Ambiente, Ordenamento do Território e Competitividade das Nações Nuno Ribeiro da Silva, Sandra Martinho, Sofia Galvão, Sofia Santos Lisboa, 21 de Setembro de 2006 I. Ambiente, Ordenamento do Território e Competitividade 2 AMBIENTE E TERRITÓRIO SÃO FACTORES INCONTORNÁVEIS DE COMPETITIVIDADE E PARA A QUALIDADE DE VIDA Ambiente tem expressão económica tangível. A competitividade das nações, regiões e empresas passa, inevitavelmente, por: Ambiente Risco ambiental equivale a risco financeiro. • Gerir com eficiência [social e económica] e eficácia Ambiente e Território Competitividade Ordenament o do Território Políticas de gestão do território e políticas sectoriais coordenadas com são factor de valor acrescentado. • Percepcionar oportunidades inovadoras para a exploração dos recursos naturais, nomeadamente os endógenos, capitalizando sinergias sectoriais e territoriais • Adoptar uma nova abordagem na resolução dos problemas ambientais: incentivar a inovação para alcançar standards de desempenho ambiental mais elevados | privilegiar o recurso a instrumentos de mercado 3 AMBIENTE E TERRITÓRIO SÃO FACTORES INCONTORNÁVEIS DE COMPETITIVIDADE E PARA A QUALIDADE DE VIDA Questões como a qualidade de vida dos cidadãos, eficiência energética, inovação tecnológica, desenvolvimento local e regional, eficácia na administração do território, gestão da mobilidade, responsabilidade ambiental, rentabilização dos activos naturais existentes e criatividade no encontrar novas formas de trabalhar e de investir […], estão cada vez mais relacionadas. Responsabilidade ambiental Rentabilização dos recursos naturais Gestão da mobilidade Desenvolvimento equilibrado das regiões Criatividade na gestão Competitividade Inovação tecnológica Qualidade de vida Antecipação de tendências Rapidez de reacção Eficiência energética Responsabilidade empresarial Hoje, coloca-se o desafio inadiável de perceber as relações que existem entre estas questões, as implicações ao nível das respectivas esferas de competência e intervenção, e as suas consequências no bem-estar e na competitividade da 4 economia Portuguesa. II. Situação Actual 5 AUSÊNCIA DE UMA VISÃO ESTRATÉGICA INTEGRADA E DE UMA CULTURA DE MERCADO PARA AS QUESTÕES AMBIENTAIS E DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO. QUESTÕES CHAVE TRANSVERSAIS 1 2 3 Ausência de uma visão estratégica integrada em matéria de política de ambiente, de ordenamento do território e de desenvolvimento económico-social Sustentabilidade Atitude e comportamento reactivos por parte dos decisores políticos, função do estímulo e no ritmo imprimido pelas prioridades de política europeia Ausência de uma cultura de mercado para as questões ambientais, sociais e do ordenamento do território, quer na esfera das políticas públicas, quer à escala empresarial 4 Incipiente divulgação de boas práticas já consolidadas em economias europeias, a nível governamental e empresarial 5 Distanciamento e desresponsabilização do Estado e da Administração Pública como “exemplo”, nomeadamente na aplicação de objectivos e políticas de gestão interna eco-energética, procurement e demonstração de boas práticas 6 Insensibilidade política e administrativa à relevância das opções territoriais e ambientais como factor de desenvolvimento 7 Clivagem cultural entre a lógica da decisão administrativa e a lógica das oportunidades de investimento 6 ELEVADO PASSIVO EM MATÉRIA DE ENERGIA E AMBIENTE, COMPETÊNCIA, PROCESSOS E DINÂMICA DE ACÇÃO. QUESTÕES CHAVE AMBIENTE 1 (In)Eficiência energética e carbónica da economia portuguesa, face a compromissos internacionais de controlo de emissões de carbono que são operacionalizados no mercado, e à inércia | resistência dos modelos