Internacionalização do Setor da Saúde Nacional (a) Mercados em Análise: EUA Autores Cláudia Maria Neves Simões José Carlos Martins Rodrigues Pinho Manuel Herédia Caldeira Cabral Paula Alexandra Veloso da Veiga 2012 Com o Co-financiamento: Com a colaboração de: Internacionalização do Setor da Saúde Nacional nos Mercados de Angola, Brasil, EUA e Alemanha Caderno Suplementar 4 Mercados em análise: EUA Autores Cláudia Maria Neves Simões (Senior Lecturer, Open University Business School/UK & Professora Associada, Universidade do Minho, iMARKE) (coordenadora) José Carlos Martins Rodrigues Pinho (Professor Associado, Universidade do Minho, iMARKE) Manuel Herédia Caldeira Cabral (Professor Auxiliar Universidade do Minho, NIPE) Paula Alexandra Veloso da Veiga (Professora Auxiliar Universidade do Minho, NIMA) A informação contida neste relatório reporta os dados obtidos junto das fontes referenciadas até junho de 2012. Várias dessas fontes são registos online cujos dados e informações evoluem ao longo do tempo e/ou se podem tornar indisponíveis. Assim, a utilização do conteúdo deste trabalho deverá ter em atenção a necessária consulta permanente da fonte para qualquer atualização que venha a ocorrer. Adicionalmente, este trabalho procura ser um documento de consulta e de orientação não substituindo a análise aprofundada da realidade da empresa e seus recursos, bem como, o devido aconselhamento legal quando necessário. ÍNDICE 3.8 | ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ................................................................................... 1 3.8.1 | Caracterização geral ....................................................................................... 1 3.8.1.1 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos ....................................... 3 3.8.1.2 | Abertura ao exterior ................................................................................. 4 3.8.1.3 | Outras informações relevantes .................................................................... 5 3.8.2 | Mercado da saúde: análise dos fatores de crescimento/atratividade da indústria ............. 7 3.8.2.1 | Organização e modo de financiamento dos cuidados da saúde .............................. 7 3.8.2.2 | Despesas da saúde .................................................................................. 13 3.8.2.3 | Regulação dos produtos de saúde ................................................................ 16 3.8.2.4 | Envelhecimento, longevidade e quadro epidemiológico ..................................... 16 3.8.2.5 | Qualidade e custos da mão-de-obra ............................................................. 18 3.8.2.6 | Qualidade das infraestruturas .................................................................... 19 3.8.2.7 | Inovação, I&D e proteção à propriedade intelectual ......................................... 20 3.8.2.8 | Acesso a capital e a financiamento .............................................................. 22 3.8.2.9 | Mercado e marketing ............................................................................... 23 3.8.2 | Biotecnologia como área de destaque ................................................................. 30 3.8.3 | Importações de produtos de saúde ..................................................................... 31 3.8.3 | Decisões de entrada ...................................................................................... 38 3.8.4 | Exportar para os EUA ..................................................................................... 39 3.8.4.1 | Entrar no mercado americano via exportação ................................................. 39 3.8.4.2 | Legislação ............................................................................................ 41 3.8.4.3 | Serviços de importação ............................................................................ 41 3.8.4.4 | Identificação de mercadorias ..................................................................... 41 3.8.4.5 | Classificação dos produtos ........................................................................ 42 3.8.4.6 | Sistema pautal ....................................................................................... 42 3.8.4.7 | Outros impostos e taxas ........................................................................... 43 3.8.4.8 | Procedimentos alfandegários ..................................................................... 44 3.8.4.9 | Acordos de comércio internacional .............................................................. 47 3.8.5 | Investir nos EUA ............................................................................................ 48 3.8.5.1 | Investimento direto estrangeiro .................................................................. 48 3.8.5.2 | Outras formas de envolvimento .................................................................. 48 3.8.5.3 | Regime de investimento ........................................................................... 49 3.8.5.4 | Incentivos ao investimento ........................................................................ 51 3.8.5.5 | Sistema fiscal ........................................................................................ 52 i 3.8.6 | Farmacêutica ............................................................................................... 54 3.8.6.1 | Estrutura e desempenho da indústria farmacêutica .......................................... 55 3.8.6.2 | Consumo e despesas com produtos farmacêuticos ............................................ 58 3.8.6.3 | Regulação dos produtos farmacêuticos ......................................................... 61 3.8.6.4 | Identificação de oportunidades: farmacêutica ................................................ 70 3.8.7 | Dispositivos médicos ...................................................................................... 72 3.8.7.1 | Estrutura e desempenho da indústria ........................................................... 72 3.8.7.2 | Consumo e despesas com os dispositivos médicos ............................................ 76 3.8.7.3 | Análise dos principais segmentos terapêuticos ................................................ 77 3.8.7.4 | Regulação de dispositivos médicos .............................................................. 84 3.8.7.5 | Importações .......................................................................................... 98 3.8.7.6 | Identificação de oportunidades: dispositivos médicos ......................................101 3.8.8 | Medicina personalizada ..................................................................................102 3.8.8.2 | Regulação de produtos de medicina personalizada ..........................................106 3.8.8.3 | Comparticipação ...................................................................................109 3.8.8.4 | Registos eletrónicos de saúde ...................................................................109 3.8.8.5 | Entrada no mercado ...............................................................................110 3.8.8.6 | Identificação de oportunidades: medicina personalizada ..................................112 3.8.9 | Ambient Assisted Living .................................................................................113 3.8.9.1 | Estrutura .............................................................................................113 3.8.9.2 | Identificação de oportunidades: AmbientAssisted Living ...................................115 3.8.10 | Oportunidades e desafios do setor da saúde nos EUA ............................................116 3.8.11 | Referências...............................................................................................120 3.8.12 | Anexo 1 – Método do estudo ..........................................................................130 3.8.13 | Anexo 2 – Lista das posições pautais .................................................................132 ii Índice de quadros Quadro 3.8.1 | Perfil do país – EUA ................................................................................... 2 Quadro 3.8.2 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos ........................................ 3 Quadro 3.8.3 | Evolução da balança comercial e investimento direto ......................................... 4 Quadro 3.8.4 | Indicador doing business (World Bank) ............................................................ 4 Quadro 3.8.5 | Negociar nos EUA ...................................................................................... 5 Quadro 3.8.6 | Sites relevantes ........................................................................................ 6 Quadro 3.8.7 | Principais seguradoras privadas .................................................................... 11 Quadro 3.8.8 | Principais códigos usados pela Medicare ......................................................... 11 Quadro 3.8.9 | Empresas com prestação de serviços de apoio aos processos de pedido de comparticipação ......................................................................................................... 12 Quadro 3.8.10 | Evolução das despesas de saúde ................................................................. 14 Quadro 3.8.11 | Evolução das despesas de saúde (mil milhões de US$) ....................................... 14 Quadro 3.8.12 | Evolução dos indicadores de saúde dos EUA ................................................... 17 Quadro 3.8.13 | Organizações de compras em grupo ............................................................. 27 Quadro 3.8.14 | Taxa de crescimento das importações dos EUA* .............................................. 31 Quadro 3.8.15 | Taxa de crescimento dos 10 principais exportadores de produtos de saúde dos EUA .. 33 Quadro 3.8.16 | Documentos essenciais para exportação para os EUA ........................................ 44 Quadro 3.8.17 | Recomendações da alfândega americana para os exportadores ........................... 45 Quadro 3.8.18 | Relatórios de investimento externo ............................................................. 50 Quadro 3.8.19 | Acordo de dupla tributação Portugal – EUA .................................................... 53 Quadro 3.8.20 | Produção e importação da indústria farmacêutica (2010) ................................... 54 Quadro 3.8.21 | Área de atuação das principais empresas farmacêuticas americanas ..................... 57 Quadro 3.8.22 | Despesas por classe terapêutica (mil milhões $US) ........................................... 61 Quadro 3.8.23 | Importações totais dos EUA de produtos farmacêuticos (2011) ............................ 68 Quadro 3.8.24 | Exportações portuguesas de produtos farmacêuticos para os EUA......................... 70 Quadro 3.8.25 | Número de trabalhadores e valor da produção (2010) ....................................... 73 Quadro 3.8.26 | Associações do setor de dispositivos médicos ................................................. 74 Quadro 3.8.27 | Índice de competitividade......................................................................... 75 Quadro 3.8.28 | Drivers, riscos e indústria: cardiovascular ...................................................... 77 Quadro 3.8.29 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$) ..................................... 78 Quadro 3.8.30 | Drivers, riscos e indústria: ortopédico .......................................................... 78 Quadro 3.8.31 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$) ..................................... 79 Quadro 3.8.32 | Top 10 centros ortopédicos ....................................................................... 79 Quadro 3.8.33 | Drivers, riscos e indústria: imagiologia ......................................................... 80 Quadro 3.8.34 | Drivers, riscos e indústria: diagnóstico ......................................................... 80 Quadro 3.8.35 | Evolução dos segmentos reagentes e consumíveis e instrumentos e imagens (US$ mil milhões) ................................................................................................................... 81 Quadro 3.8.36 | Evolução de subsegmentos ........................................................................ 81 iii Quadro 3.8.37 | Drivers, riscos e indústria: equipamento de reabilitação .................................... 82 Quadro 3.8.38 | Drivers, riscos e indústria: dentária ............................................................. 83 Quadro 3.8.39 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$) ..................................... 83 Quadro 3.8.40 | Principais documentos legislativos............................................................... 85 Quadro 3.8.41 | Comparação dos processos PMN e PMA ......................................................... 90 Quadro 3.8.42 | Código das especialidades e Code of Federal Regulations (CFR) ........................... 95 Quadro 3.8.43 | Importações totais dos EUA de dispositivos médicos ......................................... 99 Quadro 3.8.44 | Exportações portuguesas de dispositivos médicos para os EUA ............................100 Quadro 3.8.45 | Valor de mercado de medicina personalizada (US$ mil milhões) .........................102 Quadro 3.8.46 | Núcleo: dispositivos médicos e farmacêuticos ................................................103 Quadro 3.8.47 | Principais empresas do setor de medicina personalizada nos EUA ........................103 Quadro 3.8.48 | Valor de mercado ..................................................................................104 Quadro 3.8.49 | Cuidados personalizaos(Telemedicina, TICs e serviços de gestão da doença) ..........104 Quadro 3.8.50 | 10 maiores empresas americanas (e mundiais) de software de saúde ...................105 Quadro 3.8.51 | Empresas de Ambient Assisted Living ..........................................................113 iv Índice de figuras Figura 3.8.1 | Sistemas de comparticipação ........................................................................ 10 Figura 3.8.2 | Cronograma da reforma .............................................................................. 13 Figura 3.8.3 | Custos da indústria de biotecnologia - mercados maduros (EUA=100) ....................... 30 Figura 3.8.4 | Importações dos EUA de produtos de saúde (milhares de EUR) ............................... 31 Figura 3.8.5 | Proporção das importações de produtos farmacêuticos e de dispositivos médicos no total das importações dos EUA ............................................................................................... 32 Figura 3.8.6 | Evolução da quota de mercado dos 10 principais exportadores para o mercado dos EUA de produtos de saúde ................................................................................................... 33 Figura 3.8.7 | Quota de mercado da Irlanda nas importações americanas de produtos de saúde ........ 34 Figura 3.8.8 | Quota de mercado da Alemanha nas importações americanas de produtos de saúde .... 34 Figura 3.8.9 | Quota de mercado de Israel nas importações dos EUA de produtos de saúde .............. 35 Figura 3.8.10 | Quota de mercado da China nas importações dos EUA de produtos de saúde ............ 36 Figura 3.8.11 | Quota de mercado do Reino Unido e França nas importações dos EUA de produtos de saúde ....................................................................................................................... 36 Figura 3.8.12 | Quota de mercado do Japão nas importações dos EUA de produtos de saúde ............ 37 Figura 3.8.13 | Quota de mercado de Portugal nas importações dos EUA de produtos de saúde ......... 37 Figura 3.8.14 | Custos farmacêutica - mercados maduros (EUA=100) ......................................... 57 Figura 3.8.15| Despesas com medicamentos (mil milhões $US) ................................................ 58 Figura 3.8.16 | Valor de vendas de medicamentos sujeitos a receita médica ............................... 59 Figura 3.8.17 | Etapas de procedimentos de entrada no mercado (medicamentos inovadores) .......... 62 Figura 3.8.18 | Ensaios clínicos ....................................................................................... 63 Figura 3.8.19 | Custo dos ensaios clínicos - mercados maduros (EUA=100) ................................... 63 Figura 3.8.20 | Medicamentos importados por grupo terapêutico .............................................. 69 Figura 3.8.21 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado dos EUA de produtos farmacêuticos (2011) ................................................................................................... 69 Figura 3.8.22 | Custos de produção de dispositivos médicos - mercados maduros (EU=100) .............. 75 Figura 3.8.23 | Despesas com equipamento médico (vendas a retalho) ....................................... 76 Figura 3.8.24 | Processo para autorização de entrada ........................................................... 89 Figura 3.8.25 | Fluxograma dos procedimentos de importação pelos EUA .................................... 96 Figura 3.8.26 | Quota de mercado dos maiores exportadores para os EUA de dispositivos médicos (2011) .............................................................................................................................. 98 Figura 3.8.27 | Peso das exportações portuguesas nas importações americanas de dispositivos médicos .............................................................................................................................100 Figura 3.8.28 | Oportunidades e desafios no setor da saúde – EUA ...........................................116 v vi INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8 | Estados Unidos da América Este documento apresenta o trabalho realizado no âmbito do estudo sobre a internacionalização do setor da saúde nacional (ver método do estudo no Anexo 1). O trabalho foi contratado pela AICEP à Universidade do Minho e teve na génese da sua definição a colaboração entre a AICEP e o Health Cluster Portugal como parceiros no desenvolvimento do setor da saúde. Em particular, são aqui espelhadas informações e reflexões sobre o mercado da saúde americano. 3.8.1 | Caracterização geral Os EUA são o 4º maior país do mundo em termos de área (de 9.161.923 km²). A extensão do mercado e a forte autonomia dos Estados tornam este país num mercado constituído por vários mercados, com diferentes características na especialização e organização industrial, na distribuição e no consumo. Nas últimas décadas, os EUA têm sido a maior economia mundial. Em 2010, o PIB ascendeu a $US14,5 triliões. A atividade económica é ampla e diversificada, sendo o país líder mundial em diversos setores, dos quais se destacam o da saúde. O Quadro 3.8.1 apresenta as características gerais e geopolíticas do país. 1 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Quadro 3.8.1 | Perfil do país – EUA População: 314 milhões de habitantes (Estimativa, Setembro de 2012). A população está concentrada no litoral. A California é o Estado mais populoso concentrando cerca de 12% da população. Segue-se o Texas com 8,1%, New York e Florida com cerca de 6% cada (dados de 2011). Densidade populacional: 33,8 habitantes por km². Em várias regiões do país, a densidade populacional é muito baixa. O Distrito de Columbia, os Estados de New Jersey, Rhode Island e Massachusetts são os que registam maior concentração populacional. O Alaska, por outro lado, é o Estado com menor densidade populacional (dados de 2011). Taxa de urbanização: 80% (dados de 2011). Capital: Washington, D.C. (601,723 hab.). Área metropolitana (4,4 milhões) (dados de 2011) Outras cidades importantes: New York (19 milhões hab.), Los Angeles (12,9 milhões hab.), Chicago (9,5 milhões hab.), Houston (5,9 milhões hab.), Philadelphia (5,6 milhões hab.), Dallas (6,4 milhões hab.), Detroit (4,3 milhões hab.), Atlanta (5,4 milhões) e Miami (5,7 milhões hab.) (dados de 2011) Língua: Os EUA não têm língua oficial federal. O inglês é a língua predominante. O Espanhol é uma língua comum em algumas regiões do país. Organização Política: Os EUA são um Estado Federal, com 50 Estados, um Distrito Federal e 14 dependências territoriais. Cada Estado tem a sua própria Constituição e considerável autonomia legislativa e administrativa. O poder executivo é exercido pelo presidente e os seus ministros (normalmente designados secretários). O regime partidário é pluripartidário, apesar de na prática ser praticamente bipartidário. O país goza de estabilidade política, jurídica e social. Unidade monetária: Dólar dos EUA (US$) Ambiente de negócios: Taxa de câmbio (junho de 2012): - Ranking geral:9 (entre 82 países) I EUR=US$1,4491 - Ranking em negócios: índice 8,09 (10 = máximo) - Risco de crédito (risco menor = 1; risco maior = 7): 1 Risco do País (AAA = risco menor; D = risco maior): [O país é considerado um dos melhores países para realizar negócios e investimentos por vários rankings disponíveis] - Risco político: AA Importações/exportações - Risco estrutura económica: A - Exportações + Importações/PIB (2008-2010) = 27,8% - Importações/PIB (2010) = 13,4% - Importações/Importações mundiais (2010) = 12,7% 2 Fontes: OMC 2012, statistics database online ; AICEP Global, 2012a; US Census Bureau3; US Census Bureau Population Division4. 1 http://pt.exchange-rates.org/HistoricalRates/A/EUR/30-6-2011 [último acesso: junho 2012] http://stat.wto.org [último acesso: junho 2012] 3 http://www.census.gov/popest/data/metro/totals/2011/index.html [último acesso: junho 2012] 4 http://www.census.gov/popest/data/index.html [último acesso: junho 2012] 2 2 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.1.1 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos O Quadro 3.8.2 apresenta a evolução recente e a prevista para os principais indicadores macroeconómicos. Após a crise de 2008, o país regressou ao crescimento económico, embora a um ritmo moderado. A atividade económica ainda se ressente da crise; em particular a taxa de desemprego continua elevada (com tendência decrescente). Espera-se que o crescimento económico continue fraco nos próximos anos e, principalmente, muito dependente da evolução das economias da União Europeia (UE) (FMI, 2012). Espera-se, igualmente, que a moeda se aprecie face ao Euro, o que poderá contribuir para diminuir a competitividade internacional do país e aumentar o seu volume de importações. Quadro 3.8.2 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos Indicador População Unidade Milhões 12 2009 2010 2011 2012 2013 2017 307a 310,2 313,1 316,2 319,2 330,2 PIB a preços de mercado 10 US$ 13,9a 14,5 15,6 15,8 16,5 19,7 PIB per capita 103 US$ 45,4 46,9 48,3 49.6 51,8 59,7 Crescimento real PIB % -3,5 3,0 1,7 2,1 2,4 3,5 Dívida pública (bruta) % do PIB 85,2 98,5 102,9 106,6 110,2 112,9 Taxa de inflação % -0,3 1,6 3,1 2,1 1,9 2,0 Taxa de desemprego % 9,3 9,6 8,9 8,2 7,9 5.8 % do PIB -2,7 -3,2 -3,1 -3,2 -3,1 -3.5 1EUR=xUS$ 1,39 1,33 1,39 1,31 1,29 1,27 Balança corrente Taxa de câmbio a) Fontes: FMI 2012; (a) The Economist Intelligence Unit EIU / ViewsWire May 22nd 2012 in AICEP, 2012; The Economist Intelligence Unit in AICEP 2012a, FMI World Economic outlook database, online5. Importante Regime cambial: o dólar americano é a principal moeda conversível no mercado mundial. Os EUA têm um regime de câmbios flutuantes, sem restrições ou controles cambiais. Nos últimos anos, a moeda tem vindo a valorizar-se, relativamente ao Euro facilitando o crescimento das exportações europeias para os EUA. De acordo com o inquérito realizado em 2004 pela Eurochambres & US Chamber of Commerce a flutuação da taxa de câmbio era percecionada, pelas empresas europeias, como o principal obstáculo às relações comerciais com os EUA (US Chamber of Commerce, 2004). A potencial instabilidade cambial é um dos aspetos a ter em conta pelas empresas, que desejem internacionalizar-se para os EUA. 5 http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2012/01/weodata/index.aspx [último acesso: junho 2012] 3 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.1.2 | Abertura ao exterior Os EUA são o segundo maior exportador mundial e o principal importador. O comércio dos EUA com o exterior é responsável por cerca de 12,7% das importações mundiais, sendo o fornecimento do mercado interno, em larga medida, assegurado pelo comércio externo. O grau de abertura do país atingiu cerca de 27,8% no período entre 2008-2010. O país é, ainda, o principal investidor estrangeiro no mundo e o primeiro a atrair investimento externo. O Quadro 3.8.3 resume a evolução de alguns indicadores relativos à balança comercial e ao investimento direto. Quadro 3.8.3 | Evolução da balança comercial e investimento direto 2007 2008 2009 2010 2011a 6 Balança Comercial de Mercadorias (10 USD) (a) Exportação fob 1.148,2 1.287,4 1.056,0 1.278,1 1.480,4 Importação fob 2.020,4 2.169,5 1.605,3 1.968,1 2.266,0 Saldo -872,2 -882,1 -549,3 -690,0 -784,0 3ª 3ª 3ª 2ª 2º 1ª 1ª 1ª 1ª 1 Investimento Estrangeiro nos EUA 216,0 306,4 152,9 222,8 210,7 Investimento dos EUA no Estrangeiro 393,5 308,3 282,7 328,9 383,8 Como recetor 1ª 1ª 1ª 1ª 1ª Como emissor 1ª 1ª 1ª 1ª 1ª Posição no ranking comercial Como exportador Como importador 3 Investimento Direto (10 USD) (b) Posição no ranking mundial Fontes: (a) OMC 2012, statistics database online; (b) Unctad 2011, Unctad 2012. Os EUA são o 4º melhor país do mundo para negócios de acordo com o ranking do Banco Mundial. Apesar de relativamente pouco competitivo no aspeto fiscal, o país goza de um ambiente geral de negócios propício ao investimento. Outros indicadores especificados no Quadro 3.8.4 mostram o ambiente favorável aos negócios. Quadro 3.8.4 | Indicador doing business (World Bank) Critérios Ranking Critérios Ranking Clima geral de negócios 4 Proteção dos investimentos 6 Iniciar um negócio 13 Coeficiente fiscal 69 Autorização para construção de infraestruturas 17 Comércio internacional 22 Registo de propriedade 25 Enforcement de contratos 6 Obtenção de crédito 4 Encerramento de um negócio 16 Fonte: World Bank 2012. 4 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA As relações comerciais de Portugal com os EUA são antigas. No entanto, nos últimos anos, têm perdido a importância. Atualmente, os EUA são o 8º cliente de Portugal e o 12º fornecedor (INE in AICEP, 2012a). Por seu lado, em 2011 Portugal foi o 77º cliente dos EUA (0,1% do total exportado pelos EUA) e 64º fornecedor (0,1% total do total importado) pelos EUA (WTA in AICEP, 2012a). Em termos de investimento, os EUA são o 10º investidor mais relevante e o 6º principal destino do investimento (AICEP, 2012a). 3.8.1.3 | Outras informações relevantes Os Quadros 3.8.5 e 3.8.6 apresentam informação relevante relativamente aos EUA. Quadro 3.8.5 | Negociar nos EUA Etiqueta de negócio Em geral, os americanos são informais (HLB, 2009). Normalmente as pessoas tratamse pelo nome próprio. A competência, o profissionalismo e o sentido de responsabilidade são atributos valorados no mundo dos negócios. A pontualidade e o cumprimento de prazos são igualmente apreciados. Contacto físico e troca de presentes são pouco usuais (Communicaid, 2009). As reuniões tendem a decorrer em ambientes informais. Os horários de trabalho são normalmente entre as 8 a.m. - 9 a.m. às 5 p.m. (17:00) - 6 p.m. (18:00), sem interrupções. A maioria dos americanos janta perto das 7 p.m. (19:00).6 Mais Informações úteis sobre o mercado podem ser encontradas em AICEP Portugal Global (2002) EUA-Ficha de Mercado (Maio 2012), Disponível no site da AICEPPortugal Global.7 Viajar para os EUA A TAP (Transportes Aéreos Portugueses disponibiliza voos diretos entre Lisboa e New York -Newark (com 7 ligações semanais no Verão e 5 ligações semanais no Inverno) e entre Porto e New York-Newark (3 ligações semanais no verão e 2 no inverno). Desde 2011 é possível voar desde Lisboa para Miami através da TAP, num total de 5 voos semanais. A SATA (companhia aérea açoriana) disponibiliza várias soluções de viagem (voos diretos e/ou com escala) com partida de aeroportos de Portugal continental e Ilhas e com destino a vários estados americanos. Documentos e informação necessária para viajar ou emigrar para os EUA Recomenda-se a consulta do site do US Citizenship and Immigration Services: http://www.uscis.gov/portal/site/uscis [último acesso: junho 2012] 6 http://www.globalsmes.org/news/index.php?func=detail&detailid=416&catalog=22&lan=en&search_keywords= [último acesso: junho 2012] 7 http://www.Portugalglobal.pt/PT/Biblioteca/Paginas/Detalhe.aspx?documentId=b5d8c71a-6412-4f2a-830d-10cb6d70f05d [último acesso: junho 2012] 5 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Quadro 3.8.6 | Sites relevantes Tipo de informação Sites/documentos de interesse Informações gerais legais e económicas sobre o mercado AICEP Portugal Global http://www.Portugalglobal.pt/ Dados estatísticos do mercado US Census Bureau http://www.census.gov/ US Bureau of Labor Statistics (BLS) http://www.bls.gov/ National Center for Health Statistics http://www.cdc.gov/nchs/ The World Bank http://data.worldbank.org/indicator Organismos públicos/ Agências governamentais US Department of Labor http://www.dol.gov/ US International Trade Commission (USITC) http://www.usitc.gov/ US Trade Online http://www.usatradeonline.gov/ US Department of Commerce http://www.commerce.gov/ US Department of Health & Human Services (HHS) http://www.hhs.gov/ US Food Drug Administration: http://www.fda.gov US Patent Trademark Office: http://www.uspto.gov/ US Economic Development Administration (EDA):http://www.eda.gov/Resources/StateEconomicDevelopment.xml US Government’s Official Web Portal: http://www.usa.gov/ American Law Sources On-Line: http://www.lawsource.com/also/usa.cgi?us1 American National Standards Institute (ANSI): http://www.ansi.org/ Federal Regulations: http://www.regulations.gov/#!home Federal Reserve Bank of New York: http://www.newyorkfed.org/index.html Federal Trade Commission: http://www.ftc.gov/ogc/stat2.shtm Foreign Trade Division: http://www.census.gov/foreign-trade/ International Trade Administration (ITA): http://www.ita.doc.gov/ Organization of American States (OAS): http://www.oas.org/en/default.asp Public and Private Laws: http://www.gpoaccess.gov/plaws/index.html Outros sites AICEP New York - email: [email protected] AICEP S. Francisco - email: [email protected] Embaixada Portuguesa nos EUA: http://www.embassyPortugal-us.org/ Embaixada EUA em Lisboa: http://www.american-embassy.pt Câmara de Comércio Americana Em Portugal: http://amcham.org.pt Há 7 consulados portugueses nos EUA. http://www.secomunidades.pt/web/guest/PostosConsulares [último acesso: junho 2012] 6 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.2 | Mercado da saúde: análise dos fatores de crescimento/atratividade da indústria Organização e modo de financiamento dos cuidados de saúde Despesas da saúde Mercado e marketing Envelhecimento, longevidade e quadro epidemiológico Sector da Saúde EUA Acesso ao capital e financiamento Inovação, I&D e protecção à propriedade intelectual Qualidade e custo de mãode-obra e infraestruturas 3.8.2.1 | Organização e modo de financiamento dos cuidados da saúde i | Seguros e organização dos cuidados de saúde De um modo geral, o acesso aos cuidados de saúde nos EUA deriva da capacidade de pagar, sendo a intervenção estatal reduzida, quando comparada com os países europeus. A provisão dos cuidados de saúde está associada ao financiamento sendo igualmente essencialmente privado. O sistema é caro, complexo e com o envolvimento de muitos players. Em consequência, estima-se que cerca de 50 milhões de americanos não possua qualquer tipo de proteção em termos de acesso aos cuidados de saúde. A situação deverá alterar-se até 2014, com a implementação da reforma de saúde recentemente aprovada. Em termos de programas públicos, destacam-se a Medicaid, a Medicare e a Children’s Health Insurance Program (SCHIP). A Medicaid é o maior programa público de seguros de saúde. Destina-se a americanos de baixo rendimento, nomeadamente crianças e grupos mais desprotegidos da população. Cobre cerca de 52 milhões de americanos. As despesas da Medicaid representam aproximadamente 15% do total de despesas de saúde (CMS, online). As decisões de funcionamento e financiamento da Medicaid têm grande impacto no mercado, pelo que os investidores devem estar atentos à sua evolução. Para mais informações recomenda-se a consulta do site da Medicaid em: http://www.medicaid.gov/ [último acesso: junho 2012] A Medicare é o programa federal que providencia cobertura de saúde a pessoas com idade igual ou superior a 65 anos e adultos portadores de deficiências permanentes, servindo mais de 41 milhões de 7 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA americanos. Durante toda a sua vida ativa as pessoas contribuem para o Medicare como forma de garantir a sua elegibilidade para o programa ao perfazerem os 65 anos. As despesas da Medicare representam cerca de 20% do total das despesas com a saúde (CMMS, online). Em 2011, cerca de 90% dos beneficiários da Medicare usufruíam de cobertura abrangente de medicamentos (PhRma, 2011). Para mais informações sobre o funcionamento do sistema consultar o site da Medicare em: http://www.medicare.gov [último acesso: junho 2012] As Accountable Care Organizations (ACO) são um novo modelo de prestação de cuidados de saúde para utentes da Medicare. São grupos de médicos, hospitais e outros profissionais de saúde, que se juntam para dar atendimento a pacientes do Medicare. Há vários modelos de organização das ACO mas todos devem incluir médicos de cuidados primários e de especialidade e, no mínimo, um hospital. Cada ACO tem de servir, pelo menos, 5 mil beneficiários e concordar em participar no “Programa de Poupança Compartilhada” durante um período mínimo de três anos. Os incentivos são simples: se o ACO reduzir os custos dos cuidados recebe uma parte da poupança conseguida. O SCHIP dá proteção e cuidados de saúde a crianças, não abrangidas pelo Medicaid. Para mais informações consultar o site do SCHIP em: http://www.medicaid.gov/Medicaid-CHIP-Program-Information/By-Topics/Childrens-Health-InsuranceProgram-CHIP/Childrens-Health-Insurance-Program-CHIP.html [último acesso: junho 2012] Os seguros privados têm diferentes formas de financiamento e de organização dos cuidados, que diferem na liberdade de escolha e nos custos: (i) Indemnity plans; (ii) Health Maintenance Organizations (HMO); (iii) Preferred Provider Organizations (PPO); (iv) Point of Service (POS). Os Indemnity Plans são as organizações de seguros que oferecem mais liberdade de escolha, mas tendem a ser mais caros. As HMO são organizações integradas de cuidados de saúde e financiamento, cujos planos oferecem um conjunto de benefícios pré-definidos, por um valor mensal. O HMO tem uma rede de fornecedores, que limita a escolha dos segurados. As PPOs são combinações dos indemnity plans e da HMO. Têm uma lista de fornecedores preferenciais mas comparticipam com uma comparticipação inferior cuidados com fornecedores não incluídos na rede. Os POS são planos de saúde que procuram conciliar a liberdade de escolha com menores custos. Diferem dos PPOs porque os segurados devem escolher um médico dos cuidados primários de uma lista previamente acordada. O médico escolhido é o point of service que pode referenciar para cuidados especializados fora da rede. 8 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA ii | Comparticipação A comparticipação nas despesas pelos seguros privados e públicos são um dos principais determinantes do sucesso dos produtos de saúde no mercado americano. Em consequência não compreender o(s) mecanismo(s) de comparticipação (via reembolso) nos EUA pode inviabilizar o sucesso comercial de qualquer produto de saúde. A dimensão e importância do mercado americano, tornam as decisões de a comparticipação, um fator crítico para a viabilidade das empresas, mesmo noutros mercados (US Department of Commerce, 2010). No âmbito do Medicaid e da Medicare, os Centers for Medicare and Medicaid Services (CMS) e o Department of Health and Human Services administram o reembolso de produtos e serviços de saúde. As decisões são separadas das decisões da autorização de comercialização tomadas pela FDA, mas o CMS tende a não comparticipar produtos de saúde que não estejam aprovados pela FDA. Por outro lado, a aprovação pela FDA não garante uma decisão positiva na comparticipação, ou determina o seu nível. A Medicare tem um processo e critérios para determinar a comparticipação dos produtos e serviços. A decisão relativa à comparticipação pondera sobretudo a segurança e eficácia dos produtos/serviços. O processo é feito ao nível nacional e/ou local. As decisões de comparticipação a nível nacional vinculam os agentes contratados locais. No entanto, a maioria (90%) das decisões de comparticipação são deixadas à discrição dos agentes locais (Phurrough, 2006). O manual de procedimentos para a decisão de comparticipação nacional está disponível no site da CMS no seguinte endereço: http://www.cms.hhs.gov/Manuals/IOM/list.asp A lista dos produtos com cobertura nacional pode ser acedida no site da CMS em: http://www.cms.gov/medicare-coverage-database/overview-and-quick-search.aspx [último acesso: junho 2012] O sistema de comparticipação distingue o reembolso de cuidados hospitalares, do sistema de reembolso de cuidados de ambulatório. Os sistemas de comparticipação consideram, ainda, a prescrição feita por médicos privados (Part D-Drug Benefits do Medicare) e de equipamento médico duradouro (Title XIX da Medicaid). A Figura 3.8.1 resume o enquadramento de cada tipo de reembolso/comparticipação. 