Faculdade de Ciências da Saúde – FACS Curso: Enfermagem O papel do Enfermeiro (a) na Reforma Psiquiátrica Maria Rosângela Félix da Silva Maio/2007 II Maria Rosângela Félix da Silva O Papel do Enfermeiro (a) na Reforma Psiquiátrica Monografia apresentada como requisito para conclusão do curso de Enfermagem do UNICEUBCentro Universitário de Brasília Orientadora: Profa MSc: Josiane Maria de Oliveira Brasília, maio de 2007 III MARIA ROSANGELA FÉLIX DA SILVA O PAPEL DO ENFERMEIRO NA REFORMA PSIQUIÁTRICA Banca Examinadora ___________________________________________ Profª Drª Josiane Maria de Oliveira Orientadora _____________________________________________ Profª Drª Rosângela Jaramillo Examinadora _____________________________________________ Profª Drª Rita de Cássia Minetto Examinadora _____________________________________________ Profª Drª Maria de Fátima Cardoso Examinadora _____________________________________________ Profª Drª Nílvia Jaqueline R. Linhares Coordenadora IV “É a sociedade que multiplica as causas de inadaptação física, mental e social e que em seguida torna necessário o gasto de somas fantásticas para tratar, reinserir ou conservar vivos os inadaptados.” IIIich V Dedico este trabalho Aos meus filhos que estiveram sempre me apoiando, reforçando o valor do amor e amizade. VI Agradecimento A Deus, por ter me dado a oportunidade de vencer mais uma etapa da minha vida. Aos meus pais, João e Ivonete, pelo incentivo para realização de um sonho. A meu esposo Marcelo, pelo companheirismo e apoio. Aos meus compadres Pedro e Graça pelo apoio que me deram nestes quatro anos e meio, cuidando dos meus filhos. À professora e orientadora Josiane que me ajudou a superar os desafios. À Professora Teresa Cristina Segatto que me apontou o norte, me permitindo caminhar na direção correta. Ao Thór, meu cachorrinho, meu grande companheiro. A minha amiga Patrícia pela força nos momentos difíceis dessa jornada. E a todos que contribuíram direta ou indiretamente na elaboração deste trabalho. VII Sumário Dedicatória.............................................................................................................. V Agradecimentos...................................................................................................... VI Resumo................................................................................................................... VIII 1-Introdução............................................................................................................ 9 1.1 Justificativa............................................................................................ 11 2-Objetivos............................................................................................................. 12 2.1 Objetivo Geral........................................................................................ 12 2.2 Objetivo Específico................................................................................ 12 3-Metodologia........................................................................................................ 13 4-Desenvolvimento................................................................................................. 14 4.1 História da Psiquiatria............................................................................ 14 4.1.1 Idade Antiga.............................................................................. 14 4.1.2 Idade Média............................................................................... 15 4.1.3 Idade Moderna........................................................................... 16 4.1.4 Idade Contemporânea................................................................ 18 4.2 Reforma Psiquiátrica.............................................................................. 21 4.3 Locais onde o doente é assistido............................................................. 23 4.4 Papel do Enfermeiro............................................................................... 25 5-Considerações Finais........................................................................................... 28 6-Referências Bibliográficas.................................................................................. 29 VIII RESUMO A loucura até o Século da Razão encontrava-se associada a uma ordem sagrada. No XVII são criadas as primeiras instituições asilares. Com a Revolução Francesa, aparece Philippe Pinel e seu tratamento sem correntes. O governo provisório da república mandou buscar enfermeiras francesas do Hospital de La Salpetrié que não haviam aderido ao sistema Nightingale. A trajetória da Reforma psiquiátrica começa com o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) na década de 70, propondo alternativas de tratamento nos hospitais psiquiátricos. Surgindo com o passar dos tempos o Centro de Atenção Psicossocial que vão à busca pela inclusão do paciente e acolhimento dos familiares. O objetivo deste estudo é identificar o papel do enfermeiro na reforma psiquiátrica. Trata-se de um estudo bibliográfico com fontes publicadas dispostas em livros, periódicos, dissertações e artigos em meios eletrônicos. Foi realizado levantamento bibliográfico para melhor compreender os primórdios dos tratamentos dispensados aos doentes mentais a sua evolução até os dias atuais destacando a importância da enfermagem dentro deste contexto e a relação da enfermagem com a família do portador de transtorno mental. O resultado deste estudo mostrou que como em qualquer outra unidade é necessário que a enfermagem represente seu papel na melhoria da qualidade da assistência à saúde do individuo, é necessário fazer uma constante reciclagem do saber, sendo importante que ele conheça o que ocorre no âmbito institucional para estar respaldado na teoria e prática da sua profissão. Unitermos: reforma psiquiátrica, enfermagem em saúde mental e psiquiatria. 9 1. INTRODUÇAO Segundo Resende (1987) durante todo o período da antiguidade e da Idade Média “o louco gozou de certo grau de "extraterritorialidade" e a loucura era no essencial "experimentada em estado livre..., circulava... fazia parte do cenário e linguagem comuns...". A doença mental era uma questão largamente privada, o poder público só intervindo em assuntos de direito. As famílias ricas cuidavam dos seus loucos em casa com ajuda de assistentes, os pobres vagavam pelos mercados da cidade e eram assegurados pela caridade pública ou pelos trabalhos que conseguiam realizar para a comunidade. O final do século XIX é um marco para a história do Brasil, seja pela Proclamação da República, em 1889, seja pelo surgimento de uma série de propostas de atuação sobre as áreas urbanas com fins sanitários. Além disso, o Brasil colônia apresentava demasiada carência no que diz respeito à atenção à saúde da população, não havendo qualquer modelo de prestação de serviços. Assim, o cuidado com a saúde era restrito à utilização de plantas medicinais, e ao conhecimento de curandeiros, situação que só começou a ser alterada com a chegada da família real e, mais adiante, com a "Independência do Brasil" que impôs a "montagem de um aparelho responsável pelo controle e funcionamento do novo Estado". LUZ, (1982), apud