AJES – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR VALE DO JURUENA CURSO: MBA EM GESTÃO EM AUDITORIA, PERÍCIA E DIREITO AMBIENTAL. PROCEDIMENTOS DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL E EXPLORAÇÃO EM JAZIDA DE MATERIAL LATERÍTICO Autor: Adoricio Ferreira dos Santos Orientador (a): Cynthia Cândida Correa GUARANTÃ DO NORTE–MT 2012 AJES – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR VALE DO JURUENA CURSO: MBA EM GESTÃO EM AUDITORIA, PERÍCIA E DIREITO AMBIENTAL. PROCEDIMENTOS DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL E EXPLORAÇÃO EM JAZIDA DE MATERIAL LATERÍTICO Trabalho apresentado como conclusão do Curso MBA em Gestão em Auditoria, Perícia e Direito Ambiental. GUARANTÃ DO NORTE – MT OUTUBRO/ 2012 RESUMO Este trabalho apresenta o resultado do estudo comparativo em torno da legislação ambiental brasileira aplicada em empreendimentos rodoviários em específica exploração de jazida de material laterítico, fruto da observação e analise da eficácia dos mecanismos e técnicas utilizadas na gestão ambiental e os procedimentos exigidos pelos órgãos ambientais no licenciamento de atividades modificadoras do meio abiótico e biótico, conforme previstas na Lei n°6.938/81 e resoluções do CONAMA. Verificando as metodologias utilizadas na exploração em jazidas de material Laterítico e se as mesmas estão de acordo com as etapas exigidas no estudo do licenciamento ambiental e previstas no Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD. No comparativo entre licenciamento e a atividade executada constatou-se que as etapas de exploração estavam de acordo com o estudo ambiental e as determinações legais. Palavra-Chave: gestão ambiental; material lateritíco; SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................. 5 1 CAPITULO I - ......................................................................................... 8 REFERÊNCIAL TEÓRICO........................................................................ 8 1.1 Gestão Ambiental no Processo de Licenciamento Ambiental............. 8 1.2 Biodiversidade X Impactos Ambientais................................................ 8 1.3 Procedimentos para o Licenciamento Ambiental exigidos pelo IBAMA. 9 2 CAPITULO II............................................................................................. 10 METODOLOGIA........................................................................................... 10 3 CAPITULO III........................................................................................... 12 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS....................................... 12 3.1 Execução da Jazida J16 Lote 03 da BR 242 – MT................................ 12 CONCLUSÃO ............................................................................................. 16 REFERÊNCIAS........................................................................................... 18 5 INTRODUÇÃO Este trabalho possui como objeto de estudo é o licenciamento ambiental, os procedimentos de exploração e recuperação ambiental da jazida J16, localizada no lote 03 das obras de construção e pavimentação da rodovia BR 242/MT. No trecho da rodovia em execução não existem segmentos de cortes significativos que possam ser indicados como fonte predominante de materiais composto por laterita para execução das camadas de sub-base e base, pois, o trecho está situado no Chapadão do Alto Xingu com extensos interflúvios e de baixa a média amplitude lhe conferindo de modo geral uma classificação de região aplanada a suavemente ondulada, onde as escavações para obtenção de materiais com características lateríticas são possíveis apenas em jazidas. Para que seja possível a exploração do material na área específica é necessário um estudo ambiental para licenciar o empreendimento, onde definem critérios de exploração e ações de recuperação ambiental da área degradada, o que na maioria das vezes não são cumpridas pela construtora. O objetivo deste trabalho e fazer um comparativo entre os procedimentos de exploração e recuperação ambiental da jazida J06, que são previstos no estudo do licenciamento ambiental e a execução prática de exploração. Por isto foi necessário analisar o estudo do licenciamento ambiental e a legislação pertinente e