UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ ÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA VANESSA BEDIN ESTRESSE PRÉ-COMPETITIVO EM ATLETAS DE JIU-JITSU Chapecó - SC, julho 2010 VANESSA BEDIN ESTRESSE PRÉ-COMPETITIVO EM ATLETAS DE JIU-JITSU Monografia apresentada à Unochapecó como parte dos requisitos como obtenção do grau de licenciado em Educação Física. Orientadores: Esp. Vitor Paulo Camargo Goulart e Esp. Ronilson Nunes Silva Chapecó-SC, julho 2010 AGRADECIMENTOS A Deus, que sempre iluminou o meu caminho e me deu forças para ultrapassar todos os obstáculos. Aos meus pais Tania e Dorivaldo que sempre me apoiaram em tudo e são o maior exemplo de vida para mim. Aos professores orientadores Vitor Paulo Camargo Goulart e Ronilson Nunes da Silva pela colaboração e contribuição neste trabalho e o incentivo nas horas mais difíceis. A todos os meus amigos e colegas que me acompanharam essa trajetória. RESUMO O estudo se caracterizou por uma pesquisa quantitativa descritiva onde seu objetivo foi verificar o nível de estresse pré-competitivo de acordo com os gêneros masculinos, femininos, categorias e faixas etárias. Participaram do estudo atletas que competiram no campeonato Sul Brasileiro de jiu-jitsu em Florianópolis SC. A amostra foi composta por 47 atletas sendo 6 do sexo feminino com idade médias de 26.33 anos e 41 no masculino com idade média de 29,80 anos. Participaram do estudo, competidores com: no mínimo 1 ano de pratica na modalidade e disponibilidade para responder o questionário individualmente. O instrumento utilizado foi a Lista de Sintomas de Stress Pré-Competitivo desenvolvida por De Rose Jr. (1998). Para uma análise mais específica dos sintomas de estresse pré-competitivo, o grupo foi subdividido de acordo com: Sexo (masculino e feminino), faixa etária, categorias (azul, roxo, marrom e preto). Os resultados mostram que os níveis de estresse pré-competitivo de acordo com as faixas etárias e gêneros estão nos índices considerados moderados de acordo com o escore. No nível de estresse por categorias masculino e feminino podem observar que o nível dos sintomas diminui conforme a categoria do atleta aumenta. Outros estudos são necessários para identificar os níveis de estresse dos lutadores, comparando atletas do sexo feminino e masculino, suas categorias e faixas etárias, visto que a homogeneidade da pesquisa pode ter influenciado nos resultados, pois atletas mais experientes podem ter maior capacidade de gerenciar o seu estresse pré-competitivo e estarem adaptados aos possíveis sintomas. Palavras- Chave: Atletas, jiu-jitsu, competição, estresse. LISTAS DE TABELAS Tabela 1: Categoria por faixa etária / 27 Tabela 2: Duração das lutas no campeonato / 28 Tabela 3: Categoria por peso – Masculino / 28 Tabela 4: Categoria por peso – Feminino / 28 Tabela 5: Faixas e idades correspondentes / 29 Tabela 6: Medias e desvios padrões agrupados por idade do sexo masculino / 32 Tabela 7: Medias e desvios padrões agrupados por idade do sexo feminino / 33 Tabela 8: Média por categoria do sexo masculino / 34 Tabela 9: Média por categoria do sexo feminino / 34 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO / 8 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA / 9 1.2 OBJETIVOS / 9 1.2.1. Objetivo Geral / 9 1.2.2 Objetivos Específicos / 10 1.3 JUSTIFICATIVA / 10 2 REVISÃO DE LITERATURA / Erro! Indicador não definido.2 2.1 ESTRESSE NO ESPORTE / 122 2.2 O JIU-JITSU / 222 2.2.1 História e Origem do Jiu-Jitsu / 222 2.2.2 O Jiu-Jitsu na Ásia / 233 2.2.3 O Jiu-Jitsu no Mundo / 244 2.2.4 O jiu-jitsu no Brasil / 255 2.2.5 O jiu-jitsu no Brasil e a família Gracie / 255 2.2.6 A luta de jiu-jitsu / 266 2.3 GOLPES E PONTUAÇÃO / 266 2.4 SISTEMA DE GRADUAÇÃO / 299 2.4.1 Sistema de faixas e idades correspondentes / 299 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS / 30 3.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA / 30 3.1.1 Instrumentos / 31 3.1.2 Procedimentos / 31 3.1.3 Análise dos dados / 31 4 Analise e disculção dos resultados / 32 5 Considerações finais / 36 REFERÊNCIAS / 328 ANEXOS / 42 1 INTRODUÇÃO Durante os últimos anos, profissionais de Educação Física e esportistas em geral tem levantado questionamentos indicando que o estresse pré-competitivo é fator de influência relevante na performance de atletas, nas mais diferentes modalidades esportivas. Tal situação é verificada através de observações e depoimentos de competidores e seus preparadores, porém sem determinar se os efeitos do estresse na performance atlética são benéficos ou podem trazer prejuízo. A Educação Física através de sua área de atuação e seu objeto de estudo, dispõe dos métodos e instrumentos próprios de investigação, que poderão contribuir na elucidação deste questionamento. A prática esportiva tem sido bem estudada e se tem verificado as limitações de seus benefícios, apesar de ainda haver muito a se estudar. Por conseguinte, qualquer atividade física praticada requer atenção especial, pois funciona num sistema dinâmico bipolar onde um indivíduo pode ser treinado até atingir um nível de excelência atlética, porém a preparação deve considerar os efeitos não somente sobre o corpo, mas também sobre a mente, uma vez que uma prática incompleta pode gerar lesões e patologias permanentes (CARVALHO, 2007). Segundo Carvalho (2007) quando bem administrada, a participação em qualquer tipo de atividade física pode trazer benefícios ao seu praticante. Em caso negativo, poderá trazer malefícios físicos, orgânicos, mentais e por conseqüência influenciar seu desempenho. Alguns estudos na área da medicina esportiva impõem restrições à prática de esportes competitivos. Segundo estudos de Carvalho (2007) o Jiu-jítsu pode ser caracterizado como uma forma de atividade física de combate, que pressupõe a existência de um professor ou técnico envolvido no seu ensino ou treinamento. Atualmente sua principal forma de expressão ocorre como esporte de luta, sendo considerado como uma das artes marciais mais antigas e completas da atualidade, pois foi desenvolvido por monges budistas, durante 9 suas longas viagens, nas quais eram atacados constantemente e por motivos filosóficos não podiam portar arma. De acordo com Fernandes (2002), o jiu-jítsu é uma arte marcial de combate corpo a corpo que pode resumir basicamente suas técnicas em golpes de projeção, imobilizações, chaves articulares e estrangulamentos, mas Hernandes Jr., (2000), ressaltando que nos primórdios de sua idealização, tinha o objetivo de defesa pessoal de importância vital para o guerreiro Samurai, sendo atualmente um esporte extremamente dinâmico e inteligente, podendo ser comparado a um xadrez jogado com o corpo, tendo suas regras bem formuladas para conservar a integridade física dos seus praticantes. Se considerarmos as variáveis que interferem no desempenho do atleta, Figueiredo (2000) destaca; a motivação como uma "força" que impulsiona as pessoas a determinadas ações, porem, ela é observada, no ambiente no qual o atleta esta inserido. O ambiente competitivo apresenta inúmeros fatores estressantes para o atleta, sendo que algumas estratégias podem auxiliar o atleta a lidar com o excesso de ansiedade e tensão. Sendo assim, na pratica esportiva existem diversos fatores que contribuem, e/ou dificultam o desempenho das atletas. Dentre estes fatores, podemos destacar a motivação, a ansiedade, e o estresse pré-competitivo, este último, o objetivo deste estudo. Baseando-se nestas perspectivas, o presente estudo busca compreender a manifestação do estresse em atletas amadores de Jiu-Jítsu. 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA Qual é o nível de estresse em atletas de jiu-jitsu? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1. Objetivo Geral Verificar o nível de estresse em atletas de jiu-jitsu? 10 1.2.2 Objetivos Específicos Determinar o nível de estresse pré-competitivo por faixa etária. Determinar o nível de estresse pré-competitivo por categoria. 1.3 JUSTIFICATIVA Todo o processo competitivo causa estresse nos ser humano e faz com que estes sejam submetidos constantemente a um verdadeiro bombardeio de observações, opiniões e julgamentos que podem criar expectativas, objetivos e pressões inadequados para seu desenvolvimento como atleta. Assim, para competir o atleta tem que estar muito bem preparado e se destacar entre aqueles que praticam determinada modalidade esportiva. Pressupõe-se que ele deva superar os mais elevados níveis de exigência, sejam eles físicos, técnicos, táticos ou psicológicos. Tudo isto requer um árduo trabalho, planejado e rigorosamente organizado, visando o aperfeiçoamento dos requisitos necessários para se obter os melhores resultados. Este estudo se justifica pela carência de investigação sobre o nível de estresse précompetitivo em atletas amadores, mais especificamente na modalidade de jiu-jitsu e pelos constantes colapsos enfrentados pelos mesmos durante os períodos que precedem uma competição. Tornando este assunto de importância relevância, sendo que sabemos que o nosso organismo em situações de estresse sofrem alterações, as quase muitas vezes são responsáveis pelas alterações no resultado final das competições. Percebe-se que o estresse tem estado presente nos mais diversos ramos de atividade, sendo que com o jiu-jitsu não poderia ser diferente. Porém, levando-se em consideração as relações entre as reações emocionais, deve-se lembrar que existe possibilidade de o estresse causar reações positivas e negativas aos atletas. Mais especificamente nas artes marciais, um estado de estresse psicológico pode se tornar o gatilho para o desencadeamento de uma agressividade necessária à prática da modalidade. 11 Grandes partes dos professores de artes marciais não possuem formação acadêmica em educação física e também não há uma exigência da Confederação Brasileira de JiuJitsu. As situações indiretamente relacionadas com a competição são aquelas que acontecem fora do ambiente competitivo, mas que podem trazer influencia no desempenho do atleta: problemas familiares, escolares, financeiros, além de doenças etc. (DE ROSE JR, 1996). 12 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ESTRESSE NO ESPORTE O corpo não é apenas a ferramenta que inspira e fundamenta a Educação Física. O corpo é também o agente de mudança, o princípio de mobilidade e unidade. O sujeito e seu corpo são indivisíveis, apesar de que em algum momento histórico, mente e corpo já foram separados, para melhor poderem ser estudados, e validadas ciências acerca deste corpo. Hoje apenas, temos conhecimento de que esta divisão de subjetivo e de corpo são intrínsecos um no outro. Uma consciência não existe fora de um corpo (DENNETT, 1997). Durante o processo de história ainda, percebemos em leituras como Vigiar e Punir, de Wellausen (2007), que os corpos são objeto de dominação de um sistema, onde as relações de poderes estão atuantes o tempo todo, criando corpos dominantes, e corpos dominados, o tempo todo. E estar em um jogo político de dominação, não é um movimento neutro. Muito pelo contrário, estas relações de poder fabricam subjetividade nos sujeitos, que expressam em seus corpos esta subjetividade. Um padeiro que trabalha com pães desde criança, possui uma motricidade fina muito desenvolvida, pois sua “fabricação” como sujeito possibilitou elementos que desenvolvessem tal habilidade, que por sua vez foi pressionada pelo sistema capitalista de mercado, estabelecendo uma dominação. Para Wallon, psicólogo dono da abordagem psicogenética, o corpo pode ser encarado como uma ferramenta por onde expressa sua subjetividade do sujeito, de forma que desenvolvemos habilidades e identificações com determinadas modalidades, por necessidade, por prazer ou obrigação (SANTOS, 2007). O corpo sempre foi um objeto de estudo muito amplamente discutido, por quase todas as áreas do conhecimento, principalmente das ciências sociais humanas e da saúde. E 13 para a Educação física, a concepção de corpo, não é tão diferente da concepção de corpo na qual trabalham as outras ciências humanas e sociais. Corpo é relação, é expressão, e a complexidade por onde se expressam as sensações, sentimentos, emoções, é onde se mostram as habilidades, é o portal que captura toda a cultura, e por onde passam todas as sensações. É a possibilidade de mobilidade, é a estrutura fundamental dos sentidos. Este é o corpo. E ele deve ser trabalhado para que sua expressão seja positiva e saudável, e não doentia como o processo de dominação de um sistema de mercado muitas vezes faz (GEERTZ, 1989). As facilidades e a agitação da vida moderna trouxeram consigo o estresse. O trânsito, a instabilidade no emprego, a violência, entre outras coisas, fazem com que recebamos doses diárias de estresse. Mas o estresse em si não é algo ruim, na verdade ele é uma importante resposta do organismo para a manutenção da vida (BRANDÃO, 2000). Em nossa sociedade tecnológica dominada pela competição, o estresse tornou-se uma palavra comum. É assunto de entrevistas de televisão, debates científicos, e principal foco de várias psicoterapias. As empresas mesmo passaram a ministrar cursos de diminuição de estresse para a classe trabalhadora que sofre dos maus do sistema capitalista, e jovens e adultos passaram a procurar estratégias para lidar com ele (FLACH, 2009). Como uma grande empresa, que não fugiu da busca pelo entendimento de funcionamento do estresse e os males que acarreta em seus “trabalhadores”, as ramificações no esporte também traçam estratégias para lidarem com o problema (FLACH, 2009). O estresse está baseado, entre outros, na ativação do sistema hormonal hipófise hipotálamo glândula supra-renal, desencadeando uma secreção importante de cortisol (formado a partir do ACTH). O sistema simpático (que permite ao corpo estar acordado e próximo ao estresse), com o conhecido hormônio adrenalina, é igualmente fortemente ligado no desenvolvimento do estresse (KELLER, 2006). O maior problema encontrado quando o assunto é o estresse, entre os atletas, é o período de pré-competição, pois a ansiedade acarreta em dificuldades de concentração em momentos onde esta é indispensável. Destaca-se que a ansiedade e o estresse são estados psicológicos que têm influência direta na execução de tarefas que exijam concentração e esforços prolongados. Observou-se que tanto a ansiedade quanto o estresse interferem de forma significativa na capacidade das pessoas de emitir condutas condizentes com o seu meio ambiente. Sob essa perspectiva, a psicologia do esporte, apesar de ser uma área 14 recente, tem por objeto de estudo as particularidades psicológicas da atividade esportiva e do esportista (FABIANI., 2007, p.7). Desta forma, valorizando as particularidades de cada esportista, os psicólogos que trabalham na área do esporte, traçam estratégias de ajuda dentro da possibilidade de superação de cada indivíduo frente aos seus anseios. A psicologia do esporte é de fundamental importância para o contexto esportivo atual, na preparação e formação de atletas de alto nível. A preparação psicológica deve ser entendida como parte integrante do treinamento, sendo inseparável da preparação física, técnica e tática de qualquer modalidade esportiva. Diversos fatores podem estar relacionados à performance do atleta de alto rendimento, sendo a auto-estima e o estresse alguns destes (OKAZAKI., 2005, p.3). Embasada principalmente nas teorias behavioristas, a “psicologia do