II CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SOCIAL Novembro de 2013 Iturama - MG - Brasil PERFIL DAS DETENTAS DA CADEIA PUBLICA NO MUNICIPIO DE TURAMA Ronivaldo Freitas Morais (FAMA) - [email protected] Graduação Direito 3º Semestre - Matutino Ruthnéia Rezende de Oliveira; Ana Paula de Melo Martins (FAMA) - [email protected] Graduação Direito 3º Semestre - Matutino Dayane Martins Rodrigues; Isaias Silva Pereira (FAMA) - [email protected] Graduação Direito 3º Semestre - Matutino Adriane Guimaraes de Lima; Nilceia da Silva N Tomaz Tavares (FAMA) - [email protected] Graduação Direito 3º Semestre - Matutino Patricia Plasteli de Melo; Rosimar Maria Pereira Silva (FAMA) - [email protected] Graduação Direito 3º Semestre - Matutino Lais Karoline Silva Lopes; Seife José Baliana (FAMA) - [email protected] Graduação Direito 3º Semestre - Matutino Lineia Maida de Lima Moraes; Solange Rodrigues da Silva (FAMA) - [email protected] Graduação Direito 3º Semestre - Matutino Meirilaine Lina - [email protected] Graduação Direito 3º Semestre - Matutino RESUMO Cresce a cada dia o numero de mulheres que se envolve em atividades criminais, fazendo-a integrar em um universo antes totalmente masculino. Um dos fatores principais que contribuiu para que chegasse a esse ponto, foi à igualdade entre homens e mulheres, conforme a constituição “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Com isso a criminalidade feminina aumenta, a partir do momento em que a mulher deixa de ser apenas dona de casa e passa a assumir um papel dentro da sociedade, em varias modalidades de trabalho, desde uma simples domestica ate elevados cargos políticos, como exemplo a nossa presidente Dilma, levando-a a uma condição de multifuncional. Com isso, nos deparamos com um país até então preparado para uma carceragem apenas masculina, a mulher se introduz em um sistema onde suas condições humanas estão longe de serem respeitadas, onde o problema cresce rápido e o Estado não consegue se adequar a realidade. Em nosso município foram entrevistadas detentas, que utilizam uma mesma cela ao lado de varias outras onde se encontram homens. As condições de higiene são mínimas, enfim, estão em um local longe de ser o ideal para sua ressocialização, o que acontece é exatamente o contrario, perdem a confiança no futuro e se tornam cada vez mais propensas para o crime. Não se verificou nenhum projeto neste sentindo, tornando-as assim mulheres esquecidas pela sociedade e pelo Estado. Palavras chave: Mulheres, masculino, criminalidade, homens, Sociedade ABSTRACT Grows every day the numbers of women who engage in criminal activities, making it integrate into a previously all-male universe. One of the main factors that contributed to arrive at this point was equality between men and women, according to the constitution “Men and women have equal rights and obligations”. With this female crime increases, from the moment in which the woman is no longer just a housewife and now assumes a role within society , in various forms of work, from simple domestic until high political office , as an example our President Dilma, leading to a condition multifunctional. With this, we come across a country hitherto prepared for a jail only male, the woman hid in a system where their human conditions are far from being respected, where the problem grows fast and the State cannot fit reality. In our county inmates were interviewed, using the same cell alongside several other men where they are. Hygiene conditions are minimal, finally, are in a location far from ideal for their rehabilitation, what happens is exactly the opposite, they lose confidence in the future and become increasingly prone to crime. There was no project this feeling, thus making them women forgotten by society and the State. Keywords: Women, men, crime, men, Society 1 INTRODUÇÃO Evidencia- se ultimamente um crescente número de mulheres envoltas em atividades criminosas, de todos os níveis sociais e faixas etárias. A ideia de mulher criminosa leva sempre a concepção de lidar a exceção, a mulher sempre foi marcada pelo estigma da docilidade, a imagem da mãe, dona de casa e esposa. Ocorre que o crescimento social da mulher a leva a fazer parte de um universo considerado tipicamente masculino, claro que sua participação é proporcionalmente menor que a dos homens. Porem com o desenvolvimento humano, profissional, liberdade sexual, opção no casamento, trouxe um lado negativo, para que a mulher entrasse no crime. Essa repercussão é maior do que o crime cometido pelos homens quer