Universidade Federal de São Carlos
Departamento de Psicologia
A participação em empreendimentos de Economia Solidária e
reinserção social: a situação de egressos do sistema prisional
Yumi Higashi Neder
Monografia apresentada à Coordenação do
Curso de Psicologia da Universidade Federal
de São Carlos como parte dos requisitos
exigidos para a obtenção do título de
Bacharel em Psicologia, sob orientação da
Profa. Dra. Ana Lúcia Cortegoso e coorientação de Ricardo Padovani.
São Carlos, Abril de 2009
RESUMO
A violência e a criminalidade têm tomado proporções alarmantes nos grandes
centros urbanos do Brasil. Uma das discussões atuais refere-se ao alto índice de
reincidência à prisão, dado este que demonstra a ineficácia do encarceramento
quanto ao seu principal propósito legal, a ressocialização. O egresso do sistema
prisional encontra inúmeras dificuldades ao sair do cárcere, mas a maior delas é a
falta de oportunidade de trabalho por sua condição de ex-preso. Esta pesquisa tem
como objetivo investigar quais os impactos causados na vida dos egressos por sua
participação em um empreendimento solidário. Foram entrevistados seis cooperados
de duas cooperativas de cidade distintas de médio porte no interior do estado de
São Paulo. O roteiro de entrevista abordou as condições sócio-econômicas dos
participantes, dados familiares, o histórico de conflito com a lei, as experiências de
trabalho anteriores, posteriores e durante o período de encarceramento, o grau de
instrução e qualificação e a percepção sobre as formas de trabalho. Os dados
obtidos por meio das entrevistas permitiram tanto examinar cada um dos casos em
suas peculiaridades, quanto efetuar comparações dos dados dos entrevistados em
relação a dimensões investigadas, de modo a identificar semelhanças e diferenças,
bem como variáveis relevantes para compreender o impacto da Economia Solidária
no processo de reinserção social de egressos do sistema prisional. Os resultados
mostram que todos os participantes estavam desempregados ou trabalhando
informalmente em condições precarizadas antes de serem presos. Três participantes
foram presos duas vezes e o crime pelo qual a maioria foi acusada foi o tráfico. A
inserção destes indivíduos na Economia Solidária se deu devido à falta de
oportunidade de emprego registrado pela condição de egresso, e por isso a
cooperativa se tornou uma alternativa de geração de renda necessária para o
sustento de suas famílias. Todos relataram que, após a entrada na cooperativa, não
apresentaram condutas criminosas, sendo que metade deles prefere o trabalho
associado ao emprego tradicional. Enfim, a Economia Solidária permitiu a esses
egressos uma alternativa de geração de renda lícita, uma vez que o peso do estigma
de ser um egresso os impedem de conseguir um emprego, agravando ainda mais a
situação da criminalidade e da exclusão social.
Palavras-chave: Egressos, ressocialização e Economia Solidária.
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