1 A ÉTICA NO MUNDO CORPORATIVO Cláudio Ambos Garcia Eduardo Rafael Pavin Valdir Barbosa Cavalheiro Luis Felipe Couto Winkler Orientador: Almiro Ferreira RESUMO Este artigo tem por finalidade analisar as questões éticas nas corporações e de que maneira podem ser trabalhados nos profissionais que ali estão inseridos. Esta pesquisa teve como principais objetivos: mostrar a preocupação das corporações com a ética empresarial, como as empresas atrelam o sucesso econômico com a ética corporativa, a importância da sociedade para o processo de atitudes eticamente corretas, mostrar como uma cultura organizacional voltada à ética pode desenvolver a consciência profissional e evitando assim as fraudes e demais problemas. Palavras-chave: Ética, corporação, consciência profissional, sociedade, cultura organizacional e fraudes. 1 INTRODUÇÃO A ética corporativa obteve significativa relevância nas discussões organizacionais, apartir dos escândalos financeiros envolvendo importantes empresas norte-americanas, como a Enron (empresa do setor de energia) e a World Com (empresa do setor de telecomunicações), ambas consideradas entre as maiores empresas de seus respectivos setores, antes dos escândalos serem levados ao público (NECZ, 2003). Atualmente o maior desafio corporativo referente à ética está atrelado às ações empresariais para maximizar lucros sem causar prejuízos à sociedade. Mas como definir a ética em um mundo com tanta diversidade cultural e ao mesmo tempo globalizado? De acordo com Vasques (1995, p.12) a ética “é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma específica do 2 comportamento humano”. Assim, está interligada ao conjunto de valores morais de uma sociedade, no qual aponta para o indivíduo os conceitos do certo e do errado. Maximiano (2002, p.416) afirma que: A ética é a disciplina ou campo do conhecimento que trata da definição e avaliação do comportamento de pessoas e organizações. A ética lida com o que pode ser diferente do é, da aprovação ou reprovação do comportamento observado em relação ao comportamento ideal. O comportamento ideal é definido por meio de um código de conduta, ou código de ética, implícito ou explícito. (...) códigos de ética são conjuntos particulares de conduta. Sendo assim esta pesquisa têm por finalidade, conceituar a ética corporativa de modo que lê tenha uma melhor compreensão de como vêm sendo desenvolvido na cultura empresarial e a sua importância no contexto global. 2 ÉTICA EMPRESARIAL Hoje em dia, o sucesso econômico das corporações bem - sucedidas estão relacionadas com a ética corporativa. No Unibanco, por exemplo, existe um comitê de ética, instalado desde 2002 a um custo elevado, com a finalidade de proteger a imagem da empresa que está no mercado há mais de oitenta anos (COHEN, 2003). Segundo Nash (1993, p.04): São muitas as razões para a recente promoção da ética no pensamento empresarial. Os administradores percebem os altos custos impostos pelos escândalos nas empresas: multas pesadas, quebra da rotina normal, baixo moral dos empregados, aumento da rotatividade, dificuldades de recrutamento, fraude interna e perda da confiança pública na reputação da empresa. Muitas decisões que empresas como o Unibanco, tomam diariamente se deparam com questões éticas. Maximiano (2002, p.418) afirma que “liderança, motivação, planejamento de carreira, movimentação de pessoal e conduta profissional são assuntos que envolvem questões éticas”. Por isso, a ética corporativa, segundo Cohen (2003, p.36) é adotada por algumas empresas de uma maneira dissociada da prática: Nos últimos anos, esse discurso revestiu-se de uma argumentação que, grosso modo, diz o seguinte: se uma empresa for ética, seus funcionários ficarão contentes em dar seu sangue por ela, os fornecedores se transformarão em parceiros estratégicos, os consumidores darão preferência a seus produtos e serviços (e até aceitarão pagar mais caro por eles) e a comunidade que abriga será mais compreensiva diante de eventuais deslizes. Logo, alguns estudos sugerem que o compromisso ético das organizações traz resultados positivos. Em 1999, por exemplo, a Universidade Católica DePaul, de Chicago, pesquisou trezentas empresas e concluiu que as organizações, que tinham compromisso ético 3 proporcionavam aos sues acionistas um retorno financeiros duas vezes maior que as demais empresas (COHEN, 2003). Porém, o pesquisador Machado Filho (Apud COHEN, 2003, p.37) em sua tese de doutorado sobre responsabilidade social e criação de valor, defende que: Essa noção deve ser avaliada com muita calma. Por dois motivos: primeiro, pela dificuldade metodológica para qualificar as ações de responsabilidade social. Segundo porque é difícil estabelecer uma relação de causa e efeito entre postura ética e lucratividade. Pode-se considerar que as empresas em condições de empreender as atividades sociais são justamente as que já apresentam indicadores de desempenho mais robustos. Dessa forma, a idéia de investir em ética corporativa somente para obter resultados financeiros, se manifesta de forma equivocada, pois essa não é a finalidade da ética. No entanto, sabe-se que as corporações cuja conduta são questionadas pela sociedade, podem sofrer boicotes de clientes, fornecedores, investidores além de sofrer as pressões decorrentes da legislação e fiscalização do governo. Por isso, a sociedade e seus três setores, devem estimular o desenvolvimento de uma conduta eticamente