AMARAL (2006), p.83. Para Ribeiro, (1993) a desospitalização é o tratamento domiciliar possível que reflete a necessidade de retomada de consciência por parte da sociedade, do Estado, da família e do indivíduo, desospitalizar, não significa acabar com o hospital, mas transformá-lo numa instituição menos arbitrária, mais próxima das necessidades humanas e sociais. No Brasil, a Reforma Psiquiátrica iniciou-se com o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) em 1970 que propunha uma transformação da assistência psiquiátrica e o rompimento do modelo oficial vigente que priorizava a internação e que por visar o lucro, era de caráter privatizante e "hospitalocêntrico". O MTSM questionava os pressupostos consagrados pela psiquiatria que eram - a idéia de desrazão, de defeito, de periculosidade, de doença. Sugeriam, ao contrário, a idéia de sofrimento, dando início à luta pelos direitos humanos - dignidade, cidadania - do doente mental (AMARANTE, 2000). Para Rocha (2005) "A Reforma Psiquiátrica Brasileira é um processo histórico de reformulação do modelo psiquiátrico em suas práticas e saberes. Constitui-se num movimento por nova ética no cuidado de pessoas portadoras de transtornos mentais e nesse processo histórico esta os profissionais, os usuários dos serviços, a família, enfim todas as pessoas que buscam uma qualidade de atendimento mais digno para essas pessoas. O primeiro CAPS 10 Professor Luís Cerqueira foi criado em 1987 em São Paulo, servindo de modelo para outros CAPS. Em 1989 marcando a historia da Reforma Psiquiátrica Brasileira a prefeitura de Santos (SP), nessa época o secretario era David Capistrano da Costa Filho desmonta literalmente o modelo manicomial: realiza uma intervenção na Clinica Anchieta por motivos de violência e morte de pacientes internados. É importante que a enfermagem esteja atenta ao prestar cuidados a esses usuários, ajudando o cliente se necessário, nos cuidados pessoais, estimulando a alimentação, quando alguns pacientes chegam ao CAPS, muitos apresentam desnutrição, desidratação além de outros problemas de saúde, é necessário que observe as infecções cutâneas, devido às drogas endovenosas que podem ocasionar lesões locais ou sistêmicas (ibid, 2005). Desde a década de 1980 vários estados brasileiros vem remodelando as diretrizes que norteiam a atenção à saúde mental, com vistas à adequação aos princípios da reforma psiquiátrica, que visam à redução dos leitos em hospitais psiquiátricos, a criação de uma rede extra-hospitalar e de serviços alternativos ao modelo hospitalocêntrico e as orientações de âmbito federal também vêm sendo constituídas no sentido da desinstitucionalização, desde meados da década de 1990 foram aprovadas portarias, decretos e ações com o intuito de romper com o modelo tradicional de assistência psiquiátrica, culminando com a aprovação da Lei n° 10.216 em 2001 (ibid, 2006, p.17) que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Entre as principais questões abordadas na lei estão: garantia de acesso ao melhor tratamento disponível; garantia de tratamento humanizado, respeitoso, livre de abusos e realizado por meios menos invasivos; foco na recuperação, reinserção na família, na comunidade e inserção na esfera do trabalho; garantia de privacidade e sigilo sobre os casos; garantia de atendimento interdisciplinar; garantia de acesso aos meios de comunicação, garantia de acesso à informação sobre a doença e o tratamento, garantia de que o tratamento seja feito preferencialmente em serviços comunitários. Por fim a lei recomenda que a internação só seja indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes (MACHADO, 2006). 11 1.1 JUSTIFICATIVA Este trabalho aborda o papel do Enfermeiro na Reforma Psiquiátrica Brasileira em virtude de ter durante o estágio acadêmico observado, sem querer fazer julgamentos, que nas reuniões da equipe multidisciplinar realizada uma vez por semana, faltava à presença do profissional de enfermagem. 12 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral: • Historiar o papel do enfermeiro na Reforma Psiquiátrica Brasileira. 2.2 Objetivo Específico: • Realizar breve história da psiquiatria • Salientar o papel do enfermeiro na equipe multidisciplinar. 13 3. METODOLOGIA Este trabalho se baseará apenas na pesquisa bibliográfica que, segundo VERGARA (2003), é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, sites. Deste modo as fontes serão: artigos, periódicos, livros, dissertação independente do ano de publicação. Para pesquisa através da internet, serão usados os descritores: reforma psiquiátrica, psiquiátrica, enfermagem em saúde mental. Será tratada a questão da Reforma Psiquiátrica do Brasil e a importância da atuação do enfermeiro no contexto. 14 4. DESENVOLVIMENTO 4.1 História da Psiquiatria 4.1.1 Idade Antiga STONE, (1999). Asclepíades achava que as medidas terapêuticas do paciente com transtorno se baseavam em banhos confortadores e ouvir música tranqüila, para ele todas as medidas de conter os pacientes eram inúteis ou prejudiciais. Segundo FILHO (2000, p.2) Asclepíades, rejeitou a doutrina dos fluidos vitais e descreveu a frenite como uma febre acompanhada de excitação mental, e a mania como uma excitação mental sem febre [...]. Além de outros estudiosos da época como, por exemplo, Areteu que classificou as doenças mentais a partir do prognóstico, Galeno considerava os transtornos mentais um distúrbio cerebral [...]. Esse período é considerado período Hipocrático, para ele o que importava era: diagnóstico, prognostico e a terapêutica, como um processo a ser desenvolvido a partir da observação cuidadosa do doente. A doutrina Hipocrática sobreviveu por muitos séculos, os sacerdotes executavam todas as ações de tratamento e recuperação dos enfermos, exercendo as funções de médico, farmacêutico e enfermeiro. Os sacerdotes exerciam um papel mediador entre os homens e os deuses, a luta de milagres contra demônios que eram causadores da doença do corpo e também do espírito, os doentes eram colocados nos santuários, deitados sobre a pele de animais onde realizam cerimônias e rituais que induzidos ao sono produziamse a cura. ((GEOVANINI et al 2002). Townsend cita que (2002) devido à crença de forças indesejadas que consistia muitas vezes em espancamentos, inanição, os povos daquela época faziam uma correlação da doença mental com a demonologia ou a feitiçaria fazendo com que alguns doentes mentais fossem queimados na fogueira. Houve uma evolução nos conhecimentos a respeito das doenças mentais, nas atitudes culturais, religiosas e sócio- política. Na Idade Antiga a desrazão é entendida como tudo aquilo que uma sociedade enxerga como sendo seu "outro": a estranheza, a ameaça, a alteridade radical. Essa dimensão pode ser identificada em diversas épocas e pode ser percebida como essencial nas mais variadas formações histórico-sociais. Apesar de a exclusão ter sempre existido, nem sempre coube ao louco a tarefa de representar a desrazão (SILVEIRA & BRAGA, 2005). "Ainda no contexto da medicina antiga, entre os egípcios as práticas médicas também estavam associadas à religião e à magia, no entanto, diferiam em alguns aspectos dos babilônicos, como no que se refere aos registros em seus papiros. Consta que em um de seus 15 papiros localiza-se a primeira descrição do cérebro humano, sendo, ainda, reconhecido como assento das funções mentais "(SELENISCK 1980 apud AMARAL 2006 p.56). 