acompanhar a prática de exploração in’loco. 6 CAPÍTULO I REFERÊNCIAL TEÓRICO 1.1. Gestão Ambiental no Processo de Licenciamento Ambiental A Gestão Ambiental é a ferramenta que mais contribui para a eficiência e efetividade dos resultados obtidos, sendo elas a estrutura interna; distribuição e uso adequado do espaço físico; renovação do desempenho e desenvolvimento de recursos humanos, em numero suficiente e com perfil adequado às necessidades da organização; gerenciamento de conflitos; desenvolvimento da competência gerencial; informatização; planejamento estratégico; gestão participativa e outras (HALL, 1982). A aplicação da Gestão Ambiental no empreendimento se através dos programas ambientais implementados antes durante e depois da exploração da jazida. Os programas ambientais implementados visavam estabelecer os principais procedimentos a serem adotados, para dirimir as interferências sobre o meio ambiente nas fases de implantação, operação e a recuperação do ambiente degradado, sendo assim, o Programa de Controle de Supressão Vegetal direcionam as ações de execução e controle compreendidos por desmatamento, ou seja, toda operação que objetiva a supressão total da vegetação nativa de determinada área para o uso alternativo do solo, entendendo como vegetação nativa, toda a vegetação original, remanescente ou regenerada, caracterizada pelas florestas, capoeiras, cerradões, cerrados, campos, campos limpos, vegetações rasteiras, etc. Já o Programa de Passivo Ambiental tem como principal objetivo a recuperação os Passivos Ambientais, ou seja, aquelas situações de degradação ambiental causada por ocasião pela implantação da exploração da jazida, e mesmo aquela áreas com degradação pré-existentes, em função da extração de material pelo proprietário ou por entidade pública para manutenção de estradas vicinais. A reabilitação ambiental das áreas ocorre concomitantemente com a execução do PRAD. 7 Programa de Recuperação de Áreas Degradadas este programa terá ações em duas etapas bem distintas: a primeira, de caráter preventivo, que diz respeito ao acompanhamento e controle ambiental de todas as atividades previstas para a implantação da supressão vegetal, e a segunda, de caráter corretivo, relacionada à recuperação ambiental da área objeto de intervenção visando à proteção do solo contra a formação de processos erosivos e a reintegração paisagística. A exploração de materiais de construção tem ações do PRAD, que é um importante instrumento de atenuação da degradação ambiental, e reversão de processos da dinâmica superficial. A partir da utilização dessa importante ferramenta é possível estabelecer uma relação com o ambiente e seus recursos, buscando minimização dos impactos ambientais oriundos da atividade. A Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei 6.938/81, tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propiciam a vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses de segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana. A Avaliação de Impactos Ambientais - AIA é um instrumento da Política Nacional do meio Ambiente, de grande importância para a gestão institucional de planos, programas e projetos, em nível federal, estadual e municipal (IBAMA, 1992). A Constituição Federal de 1988 fixou em seu artigo 225, inciso IV, a obrigatoriedade do poder publico exigir o estudo prévio do impacto ambiental para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, despontando como a primeira Carta Magna do planeta a inscrever a obrigatoriedade do estudo de impacto ambiental no âmbito constitucional (MACHADO, 1989). Os instrumentos legais da AIA são o Estudo de Impacto Ambiental - EIA, juntamente com o Relatório de Impacto Ambiental-RIMA denominado EIA/RIMA, este estudo de acordo com a Resolução do CONAMA 001/86, exige que a elaboração desse estudo deva ser realizada por uma equipe multidisciplinar habilitada e o custo de todo o estudo é de responsabilidade do proponente, além de sua aprovação ser de competência federal. Existem outros documentos técnicos 8 necessários ao Licenciamento Ambiental, sendo eles o Plano de Controle Ambiental - PCA, o Relatório de Controle Ambiental -RCA e o Plano de Recuperação de Área Degradada- PRAD (IBAMA,1992). O RCA é exigido pela Resolução do CONAMA 009/90, na hipótese de dispensa