A FENOMENOLOGIA EM PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO FONTANINI, Carlos Augusto Candêo – PUCPR [email protected] Eixo Temático: Didática: Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O objetivo desta pesquisa é apresentar um quadro conceitual sobre a fenomenologia e sua utilização em pesquisas em Administração. Em geral, nas pesquisas em Administração, por terem um cunho mais quantitativo, é comum a utilização de abordagens mais positivistas, mesmo que não haja a indicação explícita destas abordagens. No referencial teórico, alguns autores citam as pesquisas em Administração como predominantemente acadêmicas, não se preocupando com a aplicabilidade e também com a pouca atenção destinada aos problemas enfrentados por administradores dentro das organizações. Citam ainda a pesquisa com viés mais acadêmico, gerada na academia e por ela consumida. Buscou-se ainda fundamentar as abordagens positivistas e fenomenológicas, bem como descrever brevemente suas origens, seus precursores, suas características e sua utilização em pesquisas em Administração. Foi utilizada a pesquisa bibliográfica para a elaboração do quadro conceitual e, a partir da análise de artigos publicados nos anais do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Enanpad), entre os anos de 2008 a 2010, pôde-se identificar que a abordagem positivista foi mais utilizada nas pesquisas em Administração, enquanto a fenomenológica, apesar de apresentar características como a praticidade e aplicabilidade, esperadas em pesquisas nesta área, tem sido utilizada com muito menos frequência. Palavras-chave: Pesquisas em Administração. Fenomenologia. Positivismo. Introdução A fenomenologia, como abordagem metodológica aplicada em pesquisas em Administração, parece que tem sido pouco utilizada em detrimento de pesquisas de cunho mais positivista. A proposta de novas alternativas de pesquisa aplicada na área de Administração, segundo Carvalho e Vergara (2002), implica uma mudança em relação à investigação científica que encontra no positivismo suas bases epistemológicas. Por outro lado, no que diz respeito às pesquisas na área da Administração, o positivismo ou a fenomenologia não são termos frequentemente utilizados. Tal peculiaridade pode estar associada principalmente à formação acadêmica dos pesquisadores em Administração. 916 Em relação à formação desses pesquisadores, no mestrado e principalmente no doutorado, tem se dado pouca ênfase a essas abordagens, ocorrendo então uma confusão por parte daqueles pesquisadores menos experientes com tendência a utilizar abordagens mais positivistas do que fenomenológicas. É comum encontrarmos pesquisas nas quais foram utilizadas entrevistas como instrumento de coletas de dados e a análise de conteúdo para análise dos resultados, mas raramente é explicitada na metodologia estes termos, mesmo com o uso de algumas variantes que não foram especificadas, como sendo uma abordagem fenomenológica. Nem professores nem estudantes parecem estar familiarizados com o desenvolvimento de pesquisas de natureza fenomenológica (LIMA, 1999). Em relação aos professores, estes parecem sentir-se em posição confortável para participar mais ativamente de investigações de cunho positivista do que fenomenológico. O objetivo desta pesquisa é apresentar um quadro conceitual sobre a fenomenologia e sua utilização em pesquisa em Administração. Desenvolvimento Referencial teórico O número de pesquisas acadêmicas em Administração vem crescendo a cada ano no Brasil. Considerando que é um curso relativamente recente, isso tem sido motivado principalmente pela necessidade de se gerar conhecimento na área, embora tenha recebido pouco apoio se comparada às pesquisas em outras áreas. Bertero, Caldas e Wood Jr. (1998, p. 1) apontam que, apesar de nova enquanto campo de pesquisa científica, a pesquisa em administração tem aumentado significativamente nos últimos anos em termos de volume produzido. No entanto, parece evidente que a qualidade não tem acompanhado a quantidade: nossa produção é periférica, sem originalidade e prática, em larga escala, mimetismo mal informado. A pesquisa em Administração é desenvolvida em um ambiente menos favorável: geralmente trabalha com assuntos relacionados a comportamento, desempenho, satisfação, estratégia, entre outros. Daí a importância de trabalhar com outros tipos de abordagens, como por exemplo, a fenomenológica. 