Laboratório de Física EXPERIMENTO Nº02: GRÁFICOS INTRODUÇÃO: Um gráfico deve mostrar a relação entre duas quantidades variáveis sendo uma representação diagramática de modo como varia uma em relação à outra. Quando a relação entre as duas variáveis corresponde a uma linha reta no gráfico, a inclinação dessa reta, bem como a interseção com um dos eixos coordenados são informações valiosas. Este aspecto é particularmente explorado na análise gráfica. Por outro lado, um gráfico pode ser muito útil como auxílio visual, revelando tendências difíceis de serem constatadas diretamente em dados tabelados. Na figura abaixo, verifica-se facilmente que próximo a 15 ° há um decréscimo no incremento da velocidade da água numa calha em função do ângulo formado pela calha com a horizontal. 50 40 30 V 20 10 0 5 10 15 20 25 30 35 FIGURA 1: Velocidade da àgua em uma calha em função do ângulo de inclunação. Um outro exemplo de auxílio visual de gráficos é a comparação de resultados experimentais com previsões teóricas, quando ambos são lançados no mesmo gráfico. O estabelecimento de uma relação empírica entre duas quantidades é, também, uma aplicação importante do gráfico. Descoberta de relações empíricas são freqüentes; com o transcorrer do tempo elas podem ser absorvidas pela estrutura teórica da ciência. A lei de Boyle, que expressa a relação entre a pressão e o volume de um gás perfeito, foi um descobrimento empírico, logo confirmado por investigações que conduziram à formulação da teoria cinética dos gases. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA: Para representar graficamente a relação entre duas variáveis costuma-se observar algumas regras práticas que são tradicionalmente adotadas: a) No eixo horizontal (abscissa) é lançada a variável independente, isto é, a variável cujos valores são escolhidos pelo experimentador; no eixo vertical (ordenada) é lançada a variável dependente, isto é, aquela obtida em função da primeira, em outras palavras, lança-se a causa no eixo horizontal e o efeito no eixo vertical. b)Deve-se agrupar convenientemente os pontos experimentais, pela escolha de uma escala adequada. O gráfico da figura 2 é de pouca utilidade se comparado com o da figura 2b. 150 90 80 Y Y 100 70 50 60 0 50 0 5 10 X 15 5 6 7 8 9 X FIGURA 2: A escolha da escala no gráfico (a) resultou um excessivo agrupamento dos pontos. Os mesmos resultados foram lançados numa escala expandida em (b). c)A escala deve ser simples. Adotam-se valores múltiplos ou submúltiplos de números inteiros (0.1; 0.2; 0.3; ...10; 20; 30; ...1; 2; 3; ...). Uma escala complicada e/ou confusa pode dificultar muito a obtenção rápida de informações a partir do gráfico. d) A escala adotada num eixo não necessita ser igual à do outro. e) A escolha da escala pode, às vezes, ser imposta por razões teóricas. Por exemplo, desejando-se saber os resultados da figura 2, se os mesmos satisfazem a relação y= kx, deve-se incluir a origem (0,0 ) no gráfico, neste caso, a escala adotada em 2b seria inconveniente. f)O traçado da curva deve ser suave e contínuo, adaptando-se melhor maneira aos dados experimentais, a menos que não se trate de uma função contínua. Unir pontos com traçados retos implica em que a relação entre as duas grandezas tenha uma forma quebrada, o que exceto em circunstâncias especiais, é pouco provável ocorrer. g) Quando se trabalha com números muito grandes ou muito pequenos, a escala pode ser simplificada lançando-se as potências de 10 juntamente com as unidades sobre os eixos ou usando-se múltiplos ou sub-múltiplos das unidades (figura 3). 