4.1.2 Idade Média O início da Idade Média é marcado pela presença do Cristianismo, que vai influenciar a sociedade de modo geral, suas práticas, seus modos e suas diferentes formas de pensamento, inclusive, sobre as doenças... Não tão diferente do que ocorria entre os babilônicos e os egípcios onde deuses eram responsáveis pela cura de doenças, também os Santos da Igreja Católica passam a ser encarregados pela prevenção e cura das doenças (AMARAL, 2006, p.57). Durante a Idade Média, a associação da doença mental com a feitiçaria e o sobrenatural continuavam a predominar. Neste período muitos doentes mentais graves eram postos ao mar em barcos à vela com pouca orientação, para ir buscar sua racionalidade perdida. Esta operação foi considerada como a origem da expressão "nau dos insensatos" (TOWNSEND, 2002). A retomada da ciência não foi um fator de crescimento para a enfermagem que enclausurada nos hospitais religiosos, ficou empírica e desarticulada por muito tempo. O hospital passa a ser um depósito de doentes, homens, mulheres e crianças se amontoam nas mesmas dependências e em leitos coletivos. Nesse ambiente de miséria e degradação humana, as pseudo-enfermeiras desenvolviam tarefas domésticas, recebendo um salário e uma precária alimentação por um período de 12 a 48 horas de trabalho ininterruptos. Pela queda dos padrões morais, este trabalho tornou-se indigno para as mulheres de classe social elevada (ibid, 2002). Havendo neste período o predomínio da religião, a assistência médico- religiosa era exercida por sacerdotes, beatos e homens santos. Se os comportamentos das pessoas fugiam do padrão, eram consideradas possuídas pelo demônio; sendo assim utilizadas práticas de exorcismo para expulsá-lo. Se convencidos de que o indivíduo fizera um pacto com o diabo, era o mesmo queimado na fogueira (ROCHA, 2005). O marco inicial do estudo da loucura em Foucault (1993) é o desaparecimento da lepra no Ocidente e o conseqüente esvaziamento das instituições onde os portadores desta doença eram segregados. "Diante do controle e da diminuição desta doença no final do período medieval, gradativamente aquelas instituições- então denominadas leprosários- passam a reunir outros tipos de pessoas que, assim como os leprosos, compartilhavam o estigma daqueles que não deveriam conviver com a sociedade: os portadores de doenças venéreas e os loucos (AMARAL, 2006, p.56). As doenças mentais permaneceram por quase todo o período ligado ao imaginário supersticioso que justificavam pela posse demoníaca e pela feitiçaria. Alguns estudiosos e 16 médicos da época se posicionavam contrariamente à caça das feiticeiras e às crenças de que as doenças mentais seriam de caráter sobrenatural (AMARAL, 2006). 4.1.3 Idade Moderna Para Resende, (1987) as medidas de repressão se completaram pela criação de instituições, as casas de correção e de trabalho e os chamados hospitais gerais não tinham qualquer função curativa. Destinavam-se a limpar as cidades dos mendigos e anti-sociais em geral, a prover trabalho para os desocupados, punir a ociosidade e reeducar para a moralidade mediante instrução religiosa e moral. Segundo Nunes (2000, p.24), "o séc. XVII representa o período de transição, da dependência irracional das antigas crenças à especificação e aplicação de critérios metodológicos científicos. A psiquiatria começou a entrar nos círculos culturais e científicos da época; a visão médica volta-se para o doente mental." É na reorganização da instituição hospitalar e no posicionamento do médico responsável por essa reordenação, que iremos encontrar o processo de disciplinarização e seus reflexos na Enfermagem, ressurgindo da fase sombria em que esteve. Logo que ocorra a institucionalização da enfermagem as ações burocráticas farão parte do cotidiano do enfermeiro que irá fazer com que este se afaste da assistência direta ao doente (GEOVANINI et al, 2002). Rocha (2005) relata que na Europa criaram casas de internação para confinar as pessoas que eram consideradas pela sociedade incapazes: loucos, mendigos, doentes pobres, moribundos, essas instituições abrigavam "visando apenas à segregação;" assim, o médico não era uma figura necessária. Segundo Foulcaut, prender os loucos é essencialmente imunizar a sociedade contra o perigo que eles representam (FOULCAUT Apud MACHADO, 1997, p. 07). Para sociedade era necessário que os loucos mantivessem afastados, por isso eram removidos das ruas e levados para manicômios onde permaneciam confinados e excluídos por muito tempo. Para (FOUCALT, 2005) foram criadas várias casas, de internamento nas salas do Hospital Geral fazendo-se prisões arbitrárias de pobres, de desempregados, aos correcionários e aos insanos. [...] A psiquiatria julga-se capaz de identificar casos de psicoses afetivas, histerias e esquizofrenias, nos relatos de loucuras da Grécia Antiga, e assim por diante. Tais doenças foram exatamente à mesma coisa que são atualmente; apenas o estado da arte psiquiátrica não era possível para detectá-las e defini-las corretamente. A partir 17 da fundação de uma medicina mental, a loucura torna-se, senão exclusiva, mas, certo que, dominantemente, verdade médica (AMARANTE, 2005, p.35). Apesar de se perceber que desde a Idade Media já existiam mecanismos de exclusão do louco, ainda não é nesta época que a loucura será percebida como um fenômeno que requeira um saber específico, pois os primeiros estabelecimentos criados para circunscrever a loucura destinavam-se simplesmente a retirar do convívio social as pessoas que não se adaptavam a ele (SILVEIRA & BRAGA, 2005, p.591). 4.1.4 Idade Contemporânea O surgimento da enfermagem psiquiátrica se deu em 1873, quando Linda Richards veio a ser conhecida como a primeira enfermeira psiquiátrica norte americana , ela fazia um treinamento em como proporcionar cuidados custodiais para clientes em asilos psiquiátricos, não ocorreram mudanças significativas nesse período, não incluindo neste treinamento conceitos psicológicos (TOWNSEND, 2000). A formação profissional, estabelecida nessa Escola de Enfermagem Alfredo Pinto estava em conformidade com os moldes das Escolas de Salpetriére na França com duração de 2 anos o currículo abordava aspectos da assistência hospitalar predominantemente curativa (GEOVANINI, 2000) Com a reorganização hospitalar a enfermagem ressurgiu não mais como um serviço doméstico. "A disciplinarização hospitalar, segundo Foucault, é garantia nessa fase pelo controle sobre desenvolvimento das ações, pela distribuição espacial dos indivíduos no interior do hospital e pela vigilância perpétua e constante destes. Logo que ocorra a institucionalização da Enfermagem, as ações burocráticas que favorecem esse estado de coisas farão parte da prática administrativa do enfermeiro, o que o afastarão progressivamente da assistência direta ao doente. A enfermagem passa a atuar, quando Florence Nightingale é convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra , para trabalhar junto aos soldados feridos em combate, que por falta de cuidados morriam em grande número chamando a atenção das autoridades" (ibid, 2002). Havia instituições, como Bedlam e St. Luke, na Inglaterra que não tinham só a função de exclusão, desempenhavam também o "papel de remédio" [...]