9 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Figura 3.8.1 | Sistemas de comparticipação Cuidados hospitalares Pagamentos prospetivos baseados nos “Grupos Homogéneos de Diagnóstico (GHDs)” Possibilidade de pagamento adicional para tecnologias inovadoras, no mercado há menos de dois anos, com custos superiores ao previsto no GDH (baseado no ICD-9). Cobertura limitada para produtos off-label GDHs são baseados no tratamento: - se o produto não é reembolsável individualmente não afeta o reembolso; - se o procedimento se resume ao uso de um produto sem comparticipação, todo o pagamento do ato de tratamento pode ser colocado em causa Cuidados de ambulatório Pagamentos baseados no sistema de código Ambulatory Payment Classification (APC) associados aos CPT ou aos HCPS. Possibilidade de pagamento suplementar de novas tecnologias, caso o seu custo não seja insignificante relativamente ao valor total pago pelo procedimento. Para um dispositivo qualificar-se ao pagamento adicional deve estar classificado pela CMS como nova tecnologia ou poder candidatar-se a essa categoria. Outros requisitos incluem: estar registado no FDA (se aplicável) e ser considerado necessário ao tratamento. Prescrição de médicos privados (Part D Drug Benefits do Medicare) Lista positiva de medicamentos comparticipados Equipamento médico duradouro (DME): (Title XIX da Medicaid) Dispositivos médicos (não consumíveis) usados em tratamentos médicos domiciliários comparticipados pela Medicare (e/ou por seguros privados) Preços negociados entre o CMS e os produtores Está em curso a transição do pagamento feito de acordo com uma tabela de preços, para um sistema de licitação Os seguros privados não são obrigados a seguir as decisões do CMS mas, em geral, não tomam decisões muito diferentes. Os seguros privados tendem, no entanto, a comparticipar um maior número de produtos e a ajustar mais rapidamente os níveis de reembolso. Como há muitas seguradoras privadas, o processo de tentar obter a comparticipação do maior número de seguros possíveis, pode ser dispendioso e lento. O Quadro 3.8.7 algumas das seguradoras privadas mais relevantes e o respetivo site. 10 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.7 | Principais seguradoras privadas Nome da empresa | site Nome da empresa | site Aetna http://www.aetna.com/ Humana http://www.humana.com Beechstreet http://www.beechstreet.com Kaiser Permanente http://www.kaiserpermanente.org Blue Cross Blue Shield http://www.bluecares.com PacifiCare Health Systems http://www.pacificare.com Cigna http://www.cigna.com United Healthcare Group http://www.uhc.com Coventry Health Care http://www.coventryhealthcare.com Well Point Health Networks http://www.wellpoint.com HealthSmart Preferred Care http://www.healthsmart.net [último acesso: junho 2012] Comparticipação de novos produtos As empresas com produtos ou serviços novos podem pedir comparticipação com cobertura estadual ou nacional. No caso de pedirem a comparticipação nacional e esta for rejeitada, não é possível obter a comparticipação ao nível dos Estados. Tal justifica a preferência, da maioria das empresas, por uma abordagem gradual, procurando inicialmente a comparticipação ao nível dos Estados. Para os pedidos de comparticipação, as empresas devem definir uma estratégia de mercado e de comunicação fortes (Gold, 2003). O pedido de inclusão do produto na lista de comparticipações deve ser acompanhado de um processo contendo informação relevante, nomeadamente: (i) informações sobre o produto; (ii) estudos académicos e citações; (iii) evidência do suporte da comunidade médica; (iv) dossiê clínico do produto; (v) avaliação económica do produto; (vi) preço do produto. Um dos aspetos mais importantes no processo de reembolso é a determinação do código que identifica os produtos e procedimentos. Novos produtos requerem novos códigos. Sem codificação (apropriada) não há lugar a reembolso. Os sistemas de códigos mais usados pela Medicare são apresentados no Quadro 3.8.8. Quadro 3.8.8 | Principais códigos usados pela Medicare Código Descrição ICD-9-CM ® ( em transição para IOC-10) Sistema de classificação internacional para diagnósticos e procedimentos. Estes códigos são raramente usados para descrever medicamentos ou dispositivos CPT ®- “current procedure terminology”(CPT®) Código que identifica serviços médicos e procedimentos. Códigos desenvolvidos pela American Medical Association (AMA) HCPCS Desenvolvidos pela CMS para identificar, produtos serviços e procedimentos que não estão identificados no CPT. 11 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Para solicitar um novo código, deve-se contatar a American Medical Association (AMA) ou o CMS. A indústria de dispositivos refere a demora na atribuição de códigos, podendo o processo de aprovação alongar-se entre um a três anos. A posição da indústria relativamente ao processo pode ser consultada em: http://www.medicaldevices.org/issues/Reimbursement O CMS publica documentos com informações e orientações para pedidos de comparticipação no âmbito dos seguros públicos. Mais informações podem ser acedidas em: http://www.cms.gov/Medicare/Coverage/MedicareCoverageGuideDocs/index.html [último acesso: junho 2012] Importante A complexidade dos sistemas de reembolso/comparticipação reforça a importância de parcerias com empresas americanas para entrada no mercado. No caso de ser a própria empresa a pedir comparticipação, deve considerar recorrer a serviços externos. Existe um considerável número de empresas nos EUA dedicadas a ajudar as empresas com aspetos relacionados com os processos de comparticipação. As empresas são facilmente encontradas na internet. Referem-se no Quadro 3.8.9 algumas dessas empresas. Quadro 3.8.9 | Empresas com prestação de serviços de apoio aos processos de pedido de comparticipação Nome da empresa | site Nome da empresa | site AlvaMed: LL: http: www.alvamed.com TheJGS Group: http://www.jgsgroup.com Boston Healthcare: http://www.bostonhealthcare.com BioMedicalStrategies: http://www.biomedicalstrategies.com B&D Consulting: http://www.bakerdconsulting.com JR Associates: http://www.1jra.com Regulatory&Clinical Research Institue: http://www.rcri-inc.com/index.php Reimbursement Principles: http://www.reimbursementprinciples.com Strategic Reimbursement Consulting: http://www..strategicreimbursement.com 12 [último acesso: junho 2012] INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA iii | Reforma da saúde A reforma da saúde nos EUA aprovada em 2011 está a criar um elevado grau de incerteza no setor, em particular para as empresas farmacêuticas e de dispositivos médicos. O objetivo principal da reforma é o de reduzir o número de indivíduos sem seguro (de 19% de todos os residentes em 2010 para 8% em 2016). A nova lei deverá, até 2019, estender a cobertura do seguro de saúde a cerca de 32 milhões de americanos atualmente não segurados. Este aumento do número de segurados levará a um aumento significativo do mercado da saúde. No entanto, o impacto final no setor é incerto: se por um lado a reforma aumenta as oportunidades no mercado, por outro lado penaliza as empresas em termos de aumento de taxas e impostos, dificulta os reembolsos e aumenta os requisitos para entrada e permanência no mercado. A Figura 3.8.2 representa os principais marcos da reforma, que se estende até a 2020. Figura 3.8.2 | Cronograma da reforma 2010 2011 •Reforma dos •Taxa aos seguros produtores •Aumentar os descontos da Medicaid •Medicaire Part D donut hole começa a ser aliviada •Criação do Patient-Centered Outcomes Research Institute 2013 2014 •Aumento da •Expansão da comparticipação Medicaid para a Medicare (+ •"Obrigação 0.9%) individual" e •Imposto de 3.8% subsídios no rendimento do •"Obrigação do investimento empregador" •Eliminação da dedução para os subsídios Medicare Part D •Imposto sobre os dispositivos médicos 2018 •40% de impostos nos planos de saúde caros 2020 •Fim de Medicare Part D Fonte: Adaptado de Ernst & Young 2010. 3.8.2.2 | Despesas da saúde O mercado dos cuidados de saúde nos EUA é o maior mercado de saúde o mundo. As despesas da saúde ascenderam, em 2010, a $US 2,6 triliões, representando cerca de 18% da riqueza criada no país. As despesas per capita ascendem a $US 8,402 (Quadro 3.8.10). O Office of the Actuary no CMS (CMS, 2012) estima que, em entre 2015 e 2020 a despesa deverá crescer anualmente cerca de 6,2% e que em 2020 as despesas com a saúde ascenderão a mais de $4,6 triliões, atingindo os 19.8% do PIB (CMS, 2012). As despesas públicas com programas públicos de saúde representam atualmente cerca de 40% das despesas de saúde. Incluindo o envolvimento do Governo Federal e dos estados, no financiamento de seguros para grupos especiais (veteranos, nativos) e nos programas de saúde pública, estima-se que o envolvimento do estado, no financiamento da saúde, ultrapassou os 48% da despesa da saúde em 2010 (OCDE Health Data 2012, online8). Espera-se ainda que o peso do Estado no financiamento continue a crescer, em particular pelo aumento de indivíduos abrangidos pela Medicare. 8 http://www.oecd.org/health/healthpoliciesanddata/oecdhealthdata2012.htm [último acesso: junho 2012] 13 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Quadro 3.8.10 | Evolução das despesas de saúde 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2020 Despesa total (mil milhões de US$) 2,496 2,594 2,695 2,809 2,916 3,130 3,308 4,781 Despesa total da saúde (% do PIB) 17,9 17,9 17,9 17,9 17,8 18,2 18,2 18,2 Despesa per capita 8,149 8,402 8,661 8,953 8,214 9,808 10,272 13,346 Despesas diretas das famílias (% do total) 12,0 11,8 11,5 11,4 11,2 10,2 10 9,6 Despesas com seguros públicos (% do total) 38,9 39,5 40,3 40,4 40,7 42,1 42,2 43,3 Fonte: CMS 2012. A tendência de crescimento das despesas de saúde está fortemente associada à rápida adoção de tecnologia e à sofisticação dos cuidados. A literatura sugere que a tecnologia é um dos principais drivers dos custos de saúde (Newhouse, 1977 e 1992; Okunade & Murthy 2002). O Quadro 3.8.11 detalha a evolução das despesas de saúde, por tipo de despesa. Os hospitais são os principais responsáveis pela despesa de saúde; representando cerca de 31,4% da despesa total em 2010. As despesas hospitalares, por dia de internamento, são aproximadamente US$1100, quase seis vezes mais do que na Alemanha ou na França (OMS in PwC, 2011). Quadro 3.8.11 | Evolução das despesas de saúde (mil milhões de US$) 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2020 Despesas hospitalares 776,1 814,0 848,9 884,7 920,7 982,7 1.083,3 1.495,7 Serviços profissionais 671,2 688,6 708,0 735,4 745,9 805,6 849,9 1.229,1 Medicamentos sujeitos a receita médica 256,1 259,1 269,2 277,1 283,7 308,7 327,3 483,2 Outros produtos médicos (retalho) 78,8 82,5 85,8 90,3 93,7 101,7 107,6 152,7 Cuidados domiciliários 66,1 70,2 72,9 77,5 81,9 88,3 94,5 148,3 Cuidados com lares, cuidados continuados 138,7 143,1 151,3 155,2 163,2 172,0 181,1 255,0 Investimento 146,3 149,0 151,9 153,7 157,7 165,3 174,9 248,2 Outros 362,7 387,5 407 435,1 469,2 505,7 488,4 1.997.9 Fonte: CMS 2012. As despesas com pagamento de cuidados de saúde a profissionais de saúde, ascendem a 27% do total das despesas. O consumo de medicamentos prescritos, em ambulatório, representa cerca de 10% das despesas totais. Após um período de estabilidade, o CMS projeta que os custos com os medicamentos em ambulatório cresçam a partir de 2014, a uma taxa composta anual superior a 6%, impulsionada com a reforma da saúde e o abrandamento do fim de patentes. Em 2020, o peso destes itens nos gastos totais deverá corresponder a cerca de 11%. As despesas com dispositivos médicos, vendidos em retalho, representam cerca de 3% das despesas totais. As despesas de investimento, que incluem despesas com infraestruturas e em I&D, representam cerca de 6% das despesas totais (CDC, US Department of Health & Human Services, online). As despesas de saúde estão fortemente concentrados em algumas doenças. As despesas com as doenças cardiovasculares representam a maior fatia (33%); seguem-se as despesas com o tratamento das neoplasias 14 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA (20%), da diabetes (11%) e doenças associadas ao excesso de peso e obesidade (10%). No total, estas patologias correspondem a cerca de 75% das despesas totais (CDC, US Department of Health & Human Services, online). A tendência para o aumento do controlo dos custos de saúde, em particular dos custos hospitalares, condiciona a evolução do setor. Os cortes nas despesas têm vindo, de facto, a afetar as margens dos hospitais nos últimos anos. Em resultado, os hospitais também têm vindo a alterar a sua política de investimentos e de compras. Os investimentos nos hospitais, em termos das suas receitas, diminuíram cerca de 2.8 pontos percentuais entre 2006 e 2009 (Larew, 2011). Os hospitais têm igualmente alterado a sua estrutura de custos. Por exemplo, os internamentos têm vindo a diminuir, enquanto os cuidados ambulatórios têm aumentado. Em consequência, o mercado dos setores de ambulatório, urgências, reabilitação física e meios de diagnósticos tem aumentado, o que é acompanhado por um aumento da concorrência. No futuro, espera-se que os produtos e serviços de saúde capazes de contribuir para a diminuição ou contenção de custos terão maior facilidade em atrair investidores e maiores níveis de comparticipação. As projeções do CMS apontam, para além do maior crescimento das despesas hospitalares, para um forte crescimento das despesas em estruturas e equipamentos nos próximos anos9. Os executivos dos hospitais esperam, igualmente, um crescimento dos seus orçamentos, nos próximos anos (Lavoise, 2012) pela necessidade de modernizar os serviços, após um forte controlo da despesa. De notar, no entanto, que uma parte elevada dos investimentos nos próximos anos, deverá ser aplicada na compra e no desenvolvimento de sistemas informáticos. Em particular, os hospitais terão de continuar a fazer investimentos que permitam desenvolver os registos de saúde eletrónicos e assim cumprir o disposto na lei da reforma dos cuidados de saúde. Espera-se, no entanto, e num futuro imediato, que o controlo de custos continue a afetar principalmente as compras de dispositivos médicos tecnológicos (Patil, 2012) e os medicamentos inovadores mais caros. Adicionalmente, o controlo de custos tem acelerado novas formas de organização de prestação e financiamento dos cuidados de saúde, nomeadamente as ACO e os IDN (rede integrada de serviços), aumentado o poder dos grupos de compras coletivas. Estas tendências tendem a diminuir as margens dos produtores e distribuidores afetando, em particular, as empresas mais pequenas e com menor poder de mercado. 9 O seu peso relativo das despesas hospitalares deverá continuar a crescer, mas a um ritmo lento até 2014. Estima-se que o crescimento da despesa hospitalar volte a crescer uma taxa de crescimento superior a 6% a partir de 2014 (CDC, US Department of Health & Human Services, online). 15 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.2.3 | Regulação dos produtos de saúde A indústria tem um ambiente favorável ao desenvolvimento, produção e comercialização dos produtos Os aspetos fortes incluem a proteção eficiente de patentes e um sistema de regulação considerado como um dos mais avançados do mundo (US Department of Commerce, 2010). O organismo responsável pelo processo de aprovação e vigilância dos produtos de saúde é a Food and Drug Administration (FDA). A FDA é a agência reguladora mais influente do mundo (com forte poder na configuração das indústrias e do comércio internacional (Carpenter, 2010). O site da FDA dá informação detalhada sobre diferentes aspetos da regulação nos produtos de saúde. Recomenda-se a sua consulta em: http://www.fda.gov/ [último acesso: junho 2012] Dada a complexidade e especificidade, a regulação de cada indústria e produto(s) é apresentada em separado nas seções correspondentes. Importante Antes de entrar no mercado as empresas devem verificar se estão preparadas para lidar com um ambiente regulatório tão complexo e dispendioso. 3.8.2.4 | Envelhecimento, longevidade e quadro epidemiológico O sistema de saúde americano regista dos melhores resultados de saúde dos países desenvolvidos, excetuando os menos bons resultados em termos de mortalidade infantil. O padrão de saúde dos americanos é, à semelhança dos países desenvolvidos, marcado pela prevalência de doenças cardiovasculares, neoplasias e problemas respiratórios. A prevalência de doenças neuro-degenerativas associadas ao envelhecimento, como sejam o Alzheimer e o Parkinson, está a aumentar. De notar, igualmente, a elevada proporção de problemas associados ao excesso de peso e obesidade. A redução da taxa de mortalidade associada à maioria destas doenças coincide com as despesas elevadas de saúde, conforme notado anteriormente, e a prevalência de elevadas taxas de morbilidade. O Quadro 3.8.12 apresenta a evolução dos principais indicadores de saúde dos EUA. 16 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.12 | Evolução dos indicadores de saúde dos EUA Indicadores de saúde 2005 2006 2007 2008 2009 Taxa de mortalidade infantil 6,87 6,69 6,75 6,61 6,42 Taxa de mortalidade - Todas as causas 825,9 810,4 803,6 813,0 794,5 Taxa de mortalidade – Acidentes 39,7 40,6 41,0 40,1 38,5 Taxa de mortalidade - Drogas/Intoxicação medicamentosa 11,3 12,8 12,7 12,4 12,2 Taxa de mortalidade - Doenças Cerebrovasculares 48,4 45,8 45,1 44,1 42,0 Taxa de mortalidade - Doenças respiratórias crónicas 44,2 41,6 42,4 46,4 44,8 Taxa de mortalidade - Doenças do coração 220,0 211,0 204,3 202,9 195,0 Taxa de mortalidade - neoplasias malignas 188,7 187,0 186,6 186,0 185,0 Taxa de mortalidade – Alzheimer 24,2 24,2 24,7 27,1 25,8 Taxa de mortalidade – Parkinson 6,6 6,5 6,7 6,7 6,7 Taxa de mortalidade - Gripe e pneumonia 21,3 18,8 17,5 18,5 17,5 Esperança de vida à nascença (anos) 77,4 77,7 77,9 78,1 78,2 Esperança de vida aos 65 anos (anos) 18,2 18,5 18,6 18,8 19,2 Fonte: National Center for Health Statistics, online10; World Bank, online11. O crescimento do mercado de saúde é fortemente influenciado pela alteração na estrutura demográfica e pelo quadro epidemiológico. A evolução da demografia e as características epidemiológicas da população definem as principais oportunidades para o setor da saúde. A população de idosos (pessoas com 65 anos e acima) é de aproximadamente 40 milhões (valores relativos a 2010), representando cerca de 13% da população do país. Estimativas do governo federal indicam que a população idosa será de 72 milhões em 2030 e aproximadamente 89 milhões em 2050 (Vincent & Velkof, 2010). A população com mais de 80 anos mais do que duplicará entre 2030 e 2050 (de 3,4 milhões para 8,7 milhões). O grupo populacional de maiores de 65 anos é responsável por cerca de um terço do consumo de cuidados de saúde (CMS 2012, online)12. 10 Consultar: http://www.cdc.gov/nchs/ [último acesso: junho 2012] Consultar: http://data.worldbank.org/country/united-states [último acesso: junho 2012] 12 https://www.cms.gov/Research-Statistics-Data-and-Systems/Statistics-Trends-and-Reports/NationalHealthExpendData/NHE-FactSheet.html [último acesso: junho 2012] 17 11 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.2.5 | Qualidade e custos da mão-de-obra i | Mão-de-obra O mercado de trabalho nos EUA é muito dinâmico, competitivo e com elevada mobilidade. A produtividade é elevada, apesar de estar em declínio. O número de profissionais qualificados é elevado, em particular na área das ciências da saúde. Refira-se, por fim, que a produtividade e os salários na indústria dos produtos de saúde e na I&D são acima da média. Características detalhadas sobre o mercado de trabalho encontram-se no site do Bureau of Labour Statistics, podendo ser acedido em: http://www.bls.gov/cps/lfcharacteristics.htm Dados sobre a formação científica da força de trabalho podem ser encontrados em: http://www.nsf.gov/statistics/seind10/appendix.htm [último acesso: junho 2012] Direitos do trabalho O National Labor Relation Act é o principal documento normativo a regular a relação de trabalho. Nas áreas de saúde e segurança dos trabalhadores, alguns estados adotaram medidas mais restritas do que as tomadas ao nível federal. A maioria das relações laborais não é regulada por nenhum contrato escrito. Em consequência, qualquer das partes pode acabar a relação sem necessitar de fundamentar os motivos. O empregador tem apenas de comunicar ao trabalhador o fim do vínculo laboral com 60 dias. Ainda assim, estão isentas desta obrigação empresas com menos de 100 trabalhadores, empresas com dificuldades financeiras ou que se encontrem encerradas por circunstâncias não planeadas. A exceção são os contratos coletivos com os sindicatos, acordos com alguns trabalhadores e alguns casos para lidar com discriminação (Deloitte, 2011). Independentemente da filiação sindical, a maioria dos trabalhadores está coberta pela Fair Labour Standard que regula o salário mínimo, trabalho infantil, igualdade de pagamento entre sexos. A lei da Igualdade de Oportunidade aplica-se à contratação, despedimento, promoção e salários. O horário normal de trabalho é de 40 horas semanais. O trabalho extraordinário é pago com 50% do valor adicional, com exceção de alguns trabalhadores de cargos executivos e de salários elevados (Deloitte, 2011). Pensões e segurança social A contribuição para o sistema de segurança social (Federal Old Age, Survivors and Disability Insurance OASDI) é atualmente de 12,4%, repartida igual percentagem entre os trabalhadores e as empresas. Em geral, as empresas contribuem para planos de pensão complementares. A contribuição para a Medicare está definida em 2,9% sobre todos os rendimentos de trabalho. O pagamento é repartido em partes iguais entre os trabalhadores e as empresas. A contribuição para o fundo federal de desemprego é atualmente de 6,2% incidindo sobre os primeiros 18 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA US$7 mil recebidos pelo trabalhador. O pagamento é da responsabilidade da entidade empregadora. As entidades podem reclamar um crédito de 5,4%, se forem cumpridoras atempadas do compromisso. A contribuição estadual varia. 3.8.2.6 | Qualidade das infraestruturas i | Infraestruturas gerais Apesar de muita discussão recente sobre o desinvestimento e sobre o estado das infraestruturas (US Treasury, 2012), os EUA têm, em geral, muito boas infraestruturas viárias, portuárias e aeroportuárias. A rede viária liga todos os 50 estados e 90% das cidades são servidas por vias rápidas. Existem mais de 15,000 aeródromos, 5,174 aeroportos com pistas pavimentadas e 604 aeroportos comerciais. Os principais aeroportos dispõem de capacidade de processamento rápido de cargas. O sistema portuário consiste em 326 portos. Los Angeles, Long Beach, New York-New Jersey, Savanah, e Houston destacam-se como grandes centros portuários (US Department of Transportation, 2011) O sistema de comboios é privado e tem cerca de 240,000 km de linha. O país tem uma das mais modernas redes de telecomunicações fixas e móveis do mundo. De acordo com o inquérito realizado pela Federal Comission Comunication (FCC) (Horrigan, 2010), 86% dos americanos usa telefone móvel. A tecnologia de banda-larga por fibra-ótica está generalizada. De acordo com o inquérito da FCC (Horrigan,2010), 78% dos americanos usam internet e 67% têm banda larga. A velocidade da banda larga é razoável, mas inferior à da generalidade dos países europeus (PwC, 2011). ii | Infraestruturas de saúde O mercado dos cuidados de saúde é maioritariamente privado. Em 2010, existiam cerca de 5.700 hospitais, 25.00 clínicas e 17.000 lares (Swedish Trade Export, 2011). Os cuidados de saúde nos EUA são dos mais sofisticados do mundo. Existem muitas instituições de saúde especializadas e tecnologicamente avançadas e vários hospitais de referência mundial. A adoção de inovações nos hospitais americanos tende a ser muito rápida (Skinner & Staiger, 2009). 19 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.2.7 | Inovação, I&D e proteção à propriedade intelectual i | Capacidade para Inovar Os EUA são um dos países com maiores gastos em I&D, ascendendo em termos de percentagem da riqueza nacional a 2.67% do PIB (PwC, 2011). As empresas farmacêuticas e das ciências da vida têm o maior nível de investimento (Ross et al., 2011). Para além do investimento privado, os gastos do setor público em I&D são expressivos. O National Institute of Health é o principal financiador da investigação básica nas áreas das ciências da saúde. O país tem um sistema de ensino eficiente, com 152 universidades entre as 500 melhores universidades do mundo e uma grande capacidade de reter indivíduos qualificados (PwC, 2011). Nas Ciências da Vida, 11 universidades americanas estão entre as 12 mais reputadas do mundo (Ross et al., 2011). As universidades americanas têm o maior volume de investigação científica e graus académicos atribuídos nas áreas das ciências e da engenharia13. O investimento em educação e I&D tem contrapartida no número de patentes. O país tem o maior número de patentes do mundo (WIPO, 2011). Como esperado, o maior número de patentes registadas nos EUA tem origem no próprio país (WIPO, 2011; US PTO, 2011). ii | Proteção à propriedade intelectual Os EUA têm um sistema de proteção da propriedade intelectual muito desenvolvido (Deloitte, 2011). Destacam-se as patentes, os direitos de autor, marcas e segredos comerciais. Importante Antes de exportar ou instalar-se nos EUA uma empresa deve verificar se a marca, o slogan (etc…) já estão registados nos EUA para evitar infringir a lei. Em seguida, deve registar o mais rapidamente possível a(s) sua(s) patente(s), marca(s), ou slogan(s). Patentes O US Patent and Trademark Office (US PTO) é a Agência Federal responsável pela proteção de patentes e de marcas. A Patent Law (Lei de Patentes) de 1930 e as sucessivas adendas são as peças legislativas mais relevantes. O âmbito de aplicação da Lei de Patentes é federal. A Lei de Patentes não distingue a nacionalidade do proprietário. A International Trade Commission (Comissão do Comércio Internacional) é responsável pela investigação das denúncias de infração às patentes no comércio internacional. O direito de patente é atribuído por 20 anos. Nesse período, o proprietário tem o direito a excluir outros de produzir, usar, vender e oferecer tecnologia ou invenção patenteada. Tem também o direito de licenciar qualquer um destes direitos a terceiros. No caso do 13 Para detalhe dos dados em I&D e patentes ver: http://www.nsf.gov/statistics/seind10/appendix.htm [último acesso: junho 2012] 20 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA mercado dos medicamentos, as empresas de marca podem solicitar até cinco anos adicionais de proteção para compensar o tempo referente ao processo de aprovação da FDA. A atribuição de uma licença pode ter de contemplar questões relacionadas com a propriedade das invenções relacionadas. Se nada for dito em contrário, a propriedade das inovações é do licenciante. A lei pode obrigar os trabalhadores a atribuírem a licença ao empregador (Deloitte, 2011). Informações detalhadas sobre a lei em vigor pode ser consultada no site da USPO em: http://www.uspto.gov/patents/law/index.jsp O America Invents Act (AIA), aprovado em 2011 afetará o sistema de patentes a partir de Março de 2013 14. Informação sobre a implementação da nova lei pode ser encontrada no site da USPO em: http://www.uspto.gov/aia_implementation/index.jsp [último acesso: junho 2012] Direitos de autor As questões de direitos de autor estão reguladas no Copyright Act de 1976 e adendas. Estes aspetos são particularmente relevantes para áreas como as bulas, folhetos informativos, programas de software. O autor de um original é automaticamente o dono do direito de autor. Tal como as patentes, os direitos de autor podem ser licenciados a terceiros. Marcas De acordo com o Lanhan act de 1946 as marcas para distinguir serviços ou bens podem/devem ser registadas no US PTO. O símbolo ® é proibido em marcas não registadas (podendo usar as iniciais TM). Contrariamente às patentes, as marcas não são limitadas temporalmente. No entanto, o proprietário da marca pode perder o direito a usá-la. Detalhes sobre procedimentos podem ser obtidos nos US Trademark Law Rules of Practice & Federal Statutes, disponíveis em: http://www.uspto.gov/trademarks/law/tmlaw.pdf [último acesso: junho 2012] Segredos comerciais Os segredos comerciais são considerados uma forma de propriedade intelectual. De acordo com a lei, o dono de um segredo comercial tem o direito de o usar em seu favor. 