de [procura e oferta] energia e de valores e comportamentos individuais 2 Atraso na implementação da infraestrutura para aplicação do regime de responsabilidade ambiental em termos de prevenção e reparação de danos ambientais, que preconiza a responsabilização financeira dos operadores cuja actividade tenha causado danos ambientais ou a ameaça iminente de tais danos, à água, solo e biodiversidade, incentivando a utilização de garantias financeiras 3 Inexistência de instrumentos que privilegiem o investimento na inovação para alcançar standards de desempenho ambiental sistematicamente mais elevados (maior sofisticação no design, mais eficiência na combustão, […]), ao invés de acções para tratamento e remediação da poluição 4 Nível de competência e capacidade de gestão, traduzida na ausência de compreensão dos impactos ambientais ao longo da cadeia de valor / ciclo de vida dos produtos, e falta de desenvolvimento de métodos, práticas e ferramentas, que relacionem a gestão da empresa com as novas preocupações ambientais e com o paradigma económico actual 5 Processos de decisão ambiental burocráticos e, por vezes, pouco transparentes, originando decisões casuísticas, cuja elevada incerteza dificulta uma adequada gestão do risco por parte dos investidores 6 Orla costeira com elevados níveis de erosão e em que os riscos associados às alterações climáticas tornam urgente uma intervenção integrada, nem sempre aceite pelas autarquias e/ou interesses privados 7 Cobertura florestal e biodiversidade em elevado e contínuo risco de degradação impondo uma renovada política de gestão fundiária e introdução de novos mecanismos económicos na gestão das 7 florestas. PORTUGAL É DOS PAÍSES DA UE-15 COM MAIOR INTENSIDADE ENERGÉTICA, TENDO VINDO A PERDER EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM CONTRASTE COM A TENDÊNCIA DA MÉDIA EUROPEIA Intensidade energética [Consumo Energia primária/PIB] (g equivalente de petróleo/EUR1); 2004) Intensidade energética – Portugal e UE-15 (base 100; 1991-2002) CAGR 99-041) Base 100 0,0% -1,7% Finlândia 59% Grécia 94% Espanha Suécia 39% 26% 89% EU15 21% 92% Itália 91% 97% 87% 8% 194 47% 83% 39% 205 9% 189 53% Irlanda 208 11% 207 79% Luxemburgo 209 6% 74% Alemanha 223 218 94% Reino Unido Dinamarca 18% 61% Bélgica Áustria 17% 82% Holanda França 6% 83% Portugal 274 41% 186 0,5% 240 0,1% 240 -1,7% 105 105 107 111 110 109 100 -0,8% 2,1% 105 109 107 98 100 99 96 96 EU-15 97 95 0,2% 94 92 89 -0,6% 90 87 -0,6% -3,3% -1,6% 1) PIB a preços constantes de 1995 114 -2,4% 3% 157 13% 120 117 -2,7% 0,9% 146 120 0,7% 17% 159 61% Portugal 00 80 91 92 93 94 Anos 95 96 97 98 01 02 99 Fonte: Eurostat, 2006; A inércia dos sistemas de procura de energia suporta a ideia de que a economia Portuguesa tende a registar perdas relevantes na escala da eficiência energética, no médio-prazo, na ausência de instrumentos de política activos e 8 eficazes. OS SECTORES DIFUSOS - TRANSPORTES E EDIFÍCIOS - SÃO RESPONSÁVEIS POR MAIS DE METADE DO CONSUMO NACIONAL DE Consumo nacional de energia dos sectores difusos Variação do consumo de energia final (1990-2004) ENERGIA (%) (1990-2002) tep Crescimento do consumo 2004 1990-2004 8000000 Peso dos sectores difusos no consumo nacional de energia final 65% 2003 90% 32% 7000000 65% 2002 64% 2001 63% 2000 63% 6000000 5000000 1999 62% 1998 4000000 30% 1997 61% 58% 3000000 219% 2000000 1000000 Doméstico Serviços Transportes 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 0 Indústria, COP e outros 1996 59% 1995 59% 1994 59% 1993 58% 1992 58% 1991 57% 1990 57% Fonte: DGGE (2006) O peso dos sectores difusos corrobora a visão de que está, sobretudo, na mão dos consumidores a responsabilidade e o potencial