esporte tem como objetivo descrever, explicar, prever e permitir o controle do comportamento” (KELLER, 2006, p. 01). Desta forma, prevendo e controlando o comportamento dos atletas, pode-se definir que estímulos causam a ansiedade, para que posteriormente em terapia se trabalhem estas questões para uma redução das manifestações. Na prática esportiva, seja de lazer ou de alto rendimento, o estresse pode aparecer a qualquer momento, por diversos motivos. O estresse tem origem em duas fontes situacionais no esporte: a importância dada ao evento (competição) e a incerteza do resultado, seja pela necessidade da vitória, seja pelo medo da derrota ou por pressões externas, como torcida, dirigentes ou até companheiros de equipe (KELLER apud MARTENS, 1990, p. 13). No esporte existe uma variedade de estressores internos e externos, que podem desestabilizar física e psiquicamente o atleta, antes e durante a competição. São eles: 1) estressores externos: hiper-estimulação através de barulho, luz, dor, situações de perigo; 2) estímulos que induzem as necessidades primárias: alimentação, água, dormir, temperatura, clima; 3) estressores do desempenho: super-exigência, sub-exigência, falha, crítica, censura, elevada responsabilidade; 4)estressores sociais: isolamento social, conflitos pessoais, mudança de hábito, morte de parentes, entre outros (SAMULSKI, 1995). Nas competições o estresse pode ser causado por dois fatores: interpessoal e situacional. O fator interpessoal é inerente ao indivíduo e associado a experiências anteriores, que são: auto-percepção, habilidades, cognição, capacidades, estados psicológicos e percepção da importância de outras pessoas no processo. O fator situacional 15 é específico da competição: adversários, árbitros, interferência do técnico e companheiros, situações de jogo, contusões, medo entre outros (KELLER apud ROSE JÚNIOR, 1993, p.14). O stress e sua relação com o esporte competitivo têm sido alvo de inúmeras considerações e, cada vez mais, esse aspecto psicológico se mostra fundamental para o entendimento de determinados comportamentos que podem afetar o desempenho dos atletas. Como qualquer outra atividade realizada pelo ser humano, o esporte pode ser um evento potencialmente causador de stress. Muitas pessoas, incluindo-se crianças e jovens, estão envolvidos no esporte competitivo tentando alcançar melhores resultados e, é claro, a vitória sempre que possível. (DE ROSE JR., 1998 e 1999). Sendo uma fonte potencialmente geradora de stress, o esporte competitivo, pode também trazer à tona todas as consequências do stress excessivo, geralmente evidenciados pelo processo competitivo e todas as demandas nele contidas (DE ROSE JR., 1999). De acordo com este mesmo autor, o esporte competitivo apresenta três demandas básicas que, dependendo de aspectos relacionados com o praticante (nível de habilidade e experiência, entre outras), podem gerar níveis de stress inadequados para um bom desempeno: demonstração, comparação e avaliação. A demonstração é o momento no qual as habilidades são colocadas á vista, assim como as fraquezas do esportista. Conseqüentemente vem a comparação do desempenho com algum padrão, que tanto pode ser pessoal como com qualquer outro estabelecido socialmente. Por fim a avaliação, quando se julga o praticante por aquilo que está demonstrando, sendo que esta avaliação nem sempre se baseia em critérios muito claros (DE ROSE JR., 1999). A ansiedade é um sentimento de apreensão, que manifesta diversos sintomas no físico das pessoas, incluindo a perda do sono, taquicardia ou sentimento de pressão no peito, sudorese, o popularmente chamado “frio na barriga”, entre outras, e é capaz de interferir na coordenação motora dos atletas, além da possibilidade de confusão nas áreas sensoriais como percepção, memória, concentração, e etc. (PSICOSITE, 2004). A importância do estudo de estresse, da ansiedade e de outros fatores emocionais e de personalidade no esporte competitivo é reconhecida há muitos anos, porém, os estudos sistematizados com profissionais em Psicologia do Esporte tomaram impulso a partir dos anos 60 (BRANDÃO, 2000). Do ponto de vista da psicologia cognitiva, estresse e ansiedade são fenômenos interrelacionados que consistem basicamente de 4 elementos: a situação estressora, a cognição ou pensamento, a reação emocional e as suas 16 conseqüências. Assim, a ansiedade é uma reação emocional, resultante de uma interpretação cognitiva ou pensamento, que pode ser negativo ou positivo relacionado com determinada situação geradora de estresse. Esta reação pode, então, facilitar ou dificultar um determinado desempenho (BRANDÃO, 2000). Especialmente no futebol, o estudo de estresse tem um papel relevante uma vez que os atletas, inclusive os do futebol amador, são submetidos a pressões constantes. Neste esporte o atleta almeja um lugar na equipe e uma vez atingido esta posição, ela deve ser defendida e mantida. O rendimento é uma precupação constante e a queda de produção, até mesmo em uma única partida, pode resultar em não ser titular na partida seguinte. Para atender o que se espera dele, o atleta precisa enfrentar adequadamente as expectativas do treinador, de seus companheiros de equipe, dos seus familiares, dos amigos e dos meios de comunicação,para poder render corretamente (BRANDÃO, 2004). Uma vez que a relação entre o esporte competitivo e o estresse é considerada importante para se entender determinados comportamentos que podem afetar o desempenho dos atletas, o estudo dos instrumentos que possibilitam analisar esta relação é fundamental (BRANDÃO, 2000). Keller, (2006) afirma que o estresse ocorre quando há um desequilíbrio substancial entre as demandas físicas e psicológicas impostas a um indivíduo e sua capacidade de resposta e sob condições em que a falha em satisfazer tais demandas tem conseqüências importantes. No contexto da competição de alto nível, o atleta precisa ser um competidor efetivo e regular e isto pressupõe superar os mais elevados níveis de exigências físicas, técnicas, táticas e também psicológicas (ROSE JUNIOR et al, 1999). Para lidar melhor com o estresse é fundamental que o atleta conheça as suas emoções nos diferentes contextos em que ele se expõe. Conhecer as emoções não para controlá-las, mas para auxiliar os atletas a compreenderem o que fazer com elas. Percebese um incentivo ao controle das emoções nos ambientes esportivos, o que pode fazer o atleta não expressar e nem compreender adequadamente a sua emoção aumentando seu grau de sofrimento e conseqüentemente de estresse (DE ROSE JR. 1999). As emoções nem sempre devem ser compreendidas como somente positivas e negativas, ela vai diferenciar de atleta para atleta, por isso é essencial que os atletas sejam capazes de identificar e analisar suas emoções para assim conseguir agir adequadamente, adaptando-se a cada situação em busca de um bom desempenho na competição (LAVOURA e MACHADO, 2006). 