14 http://judiciary.house.gov/issues/issues_patentreformact2011.html [último acesso: junho 2012] 21 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.2.8 | Acesso a capital e a financiamento i | Capital de risco privado Uma importante vantagem competitiva do mercado americano é a facilidade de acesso a financiamento, em particular a abundância de capital de risco. Em 2007, o total de capital de risco arrecadado pelo setor de ciências da vida nos países da OCDE foi de US$8 mil milhões, dos quais 68,3% foi absorvido por empresas americanas (OCDE, online). O capital de risco ressentiu-se, no entanto, da crise económica. De acordo com Ernst & Young (2011) o capital de risco disponível diminuiu mais de 60% entre 2007 e 2010. No setor da saúde, o capital de risco também decresceu, mas a um ritmo muito inferior. Por exemplo, na indústria de dispositivos, o capital de risco diminuiu 15% em 2011, comparativamente a 2010 (Ernst & Young, 2011). Importante Dossiês de investimento completos e bem elaborados podem facilitar a realização de contratos de financiamento com as empresas de capital de risco. ii | Capital de risco público A agência federal US Small Business Administration (SBA) disponibiliza capital de risco para “Startups tecnológicas de elevado crescimento” 15, assim como, para empresas que se localizem em zonas de baixo desenvolvimento económico16. O programa PRIME facilita o acesso a capital de risco e outros apoios para microempresas. Para mais informações sobre o programa consultar no site da SBA em: 15 http://www.sba.gov/content/prime-program [último acesso: junho 2012] Para mais informações consultar: http://www.sba.gov/content/venture-capital-startups-high-growth-technology-companies [último acesso: junho 2012] 16 Para mais informações consultar: http://www.sba.gov/content/new-markets-venture-capital-companies [último acesso: junho 2012] 22 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.2.9 | Mercado e marketing i | Dimensão do mercado A dimensão do mercado apresenta desafios às empresas que querem exportar ou investir nos EUA. De facto, quando se fala do mercado americano, pode fazer mais sentido falar em vários mercados, dadas as especificidades e a elevada autonomia de cada Estado. As empresas que pretendam exportar ou investir nos EUA, devem reconhecer a dimensão física e económica do mercado e avaliar a sua capacidade para responder à escala do país. Em algumas áreas de negócio, em particular em subsetores da saúde onde pode ser necessário um maior contacto com os clientes, os mercados tendem a ser abordados numa perspetiva regional. A dimensão do mercado levanta várias questões. Por um lado, os custos de entrada no mercado são muito elevados, pelo que podem só ser rentáveis se a empresa entrar no mercado ao nível nacional. Por outro lado, a cobertura do mercado nacional obriga a um investimento avultado na capacidade produtiva e na distribuição. Para as indústrias do setor da saúde importa reconhecer algumas especificidades geográficas do(s) mercado(s) A ideia de clusters predomina na organização espacial da indústria. A região do Nordeste (Connecticut, Maine, Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island e Vermont) tem as principais instituições médicas. A indústria farmacêutica concentra-se principalmente na região Middle Altlantic (Delaware, New Jersey, New York Pennsylvania e Washington DC). Existe particular concentração da indústria de dispositivos médicos nas regiões de California, Florida, New York, Pennsylvania, Michigan, Massachusetts, Illinois, Minnesota e Georgia. Os principais clusters biotecnologia encontram-se em Massachusetts, California, Pennsylvania, Maryland, North Carolina e Illinois A California é a região mais populosa. O Estado da California tem o maior número de indústrias tecnológicas e é o mais recetivo a produtos inovadores e de ponta. Fontes: US Department of Commerce, 2010; 2010a; dados primários As empresas devem, ainda, ter em conta a densidade populacional das regiões. Em alguns segmentos de mercado da saúde os potenciais compradores, são poucos e/ou estão geograficamente concentrados, enquanto em outros setores os potenciais clientes estão dispersos geograficamente e/ou são em grande quantidade. As empresas poderão enfrentar dificuldades logísticas e financeiras decorrentes da dimensão geográfica do mercado. Por exemplo, na indústria farmacêutica, a divulgação de produto por delegados de propaganda médica torna a entrada no mercado muito dispendiosa. Encontrar parceiros pode ajudar as empresas a reduzir as dificuldades. Não compreender a dimensão e a complexidade inerente ao mercado americano pode ditar o insucesso no mercado. Fonte: dados primários 23 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA ii | Produto A diferenciação do produto é um fator crítico para o sucesso no mercado americano (UK Trade & Investment, 2010). Em particular no caso dos produtos de saúde humana, a inovação é o fator de diferenciação mais relevante. A evidência da segurança, eficácia e de custo-efetividade dos produtos (Lavoise 2012) é também extremamente importante porque condiciona o reembolso dos produtos. De acordo com Lavoise (2012) a qualidade do produto é o atributo mais valorado pelos hospitais na sua relação com as empresas de dispositivos médicos. Outros fatores, tais como, a durabilidade do produto, a redução dos procedimentos e da duração, facilidade de instalação e uso, assistência pós-venda (Mjardsjo & Associates, LLC, 2008, UK Trade & Investment, 2010) e o design (MedTech, 2011), são importantes para o sucesso dos produtos de saúde no mercado americano. Existe forte disponibilidade para pagar por dispositivos que previnam infeções e reduzam os riscos dos procedimentos médicos (Lavoise, 2012). Não há maneira do produtor isolar totalmente o risco de um processo de responsabilidade civil, por problemas com os produtos. Os seguros devem ser vistos apenas como parte da solução, pelo que devem ser feitos esforços para diminuir o risco de defeitos e litígios. Uma atenção especial deve ser dada à certificação dos produtos e às práticas de controlo de qualidade. Os procedimentos devem ser documentados cuidadosamente. Adicionalmente, os manuais de uso e de instruções devem ser claros, compatíveis com as normas do mercado e regularmente revistos. Os rótulos e os avisos devem ser regularmente revistos numa perspetiva jurídica e técnica. As etiquetas devem ser visíveis, duráveis e contemplar os possíveis riscos dos produtos. Contratos frequentes com os distribuidores e com os consumidores podem, igualmente, reduzir os riscos para as empresas. Em particular, os produtores e/ou importadores devem ser sensíveis às reclamações para evitar o recurso ao sistema judicial e à possibilidade de danos punitivos. Deve notar-se, no entanto, que de acordo com a lei federal, nenhuma parte pode eximir-se de total culpa em caso de má-conduta ou negligência grosseira (OSEC, 2009). Importante Antes de entrar no mercado é fundamental testar o desempenho e a aceitação do produto. Ensaios clínicos e relatórios científicos podem contribuir para a aceitação do produto. Serviços de pós-venda e apoio ao consumidor. Os hospitais e os consumidores procuram mais do que o produto. Em geral, os clientes e consumidores americanos têm a expectativa de um serviço de elevada qualidade (UK Trade & Investment, 2010). As empresas devem planear cuidadosamente os seus serviços pós-venda (Mjardsjo & Associates LLC, 2008). As empresas que operem nos EUA devem, ainda, procurar dispor de um sistema de contacto eficiente adaptado aos diferentes fusos horários dos estados onde operarem. 24 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA iii | Preço O preço é um fator importante no mercado americano (UK Trade & Investment, 2010), dada a presença de grandes seguradoras, das organizações de compra de grupo (GPOs – ver ponto v) e, em alguns produtos, a forte concorrência externa baseada em preços baixos. Espera-se uma elevada elasticidade preço da procura, o que combinado com a dimensão do mercado, faz com que o preço seja uma variável estratégica importante. A dimensão do canal de distribuição deve ser previamente analisada. Cada nível de distribuição é, em geral, renumerado com uma percentagem do preço original do produto, o que aumenta o preço final. Na prática, isto significa que uma cadeia de distribuição com intervenientes a vários níveis poderá eliminar vantagens de preço iniciais. iv | Promoção Tal como produtos de outros setores os produtos de saúde devem ter uma promoção cuidadosa. Por exemplo, deverá ser construída uma imagem de marca forte clara. Todas as formas de contacto devem ser trabalhadas. O site da empresa e a informação contida no mesmo pode ser um instrumento relevante para comunicar a oferta. A empresa deverá mostrar evidência sólida da qualidade do produto. Além disso, é necessário avaliar soluções para a infraestrutura de vendas (distribuidores, alianças estratégicas, ou filiais) que podem melhor atender as necessidades de distribuidores e clientes exigentes. Citações científicas No mercado da saúde dos Estados Unidos, as estratégias de marketing, incluindo divulgação de citações científicas e a presença em congressos científicos, são relevantes (Mjardsjo & Associates, LLC, 2008; Medtech, 2011). A existência de disponibilidade de informação e de dados sobre os produtos de saúde, é um dos principais determinantes da decisão de compra dos hospitais (Lavoise, 2012). Participação em feiras e conferências O mercado dos EUA, em grande parte, gira em torno de redes (UK Trade & Investment, 2010). Neste setor, as redes estabelecidas com a comunidade científica e médica, podem ser muito relevantes para o sucesso no mercado (dados primários). O reconhecimento da comunidade científica e médica é crucial para a adoção dos produtos. Os médicos e outros profissionais de saúde são ainda decisores importantes das compras dos produtos de saúde nas instituições (embora se encontrem a perder poder). Estilos empresariais passivos não costumam resultar no mercado americano, devendo as empresas adotar uma postura proactiva (UK Trade & Investment, 2010). O exportador/investidor deve, por exemplo, desenvolver relacionamentos. Saliente-se, ainda, a relevância da participação em eventos do setor (e.g., feiras, conferências de associações profissionais) como determinantes de abordagem ao mercado. 25 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Os congressos são, em geral, divulgados nos diferentes sites das associações profissionais. Existem também sites com informações sobre as maiores feiras, como por exemplo: http://www.tsnn.com/datasite http://www.biztradeshows.com/ [último acesso: junho 2012] Assim, empresas devem, comunicar com os vários públicos/stakeholders intervenientes no mercado. O contacto com líderes das comunidades científicas e médica é muito importante pelo que a participação em congressos de profissionais é adequada para a promoção de serviços e produtos. A principal plataforma de acesso à comunidade médica é a American Medical Association. Por outro lado, se a empresa está interessada em encontrar distribuidores, contratos de transferência de licença ou subcontratação, a participação em feiras do(s) setor(es) é um importante instrumento de marketing. v | Compras dos produtos de saúde Compras em grupo Há duas principais formas de compras pelos fornecedores de cuidados de saúde: (i) compras diretas, (ii) compras de grupo. Os departamentos de compras dos hospitais, com a participação do comité de avaliação, decidem os produtos a comprar. Os médicos e os enfermeiros podem fazer pedidos diretamente ao comité (Swedish Trade Export, 2011). O modelo mais comum é as instituições prestadoras de cuidados de saúde recorrerem às GPOs (Miller, 2008). As GPOs negoceiam contratos com os fornecedores em nome das instituições de saúde. Incluem, além de hospitais, clínicas, lares e agências de saúde. De acordo com a Health Industry Group Purchasing Association (HIGPA), 96%-98% dos hospitais recorre a GPOs. Estima-se que em 2009 cerca de 73% das compras hospitalares (excluindo mão de obra) foram realizadas através de GPOs (Schneller, 2009) Os responsáveis pelos hospitais reforçam a relação com as GPOs mesmo para produtos tecnologicamente avançados. Ao mesmo tempo, o papel dos médicos nas decisões de compra está a diminuir (Lavoise, 2012). Existe um aceso debate e vários estudos, sobre o papel das GPOs no mercado, nomeadamente na pressão sobre os custos e no reforço do grau de concentração. Usar a experiência de um parceiro local com GPOs pode ser uma forma facilitadora e eficaz de entrar no mercado. As etapas e procedimentos para vender às GPOs variam de acordo com as organizações. As empresas devem contatar diretamente as empresas relevantes (Quadro 3.8.13) 26 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.13 | Organizações de compras em grupo Nome da empresa | site Nome da empresa | site Amerinet http://www.amerinet-gpo.com MedAssets http://www.medassets.com The Broadlane Group http://www.broadlane.com/ Medbuy Corporation http://www.medbuy.ca/ Child Health Corporation of America http://www.chca.com/ Novation http://www.novationco.com/ GNYHA Services Inc. http://www.gnyhaservices.com/ Permier http://www.premierinc.com/ Health Trust Purchasing Group http://www.healthtrustcorp.com/ PRIME http://www.pr1me.org/ HPS http://www.hpsnet.com Novation http://www.novationco.com/ Innovatix http://www.innovatix.com/ Yankee Alliance http://www.yankeealliance.com [último acesso: junho 2012] Compras públicas Os regulamentos das compras governamentais dos EUA estão consolidados em dois documentos principais: a Federal Acquisitions Regulation e o Buy American Act de 1933. O Buy American Act de 1933 determina que os produtos comprados pelo Governo Federal devem ser de origem nacional, exceto quando não sejam produzidos internamente em quantidades suficientes e qualidade satisfatória, ou quando a compra no mercado doméstico seja considerada incompatível com o interesse público ou pouco razoável em termos de custos. A margem razoável é, normalmente, entre 6% para grandes empresas e 12% para pequenas empresas. No caso de compras efetuadas pelo Departamento de Defesa, essa diferença pode chegar aos 50% (Health Industry Group Purchasing Association, 2011; Luckey, 2009). Para poderem participar em compras públicas as empresas devem registar-se em: https://www.fbo.gov/ https://www.bpn.gov/ccr Para obter informação sobre oportunidade de negócios com o governo, consultar em: http://FedBizOpps.Gov [último acesso: junho 2012] 27 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA vi | Complexidade legal Um dos principais aspetos a ter em conta com a internacionalização para os EUA é a compreensão do seu sistema legal. Vários aspetos do sistema jurídico são únicos e, por vezes, difíceis para um investidor externo conhecer e avaliar. Litígio O litígio é frequente, em particular, em áreas da saúde, e representa um custo importante para as empresas. O acesso à justiça é fácil, graças às oportunidades que existem para a recolha de provas e ao princípio ‘no win no fee’, mas em muitos aspetos relevantes para o negócio não existe lei federal multiplicando-se os normativos jurídicos por estados. Não há base legal para restringir o tamanho das indemnizações concedidas e estas tendem a ser avultadas. Os danos são muitas vezes referidos como danos punitivos. As questões mais relevantes para um empresário referem-se normalmente ao contencioso empresarial com parceiros (quebra de contrato, falta de pagamentos, violação da propriedade intelectual) e litigação por responsabilidade do produto. A litigação com base na responsabilidade por produto é muito mais comum nos EUA do que na Europa. Os aspetos legais da responsabilidade civil (product liability) provocam, em geral, grande preocupação aos exportadores e investidores (Eurochambres e US Chamber of Commerce, 2004). A legislação ao nível estatal acresce às dificuldades. Os custos legais e os sistemas de proteção sobre estes custos são elevados. Apesar do custo, aconselha-se que os empresários ponderem a subscrição de seguros de responsabilidade civil. Embora o seguro não seja obrigatório, alguns parceiros e compradores podem recusar negócios a menos que os membros da parceria obtenham o seguro (AICEP, 2012). Nas compras da Defesa, essa diferença pode chegar aos 50% (Health Industry Group Purchasing Association, 2011; Luckey 2009). Serviços de mediação e arbitragem estão disponíveis nos EUA através da American Arbitration Association, um serviço público, sem fins lucrativos que lida com uma ampla gama de disputas e revindicações. Informação adicional sobre esta associação poder ser consultada no seguinte site: http://www.adr.org/ [último acesso: junho 2012] Acordos de confidencialidade Antes de iniciar qualquer relação comercial formal com um parceiro nos EUA, as empresas devem garantir a assinatura de contrato (ou a inclusão de cláusulas) de confidencialidade (OSEC, 2009). Caso contrário, o potencial parceiro não está impedido de publicar ou de usar as informações confidenciais para seus próprios fins. Para garantir a aplicabilidade de um acordo de confidencialidade, o contrato deve ser detalhado. Dado que os danos resultantes da violação de sigilo são difíceis de provar, os acordos de confidencialidade devem especificar medidas cautelares. Adicionalmente, os acordos de confidencialidade incluem normalmente cláusulas que permitem a divulgação de informações confidenciais aos reguladores do Estado e outras instituições de direito nas circunstâncias previstas pela lei (OSEC, 2009). 28 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA vii | Outros fatores relevantes de abordagem ao mercado Diplomacia económica e lobbying Há evidência do impacto positivo da diplomacia económica e lobbying, nas relações económicas nos (e com os) EUA (Gawande et al., 2006). Esta tenderá a ser mais importante em setores dominados pelas compras públicas e de bens de reputação, como é o caso dos setores em análise. Os responsáveis do setor salientaram frequentemente o papel que a diplomacia portuguesa pode ter na promoção das empresas portuguesas. No caso do mercado americano, as empresas salientaram o potencial papel que poderá ser desempenhado pela diáspora nos EUA. Fonte: dados primários É também comum as empresas terem serviços dedicados ao lobbying ou contratarem empresas de lobbying. De acordo com os dados do Center for Responsive Politics, as indústrias e serviços do setor da saúde foi o que apresentou mais gastos (Center for Responsive Politics, online 17 ) e a indústria farmacêutica foi a que mais gastou em atividades de lobbying nos EUA (entre 1998-2012). “… nós [portugueses] temos muito pudor em falar no lobbying formal. Os EUA é um mercado que sem lobby não se trabalha. Perguntam sempre quem é o nosso lobbyist. Nós não temos. (…) Portanto, [os ex-diplomatas] podiam ser um trunfo importante, porque conhecem [as pessoas e o meio]. Fonte: dados primários Credibilidade Um aspeto relevante no desenvolvimento de negócios nos EUA é a credibilidade pessoal, empresarial e do país de origem do empresário. Estes são fatores chave para a entrada no mercado competitivo dos EUA (dados primários). 17 http://www.opensecrets.org/lobby/top.php?indexType=i [último acesso: junho 2012] 29 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.2 | Biotecnologia como área de destaque Os EUA são o principal mercado mundial de biotecnologia. Cerca de 75% das vendas mundiais de produtos derivados da biotecnologia são provenientes dos EUA (AICEP, 2011a). A Figura 3.8.3 apresenta os índices de custos das empresas de biotecnologia americanas e dos outros mercados maduros. O Canadá e os países europeus, com as exceções da Alemanha e da Itália, são mais competitivos em termos de custos do que os EUA. Os fatores de custo mais importantes são os custos salariais e os impostos. Os custos operacionais também diferem substancialmente entre as regiões/cidades. As cidades de Raleigh, Indianapolis e Austin têm custos substancialmente inferiores à média nacional (KPMG, 2012). Américas Figura 3.8.3 | Custos da indústria de biotecnologia - mercados maduros (EUA=100) Canada 93,0 US 100,0 Europa França 96,1 Alemanha 102,4 Itália 101,5 Holanda 89,5 Ásia Pacífico Reino Unido 99,3 Austrália 107,4 Japão 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 Índice de Custo (EUA=100) Fonte: KPMG 2012, p. 36. De acordo com a OCDE (2012) há cerca 6213 empresas de biotecnologia, das quais 2370 são empresas dedicadas. A maioria das empresas (76%) é de pequena ou média dimensão empregando menos de 50 trabalhadores (OCDE, 2012). No total, a indústria biomédica emprega perto de 1.219 trabalhadores, com um salário médio 70% superior à média nacional (Ross et al., 2011). De acordo com a OCDE cerca 42% das patentes mundiais de biotecnologia registadas entre 2007 e 2009 são americanas (OECD, 2012). O setor é concentrado geograficamente. As áreas geográficas mais relevantes são: San Francisco Bay e New England, San Diego, New Jersey. 30 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.3 | Importações de produtos de saúde Os EUA é o maior importador mundial de produtos de saúde. As importações representam cerca de 15,2% no total das importações mundiais de produtos de saúde. Em termos de subsetores, os EUA são responsáveis por 13,9% das importações mundiais de produtos farmacêuticos e por 18,7% de dispositivos médicos. Entre 2001 e 2011, as importações dos EUA de produtos de saúde mais do que duplicaram, crescendo de €32 mil milhões para €74 mil milhões (Figura 3.8.4). Os produtos farmacêuticos registaram o crescimento mais acentuado ascendendo a €50 mil milhões. As importações de dispositivos médicos correspondem aos restantes €24 mil milhões. Figura 3.8.4 | Importações dos EUA de produtos de saúde (milhares de EUR) 80000000 70000000 60000000 50000000 40000000 30000000 20000000 10000000 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. O mercado de produtos de saúde nos EUA registou, no período em análise, taxas de crescimento muito superiores às do crescimento das importações totais dos EUA (Quadro 3.8.14). Entre 2001 e 2011, as importações dos EUA de produtos de saúde cresceram a uma taxa composta anual de 8,2% contra 2,1% das importações totais. As despesas crescentes em saúde e a maior abertura do mercado ao exterior, em particular o aumento do recurso à subcontratação internacional, ajudam a explicar esta evolução. De notar, no entanto, a desaceleração do crescimento no período 2006-2011. Neste período, a taxa de crescimento foi de 5,9% contra 10,5% no período 2001-2006. Quadro 3.8.14 | Taxa de crescimento das importações dos EUA* Produtos 2001-2011 2001-2006 2006-2011 Produtos farmacêuticos 9,1% 12,1% 6,2% Dispositivos médicos 6,5% 7,7% 5,2% Produtos de saúde 8,2% 10,5% 5,9% Total das importações 2,1% 3% 1,2% Taxa de crescimento composta anual. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. 31 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Em resultado deste crescimento a proporção das importações de produtos de saúde aumentou de 2,6% para 4,6% do total das importações, na última década. Os produtos farmacêuticos representam cerca de 3,1% do total das importações dos EUA, enquanto os dispositivos médicos representam cerca de 1,5% do total (Figura 3.8.5). Figura 3.8.5 | Proporção das importações de produtos farmacêuticos e de dispositivos médicos no total das importações dos EUA 6% 5% 4% 3% 2% 1% 0% 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Produtos farmacêuticos 2007 2008 2009 2010 2011 Dispositivos médicos Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. A Figura 3.8.6 apresenta os dez principais exportadores de produtos de saúde para o mercado americano, os quais representam cerca de 75% da quota de mercado das importações do setor. Na última década, os países que mais contribuíram para o crescimento das importações dos EUA na área de produtos de saúde foram a Irlanda (25,6%), Alemanha (12,6%), Suíça (11,5%), Israel (8,8%) e China (6,4%). Estes cinco países contribuíram em cerca de 65% para o crescimento das importações destes produtos no mercado dos EUA, no período 2001 a 2011. Entre 2001 e 2011, verificaram-se alterações significativas nas quotas do mercado de importação de alguns dos principais exportadores de produtos de saúde para os EUA. Entre os principais exportadores de produtos de saúde, Israel, Irlanda, China e Suíça registaram as mais elevadas taxas de crescimento. De salientar, ainda, os aumentos de quota que foram registados pela Irlanda (11,7% para 19,3%), Suíça (5,9% para 8,9%) e Israel (2,9% para 6,1%). No mesmo período, entre importantes exportadores, registou-se a perda de quota de mercado do Reino Unido (11,6% para 4,8%), da França (7% para 4,5%) e a do Japão (9,8% para 3,5%) (Figura 3.8.6). O Quadro 3.8.15 especifica como se comportaram as taxas de crescimento dos principais exportadores para os EUA. 32 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Figura 3.8.6 | Evolução da quota de mercado dos 10 principais exportadores para o mercado dos EUA de produtos de saúde 20% 18% 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% 2001 Irlanda Alemanha Suíça Israel México China Reino Unido França Canadá 2011 Japão Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. Quadro 3.8.15 | Taxa de crescimento dos 10 principais exportadores de produtos de saúde dos EUA Países 2001-2006 2006-2011 2001-2011 Irlanda 14,3% 13% 13,7% Alemanha 12,2% 3,2% 7,6% Suíça 7,3% 18,6% 12,8% Israel 21% 12,6% 16,7% México 9,6% 7,1% 8,4% China 11,4% 14,9% 13,1% Reino Unido 4,2% -5,7% -0,9% França 10,5% -3,3% 3,4% Canadá 15,2% -0,6% 7% Japão -4,3% -0,5% -2,4% Total 10,5% 5,9% 8,2% Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. Taxa de crescimento composta anual. i | Irlanda: principal fornecedor A Irlanda é o principal fornecedor externo de produtos de saúde dos EUA, registando, em 2011, um volume de vendas de cerca de €14,3 mil milhões (€10,8 mil milhões de produtos farmacêuticos e €3,5 milhões de dispositivos médicos). Na última década a importância da Irlanda, como fornecedor, reforçou-se, registando um aumento de cerca de 7,6 p.p. na sua quota de mercado (Figura 3.8.7). Em particular, entre 2001 e 2011 a proporção das exportações da Irlanda de produtos farmacêuticos para os EUA aumentou de 11,7% para 21,7% e de dispositivos médicos de 11,8% para 14,3%. 33 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Figura 3.8.7 | Quota de mercado da Irlanda nas importações americanas de produtos de saúde 18,3% 17,2% 19,3% 18,2% 16,5% 16,4% 13,9% 14,1% 13,9% 11,7% 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 12,9% 2009 2010 2011 Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. A relevância da Irlanda como país fornecedor reflete a importância das políticas governamentais para investimento estrangeiro (Rios-Morales & Brennan, 2009). Em resposta a políticas favoráveis muitas empresas americanas investiram na Irlanda, o que explica o crescimento das exportações para os EUA (Boring, 2010). ii | Alemanha A Alemanha é o segundo maior exportador de produtos de saúde para o mercado americano. As exportações de produtos de saúde da Alemanha com destino aos EUA rondavam em 2011 os €9,7 mil milhões (€6,3 mil milhões de produtos farmacêuticos e €3,4 mil milhões de dispositivos médicos). No mesmo ano, a quota de mercado da Alemanha nas importações de produtos de saúde dos EUA foi de 13,2%, tendo os valores na década 2001-2011 oscilado entre os 12,1% (2010) e os 15,7% (2007) (Figura 3.8.8). Ainda em 2011, as exportações alemãs de produtos farmacêuticos para os EUA registavam uma quota de mercado 12,8% e os dispositivos médicos de 14%. Figura 3.8.8 | Quota de mercado da Alemanha nas importações americanas de produtos de saúde 13,9% 14,6% 13,3% 13,2% 14,3% 15,0% 15,7% 14,9% 14,1% 13,2% 12,1% 2001 2002 2003 Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. 34 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA iii | Suíça e Israel As exportações de produtos de saúde da Suíça também reforçaram a sua quota nas importações dos EUA. Entre 2001 e 2011, a Suíça ganhou quota de mercado (7,3% para 10,2%) nas exportações de produtos farmacêuticos para os EUA e nos dispositivos médicos (3,6% para 6,3%). De um modo semelhante, as exportações de produtos de saúde de Israel para os EUA registam uma subida na sua quota de mercado em 3,2p.p., entre 2001 e 2011 (Figura 3.8.9). Esta subida resultou do aumento do peso das exportações de Israel de produtos farmacêuticos (de 2,9% para 8,3%) para os EUA, nos últimos dez anos. Figura 3.8.9 | Quota de mercado de Israel nas importações dos EUA de produtos de saúde 6,0% 5,0% 4,5% 2,8% 6,1% 5,0% 4,1% 3,3% 2,4% 2,4% 2001 2002 2003 Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. 2,5% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 iv | China As exportações de produtos de saúde da China com destino aos EUA registaram um importante crescimento entre 2001 e 2011, tendo a sua quota de mercado aumentado de 3.1% para 4.9% (Figura 3.8.10). As exportações dos produtos farmacêuticos registaram uma taxa de crescimento composta anual de 13,6%, a que correspondeu um aumento da quota de mercado de 1,5% para 2,3%. Os dispositivos médicos registaram uma taxa de crescimento composta anual de 12,9%, a que correspondeu um aumento da quota de mercado de 5,6% para 10,1%. A China é o quarto maior fornecedor externo de dispositivos médicos para os EUA. 35 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Figura 3.8.10 | Quota de mercado da China nas importações dos EUA de produtos de saúde 4,3% 3,1% 2,7% 2001 2002 3,0% 2,7% 2,6% 2003 2004 2005 3,2% 2006 4,5% 4,8% 4,9% 3,5% 2007 2008 2009 2010 2011 Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. v | Países fornecedores em declínio: Reino Unido, França e Japão As exportações de produtos de saúde do Reino Unido e da França registam perdas nas respetivas quotas no mercado dos EUA no período 2001-2011. O Reino Unido passou de fornecer 11,6% para apenas 4,8%, das importações dos EUA, enquanto as exportações da França diminuíram de 7% para 4,5% (Figura 3.8.11). Em ambos os casos a diminuição do peso das exportações foi mais marcada no caso dos produtos farmacêuticos. Figura 3.8.11 | Quota de mercado do Reino Unido e França nas importações dos EUA de produtos de saúde 14% Reino Unido 12% França 10% 8% 6% 4% 2% 0% 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. O Japão registou, igualmente, uma diminuição da sua quota de mercado em cerca de 6,3 p.p (Figura 3.8.12). As importações dos EUA com origem no mercado nipónico perderam quota de mercado tanto nos produtos farmacêuticos (8,6% para 2,2%), como nos dispositivos médicos (11,7% para 6,2%), entre 2001 e 2011. 36 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Figura 3.8.12 | Quota de mercado do Japão nas importações dos EUA de produtos de saúde 9,8% 8,4% 7,7% 6,9% 6,3% 4,8% 2001 2002 2003 Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. 2004 2005 2006 4,3% 2007 3,9% 2008 4,2% 2009 4,4% 3,5% 2010 2011 vi | Portugal De acordo com os dados de comércio externo disponíveis relativos a 2011, as exportações de Portugal para os EUA ascenderam a cerca de €35,6 milhões, i.e. cerca de 4,8% das exportações portuguesas totais de produtos de saúde. O volume de exportações reparte-se entre os 35,4 milhões de Euros de produtos farmacêuticos e apenas €200 mil de dispositivos médicos. Entre 2001 e 2001, as exportações portuguesas para os EUA não acompanharam o ritmo de crescimento das importações americanas e, em geral, o aumento de abertura registado neste mercado, o que conduziu a uma progressiva perda de quota de mercado (Figura 3.8.13). Estes dados, revelam as dificuldades que as empresas portuguesas têm sentido em entrar no mercado americano. Figura 3.8.13 | Quota de mercado de Portugal nas importações dos EUA de produtos de saúde 0,09% 0,08% 0,09% 0,06% 2001 2002 2003 2004 0,07% 2005 0,07% 0,07% 0,06% 2006 0,05% 2007 2008 0,05% 2009 2010 0,05% 2011 Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. 