de acção em matéria de eficiência energética. Fonte: AIE | Dados: Eurostat 9 DESTAQUE À INCIPIENTE ORGANIZAÇÃO E PLANEAMENTO DOS Estrutura de transporte (2002) SISTEMAS DE TRANSPORTES Transporte de mercadorias Transporte de passageiros Áustria Holanda Grécia Áustria Dinamarca Suécia Luxemburgo Alemanha Suécia Bélgica Espanha EU-25 Alemanha Dinamarca Irlanda Finlândia EU-25 EU-15 Itália Luxemburgo Bélgica França Finlândia Reino Unido EU-15 Itália França Portugal Holanda Espanha Portugal Irlanda Reino Unido Grécia 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% Autocarro&Camioneta Comboio Fonte: Netherlands Environmental Assessment Agency – MNP (2006) 60% 80% 100% % tkm (tonelada.km ) % pkm (passageiro.km ) Carro Passag. 40% Metro&Eléctrico Rodovia Ferrovia Transporte em águas interiores Pipeline Deficiente intermodalidade e excessiva dependência da rodovia e do transporte individual, com consequências relevante ao nível do 10 consumo de energia, custo de oportunidade do tempo e emissões. A FACTURA ENERGÉTICA, EM PORTUGAL, É DAS MAIS ELEVADAS DA EUROPA E SITUA-SE ACIMA DA MÉDIA DA UE-15 11 Fonte: Agência Internacional de Energia (2005) PORTUGAL É DOS PAÍSES DA UE-15 COM MAIOR INTENSIDADE CARBÓNICA, TENDO VINDO A REGISTAR O SEU AGRAVAMENTO EM CONTRASTE COM A TENDÊNCIA DA MÉDIA EUROPEIA Intensidade carbónica [Emissões GEE/PIB; Emissões GEE per capita] (t CO2/M EUR1); t CO2/hab.) 1) PIB p2000 Em 2000, Portugal deixou de pertencer ao grupo das economias de baixo carbono, com uma taxa média anual de crescimento das emissões de gases com efeito de estufa (GEEs) superior à taxa de crescimento económico, que se tem perpetuado no tempo. 12 Fonte: E.Value (2004) PORTUGAL REGISTA UMA TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO DAS EMISSÕES DE GEE QUE FRAGILIZA SUBSTANCIALMENTE A SUA POSIÇÃO NEGOCIAL PARA O PÓS-QUIOTO Evolução das emissões nacionais de GEE 2010 vs. 1990 (Mt CO2) No actual contexto de política europeia e internacional, que preconiza a redução continuada das emissões de GEE, no pós-Quioto (>2012), Portugal, face à tendência de evolução das suas emissões e à longa ausência de uma política e acção activas para as alterações climáticas, apresenta uma posição muito crítica e frágil nas negociações com os seus parceiros europeus, para além da pesada factura de carbono 13 que poderá ter de vir a suportar, a médio longo prazo. Fonte: DGGE (Jun. 2006) PORTUGAL NÃO INICIOU O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA PARA APLICAÇÃO DO REGIME DE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Portugal deve transpor a Directiva 2004/35/CE, de 21 de Abril, relativa à responsabilidade ambiental em termos de prevenção e reparação de danos ambientais, até 30 de Abril de 2007, que implica a tomada de decisão sobre um conjunto de questões também relevantes em matéria de competitividade, nomeadamente: • utilização [obrigatória] e/ou incentivo ao desenvolvimento de garantias financeiras (ex. seguros, fundos) • definição do regime de responsabilidade partilhada • tratamento de “danos órfãos” • tratamento de danos transfronteiriços • coexistência/articulação com o actual regime de responsabilidade civil • articulação entre as várias autoridades competentes dos Estados-Membros • [...] 