Autor: INALDA MARIA DOS SANTOS Título: A POLÍTICA DE DESCENTRALIZAÇÃO DO FINANCIAMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL E SUA REPERCUSSÃO NAS UNIDADES ESCOLARES: um estudo sobre o Programa Dinheiro Direto na Escola Orientador: JANETE MARIA LINS DE AZEVEDO Nível: MESTRADO Ano: 2001 RESUMO Esta dissertação teve por objetivo apreender as repercussões da política de descentralização do financiamento do ensino fundamental, por meio do estudo do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE. Adotando uma perspectiva teórica, que toma as políticas públicas como o "Estado em ação", e procurando apreender o contexto sócio-político em que se insere a política educacional brasileira na atualidade, face às suas marcas excludentes e seletivas, partiu-se das vinculações entre a reforma administrativa do Estado e as novas formas de gestão da educação, para se investigar as repercussões do PDDE em três escolas da rede do município de Camaragibe, situado em Pernambuco. Nesse contexto, procurou-se identificar em que medida as diretrizes formuladas pelo poder central estavam, ou não, sendo redirecionadas localmente, tendo em vista uma possível margem de autonomia entre os poderes local e central e o projeto de governo popular democrático do município alvo da pesquisa. Foram privilegiados os conceitos de descentralização, poder local, participação, gestão democrática e autonomia escolar, como categorias analíticas dos dados levantados através de análise documental, de observação e de entrevistas semi-estruturadas, feitas com os principais atores responsáveis pela implementação do PDDE nas escolas. Os resultados indicaram que o PDDE é bem aceito pela comunidade, por estar promovendo alguma melhoria da infraestrutura física das unidades pesquisadas, face às carências aí encontradas. A forma "Cooperativa" assumida pelas Unidades Executoras do Programa não vem protegendo as escolas dos riscos de uma futura privatização. A participação da comunidade na sua gestão apresenta-se como uma "participação outorgada" e os mecanismos impostos, centralmente, não têm contribuído para a autonomia escolar, uma vez que essa se restringe a decisões sobre o como gastar os recursos segundo parâmetros prédeterminados. Há tendência em separar as decisões sobre os gastos e as de ordem pedagógica. Entretanto, observou-se que há uma margem de autonomia entre os poderes local e central, expressa, dentre outros fatores, pela presença de mecanismos locais, que buscam um maior envolvimento da comunidade nas decisões e na gestão da educação, que são diferentes do que é imposto pelo governo federal, e que fazem parte do processo pelo qual se define e implementa a política educacional municipal. Mesmo que ainda limitada em seus resultados, essas práticas mostram que, no local, há estratégias de resistência aos imperativos da descentralização "centralizadora", na perspectiva de construção de um padrão educacional emancipatório.