Centro de Artes e Ofícios São Brás de Alportel, 16 de Setembro de 2010 Da multiplicação à convergência dos instrumentos de planeamento municipal Vanessa Duarte de Sousa [email protected] O CONTEXTO NACIONAL - DA FALTA DE PLANIFICAÇÃO À MULTIPLICAÇÃO DESENFREADA DE INSTRUMENTOS DE PLANEAMENTO Planificação como estratégia «a meio gás» até metade do século XX Havendo experiências de planeamento prévias aos anos 50, o contexto normativo era ainda muito frágil e pouco sistémico. Impulso ao planeamento estratégico nacional é dado a partir dos Planos de Fomento, ainda durante o Estado Novo. É a partir dos anos 80 que se dá a emergência e a multiplicação dos instrumentos de planeamento e de ordenamento do território, assim como se adensa a legislação referente às condicionantes e aos usos do espaço [movimento descentralizador que dá origem aos instrumentos de ordenamento de base local e regional: PDM’s/ PROT’s]. Só nos anos 90, surge a primeira legislação sobre o planeamento em Portugal (Lei Quadro 43/91 de 17 de Julho) e outra que estrutura as bases da política de ordenamento do território e do urbanismo (Lei 48/98 de 11 de Agosto, revista pela Lei 54/2007 de 31 de Agosto). No âmbito da contínua actualização às competências das autarquias, a entrada no século XXI é marcada pela multiplicação dos instrumentos de actuação estratégica de base local. Planificação como exigência externa Em 1983, é lançada a Carta Europeia do Ordenamento do Território, atendendo à necessidade dos Estados-Membros incorporarem os seus diferentes princípios. Em paralelo, a adesão à CEE, em 1986, implicou a construção do Programa de Desenvolvimento Regional para acesso aos Fundos Estruturais. A actual estrutura de planeamento e de ordenamento do território Estrutura de Planeamento Nacional Grandes Opções do Plano (GOP’s) Instrumentos de Gestão Territorial Instrumentos de Desenvolvimento Territorial Planos de Desenvolvimento Económico e Social de Médio Prazo Planos Anuais – Sectoriais e Regionais Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT’s) Planos Intermunicipais de Ordenamento do Território (PIOT’s) Instrumentos de Planeamento Territorial Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT’s) Planos Directores Municipais (PDM’s) Planos de Urbanização (PU’s) Planos de Pormenor (PP’s) Instrumentos de Política Sectorial Instrumentos de Natureza Especial Planos sectoriais da responsabilidade dos organismos da administração central nas áreas de: transportes, comunicações, energia e recursos geológicos, educação, formação, cultura, saúde, habitação, turismo, agricultura, comércio, indústria, florestas, ambiente Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT’s) Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas (POAP’s) Planos de Ordenamento de Albufeiras de Águas Públicas (POAPP’s) Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC’s) Planos de Ordenamento dos Estuários (POE’s) A estrutura de planeamento nacional na prática – algumas reflexões • Planeamento tardio e «voltado ao contrário» • Diferentes temporalidades nos instrumentos estratégicos, registando-se uma tentativa de harmonização aos «timings» europeus • Lentidão na construção dos instrumentos não se coaduna com a rapidez nas mudanças sociais e territoriais • Da falta de planos passou-se para uma estrutura complexa… “Mais vale uma política sem planos do que planos sem política” (Giraldes e Imperatori, 1993) A MULTIPLICIDADE DE INSTRUMENTOS DE PLANEAMENTO DE BASE LOCAL E A SUA RELAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS DE BASE REGIONAL/ NACIONAL Paradoxos que se enfrentam no planeamento de base local Necessidade de respostas rápidas para problemas cuja solução não passa, muitas vezes, pelas tomadas de decisão de base local Sendo fundamental a articulação entre os diferentes níveis territoriais (local, regional e nacional) e diferentes sectores (educação, saúde, habitação, emprego, acção social, ambiente, etc…), ler os diferentes instrumentos e trabalhá-los de forma coerente torna-se uma tarefa morosa e «quase» impossível face à necessidade urgente de intervenção sobre os problemas. Senão veja-se… A multiplicidade de Instrumentos de Planeamento de base local Instrumentos de Planeamento Territorial Plano Municipal de Ordenamento do Território (PMOT) Plano Director Municipal (PDM) Planos de Urbanização (PU) Planos de Pormenor (PP) Instrumentos de Política Local – Territorial e Sectorial Agenda 21 Local Plano de Desenvolvimento Social Carta Educativa Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil Programa Municipal de Promoção de Acessibilidades Plano Municipal de Segurança Rodoviária Plano Municipal de Saúde Carta Desportiva Outros instrumentos de planeamento estratégico e operacional: Plano Estratégico, Plano Municipal de Juventude, etc… Mais… os instrumentos de base regional ou nacional Estrutura de Planeamento Nacional Instrumentos de Natureza Sectorial - Planos Nacionais GOP 2010-2013 ENDS 2005-2015 Instrumentos de planeamento no âmbito da operacionalização da política de coesão económica e social da UE QREN 2007-2013 PO’s Temáticos: Potencial Humano, Valorização do Território e Factores de Competitividade 2007-2013 PO’s Regionais: 1 por região no Continente e 2 por cada uma das Regiões Autónomas 2007-2013 PO’s Assistência Técnica FEDER e FSE 2007-2013 2 PO’s de cooperação transfronteiriça; 4 PO’s de cooperação transnacional; INTERREG; URBACT; ESPON 2013; INTERACT II Educação -Plano Nacional de Leitura (20072011) - Iniciativa Novas Oportunidades – EDUCAÇÃO/ FORMAÇÃO (20052010) Acção Social - Plano Nacional para a Igualdade (2007-2010) - Plano Nacional de Acção para a Inclusão (2008-2010) - Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade (2007-2010) Finanças - Programa de Estabilidade e Crescimento (2010-2013) Economia -Plano Estratégico Nacional do Turismo (2007-2017?) - Estratégia Nacional para a Energia 2020 / Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética (2010-2020) Emprego - Plano Nacional de Emprego (2008-2010) Habitação - Plano Estratégico de Habitação (2008-2013) Saúde - Plano Nacional de Saúde (20042010) Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas -Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural (2007-2013) - Plano Estratégico Nacional para as Pescas (2007-2013) Ambiente e Ordenamento do Território -Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (desde 2007) e PROT’s (depende de cada região) - Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais (2007-2013) -Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (20072016) Segurança -Plano Nacional contra a Violência Doméstica (2007-2010) - Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária (2008-2015) - Plano Nacional contra o Tráfico de Seres Humanos (2007-2010) - Variados Programas (Escola Segura, Segurança Solidária, Idosos em Segurança, etc.) Cultura - Plano Estratégico para os Museus (2010 - ?) Novas Tecnologias - Plano Tecnológico (2005-2010) - SIMPLEX 2010 Então como fazer convergir os diferentes instrumentos? Instrumentos de Planeamento Territorial Plano Municipal de Ordenamento do Território (PMOT) Plano Director Municipal (PDM) Planos de Urbanização (PU) Planos de Pormenor (PP) Instrumentos de Política Local – Territorial e Sectorial Agenda 21 Local Plano de Desenvolvimento Social Carta Educativa Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil Programa Municipal de Promoção de Acessibilidades Plano Municipal de Segurança Rodoviária Plano Municipal de Saúde Carta Desportiva Outros instrumentos de planeamento estratégico e operacional: Plano Estratégico, Plano Municipal de Juventude, etc… Estrutura de Planeamento Nacional Instrumentos de Natureza Sectorial - Planos Nacionais GOP 2010-2013 ENDS 2005-2015 Instrumentos de planeamento no âmbito da operacionalização da política de coesão económica e social da UE QREN 2007-2013 PO’s Temáticos: Potencial Humano, Valorização do Território e Factores de Competitividade 2007-2013 PO’s Regionais: 1 por região no Continente e 2 por cada uma das Regiões Autónomas 2007-2013 PO’s Assistência Técnica FEDER e FSE 2007-2013 2 PO’s de cooperação transfronteiriça; 4 PO’s de cooperação transnacional; INTERREG; URBACT; ESPON 2013; INTERACT II Educação -Plano Nacional de Leitura (20072011) - Iniciativa Novas Oportunidades – EDUCAÇÃO/ FORMAÇÃO (2005-2010) Acção Social - Plano Nacional para a Igualdade (2007-2010) - Plano Nacional de Acção para a Inclusão (2008-2010) - Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade (2007-2010) Finanças - Programa de Estabilidade Crescimento (2010-2013) e Economia -Plano Estratégico Nacional do Turismo (2007-2017?) - Estratégia Nacional para a Energia 2020 / Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética (2010-2020) Emprego - Plano Nacional de Emprego (20082010) Habitação - Plano Estratégico de Habitação (2008-2013) Saúde - Plano Nacional de Saúde (20042010) Ambiente e Ordenamento do Território -Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (desde 2007) e PROT’s (depende de cada região) - Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais (2007-2013) -Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (2007-2016) Novas Tecnologias - Plano Tecnológico (2005-2010) - SIMPLEX 2010 Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas -Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural (2007-2013) Plano Estratégico Nacional para as Pescas (2007-2013) Segurança -Plano Nacional contra a Violência Doméstica (2007-2010) - Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária (2008-2015) - Plano Nacional contra o Tráfico de Seres Humanos (2007-2010) - Variados Programas (Escola Segura, Segurança Solidária, Idosos em Segurança, etc.) Cultura - Plano Estratégico para os Museus (2010 - ?) SE É DIFÍCIL FAZER A ARTICULAÇÃO AO NÍVEL CENTRAL, COLOCAM-SE DESAFIOS AO NÍVEL LOCAL! A presença de dois paradigmas Planeamento Tradicional Refém de resultados quantitativos – nem sempre se atenta às dinâmicas de mudança e à prossecução dos objectivos estratégicos Pouco flexível Participação, regra geral, restrita a processos de consulta pública ou a organizações (fraco envolvimento da sociedade civil não organizada) Introduz formas de pensamento estruturado e sistémico sobre os territórios/ sectores sobre os quais se pretende intervir Possibilidade de controlo de resultados Novos Modelos de Governação Territorial Dependente dos níveis de participação colectiva e da capacidade de responsabilização para a acção A participação pode ser inimiga da eficiência na tomada de decisão e do pensamento estratégico sobre os territórios Centramento nos Processos e nas dinâmicas de mudança, apelando à participação de todos na construção da acção colectiva Intervenção prevista passível de alteração em função das mudanças verificadas A Nossa Proposta: Linhas Estratégicas de Política, cuja operacionalização pode ser feita através da monitorização permanente dos territórios O que podemos fazer ao nível local Diagnóstico Estratégico Linhas Estratégicas de Política Operacionalização Território/ Sectores Monitorização permanente Convergência dos instrumentos (acções em contínua actualização) Instrumentos de Planeamento Territorial Instrumentos de Política Local – Territorial e Sectorial Um princípio base Participação a diferentes níveis: - Privado Lucrativo - Privado não Lucrativo - Público - Sociedade Civil não organizada