pré-escola
brincando numa caixa de areia quanto um cientista estudando num laboratório, está
lidando com sua curiosidade, com o desejo da descoberta, com a superação do não
saber, com a busca do novo, que sustentam a construção de novos saberes.
Os jogos, porém, precisam ser pensados, organizados previamente a fim de
atingir seus objetivos. Podem partir de materiais que o professor tenha disponível em
sala de aula, mas sempre se atentando para a forma como são trabalhados. Antunes
(2003, p.21), afirma que “Brincar é o mais eficiente meio estimulador das
inteligências, impõe desafios, e gera tensões necessárias para a construção do
aprendizado que se propõe obter com tais atividades”.
O professor tem de ser um eterno pesquisador e indagador. O indivíduo que
chega a sala de aula hoje, na maioria das vezes, demonstra ser uma pessoa ansiosa,
9
dispersa, agitada, irritada, esquecida, com déficit de concentração, aversão à rotina e,
muitas das vezes, com sintomas psicossomáticos, como dor de cabeça, gastrite,
dentre outros. É importante fazer com que os alunos pensem, porém,
exageradamente é prejudicial.
Na afirmativa deste conceito, Freire (1996, p.28), conclui que “saber ensinar
não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção
ou sua construção”.
O professor deve conhecer seus alunos, saber a hora certa para uma
dinâmica e a hora certa para uma atividade mais cognitiva.
A atividade dinâmica sempre tem um propósito para ser trabalhada, em
muitos casos, ela tem finalidade numa interação com os outros colegas e até mesmo
com o professor, ou seja, a questão de afetividade positiva, aquilo que afeta de
algum modo no ser e o transforma seu comportamento de uma forma relativa.
Brincar é um veiculo que resgata a humanidade para entrar em contato com
a sensibilidade e a criatividade esquecida.
Em psicanálise, o brincar é fundamental para a realidade psíquica ou
subjetiva, pois permite a construção de uma fantasia que parte da realidade
transpondo num novo olhar, o que é indispensável à saudade mental.
A brincadeira é uma forma de interação entre professor e aluno, dessa
forma podemos construir no ambiente escolar uma imagem diferente, de um lugar
que podemos sonhar, imaginar e acreditar em nossas capacidades de criar.
O professor tem sofrido com a questão de ensinagem, pois não consegue
seguir os mesmos estímulos decorrentes de seus alunos, ou seja, é como se cada
um estivesse num patamar diferente, tornando-se seres tão distantes, sendo incapaz
de compreender o outro como seu semelhante.
Acabando na mesmice que já conhecemos o professor desmotivado com
sua práxis e os alunos desinteressados com os estudos, buscando na escola um
refúgio para seus problemas familiares agindo de forma arrogante dentre muitos
aspectos.
Pensando no professor como auxiliar no processo de aprendizagem e
desenvolvimento do aluno·, o uso de dinâmicas ou brincadeiras tem sido
fundamental para o ensino, mas há aqueles que criticam, pois seu uso exagerado
pode transformar a sala de aula num complexo caótico, prejudicando na ensinagem
e na aprendizagem.
10
É pelo fato de o jogo ser um meio tão valioso e eficiente na aprendizagem,
que em todo lugar em que se consegue transformar leitura, cálculo, ortografia em
brincadeira, observa-se que os alunos se apaixonam por essas ocupações tidas
comumente como maçantes.
Em considerações a ludicidade no ensino, Machado (1998, p.39), afirma que
“nem sempre jogo significa atividade lúdica. O jogo, para ser lúdico, é preciso gerar
uma tensão positiva suficiente para não prejudicar o aprendizado do aluno, tem de
levar à ação e não à frustração”.
A atividade lúdica é o resultado do sujeito com o objeto para a construção do
conhecimento produzindo habilidades e competências que complementam a junção
de um ensino mais dinâmico e atrativo na visão psicopedagógica.
A criança que brinca tem mais facilidade para desenvolver a sua inteligência
e também consegue se socializar melhor além de assimilar tudo que aprendeu e
transmitir esse conhecimento para os outros com muita simplicidade.
Segundo muitos pesquisadores, o brincar tem sido hoje um grande aliado na
construção do conhecimento e auxiliador no desenvolvimento infantil, partindo do
sensório motor para as seguintes etapas determinadas conforme as teorias
propostas por Piaget:
O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensóriomotor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria,
fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função
das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação
das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material
conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades
intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.
(PIAGET 1976, p.160).
Em relação ao processo de ensino – aprendizagem, o lúdico é categorizado
em cinco aspectos que diferenciação sua ação que favorece na vida acadêmica das
crianças e tendem a contribuir firmemente para a elevação da auto- estima. Dentre
quais se destacam algumas dimensões e seus fenômenos:
• Cognição: conscientização, percepção, linguagem, abstração, conceituação,
resolução de problemas, inteligência, elaboração do pensamento lógico.
11
•
Afeição: afetividade, sensibilidade, estima amizade.
• Motivação: estímulo, interesse, alegria, ânimo, entusiasmo.
• Criatividade: imaginação, criação.