14 AMBIENTE NÃO SE AFIRMA COMO UM EFECTIVO FACTOR DE VANTAGEM COMPETITIVA NACIONAL Impacto do Ambiente na competitividade (2002) 2,5 Índice de regulamentação ambiental Finlândia 2,0 França Austria 1,5 Jordânia Uruguai China Costa Rica Jamaica 0,5 África do Sul Vietname 0,0 El Salvador -0,5 -1,0 -1,5 Singapura Suiça Holanda Dinamarca Islândia Alemanha Nova Zelândia EUA Bélgica Noruega Reino Unido Austrália Japão Polónia 1,0 Panamá Indonésia RússiaLituânia Suécia Hungria Itália Eslóvenia Rep. Checa Estónia Chile M auricias M alásia Rep. Eslova Brasil Tailândia Coreia Irlanda Canadá Espanha Israel Colômbia M éxico Bulgária Peru Grécia P o rt ugal Bolivia Argentina India Sri Lanka Venezuela Zimbabué Honduras Filipinas Filipinas Nicaragua Roménia Bangladesh Egipto Guatemala Ucrânia Equador Letónia Nigéria Paraguai -2,0 Fonte: Michael Porter: “Ranking national environmental regulation and performance: A leading indicator of future competitiveness?” -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 -0,77 Índice de competitividade corrente Instrumentos de política de ambiente exigentes induzem à excelência e eficiência económica, estimulam a inovação e permitem obter ganhos de competitividade: “hipótese Porter”. Entenda-se regulação ambiental no sentido amplo, incluíndo política fiscal. 15 PRÁTICAS VOLUNTÁRIAS DE RESPONSABILIDADE CORPORATIVA PODEM AFIRMAR-SE COMO FACTORES DE VANTAGEM COMPETITIVA Índice Nacional de Responsabilidade Corporativa vs Índice de Crescimento Competitivo Índice de Crescimento Competitivo do World Economic Forum (2002) Portugal Fonte: Responsible Competitive Index, 2003, Aligning Corporate Responsibility and the competitiveness of nations Índice de Nacional de Responsabilidade Corporativa 16 TERRITÓRIO MUITO FOCADO EM DUAS METRÓPOLES E CRESCIMENTO POUCO ORDENADO. QUESTÕES CHAVE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO 1 Território muito focado nas duas principais metrópoles, com um desenvolvimento desequilibrado que se reflecte no esvaziamento e abandono de muitas zonas rurais 2 Elevada complexidade, pulverização e sectorização de planos e estratégias, que configura um labirinto, não transparente, de condicionantes e dificulta a acção dos cidadãos e dos agentes económicos 3 4 5 6 7 Crescimento urbano extensivo, com a degradação de zonas suburbanas e periurbanas em enormes contínuos urbanizados, contribuindo para uma má qualidade da paisagem urbana e da vida nas cidades, desvalorizando a existência de espaços verdes, corredores ecológicos e espaços públicos, em claro favor de uma construção massificada e de uma utilização pouco racional das infraestruturas Deficiente ordenamento rural, marcado por um povoamento disperso, incapaz de potenciar oportunidades e de optimizar níveis de serviço de infraestruturas e equipamentos Deficiente ordenamento florestal, com escassa ou nula manutenção, que tem contribuído para as vagas de grandes incêndios estivais Inexistência de um quadro vocacionado para o reforço da eficácia das diversas políticas públicas com incidência territorial, nomeadamente na captação de projectos que se configurem como pólos de desenvolvimento económico e de fixação das populações Inconsequência das apostas públicas em vectores de desenvolvimento que implicam opções de ocupação e uso do solo, como é exemplarmente o caso do Turismo 17 44% DA POPULAÇÃO PORTUGUESA ESTÁ LOCALIZADA NAS ÁREAS METROPOLITANAS DO PORTO E DE LISBOA – CONCENTRAÇÃO POPULACIONAL DIFICULTA UM CRESCIMENTO EQUILIBRADO DAS Concentração da população (% da população total do país) REGIÕES Distribuição da população no território português (2004) Principais metrópoles europeias (2005) Portugal 29% Lisboa 15% Porto Reino Unido 23% Londres 1) 4% Manchester 2) Liverpool Luxemburg o Bélgica Área Metro. do Porto 2% 22% Luxemburgo 19% Bruxelas 18% Paris França 3) 2% Marselha Espanha 13% Madrid 11% Barcelona 12% Milão Itália Roma Holanda 9% Amesterdão Açores 5% > 21% da população total 3% Munique < 5% população total 6% a 10% da população total 15% a 20% da população total 7% Berlim Hannover Área Metro. de Lisboa 7% Roterdão Alemanha Madeira 1% 1) Dados relativos