. Considera-se que essa iniciativa, de caráter mais social do que médico, influenciou a psiquiatria inglesa, que durante algum tempo desenvolveu-se prioritariamente com finalidades sociais, nos asilos e não com finalidades cientificas, nas universidades, como na Alemanha (ROCHA, 2005, p.9). 18 O século XVIII marca a dominância de critérios racionais e científicos na psiquiatria. Na França, Philippe Pinel conseguiu uma verdadeira revolução na teoria e prática de tratamento dos enfermos mentais, retirando-os da condição de acorrentados nas prisões em que viviam, simultaneamente, Vincenzo Chiarugi na Itália, também lutava pelos mesmos principio de um tratamento mais humano (NUNES, 2000, p.2). "É o século das luzes, onde a razão ocupa lugar de destaque, é através dela poderá conquistar a liberdade e felicidade. O pensamento científico é valorizado, surgindo neste contexto o hospital, entretanto, deve-se ter cuidado ao imprimir a esse acontecimento uma visão humanitária, ele surge para apagar os efeitos negativos do hospital" (SILVEIRA & BRAGA, 2005). [...] Em Bicêtre, Pinel comandou o pavilhão administrado por Pussin, considerado na época o primeiro enfermeiro psiquiátrico devido a sua experiência como doente internado, utiliza seus escritos sobre a organização da vida dos internos os cuidados que recomendava para sua recuperação estimulando-os para o trabalho, distração, confiança e a liberdade, acreditava que assim o sofrimento diminuiria, que para ele era a causa das enfermidades, caracterizando de forma clara o importante papel do enfermeiro na luta por novas mudanças no cuidado ao doente mental (ROCHA, 2005). A Lei francesa de 1838 reconhece o direito à assistência para a categoria de doentes mentais criando um espaço especialmente para eles (o asilo) dando origem ao primeiro corpo de médicos como funcionários civis e que constitui um saber sendo considerada como a primeira grande medida social relacionada ao cuidado do doente mental (ibid,2005). No Brasil a partir de 1830, um grupo de médicos, higienistas na sua maioria, começa a pedir entre outras medidas de higiene, que se construa um hospício para os alienados [...] Embora nenhum deles tivesse uma formação psiquiátrica são considerados os verdadeiros fundadores da Psiquiatria no Brasil os médicos de nomes mais expressivos José Martins da Cruz Jobim, Joaquim Candido Soares de Meirelles, Luiz Vicente de Simoni, Jean- Maurice Faivre e Francisco Xavier Sigaud (Geovanini, 2002, p.79). Em 1830, segundo essa mesma autora, um grupo de médicos, criadores da Sociedade de Medicina do Rio de janeiro, protestou contra o tratamento desumano ao qual eram submetidos os “loucos” e pediram a construção de um hospício. Até então, essas pessoas viviam nas ruas, ou aprisionadas em porões das Santas Casas (MARZANO & SOUSA, 2003). Em virtude das várias mudanças sociais e econômicas ocorridas e para que se pudesse ordenar o crescimento das cidades e das populações, fez-se necessário a criação de um espaço que recolhesse das ruas aquele que ameaçavam a paz e a ordem (SILVEIRA &BRAGA, 2005, 591). 19 ...."A função do asilo se constituiu numa maneira de controlar, excluir e segregar o doente mental do convívio social.neste cenário, o trabalho de controle sobre o doente era exercido pela enfermagem psiquiátrica, cujas ações eram direcionadas à higiene, à alimentação, e à administração de medicamentos"(OLIVEIRA et al, 2006 n.9,p.822). [...] A enfermagem francesa não havia aderido ao sistema Nightingale...exigindo certo nível de escolaridade dos alunos e recomendava que as escolas de enfermagem fossem dirigidas por enfermeiras, que decidiriam sobre o saber a ser transmitido às alunas; no entanto, a França era o maior expoente da psiquiatria na época, e o Brasil seguia as orientações francesas (Rocha, 2005, p.15). Em 1903, é promulgada primeira lei de Assistência aos Alienados Juliano Moreira é designado diretor do Hospital Nacional de Alienados [...]. Previa que se os pacientes novos fossem tratados por enfermeiros preparados- na proporção de um enfermeiro para sete ou oito doentes- seria possível reduzir em até 50% o número daqueles que se tornariam crônicos (ROCHA, 2005). Em 1903, Juliano Moreira nomeado diretor do Hospício, sendo intitulado Hospital Nacional de Alienados, figura de destaque da época, ocupou-se da humanização do hospital, modernizando, abolindo as medidas de contenção, retiradas as grades e proposta a admissão voluntária dos "insanos" lutava por laboratórios e médicos consagrados para trabalhar no hospital. Para Juliano Moreira era fundamental selecionar enfermeiros que estivessem disposição para atividades naturais relacionadas com atividades de oficinas, sapatarias, marcenarias. Previa-se que os pacientes fossem tratados na proporção de sete ou oito doentes para um enfermeiro com isso reduziria pela metade o número de pacientes que tornariam crônicos (ibid, 2005). A secretaria de Políticas de Saúde, do Ministério da Saúde (MS), determinou medidas para garantir a implantação e o funcionamento de psicofármacos básicos pra a rede ambulatorial..... de acordo com o Relatório Final da 11aConferencia Nacional de Saúde, no que se refere a Saúde Mental, há um entendimento de que a reforma psiquiátrica tem mostrado na prática, a possibilidade de fazer psiquiatria sem violência, exclusão e negação (Marzano & Sousa, 2003,p.578). “No ano de 1923 foi criada a Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM), enfatizando um movimento chamado de higiene mental que se fundamentava em princípios eugênicos e xenofóbicos que, em nome da qualificação das raças e da prevenção das doenças mentais, defendia a proibição dos casamentos e da procriação de pessoas doentes com descendência africana e outros estrangeiros” (AMARANTE, 2003 Apud Machado, p. 86 2006). 20 4.2 Reforma Psiquiátrica. No Brasil, o inicio do movimento da reforma psiquiátrica contou com o envolvimento de diversas instituições, entidades, movimentos e militâncias para a formulação de políticas de saúde mental ( Marzano & Sousa, p. 578, 2003). A trajetória da reforma psiquiátrica [...] tem inicio na segunda metade dos anos 80 e se insere num contexto político de grande importância para a sociedade brasileira. É um período marcado por muitos eventos e acontecimentos importantes, onde se destacam a realização da VIII Conferencia Nacional de Saúde e da I Conferencia Nacional de Saúde Mental, o II Congresso Nacional de Trabalhadores de Saúde Mental, também conhecido como o ‘Congresso de Bauru’, a criação do primeiro Centro de Atenção Psicossial (São Paulo), e do primeiro Núcleo de Atenção Psicossocial (Santos), a Associação Loucos pela Vida (Juquiri), a apresentação do Projeto de Lei 3.657/89, de autoria do deputado Paulo Delgado, ou ‘Projeto Paulo Delgado’, como ficou conhecido, e a realização da II Conferência Nacional de Saúde Mental (AMARANTE 1998, 204p. Apud Marzano & Sousa, 2003, 578). Interessante mencionar que, a partir deste período, o Movimento que, inicialmente