37 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.3 | Decisões de entrada As empresas devem avaliar cuidadosamente o mercado americano antes da sua entrada (vantagem competitiva do seu produto, concorrentes, preços, os serviços oferecidos pela competidores, o desenvolvimento do mercado, etc.). As barreiras à entrada e as disputas legais são comuns. As empresas devem, ainda, certificar-se que estão preparadas para os custos e para um ambiente regulatório complexo. Os custos podem, ainda incluir: (i) taxas de incorporação (filling fees for incorporation); (ii) custos de consultores (em particular consultores legais); (iii) franchise taxes (somente em alguns estados); (iv) espaço de escritório; (v) seguros; (vi) salários e custos de imigração. Quanto maior o envolvimento no mercado maiores tendem a ser os custos. A maior barreira à entrada é, no entanto, a forte concentração de mercado na maioria dos segmentos da saúde. É difícil a uma empresa pequena lidar com a escala de produção, de marketing e de vendas das maiores empresas do mundo. Embora seja um dos países (áreas) desenvolvidos mais liberais, diversos entrevistados salientaram o protecionismo não tarifário dos EUA, em resultado do forte lobby da indústria. Fatores percecionados como de sucesso na entrada no mercado Americano: inovação, parcerias e nichos de mercado Os responsáveis do setor referem a falta de cooperação entre as empresas portuguesa para entrarem no mercado, nomeadamente a ausência de partilha de custos e de exploração de sinergias. Referem também a ausência de serviços consulares de receção ao investidor, que poderiam diminuir os custos de entrada no mercado. Fonte: dados primários Internacionalização no mercado americano: perceções dos empresários Fatores que (i) (ii) (iii) mais contribuíram para a decisão de internacionalização no mercado americano: Especial interesse por parte dos gestores pela internacionalização Posse de conhecimentos técnicos únicos (patentes e licenças) Posse de produtos específicos Obstáculos mais relevantes na entrada no mercado americano: (i) Forte concorrência no mercado (ii) (iii) Regulação muito restritiva Custos elevados de entrada e permanência no mercado Fonte: dados primários - questionário 38 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.4 | Exportar para os EUA 3.8.4.1 | Entrar no mercado americano via exportação As empresas podem optar por exportar diretamente ou indiretamente para o mercado americano. As exportações diretas para os clientes constituem, normalmente, relações comerciais esporádicas e envolvem produtos tecnológicos muito avançados. É possível que ocorram assegurando um contrato com uma organização de compras coletivas. A empresa pode, ainda, optar por criar uma empresa local para distribuição, o que permite maior controlo. Em geral, as empresas optam por distribuir através de parcerias com empresas americanas e através de importadores/ distribuidores. A criação da sua própria rede de distribuição é onerosa e exige contactos e uma forte preparação sobre o mercado. A distribuição através de retalhistas, grossistas ou pela internet é pouco comum, dadas as características dos produtos. No entanto, deverá ter-se em atenção que a distribuição é um setor muito forte no país, com importantes cadeias de distribuição dispersas geograficamente. De notar, ainda, que a internet é cada vez mais um canal de distribuição, a ponderar. Na avaliação sobre qual o melhor canal de distribuição, a empresa deve ter em conta os aspetos relacionados com o número de clientes, a concentração de mercado, o preço e as características do produto. A empresa deve, ainda, considerar a sua capacidade de financiamento e a necessidade de controlar a distribuição dos produtos. i | Relações com os distribuidores A relação com distribuidores deve ser próxima, monitorizada e definida por um contrato. A correspondência deve ser em Inglês. O conteúdo deve ser fácil de entender e apresentar todas as informações e aspetos relevantes do negócio de forma clara. Para conseguir um importador local é, em geral, necessário apresentar material com bom inglês, grafismo atraente e os preços em dólares americanos. Importante Se o empresário não domina o inglês deve ponderar a contratação de tradutores nos contactos que estabelecer com o mercado. De notar que o papel padrão americano varia do A4. Documentos e manuais em A4 não conseguirão ser fotocopiados com qualidade. As empresas devem contratar distribuidores e parceiros com conhecimentos no (s) mercado (s). Adicionalmente, devem definir claramente os aspetos relacionados com o controlo do processo de regulação. 39 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Onde encontrar compradores e distribuidores? É possível identificar clientes e distribuidores online. Existem igualmente bases de dados com contactos disponíveis, normalmente com um custo de acesso. São exemplos: http://www.definitivedatabase.com http://www.warrenbyrd.net/mainpage/ [último acesso: junho 2012] A formalização do negócio deve ser feita sempre por contrato, por questões legais e por precaução. De acordo com o United States Uniform Commercial Code a venda de bens com valor superior a US$ 5 mil deve estar sustentada em contrato comercial escrito e válido. Aconselha-se o uso de linguagem de comércio internacional consolidada no Incoterms 2000 (Wise, 2009). As empresas devem ter presente que a lei de contratos é estadual (OSEC, 2009). Em muitos estados, vigoram os chamados Commission Protection Acts - leis que regulam o relacionamento entre o fabricante e o representante local. Os aspetos a ter em conta são comuns a outros mercados maduros, mas podem ser particularmente pertinentes no mercado americano, devido à dimensão do país e à maior frequência de problemas de responsabilidade civil. Os contratos devem ter clara definição de responsabilidades entre os produtores e os distribuidores. Alguns pontos merecem particular atenção: (i) determinação da jurisdição estadual; (ii) descrição adequada dos produtos e serviços cobertos pelo acordo; (iii) definição dos direitos relativos a inovações incrementais; (iv) definição do poder sobre o processo regulatório; (v) estabelecimento da responsabilidade e processos para procedimentos de recall; (vi) Determinação da exclusividade das vendas ou compras; (vii) Especificação da possibilidade de subcontratação ou transferência do acordo; (viii) Especificação do período de vigência dos contratos; (ix) Especificação dos cuidados a ter com os produtos, o stock mínimo, a publicidade, e a rescisão do contrato. Importante As empresas devem reconhecer a complexidade do sistema judicial americano e ponderar recorrer a serviços legais (se necessário). As empresas devem, ainda, ter em conta as restrições impostas pela lei anti trust americana, na elaboração do contrato com os distribuidores (Wise, 2009). 40 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.4.2 | Legislação A legislação de importação para os EUA é complexa. O potencial exportador deve tentar conhecer a legislação antes de entrar no mercado. Os documentos legislativos básicos são: Tariff Act de 1930; Trade Act de 1976; Trade Agreement Act de 1979; Omnibus Trade Bill de 1988; Trade Act de 2002; Homeland Security Act de 2002; Maritime Transportation Security Act 2002 18; Container Security Initiative 200219; Customs Modernization and Informed Compliance Act 199320. Informed Compliance e Reasonable Care O Customs Modernization and Informed Compliance Act (1993), define dois princípios relativos às importações de bens: Informed compliance e Reasonable Care. O Informed Compliance define uma política de transparência que se traduz na obrigatoriedade dos serviços de fornecerem informação detalhada, em linguagem simples, aos interessados relativamente aos procedimentos normas e regulamentos de importação. Impõe como responsabilidade aos importadores exercerem Reasonable Care (cuidado razoável) em todo o processo de importação, o que significa que se espera que ajam com razoabilidade e com conhecimento dos factos e das suas obrigações legais. 3.8.4.3 | Serviços de importação A estrutura dos serviços de importações dos EUA envolve os serviços da alfândega (Customs and Border Protection, CBP) com sede em Washington, DC, o National Commodity Specialist Division (NCSD) e os portos do país. Os serviços têm uma hierarquia de funcionários que importa ao exportador distinguir. O ponto de contacto mais frequente é o Especialista, que é o responsável pelo controlo das mercadorias importadas pelos EUA. Apenas uma parte das mercadorias são controladas. Os Agentes Especiais são agentes que não estão envolvidos na rotina da alfândega e que apenas agem quando há suspeita de violação da legislação. Para informações sobre os portos aceder à página oficial em: http://www.cbp.gov/xp/cgov/toolbox/ports/ [último acesso: junho2012] 3.8.4.4 | Identificação de mercadorias A identificação do país de origem deve ser legível e esclarecedora. Não é aceitável, por exemplo, a utilização da expressão Made in EU (AICEP, 2012a). A marca de identificação de origem deve ser: legível, indelével, permanente e fácil de encontrar. A identificação deve ser escrita em Inglês (para mais detalhes recomenda-se a leitura do documento orientador do CBP (2001). A entrada de mercadoria nos EUA requer a correta identificação do produto e do país de origem. Os produtos de saúde, regulados pela FDA, têm adicionalmente de cumprir os requisitos impostos para poderem entrar no mercado. 18 19 20 http://www.tsa.gov/assets/pdf/MTSA.pdf [último acesso: junho 2012] http://www.cbp.gov/xp/cgov/trade/cargo_security/csi/ [último acesso: junho 2012] http://www.govtrack.us/congress/bills/102/s2880 [último acesso: junho 2012] 41 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.4.5 | Classificação dos produtos Para classificar os produtos, o exportador deve estar familiarizado com as regras gerais de interpretação (general rules of interpretation) do HTSUS. A responsabilidade pela codificação é do exportador e os erros estão sujeitos a penalizações elevadas (UK Trade & Investiment, 2010). As empresas que desejem exportar para os EUA podem solicitar à alfândega aduaneira a classificação prévia da mercadoria. Para tal, devem enviar amostras e descrição detalhada da mercadoria para os serviços da alfândega21. Podem ainda fazê-lo via correio eletrónico (ver requisitos no site da Alfândega)22 ou contacto telefónico (AICEP Global, 2012)23. 3.8.4.6 | Sistema pautal O sistema pautal dos EUA é baseado na tabela aduaneira intitulada Harmonized Tariff Shedule of United States (HTSUS). É um sistema simples, beneficiando a maioria dos parceiros dos benefícios da NRI- Normal Trade Relations. Os produtos farmacêuticos estão listados no capítulo 30. Os dispositivos médicos no capítulo 90 (USITC, 2012). Os documentos podem ser consultados no site da US International Trade Commision em: http://www.usitc.gov/publications/docs/tata/hts/bychapter/1210c30.pdf [Capítulo 30] http://www.usitc.gov/publications/docs/tata/hts/bychapter/0910c90.pdf [Capítulo 90] [último acesso: junho 2012] A HTSUS prevê três tipos de tarifas: (i) ad valorem (percentagem do valor total da mercadoria); (ii) específica (importância cobrada por unidade de peso ou outra quantidade); (iii) mista (uma combinação das duas tarifas anteriores). A taxa média de imposto nos EUA ao abrigo da NRI- Normal Trade Relations é aproximadamente de 3,5% (2,1 % ponderado) (OMC, online dados de 2012)24. 21 http://www.cbp.gov/xp/cgov/trade/legal/rulings/ruling_letters.xml [último acesso: junho 2012] http://www.cbp.gov/xp/cgov/trade/legal/rulings/eRulingRequirements.xml [último acesso: junho 2012] 23 O contacto é +44 (0) 1702 366 077 das 08.30-17.00 24 Aceder em http://stat.wto.org/TariffProfile/WSDBTariffPFView.aspx?Language=E&Country=US [último acesso: junho 2012] 22 42 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.4.7 | Outros impostos e taxas Além dos direitos aduaneiros, as mercadorias importadas para os EUA estão sujeitas a: Imposto sobre produtos industrializados (excise tax) – imposto indireto aplicado sobre a produção, venda e/ou consumo de determinando tipo de produtos (não recai sobre produtos farmacêuticos e dispositivos médicos); Imposto sobre vendas) (sales taxes) - imposto estadual sobre as vendas com incidência legal sobre o consumidor no ato de compra; Taxa de manutenção dos portos (se entrada por via marítima) - 0,125% do valor da mercadoria; Taxa de processamento das mercadorias - 0,364% sobre o valor da mercadoria, com valores mínimos e máximos fixados pelas Alfândegas (CBP, online)25. Em casos excecionais as mercadorias podem estar sujeitas a direitos anti-dumping e/ou a direitos compensatórios. A United States Internacional Trade Commission tem informação disponível, sem encargos, no seu site em: http://dataweb.usitc.gov/ Informação sobre os impostos aduaneiros e procedimentos de produtos originários da União Europeia pode ser encontrada na Market Access Database, da responsabilidade da UE em: http://madb.europa.eu/mkaccdb2/indexPubli.htm [último acesso: junho 2012] i | Pharmaceuticals zero-for-zero initiative No âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), os EUA e vários parceiros, entre os quais os países da UE, acordaram em 1995 a diminuição recíproca das tarifas dos produtos farmacêuticos e produtos químicos intermediários usados na produção de produtos farmacêuticos (Pharmaceuticals zero-for-zero initiative). A listagem tem vindo a ser atualizada e inclui atualmente 10,000 produtos livres de imposto aduaneiro podendo ser encontrada no site da United States International Trade Commission em: http://www.usitc.gov/publications/docs/tata/hts/bychapter/1000PHARMAPPX.pdf 2012] [último acesso: junho ii | Dispositivos médicos A taxa aduaneira modal dos dispositivos médicos é zero (Market Access Database, online). No entanto, a Alfândega, pode classificar os dispositivos médicos ou componentes de dispositivos médicos de tal forma que resulte na aplicação de taxas de imposto superior (e.g., as taxas aplicadas aos produtos têxteis ou material elétrico) (Mjardsjo & Associates LLC, 2008). Assim, o valor médio das tarifas é de 0,7% (PwC, 25 https://help.cbp.gov/app/answers/detail/a_id/810/kw/harbor%20maintenace/session/L3NpZC94VzFCeXgqaw%3D%3D acesso: junho 2012] [último 43 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA online26). 3.8.4.8 | Procedimentos alfandegários As empresas, em geral, utilizam despachantes alfandegários para acompanhar a entrada das mercadorias nos EUA. Nesse caso, a Alfândega americana recomenda a seleção do despachante autorizado a operar o Automated Broker Interface (ABI).O despachante autorizado pode preencher a documentação e efetuar os pagamentos. O Quadro 3.8.16 inclui os documentos essenciais para exportar para os EUA. Quadro 3.8.16 | Documentos essenciais para exportação para os EUA 1) Notificação prévia do embarque marítimo (Importer Security Filling) ou aéreo 2) A fatura comercial do vendedor com o valor e a descrição da mercadoria para cada embarque que exceda os US$500. Se não for apresentada pode ser apresentada uma fatura pró-forma e um termo de responsabilidade assegurando a apresentação no máximo em 4 meses 3) Evidência do direito de fazer o processo de desalfandegamento Carrier’s Certificate. 4) Formulários de entrada: Customs Form 753327 ou Customs Form 346128 (permissão especial para entrada imediata: produtos para feiras, por exemplo) 5) Packing List, se apropriada 6) Documentos necessários para determinar se a mercadoria pode ser admitida Informações adicionais http://madb.europa.eu/ sobre os documentos para entrada de produtos pode ser consultada em [último acesso: junho 2012] Para obter informações sobre o Automated Broker Interface (ABI), consultar: http://www.cbp.gov/xp/cgov/trade/automated/automated_systems/abi/ O site das alfândegas, Customs and Border Protection, disponibiliza informação variada sobre os procedimentos administrativos de importação e produtos sujeitos a restrições ou proibições podendo ser acedido em: http://www.cbp.gov/xp/cgov/travel/vacation/kbyg/prohibited_restricted.xml [informação disponível em espanhol] Todos os formulários e instruções de preenchimento podem ser encontrados no site do CBP em: http://www.cbp.gov/xp/cgov/toolbox/forms/ O CBP tem, ainda, a seguinte publicação útil sobre os procedimentos Importing into the United States A Guide for Commercial Importers (CBP2006): http://www.cbp.gov/linkhandler/cgov/newsroom/publications/trade/iius.ctt/iius.pdf [último acesso: junho 2012] 26 http://www.pwc.com/us/en/health-industries/health-research-institute/innovation-scorecard/index.jhtml [último acesso: junho 2012] 27 http://forms.cbp.gov/pdf/CBP_Form_7533.pdf [último acesso: junho 2012] 28 http://forms.cbp.gov/pdf/CBP_Form_3461.pdf [último acesso: junho 2012] 44 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Importante As empresas devem ter em atenção que a Alfândega americana é muito rigorosa no que se refere ao cumprimento dos procedimentos e ao preenchimento correto e completo dos documentos solicitados. Incumprimentos e omissões podem resultar em apreensão da mercadoria e multas elevadas ao importador. A alfândega também publica um conjunto de recomendações que devem ser seguidas pelos importadores. As recomendações são sumarizadas no Quadro 3.8.17. Quadro 3.8.17 | Recomendações da alfândega americana para os exportadores Recomendações Fatura Incluir toda a informação pedida. Ser cuidadoso nas faturas: claro e com espaço entre as linhas Embalagens Identificar e numerar cada embalagem (numeração igual à das faturas) Listar nas faturas cada item de cada embalagem individual Marcar os bens de acordo com as regras de origem e outras normas da lei americana Colaborar com o CBP para desenvolver padrões de embalagem Produtos de saúde Respeitar as normas que se aplicam Segurança Estabelecer procedimentos de segurança de nas instalações e ao transportar as mercadorias. Não dar oportunidades a narcotraficantes Outros Usar uma transportadora participante na Automated Manifest System (AMS). Se usar distribuidor, considerar um participante da Automated Broker Interface (ABI). Fonte: Adaptado de CBP 2006. i | Processo de desalfandegamento O processo de desalfandegamento é operacionalizado através do sistema autorizado pela alfândega, o Customs Automated Comercial System. O sistema permite a apresentação e processamento da informação por meios eletrónicos. Para mais informações sobre o sistema, consultar: http://www.cbp.gov/xp/cgov/trade/automated/automated_systems/acs/ [último acesso: junho 2012] O processo começa, em geral, com a submissão eletrónica do formulário 7533 (ou 3461) aos serviços de alfândega. O formulário contém a informação básica sobre a mercadoria incluindo a identificação do transportador, importador tipo de mercadoria, classificação, valor e informação relacionada. Para aceder ao formulário consultar: http://forms.cbp.gov/pdf/CBP_Form_7533.pdf [último acesso: junho 2012] 45 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Importante: valoração das mercadorias Um dos aspetos mais complicados é a valoração das mercadorias. A Alfândega dos EUA aplica a regra da OMC, segundo a qual a valoração das mercadorias importadas deve seguir um dos métodos, por ordem listada: 1) Valor de transação; 2) Valor de transação de mercadorias idênticas/similares; 3) Valor deduzido; 4) Valor calculado a partir dos custos; 5) Valor baseado em critérios razoáveis. Os importadores locais tendem a considerar que o valor da mercadoria é o valor pago constante na fatura/recibo ou o preço de transação. No entanto, os serviços de alfândega podem obrigar os importadores locais a prestarem informações adicionais sobre custos e despesas e outras informações contabilísticas detalhadas. Se não incluídos na fatura/recibo, os custos com embalagens, comissões, assistência, royalties, licenças e outros custos do importador, descontos devem ser incluídos para apuramento do valor aduaneiro da mercadoria. A ausência desta informação é um dos erros mais comuns identificados pelos serviços da alfândega. É igualmente comum erros de facturamento relacionados com o tipo de frete acordado (CBP, 2003). Após a aprovação de entrada dos produtos, o importador local, o despachante contratado ou advogado 29 preenche o formulário 7501 que sumariza a informação sobre a mercadoria relevante para o apuramento dos impostos. Este procedimento, assim como o depósito dos impostos, devem ser realizados até 10 dias após a aprovação. Para aceder ao formulário 7501 consultar: http://forms.cbp.gov/pdf/CBP_Form_7501.pdf [último acesso: junho 2012] O prazo para levantamento das mercadorias na alfândega é de 15 dias. Findo este prazo, o diretor da alfândega manda guardar os produtos no armazém, assumindo o importador todos os riscos. É possível também utilizar os armazéns ou a Foreign Trade Zone (FZT). As FTZ são áreas nos EUA designadas pela Alfândega para guardar ou manipular bens por um período ilimitado de tempo à espera de entrar no mercado dos EUA ou países próximos/áreas. Estas áreas são consideradas fora do território aduaneiro dos EUA. No entanto, os produtos nas FZT devem respeitar as normas no âmbito da FDA. Entre as vantagens oferecidas pelas FTZ, enumeram-se a facilidade de acesso, manuseio, transformação e montagem sem o controle restrito por parte da alfândega. Os exportadores ou os representantes locais podem, igualmente, montar showrooms para mostrar produtos a potenciais importadores ou clientes. ii | Drawback Ao abrigo do regime aduaneiro especial de drawback, há lugar ao reembolso de até 99% dos direitos de importação sobre mercadoria reexportada; mercadorias destruída por qualquer motivo sob supervisão da Alfândega; mercadoria importada que tenha sido utilizada na industrialização ou acondicionamento de produtos a serem exportados. 29 São necessários documentos adicionais, ver CBP( 2006). 46 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA iii | Amostras e material publicitário As amostras, material publicitário ou catálogos podem entrar no mercado isentos de impostos através de um dos dois procedimentos seguintes: (i) classificação fiscal baseada no capítulo 98, subcapítulo 11 (amostras) - a mercadoria não deverá ter valor comercial e ter estampado “sample”; (ii) admissão temporária - este procedimento exige uma caução e promessa de exportação ou destruição da mercadoria. 3.8.4.9 | Acordos de comércio internacional Os EUA são membro da OMC, signatários do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) e do Acordo de Valoração Aduaneira. As relações comerciais com o exterior regem-se, ainda, por um conjunto de acordos preferenciais ao abrigo dos quais são concedidas isenções ou redução de impostos aduaneiros. Entre eles o acordo de comércio livre regional (América do Norte) NAFTA e o Sistema de Preferências Generalizadas (SPG). O importador pode decidir produzir toda (ou parte) da sua produção em países cujos produtos entrem em condições vantajosas nos EUA. 47 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.5 | Investir nos EUA 3.8.5.1 | Investimento direto estrangeiro Uma empresa pode decidir estabelecer-se fisicamente nos EUA, ou estabelecer acordos de cooperação/parcerias com empresas americanas. A opção de entrada no mercado através da criação de empresa ou sucursal própria tem, normalmente, custos financeiros elevados e expõe a empresa ao complexo sistema fiscal americano. Permite, no entanto, um maior controlo do mercado. Assim, as empresas podem optar por criar uma empresa de raiz/comprar, estabelecer uma sucursal ou optar por outras formas de estabelecimento previstas na lei. As outras formas de estabelecimento legalmente previstas são: Empresário em Nome Individual, Joint-Venture, Sociedade de Responsabilidade Limitada, Trust (AICEP, 2012). A criação de uma empresa de raiz tem a vantagem de proteger a empresa mãe do complexo sistema fiscal e legal. A criação de uma empresa de direito americano pode, ainda, facilitar a credibilização da empresa e o acesso a investidores e a financiamento (dados primários). Uma outra possibilidade é a compra de uma empresa americana já existente. Esta opção permite uma entrada rápida no mercado, mas comporta riscos e custos elevados. Em particular, a empresa pode ficar exposta a problemas de responsabilidade civil envolvendo a empresa adquirida. Os tipos de Sociedades previstas na lei americana encontram-se descritos no site da AICEP (2012a). 3.8.5.2 | Outras formas de envolvimento A estratégia mais viável para uma empresa portuguesa que deseja entrar no mercado americano é a de estabelecer acordos de cooperação com empresas americanas. Para além da distribuição, as parcerias podem envolver colaboração em I&D, incorporação de parte do produto, licenças, subcontratação. As parcerias podem ser a forma mais eficiente de contornar o protecionismo americano. A associação a uma empresa americana garante uma maior aceitação no mercado. Um empresário referiu: “… Houve parcerias que foram feitas no passado, o caso da Sanofi com a Bristol Myers Squibb, para promover determinado tipo de produtos (…), na área dos cardiovasculares e dos anti-agregantes plaquetados, em que o objetivo foi esse mesmo. (...) A Bristol é uma empresa americana, a Sanofi é uma empresa francesa. Se fizerem uma parceria para a promoção destes produtos, há maior facilidade em promover estes produtos nos EUA. (…) Aconteceu também com a Schering e com a Organom, nomeadamente na área das pílulas. (…) O objetivo de haver estas parcerias é de facilitar [a entrada no mercado]. Fonte: dados primários i | Licenciamento O licenciamento da propriedade intelectual e de marcas, não é apenas um instrumento para entrar diretamente no mercado americano, mas igualmente um elemento importante para outras formas de parceria (ver na Secção 3.8.2.7 relativa ao tema da propriedade intelectual). 48 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA ii | Parcerias para desenvolvimento do produto As parcerias para o desenvolvimento do produto são sobretudo interessantes para as PME, empresas de biotecnologia e, em geral, spin-offs. Esta forma de entrada pode ajudar no processo de desenvolvimento do produto, nos custos de registo e outros custos de acesso ao mercado. Importa definir contratualmente os direitos após a entrada no mercado. iii | Subcontratação A subcontratação por parte de empresas americanas de empresas terceiras (Contract Manufacturing Organizations - CMO) para a produção ou I&D é uma estratégia crescente (MedTech, 2011). Esta forma de parceira decorre essencialmente para baixar custos de produção e aproveitar o potencial de algumas empresas. Os contratos de subcontratação podem ter modelos diferentes, envolvendo em graus diferentes as empresas. As CMO devem registar-se na FDA. Em geral, as empresas assinam contratos de confidencialidade com as contratantes. A subcontratação pode constituir uma oportunidade para as empresas portuguesas nos setores em estudo. A MedTech (2011) recomenda às empresas (de dispositivos médicos) o estabelecimento deste tipo de parcerias com pequenas e médias empresas. Os argumentos incluem: As startups americanas tendem a ter (mais) tecnologia de ponta O processo tende a ser menos burocrático É mais fácil identificar as pessoas As empresas de capital de risco podem facilitar o processo Pode abrir portas à relação com grandes empresas porque normalmente as startups de sucesso são adquiridas Mais fácil compreender o negócio e a relação estabelecida entre as partes Mais fácil estabelecer uma relação e objetivos comuns e confiança mútua 3.8.5.3 | Regime de investimento O regime de investimento privado é caracterizado pela primazia do mercado e da livre iniciativa. Há restrições setoriais ao investimento mas que não afetam nenhum dos subsetores em estudo. Não há discriminação no tratamento de investidores nacionais e estrangeiros. Não está definido nenhum valor federal mínimo de capital para abrir uma empresa. Se o Estado recetor do investimento o fixar, é normalmente baixo (Wise, 2009). De acordo com o Banco Mundial (World Bank, 2011), a criação de uma empresa nos EUA é um processo simples e rápido. Não existe legislação federal sobre constituição de empresas. A sociedade é uma entidade legal criada de acordo com as leis estaduais. Em geral, as leis estaduais são semelhantes, mas há especificidades a que o investidor deve estar atento. De facto, cada Estado possui legislação própria em matéria de direito das sociedades variando, consequentemente, as formalidades de constituição. 49 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Em cada Estado a documentação para criação de uma empresa pode ser obtida junto dos respetivos serviços estaduais. Se a empresa tiver negócios num outro Estado poderá ter de se registar. O site da US Small Business Administration (SBA) disponibiliza informação adicional sobre esta matéria em: http://www.sba.gov/category/navigation-structure/startingmanagingbusiness/startingbusiness/establishing-business/incorporating-registering-you-0 [último acesso: junho 2012] As propostas de investimento não estão sujeitas a aprovação prévia, nem necessitam de registo junto das autoridades federais americanas. No entanto, de acordo com o International Investment Survey Act of 1976, devem ser reportados às autoridades federais (Bureau of Economic Analysis- United States Department of Commerce) os investimentos em que um estrangeiro: (i) passe a deter, direta ou indiretamente, 10% ou mais dos direitos de voto (algumas exceções são admitidas para os pequenos negócios); (ii) compre de mais de 200 acres de terra, sem ser para fins pessoais. No caso da compra de 10% ou mais dos direitos de voto, os investidores ficam obrigados a preencher relatórios iniciais trimestrais, anuais e quinquenais (Quadro 3.8.18). Quadro 3.8.18 | Relatórios de investimento externo Formulário Responsabilidade Prazo Exceções Trimestrais Formulário BE-605 Investidor 30 dias após a conclusão de cada trimestre. Valor de ativos, vendas ou rendimento líquido anual inferior a US$60 milhões. Investidor 31 de Maio, aprox. 60 dias após o formulário ser distribuído. Valor de ativos, vendas ou rendimento líquido inferior a US$120 milhões. Anuais Formulários BE-15 (A, B ou EZ) Quinquenal Formulários BE-12 (A;B ou C) (Benchmark Survey) Investidor Pode ser apresentado em versão reduzida. Os formulários encontram-se disponíveis em: http://www.bea.gov/surveys/surveyforms.htm [último acesso: junho 2012] Liberdade de capitais: Não há restrições gerais à transferência de lucros, dividendos, juros, royalties de não-residentes. De acordo com a Currency and Foreign Transactions Reporting Act30, os indivíduos que transportem mais do que US$10,000 em dinheiro devem declarar na alfândega (CBP, 2006). 30 Consultar: http://www.federalreserve.gov/boardDocs/supmanual/bsa/bsa_p4.pdf [último acesso: junho 2012] 50 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.5.4 | Incentivos ao investimento Não há, em geral, pacotes federais de incentivos fiscais e empréstimos a investidores, nacionais ou estrangeiros. Existem, pontualmente, incentivos federais que não distinguem a nacionalidade do investimento. A lista de incentivos federais ao investimento, por setor de atividade, pode ser encontrada em: http://selectusa.commerce.gov/investment-incentives [último acesso: junho 2012] Não há incentivos aos setores em análise neste trabalho. As empresas do setor podem, no entanto, beneficiar de programas federais de apoio à I&D e de cooperação entre a indústria e académicos, assim como, de apoios a pequenas empresas (no caso em que é aplicável). O Governo Federal tem, ainda, instrumentos de assistência financeira, de gestão e outros apoios a pequenas empresas, em particular às que têm dificuldade de acesso ao mercado financeiro. O conjunto de programas de apoio a pequenas empresas é gerido pela SBA. O site da SBA contém informação relevante e detalhada sobre os apoios disponíveis. Grosso modo, distinguem-se em instrumento de crédito, subsídios e de capital de risco. i | Crédito e subsídios As condições de acesso ao crédito, garantias e capital de risco são fixadas pela SBA atendendo ao montante de apoio aprovado anualmente pelo congresso. Não estão contemplados subsídios para instalação de empresas e, de modo geral, os subsídios federais são considerados uma exceção 31. Para ter acesso aos empréstimos disponíveis as empresas devem procurar informação no site do SBA em: http://www.sba.gov/loans-and-grants [último acesso: junho 2012] ii | Outros programas Há outros programas possíveis de incentivo ao investimento que podem ter interesse para o setor da saúde. Destacam-se alguns desses programas. 