17 Segundo Hirota (2008 apud Becker Jr. 2000) O estresse age de forma diferenciada em cada atleta, indicando que as pesquisas sugerem que o estresse é apresentado em maior nível em atletas jovens, do sexo feminino e com pouca experiência. Nas fases pré-competitivas, Samulski (2002) refere-se sobre as emoções que descreve , nos momentos que antecedem a competição, o atleta se encontra em um estado de intensa carga psíquica (estresse psíquico). Este estado caracteriza-se, pela antecipação da competição, e consequentemente antecipa as oportunidades, riscos e conseqüências. Esta fase denominada de estado pré-competitivo, frequentemente e acompanhada, de medo, e temor. Para Samulski (2002) quando uma pessoa é incapaz de lidar com as situações presentes no contexto esportivo, principalmente nos momentos pré-competitivos, podem ocorrer pensamentos negativos, minimização dos níveis de autoconfiança e aumento dos níveis de ansiedade, que podem levar, conseqüentemente, ao fracasso. Isso pode inibir o rendimento, sendo, portanto, essencial um maior esforço para compreensão das emoções no sentido de permitir aos atletas responderem positivamente aos estímulos psicológicos que aparecerão nos treinamentos e competições. Segundo Weineck (2003) a capacidade de desempenho esportivo e na sua composição multifatorial, sendo assim, proporciona dificuldades no planejamento do treinamento esportivo. Somente o desenvolvimento harmônico de todos os fatores determinantes do desempenho esportivo, possibilitara a obtenção do alto desempenho individual. Desta maneira entendemos que os aspectos motores, sociais, afetivos, cognitivos, físicos e psicológicos devem ser desenvolvidos em equilíbrio, possibilitando que o atleta possa desempenhar o seu ótimo resultado durante o campeonato em busca da auto-superação. O estresse e um conceito indefinido, pois, na maioria das vezes, usa- se a palavra estresse para descrever ameaças ou desafios. Outras vezes para descrever nossas reações, porem, estresse não e apenas um estimulo ou uma resposta, mais sim o processo pelo qual avaliamos e lidamos com as situações e desafios do ambiente. A reação adaptativa do corpo ao estresse possui três fases: na primeira se experimenta uma reação de alarme pela ativação do sistema nervoso simpático; na segunda fase, a resistência do corpo esta pronta para combater o desafio. Persistindo o estresse as reservas do corpo se esgotam e causam a terceira fase: a exaustão (MYERS, 1999). O fator crucial para determinar a qualidade do desempenho esportivo é a capacidade dos atletas em lidar com o estresse. Quanto mais o atleta for capaz de 18 identificar as fontes de estresse em seu ambiente esportivo, provavelmente ele estará mais bem preparado para enfrentar situações de pressão emocional existentes na competição (ROSE JUNIOR, 1999). O estresse representa um complexo processo do organismo, interrelacionando aspectos bioquímicos, físicos e psicológicos, desencadeados pela maneira como estímulos são apresentados (REINHOLD, 2004). “Um dos aspectos de fundamentais na pesquisa de estresse, reside na importância da sua análise. Se o ponto de observação for o organismo, a personalidade ou o sistema social, devemos compreender o estresse com um produto tridimensional, ou seja, biológico, psicológico e social” (OKASAKI, 2005). Vejamos um exemplo: Em períodos pré-competição o estresse é ligado também a outras questões que vão muito além da ansiedade. O fato de muitos atletas precisarem estar em determinado patamar de gordura, peso, entre outras questões, pode gerar um descontrole na alimentação, o que afeta principalmente as mulheres, “[...] onde a redução severa de peso leva a perturbações hormonais podendo apresentar amenorréia e diminuição no conteúdo mineral ósseo, deixando as atletas mais suscetíveis ao estresse” (KELLER, 2006, p. 32). Podemos perceber desta maneira, que a pressão imposta pelo meio é fator de adoecimento para os atletas, que precisam se encaixar em determinados padrões para as competições. Existem então motivos ambientais, que pressionam psicologicamente o atleta a se encaixar em determinado padrão físico. O estresse é fruto deste esquema, neste tipo de situação. Ainda falando sobre o estresse, e entrando mais especificamente no campo sensório-motor, OKASAKI propõe em seus estudos que: O estresse deve ser entendido como a totalidade das reações da adaptação orgânica, as quais objetivam a manutenção ou restabelecimento do equilíbrio interno (MACHADO., 1997, p.21). É o processo não específico resultante de qualquer demanda sobre o organismo, ele é caracterizado pelas alterações fisiológicas e psicológicas que se processam no organismo quando este se encontra em uma situação que requeira uma reação mais forte do que aquela que corresponde a sua atividade orgânica normal (VASCONCELOS., 1992, p.21). Porém, dentro da própria psicologia, existem duas diferentes correntes teóricas que estudam o fenômeno conhecido como estresse. De um lado temos a Psicanálise de Freud, 19 que “se baseia nos mecanismos de defesa e ansiedade. Onde um determinado estressor, traumas ou insuficiências, na maioria das vezes resultantes da relação com os pais, conduzem à ansiedade, o que leva a pessoa a reagir de maneira a criar uma barreira psíquica” (OKAZAKI, 2005). Por outro lado temos também a psicologia cognitivo-comportamental, que estuda o estresse como a relação entre a pessoa e o meio ambiente. A relação não é determinada em um sentido fixo para o mecanismo do estímulo, e as pessoas não se submetem aos estímulos passivamente, mas concedem a estes uma importância pessoal (NITCH et ali, 1996). Siendo una fuente potencialmente generadora de estrés, el deporte competitivo puede también ser un perfecto escaparate de todas las consecuencias del estrés excesivo, generalmente evidenciado por El proceso competitivo y todas las demandas en él contenidas (ROSE JUNIOR., 1998, p. 12). Desta forma, todos os esportes, por terem cunho competitivo, podem desencadear algum tipo de ansiedade, que leva ao estresse pré-competitivo. Em alguns casos, os atletas podem passar por um processo de estresse traumático, que se repete em cada competição, caso algum tipo de ansiedade se torne evidenciada, decorrente de alguma pressão passada, seja na vida pessoal (pressão do treinador, dos pais durante a infância, etc), ou mesmo algumas variáveis de competições passadas (como uma perda arrebatadora, que faça com que a auto-estima do competidor caia em cada proximidade de competição). A maioria dos esportistas sofre pressão, medo e ansiedade causada pela obrigação de vencer, algo característico em uma sociedade na qual exalta a emoção da vitória e o sofrimento da derrota (OKASAKI, 2006). Toda atividade competitiva gera ansiedade, mas pode esta pode ser amenizada, ou até mesmo anulada, caso se trabalhe a autoestima do atleta, que é importante na constituição de uma personalidade, e potencialidade para superação. A auto-estima também pode ser entendida como uma sensação fundamental de eficácia e um sentido inerente de mérito, ou uma interação da confiança com o respeito próprio (BRANDEN, 1993). Neste sentido, a autoimagem, e o reforço oferecido pelo ambiente são as variáveis mais significativas para a construção da autoestima. Falar de auto estima é falar de percepções, mas também de emoções fortemente ligadas a um indivíduo. O conceito se conclui como o conjunto de características que 20 define um sujeito, e o significado e valorização que este consciente ou inconscientemente se outorga (HURTADO, 2004). Algumas vezes, na verdade muito raramente, o nível de estresse pode ser importante para o desempenho de alguns atletas, que sob pressão conseguem administrar melhor os sintomas, potencializando sua concentração, fazendo desta forma o processo inverso do que é o geralmente encontrado dos sintomas do estresse. Em alguns estudos de OKASAKI (2005), encontramos um dado interessante nas atletas mulheres, onde: Para as atletas juvenis, o nível de estresse pré-competitivo elevado, parece ser importante para uma boa performance, onde talvez a grande diferença seja a forma como estas conseguem administrar estes níveis de estresse a seu favor, podendo ser levados em consideração outros fatores, como o tempo de prática, o nível de experiência em competições, a motivação, etc. (OKASAKI., 2005, p.17 ). Muitas atletas de alto rendimento, em diversas modalidades, apresentam um rendimento excelente em treinos, atingem marcas e tempos as quais estariam entre os