seja pela própria natureza feminina, até então associada à candura da mulher, ou seja, a imagem que a mulher possui de ser a geradora da vida. O crime feminino tenha abandonado o estereótipo do homicídio passional, com forte conteúdo de amor ou ciúme, já que é cada vez maior a presença da mulher em outros delitos relacionados a entorpecentes e crimes interpessoais violentos, como roubos, latrocínio, e sequestros, seu percentual de mulheres na pratica do crime comando continua sendo ínfimo. Pretende – se com o presente trabalho indicar o perfil das detentas no município de Iturama - MG, demonstrando especialmente os motivos que ensejadoras da detenção e sua condição sócia – econômica. A metodologia utilizada neste trabalho foi feita através de um questionário com as detentas, na Delegacia Regional de Iturama – MG. 2 RAZÕES DO AUMENTO DA CRIMINALIDADE FEMININA NA SOCIEDADE Nos últimos cinqüenta anos um dos fatos mais marcantes ocorridos na sociedade brasileira foi à inserção crescente das mulheres na força de trabalho. Este contínuo crescimento é explicado em parte por uma combinação de fatores econômicos e culturais. Primeiro, pode – se citar o avanço da industrialização que transformou a estrutura produtiva, a continuidade do processo de urbanização e a queda das taxas de fecundidade, proporcionando um aumento das possibilidades das mulheres encontrarem postos de trabalho na sociedade. Em segundo lugar, a revolução feminina do final dos anos 60, nos Estados Unidos e Europa, que chega ao Brasil, em plenos anos de ditadura, mas, apesar disso, produziu o ressurgimento do movimento feminista nacional fazendo crescer a visibilidade política das mulheres na sociedade brasileira (MELO, 2003).·. Portanto, a cada dia a mulher vem conquistando a sua independência, com as novas modalidades de trabalho, os avanços tecnológicos, o problema do desemprego que gera a exclusão social e pobreza e com fortalecimento do mercado informal de trabalho, a população feminina vem buscando diante de suas dificuldades a solução para suas demandas. Esses condicionantes modernos estabelecem uma alteração no perfil da criminalidade feminina, haja vista que antes dos anos 70 e bem depois da antigüidade, os crimes mais praticados pelas mulheres eram os caracteristicamente passionais (ELUF, 2003). Segundo Andrade, 2013 há um importante crescimento de mulheres chefe de família, responsáveis pelos filhos e eventualmente irmãos ou irmãs e país. Elas dificilmente podem pagar um advogado ou a fiança e, portanto corre maior risco de permanecerem mais tempo na prisão preventiva. Contudo apesar de terem direitos iguais perante a lei, possui realidades opostas. Como mostra, por exemplo, a Campanha Global, patrocinada pela Open Society, na América Latina, que realizou levantamento sobre o número de mulheres presas preventivamente na região e o seu aumento. A prisão de mulheres está vinculada à pobreza: A maioria foi acusada de delitos leves e se encontra em situação de miséria, marginalidade e sofrendo abusos. Há um importante crescimento de mulheres chefes de família, responsáveis pelos filhos e, eventualmente, irmãos ou irmãs e pais. Elas dificilmente podempagar um advogado ou a fiança e, portanto, corre maior risco de permanecer mais tempo em prisão preventiva. É mais de meio milhão de mulheres presas, número que duplicou nos últimos cinco anos, o Brasil observou um aumento de três vezes nesse número: de 11.000 para mais de 35.000, os números aumentam, mas o sistema não se prepara para recebê-las.·. Na medida em que as mulheres passam a exercer papeis masculinos na esfera pública, sobretudo no mercado informal de trabalho, elas (sobretudo mulheres adultas jovens pobres e de cor) tornaram-se mais vulneráveis à secular criminalização seletiva do controle penal, e é precisamente este o processo que está a suceder nesta era do capitalismo patriarcal globalizado sob a ideologia neoliberal. A criminalização patrimonial feminina (pelas mesmas condutas que os (seus) homens são criminalizados (furto, roubo, estelionato e, nuclearmente, ao que tudo indica tráfico de drogas) está elevando progressivamente a representatividade das mulheres (e, com elas, partos e crianças) na clientela prisional, o que certamente tem implicações para a identidade androcêntrica do sistema penal. (ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Pelas mãos da criminologia. Revan, 2013, p. 145) 3 PERFIL DAS PRESIDIARIAS O perfil da mulher detenta não foge à regra do perfil geral do encarcerado em uma sociedade que, como dito, é patriarcal, racista