correta no pensamento empresarial, assim como no pensamento de cada indivíduo, afinal, é o homem quem dirige uma empresa e toma as decisões por ela. 3 A CULTURA ORGANIZACIONAL E A ÉTICA PROFISSIONAL De acordo com Schein (apud MAXIMIANO, 2002, p.330), cultura é: Um conjunto de premissas que um grupo aprendeu a aceitar, como resultado da solução de problemas de adaptação ao ambiente e de integração interna. Essas premissas funcionam suficientemente bem para serem consideradas válidas e podem ser ensinadas a novos integrantes como sendo a forma correta de perceber, pensar e sentir-se em relação a esses problemas de adaptação externa e integração interna. Certamente, nos dias de hoje, os valores éticos vêm sendo agregados à cultura de muitas organizações por assumirem um papel relevante, pela cobrança da sociedade nos últimos anos. Dessa forma, a ética nas empresas, também parte da consciência profissional, principalmente, da lata administração. Assim Silva e Speroni (1998, p.78), afirmam que “a ética profissional tem como premissa maior o relacionamento do profissional com seus clientes e com outros profissionais, levando em conta valores como a dignidade humana, auto-realização e sociabilidade”. Por isso, Jacomino (2000, p.28) afirma que “hoje mais do que nunca, a atitude dos profissionais em relação às questões éticas pode ser a diferença entre o seu sucesso e o seu 4 fracasso. Basta um deslize, e pronto, a imagem do profissional ganha no mercado, a mancha vermelha da desconfiança”. Além de manchar a imagem da corporação, as atitudes dos profissionais são vistas por boa parte do público como atitudes das empresas. Logo, a empresa deve preocupar-se com a formação da cultura ética dos seus profissionais, conforme o que defende Maximiano (2002, p.330), de modo que “os novos integrantes da organização devem entender a cultura e aprender a comporta-se de acordo com os elementos culturais, para serem aceitos e sobreviver”. 4 QUEM PERDE COM AS FRAUDES? Certamente, toda a sociedade perde quando alguma empresa ou administrador procura obter vantagens de forma ilícita. Como por exemplo, no caso de sonegação fiscal: certa empresa vende seu produto para um cliente sem nota fiscal, assim não repassa ao governo os impostos recolhidos pala venda e que perde é a sociedade, pois os valores designados a tais tributos seriam revertidos em bem-feitorias (como saúde, segurança, educação, saneamento básico, etc.) a própria empresa, que se descoberta poderá responder judicialmente por crime fiscal, os envolvidos na fraude que correm o risco de declinar com a carreira profissional. Apenas buscou-se sintetizar a complexidade de um caso isolado de fraude. Portanto, não valer a pena ingressar a nenhuma prática ilícita no exercício profissional. De acordo com Jacomino (2000, p.36): Agir eticamente dentro (ou fora) da empresa sempre foi e será uma decisão pessoal. Uma vez que você tenha despertado para o assunto, mais e mais ele tende a ser considerado nas decisões, num processo permanente, sem fim. É claro que sempre estamos sujeitos a deslizes e equívocos. Nunca se esqueça, porém de que esse costuma ser um caminho sem volta para o bem o para o mal. 5 CONCLUSÃO O aumento da consciência empresarial em relação à conduta eticamente correta, não significa que ela seja praticada automaticamente. Conflitos e dilemas éticos sempre existem no dia-a-dia, como por exemplo, a tentação de sonegar impostos em um país com uma alta carga tributária, como no Brasil, além do comprometimento de custos, a venda de produtos de risco para a saúde do consumidor, entre outros (NECZ, 2003). Dessa forma, foi apresentado de maneira sintetizada a definição e a importância da ética incorporada na cultura organizacional. Assim, a ética esta diretamente ligada aos princípios morais da sociedade e a organização cresce na medida em que aprende tais princípios e se incorpora à sua cultura. Cohen (2003, p.41) afirma que: 5 Embora tenhamos a tentação de associar as convicções perenes, o fato é que os valores da sociedade mudam. Já foi considerado ético ter escravos. Já foi considerado ético revistar funcionárias na saída do trabalho para verificar se roubaram peças. (...) os valores da sociedade mudam com o tempo e as empresas têm de mudar suas práticas. Contudo, o sucesso das corporações e de seus gestores, depende de uma postura ética inquestionável, sem esperar uma grande maximização dos seus lucros, porque para Mills (1979, p.278), “só se atinge o templo da fortuna através de um caminho íngreme, acidentado e difícil, pelo qual o indivíduo se arrasta com esforço”. REFERÊNCIAS COHEN, D. Os dilemas da ética. Revista Exame, São Paulo: Editora Abril, ed. 792, ano 37, p.34-43, Maio, 2003. JACOMINO, D. Você é um profissional ético? Revista Você S.A., São Paulo: Editora Abril, ed. 25, ano 3, p.28-36, jul. 2000 MAXIMIANO, A. C. A. A teoria geral da administração: Da revolução Urbana à Revolução Digital. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. MILLS, W. A nova classe média. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. NASH, Laura L. Ética nas empresas. São Paulo: Makron Books, 1993. NECZ, C. A ética de cada dia. Revista Exame, São Paulo: Editora Abril, ed. 792, ano 37, p. 7, Maio, 2003. SILVA, C. M. SPERONI, V. Os princípios éticos e a ética profissional. Revista Brasileirade Contabilidade, Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, ano 27, n° 113, p. 77-79, set./out. 1998.