melhores do mundo. Às vezes conseguem bons resultados em pequenas competições, mas quando chegam às competições mais importantes não conseguem obter o mesmo êxito (OKASAKI, 2005). Ao considerarmos a preparação psicológica, devemos estar cientes de que ela deverá estar intimamente ligada aos aspectos estruturais da equipe e da competição esportiva que se deseja participar, já que é, fundamental, estabelecer os objetivos a curto prazo da equipe, sendo os mesmos, realizáveis e concretos, além de, estabelecer uma direção para os esforços e reavaliá-los freqüentemente. Tal consideração é fundamental, já que, muitas vezes, as equipes acabam estabelecendo objetivos não condizentes com sua estrutura, o que pode levar a frustrações e a resultados pífios (JUDO QUEBÉC, 2007). Para Bandura (1995), a auto-eficácia é o maior fator determinante no modo de as pessoas agirem e se comportarem, no modo de organização e padrões de pensamentos e de reações emocionais, direcionando o esforço e a persistência da energia despendida para a ação. Na palestra de abertura do Congresso Brasileiro de Estresse, a organizadora do evento e psicóloga Marilda Lipp, da PUCCAMP (Pontifícia Universidade Católica de Campinas) fez um histórico do estresse. E, embora pareça que esse seja um mal que 21 combine com os dias atuais, os participantes do evento souberam que o problema é tão velho quanto o homem. "O homem da caverna ficava com o coração acelerado em frente a um tigre. Isso acontecia para bombear o sangue para as pernas e ele poder correr e fugir do perigo. Além disso, ele encolhia os ombros - como ainda fazemos quando estamos tensos - para esconder a jugular e defender a vida, já que a fera pularia para cima dele. O problema é que ter essa mesma ação hoje é excessiva", diz a especialista. Para Buceta (2003), o objetivo da preparação psicológica dos atletas inclue a aplicação rigorosa de estratégias apropriadas, a fim de alcançar um determinado estado psíquico que contribua efetivamente para o rendimento. Tal preparação supõe a manipulação de variáveis psicológicas como a motivação, a autoconfiança, a atenção, entre outros, com o objetivo de conseguir o rendimento esportivo e pessoal mais apropriado para cada momento (treinamentos, competições, períodos de descanso, etc.). Desta forma, podemos entender que o estresse e a ansiedade pré-competitivos são males que podem ser amenizados ou até mesmo anulados com as eficientes terapias cognitivo-comportamentais, abrindo desta forma uma grande oportunidade de psicologia e esporte estreitarem relações, já que o estresse e a ansiedade no esporte são extremamente comuns, e merecem atenção para um melhor desempenho dos atletas. Durante o processo de validação da escala em questão De Rose Jr. (1998) obteve resultado do Desvio Padrão de 0.97, aplicado em 219 atletas, entre 10 e 14 anos de idade, de ambos os sexos. De Rose Jr. et al (2000), avaliou 723 jovens (363 meninos e 360 meninas) de 10 a 17 anos, e teve como resultado do Desvio Padrão de 0.95. Em estudo mais recente realizado por Hirota e Verardi (2008), com uma equipe de futsal, composta por 13 atletas, todos do sexo masculino, de idade compreendida dos 18 anos 23 anos, participantes de campeonatos regionais inter faculdades do grande ABC, o resultado do Desvio Padrão foi de 0.90. Hirota e De Marco (2008) em um estudo com 318 jovens atletas, de futebol de campo, entre 10 e 17 anos de idade, mostrou resultado do Desvio Padrão de 0.92. Assim como no estudo de Palhano et al. (1996), Hirota e Verardi (2008) ao analisar atletas do sexo masculino, praticantes do futsal universitário, obtiveram media de 2,48. Valor este, pouco abaixo quando comparados ao sexo feminino, não reafirmando os resultados encontrados no estudo de Palhano et. al (1996). Pinto et al (1999), desenvolveram um estudo entre 52 jogadores de futebol das categorias juvenil e juniores de 14 a 18 anos de idade, sendo 4 goleiros, 17 defensores, 18 22 meio campistas e 13 atacantes, com o objetivo de identificar os sintomas de estresse précompetitivo, e comparar a ocorrência de acordo com as posições especificas do jogo. Neste estudo foi obtida uma media geral de freqüência de ocorrência de 2.51. Ao avaliar as posições de jogo, os goleiros apresentaram a media mais baixa 2.33, e os atacantes as médias mais altas 2.6. Porem concluiu-se que não houve diferenças significativa entre os grupos dos jogadores considerando que a media e moderada e semelhante a estudos entre jogadores de outros esportes coletivos. 2.2 O Jiu-Jitsu 2.2.1 História e Origem do Jiu-Jitsu “Arte suave”. Este é o verdadeiro significado de nome jiu-jitsu que, segundo textos japoneses, pode ser considerado a mãe de todas as lutas ou artes marciais (SUGAI apud VIRGÍLIO 2002). O jiu-jitsu ou yawara teria se iniciado na antiga Índia com os monges budistas. Segundo os princípios religiosos, os monges budistas não podem usar a sua agressividade com os seres vivos (SILVA, 2005). Na época do nascimento do yawara, o budismo estava se expandindo por toda a Índia e Ásia. Os monges tinham que difundir os preceitos da nova doutrina, mas eram saqueados nas estradas. Para evitar esses saqueadores e para ajudar as pessoas mais fracas, os monges desenvolveram o jiu-jitsu, que se baseia no princípio de “ceder para vencer” (SILVA, 2005). “O jiu-jitsu, segundo textos japoneses, onde ser considerado a mãe de todas as artes marciais. Pode ser definido como a arte de ataque e defesa, com ou sem arma, contra um oponente que possua ou não arma. É um método que ajuda a mente a controlar o corpo ou, através do corpo, obter o controle da mente” (SUGAI, 2000, p. 199). Os mistérios desta arte se unem ao aprendizado, que tem a suavidade como regra, para obter livres e belos movimentos, evitando os movimentos pesados. As técnicas se fundamentam em “JU” e delicadeza. Com o uso correto das técnicas e com muito 23 treinamento, o mais fraco pode facilmente vencer o oponente mais fraco, (GURGEL, 2000). 2.2.2 O Jiu-Jitsu na Ásia A disseminação do jiu-jitsu pela Ásia viria séculos mais tarde (cerca de 250 AC; ou seja, 2250 anos passados), quando reinou na Índia Devanampriya Priyadarsim, conhecido como rei Asoka (2 séculos depois de Buda). Abraçado ao budismo, Asoka desenvolveu-o criando milhares de monastérios dentro e fora da Índia. Desta forma, o budismo e com ele o yawara atingiram o Ceilão, a Birmânia e o Tibet. Depois o Sião e todo o sudeste da Ásia. Posteriormente a China e, finalmente, o Japão, onde cresceu e ganhou grande impulso, migrando em seguida para o ocidente. A entrada do jiu-jítsu no Japão é posterior ao nascimento de Cristo. A morte do rei Asoka trouxe funesta conseqüência para o budismo e, conseqüentemente, para o yawara. Os brâmanes, adoradores do Deus Brama, que floresciam antes do budismo, sentindo-se prejudicados pelo espírito da religião budista, moveram pertinaz campanha até conseguir expulsar os monges budistas do solo indiano; razão da pouca influência do jiu-jítsu na Índia, (MANSUR, 1998). A China, por sua, vez, caracterizou o yawara como prática bélica, pois esta civilização desenvolveu um grande número de estilos de artes marciais. O jiu-jitsu era praticado com kimono curto de mãos livres. Além da luta corporal, tinha grande importância no desarmamento. Sua prática chega no auge na época dos ”reinos combatentes” e na unificação por “Chin Shih Hurang Ti” (SILVA, 2005). O jiu-jitsu chega ao Japão no século II d.C., advindo da China. Muitas foram as correntes que transmitiram esta arte ao país do “sol-nascente”. Existem inúmeras lendas nipônicas relacionadas à criação do país e das artes marciais. A história registrada em 1600, afirma que um monge chinês “Chen Gen Pin” teria ensinado três samurais, a cada qual ensinara uma especialização a saber, Atemi, torções e projeções, e estes difundidos em todo o Japão ou mesmo se fundindo com outras escolas de jiu-jitsu. No Japão feudal se utilizavam inúmeros nomes relacionados com o jiu-jitsu. Alguns se divergiam em fundamentos técnicos, outros eram extremamente semelhantes, e o 24 mesmo termo jiu-jitsu se divergia entre estilos como: Kito Ryu, Shito Ryu, Tenji Ryu e outros (SILVA, 2005). É nesta época, quando a forte divisão da classe social japonesa enaltecia a nobreza dos samurais que o jiu-jitsu se desenvolveu a fundo. Os pequenos nipônicos aperfeiçoam arte de lutar, em que poderiam decidir a vida ou a morte de um guerreiro em disputa. Era então o jiu-jitsu uma prática obrigatória aos jovens que futuramente seriam samurais ao lado da esgrima, literatura, pintura, cavalaria e outros, (MANSUR, 1998). 