agregava trabalhadores em saúde mental e atuava como ator principal no cenário da reforma psiquiátrica, após a I Conferência Nacional de Saúde Mental, realizada em 1987, percebe a necessidade de atuar em novas frentes, construindo uma nova fora de enfrentamento das questões em saúde mental. Este é um marco para a incorporação das entidades e associações de usuários e familiares que ainda não tinha um papel de destaque na discussão das políticas em saúde mental (AMARAL, 1995 apud Amarante, 1996). Antes da Reforma Psiquiátrica no Brasil a assistência reduzia-se ao asilamento e a exclusão social. O estado só intervem na assistência à loucura a partir do momento em que a Família Real chega ao Brasil no inicia do século XIX (MARZANO & SOUSA, 2003). O estado só intervém na assistência à loucura no momento em que a Família Real chega ao Brasil. Nesse mesmo período D. Pedro II cria no Rio de Janeiro, o Hospício Pedro II é destinado para o tratamento de alienados, utilizando a Chácara do Vigário Geral de propriedade da Santa Casa de Misericórdia, para atender as exigências mínimas para assistência aos doentes mentais criam-se enfermarias improvisadas... (GEOVANINI, 2002 p. 80). “A reforma psiquiátrica no Brasil contou com a influência do processo legislativo sobre as políticas de saúde mental, sobretudo com a aprovação da Lei 10.216, de 6 de abril de 21 2001. A qual redireciona o modelo da assistência psiquiátrica, regulamenta cuidado especial com a clientela internada por longos anos e prevê a possibilidade de punição para a internação involuntária arbitrária e/ou desnecessária” ( LIMA & AMORIM, p. 534-535, 2003). A trajetória da reforma Psiquiátrica começa com o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), na década de 70 abrindo espaço nas denúncias de maus-tratos, denunciavam a política privatizante, defendia a humanização propondo alternativas de tratamento nos hospitais psiquiátricos (ROCHA, 2005, p.36). No Brasil, é durante a década de 1970 que se localizam os primeiros movimentos de reforma psiquiátrica, ao mesmo tempo em que outros movimentos emergem com vistas à luta pela democratização do país. Em se tratando de movimentos sociais, este período é marcado também pela atuação de outros movimentos como o feminista, o movimento pela anistia e movimentos populares e urbanos pelo direito ao acesso a serviços públicos, como já citamos, o movimento pela reforma sanitária (AMARAL, 2006, pg. 93). O Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental- MTSM, juntamente com outras entidades, instituições e movimentos envolvidos com formulação e reformulação de políticas de saúde mental, com o intuito de compor-se de forma não-institucional e caracterizar-se como “[...] um lócus de debate e encaminhamento de propostas de transformação da assistência psiquiátrica, que aglutina informações, organiza encontros, reúne trabalhadores em saúde, associações de classe, bem como entidades e setores mais amplos da sociedade” AMARANTE (1995) p. 52, apud Amaral (2006) p.93. “Conforme já referimos o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental foi influenciado pelos princípios da psiquiatria democrática de Franco Basaglia, que, no início da década de 1960, ao tomar posse como diretor do manicômio da cidade de Gorizia, na Itália, o transformou em um tipo de comunidade terapêutica e propôs a integração das pessoas acometidas por transtornos mentais na sociedade, na tentativa de desarticular o manicômio”(DESVIAT, 1999 apud Amaral p. 94, 2006). “É importante lembrar que Pinel foi fundamental na mudança do estatuto do louco e autor de uma obra original. Para ele, a alienção não aniquilava o individuo inteiramente, ou seja,sempre restava ao louco uma parte da razão, daí a idéia de que a loucura seria doença, passível de tratamento e cura. Essa idéia partiu de seus estudos sobre a “mania intermitente”, na qual o louco apresentava acessos periódicos de “mania”( antes descrita por Hipócrates ) e periódicos de remissão. Pinel era médico e tinha por objetivo criar uma ciência da doença mental. Estudos mais recentes sobre essa época mostram que o trabalho de Pinel foi, em 22 grande parte, inspirado em Jean-Baptiste Pussin- que ele conhecera em Bicêtre-, uma figura até pouco tempo silenciada (ROCHA, p. 10, 2005). Pussim permaneceu internado por muitos anos, e depois de recuperado resolveu ficar no hospital e trabalhar. Depois de algum tempo foi nomeado atendente do pavilhão que contava com uma população de 250 internos. Juntamente com sua esposa executava o atendimento médico muito observador deixou escrito sobre a vida dos internos e os cuidados para a recuperação, valorizava a bondade, humanidade, pois havia observado que maltratar os doentes mentais induzia a violência e a agressão. Em seus escritos demonstrava acreditar que o sofrimento era a causa das enfermidades, defendia a criação de estabelecimentos somente para alienados. Foi considerado por historiadores o primeiro enfermeiro psiquiátrico (Idem, 2005). A década de 1960 é um período muito relevante para a compreensão das novas configurações da assistência psiquiátrica no Brasil que se estenderam até os tempos recentes. Após o Golpe de 64 a assistência à saúde, de modo geral, foi inundada por uma onda de privatização, o que não foi diferente no que diz respeito à assistência psiquiátrica. Além disso, o número de internações nos manicômios aumentava excessivamente, passando de 24.234 pessoas internadas em 1950, para 46.173 pessoas em 1960 (AMARAL, 2006). O Movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira vai buscar inspiração no movimento Italiano e desponta no final da década de 70, tendo como alguns de seus defensores integrantes dos núcleos Estaduais de Saúde mental, do centro Brasileiro de Estudos da Saúde e trabalhadores da saúde (Machado, 2006, p.26). “Em 1980 o Ministério da Saúde (MS) redige as Diretrizes para a área de Saúde Mental, que preconizavam a substituição do modelo assistencial vigente por um modelo mais avançado, englobando um entendimento e uma abordagem holística do transtorno mental, dando importância à integração da rede de saúde com as ações de saúde mental, a importância da criação de novas modalidades assistenciais, a participação da sociedade na discussão das propostas entre outras. Estas diretrizes vieram orientar as políticas de saúde mental em vigor” (MARZANO & SOUSA, p. 577, 2003). Geovanini cita que (2000, p. 41) a 8a Conferencia Nacional de Saúde, sendo realizado em 1986, houve confrontos entre os defensores dos ideais populares e os interesses dos grupos privados, tendo sofrido várias modificações que beneficiaram o sistema empresarial.. Em 1988, a Constituição Federal do Brasil definiu os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS): sistema igualitário, descentralizado, universal, regionalizado, hierarquizado, 23 com integralidade das ações e participação social. Surgindo como alternativa ao hospital psiquiátrico atendimentos em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), sendo um espaço de criatividade, onde acolhe, cuida e estabelece elo com a sociedade (ROCHA, 2005). "O foco no trabalho interdisciplinar favorece ainda a quebra da hegemonia médica e o fim da