917 A natureza da pesquisa na área de Administração como pesquisa aplicada reduz a interação ou a necessidade de interação entre pesquisadores, na medida da forte definição da pesquisa pela realidade empírica (LIMA, 1999). Para Bertero, Caldas e Wood Jr. (1998, p. 5), em administração as influências momentâneas parecem possuir um caráter assolador, não se permitindo que se trate de algo que não seja relevante de um ponto de vista administrativista ou de gestão. Isto explicaria as rápidas mutações do campo, oscilações de interesse e no limite dos modismos que marcam a área de administração. O conhecimento não é oferecido pronto, mas ele deve ser construído dentro de uma necessidade. Pesquisar é responder a dúvidas e questões. A melhor maneira de se produzir conhecimento é pelo desenvolvimento da pesquisa, e a abordagem metodológica utilizada será fundamental para o sucesso da pesquisa. A tomada de decisão gerencial baseada em pesquisa tem sido usada mais amplamente do que foi no passado. Os administradores que não estiverem preparados para essa mudança estarão em desvantagem. Para tanto e como forma de entender melhor as abordagens metodológicas empregadas nas pesquisas em Administração, parece viável num primeiro momento apresentar uma metodologia amplamente utilizada nas pesquisas na área, o positivismo. A evidente predileção por parte dos acadêmicos brasileiros por enfoques de orientação positivista e de cunho eminentemente prescritivo, em detrimento de métodos de orientação fenomenológica, de cunho notadamente interpretativo, constitui uma dificuldade bastante significativa para a adoção da fenomenologia como prática efetiva de pesquisa (CARVALHO; VERGARA, 2002, p. 79). Em função da praticidade das pesquisas em Administração, com um viés mais voltado para o mercado, a utilização de pesquisa de natureza fenomenológica é relativamente pequena. Dentro dessa praticidade, há algumas condições para a produção de conhecimento científico na área, entre elas não desistir ou descrer da possibilidade de produção científica em Administração, mesmo que pelo pragmatismo vulgar segundo o qual só se deve dar atenção àquilo que produz resultados imediatos (BERTERO; CALDAS; WOOD Jr., 1998). Segundo esses autores, a realidade administrativa aparentemente não comporta um único paradigma ou uma única metodologia. 918 O positivismo Um dos principais representantes do positivismo foi Isidore Auguste Marie Xavier Comte (1798 - 1857). Comte nasceu em Montpellier, no dia 19 de janeiro de 1798. Aos 15 anos ingressou na Escola Politécnica de Paris. Envolvida em vários incidentes contra o novo governo, nesta época a Politécnica tinha apoiado o retorno de Napoleão, foi acusada de jacobismo e bonapartismo e foi fechada temporariamente pela Restauração dos Bourbons (RIBEIRO Jr., 1991). Comte foi expulso e foi colocado sob vigilância policial. De volta a Montpellier, frequentou cursos da Faculdade de Medicina e Biologia. Em 1817, Comte se tornou secretário de Saint-Simon, e em julho de 1819 publicou na Revista Le Censeur seu primeiro trabalho: Séparation générale ente lês opinions et les désire, no qual expõe que a política – isto de acordo com o pensamento saint-simoniano – deveria se tornar uma ciência positiva, baseada na observação e na experiência. De 1830 a 1842, Comte dá publicidade à sua primeira grande obra: Cours de Philosophie Positive, em seis volumes. “O positivismo é, pois, uma filosofia determinista que professa, de um lado, o experimentalismo sistemático, e de outro considera anticientífico todo estudo das causas finais” (RIBEIRO Jr., p. 15, 1991). Características fundamentais do método positivo no estudo racional dos fenômenos sociais Para Comte, a ordem foi traduzida por positivo. Ele deu uma nova conotação à ordem, com o pensamento positivo. Segundo ele, a ciência estaria empenhada na transformação social, por meio do engajamento do indivíduo. Estado positivo ou método Estado como condição. O sujeito pesquisador diante do objeto investigado. Isto pode ocorrer de duas formas: 1) pela subordinação da imaginação e da argumentação à observação. Cada indivíduo corresponde a um fato; 919 2) não importam quais são as causas, mas o fato que você deve observar. Estabelecer as leis deste fato e a constância no ocorrido. A classificação das ciências, numa perspectiva metodológica, é ter a capacidade de elaborar um método para unificar diversos campos. O conhecimento consiste em distinguir conhecimento e prática. Matemática, astrologia, sociologia, química, biologia, entre