2.2.3 O Jiu-Jitsu no Mundo Na sua migração da Índia para todo o continente asiático, o jiu-jitsu foi se ramificando, dando origem a estilos de lutas oriundas de suas diversas ramificações. Desta forma nasceram o sumo, o kempô-jitsu e outros. Do kempô originou-se o boxe chinês, karatê e outras artes marciais (SILVA, 2005). Com a ocidentalização dos costumes iniciada com o advento da era Meiji, promovida pelo imperador Mutsu Hito (1867-1912), grandes modificações foram introduzidas no Japão e entre elas a desativação dos fins a que se propunham os samurais, pois estes detinham poderes absolutos com relação à sociedade, (MANSUR, 1998). Neste ínterim, as guerras internas já haviam passado e ao mesmo tempo, os exércitos do ocidente se modernizavam e equipavam-se com fuzis e canhões, (VIRGÍLIO, 2002). Havia na Europa um grande interesse pelas histórias sobre o ju-jitsu e sua eficiência. Então, no início do século XX, começou a chegada dos professores oriundos do kodokan, implantando o judô e o ju-jitsu de forma concreta e efetiva na Europa. Eram, então, o jiu-jitsu e o judô uma mesma luta, apenas se diferenciavam nas suas metas e suas origens. Os professores japoneses seguiram ensinando pela Hungria, Rússia, Alemanha, Inglaterra e França. O objetivo dos mestres japoneses era difundir a cultura japonesa e sua arte marcial e com isso formar novos professores europeus para ajudar nesta tarefa (SILVA, 2005). Os pioneiros dessa grande difusão do judô e jiu-jitsu foram os professores Sassaki e Hikochi, Ainda, que se transferiu da Inglaterra para ensinar a polícia de Munique. Da Europa, o jiu-jitsu e o judô migraram para o Egito e a América, (SUGAI, 2000). 25 2.2.4 O jiu-jitsu no Brasil O jiu-jitsu e o judô desembarcaram no Brasil juntos em 1914, em Porto Alegre – RS, na bagagem do japonês Mitsuyo Maeda, chefe da delegação japonesa que vinha para o Brasil, (HEROS, 1997). Em 1904 Koma, ao lado de Sanshiro Satake, saiu do Japão, seguiram então para os Estados Unidos, México, Cuba, Honduras, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Peru (onde conheceram Laku, mestre um jiu-jitsu que dava aulas para a polícia peruana), Chile (mantiveram contato com Okura), Argentina(foram apresentados a Shimitsu) e Uruguai. Ao lado da troupe que a eles se juntou nos países sul-americanos, Maeda exibiu-se pela primeira vez no Brasil em Porto Alegre. Seguiu depois pata o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, São Luiz, Belém e finalmente Manaus no dia 18 de dezembro de 1915 (SILVA, 2005). O professor Maeda veio para o Brasil com o objetivo de estabelecer uma comunidade de imigrantes japoneses e foi ajudado por Gastão Gracie, dono do American Circus. Como gratidão pela ajuda o professor Maeda ensinou aos filhos de Gastão os segredos essenciais da técnica do antigo jiu-jitsu, (VIRGÍLIO 2002). 2.2.5 O jiu-jitsu no Brasil e a família Gracie Após o jiu-jitsu ser introduzido no Brasil pelo professor Conde Koma e ele ter ensinado para os Gracies, o jiu-jítsu brasileiro toma outras dimensões. A família Gracie chegou ao Brasil em 1801 vindo da Escócia, sendo o patriarca George Gracie, que veio para o Brasil avaliar as possibilidades do comércio local, acabou ficando definitivamente no país. Um dos seus filhos, Pedro, tornou-se um banqueiro de renome no Rio de Janeiro e homem importante da corte de Dom Pedro II. 26 Dos seus dezoito filhos, Gastão, efetuou investimentos no Pará na fase áurea da borracha, acabou casando-se em Belém e morando nesta cidade até por volta de 1921, quando voltou para o Rio de Janeiro com a esposa e nove filhos (SILVA, 2005). Ao chegarem ao rio de Janeiro os Gracies fundaram a primeira academia brasileira de jiu-jitsu. Carlos, Oswaldo, Gastão Jr. George, Helena, Hélio, Mary, Ilka, estes são os filhos de Gastão que revolucionaram as artes marciais no mundo, (VIRGÍLIO, 2002). 2.2.6 A luta de jiu-jitsu Arte suave. Quem olha de fora, acha um pouco estranho, mas o jiu-jitsu procura ser exatamente isso: uma luta gentil que, bem executada, não causa danos aos seus praticantes (FRANÇA, 2008). A sua definição, em japonês, procura explicar um pouco sobre a mais antiga das artes marciais. No jiu-jitsu tudo pode acontecer, e por isso ele é um dos esportes mais intrigantes que existem. Essa é uma das poucas lutas onde os mais fracos têm possibilidade de derrotar os mais fortes, bastando para tal, aplicar a técnica e o golpe correto (FRANÇA, 2008). De acordo com FRANÇA (2008) aborda que os estudiosos das artes marciais vão além, e dizem que o jiu-jitsu é a mais pura aplicação científica em uma arte marcial. Aqui, se aplicam literalmente as leis da física, como sistema de alavanca, momento de força, equilíbrio, centro de gravidade - tudo isso aliado a um amplo estudo dos pontos vitais do corpo humano. 2.3 Golpes e Pontuação França (2008) afirma que o praticante de jiu-jitsu aprende golpes que forçam o seu adversário a desistir da luta, sem machucá-lo. Para tanto, os lutadores de jiu-jitsu treinam golpes que imobilizam os seus oponentes. A idéia básica nodo esporte é utilizar o peso e a força de seu adversário contra ele mesmo. E, um dos pontos que mais o diferem das outras 27 artes marciais está no fato de que, no jiu-jitsu, a grande maioria das finalizações acontece no chão. Infelizmente, episódios negativos protagonizados por alguns que se dizem praticantes de artes marciais acabaram manchando a imagem do esporte e muita gente ainda associa o jiu-jitsu a uma luta agressiva e violenta. Mas, se voltarmos à definição inicial de arte suave e unirmos a ela a história dessa arte marcial, que tem nos monges budistas indianos os seus primeiros praticantes, verão que a realidade é outra (FRANÇA, 2008). Tabela 1. Categoria por faixa etária PRÉ MIRIM INFANTIL INFANTO JUVENIL ADULTO MASTER SENIOR 1 SENIOR 2 SENIOR 3 SENIOR 4 SENIOR 5 FONTE: Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu MIRIM – 4,5 e 6 anos 7, 8 e 9 anos 10,11 e 12 anos JUVENIL – 13,14 e 15 anos 16 e 17 anos 18 a 29 anos 30 a 35 anos 36 a 40 anos 41 a 45 anos 46 a 50 anos 51 a 55 anos 56 em diante 28 Tabela 2 - Duração das lutas no campeonato PRÉ MIRIM MIRIN INFANTIL INFATO-JUVENIL JUVENIL ADULTO 2 mim 3 mim 4 mim 4mim 5mim BRANCA–5min AZUL–6mim ROXA–7mim MARROM–8min PRETA – 10 min MASTER AZUL – 5min ROXA – 6min MARROM – 6 mim PRETA – 6 mim SENIOR AZUL–5min ROXA-5min MARROM–5min PRETA – 5min FONTE: Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Tabela 3. Categoria por peso - Masculino PESO PLUMA LEVE MEIO PESADO SUPER PESADO PESADÍSSIMO ADULTO KG 60,999 72,999 84,999 96,999 Acima de 96,999 ADULTO LBS 134,50 161,00 187,50 214,00 Over 214,00 FONTE: Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Tabela 4. Categoria por peso - Feminino PESO LEVE MEDIO PESADO ADULTO KG 55,999 65,999 Acima de 66,000 FONTE: Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu ADULT LBS 123,50 146,00 Over 146,00 29 2.4 Sistema de Graduação 2.4.1 Sistema de faixas e idades correspondentes BRANCA – Iniciante, qualquer idade CINZA – 04 a 06 anos AMARELA – 07 a 15 anos LARANJA – 10 a 15 anos VERDE – 13 a 15 anos AZUL – 16 anos ou mais ROXA – 16 anos ou mais MARROM – 18 anos ou mais PRETA – 19 anos ou mais VERMELHA E PRETA VERMELHA Tabela 5. Faixas e idades correspondentes. Idade 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Branca Cinza Amarela Laranja Verde Azul Roxa Marrom Preta FONTE: Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu 30 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA Participaram do estudo, 47 atletas que competiram no campeonato Sul Brasileiro de jiu-jitsu na cidade de Florianópolis - SC em Abril de 2010. 