• Socialização: cooperação, auto-expressão, interação, integração.
Segundo Winnicott (1975, p.25) afirma que “a brincadeira fornece uma
organização para a iniciação de relações emocionais e assim propicia o
desenvolvimento de contatos sociais”.
Ao usar a brincadeira o professor consegue ter uma relação interativa com o
aluno, podendo conhecê-lo melhor, acompanhando de perto o processo de
aprendizagem desta criança, observando suas características sociais, culturais e
psicológicas; pois a escola não deve apenas “educar” a cognição dos alunos, mas
fornecer subsídios para que os sujeitos experimentem vivencias significativas para
que se eduquem socialmente.
Através da brincadeira e dos jogos as crianças terão maior facilidade para
compreenderem o mundo à sua volta e a sua realidade; pois brincando, a criança
aprende, elabora e assimila princípios morais e modelos sociais. A partir das
brincadeiras ela irá reproduzir diversas possibilidades para viver e terá maior
segurança para decidir sobre seu futuro.
Segundo Almeida (1998, p.123) "o bom êxito de toda atividade lúdico
pedagógica depende exclusivamente do bom preparo e liderança do professor".
De acordo com esse contexto devemos buscar uma nova proposta e
aproveitar de forma consciente o lúdico como instrumento metodológico durante as
aulas, possibilitando um bom desenvolvimento tanto da criança quanto do
adolescente. Aprender com alegria é fundamental, assim o uso das técnicas lúdicas
faz com que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo
relevante ressaltar que a educação lúdica está distante da concepção ingênua de
passatempo, brincadeira e diversão, conceituando aprendizagem por meio do lúdico
como uma metodologia pedagógica e psicopedagógica no que desrespeita a
educação através do brincar. Na visão de Chalita (2001 p. 11) “A interação professor
- aluno só é positiva quando a necessidade de ambos é atendida, quando há uma
cumplicidade, quando os interlocutores são parceiros de um jogo; o jogo da
linguagem, do diálogo, que é algo fundamental. É casar interação com conversação”.
12
O brincar em relação à aprendizagem compõe - se de formas diferenciadas
para ensinar, isto é, propor técnicas, estilos que desenvolvam a inteligência por meio
das brincadeiras e assim fazer com que a criança seja estimulada ao aprendizado,
mas de uma forma lúdica.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com Cunha (2007) as brinquedotecas são espaços coletivos que
podem estar vinculados a diversas instituições, como escolas, universidades,
hospitais e associações, ou permanecer como entidades autônomas em contextos
públicos ou particulares, nos quais disponibilizam diversos brinquedos as crianças
como suporte para suas brincadeiras.
Com um olhar psicopedagógico, observamos que as interações entre as
crianças em relação às atividades lúdicas compreendem em um fator determinante
para a proposta desta pesquisa, ou seja, a importância do brincar como um
articulador para o desenvolvimento do ser humano, de suas habilidades,
capacidades, físico-motora, psicológica e sócio-cultural.
Em relação à epistemologia pedagógica, compreende-se que o brincar tem
suas funcionalidades com o meio educacional. Principalmente na Educação Infantil.
Pois é na escola que a criança começa a desencadear suas potencialidades, suas
vontades, e também sua aprendizagem. E se tratando do tema proposto, a
intervenção psicopedagógica engaja neste caminho; promovendo um trabalho de
significação e ressignificação dos conhecimentos, possibilitando a sua apropriação,
a elaboração de sentimentos e pensamentos e o resgate do prazer de aprender,
descobrir, pesquisar, explorar, agir, construir, compartilhar.
De acordo com a pesquisa proposta, mostramos um pouco da importância
do
lúdico
em
relação
a
aprendizagem,
seus
pontos
fundamentais
no
desenvolvimento infantil, sua situação vivencial no que esclarece bem a questão
sócio - interativa da criança com o seu meio e de como nós educadores podemos
auxiliar nesse processo tão delicado e que exige tanta atenção, não só do fator
educacional, mas também do fator cultural, social e familiar para que a criança
13
compreenda melhor o mundo em que vive e saiba enfrentar todas as situações
problemas que venha aparecer futuramente.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Paulo N. de. Educação lúdica. São Paulo: Loyola, 1998
ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. 12. ed.
Petrópolis: Vozes, 2003.
CHALITA,Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.
CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. 4. ed. São
Paulo: Aquariana, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a pratica educativa,
São Paulo, Paz e Terra, 1996
MACHADO, Luiz. Manual do professor. 4. ed. Rio de Janeiro: Rodrigo da Cunha
Lima e Paulo Américo Gomes e Magalhães, 1998.
PAIN, Sara. Trad. Ana Maria Netto Machado. Diagnóstico e tratamento dos
problemas de aprendizagem. 2.ed. Porto Alegre : Artes Médicas, 1985
PIAGET, Jean. A Formação do Símbolo na Criança. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1975.
PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Rio de janeiro: Forense Universitária,
1976.
VYGOSTKY, Levy S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
14
WINNICOTT, Donald W. O Brincar e a realidade, Rio de Janeiro, Imago,1975
.
Download

centro sul brasileiro de pesquisa extensão e pós