do EIA/RIMA, para a obtenção de Licença Prévia de atividade de extração Mineral da Classe II, prevista no Decreto- Lei 227/67 e o PRAD são utilizados para a recomposição de áreas degradadas e é elaborado de acordo com as diretrizes fixadas pela NBR 13030, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (IBAMA, 1992), onde que o mesmo é o componente básico para licenciar atividades denominadas de áreas de apoio de empreendimentos, no caso relacionado, exploração de jazidas de material laterítico para uso no empreendimento rodoviário. Por meio da LP (Licença Prévia) e LI (Licença de Instalação) são realizados estudos minuciosos dos aspectos socioambientais, os dados geram um PBA (Plano Básico Ambiental), onde o RCA torna-se um estudo complementar do referido licenciamento. Cumpre, ainda, observar que no contexto do RCA, as medidas mitigadoras, compensatórias e os programas ambientais recomendados constituemse no principal instrumento indutor de ações pró-ativas e reativas para a mitigação dos impactos. A proposição do presente RCA analisado é de oferecer subsídios para a definição de ações de planejamento ambiental, assim como a tomada de decisão pelos órgãos competentes, inclusive no que tange a fiscalização. A função do RCA é estabelecer de maneira incontestável a prevenção do dano e da degradação ambiental durante a extração do material laterítico necessário para o empreendimento (CONAMA, 1992). 1.2. Biodiversidade X Impactos Ambientais O Brasil é considerado o primeiro país em megadiversidade, possuindo a maior diversidade de flora do mundo, 10% de anfíbios e mamíferos, 17% das aves. O numero de espécies de plantas, animais e microorganismos localizados dentro do território brasileiro é calculado em mais de 2 milhões, o que faz do Brasil o maior em diversidade genética (DIAS, 1996). 9 O autor retrata também a grande importância econômica da biodiversidade para o país, onde 40% do Produto Interno Bruto brasileiro são formados por atividades relacionadas à agroindústria e 26% da matriz energética nacional é produzida a partir da biomassa vegetal. De acordo com Albagli (1998) a devastação dos ambientes naturais, é considerada o fator determinante das atuais e projetadas taxas de extinção da biodiversidade. A fragmentação e a conversão dos ecossistemas florestais vêm sendo causadas por grandes empreendimentos econômicos, alem do efeito cumulativo dos empreendimentos individuais. A construção de rodovias é realizada por grandes empreendimentos, que são responsáveis pelo uso do solo e supressão vegetal nas áreas de empréstimo, aqui denominada de jazidas de material laterítico. A implantação deste tipo de empreendimento tem uma estreita relação com a redução da biodiversidade e o crescimento de alguns impactos ambientais, exemplo clássico na flora e o efeito de borda causado por uma rodovia ao seccionar uma área florestal, com um agravamento do risco de incêndios florestais causados pelo o uso de gramíneas exóticas plantadas no bordo da pista com objetivo de conter erosões de solo. Na fauna a fragmentação da floresta reduz variabilidade genética de poluções de indivíduos de mesmas espécies, pois a estrada se torna um risco de atropelamentos e afugentamento de animais, para atenuar estas situações em alguns empreendimentos estão sendo implantados os faunodutos, que são passagens áreas ou subterrâneas, que atuam na ligação entre os fragmentos florestais. Para a aplicação de métodos racionais de uso do solo, tais empreendimentos tem como princípio o disciplinamento na conduta do desmate e o destino final da cobertura vegetal existente e medidas de proteção para a vegetação remanescente. Porem mesmo com a utilização desses métodos é gerado impactos significativos sobre o solo, como erosões laminares, vossorocamentos que acabam trazendo impactos para os cursos hídricos com o assoreamento e contaminação dos mananciais. 10 1.3. Procedimentos para o Licenciamento Ambiental dispõe: A Politica Nacional do Meio Ambiente Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, Art. 20. O art. 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. Redação dada pela Lei complementar nº140. De 12/12/2011. Compete ao IBAMA o licenciamento previsto no caput deste artigo, no caso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional. Art.10, paragrafo 4º da Lei 6.938/8. Este paragrafo foi revogado pela Lei Complementar nº140 de 2011. Art. 5o O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente. Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas. O presente objeto de estudo, jazida J16 foi licenciado posterior a sanção presidencial da Lei complementar nº140/2011. Por isto mesmo que o empreendimento rodoviário possa ser causador de impactos nacional, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso possui competência para licenciar a jazida, mesmo se prevalecesse o paragrafo revogado o impacto ambiental da jazida em si é localizado. 11 Como a competência do licenciamento é da SEMA-MT, coube a construtora apresentar o Relatório de Controle Ambiental - RCA, contendo os estudos de impactos ambientais do empreendimento, as ações mitigatórias e o plano de recuperação da área degradada. Para o licenciamento da jazida tornou-se dispensado as Licenças Prévia e de Instalação, pois, o seu licenciamento é vinculado a licença de instalação da rodovia BR 242-MT, onde o material laterítico será utilizado. O RCA é composto por: • Estudo de caracterização do empreendimento, onde descreve as características físicas da jazida com perfil geológico do solo, forma de extração, quantitativo previsto de material à ser explorado e planta de localização da jazida. • Inventário fitossociológico com a descrição do estágio de sucessão ecológica e quantificação das espécies florestais assim como a previsão do quantitativo de material lenhoso que será originado do desmate. • Caracterização da fauna. • Os programas a serem implementados com ação preventiva e mitigadora dos impactos decorrentes da atividade. De acordo com o Roteiro Básico de Referencia para o licenciamento o RCA é o componente básico, seguido das seguintes documentações: Licença Previa e de Instalação da Rodovia, Documento Comprobatório de Regularização Fundiária da Área do Empreendimento (escritura pública ou titulo da propriedade rural), Termo de Assentimento de Exploração (autorização do proprietário para a extração do material) e Dispensa de Titulo Minerário, este documento é emitido pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) onde declara que a exploração e utilização do material da jazida é uso exclusivo para a rodovia e não tem caráter comercial. Segundo o roteiro deve-se limitar a área de influencia direta e indireta do empreendimento, baseando-se na abrangência dos recursos naturais diretamente afetados considerando sua bacia hidrográfica, bem como, sua interferência nas inter-relações ecológicas, sociais e econômicas. Sendo a delimitação da área para 12 cada fator natural: solos, água superficiais e subterrâneas, atmosfera, vegetação/flora; e para os componentes: culturais, econômicos e sócio-políticos. O prognostico dos impactos ambientais do projeto, plano ou programa proposto deve realizar a identificação e analisar os efeitos ambientais potenciais (positivos e negativos) das possibilidades tecnológicas e econômicas de prevenção, controle, mitigação e reparação de seus efeitos negativos (IBAMA, 1995). 13 CAPÍTULO II METODOLOGIA O presente estudo foi realizado com base no Projeto de Exploração de Material Lateritíco da Jazida J16 Lote 03 da BR 242/ MT, e com o acompanhamento in loco dos trabalhos realizados pela empresa responsável pela obra TRIMEC CONSTRUÇÕES E TERRAPLANAGEM LTDA., CNPJ 02.470.900/0001-28, que havia requerido junto a Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA/MT, a Licença de Operação Provisória - LOP 0045/2011, de Cinco Áreas de Empréstimo/Jazidas, que foram utilizadas nas obras de pavimentação do Lote 03 da Rodovia BR-242/MT, município de Nova Ubiratã/MT, que são: J13, J14, J15, J16 e J17. O objeto de estudo J16 teve sua exploração iniciada na primeira quinzena do mês de abril de 2012 e finalizada a exploração no final do mês de maio do mesmo ano. A coleta de dados fora realizada a partir de pesquisa bibliográfica do licenciamento ambiental requerido junto a construtora, e demais documentações pertinentes ao processo no âmbito ambiental referente ao licenciamento de empreendimentos causadores de degradação ambiental e pesquisa de campo com o levantamento dos métodos utilizados na extração de material lateritíco, todo conteúdo da legislação ambiental estava descrito no