DCNT - Compreendendo sua importância no contexto de Saúde Pública
Dr. Mauro dos Anjos
Recentemente, em maio deste ano, a cidade de Porto Alegre teve um encontro para tratar de um
assunto que é de grande interesse dos órgãos que ditam a política mundial e nacional na área da
saúde,
as
Doenças Crônicas
Não
Transmissíveis
(DCNT).
Neste
encontro,
surgiram
recomendações contidas em um documento assinado por representantes de entidades ligadas à
área da saúde, profissionais e governo: a chamada Declaração de Porto Alegre sobre o controle
de DCNT, 2011.
Para compreendermos melhor a importância das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)
precisamos nos situar um pouco na evolução política e social do nosso país no contexto mundial.
Seguindo o processo de transição que ocorre mundialmente, o Brasil vem sofrendo mudanças
demográficas, epidemiológicas e nutricionais desde a década de 60.
A chamada Transição Demográfica, um desses processos, diminuiu significativamente as taxas de
fecundidade e natalidade, levando a aumento progressivo da expectativa de vida e da proporção
de idosos, em relação aos demais grupos etários. A Transição Epidemiológica consolidou um novo
perfil
de
morbimortalidade,
condicionado
à
diversidade
regional,
às
características
socioeconômicas e o acesso aos serviços de saúde. E por fim, a Transição Nutricional, que gerou
o aumento progressivo de sobrepeso e obesidade em função das mudanças no padrão alimentar e
do sedentarismo.
Esse conjunto de mudanças, resultou em alterações nos padrões de ocorrência de patologias com
um aumento significativo da prevalência das DCNT que são responsáveis por cerca de 63% do
total das mortes no mundo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPS) têm
chamando atenção para este problema e o compreende como a soma das doenças do aparelho
circulatório, câncer, diabetes, doenças respiratórias crônicas e algumas outras doenças,
entre as quais as doenças mentais.
A abordagem dos fatores de risco para DCNT, principalmente os de natureza comportamental
[dieta, sedentarismo, dependência química (de tabaco, álcool e outras drogas), cujas evidências
científicas de associação com doenças crônicas estejam comprovadas, é uma das ações mais
importantes e alvo das políticas de vigilância dos governos.
Como resultado positivo destas ações, podemos ressaltar que a implementação bem-sucedida de
políticas de saúde levaram à redução do tabagismo e à expansão do acesso à atenção básica em
DCNT compreendendo sua importancia no contexto de saúde pública - Dr. Mauro dos Anjos (26-09-2011)
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saúde. No entanto, é importante notar que a prevalência de diabetes e hipertensão está
aumentando, paralelamente à prevalência de excesso de peso; esses aumentos estão associados
a mudanças desfavoráveis na dieta e na atividade física. Portanto, consideramos prioritário o
controle do tabagismo, segurança alimentar, obesidade e poluição, controle do abuso de
álcool e promoção da atividade física por serem estas as principais ações que contribuirão
significativamente para as mudanças no quadro epidemiológico atual.
“Quando não matam precocemente, as doenças não transmissíveis têm impacto enorme sobre a
qualidade de vida, não apenas dos pacientes, mas também de seus familiares. Todos sofrem
quando têm que enfrentar a perda da capacidade de trabalho de um de seus parentes, como a
dependência do uso contínuo de medicamentos (que compromete a renda familiar) e dúvidas
frequentes ao médico” diz o Ministro da Saúde.
Compreender melhor nosso papel no diagnóstico, orientação, tratamento e correta informação,
quando necessária, aos órgãos de vigilância epidemiológica, nos insere no contexto de cocriadores e responsáveis em mudar o cenário desfavorável no combate destas doenças. A
sociedade através de seus órgãos representativos está mobilizando-se para dar maior visibilidade
para o problema, aumetar a conscientização, identificar melhores soluções e implementar políticas
e ações eficazes.
Quando no mês de setembro ocorrer a Reunião de Alto Nível da Organização das Nações
Unidas, em Nova York, destinada a discutir a inclusão do controle de Doenças Crônicas Não
Transmissíveis nas Metas do Milênio, estaremos bem representados por nossas entidades
organizadas e com certeza este tema, por sua relevância ganhará prioridade máxima nas
discussões.
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