centralidade do foco medicamentoso. Neste sentido, os investimentos terapêuticos propostos são da ordem da ressocialização e da reabilitação psicossocial e se valem de estratégias de atendimento individual e grupal" (MACHADO, 2006, p.33). Este é um processo político e social complexo, composto de atores, instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços e saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e nos territórios do imaginário social da opinião pública (BRASIL, M.S, 2005). O envolvimento das diversas instâncias sociais articuladas com o Estado garante uma pauta de reivindicações mais próxima das necessidades da população, e mais justa. Nestas conferencias ficaram estabelecidas diretrizes fundamentais para a reorientação do sistema de saúde no Brasil e foram apresentados para a proposta do SUS os princípios defendidos pelo Movimento da Reforma Sanitária (MACHADO, 2006). “Em 1989, outro fato marcante no contexto da saúde mental teve repercussão nacional. Trata-se da intervenção da Secretária de Saúde do Município de Santos na Casa de Saúde Anchieta, que culminou no fechamento da clínica após constatação de maus-tratos e mortes de pacientes. Associações de usuários e familiares e cooperativas começam, também, a serem instituídas, reforçando-se a participação social na discussão e proposição de políticas de atenção à saúde mental inclusivas para a pessoa em sofrimento mental” (MACHADO, p.28 2006). Segundo (Amaral, 2006, p. 32) os CAPS são serviços de atenção diária de unidade hospitalar que devem estar capacitados para atender prioritariamente pacientes com transtornos mentais severos e persistentes, eles são fundamentais para o redirecionamento das praticas hospitalocêntricas, sua regulamentação está descrita na porta na Portaria 336, de 19 de fevereiro de 2002. No mesmo ano, o deputado Paulo Delgado apresentou o Projeto de Lei nos 3.657/89 propunha a extinção progressiva dos manicômios substituindo por recursos extrashospitalares. A partir dessa lei a sociedade passou a participar efetivamente de debates sobre novas maneiras do cuidado preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 24 “No mesmo ano, foi fundado, no Rio de Janeiro, o Instituto Franco Basagblia (IFB), uma instituição civil sem fins lucrativos que reúne profissionais, estudantes, usuários de serviços psiquiátricos, familiares e demais interessados na área com o objetivo de desenvolver ações estratégicas de incentivo à formulação de políticas públicas que possam resgatar os direitos de cidadania dos portadores de transtornos mentais. Nesse sentido, conta com o programa SOS Direito do Paciente Psiquiátrico, que presta assessoria a casos de violação dos direitos de cidadania” (ROCHA, p. 38, 2005). Em Caracas, em 1990, a Conferência sobre a Reestruturação da Atenção Psiquiátrica tornou-se uma referência para as diretrizes na área, apontando a responsabilidade dos diversos países em reorganizar os serviços de atendimento, estabelecer uma legislação que garanta a dignidade pessoal e os direitos humanos e civis das pessoas com transtorno mental (ibid, 2005). Em 1950, a enfermeira e mestre em Enfermagem Hildegard Peplau construiu uma teoria e publicou um livro sobre as relações interpessoais em enfermagem, onde preconizava que o cliente tem um saber sobre si mesmo e por isso torna-se importante ouvir sua palavra. Assim costumavam-se fazer reuniões de equipe multdisciplinar visando à atuação da equipe como um todo. Percebe-se, um compromisso da instituição para com o saber da enfermagem. No final de 1992, realizou-se em Brasília a 2a Conferencia Nacional de Saúde Mental com uma maior representação, não só do governo, dos conselhos, prestadores de serviços, mas também das associações de usuários e familiares. Seu relatório final afirmava que o processo saúde/ doença mental deve ser entendido levando-se em conta o modo de vida, a origem e as referências das pessoas, respeitando as diferenças, considera fundamental o vínculo entre o conceito de saúde e o exercício da cidadania, recomenda que a saúde mental se ocupe da pessoa em sua existência-sofrimento e não apenas naquelas situações caracterizadas como transtorno (idem, p. 39, 2005). A desospitalização é o tratamento domiciliar possível que reflete a necessidade de retomada de consciência por parte da sociedade, do Estado, da família e do indivíduo. Uma reforma profunda em vários sentidos desospitalizar não significa acabar com o hospital, mas transformá-lo numa instituição menos arbitrária, mais próxima das necessidades humanas e sociais (RIBEIRO, 1993). Ao final de 1996, um evento marcou a Saúde Mental no Rio de Janeiro: o I Congresso de Saúde Mental do Estado, Organizado pelo Instituto Franco Basaglia (IFB), Instituto Philippe Pinel (IPP) e pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB/UFRJ), reuniu profissionais e usuários com muitas variadas contribuições ao 25 tema “Atenção psicossocial”, dando grande impulso à Reforma. A expressão “atenção psicossocial” revela que esse cuidado não pode desvincular a dimensão psíquica, comprometida com a subjetividade e a criatividade, da dimensão social, com uma concepção mais abrangente de família e trabalho, incluindo agora o lazer (ibid, p. 39). O projeto terapêutico institucional dos CAPS prevê a elaboração de projetos individualizados para cada usuário do serviço, dado pelos diferentes profissionais, psicólogos, a equipe de enfermagem serviço social, nutrição, médicos e outros que podem compor uma equipe multidisciplinar (ibid,32). É importante que a enfermagem esteja atenta ao prestar cuidados a esses usuários, ajudando o cliente se necessário, nos cuidados pessoais, estimulando a alimentação, ao ser acolhido no CAPS, muitos apresentam desnutrição, desidratação além de outros problemas de saúde, é necessário que observe as infecções cutâneas, devido às drogas endovenosas que podem ocasionar lesões locais ou sistêmicas (idem, 2005). Estes serviços têm um papel importante na articulação entre técnicos, clientes e comunidade e na promoção do dialogo entre estas instâncias. Com o atendimento sendo dado preferencialmente na modalidade "dia", reduzem - se as internações hospitalares e permite-se a continuidade do convívio com a família e com a comunidade- a manutenção dos laços sociais é um grande passo para a não institucionalização da pessoa em sofrimento mental. AMARAL (2006). 