outros. A teoria sociológica só é teoria sociológica a partir dos conhecimentos gerados na matemática, astrologia, por exemplo. O pensamento de Comte é todo interligado. Asserção do positivismo - a sociedade humana é regulada por leis naturais, não varia, e elas não dependem da vontade humana; - os métodos e procedimentos para conhecer a sociedade devem ser os mesmos para conhecer a natureza; - da mesma forma que a ciência da natureza é objetiva, são livres de juízos de valor, as ciências humanas devem ser também. Comte ainda elaborou a Lei dos Três Estados ou Estágios, a qual não aceita transformação abrupta da realidade, prima pela evolução. Positivismo não é o caminho da dialética, da ruptura; a história por meio de ciclos é uma linearidade vertical. Pelo fato do positivismo trabalhar com a análise, sua abordagem é a analítica. A classificação das ciências marca a fragmentação do conhecimento, como também o trabalho passa a ser visto de forma fragmentada. O próprio ser humano passa a ser fragmentado no positivismo. A fragmentação da sociedade é natural do ponto de vista do positivismo. Uma vez que o positivismo não interfere, e nem quer fazê-lo, a presença do sujeito é manipulada. O objeto é que fala, apresenta-se. Não pode haver uma ingerência (emoções, paixões, ideologias) no objeto. O objeto se comunica com o pesquisador. É a neutralidade da ciência. Ela não aceita interferências. As nossas ideias não passam ao objeto. Uma pesquisa positivista não se preocupa com as causas, os porquês. Preocupa-se com o como. Não está preocupada com a origem da lei e sim com de que modo ela funciona. Na educação, a preocupação sob esta ótica é como ensinar, não o que ensinar. 920 A assertiva de Auguste Comte é sobre a harmonia social. A sociedade tem que ser harmônica. Comte trabalha com a ideia de que a sociedade é dividida em classes. Uma dirige e outra é dirigida. O positivismo é uma concepção de mundo genuinamente conservadora. A fenomenologia Pela natureza dos dados nas pesquisas em Administração, como citado anteriormente, comportamento, desempenho, satisfação, estratégia, a metodologia fenomenológica tem sido utilizada com menos frequência do que a positivista, mas sem que em suas pesquisas os pesquisadores façam referência a esta metodologia. Além disso, a produção brasileira na área de Administração seria de inclinação predominantemente acadêmica, indicando pouca preocupação com a aplicabilidade e falta de atenção ao universo gerencialista, e pelo problema enfrentado por administradores diante das organizações (BERTERO; KEINERT, 1994). A produção nacional seria um fenômeno da academia, nela gerada e por ela própria consumida, fato este observado atualmente nas pesquisas produzidas na área da administração. Portanto, com este distanciamento de pesquisas com foco mais prático em administração, parece existir um paradoxo: 1) se as pesquisas nesta área são mais acadêmicas em função do distanciamento com a aplicabilidade e da praticidade, teríamos, portanto, uma situação mais favorável à utilização da metodologia fenomenológica; 2) por outro lado, parece que não é isto que tem acontecido. Mesmo em pesquisas de cunho mais acadêmico na área de Administração, como citaram os autores indicados, em virtude da distância dos pesquisadores com trabalhos mais aplicados, estaríamos mais inclinados ao uso de uma metodologia positivista. Nesse sentido, como cita Chikudat (2000) fenomenologia raramente é feita referência explícita a uma moldura conceitual ou a uma variante específica da metodologia fenomenológica. Breve histórico da fenomenologia 921 Edmundo Husserl (1859 - 1938) ficou conhecido como o pai da fenomenologia. Filosofia primeira na maneira de pensar desta forma, para recuperar o artificialismo da objetividade científica, colocar o realismo da vida, a filosofia da vida. Husserl não tem a origem da fenomenologia. Por meio de vários livros com pensamentos de outros autores, construiu seu pensamento filosófico, chamado fenomenologia. A fenomenologia trabalha com rigor metodológico. Para Husserl (1970), o método só é científico porque estabelece certas verdades e verdades provisórias. Só é ciência aquilo que pode ser falseado, colocado em dúvida. Para estudar as coisas na sua essência é preciso percorrer alguns passos, segundo Husserl (1970): 1) É necessário trabalhar com uma redução fenomenológica ou redução eidética: trata-se aquilo que os sentidos percebem, e o que é percebido é transmitido para a consciência. É objetivado e operacionalizado na consciência. Para que isso ocorra é necessário colocar dentro de um processo de redução, desta forma, irá se encontrar a essência da coisa, que está na sua consciência. O foco da fenomenologia é o sujeito, ao contrário do positivismo, que é o objeto. 