31 http://www.sba.gov/content/facts-about-government-grants [último acesso: junho 2012] 51 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Apoio a empresas tecnológicas http://www.sba.gov/about-sba-services/7050 [Atualmente há 5 programas de apoio a pequenas empresas tecnológicas, no valor total de $US2 mil milhões] Apoios à exportação http://www.sba.gov/content/export-financing-0 [A SBA disponibiliza um conjunto de programas de apoio financeiro e técnico às exportações] http://www.exim.gov/index.cfm [A agência Export-Import Bank of the United States concede subsídios à exportação - caso uma empresa se decida instalar nos EUA e exporte pode aceder a incentivos à exportação] Apoios ao desenvolvimento regional http://www.eda.gov/investmentPriorities.htm [No âmbito do desenvolvimento regional é possível obter assistência técnica e financeira de acordo com as prioridades fixadas] Apoios à eficiência energética http://www.dsireusa.org [Incentivos a empresas para o uso mais eficiente de energia ao abrigo do Federal Energy Policy Act 2005] O Department of Commerce tem disponível informação online sobre as oportunidades de investimento e as listas de empresas nacionais em cooperação com parceiros estrangeiros: http://www.commerce.gov [último acesso: junho 2012] iii | Apoios estaduais ou locais Os Estados, assim como os municípios, competem entre si na tentativa de atrair capital estrangeiro, em particular investimento gerador de emprego. Assim, oferecem um conjunto de incentivos e créditos fiscais. Os incentivos dependem do reconhecimento da importância do investimento. Previamente à entrada os investidores devem negociar com os responsáveis do Estado e/ou Município as condições para instalação do investimento. 3.8.5.5 | Sistema fiscal O sistema fiscal está organizado em três níveis: federal, estadual e municipal. A maioria dos Estados (47) impõe e administra os seus próprios impostos e taxas. Os municípios podem também cobrar impostos. O valor de impostos pago por uma empresa depende, assim, do local de estabelecimento. O investidor deve verificar os impostos a que pode estar sujeito, antes de decidir a localização. O Internal revenue code (IRC) é o documento normativo que rege os impostos sobre os rendimentos. No âmbito deste estudo abordamos apenas os impostos sobre as empresas e investidores. Os EUA e Portugal celebraram um acordo para evitar dupla tributação e prevenir evasão fiscal (Resolução da Assembleia da República nº 39/1995, de 12 de Outubro32) (Quadro 3.8.19). 32 http://www.gddc.pt/siii/docs/rar39-1995.pdf [último acesso: junho 2012] 52 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.19 | Acordo de dupla tributação Portugal – EUA Imposto Informação Imposto sobre o rendimento coletável das pessoas coletivas (ou corporate tax): Varia progressivamente entre 15% a 35%. Os impostos são pagos anualmente, mas as empresas devem submeter as suas expectativas trimestralmente. Os ganhos de capital das empresas são sujeitos à mesma taxa. Taxa mínima alternativa: Os EUA impõem um imposto mínimo a determinadas empresas, indivíduos e trust. O imposto mínimo é calculado com base no rendimento aceitável ajustado para itens específicos, que recebem tratamento especial no sistema normal. A taxa mínima não se aplica a pequenas empresas (i.e. com receitas brutas anuais médias inferiores a US$7.5 milhões durante um período de 3 anos). Dividendos Dividendos pagos por uma empresa americana a um investidor estrangeiro são sujeitos a uma retenção de 30%, a não ser que haja acordo bilateral. Com base no acordo com Portugal, a taxa de imposto sobre os dividendos varia entre 5% e 15%. Juros Os juros pagos ao estrangeiro são tributados a 30% a menos que haja um acordo bilateral. De acordo com o acordo de dupla tributação, a taxa de juros cobrada a transferências para Portugal é de 10%. Royalties e fees Quando pagas a estrangeiros incorrem numa carga tributária de 20%, ou no que é determinado por um acordo bilateral. A taxa de com o acordo de dupla tributação com Portugal é de 10%. Elevada tributação Considerando os impostos cobrados pelo Estado, a tributação às empresas nos EUA é de 39,2%, consideravelmente superior à média da OCDE (Ross et al., 2011). Transfer pricing: as autoridades tributárias têm o direito de alterar o preço das trocas existentes entre a empresa mãe e a(s) subsidiária(s) dos EUA, se considerarem que estas não refletem o valor real. Número de identificação fiscal: As empresas devem proceder a um registo no Internal Revenue Service (IRS) e nos serviços responsáveis no Estado e no Município, aquando da constituição da empresa. O número de identificação fiscal (Employer Identification Number, também conhecido por Employer Tax ID) é atribuído gratuitamente pelo IRS. 53 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.6 | Farmacêutica De acordo com a definição do Census Bureau dos EUA a indústria farmacêutica compreende todas as empresas envolvidas na investigação, desenvolvimento, produção e marketing de medicamentos produzidos por processos químicos ou processos biológicos. As estatísticas do Census Bureau classificam os diagnósticos in vitro como produtos da indústria (NAIC 325413), embora sejam definidos, pela FDA, como dispositivos médicos. Os dados do valor da produção, exportação e importação das preparações farmacêuticas (NAIC- 325412) estão apresentados no Quadro 3.8.20. Os medicamentos para as doenças oncológicas e doenças cardiovasculares representam cerca de 50% da produção dos medicamentos. As exportações não representam mais do que 13,3% do total da produção o que ilustra a importância da produção interna para a indústria farmacêutica do país. De facto, estima-se que a produção interna corresponda a cerca de 80% do consumo aparente. O valor de produção os produtos biológicos, exceto diagnósticos (NAIC 325414), ascendia a US$22 milhões de em 2010. Quadro 3.8.20 | Produção e importação da indústria farmacêutica (2010) Descrição do produto Preparações farmacêuticas com ação em… Valor da produção Exportações Importações para consumo … neoplasias, sistema endócrino, e doenças metabólicas, para uso humano 29.556.596 4.636.459 11.820.645 … sistema nervoso central 27.998.110 3.064.952 7.931.897 … no sistema cardiovascular 11.426.644 2.726.546 11.381.229 … no sistema respiratório, para uso humano 17.979.532 895.431 3.746.877 … no sistema digestivo ou génito-urinário, para uso humano 10.354.839 665.950 2.509.998 … na pele para uso humano 4.166.218 128.164 599.072 … em preparados de vitamina, nutrientes, e hematínicos, para uso humano 9.069.795 489.087 187.620 … nas doenças parasitárias e infeciosas, para uso humano 8.726.716 3.175.379 7.415.964 … usos veterinários 2.617.563 417.023 807.032 Fonte: US Census Bureau. 54 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.6.1 | Estrutura e desempenho da indústria farmacêutica O setor farmacêutico tinha, em 2007, cerca de 1538 empresas (US Census 33 ). O número de empresas farmacêuticas por tipo de produto produzido, pode ser encontrada no site do US Census 34 . O setor emprega mais de 400,000 trabalhadores na indústria e em empresas de investigação (US Department of Commerce, 2011). Em Maio de 2011, a indústria empregava cerca de 272,000 trabalhadores, na sua maioria qualificados (BLS, online)35. O salário médio anual ascendia a US$63,180 (BLS, online). As maiores empresas farmacêuticas do mundo têm sede nos EUA. As 10 principais empresas americanas produzem cerca de 40% do mercado mundial (US Department of Commerce, 2010a). As maiores empresas farmacêuticas em 2011 incluiam: a Pfizer 36 , Merck & Co 37 , Abbott Laboratories 38 , Eli Lilly Company 39 , Bristol-Myers Squibb40, Mckesson41 (Forbes, online42). As maiores empresas americanas de genéricos são a Mylan 43 (11,3% do mercado mundial), Watson Pharmaceuticals(6,3%), Greenstone (5,4%), Par Pharma (4,1% do mercado), Hospira (3,3% do mercado) e Covidien (Mallinckrodt) (2,7%) (Fierce Pharma, 2010). A maioria das empresas tem acordos ou outro tipo de relação com empresas estrangeiras, principalmente indianas. Paralelamente, há ainda a tradição de associativismo empresarial no setor. O leque é amplo envolvendo associações dedicadas à farmacêutica em geral, de produtos genéricos, de biofarmacêutica, investigação (etc.). 33 http://factfinder2.census.gov/faces/tableservices/jsf/pages/productview.xhtml?src=bkmk[último acesso: junho 2012] http://www.census.gov/manufacturing/cir/historical_data/ma325g/index.html [útimo acesso: junho 2012] 35 http://www.bls.gov/oes/current/naics4_325400.htm [último acesso: junho 2012] 36 http://www.pfizer.com/home/ [último acesso: junho 2012] 37 Comprou a Schering-Plough em 2009 38 http://www.abbott.com/index.htm [último acesso: junho 2012] 39 http://www.lilly.com/Pages/home.aspx [último acesso: junho 2012] 40 http://www.bms.com/pages/default.aspx [último acesso: junho 2012] 41 http://www.mckesson.com/en_us/McKesson.com/ [último acesso: junho 2012] 42 http://www.forbes.com/global2000/#p_1_s_a0_Pharmaceuticals_United%20States_All%20states_[último acesso: junho 2012] 43 http://www.mylan.com/ [último acesso: junho 2012] 34 55 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Associações ligadas à farmacêutica (exemplos) Pharmaceutical Research and Manufacturers of America (PhRMA): http://www.phrma.org Generic Pharmaceutical Association: http://www.gphaonline.org National Association of Boards of Pharmacy (NABP): http://www.nabp.net American Pharmacists Association: http://www.pharmacist.com American Association of Pharmaceutical Scientists (AAPS): http://www.aaps.org The SAFE-BioPharma Industry Standard: http://www.safe-biopharma.org [último acesso: junho 2012] Apesar da importância mundial, as empresas farmacêuticas de investigação americana enfrentam desafios comuns às empresas dos países desenvolvidos. Em primeiro lugar, a rápida perda de patentes e de mercado nos últimos anos (KPMG, 2011). Em segundo lugar, a indústria é afetada pela diminuição do desenvolvimento de novos medicamentos e o aumento exponencial dos custos das inovações. Em terceiro, as empresas enfrentam forte pressão legislativa e regulatória, assim como, forte pressão sobre o preço (KPMG, 2011). O Quadro 3.8.21 lista a área de atuação de alguma das principais empresas farmacêuticas americanas. As empresas estão a ajustar-se ao mercado diversificado, aumentando a produção de medicamentos não prescritos, genéricos de marca, vacinas e produtos de cuidados pessoais (US Department of Commerce, 2010). A indústria consolida-se através de aquisições e fusões e de acelerada expansão para os mercados emergentes traduzindo uma indústria relativamente confiante no futuro. Em paralelo ao decréscimo do mercado de medicamentos de marca, o mercado dos genéricos continua a crescer e é muito competitivo. Os preços tendem a rondar, cerca de 75% do preço do mercado de marca. 56 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.21 | Área de atuação das principais empresas farmacêuticas americanas Pfizer Merck Alergias X X Anti-bacterias / anti-fungosl / infeções X X Anti-inflamatórios/analgésicos X X Doenças cardiovasculares X X BMS Lilly Abbott X X X X X X Dermatologia Doenças endócrinas X Doenças de visão X Gastrointestinal X X X Hematologia Imunologia X X Doenças metabolismo X X Neurologia/Psiquiatria X Oncologia X X Doenças respiratórias X X Problemas urogenitais X X Virologia (Incluindo HIV) X X X X X X X X X X X Fontes: Adaptado de Davidson & Greblov 2005; sites das empresas. i | Competitividade/custo O índice de competitividade baseado nos custos de produção sugere que os EUA são relativamente menos competitivos do que alguns países Europeus e o Canadá, mas relativamente mais competitivos do que os países concorrentes da Ásia (Figura 3.8.14). Américas Figura 3.8.14 | Custos farmacêutica - mercados maduros (EUA=100) Canada 95,9 US 100,0 França 96,1 Ásia Pacífico Europa Alemanha 100,1 Itália 96,9 Holanda 94,7 Reino Unido 95,0 Austrália 102,6 Japão 106,0 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 Índice de Custo Fonte: KPMG 2012, p. 28. 57 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA ii | Inovação De entre os países da OCDE, as empresas farmacêuticas americanas são responsáveis por cerca de 63% da I&D em biotecnologia (OCDE,2012) e mais de 40% das patentes (OCDE, 2012). De acordo com o Pharmaceutical Research and Manufacturers of America (PhRMA, 2011) as empresas associadas gastaram cerca de $50.47 mil milhões em I&D em 2010, aproximadamente 9% 44 das receitas totais de vendas. Cerca de 80% do investimento em I&D foi realizado nos EUA. Aproximadamente 77% em produtos não biológicos. 3.8.6.2 | Consumo e despesas com produtos farmacêuticos O mercado interno tem sido o motor de crescimento do setor farmacêutico. O mercado americano é o maior mercado de saúde do mundo, com um consumo de medicamentos estimado, em 2010, no valor de US$ 307 mil milhões (IMS Health, 2011). Em termos reais, o valor de mercado tem vindo crescer a um ritmo moderado nos últimos anos (Figura 3.8.15). A perda de patentes de um elevado número de medicamentos e a rápida difusão dos genéricos tem contribuído para a estabilidade do mercado, em termos de valor. Figura 3.8.15| Despesas com medicamentos (mil milhões $US) 320 310 300 290 280 270 260 250 2006 2006 2008 2009 2010 Fonte: IMS Health 2011. i | Medicamentos sujeitos a receita médica O valor do mercado de medicamentos sujeitos a receita médica atingiu $259 mil milhões, em 2010 (Figura 3.8.16). Estima-se que 20 das principais empresas a operar no mercado representavam cerca de 80% em 2010 (Evaluate Phamra, 2012). Entre 2015 e 2021, o mercado deve crescer a uma taxa média anual de 6,6%, em resultado do aumento do número de segurados e refletindo a esperada comercialização de novos medicamentos (CMS, 2012). 44 Valores do National Science Foundation reportam para 2008 valores superiores a 12% das vendas. Ver National Science Foundation (2010) US Businesses Report 2008 Worldwide R&D Expense of $330 Billion: Findings from new NSF Survey. InfoBrief. Disponível em: http://www.nsf.gov/statistics/infbrief/nsf10322/nsf10322.pdf [último acesso: junho 2012] 58 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Figura 3.8.16 | Valor de vendas de medicamentos sujeitos a receita médica 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Fonte: CMS, 2012. O segmento do mercado com maior taxa de crescimento é o dos genéricos. Em 2010, o mercado de genéricos valia cerca de $78 mil milhões, o que representa aproximadamente 22% do mercado total. A adoção de genéricos tem sido muito rápida, tendo absorvido aproximadamente 80% do mercado das marcas que perderam as patentes em 2011. Os genéricos representam já cerca 78% do total de prescrições (dados 2009). Quando consideradas apenas as prescrições de substâncias ativas com genérico, o peso dos genéricos ascende a cerca de 93% (IMS Health, 2011). Regista-se, também, um crescimento significativo do segmento de medicamentos produzidos com recursos a métodos da biotecnologia (6,6% em 2010) (IMS Health, 2011). Em 2008, o consumo de medicamentos biológicos nos EUA, era quatro vezes superior ao do japão, segundo país com mais gastos (Ross et al., 2011). No mesmo ano, os medicamentos biológicos representavam já 25% dos novos medicamentos em ensaios clínicos ou à espera de aprovação. De acordo com a IMS Health (2011) o mercado dos medicamentos biológicos ascendia a cerca de $67 mil milhões, em 2010. Ao longo dos últimos anos, as empresas de biotecnologia têm vindo a ser adquiridas por empresas farmacêuticas, ou alvo de fusão, reforçando os movimentos de consolidação do setor. Entre as mais importantes empresas de biotecnologia, de acordo com a Forbes 45 e EvaluatePharma (2022) incluem-se a Gilead Science46, Celgene 47 e Regeneron48, PDL BioPharma49 e a ViroPharma50. A Amgen51, a Genzyme52 e 45 http://www.forbes.com/global2000/#p_1_s_a0_Biotechs_United%20States_All%20states_ [último acesso: junho 2012] http://www.gilead.com/ [último acesso: junho 2012] 47 http://www.celgene.com/ [último acesso: junho 2012] 48 http://www.regeneron.com/ [último acesso: junho 2012] 49 http://pdl.com/about/ [último acesso: junho 2012] 50 http://www.viropharma.com/ [último acesso: junho 2012] 51 http://www.amgen.com/ [último acesso: junho 2012] 52 http://www.genzyme.com/default.asp [último acesso: junho 2012] 46 59 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA a Biogen idec 53 são igualmente empresas independentes de referência (US department of Commerce, 2010a). Em oposição ao crescimento destes mercados, o volume de vendas de medicamentos de marca produzidos pela indústria farmacêutica química diminuiu cerca de $US8.3 mil milhões. Os novos medicamentos representaram apenas 2,8% das despesas dos medicamentos de marca, em 2011. Este valor contrasta com os 5% de 2006 (IMS Health, 2011). Por classe terapêutica, os produtos com maiores volumes de vendas são os produtos oncológicos (22.3 mil milhões em 2010) seguidos dos agentes respiratórios (19,3 mil milhões), reguladores de lípidos (18,8 mil milhões), anti diabetes (16.9 mil milhões) e anti psicóticos (16,1 mil milhões) (Quadro 3.8.22). As áreas terapêuticas com maior crescimento, em 2009, foram os antidiabéticos (12.5%), ADHD (14,5%), VHI (12,2%) e anti psicóticos (10%) (IMS Health, 2011). Os medicamentos oncológicos, apesar de continuarem a dominar o mercado, têm registado um crescimento mais lento nos últimos anos. Em 2009, as despesas com medicamentos oncológicos cresceram apenas 3,5% (IMS Health, 2011). 53 http://www.biogenidec.com/ [últmo acesso: junho 2012] 60 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.22 | Despesas por classe terapêutica (mil milhões $US) 2010 2009 2008 2007 2006 1 Oncológicos 22,3 21,5 19,7 18,1 15,8 2 Agentes respiratórios 19,3 18,1 16,0 15,1 13,1 3 Reguladores de lípidos 18,8 18,6 18,1 19,4 22,4 4 Anti diabetes 16,9 15,0 12,8 11,4 10,2 5 Anti psicóticos 16,1 14,7 14,3 12,8 11,4 6 Anti ulcerais 11,9 14,1 14,2 14,6 14,1 7 Antidepressivos 11,6 11,5 11,7 11,7 13,3 8 Doenças auto imunes 10,6 9,7 8,6 7,6 7,0 9 Antivirais VIH 9,2 8,2 7,1 6,2 5,6 10 Angiotensina II 8,7 8,6 7,6 6,5 5,7 11 Analgésicos narcóticos 8,4 8,0 7,3 6,7 5,7 12 ADHD 7,2 6,3 5,2 4,6 4,0 13 Inibidores de agregação de plaquetas 7,1 6,5 5,7 5,0 4,7 14 Eritropoietinas 6,1 6,3 6,9 8,4 9,8 15 Esclerose múltipla 5,7 4,9 4,1 3,4 3,2 16 Anti epitéticos 5,6 6,9 11,1 10,0 8,7 17 Vacinas (puras, combinadas, outras) 5,0 4,6 5,0 5,9 3,9 18 Contracetivos hormonais 4,8 4,7 4,5 4,1 3,9 19 Anti Alzheimer 4,5 4,0 3,4 2,9 2,5 20 Agentes imuno estimuladores 4,2 4,1 4,1 4,1 4,0 307,4 300,3 285,7 280,5 270,3 Total 54 Fonte: IMS Health 2011 . 3.8.6.3 | Regulação dos produtos farmacêuticos i | Autorização de introdução no mercado O processo de entrada no mercado farmacêutico é complexo e moroso. Os procedimentos e entrada do mercado dependem do tipo de medicamento: inovador, genérico, biológico. Para qualquer aprovação, o processo tem, ainda, de incluir a certificação de boas práticas de fabrico da FDA. O tempo médio de espera em 2010 foi de cerca de 14,3 meses para os novos medicamentos, o que corresponde a um agravamento do prazo quando comparamos com os 13,3 meses de 2009. Aliás, a evolução ao longo do tempo mostra grande variação no tempo médio de espera, o que introduz incerteza no mercado. No caso dos medicamentos biológicos a tendência é para um aumento da eficiência nos procedimentos de entrada. Em 2011, o tempo médio de espera foi de 11 meses, o que contrasta com os 12,8 meses de 2009 (PhRma, 2011). 54 Note-se diferença de valores com os dados de consumo aparente do census. Além de outras potenciais diferenças metodológicas, de notar que os valores do censos são fob. 61 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Medicamento inovadores A Figura 3.8.17 mostra as etapas de procedimentos de entrada no mercado de medicamentos inovadores. Figura 3.8.17 | Etapas de procedimentos de entrada no mercado (medicamentos inovadores) Pedido de autorização de testes em pessoas Investigational New Drug (IND) Evidência laboratorial Testes em animais Pedido de entrada New Drug Application (NDA) Ensaios clínicos Entrada no mercado Farmacovigilância Documentos orientadores e informação sobre o pedido de autorização para realização de testes está disponível no site da FDA: http://www.fda.gov/Drugs/DevelopmentApprovalProcess/HowDrugsareDevelopedandApproved/ApprovalAppl ications/NewDrugApplicationNDA/default.htm Guias referentes aos procedimentos de inspeções da FDA podem ser encontrados no seguinte site: http://www.fda.gov/ICECI/Inspections/InspectionGuides/default.htm [último acesso: junho 2012] O pedido de aprovação de entrada no mercado de um medicamento inovador, deve incluir informações completas sobre as especificações de fabricação, dados de estabilidade e biodisponibilidade, formas de dosagem, embalagem e rotulagem para os médicos e para os consumidores, e os resultados dos estudos toxicológicos adicionais não apresentados no pedido de autorização de testes em pessoas – Investigational New Drug (IND). O documento orientador relativo à aprovação de novos medicamentos está disponível no site da FDA, podendo ser consultado em: http://www.fda.gov/Drugs/DevelopmentApprovalProcess/HowDrugsareDevelopedandApproved/ApprovalApp lications/NewDrugApplicationNDA/default.htm [último acesso: junho 2012] As fases e métodos previstos para os ensaios clínicos seguem as recomendações internacionais (Figura 3.8.18). O ensaio clínico terá de percorrer três fases e mostrar resultados positivos em todas elas. Os ensaios clínicos têm de envolver instituições académicas e/ou centros de investigação. A investigação tem de ser liderada por um Investigador Principal e usualmente implementada por um conjunto de investigadores independentes. 62 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Figura 3.8.18 | Ensaios clínicos Fase I Fase II •Segurança •Propriedades metabólicas e farmacológicas Fase III •Eficácia •Pequenos grupos •Eficácia •Efeitos dosagens •Interações medicamentosas • Grandes grupos Fonte: FDA, online. De acordo com a proposta da reforma da saúde, as seguradoras devem cobrir os custos associados a participação nos ensaios autorizados para a prevenção, deteção e tratamento de neoplasias malignas e de outras doenças com risco de vida. A reforma da saúde impede a discriminação de indivíduos na participação em ensaios clínicos. A competitividade dos custos dos ensaios clínicos nos EUA encontra-se abaixo do nível de países como o Canadá, França, Holanda e Reino Unido (Figura 3.8.19). Américas Figura 3.8.19 | Custo dos ensaios clínicos - mercados maduros (EUA=100) Canada 88,1 US 100,0 Europa França 79,4 Alemanha 107,5 Itália 107,0 Holanda 91,5 Ásia Pacífico Reino Unido 94,6 Austrália 113,1 Japão 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 Índice de Custo Fonte: KPMG 2012, p. 38. No âmbito de ensaios clínicos internacionais, a FDA aceita como suporte para uma IND ou pedido de aprovação para entrada no mercado um estudo clínico estrangeiro bem concebido e implementado, se: Os dados podem ser extrapolados para a população americana; O estudo foi conduzido por investigadores de mérito reconhecido; Os dados são considerados válidos ou a FDA consegue validar os dados através de uma inspeção ao local onde se realizaram os testes ou através de outros métodos. De notar que ao longo do processo a FDA pode solicitar testes adicionais (ver Vinheta 1). A aprovação de entrada no mercado de medicamentos baseada exclusivamente em dados clínicos estrangeiros é regida pelo 21 CFR § 314,106. 63 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA O documento 21 CFR § 314,106 pode ser acedido em: http://www.accessdata.fda.gov/scripts/cdrh/cfdocs/cfcfr/CFRSearch.cfm?fr=314.106 [último acesso: junho 2012] VINHETA 1 BIAL: Inovação e Internacionalização – os desafios do mercado Americano Setor de atividade: Farmacêutico Localização: Porto Dimensão (2012): 870 colaboradores Mercados: A BIAL está atualmente presente nos quatro continentes. Outra informação relevante: Foi fundada em 1924, por Álvaro Portela como um pequeno laboratório farmacêutico. A Bial é hoje a primeira empresa nacional melhor classificada no top 10 “MADE IN” Portugal e figura na 257ª posição de “The 2010 EU Industrial R&D Investment” com €59,7 milhões investidos em I&D. Mais de 70% dos colaboradores possuem formação superior, dos quais 5% são doutorados. Nos anos 80/90, a aposta na internacionalização da Bial constituiu um passo decisivo na estratégia de negócio da empresa. O principal objetivo passou pelo desenvolvimento sustentado de projetos que incluem não só a componente industrial, mas também I&D. No início da década de 90, foram criadas duas unidades de produção: uma no Porto e a outra Espanha tendo sido neste período definidas as áreas chave para I&D: sistema nervoso central, alergologia e sistema cardiovascular. Como resultado de uma forte aposta em I&D in-house, a BIAL lança com sucesso em 2009 o seu primeiro medicamento: o antilepiléptico Zebinix®. Este é vendido em 17 países europeus e será distribuído no mercado norteamericano através de um acordo de licenciamento com um parceiro local. A entrada nos EUA tem exigido um grande esforço de investimento por parte da empresa. Após a consulta a uma Consultora relevante na área, a escolha do parceiro teve subjacente o grau de cobertura do mercado e a existência de um Departamento de Desenvolvimento de Negócio. Foram necessários aproximadamente dois anos de negociação. Adicionalmente, apesar de já ter chegado às farmácias europeias em Outubro de 2009, o Zebinix® continua sem ter luz verde da reguladora do mercado farmacêutico norte-americano FDA. As várias similaridades do processo de aprovação e do grau de exigência com o Europeu, não facilitaram a aprovação do medicamento numa primeira tentativa. Tal é normal dado muito poucos medicamentos conseguirem a aprovação numa primeira fase – apenas 20% dos medicamentos na área do sistema nervoso central são aprovados na primeira tentativa. A empresa teve de proceder a novos testes e encontra-se a ultimar uma nova submissão do processo. Espera-se que num futuro próximo o medicamento venha a estar disponível no mercado. A aposta nos EUA tem subjacente a estratégia de I&D da empresa. Este mercado é, normalmente, atrativo pelos preços praticados e margens sendo um importante estímulo para o investimento em inovação. Assim, o potencial de faturação do Zebinix® nos EUA é determinante para a Bial poder continuar a investir na criação de novas indicações terapêuticas e expandir a sua atividade. Fontes: Dados primários; site da empresa. 64 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA As submissões com dados obtidos no estrangeiro devem incluir informação relativa a: a) b) c) d) e) f) g) Qualificações do investigador principal; Descrição das instalações de investigação; Resumo detalhado do protocolo do estudo e dos resultados; Os registos de casos; Informações sobre o produto; Dados a demonstrar que estudo é adequado e bem controlado (§ 314,126); Conformidade com os princípios éticos, incluindo os pareceres e resoluções da comissão de ética, descrição do consentimento informado, descrição dos incentivos (se aplicável). Medicamentos genéricos O sistema de aprovação dos medicamentos genéricos é denominado Abbreviated New Drug Application (ANDA). Os requerentes de aprovação de genéricos devem apenas demonstrar cientificamente que o seu produto é bioequivalente relativamente ao medicamento inovador. O processo de avaliação dos medicamentos genéricos foca-se nos dados da bioequivalência, dados químicos e microbiológicos, inspeção às condições de fabrico e rotulagem dos produtos. O portal do Office of Generic Drugs fornece informação adicional sobre os procedimentos em: http://www.fda.gov/AboutFDA/CentersOffices/OfficeofMedicalProductsandTobacco/CDER/ucm119100.htm [último acesso: junho 2012] A alteração da aprovação dos medicamentos genéricos na reforma da política de saúde tem como objetivo acelerar a entrada de medicamentos genéricos, impedindo a indústria de atrasar a entrada dos medicamentos devido à alteração da sua bula. Antes da implementação da reforma, a bula de um genérico tinha de coincidir com o da marca. Na reforma, o genérico pode ser aprovado mesmo que haja alterações de última hora na bula dos medicamentos de marca (Lewis, 2010). Medicamentos e fármacos biológicos Os produtos biológicos são regulados por duas agências da FDA: o Center for Drug Evaluation and Research (CDER) e o Center for Biologics Evaluation and Research (CBER). O CDER regula e autoriza produtos biológicos terapêuticos. O CBER regula e licencia produtos de medicina celular, produtos de terapia genética, vacinas, extratos alergénicos, antitoxinas, sangue, componentes de sangue, plasma e produtos derivados de plasma. Legislação e informação sobre biológicos podem ser encontradas no site da FDA em: http://www.fda.gov/BiologicsBloodVaccines/default.htm [último acesso: junho 2012] O regime de aprovação do CBER requer que os indivíduos obtenham uma licença Biologic Licence Approval. O processo é semelhante ao dos outros produtos farmacêuticos. Após a aprovação, as empresas devem reportar problemas que surjam usando o Biological Product Deviation Reporting System. 65 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Para mais detalhes em relação a esta problemática recomenda-se a consulta do seguinte site: http://www.fda.gov/cber/ind/ind.htm [último acesso: junho 2012] A lei da reforma da saúde autorizou a FDA a criar um quadro regulatório para os biossimilares. Os produtores inovadores de produtos biológicos usufruem de 12 anos de exclusividade, até à aprovação de entrada no mercado dos biossimilares. Informação adicional relativa à Healthcare Reform Law: A New Regulatory Pathway for Biosimilar Biological Products encontra-se disponível em: http://www.morganlewis.com/pubs/WashGRPP_RegulatoryPathForBiosimilarBiologicalProducts_LF_15apr10. pdf [último acesso: junho 2012] ii | Controlo de boas práticas de fabrico A entrada no mercado requer que a empresa tenha certificado de boas práticas. Cabe à FDA inspecionar as instalações para assegurar o cumprimento das normas exigidas. As boas práticas de fabrico da FDA são baseadas na premissa de que a qualidade não pode ser inspecionada ou testada no produto final, mas deve ser construída ao longo de todo o processo de fabrico (Pharma, 2012). Os documentos orientadores das boas práticas para produtos farmacêuticos podem ser encontrados em: http://www.fda.gov/Drugs/GuidanceComplianceRegulatoryInformation/Guidances/ucm064971.htm [último acesso: junho 2012] iii | Aspetos a considerar antes e depois da introdução do produto no mercado Antes da entrada no mercado é necessário considerar aspetos como as condições de produção, a rotulagem, embalagem, expedição, controlo, armazenamento, qualidade e comercialização do fármaco. Todas estas áreas obedecem a normas regulamentares emanada pela FDA. Depois da sua introdução no mercado, o medicamento continua a ser alvo de monitorização. Os produtores e distribuidores devem reportar todos os efeitos adversos. A FDA publicou um manual das boas práticas de farmacovigilância para orientar os procedimentos da indústria, o qual pode ser acedido em: http://www.fda.gov/downloads/regulatoryinformation/guidances/ucm126834.pdf 2012] [último acesso: junho iv | Controlo de preços e quantidades Contrariamente à maioria dos países da Europa e do Japão, não há controlo direto de preço dos medicamentos (embora haja indiretos via decisões de comparticipação). O acesso mais livre ao mercado, é um fator de forte atratividade para a indústria farmacêutica e biofarmacêutica nos EUA (Ross et al., 2011). 66 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Substituição por genéricos: A lei requer que os farmacêuticos dispensem o medicamento genérico terapeuticamente equivalente mais barato, exceto se o médico o proibir expressamente na receita. v | Incentivos à inovação O Patient Proteccion and Affordable Act 55 (2010) inclui incentivos fiscais e subsídios para empresas (menos de 251 trabalhadores) que desenvolvam medicamentos para áreas terapêuticas ainda sem tratamento (Therapeutic Discovery Project Credit). A reforma estabelece a Cures Acceleration Network (CAN) para dar apoios aos avanços revolucionários na investigação básica e no desenvolvimento do conhecimento para doenças sem cura. A reforma dá, ainda, ênfase à investigação da “dor” e das doenças que afetam as mulheres. O orphan drug act (1983) permite aos produtores que desenvolvem medicamentos para doenças órfãs terem exclusividade de mercado durante sete anos e descontos fiscais de acordo com os valores de I&D. O programa de apoio ao desenvolvimento de medicamentos para doenças órfãs subsidia a pesquisa. Para informações recomenda-se a consulta do site da FDA em: http://www.fda.gov/ForIndustry/DevelopingProductsforRareDiseasesConditions/ /default.htm [último acesso: junho 2012] vi | Implicações da reforma da saúde para a indústria farmacêutica A reforma impõe uma taxa anual para a indústria farmacêutica. A taxa é calculada com base no market share da empresa, excluindo os genéricos. vii | Importações de produtos farmacêuticos Apesar de liderar a produção, as importações são fundamentais para o abastecimento do mercado americano, em particular nas substâncias ativas e excipientes. O Quadro 3.8.23 apresenta os dados das importações totais de produtos farmacêuticos dos EUA. A posição pautal com maior relevância é a 3004. O maior crescimento no período ocorreu na posição pautal 3002, seguido pela posição pautal 3004. 