3.2 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA Os atletas que disputavam as categorias individuais, por faixas (azul, roxa, marrom e preta) e no absoluto sem divisão de peso, foram escolhidos aleatoriamente de forma intencional e se dispuseram voluntariamente. Foram incluídos 41 atletas do sexo masculino com idade entre 19 a 48 anos e apenas 6 atletas do sexo feminino com idade entre 20 a 33 anos, todos com mais de 1 ano de pratica na modalidade. 3.1.1 Instrumentos Os dados foram coletados através da utilização do questionário elaborado por De Rose Junior (1998); Lista de sintomas de estresse Pré – Competitivo (LSSPCI), que podem ser administrados para faixas etárias superior e adultos por ter linguagem devidamente adequada ás mesmos. O instrumento identifica 31 sintomas de “stress” pré – Competitivo. 31 3.1.2 Procedimentos Inicialmente foi estabelecido um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, na qual os atletas para estarem de acordo em participar do estudo, as condições serão a devolução deste termo devidamente assinado. Os questionários foram respondidos individualmente pelos atletas durante os momentos de expectativa, antes do inicio de suas lutas. Foi explicado para cada competidor (a) como responder e também da importância desse trabalho e como os resultados poderiam ser útil para todos do grupo. 3.1.3 Análise dos dados Os dados foram analisados através de estatística descritiva (médias e desvio padrão) dos atletas. Conforme proposta de Rose Junior (1998) as respostas serão classificadas dessa forma: nunca = 1, poucas vezes = 2, algumas vezes = 3, muitas vezes = 4 e sempre = 5. O resultado foi obtido através da soma das respostas que representa o nível de estresse nos momentos que antecedem a competição. O nível de estresse foi apontado a partir da definição da média de cada atleta considerado as 31 respostas dadas, as médias e também o desvio padrão dos grupos analisados por sexo e faixa etária. Seu escore pode variar de um nível extremo baixo de 1 (muito calmo em competições), um escore médio de 3, definido como moderado e os valores acima de 3 podem ser considerados um sintoma com intensidade acima de moderada. Quanto mais próximo de 5 mais alto o nível de estresse percebido no atleta (extremante ansioso em competição). 32 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os resultados que seguem abaixo foram representados de forma tabelados para melhor compreensão do leitor. Os mesmos foram analisados, discutidos e alguns ainda, reforçados na literatura. Para que ficassem melhor distribuídos. Por meio de dados do questionário aplicado aos atletas, verificamos que deste total de 47 indivíduos, 24 % demonstrou o nível de estresse pré competitivo mínimo, 48 % apresentou nível leve, 28 % nível moderado A idade média do sexo feminino entrevistado foi de 26.33 anos, a idade máxima 33 anos e há mínima 20 anos. Já no sexo masculino a idade média de 29,80 anos, a máxima de 48 e a mínima de 19 anos. Tabela 6- Medias e desvios padrões agrupados por idade do sexo masculino Idade N Media D.P Até 19 anos 1 3.16 0.52 De 20a 25 anos 13 2.82 041 De 26a 29 anos 7 3.06 0.54 Acima de 30 anos 20 2.85 0.41 Fonte: a autora Encontra-se na Tabela 6 a média e desvio padrão obtidas do nível de estresse de todos os participantes que responderam ao instrumento durante a competição. Pode-se analisar que os níveis de estresse de idades entre 20 a 25 anos e acima de 30 anos representados acima estão nos índices considerados moderados e nas idades de 19 anos e 26 a 29 anos estão nos índices considerados um sintoma com intensidade acima de moderada. 33 Santos (2004) afirma que em relação às diferentes faixas etárias, os judocas com faixa etária acima dos 30 anos, em função de sua grande experiência em competição e também de experiência de vida, tiveram a capacidade de lidar com as situações de “stress” précompetitivo de forma adequada. Já os judocas de faixa etária de 26 a 30 anos tiveram um escore mais elevados em relações as outras faixas etárias, demonstrando pelo excesso de responsabilidade e de altocobrança sentido em suas respostas e pode ter interferido em suas performance. Tabela 7- Medias e desvios padrões agrupados por idade do sexo feminino Idade N Media D.P Até 19 anos - - - De 20a 25 anos 2 2.46 023 De 26a 29 anos 3 2.92 0.41 Acima de 30 anos 1 2.64 0.21 Fonte: a autora Encontra-se na Tabela 7 a média e desvio padrão obtidas do nível de estresse de todos os participantes do sexo feminino que responderam ao instrumento durante a competição. Pode-se analisar que os níveis de estresse representados acima estão nos índices considerados moderados de acordo com o escore. Segundo Santos (2004) realizou um estudo onde analisou a interferência do estado emocional no desempenho competitivo em lutadores de judô, onde utilizou o instrumento Lista de Sintomas de Estresse Pré-Competitivo elaborado por De Rose Jr (1998), constatou que a diferença entre os sexos e levando em consideração os resultados obtidos com o estudo das relações dos judocas, pode ser constatado que o padrão de “stress” pré-competitivo atingiu o nível moderado, não sendo significativa à diferença entre os resultados dos níveis encontrados nos grupos masculinos e femininos. Hirota e De Marco (2006) ao pesquisar futebolistas de 10 a 17 anos de idade, do sexo masculino, apresentou media de 2,47, evidenciou-se que, em relação a faixa etária, existe pouca diferença. Portanto de acordo com Becker Jr. (2000), as atletas do sexo feminino têm maior preponderância a serem mais estressadas ante as competições. 34 Entre os esportes, o tênis é o que apresenta os maiores níveis de estresse (2.70 para os homens e 3.21 para as mulheres), enquanto que a natação é o que apresenta os menores níveis (2.41 para os homens e 2.70 para as mulheres) (DE ROSE JR. 2002). Jones e Cale (1989) acreditam que esta tendência ocorra devido ao fato dos homens terem maiores oportunidades no universo competitivo, fato que daria a eles maior experiência e, portanto, diminuiria seus níveis de stress. Os homens, em geral, são incentivados a um comportamento mais competitivo. Tabela 8- Média por categoria do sexo masculino Categoria Numero de Média competidores de Média do nível Idade de estresse Azul 10 29,36 2.91 Roxo 8 24,25 2.71 Marrom 11 31,54 2.32 Preta 11 32.54 2.54 Fonte: a autora Os resultados encontrados no nível de estresse de acordo com a categoria dos atletas masculinos podem observar que o nível dos sintomas diminui conforme a categoria do atleta aumenta. Tabela 9- Média por categoria do sexo feminino Categoria Numero competidores de Média de Média do nível Idade de estresse Azul 3 27.33 2.98 Roxo 3 24.25 2.36 Preta 1 27 2.64 Fonte: a autora Os resultados encontrados no nível de estresse de acordo com a categoria dos atletas do sexo feminino podem observar que o nível dos sintomas diminui conforme a categoria do 35 atleta aumenta, mas em apenas uma atleta da categoria da faixa preta teve o a média mais elevada que as outras categorias, mesmo assim todas então no escore como moderado em competição. Todos os participantes (n=47) possuem com idade de 19 a 48 anos. Entretanto, os atletas praticantes de jiu-jitsu são em média mais velhos (29 anos e 8 meses; DP= 5 anos e 8 meses) A homegenicidade da amostra em termos de idade e tempo de competição permite-nos detectar com precisão de que forma as variáveis relacionadas à experiência e idade dos atletas se relacionam com os níveis e estresse pré competitivo. Anos em competição, indicador de experiência em competições nesse estudo, também esteve relacionado significativamente, e com uma força moderada, com o estresse pré competitivo. Em função dessas diferenças, hipotetizou-se que no jiu-jitsu, dada a exigência do confronto homem-a-homem, o aumento na fase pré-competitiva dos níveis de estresse pré competitivo seriam desejáveis, até mesmo naqueles atletas mais maduros e com larga experiência em competições. 