4.3 Locais onde o doente é assistido Antigamente quando uma pessoa apresentava algum tipo de problema psiquiátrico a primeira providencia era interná-lo numa clinica, utilizando com certo exagero os medicamentos (ROCHA, 2005), não sabendo o quanto essa conduta era prejudicial para a pessoa. Hoje no Brasil, o número de clientes internados diminuiu muito, só internam-se quando realmente houver necessidade. Segundo (ibid, 2005), dificuldades e sofrimento estão presentes, em maior ou menor grau, na vida de todas as pessoas. Quando o nível dessas dificuldades é maior do que a possibilidade da pessoa de lidar com elas, o cliente então poderá apresentar alterações na sua maneira de perceber, pensar, sentir e agir. Muitas alterações ocorreram durante a última década, nos locais onde o paciente psiquiátrico é assistido. O ambiente passou a servir como medida terapêutica; fazendo parte, 26 na maioria das vezes, do tratamento do paciente (TEIXEIRA, et al,2001p.17).Entre as possibilidades terapêuticas temos: • Hospitais públicos ou particulares proporcionam ao paciente um regime de internação integral ou parcial, permitindo o paciente ser atendido no hospital dia ou hospital noite. A assistência ao paciente é realizada com quadros agudos e graves. Alguns hospitais proporcionam aos pacientes atividades recreativas com quadras de esporte e luxuosas hotelarias, mas independente do ambiente físico é fundamental que esteja voltado para a assistência ao paciente. • Os Ambulatórios de Saúde Mental desenvolvem ações de maior complexidade terapêutica, organizando os recursos técnicos e pessoais de uma equipe multiprofissional a serviço de uma determinada clientela que esta doente e outras por elas vinculadas (p.17). • O objetivo da Emergência Psiquiátrica é controlar a gravidade do quadro é evitar a internação hospitalar. Geralmente o paciente é avaliado, de acordo com o quadro é encaminhado para internação ou para o ambulatório de saúde mental (p.17). • As Unidades Básicas de Saúde caracterizam como atenção primária, integrando a prevenção e tratamento dentro do limite de atuação e complexidade, buscando elevar o nível de saúde mental da população assistida. • As Residências Terapêuticas são moradias, lares e não unidades de terapia onde atuam no sentido de promover a reinserção dos seus moradores na comunidade. Sua regulamentação está descrita na Portaria 106, de 11 de fevereiro de 2000. • Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços de atenção diária fora de unidade hospitalar que apresentam onde os clientes são atendidos em regime ambulatorial e internação hospitalar. Sua principal demanda consiste paciente com transtornos mentais severos e persistentes, tendo como objetivo estimular o paciente a participar de atividades dentro e fora do centro, cabendo a enfermagem criar e manter o ambiente terapêutico, estabelecendo relações interpessoais terapêuticas com o paciente. 27 • Os CAPS se diferenciam pelo porte, capacidade de atendimento, clientela atendida e organizam-se no país de acordo com o perfil populacional dos municípios brasileiros (Brasil. Ministério da Saúde. DAPE, 2005). Os CAPS são serviços de atenção diária fora de unidade hospitalar que devem estar capacitados para atender prioritariamente pacientes com transtornos mentais severos e persistentes, eles são fundamentais para o redirecionamento das práticas hospitalocêntricas, sua regulamentação está descrita na Portaria 336, de 19 de fevereiro de 2002 (MACHADO, p32, 2006). São eles que vão garantir atendimento focado não na doença e na remissão de sintomas, e sim no sujeito- pessoa singular que sofre, mas que também ama e sonha- alguém capaz de contribuir na discussão de seu projeto terapêutico e participar ativamente do seu desenrolar (ibid, 2006). “Os CAPS podem constituir-se de diversas modalidades por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional, respeitando os princípios do SUS quanto à regionalização, descentralização e hierarquização.” “O nome do CAPS foi uma homenagem ao centenário de nascimento da psiquiatria alagoana Nise da Silveira, mulher que se destacou por sua luta pela reforma psiquiátrica brasileira, mesmo quando esta não era uma discussão intensa no país. Ela, em 1956, fundou a “Casa das Palmeiras- um dos primeiros serviços diferenciados do país em atenção à saúde mental” (idem, 2006). O CAPS I deve ser instalado prioritariamente em municípios com população entre 20.000 e 70.000 habitantes, deve funcionar de 8 as 18 horas, nos cinco dias úteis da semana. O CAPS II é referência para uma população entre 70.000 e 200.000 habitantes, podendo funcionar em um terceiro turno até as 21 horas, ao longo dias úteis da semana. O CAPS III deve se instalar em municípios com população superior a 200.000 habitantes e seu funcionamento deverá ser contínuo, durante as 24 horas do dia, incluindo feriados e finais de semana. A Portaria n0 106, de 11/02/200 define ainda a modalidade de CAPS- i II, pra atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais, e de CAPS- ad II, para atendimento de pacientes com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas. 28 Os CAPS, independentemente de sua modalidade, têm um papel fundamental como articuladores da rede de atenção à saúde mental, possibilitando que o usuário transite entre os vários dispositivos terapêuticos “(MACHADO, p.34, 2006). 4.4 Papel do Enfermeiro A ênfase na enfermagem psiquiátrica é no subpapel de aconselhamento ou psicoterápico, muitas fontes definem a enfermeira terapeuta como sendo formada em enfermagem psiquiátrica/de saúde mental...é essencial que a enfermeira da equipe trabalhando em psiquiatria tenha conhecimento geral das técnicas básicas de aconselhamento, através do estabelecimento de uma relação enfermeira-cliente satisfatória, os indivíduos aprendem a generalizar a capacidade de obter relações interpessoais satisfatórias com outros aspectos de sua vida (PEPLAU apud. TOWNSEND, 2002). Essa é a verdadeira concepção social do enfermeiro. Um profissional polivalente e indefinido... É a Enfermagem que sustenta a atenção e apoio tão necessários ao conforto e segurança do cliente, família e comunidade... O trabalho em Enfermagem vem sendo desenvolvido ao acaso e tais enfermeiros não demonstram segurança pra o exercício do papel de líderes da equipe... (Salles apud Geovanini 1983). O surgimento do papel da enfermagem psiquiátrica começou no inicio da década de 50, quando Weiss no periódico American Journal of Nursing salientava a escassez de enfermeiros psiquiátricos e apresentava as diferenças entre enfermeiros psiquiátricos e da prática geral. Os psiquiatras acreditavam que o enfermeiro psiquiátrico deveria unir-se a sociedade de saúde mental, dar consultas de assistência social, trabalhar em clínicas ambulatoriais, praticar a psiquiatria preventiva, incentivavam a participação do enfermeiro na psicoterapia individual e de grupo e afirmavam: "Apesar de a maioria dos psiquiatras parecer ignora o papel do enfermeiro psiquiátrico na psicoterapia, todos os enfermeiros realizam de uma ou de outra espécie através de seus contatos com os pacientes" (STUART, 2001). Dois eventos significativos ainda nos anos 50 foram importante para o papel da enfermeira, o primeiro foi a publicação de A comunidade Terapêutica: Um Novo Método de Tratamento na Psiquiatria), de Jones (1953). Todos os pacientes deveriam ajudar na solução de problemas, no planejamento de atividades e no desenvolvimento das regras e dos regulamentos necessários (idem, 2001). O segundo acontecimento foi o uso de psicotrópicos que tornou os pacientes suscetíveis ao tratamento e também a necessidade de uma equipe maior incluindo o enfermeiro uma vez que aumentou a procura de tratamento (idem, 2001). 