55 Consultar em: http://dpc.senate.gov/dpcdoc-sen_health_care_bill_archive_as_passed.cfm [último acesso: junho 2012] 67 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Quadro 3.8.23 | Importações totais dos EUA de produtos farmacêuticos (2011) Posição pautal Valor (milhares de EUR) % Taxa de crescimento * (2001–2011) 2936 748192,58 1,5% 4,7% 2937 872498,74 1,8% -2,7% 2938 77462,86 0,2% 7,0% 2939 341443,11 0,7% -0,6% 2941 817997,67 1,7% -1,9% 3001 378693,75 0,8% 4,3% 3002 8274907,57 16,7% 15,5% 3003 948043,21 1,9% -0,5% 3004 35611635,19 71,7% 9,9% 3006 1569862,62 3,2% 8,9% 49640737,3 100 9,1% Total Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. * Taxa de crescimento composta anual. Considerando uma agregação mais esclarecedora da evolução do mercado feita pelo US Census Bureau, salienta-se que a maioria dos medicamentos importados é para tratamentos de neoplasias, doenças do sistema endócrino e do sistema metabólico, seguido de doenças cardiovasculares e doenças do foro do sistema nervoso central (Figura 3.8.20). 68 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Figura 3.8.20 | Medicamentos importados por grupo terapêutico Neoplasias, sistema endócrino e doenças metabólicas Sistema nervoso central 2% 16% 26% Sistema cardiovascular 0% Sistema respiratório 1% 5% Sistema digestivo, reprodutor e urinário 8% Dermatologia 17% Vitaminas, nutrientes e preparações hematínicas Doenças infeciosas e parasitas 25% Uso veterinário Fonte: US Census Bureau, Current Industrial reports, online56. As importações estão concentradas em sete países, apresentados na Figura 3.8.21. Em conjunto, representam cerca de 70% do total das importações. Como já havíamos notado anteriormente, a Irlanda é o principal exportador (30,4%) seguida da Alemanha (21,7%). Figura 3.8.21 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado dos EUA de produtos farmacêuticos (2011) 21,7% 30,4% 12,8% 5,3% 5,5% Irlanda Alemanha Suíça Israel Reino Unido Canadá França Resto do Mundo 10,2% 5,8% 8,2% Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. 56 http://www.census.gov/manufacturing/cir/historical_data/ma325g/index.html [último acesso: junho 2012] 69 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA As exportações portuguesas por segmento e no total das importações americanas são marginais. A quota de mercado de Portugal é inferior a 1%. Em termos nacionais, as exportações de produtos farmacêuticos para os EUA não ultrapassam os 5,9% do total das exportações do setor. O Quadro 3.8.24 resume os dados das exportações portuguesas de produtos farmacêuticos para os EUA. Quadro 3.8.24 | Exportações portuguesas de produtos farmacêuticos para os EUA Produtos Farmacêuticos Valor (EUR) Quota Taxa de crescimento * 2001-2011 2936 0 0% - 2937 3786,52 0,43% 16,9% 2938 0 0% - 2939 0 0% - 2941 7053,96 0,86% -13% 3001 63,18 0,02% - 3002 70,36 0,0009% - 3003 1323,92 0,14% - 3004 23102,52 0,06% 109% 3006 4,31 0,0003% - 35404,77 0,07% 1,97% Total *Taxa de crescimento composta anual. Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. 3.8.6.4 | Identificação de oportunidades: farmacêutica O mercado americano é o maior mercado farmacêutico do mundo. Apesar das políticas para controlar as despesas de saúde, as despesas com os medicamentos continuam a crescer. Os segmentos onde a procura mais cresce são os dos medicamentos para o tratamento de condições agudas e de condições crónicas. Apesar dos desafios e dos custos de entrada e permanência muito elevados, o mercado dos EUA é um mercado incontornável, pela sua dimensão económica e reputação, em particular para fármacos inovadores. A ausência do controlo direto de preços e a relativa rapidez de procedimentos favorece a entrada no mercado. O mercado privado, em crescimento, compete pela qualidade o que favorece a adoção rápida das inovações. Inovações relativamente aos modos de administração de medicamentos, no sentido da simplificação da toma, da probabilidade de infeções ou diminuição da dor, tendem, em particular, a ter rápida aceitação. O sucesso no mercado é condicionado pela generosidade da comparticipação dos seguros. A comparticipação, por outro lado, tem-se tornado mais exigente e as decisões mais fundamentadas na evidência clínica e económica dos fármacos. As empresas que entrem no mercado devem preparar-se para um sistema cada vez mais exigente, em termos de evidência de mais-valia clínica e económica. O mercado oferece oportunidades para o estabelecimento de parcerias de investigação e outsorcing da produção e de I&D. O estabelecimento de parcerias de I&D com empresas e/ou centros de investigação 70 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA permitem, não só, o acesso aos fundos de investigação, mas também a possibilidade de beneficiar da maior eficácia americana em patentear, industrializar e comercializar produtos. O rápido envelhecimento e controlo de custos tornam os segmentos de diagnóstico particularmente interessantes. Espera-se, ainda, que os biofármacos, incluindo biossimilares continuem a crescer. A elevada dependência dos Estados Unidos de importações de princípios ativos e de excipientes cria igualmente oportunidades Este segmento de mercado beneficia de menores custos de distribuição. Por fim, existem também oportunidades de entrada no mercado de medicamentos genéricos. Este segmento é, no entanto, particularmente difícil. A concorrência interna de empresas de grande dimensão e a de países terceiros com custos de produção mais baixos é muito elevada e os preços tendem a sofrer erosão rápida. Os elevados custos de entrada e os de distribuição acentuam as dificuldades deste segmento. 71 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.7 | Dispositivos médicos O setor nacional de dispositivos médicos americano é reconhecido pela sua capacidade de inovação de produtos de elevada qualidade e complexidade, o que resulta de uma política expressiva de investimento em I&D (US Department of Commerce, 2010). De acordo com o inquérito da Price Waterhouse & Coopers (PwC, 2011) a responsáveis da indústria, o mercado americano é o mais atrativo e fácil de entrar de uma lista de seis mercados maduros e emergentes. O dispositivo médico é definido pelo Federal Food, Drug and Cosmetic Act [seção 101(h)] como “um instrumento, aparelho, executador, invenção, máquina, reagente in vitro ou outro produto ou artigo similar destinado a ser utilizado no diagnóstico, cura, diminuição, tratamento ou prevenção de doenças destinado a afetar a estrutura ou qualquer função do corpo humano e que não atua sobre ação química... E que não está dependente de ser metabolizado para atingir o objetivo principal”57. 3.8.7.1 | Estrutura e desempenho da indústria A indústria de dispositivos médicos americana é muito diversificada, em termos de produtos e de sofisticação tecnológica. As classificações/agregações de dispositivos variam por fonte. Segundo o Census Bureau inclui os seguintes tipos de produtos: produtos de diagnósticos in vitro, equipamento electro médico; aparelhos de radiação, instrumentos cirúrgicos e médicos, aparelhos cirúrgicos e suprimentos, equipamentos consumíveis dentários, bens oftalmológicos e laboratórios dentários. De acordo com o Census Bureau, havia aproximadamente 5.300 empresas de dispositivos médicos, em 2007. Atualmente, o número é de 8,000 empresas (PwC, online 58 ). Apesar da maioria das grandes empresas ter sede nos EUA, o mercado é essencialmente composto de empresas de pequena/média dimensão com menos de 20 trabalhadores. Apenas 15% das empresas têm mais de 100 trabalhadores (Census Bureau, 2007). De acordo com a Ernst & Young (2010), 1,023 são empresas de tecnologia médica. Nos últimos anos tem-se assistido a uma forte consolidação da indústria com fusões e aquisições (MedTech, 2011). Os segmentos com mais expressão na produção são os “Instrumentos cirúrgicos e médicos”, “Aparelhos cirúrgicos e suprimentos” e “Equipamento electro médico”. Em conjunto, estes três segmentos representam cerca de 76% do valor total da produção. O setor é igualmente importante em termos do mercado de trabalho gerando cerca de 390 mil empregos diretos. (Quadro 3.8.25). 57 Tradução livre. http://www.pwc.com/us/en/health-industries/health-research-institute/innovation-scorecard/index.jhtml [último acesso: junho 2012] 58 72 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.25 | Número de trabalhadores e valor da produção (2010) Número de trabalhadores Valor produção % Diagnósticos In-vitro 25,734 9135300,00 7% 334510 Equipamento electro médico 61,635 24794372,00 20% 334517 Aparelhos de irradiação 12,701 5204200,00 4% 339112 Instrumentos e 107,013 35091893,00 29% e 104,870 33230684,00 27% consumíveis 15,447 4583143,00 4% NAICS Produtos 325413 cirúrgicos médicos 339113 Aparelhos cirúrgicos suprimentos 339114 Equipamentos dentários 339115 Bens oftalmológicos 20,991 5754955,00 5% 339116 Laboratórios dentários 41,550 4125069,00 7% 389,930 121919616,00 100 Total Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fontes: Census Bureau Annual Survey of Manufactures: General Statistics: Statistics for Industry Groups and Industries: 2010- 2009, online. As maiores empresas mundiais do setor têm sede nos EUA. Na indústria, as empresas mais importantes de dispositivos médicos incluem a Johnson & Johnson59, Medtronic60, Baxter, Stryker Corporation,61 Becton Dickinson62, Boston Scientific, St. Jude Medical, Zimmer Holding 63 (Forbes, online)64. Salientam-se, ainda, a GE Healthcare Technologies65, Abbott Laboratories e Beckman Coulter66, ( MedTech, 2011). De acordo com a Revista Fortune 67 as empresas de maior reputação (mundial) incluem: (i) St. Jude Medical; (ii) Stryker; (iii) Baxter; (iv) Becton Dickinson; (v) Medtronic. Há muitas listas disponíveis na internet, algumas das quais incluem contactos e detalhes Paralelamente, há várias associações ligadas ao setor. Estas englobam áreas como a manufatura de dispositivos médicos, dispositivos dentários, etc. (Quadro 3.8.26). As associações empresariais referidas, de um modo geral, disponibilizam nos seus sites contactos e informações gerais sobre os seus associados. 59 http://www.jnj.com/connect/ [último acesso: junho 2012] http://www.medtronic.com/ [último acesso: junho 2012] 61 http://www.stryker.com/ [último acesso: junho 2012] 62 http://www.bd.com/ [último acesso: junho 2012] 63 http://www.zimmer.com [último acesso: junho 2012] 64 http://www.forbes.com/global2000/#p_1_s_a0_Medical%20Equipment%20&%20Supplies_United%20States_All%20states_ [último acesso: junho 2012] 65 http://www3.gehealthcare.com [último acesso: junho 2012] 66 https://www.beckmancoulter.com [último acesso: junho 2012] 67 http://money.cnn.com/magazines/fortune/most-admired/ [último acesso: junho 2012] 60 73 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Quadro 3.8.26 | Associações do setor de dispositivos médicos Advanced Medical Technology Association (AdvaMed) Medical Device Manufactures Association (MDMA) http://www.advamed.org/ http://www.medicaldevices.org/ (inclui lista de contactos dos associados) Medical Imaging Technology Association (MITA) http://www.medicalimaging.org/ Dental Trade Alliance (DTA) http://www.dentaltradealliance.org/ International Association of Medical Equipment Remarketers & Services (IAMERS) http://www.iamers.org/ [ultimo acesso: junho 2012] A indústria está dispersa por todo o território mas mais concentrada em regiões com concentração de indústrias tecnológicas: California, Florida, New York , Pennsylvania, Michigan, Massachusetts, Illinois, Minnesota e Georgia. Existem três clusters geográficos principais: Midwest, East Coast e a California. A concentração no mercado depende do segmento de mercado. O mercado de cardiologia é fortemente concentrado. A Medtronic, St. Jude Medical, Boston Scientific, dominam o mercado em todos os seus subsegmentos. O mercado do diagnóstico, de produtos para saúde oral e de reabilitação, são mercados fragmentados, onde as empresas tendem a operar localmente. [Para uma análise detalhada de cada segmento ver MedTech (2011).] Apesar dos preços virem a crescer menos do que para outros segmentos do mercado da saúde, as margens no setor são, em média, maiores do que no setor global da saúde (14% vs. 8%) (MedTech, 2011). No setor com baixa incorporação de tecnologia, as barreiras à entrada são baixas, a concorrência é intensa e as margens são mais pequenas. O setor está exposto à concorrência dos novos países asiáticos. O sucesso nestes mercados depende da capacidade de conseguir contratos de longo prazo com prestadores de cuidados de saúde (Patil, 2012). No setor da tecnologia médica, a concorrência tende a ser menos intensa e as empresas beneficiam de maiores margens. O setor é dominado pela capacidade de I&D e dirigir-se para necessidades ainda sem solução. A tecnologia avançada é normalmente usada na cardiologia, ortopédica, imagiologia e diagnóstico in-vitro. i | Inovação A indústria de dispositivos médicos americanos produz produtos de alta incorporação tecnológica. O investimento em I&D relativo a equipamento médico mais do que duplicou na última década. O I&D médio representa cerca de 8.8% das receitas. No entanto, o I&D por empresa varia entre 3.3% a 20.1%. O setor de dispositivos médicos ortopédicos investe em I&D cerca de 5.5%, enquanto os dispositivos cardiovasculares e in-vitro ascende a 11.4% (MedTech, 2011). O investimento em I&D continua a ser mais do dobro da média da indústria americana. Uma das importantes vantagens da indústria de dispositivos nos EUA é o volume de dinheiro investido pelo Governo Federal em I&D (US International Trade Commission, 2007). Duas agências federais contribuem 74 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA para o desenvolvimento do segmento mais tecnológico da indústria, o National Institute of Health (NIH) e o National Aeronautics and Space Administration (NASA). ii | Competitividade A análise de competitividade da Price Waterhouse & Coopers (2011) classifica os EUA como o mercado de dispositivos médicos mais competitivo entre os nove mais importantes. O estudo sublinha, no entanto, a perda de competitividade recente da indústria americana. O índice de competitividade foi construído com base em seis indicadores, apresentados no Quadro 3.8.27. Quadro 3.8.27 | Índice de competitividade Indicadores Futuro Incentivos financeiros 7.2 Recursos para a inovação 7.3 Sistema regulador 6.8 Procura e insensibilidade ao preço 7.1 Suporte da comunidade de investidores 7.2 Total 7.1 Fonte: PwC 2011. Nota: 0=mínimo, 9=máximo. Considerando a competitividade pelos custos entre os mercados maduros (Figura 3.8.22), os EUA são mais competitivos do que os seus concorrentes mais diretos - o Japão e a Alemanha - mas menos competitivos do que outros mercados relevantes, tais como, o Canadá e o Reino Unido. A indústria é menos competitiva do que nos mercados emergentes. Américas Figura 3.8.22 | Custos de produção de dispositivos médicos - mercados maduros (EU=100) Canada 96,2 US 100,0 França 96,0 Ásia Pacífico Europa Alemanha 101,2 Itália 97,0 Holanda 95,0 Reino Unido 94,8 Austrália 104,1 Japão 111,9 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 Índice de Custo (EUA=100) Fonte: KPMG 2012, p. 24. 75 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.7.2 | Consumo e despesas com os dispositivos médicos Os EUA são o maior mercado de dispositivos médicos do mundo, representando cerca de 40% do mercado mundial (Holtzman, 2012). O valor estimado do mercado varia entre US$108 milhões (Espicom, 2012) - US$ 150 mil em 2010 (Donahoe & King, 2011). O valor per-capita situa-se acima dos US$330, apenas ultrapassado pelos mercados suíço e dinamarquês (Espicom, 2012). Os segmentos menos tecnológicos representam uma percentagem importante do mercado devido ao volume. Os equipamentos descartáveis e os consumíveis representam cerca de 40% do mercado (Standard & Poor, 2012; Epsicom, 2011). O mercado nestes segmentos deverá, no entanto, crescer a um ritmo inferior ao crescimento do mercado. As ajudas técnicas representam cerca de 13.5% do mercado (Standard & Poor2012). De acordo com os resultados do inquérito a responsáveis hospitalares, o consumo de dispositivos pequenos deverá aumentar nos próximos anos (Lavoise, 2012). O mercado a retalho de equipamento médico vale cerca de 40 milhões (CMS, 2012). Estima-se que cresça a uma taxa anual de 6% % e atinja o valor de 66,5 milhões em 2020 (Figura 3.8.23). Se consideramos que consumo interno total crescerá à mesma taxa o mercado atingirá os US $270 mil-US $322 mil milhões em 2020. As despesas com dispositivos médicos duráveis, das famílias, são maioritariamente suportadas por pagamentos diretos (53,3% em 2010). Espera-se um aumento da comparticipação pública que em 2020 deverá corresponder a cerca de 30% do total das despesas (CMS,2012). Figura 3.8.23 | Despesas com equipamento médico (vendas a retalho) 70 60 50 40 30 20 10 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 76 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.7.3 | Análise dos principais segmentos terapêuticos A indústria de dispositivos médicos nos EUA é muito grande e diversa. O setor é melhor compreendido nos seus segmentos. Os segmentos de cuidados cardiovasculares e ortopedia são os principais segmentos. i | Cardiovascular O mercado cardiovascular americano estava avaliado em 2010 em US$16,3 mil milhões. Espera-se que o mercado cresça a uma taxa anual de 3,2% até 2014 (MedTech, 2011) 68 . O crescimento do setor é impulsionado pelo aumento da prevalência das doenças cardíacas em resultado do envelhecimento, estilos de vida pouco saudáveis e obesidade. É um setor fortemente concentrado, com elevado retorno e com importantes barreiras à entrada e elevados riscos. O domínio das três principais empresas de mercado reflete-se nos principais subsegmentos do mercado (Quadro 3.8.28). Quadro 3.8.28 | Drivers, riscos e indústria: cardiovascular Especialidade Cardiovascular Drivers Prevalência das doenças relacionadas Principal causa de morte e morbilidade Envelhecimento e longevidade Elevado número de procedimentos Riscos Recolhas frequentes Responsabilidade civil Indústria/Empresas(a) Indústria muito concentrada Medtronic- 46% Boston Scientific- 29% Hospitais especializados e com cuidados sofisticados69 I&D – 6% Fonte: (a) Medtech, 2011. Os EUA têm dos principais hospitais de referência na área cardiovascular. O segmento de eletrofisiologia e de dispositivos protésicos cardiovasculares são os que parecem oferecer maiores oportunidades de crescimento. O Quadro 3.8.29 apresenta os dados de evolução atual e prevista relativa aos vários segmentos. 68 Market research tem uma projeção mais otimista do CAGR de cerca de 9% de 2012 a 2015. Ver em: http://www.researchandmarkets.com/research/79q7lz/us_cardiac_device [último acesso: junho 2012] 69 http://health.usnews.com/best-hospitals/rankings/cardiology--heart-surgery [último acesso: junho 2012] 77 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Quadro 3.8.29 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$) Segmento 2010 2014 Taxa de crescimento* Gestão de ritmo cardíaco 6,478 6,737 1.0% Cardiologia de intervenção 4,106 4,668 3.3% Dispositivos vasculares periféricos 2,123 2,644 5.6% Dispositivos de mercado de assistência cardíaca 437 578 7.2% Válvula protésica 453 527 3.9% Cirurgia cardiovascular 676 603 -2.9% Monitorização cardíaca 386 454 4.1% Dispositivos protésicos cardiovasculares 147 203 8.4% Eletrofisiologia 686 1,077 11.9% Desfibrilação externa 766 969 6.1% 16,257 18,459 3,2% Total *Previsão;**Taxa de crescimento anual composta. Fonte: MedTech 2011. ii | Ortopedia O segmento de dispositivos para ortopedia é um dos mais importantes. Dado o envelhecimento da população é de esperar que o segmento de ortopedia/próteses lidere os ganhos de mercado nos próximos anos (Quadro 3.8.30). O segmento deverá continuar a crescer impulsionado também pelos desenvolvimentos nas áreas de convergência com a biotecnologia, nomeadamente a ortobiologia (Larew, 2011).Outros importantes drivers do mercado são o elevado nível de I&D, a elevada participação de clínicos e académicos, a excelência e as margens de lucro dos hospitais de referência (OSEC, 2009). Quadro 3.8.30 | Drivers, riscos e indústria: ortopédico Especialidade Ortopédico Drivers Prevalência das doenças Riscos Responsabilidade civil Envelhecimento da população Aumento dos procedimentos, Importações. Proximidade com o meio clínico e académico Rapidez de aceitação de novas tecnologias. Hospitais com elevada reputação Indústria Principais empresas : Biomet dePuy orthopedics Smith and nephew I&D (6%) Elevado número de fusões Os desenvolvimentos na tecnologia e medicina regenerativa criam novas oportunidades no mercado. A indústria é muito concentrada e tem sofrido importantes movimentos de consolidação nos últimos anos. Por exemplo, 5 empresas detêm cerca de 90% do mercado de reconstrução da articulação. Em setores como o de produtos ortobiológicos, parece haver maior abertura, embora os requisitos regulatórios possam tornar difícil a entrada no mercado (Quadro 3.8.31). De acordo com a Globaldata (in MEdTech, 2011), em 2010, o mercado do segmento da ortopedia estava avaliado em cerca de US$19,8 milhões (aproximadamente 51% do mercado mundial). Espera-se que o 78 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA mercado cresça a uma taxa composta anual de 8.7% até 2015. O segmento de reconstrução articular é o segmento mais importante (39% do mercado) e deverá continuar a crescer a um ritmo maior do que a média do setor. Os produtos ortobiológicos, que em 2010 representavam 12.8% do mercado, são o segmento onde se antecipa o maior crescimento nos próximos anos. A tendência demográfica joga a favor do desenvolvimento do mercado. No entanto, o segmento é sensível à evolução macroeconómica. O crescimento do mercado deverá ocorrer sobretudo pelo lado do volume já que se espera um aumento na pressão sobre os preços. Os principais clientes são os hospitais. Quadro 3.8.31 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$) Segmento Valor 2010 2015 Taxa de crescimento* (%) Reconstrução articular 7,700 12,041 9.3 Cirurgia da coluna vertebral 4,186 5,741 6.6 Ortobiológicos 2,731 5,442 14.8 Trauma 2,213 2,916 5.7 Artroscopia 1,183 1,565 5.8 Suporte de ortóteses 700 911 5.4 Próteses ortopédicas 430 547 4.9 Buco-Maxilo-Facial 316 443 7.0 Acessórios ortopédicos 296 330 2.2 Alargadores ortopédicos 15 18 3.7 19,753 29,954 8.7 Total Fonte: GlobalData in MedTech 2011. *Taxa de crescimento anual composta. O setor tem um forte envolvimento com os especialistas e o meio académico. O país tem os mais reputados hospitais na área, com forte capacidade de adoção de novas tecnologias (Quadro 3.8.32. A indústria faz um enorme investimento a divulgar os seus produtos, junto da classe médica. Quadro 3.8.32 | Top 10 centros ortopédicos 1. Hospital for Special Surgery (New York, NY) 2. Mayo Clinic (Rochester , MN) 3. Massachusetts General Hospital (Boston, MA) 4. Cleveland Clinic (Cleveland, OH) 5. Johns Hopkins Hospital (Baltimore, MD) 6. Duke University Medical Center (Durham, NC) 7. Barnes-Jewish Hospital/Washington University (St. Louis, MO) 8. UMPC-University of Pittsburgh Medical Center (Pittsburgh, PA) 9. University of Iowa Hospitals and Clinics (Iowa City , IA) 10. Rush University Medical Center (Chicago, IL) Fonte: Best Hospitals 2011. 79 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA iii | Imagiologia O segmento de imagiologia tem como fatores impulsionadores o desenvolvimento tecnológico e a medicina personalizada. Este setor é dominado por 4 empresas, sendo que as duas principais empresas têm perto de metade do mercado. Os hospitais são os principais clientes. O setor sente, assim, a pressão sobre os preços que deverá ser compensada pelo aumento do número de pacientes e pela generalização de nova tecnologia (Quadro 3.8.33). Quadro 3.8.33 | Drivers, riscos e indústria: imagiologia Especialidade Imagiologia Drivers Riscos Indústria(a) I&D Desenvolvimento tecnológico: - Imagem 3D - Imagem molecular - Medicina personalizada Responsabilidade civil Setor muito concentrado GE healthcare (27%) Philips Health Care - (22.3%) Siemens Healthcare (18.5%) Toshiba Medical Systems (5%) Controlo de custos Fonte: (a)Medtech 2011. De acordo com a GlobalData, o mercado dos dispositivos de imagem médica tinha um valor de aproximadamente US$6,2 mil milhões, em 2010 (in MedTech, 2011). Os segmentos de ultrassons e MRI são os principais mercados, contando para cerca de 50% do mercado total. A consultora antecipa um crescimento a uma taxa composta anual de 4,6% até 2015. Espera-se, no entanto, que o mercado de equipamento de imagem nuclear seja o segmento com maior crescimento. iv | Diagnóstico O setor de diagnóstico é muito diversificado, em termos de produtos, tecnologia incorporada e estrutura de mercado. Alguns segmentos de diagnóstico são mercados maduros, enquanto outros estão em forte desenvolvimento tecnológico. Trata-se de um setor atrativo pela maior facilidade de entrada em alguns dos seus segmentos menos tecnológicos, assim como, pelo ritmo de crescimento nos segmentos mais tecnológicos. O crescimento do setor é impulsionado pelo aumento do número de empresas, pela I&D, pela melhoria das perspetivas de reembolso e pela tecnologia (Quadro 3.8.34). Quadro 3.8.34 | Drivers, riscos e indústria: diagnóstico Especialidade Diagnóstico Drivers I&D Medicina personalizada Reembolso Fonte: *Medtech 2011. 80 Riscos Responsabilidade civil Pressão custos Indústria/empresas* Muito diversificada competitivos e com segmentos Principais empresas (quota de mercado): Siemens Health Care Diagnostic (9.2%) Abbott Diagnostic (9%) Roche Diagnostic (6,7%) INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA As compras de hospitais representam cerca de 59% do mercado e os laboratórios independentes 34% (MedTech, 2011). Esta segmentação de mercado dá oportunidades as empresas que se dirijam ao mercado nacional e às que se concentram em mercados mais locais. A indústria do diagnóstico in vitro é muito concentrada: 10 empresas representam 78.5% do mercado (PwC, 2009) e os movimentos de concentração continuam (PwC, 2011a). Nos últimos anos o setor nos EUA tem passado por um movimento de consolidação com aquisições e fusões, à semelhança do que aconteceu à escala mundial (PwC, 2009; 2011). No entanto, o mercado é muito dinâmico. Os EUA são o maior mercado de diagnósticos in vitro, com um valor estimado em US$18,9 mil milhões representando cerca de 44% do mercado mundial (PwC, 2009). O mercado americano estava valorado em US$18,7 mil milhões em 2010, 44% do mercado mundial, e de acordo com a GlobalData (in Medtech, 2011) deverá crescer a uma taxa composta anual de 5,5% até 2015. Reagentes e consumíveis representam cerca de 84% do mercado (MedTech, 2011) (Quadro 3.8.35). Quadro 3.8.35 | Evolução dos segmentos reagentes e consumíveis e instrumentos e imagens (US$ mil milhões) 2010 2015 Reagentes e consumíveis 15,752 20,563 5.5% Instrumentos e imagens 2,929 3,830 5.5% 18,681 24,393 5.5% Segmento Total Taxa de crescimento* *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: GlobalData in MedTech 2011. O mercado pode ser dividido em 7 tipo de testes. Quando consideramos o tipo de testes, o mercado é dominado pela imunoquímica, que representava, em 2010, cerca de 35% do mercado Os testes genéticos representam cerca de 4% do mercado de diagnóstico, mas será o segmento que mais contribuirá para o crescimento do mercado (Quadro 3.8.36). Este segmento é particularmente interessante para a entrada de novas empresas, por ainda ser bastante fragmentado. Quadro 3.8.36 | Evolução de subsegmentos Segmento Valor 2010 2015 Taxa de crescimento* (%) Imunoquímica 6,963 9,195 5.7 Química clinica 4,012 5,177 5.2 Hematologia 2,882 3,662 4.9 Imunologia e infeciosas 2,102 2,810 6.0 Cultura microbiológica 1,443 1,841 5.0 Testes genéticos 714 972 6.4 Histologia e citologia 563 737 5.5 18,681 24,393 5.5 Total *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: MedTech 2011. 81 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Os diagnósticos moleculares são o segmento mais dinâmico. Os EUA lideram o crescimento do número de empresas no segmento. O mercado está avaliado em cerca de US$3,4 mil milhões (MedTech, 2011)- US$5 mil milhões (PwC, 2009) e deverá crescer a um ritmo superior a 10% ano nos próximos anos, podendo ascender a US$ 10 mil milhões, em 2015 (PwC, 2009). Neste segmento, os testes a doenças infeciosas lideram o mercado (52%), seguidos de testes de sangue (27%) (PwC, 2009; 2011b). O I&D do segmento ultrapassa 11,4% das receitas O crescimento da farmacogenética deverá ser excecionalmente elevado. Os companion diagnostic estão a crescer rapidamente, motivados pelo desenvolvimento da medicina personalizada. O setor é particularmente atraente para aquisições e parcerias com a indústria farmacêutica. v | Equipamento de reabilitação De acordo com o Patterson Medical (in MedTech, 2011), o mercado de produtos de reabilitação valia em 2009 aproximadamente US$4,1 mil milhões (cerca de 82% do mercado mundial). O mercado deverá crescer a uma taxa composta anual de 3% até 2013. O mercado é muito competitivo e fragmentado, sendo que a maioria das empresas tem uma abordagem. O canal de distribuição é variado, abordando de forma diversa instituições de saúde e consumidores finais. O envelhecimento é o maior driver do mercado. Adicionalmente, o aumento da necessidade de equipamentos decorrente de uma vida ativa mais prolongada e o aumento dos cuidados domiciliários acentuam o desenvolvimento do mercado (Quadro 3.8.37). Quadro 3.8.37 | Drivers, riscos e indústria: equipamento de reabilitação Especialidade Drivers Riscos Indústria Equipamento de reabilitação Envelhecimento Aumento do número de procedimentos Aumento do número de profissionais Tratamentos domiciliários Risco de responsabilidade civil Muito fragmentado e competitivo Vantagens competitivas: preço, qualidade Cobertura regional. vi | Dentária O mercado dos dispositivos médicos dentários é competitivo e fragmentado. O segmento dos implantes é o mais importante, mas revelou-se muito sensível à crise económica. Em geral as vendas diretas são pouco frequentes pelo que o canal de distribuição é muito relevante. O mercado é competitivo e tende a ser local/regional, o que abre perspetivas para a entrada de empresas mais pequenas. Apesar disso, a maior empresa de implantes Biocare tem um poder de mercado importante com cerca de 22% da market share. O mercado deverá crescer com a melhoria das condições económicas e com a melhor cobertura dos seguros com a implementação da reforma (Quadro 3.8.38). 82 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.38 | Drivers, riscos e indústria: dentária Especialidade Drivers Riscos Indústria Dentária Aumento da prevenção Crescimento da cobertura dos seguros Inovação (regeneração óssea, digitalização) Elevada elasticidade preço e rendimento Setor muito fragmentado e competitivo Vantagens competitivas: preço, qualidade Cobertura regional Fatores críticos: cadeia de distribuição, produto Diminuição do número de dentistas (-) De acordo com a Global Data (in Medtech, 2011), o mercado de dispositivos médicos dentários tinha um valor estimado em US$2,4 mil milhões em 2010. O mercado deverá crescer a uma taxa composta anual de 7,3% ano e atingir US$3,2 mil milhões em 2014. O segmento mais relevante é o de implantes seguido pelo segmento de cadeiras e equipamentos (Quadro 3.8.39). A distribuição no setor é dominada por empresas com uma forte cobertura nacional ou local. As vendas diretas são marginais pelo que para se entrar no setor é importante estabelecer relações sólidas com os distribuidores. Quadro 3.8.39 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$) Segmento 2010 2015 Taxa de crescimento* (%) Coroas e pontes 113 156 8,4 Cadeiras e equipamentos 701 923 7,1 Implantes 852 1.088 6,3 Lasers 39 54 8,5 Biomateriais 147 205 8,7 Equipamento radiologia 551 760 8,4 2.402 3.184 7,3 Total *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: MedTech 2011. vii | Produtos combinados Os produtos combinados são produtos com duas ou mais componentes reguladas, combinados física, quimicamente ou de outra maneira (21CFR part 3.2e). O mercado de produtos combinados tinha um valor de 13,7 mil milhões em 2009, o que representa 57% do mercado mundial. Espera-se um crescimento a uma taxa composta anual de 14,5% até 2014 (37 mil milhões). O mercado nos seus diferentes subsegmentos tem sido dominado pelo lançamento de produtos por grandes empresas. No entanto, também têm entrado no mercado pequenas empresas (MedTech, 2011). 