a 2004 Fonte: INE; Websites 2) Dados relativos a 2002 3) Dados relativos a 1999 18 III. Linhas de Orientação para o Futuro 19 GANHAR COMPETITIVIDADE EXIGE UM ESFORÇO COMUM E PARTILHADO POR PARTE DO ESTADO, EMPRESAS E INDIVÍDUOS, QUE CAPITALIZE, COM AMBIÇÃO, A DOTAÇÃO NACIONAL DE RECURSOS NATURAIS E PERFIL TERRITORIAL Portugal deve reconhecer os seus recursos naturais e culturais e o seu perfil territorial como factores de diferenciação e de competitividade, procurando soluções criativas e modernas para a sua exploração e promovendo o desenvolvimento de clusters integrados. 20 GANHAR COMPETITIVIDADE EXIGE UM ESFORÇO COMUM E PARTILHADO POR PARTE DO ESTADO, EMPRESAS E INDIVÍDUOS, QUE CAPITALIZE, COM AMBIÇÃO, A DOTAÇÃO NACIONAL DE RECURSOS NATURAIS E PERFIL TERRITORIAL Aos decisores de política cabe: • Definir claramente um rumo, apontar perspectivas e estabelecer metas • Fomentar o conhecimento e a criação de capacidade e competência • Assumir o mercado como o motor das iniciativas e promover o seu adequado funcionamento • Conceder incentivos aos utilizadores finais • Encorajar a disseminação de informação útil aos stakeholders, nomeadamente aos consumidores • Garantir a eficácia na aplicação dos instrumentos de políticas públicas 21 GANHAR COMPETITIVIDADE EXIGE UM ESFORÇO COMUM E PARTILHADO POR PARTE DO ESTADO, EMPRESAS E INDIVÍDUOS, QUE CAPITALIZE, COM AMBIÇÃO, A DOTAÇÃO NACIONAL DE RECURSOS NATURAIS E TERRITORIAL ÀsPERFIL empresas cabe: • Integrar o ambiente e o território como uma variável de negócio e não exclusivamente na gestão da sua imagem e reputação corporativa • Adoptar uma atitude dinâmica e pró-activa, encarando upgrades no desempenho ambiental como oportunidades (de inovar no produto/processo, reduzir custos totais, melhorar WTP do consumidor,…) • Apostar no território como factor diferenciador na consolidação de uma imagem e de uma marca • Desenvolver uma compreensão abrangente dos impactos ambientais ao longo da cadeia de valor do produto • Melhorar os sistemas de informação para monitorizar os aspectos ambientais do negócio, e integrar os riscos estratégicos materiais nos processos e sistemas de controlo empresarial • Disseminar informação útil aos stakeholders [internos e externos] 22 CINCO VECTORES DE ACTUAÇÃO A PRIVILEGIAR Implementar um novo paradigma energético e consolidar a economia do (baixo) carbono 1 Promover a ecoeficiência como estímulo à inovação e 2 modernização Promover a sustentabilidade na gestão empresarial e das instituições, 4 e na identificação de novos mercados Aplicar o regime de responsabilidade ambiental, com recurso a 3 sistemas de garantia financeira Melhoria do Ambiente Ordenamento Território e da Competitividade Integrar os processos de ordenamento do território 5 com o planeamento estratégico de infraestruturas e transportes, integrando-os ao nível do planeamento municipal 23 COMO SE OPERACIONALIZA ESTA VISÃO? 1 ENERGIA E ECONOMIA DE BAIXO CARBONO Implementar um novo modelo energético e consolidar a economia de [baixo] carbono Apostar em sistemas de oferta de energia difusos, de proximidade entre a produção e o consumo Promover, com determinação e voluntarismo, o aproveitamento de recursos endógenos e a optimização do consumo, incentivando o mercado da “eficiência energética” Desenvolver novos modelos para a procura de energia [e de mobilidade], que incentivem a implementação de medidas de redução de consumo nos sectores difusos, nomeadamente nos transportes: promover a mobilidade não motorizada, novas tecnologias de motorização e a comunicação à distância; melhorar a utilidade dos serviço de transporte público (passageiros e mercadorias) e promover o seu uso; adequar fiscalidade, tarifas, normas de utilização e de informação ao público aos comportamentos desejados […] Alterar a política fiscal, que transmite sinais erróneos à desejável política sectorial 24 COMO SE OPERACIONALIZA ESTA VISÃO? 