plano básico ambiental do empreendimento (PBA BR 242/MT). Com o intuito de analisar a licença ambiental das jazidas fora necessário averiguar o relatório de controle ambiental (RCA da LOP 0045/2011), que é o componente básico do estudo para licenciar atividades denominadas de áreas de apoio de empreendimentos, no caso relacionado, exploração de jazidas de material Laterítico, este prevê todos os impactos possíveis da atividade neste caso, em específico os impactos na flora, fauna, solo, recursos hídricos. O principal impacto sobre a flora local fora a eliminação das espécies existente na área de exploração da jazida, desde o estágio inicial até as que se encontram em clímax. O impacto na fauna é decorrente do impacto da flora, todavia em escala diminuta em função do tamanho da área, exceto na herpetofauna e 14 entomofauna, pois não existe maneira de efetivar um programa de resgate total e afugentamento dos indivíduos que habitam a referida área. Em relação ao impacto do solo, como será removida parte do subsolo e não haverá reposição integral, há um impacto significativo, podendo trazer agravantes para o meio. A camada denominada solo fica reservada para ser redistribuída sobre a área explorada, entretanto não é suficiente para suprir a necessidade orgânica da vegetação de reposição. Como mecanismo atenuante poderá ser realizado bota fora de solo argiloso, turfosos e outros existentes e disponíveis. Posteriormente em relação ao impacto hídrico, se não houver curso ou nascente nas proximidades da área de exploração é praticamente inexistente o impacto sobre recursos hídricos, com exceção da possível contaminação de lençol freático por derivados de petróleo uma vez que podem ocorrer acidentes com máquinas, o agravante se dá em função da profundidade das cavas de exploração. A ação preventiva é através da sondagem para verificar a profundidade da camada de lateríta no subsolo e do lençol freático e traçar o plano de extração. Para o inventário fitossociológico a metodologia utilizada é a divisão da área em quadriculas e destas retiradas parcelas para quantificação dos indivíduos. Os indivíduos devem ser caracterizados pelos grupos de sucessão ecológica e separados pelas famílias, seguidos de espécies e nomes vulgares, como caractere de informação para quantificação de material lenhoso, é divulgado a circunferência na altura do peito (CAP), a altura do exemplar (ALT.), a classe fuste (CF), e o volume previsto (V). Com finalidade de quantificar de modo sistemático as espécies vegetais contidas na biota, o inventário direciona os procedimentos de recuperação florestal a partir do levantamento topográfico da área de exploração para efetuar a comparação entre a planta existente no (RCA) com a realidade da área a ser explorada, obtevese assim a elaboração do inventario fitossociológico comparativo. 15 CAPÍTULO III APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS 3.1 Execução da Jazida J16 Lote 03 da BR 242 – MT Tendo em vista que para a construtora realizar a exploração do material laterítico a área não pode ser deslocada ou ter tamanho superior com a planta préexistente no RCA. A área de bloqueio no DNPM destinada a extração da laterita compreende em 4,683 ha com área útil de extração de 2,437 ha, com volume estimado de 23.153,56 m³,e que posteriormente será feita a recuperação da área degradada conforme previsto nos programas ambientais contidos no PBA e a reposição vegetal de espécimes de acordo com o inventário Fitossociológico. O inventário Fitossociológico identificou 20 espécies florestais na área que serão utilizadas para reposição florestal do PRAD. As espécies são: Protium heptaphylum (Amescla), Vochysia sp.( Cambará), Aspidosperma discolor (Guarantã), Hymenaea sp.