2) Suspensão fenomenológica: colocar entre parêntesis todo o conhecimento que você tem sobre a coisa. Você deve descontextualizá-la. Segundo Husserl (1970), a fenomenologia parte de uma dúvida. Será necessário usar uma metodologia para dirimir a dúvida, a fenomenologia. Os tópicos apropriados ao método fenomenológico incluem a experiência de vida de seres humanos, como alegria ou medo, estar presente, estar envolvido, ser um gerente ou um líder, algum tipo de experiência para pessoas num dado ambiente, como, por exemplo, pessoas numa instituição. “Fenomenologia é a doutrina que afirma que o intelecto intui, imediata e absolutamente, uma certeza sobre a essência das coisas” (RIBEIRO Jr., 1991, p. Para Russerl, trata-se da “doutrina universal das essências, em que se integra a ciência da essência do conhecimento” (HUSSERL, 2000, p. 22). No método fenomenológico, as principais estratégias de coletas de dados são: a) entrevistas: os participantes descrevem verbalmente suas experiências de um fenômeno; 922 b) descrição escrita de experiências pelo próprio participante; c) relatos autobiográficos, em forma escrita ou oral; d) observação participante: o pesquisador parte das observações do comportamento verbal e não verbal dos participantes, de seu meio ambiente, das anotações que ele mesmo fez quando no campo, de áudio e vídeo disponíveis, etc. De acordo com Carvalho e Vergara (2002, p. 81), “pressupostos e julgamentos são abandonados, permitindo que o conhecimento possa nascer da experiência do pesquisador com a essência de seu objeto de pesquisa”. A fenomenologia é a descrição daquilo que aparece ou ciência que tem como objetivo ou projeto essa descrição (ABBAGNANO, 2007). A palavra fenomenologia deriva de duas palavras de raiz gregas: phainomenon (aquilo que se mostra a partir de si mesmo) e logos (ciência ou estudo). Para Husserl (1970), é próprio do método o abandono, pelo pesquisador, de ideias preconcebidas. O que aparece na consciência é o fenômeno, que significa trazer à luz, colocar sob iluminação, mostrar-se a si mesmo em si mesmo, a totalidade do que se mostra diante de nós (MOUTAKAS, 1994). A máxima da fenomenologia é a volta às próprias coisas. Aquilo que aparece provê o ímpeto para a experiência e para a geração de novo conhecimento. A essência da fenomenologia seria uma ciência que partiria do zero, sem pressuposições. Algumas características da fenomenologia (COLLIS; HUSSEY, 2005): - tende a produzir dados qualitativos; - usa amostras pequenas; - interessa-se pela geração de teorias; - os dados são plenos de significados e subjetivos; - a confiabilidade é baixa; - generaliza de um cenário para outro. Redução fenomenológica e eidética Também conhecida por epoqué – suspensão do julgamento. Na redução fenomenológica suspendemos nossas crenças na tradição e nas ciências, com tudo que possa ter de importante ou desafiador: são colocados entre parênteses, junto com opiniões, crenças 923 acerca da existência externa dos objetos da consciência. Não negamos a realidade do mundo, nem a afirmamos. Redução eidética Para se atingir a essência é necessário depurar o fenômeno de tudo que seja essencial. Streubert e Carpenter (1995) argumentam que o pesquisador pode propor três questões, cujas respostas positivas podem auxiliá-lo a decidir se o método fenomenológico é ou não mais apropriado em determinada pesquisa: a) existe uma necessidade de maior clareza no fenômeno estudado? Talvez exista pouca coisa publicada, ou o que exista precise ser descrito em maior profundidade; b) será que a experiência vivida e compartilhada é a melhor fonte de dados para o fenômeno de interesse? Desde que o método básico de coleta é a voz da pessoa que vive um dado fenômeno, o pesquisador deve determinar se esta abordagem lhe dará os dados mais ricos e descritivos; c) o pesquisador deve considerar os recursos disponíveis, o tempo para o término da pesquisa, para quem a pesquisa será apresentada, o estilo pessoal do pesquisador e sua habilidade para se engajar em um método de forma rigorosa. Método fenomenológico de Colaizzi): Este método supõe que as descrições das experiências vividas dos