1 ENERGIA E ECONOMIA DE BAIXO CARBONO Implementar um novo modelo energético e consolidar a economia de [baixo] carbono Utilizar o fundo português de carbono como instrumento de incentivo à implementação de projectos, em Portugal, que demonstrem reduzir, de forma custo-eficaz, as emissões de gases com efeito de estufa, e equacionar, inclusivamente, a criação de mecanismos domésticos - tipo desenvolvimento limpo - que permitam investimentos sectoriais cruzados para redução de emissões Comunicar, informando agentes económicos e cidadãos que a energia só tenderá a valorizar-se, mesmo em termos relativos, pelo que é ilusório tentar distorcer o mercado, não reflectindo a evolução dos custos e escamoteando componentes adicionais como o CO2, ou criando a expectativa de que a liberalização, só por si, vai conseguir travar o aumento real dos preços Mobilizar os cidadãos para a resolução do problema das alterações climáticas, (in)formando e criando os incentivos (inclusive financeiros/fiscais) se necessários à alteração dos seus comportamentos. 25 COMO SE OPERACIONALIZA ESTA VISÃO? 2 RACIONALIDADE, PRODUTIVIDADE E BEM-ESTAR NA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS Promover a eco eficiência como estímulo à inovação e modernização Investir na comunicação, para reabilitação/revitalização do conceito e reconstrução da forma como é percepcionado pelos mercados e pela sociedade Incentivar uma maior sofisticação no design de produtos, maior eficiência nos processos, maior eficácia na performance, [...], privilegiando o recurso a instrumentos económicos e a articulação/sinergias com instrumentos de política ambiental e sectorial já existentes, bem como instrumentos de informação como a atribuição de labels ecológicos a produtos e serviços Investir e promover a investigação interdisciplinar. A investigação deverá estar ligada aos temas da inovação, governo das empresas, relações industriais e cadeia de valor Incentivar a disponibilização de informação aos stakeholders (inclusive financeiros) e a melhoria dos sistemas de monitorização dos aspectos ambientais do negócio das empresas (caracterização do nível de eco-eficiência, conhecimento da dimensão económica dos aspectos ambientais; identificação de potenciais benefícios económicos; gestão integrada dos riscos ambientais, de negócio, financeiros...) Incentivar/dinamizar iniciativas ambientais à escala de clusters, a fim de partilhar custos e melhorar a eficácia através da disseminação da implementação no cluster 26 COMO SE OPERACIONALIZA ESTA VISÃO? 3 GESTÃO DE RISCO AMBIENTAL E ECOLÓGICO Aplicar o regime de responsabilidade ambiental, com recurso a sistemas de garantia financeira Encetar um processo participado de transposição da directiva, que envolva os diferentes stakeholders - é necessário garantir a clareza de objectivos, conceitos e responsabilidades, a flexibilidade nas abordagens às diferentes tipologias de dano e a adequada integração com outras políticas e instrumentos ambientais e sectoriais Iniciar a construção da infraestrutura necessária à aplicação eficaz da directiva atendendo, inclusivamente, aos processos, procedimentos e canais de reporte de informação ambiental já existentes e utilizados pelos operadores abrangidos pela directiva; é fundamental garantir a simplicidade da administração, inclusive para aumentar a probabilidade de enforcement Garantir uma estrutura de oferta [de garantias financeiras] favorável. O sector financeiro, em particular o segurador, deve preparar-se para responder a uma eventual solicitação do mercado (e da política), em matéria de disponibilidade de garantias financeiras para danos ambientais Dinamizar a ligação universidade/ empresas na área da responsabilidade ambiental e suas ligações com as práticas de gestão, contribuindo para a inovação e para formação de recursos qualificados 27 COMO SE OPERACIONALIZA ESTA VISÃO? 