29 Em 1958, foram descritas as seguintes funções dos enfermeiros psiquiátricos: lidar com os problemas de atitude, de humor e de interpretação da realidade dos pacientes, explorar pensamentos e sentimentos perturbadores e geradores de conflitos, usar os sentimentos positivos do paciente para com o terapeuta para propiciar o equilíbrio psicofisiológico, aconselhe os pacientes em emergências, incluindo pânico e medo, reforçar a parte saudável dos pacientes (STUART, 2001,34). "Embora saibamos que o relacionamento interpessoal não seja uma abordagem nova na atividade de Enfermagem, este tema tomou conotação mais marcante a partir da década de 50" (MANZOLLI, 1996, p. 73). A enfermagem psiquiátrica é um processo interpessoal que promove e mantém um comportamento no paciente, contribuindo para o seu funcionamento integrado. A Declaração sobre a Prática da Enfermagem Psiquiátrica e de Saúde Mental da Associação Norte-Americana de Enfermagem define a enfermagem psiquiátrica como uma "área especializada de prática de enfermagem que emprega as teorias do comportamento humano como sua ciência e o uso propositado de si próprio como arte" (STUART, 2001). Com a Reforma, muda substancialmente o papel da enfermagem. Realizar atendimentos individuais ou em grupo, visitas domiciliares, é algo que o enfermeiro faz há muitos anos. No entanto fazê-lo sob um novo paradigma e em conjunto com os demais profissionais dizem respeito a todos (ROCHA, 2005). "Todo o trabalho desenvolvido pelo enfermeiro no campo vai somando contribuições para um posicionamento mais claro do seu papel profissional junto ao doente mental e família, à equipe multiprofissional e a de Enfermagem" (MANZOLLI, 1996, p117). Para Rocha (2005), é importante a conduta da enfermagem bem como de toda a equipe é direcionada para estímulo aos aspectos positivos do paciente. Mesmo que delegue certas atividades, deverá manter-se próxima, pronta a orientar ou intervir quando for preciso. É importante que nos cuidados desses clientes a enfermeira esteja atenta observando e auxiliando. É dever do enfermeiro, conhecer os efeitos dos medicamentos, as vias que estes podem ser utilizados, os medicamentos controlados devem ficar sob responsabilidade do enfermeiro, observar se o paciente apresentou algum processo alérgico após ingerir a medicação, checar as prescrições para averiguar se a evolução esta de acordo com os procedimentos (ibid, 2005). Para Stuart (2001) o papel de um enfermeiro psiquiátrico em qualquer contexto psiquiátrico e de saúde mental depende dos seguintes elementos: filosofia, missão e objetivos do contexto de tratamento, necessidades dos consumidores dos serviços de saúde mental, 30 número de funcionários disponíveis e dos serviços que esses podem oferecer, estrutura da organização e relações de hierarquia na equipe, recursos e rendimentos disponíveis para pagar pelo custo dos cuidados necessários e dispensados, presença de uma forte liderança e atividades de instrutor pelos enfermeiros. Pode parecer ao profissional de enfermagem que, além dos cuidados físicos, ele pouco pode fazer, no entanto, muito pode ser feito, basta que o enfermeiro consiga fazer com o paciente expresse sua dor. Esse estímulo e a escuta atenta e respeitosos são instrumentos fundamentais do trabalho de enfermagem (ROCHA, 2005). Portanto para Stuart (2001) a relação enfermeiro –paciente evoluiu para uma relação de parceria, que expande as dimensões do papel da enfermagem psiquiátrica profissional incluindo competência clinica, defesa do paciente- família, responsabilidade fiscal, colaboração interdisciplinar, responsabilidade social e parâmetros éticos-legais. “Em psiquiatria as enfermeiras podem liderar diversos tipos de grupos terapêuticos, como de instrução a clientes, treinamento da assertividade, de apoio, de pais e de transição a grupos de alta, entre outros. Para funcionar efetivamente na capacidade de líderes desses grupos, as enfermeiras precisam ser capazes de reconhecer diversos processos que ocorrem nos grupos e de escolher o etilo de liderança mais apropriado para o tipo de grupo que está sendo liderado" (TOWNSEND, p. 121, 2002). 31 5. Considerações Finais Nesta pesquisa tivemos como propósito conhecer o papel do (a) enfermeiro dentro deste contexto da Reforma Psiquiátrica. Tentamos analisar como esta sendo o processo da Reforma para o paciente e para a família. Através da nossa pesquisa, percebemos que os serviços de atenção à saúde mental esta ocorrendo de forma não só lenta mais pouco eficiente. O objetivo da reforma psiquiátrica é a reorganização dos hospitais psiquiátricos, priorizando humanização no atendimento. A reforma aconteceu e junto com ela todo um processo que precisa ser trabalhado, a inclusão do doente mental na sociedade começa com a inclusão dele na instituição junto com a equipe que o assiste. Como qualquer outra profissão, a Enfermagem Psiquiátrica possui responsabilidades, o enfermeiro tem uma equipe sob sua responsabilidade, sendo importante uma constante reciclagem também do saber. É importante que o profissional esteja acompanhando todo o trabalho que irá ser desenvolvido na sua unidade, é importante também que ele conheça o que ocorre no âmbito institucional para estar respaldado na teoria e prática da sua profissão. É fundamental que se façam intervenções que possam reafirmar o compromisso que o Estado, os profissionais e a família têm com este individuo respeitando o seu estado físico e mental, a sua dignidade humana. É necessário que a enfermagem represente seu papel na melhoria da qualidade da assistência à saúde do individuo portador de transtorno mental. Os enfermeiros psiquiátricos devem ser capazes de:implementar avaliações biopsicossociais da saúde, com sensibilidade para com a cultura do paciente, criar e implementar planos de tratamento para pacientes e famílias com problemas de saúde complexos e patologias mórbidas, engajar-se em atividades de manejo de caso,como organização, acesso, negociações e integração de serviços e de benefícios para indivíduos e famílias, oferecer um"mapa de cuidados de saúde" para os indivíduos, as famílias e os grupos para orientá-los quanto aos recursos da comunidade para a saúde mental, incluindo os provedores de assistência mais apropriados, as agências, as tecnologias e os sistemas sociais, promover e manter a saúde mental e manejar os efeitos da doença mental através de ensino e de aconselhamento, oferecer cuidados para os doentes psiquiátricos com problemas físicos manejar e coordenar sistemas de integraçao de cuidados que integrem as necessidade dos pacientes, das famílias e das equipes. 32 6. Referências Bibliográficas: 1- AMARAL M.C.M. Narrativas de Reforma Psiquiátrica e Cidadania no Distrito Federal 2006. 204 f. Dissertação em sociologia- Instituto de ciências sociais- ics- Universidade de Brasília/UNB p.17-96, 2-AMARANTE P. O homem e a serpente: outras histórias para a loucura e a Psiquiatria. Rio de janeiro: Fiocruz, 1996.p.35 3-BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de Saúde mental no Brasil. Documentos apresentado a Conferencia Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005 4-FOUCAULT. M. História da Loucura na Idade Clássica. Ed. Perspectiva. São Paulo 1978, p. 7-48 5- FILHO. P.N. E, Bueno R. J; Nardi. E. A. Psiquiatria e Saúde Mental 2a reimpressão da 1 a edição. São Paulo. Ed. Atheneu, p.1-3 6-GEOVANINI T, et. al. História da Enfermagem. Ed. Revinter Ltda. Rio de Janeiro 2002, p.77, 291 7-LIMA. V. L; AMORIM. 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