participantes já foram coletadas e transpostas na forma escrita (Moreira, 2004. Sete passos após as descrições das experiências: 1) leia todas as descrições dos participantes, os chamadas protocolos, para adquirir uma visão geral; 2) retorne a cada protocolo e extraia deles frases ou sentenças que digam respeito diretamente ao fenômeno investigado; 3) tente colocar em palavras o sentido de cada assertiva significativa. Esta etapa é conhecida como formulação dos sentidos; 924 4) repita o procedimento 3 para cada protocolo, e organize os sentidos formulados em conjuntos de temas. Em seguida teste estes conjuntos de temas contra os protocolos originais para validá-los; 5) todos os resultados obtidos são integrados em uma descrição exaustiva do tópico investigado; 6) um esforço é feito para formular a descrição exaustiva do fenômeno investigado em uma declaração de sua estrutura, de forma mais inequívoca possível; 7) retorna-se a cada participante e, em uma entrevista simples ou numa série de entrevistas, pergunta-se sobre a adequação dos resultados obtidos. Collis e Hussey (2005) apresentam suposições do positivismo e da fenomenologia utilizados em pesquisa (Quadro 1): SUPOSIÇÃO PERGUNTA POSITIVISMO FENOMENOLOGIA Ontológica Qual é a natureza da realidade? É objetiva e singular, separada do pesquisador É subjetiva e múltipla conforme é vista por participantes de um estudo Epistemológica Qual é a relação do pesquisador com o que está sendo pesquisado? O pesquisador é independente do que está sendo pesquisado O pesquisador interage com o que está sendo pesquisado Retórica Qual é a linguagem da pesquisa? Formal; voz impessoal, uso de palavras quantitativas Informal; voz pessoal, uso de palavras qualitativas Metodológica Qual é o processo da pesquisa? Processo dedutivo, causa e efeito, livre de contexto, preciso e confiável por meio de validade e confiabilidade Processo indutivo, projeto em formação categorias identificadas durante o processo de pesquisa, ligado ao contexto Quadro 1 - Suposições do positivismo e da fenomenologia utilizados em pesquisa Procedimentos metodológicos Foi utilizada a pesquisa bibliográfica para a elaboração do quadro conceitual e a análise de diversos artigos científicos publicados nos anais do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Enanpad), entre os anos de 2008 e 925 2010, em que se procurou identificar, a partir de pesquisas quantitativas e qualitativas, a utilização das denominações de abordagens positivistas e fenomenológicas. Considerações finais Uma pesquisa que utiliza a abordagem fenomenológica tem objetivo explorar e desvendar conhecimentos por meio da experiência vivida do sujeito. A importância da pesquisa está na descoberta do conhecimento e não do modo como será feita a verificação de determinada situação, como acontece em pesquisas quantitativas. Mesmo com a presença de fortes características que ensejam a utilização de abordagens fenomenológicas, é comum que pesquisadores em Administração não denominem suas pesquisas tal como elas são, do ponto de vista da abordagem metodológica. Desta forma, a fenomenologia aplicada na pesquisa em Administração ficará restrita, de forma mais explícita, à utilização de poucos pesquisadores, conhecedores desta metodologia. Por não empregarem uma lógica formal, os pesquisadores da área de Administração, por serem descrentes da sua utilização, desenvolvem suas pesquisas com abordagem positivista, tendo como linha guia a racionalidade. Um ponto importante a destacar é que as abordagens positivistas e fenomenológicas raramente foram citadas, embora o uso de termos como quantitativo e qualitativo ou pesquisas quantitativas e qualitativas, principalmente o quantitativo, tenha sido observado com maior incidência nos artigos analisados. Por último, a formação de professores em Administração pode ser traduzida, de certa forma, por uma formação mais prática, numa perspectiva positivista, o que tem influenciado significativamente o desenvolvimento de pesquisas na área. REFERÊNCIAS ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007. BERTERO, Carlos Osmar; CALDAS, Miguel P.; WOOD JR. Thomaz. Produção científica em administração de empresas: provocações, insinuações e contribuições para um debate local. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. Foz do Iguaçu, 1998. 926 BERTERO, C. O.; KEINERT, T. M. A evolução da análise organizacional no Brasil. 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