4 GESTÃO E ECONOMIA SUSTENTÁVEIS Promover a sustentabilidade na gestão e na identificação de novos mercados Identificar objectivos políticos e matrizes de referência que permitam ao sector privado desenvolver boas práticas de gestão Comprometer-se com linha orientadoras/convenções internacionais Criar incentivos fiscais para actividades promotoras de Responsabilidade Corporativa Promover e coordenar os vários stakeholders (ministérios, associações, universidades e empresas) com vista à criação conjunta de ferramentas práticas, a serem utilizadas pelas PMEs Incentivar investimentos que minimizem impactes ambientais e sociais ao longo da sua cadeia de valor, explicando a importância do princípio da precaução na gestão do risco empresarial Definir prioridades socioeconómicas em que o sector privado possa liderar Desenvolver o conceito de Regiões Sustentáveis promovendo a interacção dos vários agentes de forma a realçar o cluster competitivo da região Divulgar junto das Universidades, Empresas e Associações, os programas europeus associados à promoção de práticas de Responsabilidade Corporativa Incentivar escolas de negócios, universidades e outros meios de ensino a incorporar as práticas de Responsabilidade Corporativa e os seus tópicos nos seus 28 programas curriculares, principalmente nos cursos associados aos futuros gestores COMO SE OPERACIONALIZA ESTA VISÃO? 5 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E INFRAESTRUTURAS Integrar os processos de ordenamento do território com o planeamento estratégico de infraestruturas e transportes, integrando-os ao nível do planeamento Municipal Definir uma estratégia de ordenamento do território com orientações programáticas de cariz nacional e regional a integrar nos processos de planeamento municipal que devem funcionar como plataforma de síntese das diversas orientações supra definidas Simplificar os vários planos e estratégias sectoriais por forma a reduzir o seu número e a minorar a respectiva fragmentação/complexidade Desburocratizar os procedimentos de decisão, racionalizando a tramitação e minimizando o número de organismos intervenientes (clarificando as suas responsabilidades e âmbito de actuação) Promover uma nova geração de planos, com soluções de parametrização normativa susceptíveis de garantir ganhos de plasticidade e de operatividade essenciais à dinâmica das oportunidades Dotar a decisão administrativa da sensibilidade necessária à gestão dos tempos e das oportunidades 29 COMO SE OPERACIONALIZA ESTA VISÃO? 5 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E INFRAESTRUTURAS Integrar os processos de ordenamento do território com o planeamento estratégico de infraestruturas e transportes, integrando-os ao nível do planeamento Municipal Dotar os planos de ordenamento de mecanismos de follow up da implementação e de indicadores e objectivos quantificados que assegurem a sua adequada monitorização, bem como a efectiva aferição da eficácia no dispêndio dos recursos financeiros públicos Criar sistemas alternativos de gestão de conflitos, designadamente centros de arbitragens especializados Desenvolver uma Estratégia de Desenvolvimento dos Transportes e Infraestruturas nacionais alinhada com os desígnios e ordenamento e desenvolvimento territorial do país (ex: PEIT – Espanha) 30