1,5 25 20A 20 15A 1,0 -4 I (mA) B(10 T) 15 10A 0,5 10 5 0,0 0 0 5 10 15 -1 1/r (m ) 20 25 300 350 400 450 T (K) FIGURA 3: (a) Variação do módulo do vetor indução magnética com a distância, para diferentes valores de corrente elétrica. (b) Variação da corrente elétrica em função da temperatura para um semicondutor. h) Símbolos diferentes como: , , , , são empregados para distinguir pontos experimentais relativos a condições diferentes (figura 3 a). ANÁLISE GRÁFICA: Feita a representação gráfica de duas grandezas, a análise do gráfico pode conduzir a uma relação matemática, embora isso nem sempre seja possível. Se o gráfico mostrar que tal relação existe, deve-se continuar a análise a procura do tipo de relação, ou seja, da forma da equação que defina a curva encontrada. Uma forma de método analítico é que apenas duas grandezas podem ser relacionadas de uma só vez. Tanto o experimento como os dados devem ser ordenados de modo a manter todas as variáveis constantes, exceto duas, estudando-se a maneira como uma destas afeta a outra. A equação que descreve uma curva desconhecida nem sempre pode ser definida com exatidão. Relações do tipo 1/x e 1/x 1/2 facilmente podem ser confundidas num gráfico. Esta dificuldade desaparece quando se obtém uma linha reta. A linha reta é, portanto, a chave da análise gráfica. Ela pode ser identificada com segurança. O problema então é como lançar os dados no gráfico para obter uma linha reta. Embora não exista um método geral, há várias maneiras de obtê-la. Normalmente é preciso fazer algumas tentativas antes de obter uma solução. a)RELAÇÕES LINEARES: As relações lineares são do tipo y ax b , a é o quociente, y/x denomina-se inclinação da reta, ou coeficiente angular; b o ponto onde a reta corta a ordenada, ou coeficiente linear. Quando a reta é traçada sobre uma sucessão de pontos, deve-se escolher o traçado de modo a deixar alguns pontos acima e outros abaixo. Convém, entretanto, tomar cuidado de não converter numa reta alguma curva suave. O exemplo a seguir mostra como, a partir de gráficos experimentais, pode-se obter uma relação matemática entre as variáveis envolvidas no experimento. Exemplo 1: Numa experiência de dinâmica, montou-se um carrinho sobre um trilho giratório, impulsionado por um motor elétrico, para verificar o módulo da força resultante F que atua sobre o carrinho e outras variáveis, como a massa m do carrinho, o raio R de sua trajetória e a freqüência angular do trilho. FIGURA 4 : A leitura do módulo da força resultante F foi feita no dinamômetro D e a freqüência controlada com um cronômetro. Os dados experimentias são apresentados na tabela abaixo. TABELA 1 : Em cada experimento duas variávies foram mantidas constantes. R(10-2m) F (9,8 10 3 N ) m(Kg) (s-1) F (9,8 10 3 N ) F (9,8 10 3 N ) 78 10 110 15 160 20 190 25 230 30 m = 0,20 kg = 2,0 s-1 160 0,20 200 0,25 250 0,30 285 0,35 325 0,40 R = 0,20m = 2,0 s-1 75 4,18 100 4,83 130 5,71 180 6,61 220 6,98 m = 0,20 kg R = 0,20m A partir dos dados tabelados podemos construir gráficos que apresentam as tendências entre F e R, F e m, F e . 340 240 320 220 240 220 300 200 200 280 180 180 140 120 -3 -3 160 F (9,8X10 N) F (9,8X10 N) -3 F (9,8X10 N) 260 240 220 160 140 120 200 100 180 100 80 160 80 60 140 10 15 20 -2 r (10 m) 25 30 0,20 0,25 0,30 m (kg) 0,35 0,40 60 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 -1 (s ) FIGURA 5: As figuras 5a e 5b representam relações lineares. A curva obtida em 5c indica que a relação entre F e não é linear. Das figuras 5a e 5b pode-se concluir, respectivamente, que F k1 R e F k 2 m onde k1 e k2 são constantes de proporcionalidade (inclinações dos gráficos). Como o gráfico da figura 5c não resultou numa linha reta é preciso investigar que tipo de relação existe entre F e . O passo imediato é supor uma relação do tipo F k n . b)RELAÇÕES DE POTÊNCIA: São do tipo y= k x n . Tomando o logaritmo de ambos os lados, tem-se: log y= log k+ log. x n. Esta última equação é a de uma linha reta, cuja inclinação n é log y dada por e cuja interseção com o eixo y é um número do qual develog x se procurar o antilogarítmo K. O gráfico assim nos permite calcular facilmente K e n, sendo n um número fracionário, positivo ou negativo. Convém usar este método sempre que a relação procurada for desconhecida. Contudo, relações deste tipo e, mesmo outras, quando já são previamente conhecidas, podem ser lançadas num gráfico de modo a oferecer diretamente uma linha reta. Assim, por exemplo, senisenr ,ECv 2, Fgr-2, T 2 R 3 , quando lançadas num gráfico, resultam numa linha reta. Exemplo 2: Verificar- se- á, agora, se a relação entre F e , do exemplo 1, é uma relação de potência. Se for o gráfico log F contra log será uma linha reta; senão for, deve-se tentar outra relação ou outro método de encontrar uma linha reta. O gráfico log F contra log confirma esta hipótese: 2,4 2,3 2,2 log F 2,1 2,0 1,9 1,8 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80 0,85 log FIGURA 6: A relação entre F e W é uma relação de potência. Os dados são da tabela 4a. A inclinação n da reta é dada por: log F 2,22 1,82 n 2 log 0,2 A constante obtida corresponde, com boa aproximação, ao produto mR, mantido constante durante a experiência em que se estudou a relação entre F e : mR 0,20kg 0,20m 4 102 kg.m Portanto nenhuma outra constante é necessária para relacionar P com R. m e através de uma equação matemática. Conclui-se, pois, que: F mR 2 Neste exemplo a análise gráfica conduziu a uma expressão matemática para o módulo da força resultante. Confrontando-se mR 2 com ma, onde a é a aceleração, pode-se obter, inclusive, a partir da relação encontrada, a expressão da aceleração centrípeta, que é uma aceleração própria do movimento em estudo. Prevaleceu, nesta análise, uma linha de pensamento indutivo, pois partiu-se do particular (os dados) para o geral (a relação matemática encontrada). c)RELAÇÕES EXPONENCIAIS: São do tipo y= k e ax . Tomando n em ambos os lados da equação, temse: n y n k ax , o que define uma linha reta. Neste caso o gráfico é ln y logarítmico apenas no eixo y. A inclinação da reta é: a e a x interseção com o eixo é um número do qual deve-se procurar o antilogarítmo k. A equação que relaciona y com x é, então: n y n k ax , Y n ax k y keax sendo k e a determinados no gráfico. Exemplo 2 : Uma experiência muito simples, cujo resultado revela um decaimento exponencial da temperatura, consiste em aquecer a água alguns graus acima da temperatura ambiente e, após colocá-la num ambiente fechado, controlar como uma temperatura decresce em função do tempo. A tabela 2.1 mostra dados desse experimento, sendo T a temperatura da água. Durante a coleta de dados a temperatura ambiente permaneceu constante. TABELA 2 : Decaimento da temperatura em função do tempo. t (min.) 0 10 20 30 40 50 60 T(oC) 35,2 33,1 31,5 30,0 28,8 27,6 26,0 nT 3,56 3,50 3,45 3,40 3,36 3,31 3,26 O Gráfico da figura 7 mostra a proporcionalidade entre nT e t. Observa-se a constante de proporcionalidade deste gráfico é negativa. Conclui-se, pois, que nT nT0 kt , de onde k ln T ln T0 3,260 3,555 4,92 10 3 s 1 (t 0) 60 3,6 3,5 ln T 3,4 3,3 0 10 20 30 40 50 60 70 t (min) FIGURA 7 : nT e t são linearmente dependentes. O valor de T0 obtêm-se da interação da reta com o eixo das ordenadas cujo antilogaritmo é T0 34,99 . A equação que descreve este decaimento de temperatura é, pois: 3 3 T e 4,9210 t , ou seja, T 34,99e4,9210 t , 34,99 sem risco de erro esta equação pode ser aproximada para: 3 T 35e510 t substituindo-se t na equação, pode-se verificar facilmente se ela prevê corretamente o decaimento de temperatura. nT0 3,555 Laboratório de Física EXPERIMENTO Nº 1 – GRÁFICOS Nome : Data: ATIVIDADES: 1 . Quando um gás ideal sofre uma transformação adiabática, a pressão p e o volume V do gás relacionam-se segundo uma equação pV y k , onde y e k são constantes. Use os dados da tabela abaixo para construir um gráfico pV e determine o valor de y para o ar. p (104N/m2) V (m3) 10,0 1,34 7,5 1,64 5,0 2,19 2,5 3,60 Os dados referem-se à transformações adiabáticas de uma amostra de ar. 2 . Raios X são parcialmente absorvidos quando passam por uma placa de chumbo. Os dados da tabela abaixo referem-se ao número de contagens por unidade de tempo detectadas por um contador GM quando uma placa de chumbo de espessura X é interposta entre a fonte e o contador. Determine, através de análise gráfica, a equação matemática que relaciona C com X X (mm) C (min-1) 6 1075 9 925 12 780 15 660 18 570 21 480 A variação da espessura da placa de chumbo afeta o número de contagens.