e capitalista: são mulheres jovens, pobres e negras. Décadas anteriores, as mulheres selecionadas pelo sistema eram aquelas que não atendiam à função designada ao seu gênero (ou seja, aquelas que cometiam abortos ou exerciam atividades ligadas à prostituição, descumprindo com seu papel de mãe e reprodutora, desviando-se da conduta sexual dita “correta”), os casos que começam a se acumular revelam que a seleção promovida acompanha aquela mesma que recai sobre os homens: são selecionadas, cada vez mais, mulheres envolvidas na prática de crimes de furto, roubo, estelionato e tráfico de drogas. Uma criminalidade patrimonial, no lugar daquela criminalidade “matrimonial”, isso continua a ter fundamento naquela já repetida estrutura social: patriarcal, capitalista a racista. A mulher, negra e pobre, em condições de exclusão social ou exclusão do mercado de trabalho, torna-se mais vulnerável ao sistema penal que, em sua função real, seleciona aqueles que não atendem às necessidades do capital. Em 2005, havia nove mil mulheres presas em todo o Brasil. Em 2011, elas já eram 35 mil, um crescimento de quase quatro vezes em apenas seis anos. De acordo com a CPI do Sistema Carcerário, elas têm entre 20 e 35 anos, são chefes de família, pouco estudo e pelo menos dois filhos menores de idade. De acordo com o InfoPen, 85% delas cometeram crimes relacionados a entorpecentes ou crimes contra o patrimônio, sem violência. “Em vez de dar penas alternativas, o Estado resolveu prender essas mulheres”, diz Lucia Nader, diretora da Conectas. “Mas não há estrutura para isso no país. Há 508 unidades com mulheres presas, mas apenas 58 são exclusivamente femininas. Em todas as outras há homens e mulheres presos.” Referência: Um ginecologista para nove mil mulheres: um exemplo de como está à situação nos presídios femininos brasileiros, matéria da Revista Marie Claire. Não fosse isso panorama grave o suficiente, há mais. O sistema penal ainda é bastante androcêntrico: criado por homens, pensado por homens e para homens. Isso tem reflexos nas suas diversas esferas: na criação da legislação, na sua aplicação judiciária e na sua execução. É esse último ponto que tem merecido destaque em diversas notícias, pesquisas e campanhas brasileiras. 4 PERFIL DAS PRESIDIARIAS NO MUNICIPIO DE ITURAMA - MG Conforme pesquisa realizada junto às presidiárias da 4º Delegacia Regional de ITURAMA-MG o resultado, foi que a maioria delas são solteiras, com baixa escolaridade e renda familiar mínima. O motivo maior da reclusão foi trafico de drogas, verificou-se também ato sexual precoce e com pouca variedade de parceiros, usuárias de drogas, tatuagens e piercings e pouca expressividade, representam aspectos comuns entre as entrevistadas. RESULTADO Entrevistadas 90 80 70 60 50 Entrevistadas 40 30 20 10 0 Entrevistas Não entrevistadas GRÁFICO 1 – Quantidade de entrevistadas Estado Civil 60 50 40 30 Estado Civil 20 10 0 Solteira Casada Companheira Viuva GRÁFICO 2 – Estado Civil Trabalho 90 80 70 60 50 Trabalho 40 30 20 10 0 Fixo Não fixo GRÁFICO 3 – Quantas detentas possuíam trabalho fixo Motivação 60 50 40 30 Motivação 20 10 0 Financeira Companheiro Terceiros GRÁFICO 4 – Motivação que levaram as detentas ao crime Vicios 60 50 40 30 Vicios 20 10 0 Bebida Alcoolica Usuarios Drogas Não usuarios GRÁFICO 5 – Quais os vícios que as detentas possuem. CONCLUSÃO Iniciamos um projeto de pesquisa, com o objetivo de verificar as condições humanas e o perfil das detentas no município de Iturama. Analisamos que o as mesmas vivem em condições mínimas de higiene, sem acesso ao plano de ressocialização. Foram entrevistadas 80% das detentas, sendo que 20% não quiseram responder o questionário. Através deste concluímos que, 100% das entrevistadas são solteiras e com filhos, 75% possuíam trabalho fixo, 100% foram presas por trafico de drogas, 50% responderam que o motivo que levou a cometer o crime foi de ordem financeira, 25% por influencia do companheiro e 25% outros motivos, 50% possuem algum membro da família preso, 50% são usuárias de drogas (Crack) e 100% fumam ou ingerem bebida alcoólica. 100% têm algum tipo de religião. Todas as entrevistadas não possuíam antecedentes criminais, a faixa etária varia entre 21 e 34 anos viviam sem estrutura familiar, com baixa escolaridade, todas se mostram arrependidas do ato e em liberdade querem voltar ao trabalho, todas afirmam que o Estado auxilia financeiramente, mas não auxiliam em sua ressocialização. Todas têm apoio familiar e levam como experiência o que tem vivenciado para não mais cometer crimes.