( Jatobá), Aspidosperma sp. (Peróba), Dinizia exelsa (Angelim), Octea sp. (Canela), Copaífera sp. (Copaíba), Sclerolobium paniculatum (goiaba de anta), Simarouba versicolor (Pau de Perdiz), Cecropia sp (Embaúba), Apulaeia sp. (Garapeira), Didimopanax morototoni (Mandiocão), Manilkna sp. (Massaranduba), Bowdichia major (Muiracatiara). Com as informações oriundas do RCA ocorreu a conferencia topográfica da área da jazida licenciada J16, utilizando o software GEOFFICE GPS PROFISSIONAL específico para manipulação de dados obtidos através de GPS de navegação, tendo em vista que a localidade e o tamanho da área estavam de acordo com o descrito e apresentado pela construtora, o passo seguinte foi à realização do inventário fitossociológico comparativo. Como havia uma planta da área previamente definida foi realizada a divisão desta em quadriculas e executado o inventário que originou novas fichas dendrológicas e o quantitativo do material lenhoso previsto, objeto de comparação com os dados contidos no RCA, e que ao final não houve divergências. No processo de supressão vegetal, primeiramente observou se havia a presença de germoplasma para resgate ou epífitas para salvamento, como não 16 havia, seguiu o corte manual das árvores observando a seguinte técnica: para a remoção de árvores foi adotado o método convencional de abate com motosserra com abertura de corte em “V” ou invertido. Observou-se ainda o tombamento, evitando a queda em cadeia para atenuar o impacto na vegetação remanescente, posteriormente às arvores com diâmetro igual ou superior a dez centímetros (10 cm) foram seccionadas em formas de toretes e o empilhamento no bordo externo da área de jazida, para cubagem futura. O serviço de limpeza da área foi executado com trator de esteira através do armazenamento do horizonte A do solo, assim como a serrapilheira e demais substratos encontrados, em leiras longitudinais á abertura das cavas de extração. Após o enleiramento do solo orgânico e demais substratos com trator de esteira, inicia a extração da laterita com uso mecânico de escavadeira hidráulica na escavação e caminhões basculante para o transporte. Seguindo as orientações previstas no RCA não houve nenhum tipo de manutenção mecânica de máquinas e equipamentos no local de extração, para evitar a contaminação do solo por derivados de petróleo. O abastecimento fora realizado com equipamento específico obedecendo às normas de segurança e meio ambiente. As cavas foram abertas com profundidade média de 2,5 metros e largura de até 80 metros por uma extensão de 250 metros, conforme previsto no RCA. Ao finalizar a extração do material foi realizada a conformação do solo onde todo o material orgânico reservado nas leiras fora redistribuído uniformemente sobre o subsolo exposto e em seguida realizado uma escarificação para facilitar a absorção de água, incorporação da matéria orgânica ao latossolo, assim facilitando o procedimento de coveamento e favorecer a germinação do banco de sementes contidas no substrato. Como não havia risco de erosão de solo ficou dispensada a implantação de curvas de níveis. A recomposição vegetal da área segue a orientação do PRAD que recomenda: a recomposição florestal deve ser executada na seguinte proporcionalidade. 60% da composição total da área deverão ser reposta por indivíduos pertencentes ao grupo das espécies pioneiras, 30% do grupo das secundárias iniciais, 5% ao grupo das secundárias tardias e 5% ao grupo das climáceas. A densidade de plantio é de 1 individuo para cada 9 m², podendo ser plantados em sistema linear ou em ilhas florestais. 17 Na sequência, realizou-se a marcação e abertura manual das covas efetuada com a utilização de cordas e o balizamento dos espaçamentos 3,0 x 3,0 metros (demais áreas), foram optados por conformações em forma de ilhas de vegetação e seus respectivos conectivos, este ultimo condicionado também às circunstâncias ambientais as quais estavam submetidos os ambientes plantados. As covas foram abertas manualmente, com 30 cm de profundidade, por 30 cm em cada um dos lados de seu perímetro. Quanto ao plantio, o mesmo foi realizado no inicio da estação chuvosa, assim ficou dispensado o uso de hidrogel, as mudas apresentavam excelente estado fitossanitário, vigor e boa formação, com o mínimo de 60 cm de comprimento. A construtora fez a aquisição dos exemplares de viveiro licenciado e credenciado nos devidos órgãos ambientais. No ato do plantio realizara adubação química com a formulação especifica de 04-14-08 + boro, na quantidade de 150g por cova. Portanto se espera que ao longo do período chuvoso as plantadas consigam crescimento superior a 1,2 metros de altura e expansão radicular suficiente para captar agua e nutrientes no período de estiagem subsequente. Todos os procedimentos estudados e citados acima são realizados e necessários para que haja a real amenização dos