36 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Competir significa enfrentar desafios e demandas que podem, de acordo com muitos aspectos individuais e situacionais, representar uma considerável fonte de estresse para os atletas. Quando se fala em competição, logo vem à cabeça um jogo, uma prova, uma corrida, uma luta ou um confronto. É o momento no qual o atleta pode demonstrar suas capacidades e habilidades. Este estudo se justifica pela carência de investigação sobre o nível de estresse précompetitivo, mais especificamente na modalidade de jiu-jitsu e pelos constantes colapsos enfrentados pelos mesmos durante os períodos que precedem uma competição. Porém, qual é o nível de estresse em atletas de jiu-jitsu? Torna-se de extrema relevância destacar que durante a analise dos resultados não foi possível realizar uma analise a cerca do gênero devido a baixa incidência do publico feminino na competição. Pode – se observar através da pesquisa que não foi amplamente divulgado ou não teve repercussão suficiente para que houvesse maior número de participantes principalmente das atletas. Com os resultados analisados é possível afirmar que o padrão do nível de estresse atingiu um nível moderado, não diferindo muito os níveis encontrados nos atletas de jiujitsu do sexo oposto, mas com um pouco de variância em relação a faixa etária. Em relação as diferentes faixas etárias, os atletas de jiu-jitsu com faixas estarias entre 20 a 25 anos e acima dos 30 anos, em função de sua grande experiência em competições e também de vida, tiveram a capacidade de lidar com os sintomas de estresse pré-competitivo de forma adequada. Já os atletas das faixas etárias de 19 anos e 26 a 29 anos tiveram um escore mais elevado em ralação as outras idades, demonstrando pelo excesso de responsabilidade sentido em suas respostas. 37 Os resultados encontrados no nível de estresse de acordo com a categoria dos atletas masculinos e femininas podem observar que o nível dos sintomas diminui conforme a categoria do atleta aumenta. Outros estudos são necessários para identificar os níveis de estresse dos lutadores, comparando atletas do sexo feminino e masculino, suas categorias e faixas etárias,visto que a homogeneidade da pesquisa pode ter influenciado nos resultados, pois atletas mais experientes podem ter maior capacidade de gerenciar o seu estresse pré-competitivo e estarem adaptados aos possíveis sintomas. 38 REFERÊNCIAS Ansiedade. Disponível em http://www.psicosite.com.br/tra/ans/ansiedade.htm. Acesso em 29 de janeiro de 2010. BANDURA, A. Self-efficacy in changing societies. New York: Cambridge University Press, 1995. 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Barueri: Manole, 2003. 42 ANEXOS Resultados obtidos do nível de stress dos atletas do sexo masculino: Masculino Idade Categoria Stress Tempo de prática A 1.41 AZUL 2,09 2 B 37 AZUL 2,35 4 C 37 AZUL 2,32 1 D 19 AZUL 3,16 1 E 29 AZUL 1,9 5 F 22 AZUL 3,35 2 G 20 AZUL 2,22 10 H 27 AZUL 3,06 3 I 28 AZUL 2,9 5 J 33 AZUL 2,9 1 K 29 AZUL 2,9 3 L 30 ROXO 2,87 11 M 21 ROXO 3,32 8 N 31 ROXO 2,19 6 O 23 ROXO 2 8 P 22 ROXO 2,54 10 Q 23 ROXO 3,12 5 R 20 ROXO 2,58 4 S 24 ROXO 3,12 3 T 35 MARROM 2,9 8 U 42 MARROM 1,8 8 V 39 MARROM 1,41 15 W 34 MARROM 1,93 8 X 38 MARROM 2,51 12 Y 31 MARROM 2,35 15 Z 20 MARROM 3,09 15 A1 35 MARROM 1,87 5 B1 22 MARROM 3,48 14 43 C1 25 MARROM 1,58 6 D1 26 MARROM 2,61 7 E1 22 PRETA 2,74 8 F1 28 PRETA 2 10 G1 40 PRETA 2,19 13 H1 34 PRETA 2,51 12 I1 33 PRETA 2,06 13 J1 36 PRETA 2,7 15 K1 26 PRETA 3,12 12 L1 38 PRETA 1,83 20 M1 29 PRETA 2,93 10 N1 24 PRETA 3,09 9 O1 48 PRETA 2,77 13 Fonte: a autora Resultados obtidos do nível de stress dos atletas do sexo feminino : Feminino Idade Categoria Stress Tempo de prática P1 26 AZUL 3,93 2 Q1 33 AZUL 2,64 3 R1 23 AZUL 2,38 2 S1 29 ROXO 2,19 2 T1 20 ROXO 2,54 4 U1 27 PRETO 2,64 4 Fonte: a autora 44 TERMO LIVRE DE CONSENTIMENTO INVIDUAL DOS ATLETAS TERMO DE CONSENTIMENTO a) Convidamos você para participar do estudo sobre o NÍVEL DE ESTRESSE PRÉCOMPETITIVO EM ATLETAS DE JIU-JITSU. O estudo está sendo realizado durante o campeonato Sul brasileiro de jiu-jitsu em abril de 2010. b) Você responderá um questionário sobre estresse. c) Os dados da pesquisa serão publicados em uma monografia, sem a identificação dos sujeitos, garantindo a confidencialidade. d) A acadêmica Vanessa Bedin ([email protected]) Fone: (49) 8837 6450 é responsável por acompanhar todos os testes e esclarecer as dúvidas sobre os procedimentos, a qualquer momento. e) Sua participação é voluntária e não será remunerada. f) Agradecemos sua participação que é muito importante para o desenvolvimento científico do Jiu-Jitsu. Li o texto acima e compreendi o objetivo do estudo e aceito participar voluntariamente das avaliações. NOME: ______________________________________________ PAÍS: __________________CIDADE:____________________ ESTADO:__________ DATA DE NASCIMENTO: ___/___/___ CATEGORIA DE PESO:_______Kg E-MAIL:__________________________________FONE:_______________________ TEMPO DE PRÁTICA:______________________ CATEGORIA:________________________ FAIXA:____________________ COLOCAÇÃO:________________ ______________________________ Assinatura Data:____/____/____ 45 QUESTIONÁRIO Lista de sintomas Pré – Competitivo (LSSPCI) De Rose Junior (1998) 1 = Nunca 2 = Poucas Vezes 3 = Algumas Vezes 4 = Muitas Vezes 5 = Sempre 1 Meu coração bate mais rápido que o normal 1 2 3 4 5 2 Suo bastante 1 2 3 4 5 3 Fico agitado (a) 1 2 3 4 5 4 Fico preocupado (a) com críticas das pessoas 1 2 3 4 5 5 Sinto muita vontade fazer xixi 1 2 3 4 5 6 Fico preocupado (a) com meus adversários 1 2 3 4 5 7 Bebo muita água 1 2 3 4 5 8 Rôo (como) as unhas 1 2 3 4 5 9 Fico empolgado (a) 1 2 3 4 5 10 Fico aflito (a) 1 2 3 4 5 11 Tenho medo de competir mal 1 2 3 4 5 12 Demoro muito para dormir 1 2 3 4 5 13 Tenho dúvidas sobre minha capacidade de competir 1 2 3 4 5 14 Sonho com a Competição 1 2 3 4 5 15 Fico nervoso (a) 1 2 3 4 5 16 Fico preocupado (a) com o resultado da competição 1 2 3 4 5 17 Minha boca fica seca 1 2 3 4 5 18 Sinto muito cansaço ao final do treino 1 2 3 4 5 19 A presença de meus pais na competição me preocupa 1 2 3 4 5 20 Falo muito sobre a competição 1 2 3 4 5 21 Tenho medo de perder 1 2 3 4 5 22 Fico impaciente 1 2 3 4 5 23 Não penso em outra coisa a não ser na competição 1 2 3 4 5 24 Não vejo a hora de competir 1 2 3 4 5 25 Fico emocionado (a) 1 2 3 4 5 26 Fico ansioso (a) 1 2 3 4 5 27 No dia da competição acordo mais cedo que o normal 1 2 3 4 5 28 Tenho medo de decepcionar as pessoas 1 2 3 4 5 29 Sinto-me mais responsável 1 2 3 4 5 30 Sinto que as pessoas exigem muito de mim 1 2 3 4 5 31 Tenho medo de cometer erros na competição 1 2 3 4 5 46