impactos da área de exploração do material laterítico utilizado no processo de construção de rodovias. O progresso chega com a pavimentação asfaltica, que aumenta o escoamento de produtos produzidos no país, aumentando sua economia, entre outros vários benefícios econômicos, todavia não há como realizar a construção de uma rodovia sem que haja impactos ambientais, pois este é um empreendimento de grande porte e que demanda de uma grande quantidade de solo para a nivelação da rodovia. Portanto, a remoção da cobertura vegetal é necessária para a extração do material laterítico, não somente na área de jazida, mas no acesso e nos pátios de manobras de máquinas e caminhões de transporte. O levantamento florístico foi aprofundado, abrangendo plantas de todos os habitats e em todos os estratos, com objetivo de ser detectar a eventual presença de espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção em conformidade com a legislação vigente. Como é inevitável, a supressão das árvores nativas, o abate seguiu procedimentos e métodos técnicos específicos. A camada de solo orgânica 18 foi organizada com auxílio de tratores de esteira em área protegida de erosão ou enxurradas para que posteriormente fosse utilizada na conformação da jazida. Observa-se ainda que esta preservação de solo orgânico e demais composto vegetativos conserva a microfauna pré-existente no ambiente florestal, assim como a microbiologia do solo. A partir dos dados analisados pode-se verificar que os processos degradativos ao meio ambiente em exploração de jazidas são originários e decorrentes de metodologias que seguem de acordo com as normas previstas na legislação. Com adoção de técnicas e tecnologias de exploração e métodos de recuperação ambiental. O procedimento de extração de solo laterítico estudado possui impacto ambiental reduzido, não ocorrendo presença de passivos e erosões laminares, tão pouco extinção de flora local explorado. 19 CONCLUSÃO A natureza tem capacidade de regeneração, porem nunca um ambiente modificado volta a ser idêntico ao modificado, devido a esse fato é que existem técnicas e normas para que um empreendimento que apresenta modificações consideráveis ao meio ambiente possa reduzir ao máximo tais degradações, estabelecendo meios para que a natureza venha a se recuperar. De acordo com o estudo realizado fica claro que é possível utilizar os bens e serviços fornecidos pelo meio ambiente, causando-lhe o mínimo possível de impactos ou amenizando-os se forem utilizadas as ferramentas corretas. Tais ferramentas fazem parte da Politica Nacional do Meio Ambiente –Lei 6938/81 e do processo de gestão ambiental, que analisa e estudas as técnicas ambientais de acordo com o empreendimento a ser implantado, respeitando a metodologia de exploração proposta no RCA. Assim, diante do estudo realizado constatou-se que da mesma forma que o material laterítico é importante para a construção do empreendimento, o estudo de exploração da jazida e recuperação do ambiente degradado é de fundamental importância para possibilitar o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação ambiental. Desta forma conclui que na exploração da jazida J16, lote 03 da BR 242 – MT, a construtora não negligenciou os termos legais, uma vez que o pesquisador fez a planta topográfica da área demarcada pela construtora, realizou o inventario fitossociológico comparativo e quantificou o material lenhoso oriundo da supressão e obteve os mesmos resultados contidos no RCA. 20 REFERÊNCIAS ALBAGLI, Sarita. Geopolítica da biodiversidade. Brasília:IBAMA,1998. CONAMA- CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA 1986 a 1991. Brasília:IBAMA,1992. DIAS, Bráulio F. de Souza. A implementação da Convenção sobre Diversidade Biológica no Brasil: Desafios e Oportunidades. In: WORKSSHOP BIODIVERSIDADE: PERSPECTIVAS OPORTUNIDADES TECNOLOGICOS. Campinas, 29/04 a 1°/05 de 1996. HALL, Richard H. Organizações, estruturas e processos. Rio de Janeiro:PrenticeHall,1982. IBAMA-INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Coletânea da legislação federal de meio ambiente. Brasília, 1992. IBAMA-INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Agentes sociais, procedimentos e ferramentas. Brasília, 1995. MACHADO, Paulo A. L. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais,1989.