83 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.7.4 | Regulação de dispositivos médicos Apesar de menos regulado do que o mercado farmacêutico, o setor dos dispositivos médicos também é muito regulado. A regulação do setor tem vindo a aumentar. As empresas consideram a complexidade e instabilidade da regulação como o seu principal desafio gastando recursos consideráveis com as questões regulatórias. Apesar dos esforços de harmonização entre as nações, os resultados têm sido insuficientes. De facto, o mercado dos dispositivos médicos só está disponível para produtores que conseguiram a aprovação da FDA, seguindo os procedimentos estabelecidos. Nos últimos anos tem-se tornado cada vez mais difícil conseguir a autorização de entrada no mercado (US Department of Commerce, 2010). i | Entidade reguladora O processo regulatório de dispositivos médicos é nacional. O Center for Devices and Radiological Health (CDRH) da é o organismo responsável pela regulação das empresas que fabricam, embalam, etiquetam e/ou importam dispositivos médicos, vendidos nos EUA. Além disso, é também responsável pela regulação de produtos eletrónicos emissores de radiação (médicos e não médicos), como por exemplo, os lasers, raios-X, sistemas e equipamentos de ultrassom. Informação adicional pode ser encontrada no site do CDRH em: http://www.fda.gov/AboutFDA/CentersOffices/OfficeofMedicalProductsandTobacco/CDRH/default.htm [último acesso: junho 2012] Um primeiro contacto para exportar para os EUA é a Division of Small Manufacturers, International and Consumer Assistance (DSMICA). A DSMICA está mandatada para dar assistência sobre aspetos regulatórios a pequenas empresas e a empreasas estrangeiras. O Safe Medical Act de 1976, é a peça normativa que determina os aspetos principais da regulação do mercado particularmente nas áreas de premarket approval e postmarket surveillance. O Quadro 3.8.40 apresenta os principais documentos legislativos. O sistema regulatório é transparente, mas complexo e os prazos de entrada são demorados (Makower et al., 2012). Além do mais, os custos com a introdução de um novo dispositivo são muito elevados. Em consequência, a evidência sobre a perceção da indústria relativamente ao processo regulatório é negativa. Um inquérito à indústria (Makower et al., 2012) indica uma perceção de menor competência e previsibilidade da FDA quando comparada com a Agência Europeia do Medicamento (EMEA). De acordo com o inquérito da EMERGO Group (2012) os responsáveis da indústria revelam apreensão sobre a evolução da regulação, notando o aumento da complexidade e relevando os desafios que as alterações do sistema regulatório colocam ao setor. 84 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.40 | Principais documentos legislativos Legislação Aspetos relevantes Ata de 1990 – segurança em dispositivos médicos Estabelece requisitos do sistema de qualidade; Apoio da vigilância pós-venda; Abre a possibilidade de poder discricionário da FDA na atribuição das PMAs. Ata de 1997 para Modernização da FDA Extensão das isenções da Classe I e Classe II; Define a “prestação menos onerosa”; Suporte da resolução de disputas; Estabelece a avaliação de designação automática de Classe III (dando ao patrocinador a oportunidade de solicitar classificação inferior devido a um dispositivo de risco mínimo, conhecida como revisão de “novo"). Ata (MDUFMA) de 2002 para taxa de utilização e modernização de dispositivos médicos Estabelece uma tabela de preços para a maioria dos tipos de submissões de dispositivos para alcançar tempos de revisão mais curtos; Exige que a FDA inclua especialistas pediátricos no painel de um produto destinado a uso pediátrico. Ata de 2007 para modernização da FDA Reautorização e expansão do MDUFMA. Fonte: FDA, online70. ii | Registo da empresa As empresas estrangeiras que produzam dispositivos médicos, têm de obedecer aos requisitos estabelecidos pela FDA, mesmo que já tenham sido aprovadas em outros países. Esses requisitos incluem o registo de estabelecimento. Os fabricantes nacionais e estrangeiros, assim como os distribuidores (importadores) de dispositivos médicos, devem fazer o registo eletrónico das suas empresas na FDA (21 CFR 807.20). As empresas que transformem, reembalem, esterilizem ou realizem outros procedimentos expressos na lei devem também registar-se. Estão isentas as empresas ao abrigo do 21 CFR 807.65. Desde 2007, há lugar ao pagamento de uma taxa de registo para a maioria das empresas. Todas as informações de registo devem ser verificadas anualmente entre 1 de outubro e 31 de dezembro. Importante O registo da empresa não significa a aprovação do estabelecimento ou dos dispositivos. Informações adicionais sobre o processo de registo, incluindo os formulários FDA-2891, podem ser encontradas no site da FDA em: http://fda.gov/cdrh/devadvice/341.html [último acesso: junho 2012] 70 http://www.fda.gov/AboutFDA/CentersOffices/OfficeofMedicalProductsandTobacco/CDRH/CDRHTransparency/ucm203018.htm [último acesso: junho 2012] 85 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA iii | Agente Além do registo, os fabricantes estrangeiros devem também designar um agente nos EUA. As responsabilidades dos agentes incluem: (i) ajudar a FDA na comunicação com a empresa estrangeira; (ii) responder a questões relativas a produtos das empresas que representam; (iii) auxiliar a FDA a agendar as inspeções em contexto de dificuldade de contacto direto ou rápido com a empresa. A FDA pode dar informações e documentos aos agentes, considerando-se para efeitos legais equivalentes. O agente não tem responsabilidade de reportar eventos adversos (21 CFR Part 803) e submeter Premarket Notifications [510(k)] (21 CFR Part 807, Subpart E). 71 Os fabricantes devem notificar à FDA o nome e os contactos (endereço, telefone, fax, email) do agente nos EUA. Mesmo que um fabricante produza diferentes produtos deve apontar só um agente. Os importadores locais devem igualmente estar registados. Os armazenistas, que não produzam, embalem ou rotulem produtos não precisam estar registados. Esta informação pode ser complementada em: http://www.fda.gov/cdrh/devadvice/341.html#link_1 [último acesso: junho 2012] iv | Registo de dispositivos médicos Os fabricantes devem registar os seus dispositivos médicos na FDA. São obrigados a efetuar o registo: (re)fabricantes; fabricantes contratados que distribuem comercialmente dispositivos médicos; esterilizadores que distribuem comercialmente dispositivos médicos; empresas responsáveis pela (re)embalagem e (re)etiquetagem; processadores de dispositivos de uso único; fabricantes de acessórios e componentes vendidos diretamente ao consumidor final; e fabricantes americanos de dispositivos médicos destinados apenas à exportação. v | Classificação dos dispositivos Antes de introduzir um dispositivo no mercado, o fabricante deve primeiro determinar como é regulado (medicamento, dispositivo médico, produto biológico, ou combinação). Na maior parte dos casos a identificação do produto é fácil. No caso de não ser, o importador deve questionar a FDA sobre a classificação. A FDA deverá responder no prazo máximo de 60 dias. Os dispositivos médicos são classificados quanto ao risco por classe: classe I, classe II e classe III. O risco de doença ou lesão aumenta da classe I para III. A classe III inclui os dispositivos com maior risco de doença/lesão e os dispositivos de suporte de vida. O controlo regulamentar aumenta da classe I para a classe III. A identificação correta da classe é importante para determinar o processo regulatório. A classe de um dispositivo é feita de acordo com os regulamentos de classificação. As classificações propostas tendem a 71 Ver para dúvidas: http://fdaagents.com/faq.html?Lang=EN [último acesso: junho 2012] 86 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA ser genéricas pelo que se deve ter cuidado com a sua especificação. Se o dispositivo médico variar muito da classificação genérica é automaticamente classificado como Classe III. Informação sobre o risco dos dispositivos já no mercado pode ser acedida no site: http://ecfr.gpoaccess.gov/ [título 21] [último acesso: junho 2012] A responsabilidade pela categorização dos dispositivos (classe I, classe II e classe III) é da FDA. Os centros responsáveis são o Center for Devices and Radiological Health (CDRH) e a Division of Clinical Laboratory Devices (DCLD). vi | Acesso ao mercado O acesso ao mercado consiste na Premarket Notification (PMN) 510 (k) e Premarket Approval (PMA). O PMN 510 (k) é o processo mais simples. Para a obtenção da aprovação é necessário que a empresa argumente “equivalência substancial” com um dispositivo que já se encontra no mercado. Equivalência substancial requer que os dispositivos tenham o mesmo tipo de uso e as mesmas características tecnológicas ou, caso haja diferenças técnicas, não afetem a segurança do dispositivo. Se o dispositivo médico exigir uma PMN 510 (k), não pode ser distribuído comercialmente até receber uma carta da FDA com a devida autorização. Em 1998 a FDA estabeleceu o new 510(k) paradigma. Neste âmbito criou três tipos de 510(k): o tradicional, o especial e o simplificado. O 510(k) especial deve ser apresentado quando há alterações ao dispositivo que não alteram o uso ou as características tecnológicas. O 510(k) simplificado pode ser submetido quando existe um documento de orientação, ao qual já foi aplicado algum controlo especial, ou sobre o qual a FDA tem consenso sobre o standard necessário. Para dispositivos de baixo risco, as empresas podem, ainda, recorrer a entidades terceiras acreditadas, para submeter o 510(k). A maioria dos dispositivos, de classe I está isenta de Premarket Notification 510(k), enquanto que grande parte dos dispositivos de classe II exige essa notificação. Os dispositivos de classe III e os implantes necessitam de Premarket Approval (PMA). A Figura 3.8.24 sumariza o processo para obter autorização de entrada no mercado. 87 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Informações detalhadas podem ser encontradas no site da FDA em: http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/HowtoMarketYourDevice/PremarketSub missions/PremarketNotification510k/ucm134573.htm [510(k) especial] http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/HowtoMarketYourDevice/PremarketSub missions/PremarketNotification510k/ucm134574.htm [510(k) simplificado] Informações detalhadas sobre a podem ser encontradas no site da FDA: http://www.fda.gov/MedicalDevices/ResourcesforYou/Industry/ucm127127.htm [submissão do 510(k)] em http://www.accessdata.fda.gov/scripts/cdrh/cfdocs/cfpcd/315.cfm Premarket Notification 510(k)] de [lista de dispositivos isentos Para mais informações consultar o documento: FDA(1998) The New 510(k) Paradigm - Alternate Approaches to Demonstrating Substantial Equivalence in Premarket Notifications - disponível em 88 http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/ucm080187.htm [último acesso: junho de 2012] INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Figura 3.8.24 | Processo para autorização de entrada É um aparelho ou um acessório para um aparelho? Não Não regulada pela Pedido de FDA reclassificação New 510(k) Sim PMA Está coberto pela classificação reguladora? Automaticamente Não Classe III 510(k) tradicional Sim 510(k) especial Isento Quais as opções para conseguir a aprovação ou clarificação do mercado? 510(k) abreviado 510(k) PMA 510(k) Revisão por 3º parte Fonte: adaptado de Thompson, 2010. No caso dos dispositivos necessitarem de PMA, têm de demostrar ser seguros e efetivos, tratando-se de um processo mais complexo e incluindo a apresentação de evidência clínica 72. Tal implica a realização de ensaios clínicos. O Quadro 3.8.41 compara os processos PMN e PMA. É obrigatório apresentar a lista de todos os dispositivos médicos fabricados ou importados, apresentando o formulário FDA-2892 Informações sobre como submeter a listagem pode ser encontrada no site da FDA em: 72 http://www.fda.gov/cdrh/devadvice/342.html [último acesso: junho 2012] Para detalhes consultar: http://www.fda.gov/medicaldevices/deviceregulationandguidance/howtomarketyourdevice/premarketsubmissions/premarketappro valpma/default.htm [último acesso: junho 2012] 89 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Quadro 3.8.41 | Comparação dos processos PMN e PMA PMN Dispositivos sujeitos PMA Poucos da classe I, maioria da classe II e alguns da classe III antes do ato. Todos Classe III pós device act; Alguns classe III pré device act; Dados clínicos Não obrigatórios. Apenas em 10% dos casos para prova de equivalência. Usualmente obrigatórios. Evidência segurança e eficácia Para suportar “equivalência substancial”. Necessária evidência clínica e científica. Barreiras ao marketing Poucas. Elevadas. Duração do processo Aprox. 3 meses* Aprox. 9 meses* 4.5 meses** 27.1 meses** 3-6 Meses *** 12- 24 Meses*** 31 meses**** 54 meses**** 510(k) simplificado ou novo 510(k) se houver alteração substancial. Novo PMA. Depende das alterações Modificações Dispositivos que não tenham correspondente substancialmente equivalente aos de classe I ou II através do processo de PMN 510 (k); Dispositivos que não se encontrem na classificação anterior a 1976, exceto se: (i) a FDA reclassifica-os numa classe I ou II ou (ii) a FDA emite uma ordem classificando o dispositivo na classe I ou II de acordo com a secção 513 do Medical Device Act. Nota: A FDA emite uma ordem considerando o dispositivo “substancialmente equivalente” a um já existente no mercado quando “tem o mesmo uso possui as mesmas características tecnológicas ou tem características tecnológicas diferentes mas demonstra ser pelo menos tão seguro e efetivo como o comparador (medical device act). Se o argumento não se aplicar a empresa pode: (a) re-submeter o pedido; (b) requerer nova classificação do produto; (c) submeter um pedido de PMA. A FDA tem 180 dias para responder. Fontes: FDA, online; *2009; **Ernst and Young 2011; ***CHI&BCG, 2011, ****Makower et al (2012) vii | Investigational Device Exemption para estudos clínicos Uma Investigational Device Exemption (InvDE) permite a utilização de um dispositivo médico, ainda em investigação num estudo clínico, necessários para suportar uma PMA ou PMN 510 (k). Em resultado do maior rigor regulamentar o número de InvDEs concedidos tem vindo a diminuir (Ernst & Young, 2011). Se uma empresa portuguesa pretende realizar um ensaio clínico nos EUA, necessita encontrar um parceiro americano, já que uma empresa estrangeira, não pode obter um InvDE. 90 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA viii | Ensaios clínicos Os ensaios clínicos com dispositivos da classe III devem ser aprovados pela FDA e por um Conselho de Revisão Institucional, antes de serem iniciados. A reforma da saúde, recentemente aprovada, tenderá a aumentar a complexidade da regulação, apesar de procurar diminuir a duração do processo. Em particular, a aprovação da maioria dos novos dispositivos médicos terá de ser acompanhada por evidência de efetividade sustentada em ensaios clínicos. A FDA propôs uma nova classe IIB, obrigando os dispositivos incluídos a apresentarem dados semelhantes aos dos dispositivos da classe III. Regulação do Sistema de Qualidade: inclui requisitos relacionados com os métodos utilizados e as instalações, bem como, controlo em relação ao design, compras, fabrico, embalagem, rotulagem, armazenamento, instalação e manutenção de dispositivos médicos. Os produtores estrangeiros, tal como os nacionais, estão sujeitos a inspeção. Cabe à FDA inspecionar as instalações para assegurar o cumprimento das normas de qualidade. A estratégia de inspeção da FDA denomina-se Quality System Inspections Technique (QSIT). A QSIT é baseada num sistema de inspeção top-down avaliando os controlos existentes em sete subsistemas: gestão, design, ações corretivas e preventivas, processos e sistema de produção processos, instalação e equipamentos, documentos e registos (FDA, online 73 ). Os produtores estrangeiros podem ser acreditados e inspecionados por terceiros certificados pela FDA Programa AP. O AP pode ser solicitado por empresas que cumpram os requisitos estabelecidos. O guia orientador das inspeções pode ser encontrado no seguinte documento: http://www.fda.gov/downloads/ICECI/Inspections/UCM142981.pdf [último acesso: junho 2012] Requisitos de Rotulagem: incluem etiquetas do dispositivo médico, bem como, literatura descritiva e informativa que o acompanha. A descrição dos requisitos pode ser encontrada no site da FDA em: http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/Overview/DeviceLabeling/[último acesso: junho 2012] ix | Vigilância após entrada no mercado A lei estabelece que os dispositivos de alto risco devem ser vigiados, pelos produtores após a entrada no mercado. A FDA também pode obrigar a vigilância do mercado a outros produtos se considerar que essas ações são necessárias para proteger a saúde pública. No âmbito do programa Medical Device Reporting (MDR), devem ser reportados à FDA todos os incidentes em que um dispositivo possa ter causado ou contribuído para a morte ou lesão grave de pacientes. Devem, igualmente, ser reportados à FDA os defeitos encontrados nos dispositivos. Os importadores locais (ou representantes) devem manter um 73 Consultar http://www.fda.gov/ICECI/Inspections/InspectionGuides/ucm074883.htm [último acesso: junho 2012] 91 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA processo MDR para cada evento adverso. Informações adicionais ser consultadas no site daFDA em : http://www.fda.gov/MedicalDevices/Safety/ReportaProblem/default.htm [último acesso: junho de 2012] Adicionalmente, o distribuidor deverá ter informação que permita identificar a localização do dispositivo ao longo da cadeia de distribuição (Medical Device Tracking)74 Informações adicionais podem ser encontradas no site da FDA em: http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/PostmarketRequirements/RecallsCorrect ionsAndRemovals/default.htm [último acesso: junho 2012] A FDA tem mandato, desde 2007, para implementar um sistema Unique Device Identifier (UDI) para os dispositivos médicos. O número de dispositivos recolhidos por defeitos ou outros problemas (recalls) tem vindo a aumentar, o que acarreta custos elevados para a indústria (Ernst & Young, 2011). No futuro a FDA pretende implementar um programa piloto de recolha de dispositivos antigos, após a introdução de novos dispositivos utilizados para os mesmos fins. x | Custos do quadro regulatório Os custos com o quadro regulatório são elevados. Os custos de serviço pagos à FDA são publicados anualmente. Os valores e métodos de pagamento, para 2012, para os diferentes procedimentos podem ser encontrados no site da FDA em: http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/Overview/MedicalDeviceUserFeeandMod ernizationActMDUFMA/ucm109177.htm [último acesso: junho 2012] Os custos reais parecem, no entanto, muito maiores. De acordo com os resultados do inquérito a 200 empresas de tecnologia médica, o custo médio de um dispositivo médico 510(k) até à entrada no mercado é de cerca de US$31 milhões, dos quais US$24 milhões estão associados a procedimentos da FDA (incluindo os ensaios clínicos). Cerca de US$5 milhões são gastos apenas no processo burocrático para obter o 510(k). Para um dispositivo PMA, o custo médio é de US$94 milhões, sendo US$75 milhões relacionados com procedimentos da FDA, dos quais aproximadamente US$15 são gastos de obtenção do PMA (Makower et al., 2012). 74 http://www.fda.gov/cdrh/devadvice/51.html [último acesso: junho 2012] 92 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Reforma da saúde: novo imposto A partir de 2013, a nova lei impõe um novo imposto de 2,3% aplicado a todas as vendas. As importações estão sujeitas a igual taxa, no entanto as componentes estão dispensadas. Óculos, lentes de contacto, ajudas a audição e outros dispositivos de retalho determinados pelo responsável governamental estão isentos (IRS, 2012). O documento pode ser consultado em: http://www.irs.gov/pub/newsroom/reg-113770-10.pdf [último acesso: junho de 2012] xi | Produtos com regulação adicional Produtos que emitem radiação Os fabricantes que exportem para os EUA produtos que emitem radiação estão sujeitos a requisitos adicionais. Um guia sobre os requisitos pode ser encontrado no site da FDA em Eletronic Product Radiation Control: http://www.fda.gov/cdrh/comp/eprc.html [último acesso: junho 2012] Diagnóstico in vitro Os dispositivos de diagnóstico in vitro estão, adicionalmente, sujeitos aos requisitos impostos pelo Clinical Laboratory Improvement Amendments, de 1996, relativo às normas de qualidade para testes de laboratório e de acreditação para laboratórios de análises clínicas. Os requisitos variam de acordo com a complexidade técnica do processo de teste e riscos de danos. Informação adicional pode ser consultada em: http://www.cms.gov/Regulations-and-Guidance/Legislation/CLIA/index.html?redirect=/CLIA/ [último acesso: junho 2012] Os regulamentos estabelecem três categorias de testes, com base na complexidade da metodologia de ensaio: (i) waived tests; (ii) ensaios de complexidade moderada; e (iii) ensaios de elevada complexidade. Os laboratórios que realizam testes de complexidade moderada e/ou alta, têm de cumprir requisitos de qualidade exigentes. 93 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Para aceder a informação sobre os produtos e processos ver Product Complexity Database: http://www.accessdata.fda.gov/scripts/cdrh/cfdocs/cfCLIA/search.cfm Os requisitos de rotulagem específicos para diagnósticos in vitro estão definidos no título 21; CFR 809. Informação pode ser acedida no site: http://ecfr.gpoaccess.gov Para mais detalhes aceder ao site da FDA em: http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/Overview/DeviceLabeling/InVitroDiagno sticDeviceLabelingRequirements/default.htm Recomendações à indústria podem ser encontradas no site da FDA em: http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/IVDRegulatoryAssistance/default.htm [último acesso: junho 2012] Produtos combinados A crescente importância do segmento de produtos combinados levou à criação do Office of Combination Products (OCP) na FDA, em 2002. A submissão do produto ao OCP é orientada pelo princípio “principal modo de ação” [Primary Mode of Action (PMOA)]. Dependendo do PMOA, o processo é endereçado ao Center for Biologics Evaluation and Research (CBER); Center for Drug Evaluation and Research (CDER) ou Center for Devices and Radiological Health (CDRH). Para mais detalhes aceder ao site da FDA em: http://www.fda.gov/CombinationProducts/default.htm [último acesso: junho 2012] xii | Importação Todos os dispositivos médicos que são importados para os EUA devem respeitar as normas aduaneiras descritas e apresentadas nas seções anteriores. Na informação da entrada deverá, ainda, constar informação a demonstrar que o produto está em conformidade com as regras da FDA. A informação deve incluir o número de registo, o número de registo do estabelecimento e o nome do agente, autorizações de mercado e os dados do produto que constam no formulário FDA-2892.O código de identificação do produto para o CBP deve incluir dois dígitos a identificar a especialidade (Quadro 3.8.42) e as três letras do código do formulário FDA-2892. Para maior detalhe ver carta enviada pela FDA à indústria em Março 2011, a qual pode ser acedida em: 94 http://www.fda.gov/MedicalDevices/ResourcesforYou/Industry/ucm248321.htm [último acesso: junho 2012] INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.42 | Código das especialidades e Code of Federal Regulations (CFR) Número Especialidade Médica CFR – Título XX 73 Anestesia Parte 868 74 Cardiologia Parte 870 75 Química Parte 862 76 Dentária Parte 872 77 Ouvido, nariz e garganta Parte 874 78 Gastroenterologia e urologia Parte 876 79 Cirurgia geral e estética Parte 878 80 General hospital Parte 880 81 Hematologia Parte 864 82 Imunologia Parte 866 83 Microbiologia Parte 866 84 Neurologia Parte 882 85 Obstetrícia e genecologia Parte884 86 Oftalmologia Parte 886 87 Ortopedia Parte 888 88 Patologia Parte 864 89 Medicina física Parte 890 90 Radiologia Parte 892 91 Toxicologia Parte 862 Os importadores de produtos que emitem radiação devem ainda submeter uma declaração escrita Declaration of Products Subject to Radiation Control Standards (Formulário FDA-2877) 75 e ter uma identificação visível da certificação afixada em cada produto. Para acesso ao Formulário FDA-2877 consultar: http://www.fda.gov/opacom/morechoices/fdaforms/FDA- 2877.pdf [último acesso: junho 2012] Quando os documentos entram na CBP, é enviado o processo para o departamento local da FDA. A FDA deverá autorizar a entrada se o produto cumprir os requisitos estabelecidos. Após a entrada, a FDA pode examinar amostras do produto para assegurar as condições do produto final. Caso o processo ou a amostra não sigam as regras da FDA, o departamento local deverá emitir um Notice of FDA Action especificando a natureza da violação. O importador local ou o agente deverão prestar todas as informações e documentos pedidos, caso contrário a entrada dos produtos é recusada. O processo de importação pelos EUA de produtos sujeitos às regras da FDA é resumido na Figura 3.8.25. 75 Para ter acesso ao formulário consultar: http://www.fda.gov/opacom/morechoices/fdaforms/FDA- 2877.pdf [último acesso: junho 2012] 95 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Figura 3.8.25 | Fluxograma dos procedimentos de importação pelos EUA Fonte: Freeman 2006. 96 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Importação para exportar A exportação para os EUA de dispositivos (incluindo componentes, acessórios e partes de dispositivo, etc.) para serem transformados ou incorporados em outros dispositivos e reexportados está regulada pela secção 322 do Bioterrorism Act de 2002. Uma empresa não pode, porém, exportar um dispositivo médico não aprovado, sem a necessária autorização, mesmo que este se destine apenas à reexportação para outros mercados. O importador deve fornecer uma declaração que confirma a intenção de processar ou incorporar um dispositivo em outro dispositivo para exportação. Deve, ainda, fornecer informação sobre a cadeia de transformação e exportação do produto, desde que entra nos EUA até à reexportação. A informação prestada ao longo da cadeia, assim como eventuais danificações ou destruições do produto, devem ficar registadas. Aquando da entrada nos EUA, deve ser paga uma fiança para acautelar possíveis danos por defeito no produto. Manuais de Procedimentos de importação – o qual pode ser acedido em: http://www.fda.gov/downloads/ICECI/ComplianceManuals/RegulatoryProceduresManual/UCM074300.pdf Para detalhes recomenda-se a consulta do documento orientador para a indústria da FDA: http://www.fda.gov/ora/import/ora_import_system.html [Deve-se, ainda, consultar a secção 322 do Bioteorrorism act de 2002.] Informação adicional sobre a importação pode ser encontrada nos sites seguintes: http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/ [FDA Device Regulation and Guidance] http://www.fda.gov/ICECI/Inspections/IOM/ucm123337.htm [FDA Investigations Operations Manual, Chapter 6, Imports] http://www.fda.gov/ForIndustry/ImportProgram/ImportAlerts/default.htm [Alertas de importação] http://www.fda.gov/ForIndustry/ImportProgram/ImportProgramOverview/default.htm [Import Program System Information] [último acesso: junho 2012] xiii | Comparticipação Um dos aspetos mais importantes no processo de comparticipação é a determinação do Current Procedure Terminology (CPT®) - código que identifica os equipamentos e procedimentos. Novos produtos requerem novos códigos. Sem a codificação (apropriada) não há lugar a reembolso. Conforme já referido, para solicitar um novo código, o produtor deve-se contatar AMA ou CMS. Um código pode demorar de um a três anos até ser aprovado. Apesar da morosidade do processo, o estudo da PricewaterhouseCoopers (PwC, 2011) realizado com responsáveis da indústria, revela que os EUA são um dos países onde é mais fácil obter comparticipação dos seguros na aquisição de dispositivos médicos. As perspetivas são, no entanto, de aumento da dificuldade. De facto, com a reforma na saúde, as decisões de comparticipação serão mais rígidas, sendo baseadas na efetividade do dispositivo e no impacto do seu uso nos custos de saúde. É, ainda, esperado um aumento da (já) forte pressão sobre os preços. 97 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Frequentemente os seguros elaboram ou contratam especialistas para realizarem estudos de custoefetividade dos dispositivos médicos. O produtor deve tentar acompanhar o processo o mais possível. A publicação de artigos em revistas internacionais da especialidade sobre o custo-efetividade dos dispositivos é uma mais-valia importante para os processos de codificação e de comparticipação. A Veterans Administration é a agência principal responsável pela negociação de acordos com os fabricantes/distribuidores de dispositivos médicos para aquisição de dispositivos médicos para as agências governamentais. 3.8.7.5 | Importações Apesar do crescimento constante das exportações americanas de dispositivos médicos, o crescimento da procura nos EUA e o aumento do outsourcing, tem vindo a provocar uma erosão gradual do superavit comercial. As importações cobrem atualmente aproximadamente 30% do consumo nacional. A título ilustrativo veja-se, por exemplo, os instrumentos cirúrgicos e médicos: enquanto as exportações cresceram cerca de 61,5% 2002-2007, as importações mais do que duplicaram, no mesmo período (US Department of Commerce, 2010). Os principais exportadores de dispositivos médicos para o mercado americano são apresentados na Figura 3.8.26. Em conjunto os seis países representam cerca de 68% das importações. O México é o principal exportador, com um valor de exportações de €4 mil milhões, a que corresponde uma quota de mercado das importações de 16,7%. No período entre 2001 e 2011, as exportações mexicanas aumentaram a sua quota de mercado em 3 pp. O crescimento das exportações mexicanas está associada à forte deslocalização da produção para o México (para aproveitamento de menores custos laborais). Figura 3.8.26 | Quota de mercado dos maiores exportadores para os EUA de dispositivos médicos (2011) México 16,7% Irlanda 32,3% Alemanha 14,3% China Suíça 6,2% 14,0% 6,3% 10,1% Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. 98 Japão Resto do Mundo INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA A maior parte das importações são de produtos de baixa incorporação de tecnologia, por exemplo, luvas cirúrgicas e instrumentos médicos. A componente “Aparelhos cirúrgicos e consumíveis ” corresponde ao maior segmento de trocas comerciais dentro dos dispositivos médicos. Esta categoria inclui numerosos itens de baixa incorporação tecnológica, onde o comércio tende a basear-se em vantagens comparativas de custos de produção. A China emergiu recentemente como um grande exportador desse segmento para o mercado americano. Relativamente às áreas terapêuticas, os dispositivos ortopédicos têm o maior volume de importações (48,8%) e apresentam uma tendência crescente (5,5%). A área com maior crescimento esperado é a dos dispositivos médicos combinados. O Quadro 3.8.43 apresenta as importações de dispositivos médicos por posições pautais. Quadro 3.8.43 | Importações totais dos EUA de dispositivos médicos Posição pautal Valor (milhares de EUR) (2011) % Taxa de crescimento* (2001 – 2011) 3005 621553,05 2,5% 12,8% 9018 11929306,02 48,8% 5,5% 9019 1556434,61 6,4% 4,8% 9020 84513,94 0,4% -1,5% 9021 6410810,59 26,2% 11,4% 9022 2827213,76 11,6% 3,3% 9025 469461,84 1,9% 2,1% 9402 552516,89 2,3% 11,6% 24451810,7 100,0% 6,5% Total *Taxa de crescimento composta anual. Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. Portugal, como exportador de dispositivos médicos para os EUA, tem sido sempre marginal, como se pode verificar na Figura 3.8.27. De registar a quebra ocorrida após 2001. O mercado não representa mais de cerca de 0,5% das exportações portuguesas do setor. Mais uma vez, se notam as dificuldades das empresas portuguesas em entrarem neste mercado. Os custos regulamentares e a falta de escala são duas barreiras à entrada para as empresas portuguesas. 99 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Figura 3.8.27 | Peso das exportações portuguesas nas importações americanas de dispositivos médicos 0,0165% 0,0037% 2001 2002 0,0044% 0,0027% 2003 2004 0,0014% 0,0009% 0,0014% 0,0010% 2005 2006 2007 2008 0,0016% 0,0013% 0,0008% 2009 2010 2011 Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. As exportações portuguesas de dispositivos médicos para os EUA situam-se essencialmente nas posições pautais 9018; 9025; 9019; 9021 e 9402. Conforme se pode verificar no Quadro 3.8.44, as exportações apresentaram uma taxa de crescimento anual negativa na década 2001-2011. Quadro 3.8.44 | Exportações portuguesas de dispositivos médicos para os EUA Dispositivos médicos Valor (milhares Euros) (2011) Quota no segmento Taxa de crescimento* (%) (2001 – 2011) 3005 0 0% - 9018 160,82 0,001% -22,1% 9019 6,46 0,0004% - 9020 0 0% - 9021 4,31 0,0001% -2,6% 9022 0 0% -100% 9025 21,54 0,005% -19,5% 9402 0,72 0,0001% - 193,85 0,001% -21,5% Total *Taxa de crescimento composta anual. Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. 100 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.7.6 | Identificação de oportunidades: dispositivos médicos A evolução do mercado de dispositivos médicos deverá ser marcada por dois fatores: o envelhecimento da população e o aumento do controlo de custos. O envelhecimento da população cria oportunidades de crescimento no mercado dos dispositivos, em particular nos seguintes segmentos: dispositivos de diagnóstico; dispositivos de cuidados domiciliários (e.g., dispositivos de utilização facilitada, em particular para o tratamento domiciliário de diabéticos, diálise domiciliário e produtos ortopédicos); e tecnologias de informação (AAL). Paralelamente a elevada prevalência de problemas de excesso de peso tornam o mercado ortopédico com elevado potencial de crescimento. Ao mesmo tempo, o controlo de custos cria oportunidades para a oferta de dispositivos custo-efetivos. Salientam-se os dispositivos que contribuam para reduzir o tempo de hospitalização com características de prevenção e que permitam a redução de infeções hospitalares. A evolução tecnológica deverá aumentar nos segmentos dos dispositivos mais pequenos (miniaturização) com incorporação de tecnologia bio e nano, em particular os dispositivos que permitam cuidados mais personalizados. Nestas áreas podem existir oportunidades interessantes para as empresas e centros de investigação portuguesas com projetos em curso que desenvolvem soluções inovadoras. Há, igualmente, espaço para produtos em segmentos de concorrência baseada no preço, como os consumíveis. O sucesso neste setor depende criticamente da capacidade de escala, de ajustamento de custos e do sucesso da distribuição. 101 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.8 | Medicina personalizada A definição dos limites da medicina personalizada e do seu setor de atividade e empresarial não é consensual. Duas das mais importantes consultoras da área (PwC, 2009, Renub Research76) consideram nos seus relatórios sobre medicina personalizada as áreas de cuidados personalizados (telemedicina, Tics, serviços de gestão da doença nutrição e bem-estar). Na organização deste relatório, optamos por considerar esta definição ampla das consultoras, para manter a consistência com as fontes. O mercado da medicina personalizada tem um valor estimado em US$225-US$232 mil milhões nos EUA, registando um crescimento de 9.5% (RNCOS, 2012) a 11 % anual (PwC, 2009) nos próximos anos. A Price Waterhouse & Coopers (2009) estima que o mercado atingirá os US$344-US$450 mil milhões em 2015 (Quadro 3.8.45). Quadro 3.8.45 | Valor de mercado de medicina personalizada (US$ mil milhões) 2009* 2015* Taxa de crescimento** Núcleo: produtos farmacêuticos, dispositivos médicos e empresas de diagnósticos US$24 US$42 10% Cuidados personalizados (telemedicina, Tics, serviços de gestão da doença) US$12 US$118 44% Nutrição e bem-estar US$196 US$290 7% *Estimativas mais otimistas. **Taxa composta anual. Fonte: PwC 2009, p. 12. i | Núcleo: dispositivos médicos e farmacêuticos O núcleo da medicina personalizada inclui os testes diagnósticos e as terapêuticas-alvo. O segmento dos diagnósticos in vitro foi abordado na Secção 3.8.73. O mercado está avaliado em US$14,4 mil milhões (BCC Resarch, 200977) $US24 mil milhões (PwC, 2009) (Quadro 3.8.46). O estudo do Tufts Center for the Study of Drug Development (2010) mostra que quase todas as empresas biofarmacêuticas (94%) estão a investir em medicina personalizada. No período entre 2006-2011 as empresas aumentaram o investimento realizado em cerca de 75%. Espera-se que o investimento continue a crescer e aumente 53% no período entre 2011 e 2015. Nas empresas biofarmacêuticas, 12% a 50% dos produtos em desenvolvimento são da área da medicina personalizada. 76 http://www.marketresearch.com/Renub-Research-v3619/Personalized-Medicine-Worldwide-Segments-Technologies-6130367/ [último acesso: junho 2012] 77 http://www.bccresearch.com/report/personalized-medicine-phm044b.html [último acesso: junho 2012] 102 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Quadro 3.8.46 | Núcleo: dispositivos médicos e farmacêuticos Valor do mercado (mil milhões US$) Taxa de crescimento* 2009 2015 (09-15) Esoteric lab services 6 11 10% Esoteric test sales 5 10 13% Terapêuticas-alvo 13 21 9% 24 42 10% Total Valores arredondados. *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: PwC 2009, p. 12. As grandes empresas farmacêuticas têm forte presença no mercado, em particular a Roche Diagnostic. O mercado tem no entanto sido recetivo à entrada de PME. O Quadro 3.8.47 apresenta algumas das principais pequenas e médias empresas do setor. Outras empresas encontram-se referidas na lista apresentada pela Bioinformatics (2009). Quadro 3.8.47 | Principais empresas do setor de medicina personalizada nos EUA Nome da empresa | Site Nome da empresa | Site Nome da empresa | Site 20/20 GeneSystems http://www.2020gene.com/ Genentech http://www.gene.com HistoRX http://www.historx.com/ A&G Pharmaceutical inc Genomas Thethys Bioscience http://agpharma.com/ http://www.genomas.net/ http://www.tethysbio.com/ [último acesso: junho 2012] A medicina personalizada para o tratamento de neoplasias malignas está a dominar o mercado de representando cerca de metade do mercado. Um elevado preço dos medicamentos para as neoplasias torna este mercado particularmente atrativo para a investigação e para o desenvolvimento de parcerias com a indústria farmacêutica (PwC, 2009a). As aplicações terapêuticas têm vindo a ser alargadas a áreas como HIV, desordens cardiovasculares e neurológicas (PwC, 2009). Paralelamente, há várias associações ligadas ao setor. A principal associação de medicina personalizada nos EUA é a Personalized Medicine Coalition (PMC). O crescimento da Medicina Personalizada, nos EUA, revela-se também no número de membros associados - a associação tinha 20 membros em 2004 e 200 em 2011 (PMC, 2012). No site da associação pode-se encontrar alguma informação e dados sobre o setor: http://www.personalizedmedicinecoalition.org [último acesso: junho 2012] De notar que a medicina personalizada continua ainda muito ligada ao meio académico e às parcerias com as empresas. Pelo menos 50 instituições de ensino e/ou investigação são membros do Personalised Medicine Coalition (PMC). 103 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA Pode-se aceder à lista no portal da associação em: http://www.personalizedmedicinecoalition.org/members/member-list [último acesso: junho 2012] ii | Telemedicina, TICs e serviços de gestão da doença É ainda difícil mensurar o mercado da telemedicina e de outros cuidados personalizados ou antecipar o seu ritmo de crescimento. Parece consensual que a telemedicina deverá crescer nos próximos anos, mas as estimativas variam de acordo com os estudos. De acordo com o BCC research (2012) o mercado da telemedicina deverá crescer a uma taxa composta anual de 18.6% entre 2011 e 2016. O mercado valerá cerca de US$11,6 mil milhões em 2016 (Quadro 3.8.48). As estimativas da PricewaterhouseCoopers (PwC, 2009) são menos precisas, apontando para um crescimento médio anual entre 2009-2015 entre 23 e 93% (Quadro 3.8.49). Quadro 3.8.48 | Valor de mercado Valor de mercado (mil milhões de US$) Taxa de crescimento* 2011 2016 Telemedicina 9,8 11,6 18,6% Telehospital/clínica 8,1 17,6 16,8% Telecasa 3,5 9,7 22,5% *Taxa de crescimento composta anual. Fonte: BCC research 2012. Quadro 3.8.49 | Cuidados personalizados (Telemedicina, TICs e serviços de gestão da doença) Valor (mil milhões de US$) Taxa de crescimento* 2009 2015 09-15 0-7 0- 109 23-93% Registos médicos eletrónicos 2 6 15% Gestão da doença 2 3 6% Controlo remoto/telemedicina Nota: *Taxa de crescimento composta anual. Valores arredondados. Fonte: PwC 2009, p. 12. A reforma da saúde contém oportunidades importantes para a telemedicina. O mercado tem um forte potencial de crescimento, principalmente em áreas remotas e de baixa densidade populacional. O maior obstáculo continua a ser as dificuldades de comparticipação. Apesar da comparticipação dos seguradoras privadas estar aumentar, continua a ser limitada (Whiten et al., 2007). Por outro lado, o CMS ainda não incluiu formalmente a telemedicina no programa da Medicare. No entanto, a maioria dos Estados comparticipam, pelo menos alguns serviços de telemedicina (Purcell, 2011). 104 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA De acordo com dados de Healthcare Informatics (2011, online 78 ) de entre as 100 maiores empresas informáticas de/com software de saúde, 96 são sedeadas nos EUA. O Quadro 3.8.50 apresenta as 10 maiores empresas americanas da área e respetivos serviços. Quadro 3.8.50 | 10 maiores empresas americanas (e mundiais) de software de saúde Empresas Serviços McKesson Technology Solutions http://www.mckesson.com Soluções para melhorar a segurança do paciente, reduzir o custo e variabilidade de cuidados, e gerir fluxo de receitas e recursos. Dell Inc http://content.dell.com/us/en/healthc Soluções de tecnologia e processos de negócios e de serviços para a saúde e indústria de ciências da vida, desde o outsourcing de IT para soluções tecnológicas integradas, e do local de tratamento até ao centro de dados. are/healthcare-solutions.aspx CareFusion http://www.carefusion.com Produtos e serviços, focados em erros de medicação e infeções associadas aos cuidados de saúde. Philips Healthcare http://www.philips.com/healthcare Informática clínica e soluções para cuidado de pacientes destinados a complementar registos eletrónicos com os dados do paciente, simplificar o fluxo de trabalho clínico e melhorar os resultados financeiros. Cerner Corporation http://www.cerner.com Otimiza os processos para as organizações de cuidados de saúde (que abrangem desde um médico, ao sistema de saúde de um país, indústrias farmacêuticas e de dispositivos médicos) Siemens Healthcare http://www.medical.siemens.com Produtos e soluções incluindo imagens médicas, diagnósticos laboratoriais, medicina TI, e aparelhos auditivos, para toda a gama de cuidado do paciente, desde a prevenção e deteção precoce do diagnóstico, tratamento e cuidados posteriores. Keane, an NTT DATA Company http://www.keane.com/hsd Soluções para cuidados de saúde TI para centros médicos, hospitais, instalações para tratamento após episódios agudos e cuidados de longa duração. Ajuda a organização a aumentar a eficiência, reduzir erros, respeitar os requisitos regulamentares, e melhorar a gestão do ciclo de receitas. CSC http://www.csc.com Planeamento estratégico, melhoria de operações, integração de sistemas e serviços de subcontratação para todos os segmentos do setor da saúde. Pulse Systems, Inc., division of Cegedim http://www.pulseinc.com Suporta ambulatórios médicos através de um software que integra clínicos, processos financeiros e administrativos para uma solução abrangente. Cognizant http://www.cognizant.com TI, subcontratação de processos de negócios e serviços de consultoria para os que pagam, fornecedores, gestores de farmácias, e intermediários. [último acesso: junho 2012] Fonte: Adaptado de Healthcare Informatics, online79. O setor tem, no entanto, vários desafios. Um dos principais desafios do setor da telemedicina é o reembolso. A telemedicina reduz a ocorrência do contacto com os prestadores de cuidados de saúde, o que, de acordo com o sistema de reembolso atual, se torna uma desvantagem. Adicionalmente não há tradição de cobertura pelos seguros privados. Outra dificuldade do setor prende-se com os diferentes requisitos de licenciamento dos profissionais de saúde nos vários estados. Finalmente, a medicina 78 http://www.healthcare-informatics.com/hci100/2011-hci-100-list [último acesso: junho 2012] Healthcare Informatics (online)The 2011 Healthcare Informatics 100 Ranking”. Disponível em: http://www.healthcareinformatics.com/hci100/2011-hci-100-list [último acesso: junho 2012] 79 105 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA personalizada levanta problemas legais relacionados com a aplicação da severa legislação americana sobre responsabilidade e negligência médica. iii | Mobile health Os EUA são o maior mercado mundial de mobile health (mhealth). A GlobalData estima que o mercado de mhealth teve um contributo de cerca de US$ 660 milhões, i.e., cerca de metade do valor do mercado mundial80. O uso de aplicações relacionadas com a gestão pessoal da saúde continua a crescer. De acordo com Purcell (2011), em 2011, cerca de 29% dos adultos que fizeram downloads de aplicações para telemóveis ou tablets, reportaram ter feito download de pelo menos uma aplicação de saúde. Os resultados mostraram ainda que 11% dos adultos com telemóveis usam aplicações de saúde que ajudam a monitorar ou “gerir” a sua saúde, o que significa um aumento de 2p.p. relativamente a 2010. A percentagem de consumidores que mantém o seu o seu registo de saúde em algum tipo de formato eletrónico é pequeno mas está a crescer (8% em 2008, 9% em 2009, 10% em 2010 e 11% em 2011) (Deloitte, 2011). O mercado de ligação dos dispositivos ao registo de saúde pessoal na internet está também em crescimento. Este subsetor é impulsionado pelo desenvolvimento tecnológico e pelas características da procura. Por exemplo, uma percentagem elevada de americanos com telemóvel (61%) manifesta interesse em ter um dispositivo médico que permita controlar a sua doença e contatar o seu médico; aproximadamente 57% quer ter acesso ao seu health record/registo de saúde ligado ao gabinete do respetivo médico (Deloitte, 2010). Há, ainda a assinalar a elevada aceitação da tecnologia, por parte da classe médica (PwC, 2012). 3.8.8.2 | Regulação de produtos de medicina personalizada O contexto regulatório da medicina personalizada está a evoluir mas ainda atrasado, como reconhece a FDA 81 . Um dos problemas da regulação é o facto de várias instituições ou serviços da FDA terem responsabilidades. No caso da farmacêutica a regulação dos testes genéticos contínua em debate. A FDA desenvolveu um mecanismo, não regulatório para partilhar informação que flexibiliza o processo de aprovação: Voluntary Exploratory Data Submissions (VXDS)82. O Companion Diagnostic reporta a necessidade de um quadro regulatório claro. Embora não haja, ainda, normas definitivas têm sido dados passos no sentido de clarificar o quadro regulatório. O Documento de orientação para a indústria foi publicado em julho de 2012 e pode ser acedido em: 80 81 82 http://www.fda.gov/downloads/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/UCM26 2327.pdf [último acesso: junho 2012] http://www.healthcare-informatics.com/news-item/research-mhealth-industry-reach-118-billion [último acesso: junho 2012] http://www.fda.gov/AboutFDA/ReportsManualsForms/Reports/ucm274440.htm [último acesso: junho 2012] http://www.fda.gov/Drugs/ScienceResearch/ResearchAreas/Pharmacogenetics/ucm083673.htm [último acesso: junho 2012] 106 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA De acordo com a PMC (2012) cerca de 1% dos medicamentos de marca têm companion diagnostic. Cerca de 10% das bulas de medicamentos aprovados pela FDA contém informação farmacogenômica, informa ou recomenda testes genéticos para o tratamento. A FDA tem encorajado o uso de biomarcadores e diagnósticos no desenvolvimento de medicamentos e na prescrição. Nesse sentido, publicou em 2004 o documento intitulado Innovation-Stagnation. Challenge and Opportunity on the Critical Path to New Medical Products, e em 2005 o documento intitulado DrugDiagnostic Co-Development Concept Paper. Recentemente a FDA começou a reportar uma tabela dos biomarcadores genómicos considerados válidos. A FDA identifica 72 terapias com biomarcadores válidos, incluindo alguns que se aplicam a diferentes indicações 83. A área com mais biomarcadores é a das doenças oncológicas, seguida de doenças infeciosas, neurológicas e cardiovasculares. Poucos biomarcadores são obrigatórios. Há duas categorias de diagnósticos estabelecidas pela FDA in vitro diagnostic e in vitro diagnostic multivariate index assay (IVDMIAs). A responsabilidade relativa ao setor de diagnóstico in vitro é partilhada pela FDA e pelo CMS. Em 2007, a FDA publicou linhas orientadoras para a regulação dos IVDMIAs84. Em 2011, a FDA publicou linhas orientadoras para a regulação de diagnósticos in vitro85. Outras normas e linhas orientadoras têm tentado cobrir as lacunas da regulação. Recomenda-se o seguinte site sobre o seu desenvolvimento: http://www.personalizedmedicinecoalition.org/policy/executive/guidance [último acesso: junho 2012] Relativamente à privacidade dos testes genéticos, a Lei Genetic Information Non- discrimination act de 2008 (GINA) pretende reduzir os riscos de uso indevido da informação (Bioinformatics, 2009). Informação adicional pode ser consultada em: http://www.eeoc.gov/laws/statutes/gina.cfm [último acesso: junho 2012] i | Regulação na área da tecnologia da saúde Na área da tecnologia da saúde é importante compreender que para a FDA, acessórios ou componentes de um dispositivo médico, são eles próprios dispositivos médicos. Os componentes estão, no entanto, isentos da maioria dos requisitos da FDA. O nível de regulação a que os componentes e acessórios estão sujeitos depende do nível de risco do dispositivo ao qual se encontram ligados. A definição de dispositivo regulado depende, ainda, do uso pretendido (Thompson, 2010). Em 1989, a FDA propôs que algumas categorias de software fossem classificadas como dispositivos médicos 83 http://www.fda.gov/Drugs/ScienceResearch/ResearchAreas/Pharmacogenetics/ucm083378.htm [último acesso: junho 2012] http://www.fda.gov/downloads/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/ucm071455.pdf [último acesso: junho 2012] 85 http://www.fda.gov/downloads/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/UCM262327.pdf [último acesso: junho 2012] 84 107 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA mas dispensadas dos procedimentos para entrada no mercado. Em 2008, a lista foi atualizada para incluir uma nova categoria de dispositivos médicos Medical Device Data Systems (MDDS). Informações detalhadas estão disponíveis no site da FDA em: http://www.fda.gov/MedicalDevices/ProductsandMedicalProcedures/GeneralHospitalDevicesandSupplies/Me dicalDeviceDataSystems/ucm251927.htm [último acesso: junho 2012] Em 21 de julho de 2011, a FDA colocou à discussão uma proposta de documento orientador da regulação das aplicações para dispositivos médicos86. A proposta enquadra, em geral, as aplicações no quadro da regulação dos dispositivos médicos pretendendo enquadrar: (i) aplicativos móveis usados como "uma extensão de um ou mais dispositivo(s) médico(s)" ou usado para exibir, armazenar, analisar ou transmitir ao paciente dados específicos; (ii) aplicações móveis que transformam a plataforma móvel num dispositivo médico, usando anexos, ecrãs, ou sensores ou através da inclusão de funcionalidades semelhantes às atualmente reguladas para dispositivos médicos; (iii) aplicações móveis que permitem que o utilizador insira informações específicas do paciente e, usando algoritmos ou fórmulas de processamento, proponha um diagnóstico, tratamento ou recomendação a ser utilizado na prática clínica e/ou para ajudar na tomada de decisões clínicas. A posição da FDA sobre a regulação de software parece manter orientações anteriores que excluem do controlo da regulação dois tipos de software: (i) os dados são introduzidos manualmente e não através de alguma máquina que toque o doente; (ii) o sistema não tem nenhum algoritmo que conduza automaticamente um diagnóstico ou a outro instrumento (Thompson, 2010). Assim, de acordo com o documento, não estarão sob o controlo da FDA: (i) registos eletrónicos de saúde; (ii) registos pessoais de saúde; (iii) produtos de tecnologia de informação, em geral. 86 http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/ucm263280.htm [último acesso: junho 2012] 108 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.8.3 | Comparticipação A falta de evidência de custo-efetividade tem dificultado o acesso aos produtos de medicina personalizada. Os ensaios clínicos, financiados pelo governo ou pela indústria não têm sido capazes de sustentar as decisões de financiamento. De notar, ainda, que a medicina personalizada muda o paradigma usual do financiamento, ao focar-se na previsão e prevenção das doenças. O Patient Centered Outcome Research proposto pela lei da reforma da saúde deverá contribuir para aumentar a evidência sobre a eficácia da medicina personalizada, dada a sua responsabilidade em análises de efetividade em subpopulações. A AMA introduziu códigos para os testes moleculares e genéticos mais frequentes. No entanto, o sistema de codificação pela AMA ainda não se adaptou à rapidez da evolução da medicina personalizada (IMS Health, 2011). No futuro, a generalização do uso de biomarcadores nos ensaios clínicos poderá facilitar o reembolso. Os financiadores começam a mostrar, em geral, flexibilidade para responder à evolução nesta área. Uma das abordagens é a “fase condicional” que permite aos pacientes terem acesso a tecnologias potencialmente benéficas enquanto o segurador recolhe dados para estabelecer a política de comparticipação. A Medicare enquadra-se nesta postura, embora na prática os resultados sejam limitados. Alguns seguros têm, durante esta fase, aplicado contratos de risco partilhado com os produtores, em que o financiamento passa a depender dos resultados obtidos com os tratamentos (IMS Health, 2011). 3.8.8.4 | Registos eletrónicos de saúde O Governo Federal tem estado envolvido no financiamento e promoção de iniciativas relativas a ehealth ao abrigo do The Health Information Technology for Economic and Clinical Health (HITECH) Act ao abrigo do American Recovery and Reinvestment Act de 2009. O American Recovery and Reinvestment Act of 2009 atribuiu cerca de US$35 mil milhões) para criar a infraestruturas de tecnologia da informação na saúde (General Electric Company, 2009, PwC, 2009). O programa HITECH (2004-2013) tem como principal objetivo a generalização dos registos eletrónicos de saúde Os projetos e as oportunidades de fundos estão disponíveis no site do programa em: http://healthit.hhs.gov/portal/server.pt/community/healthit_hhs_gov__home/1204 junho 2012] [último acesso: O mercado é um mercado em crescimento, mas longe da maturidade. Em 2011, 27% dos hospitais americanos funcionavam totalmente com registos eletrónicos, e 26% tinham os registos implementados em pelo menos uma unidade da organização (HIMSS, online). Mais de metade dos médicos (57%) tem um sistema de registos médicos/registos de saúde eletrónicos (EMR/EHR), variando de 40% no Louisiana a 84% 109 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA em North Dakota87. Os programas informáticos de registos de saúde eletrónicos devem ser certificados de acordo com as normas emanadas pelos responsáveis pela coordenação nacional do projeto 88 . A implementação dos sistemas obedece ao princípio do meaningful use, o que significa que o uso de registos de saúde eletrónicos deve resultar do valor acrescentado para a prestação do cuidado de saúde. Na prática significa que os programas devem satisfazer os objetivos do princípio. 3.8.8.5 | Entrada no mercado As parcerias são a chave do sucesso das empresas de medicina personalizada (Bioinformatics, 2009). Parcerias com universidades, centros de investigação e outras empresas são a maneira mais realista de entrar com sucesso no mercado americano. É recomendado que as empresas tentem focar a sua atividade. De acordo com os players do mercado, os fatores de sucesso das PME de medicina personalizada no mercado americano são: a capacidade de gestão; as parcerias (I&D e comercialização); a capacidade de obtenção de fundos (capitais de risco, financiamento à I&D) (Bioinformatics, 2009). Uma lista de financiadores pode ser encontrada em Bioinformatics (2009). A Vinheta 2 mostra a importância da certificação para a entrada no mercado. 87 http://www.cdc.gov/nchs/data/databriefs/db79.htm [último acesso: junho 2012] A infomação pode ser consultada no site da coordenação do programa: http://healthit.hhs.gov/portal/server.pt?open=512&objID=1195&parentname=CommunityPage&parentid=97&mode=2&in_hi_userid=1 1673&cached=true [último acesso: junho 2012] 88 110 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA VINHETA 2 CGC Genetics - Certificação e na inovação como determinantes na entrada nos EUA Atividade: Medicina personalizada, Genómica Clínica, Diagnóstico Molecular, Citogenética, Rastreio Pré-natal e Anatomia Patológica que oferecem mais de 1500 testes genéticos de rastreio e diagnóstico pré-natal, hematologia, oncologia, medicina preventiva, doenças comuns, farmacogenética, doenças raras, etc. Localização: Portugal (sede: Porto), Espanha e EUA Dimensão: Cerca de 100 colaboradores. Entre os quais 7 Médicos Especialistas em Genética e mais de 50 geneticistas altamente qualificados. Outra informação relevante: http://www.cgcgentics.com A CGC Genetics encontra-se no mercado americano com instalações próprias desde 2010, prestando serviços a vários hospitais. A internacionalização da empresa nos EUA teve como motores do seu sucesso o desenvolvimento de novos e exclusivos testes (Arrays CGC®), a aposta na certificação de um elevado número de testes e a obtenção de certificação de qualidade e de licenças. O mercado americano tem importantes barreiras à entrada e à implementação das empresas, em particular, o elevado protecionismo e a forte regulação. Para a afirmação da CGC Genetics num mercado tão exigente como o americano, e para o estabelecimento de parcerias com alguns dos mais prestigiados hospitais do país, foi fundamental o conjunto de licenças e certificações de qualidade obtido nas avaliações internacionais de qualidade: ISO (desde 2004), licença CLIA (desde 2007), licença de laboratório clínico para o Estado da Califórnia, Certificação de Gestão da Investigação, Desenvolvimento e Inovação (NP 4457), entre outras. O forte investimento em inovação e desenvolvimento de novos testes genéticos, colocam o CGC como um laboratório de referência internacional (mais de 180 entradas em alguns diretórios de doenças raras), sendo também, para algumas doenças, o prestador exclusivo de diagnóstico. Recebendo amostras de todo o mundo, o CGC reforçou também o seu investimento internacional com instalações próprias nos Estados Unidos e na aquisição de uma posição maioritária em dois laboratórios em Espanha. As receitas internacionais representam já mais de um quarto da faturação e deverão ser responsáveis pela maioria do crescimento da empresa nos próximos anos. Fontes: Dados primários; site da empresa. 111 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.8.6 | Identificação de oportunidades: medicina personalizada Os Estados Unidos têm a mais importante indústria de biotecnologia, o que representa uma mais-valia para o desenvolvimento da medicina personalizada. Elevados recursos financeiros e científicos têm vindo a ser aplicados na investigação desta área. Contrariamente ao que parece estar a acontecer na Europa, o setor tem uma forte aproximação ao mercado. Apesar de persistirem desafios regulatórios, os EUA têm o melhor sistema regulatório dos países desenvolvidos na área da medicina personalizada. As áreas com maior desenvolvimento estão associadas a terapias para doenças crónicas, demência, assim como, doenças raras. Portugal tem um forte potencial nos seus centros de investigação e empresas dedicadas ao desenvolvimento de soluções nesta área que podem estabelecer parcerias e projetos comuns com instituições americanas. O modo de entrada mais favorável envolve parcerias e outsorcing de I&D. As parcerias de I&D permitem às empresas portugueses beneficiarem do financiamento disponibilizado pelo governo americano e uma maior facilidade de acesso a financiamento privado (em particular acesso a capital de risco). As parcerias permitem, ainda, às empresas beneficiarem de know-how industrial e de comercialização das empresas americanas. O setor farmacêutico americano tem acentuado a sua presença no setor da medicina personalizada numa fase de forte consolidação, através de aquisições e fusões, em particular de empresas de pequena dimensão e biotecnologia. Os EUA podem, assim, ser um mercado chave para startups desta área que seguem estratégias que passam pelo desenvolvimento de tecnologia e registo de patentes como forma de criar valor. No âmbito da telemedicina, o elevado investimento do governo federal na informatização dos cuidados de saúde representa uma oportunidade importante. Dados a complexidade e o controlo do setor, a entrada no mercado americano deve ser realizada preferencialmente através de parcerias. 112 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA 3.8.9 | Ambient Assisted Living 3.8.9.1 | Estrutura O setor de Ambient Assisted Living (AAL) é tecnologicamente muito diversificado. Algumas grandes empresas atuam nos mercados mais tecnológicos. Dada a emergência do setor, a informação sobre o mesmo ainda é escassa. O Quadro 3.8.51 refere algumas das empresas americanas de AAL e respetivos sites. Reportamos de seguida uma breve caraterização de alguns subsetores do AAL: cuidados domiciliários, separando a análise do mercado de alarmes sociais, home telehealth e casas inteligentes. Quadro 3.8.51 | Empresas de Ambient Assisted Living Nome da empresa | Site Nome da empresa | Site Nome da empresa | Site Comfort Keepers http://www.comfortkeepers.com/ Home Instead http://www.homeinstead.com At Home – Elder Care Inc. http://www.athomeeldercare.net/ Elder Care at Home http://eldercareathome.org/ Visiting Angels http://www.visitingangels.com/ Right at Home http://www.rightathome.net/ Para uma lista de empresas ver http://www.leadingage.org/castmembers.aspx?id=956 [último acesso: junho 2012] i | Cuidados domiciliários As despesas com os cuidados domiciliários, embora representem atualmente uma pequena fração dos custos de saúde terão no futuro o maior crescimento. Em 2010 o valor dos cuidados domiciliários ascendeu a US$ 72,9 mil milhões; estima-se que em 2021 seja aproximadamente de US$ 148,3 mil milhões (CMS, 2012). Relativamente aos cuidados em residenciais e lares, o valor estimado em 2010 atingiu os US$ 143,1mil milhões e deverá chegar em 2021 à ordem dos US$255 mil milhões. A cobertura dos seguros para os cuidados de saúde domiciliários é alargada e a comparticipação dos seguros é elevada. Apenas cerca de 8% (dados de 2010) dos custos de saúde com cuidados domiciliários são custos diretos, valor inferior aos custos diretos médios (11,8%) e que contrasta com os 29,4% dos custos diretos pagos por cuidados de saúde em casas de saúde e lares (CMS, 2012). Há cerca de 18,000 empresas neste segmento de mercado (PwC, online 89 ). As ACO tenderão a reforçar a redução do período de hospitalização e, em consequência, a aumentar os cuidados domiciliários. A legislação da FDA relativa a dispositivos de uso domiciliário pode ser encontrada no site: 89 http://www.fda.gov/MedicalDevices/ProductsandMedicalProcedures/HomeHealthandConsumer/HomeUseDev ices/default.htm [último acesso: junho 2012] http://www.pwc.com/us/en/health-industries/health-research-institute/innovation-scorecard/index.jhtml [último acesso: junho 2012] 113 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA ii | Home telehealth O uso de tecnologias telehealth a partir de casa é um mercado em crescimento associado ao envelhecimento da população e às estratégias de redução de custos. Estima-se que o mercado mundial ultrapasse US$1mil milhões em 2016 e atinja os US$6 mil milhões em 2020 (InMedica , 2012). Os EUA lideram o mercado. A evidência sugere que o mercado se encontra ainda muito abaixo do seu potencial (New England Healthcare Institute, 2009). A tecnologia é dominada por grandes empresas como sejam a Intel e a Bosch. O programa Care Coordination Home Telehealth (CCHT) 90 da Veterans Administration é provavelmente o exemplo mais avançado da Home Telehealth. No final de 2008, servia já mais de 30,000 utentes. As principais condições atendidas são diabetes (48,4%), hipertensão (40,3%), insuficiência cardíaca congestiva (24,8%) e doença pulmonar obstrutiva crónica (11,4%), depressão (2,3%) e transtorno de stress pós traumático (1,1%). As tecnologias mais usadas são mensagens (85%), vídeo telemonitores (11%) e telefones de vídeo (4%) (Darkins et al., 2008). iii | Casas inteligentes A indústria das casas inteligentes é uma indústria em crescimento. É difícil estimar o valor do mercado e o seu desenvolvimento. O mercado das casas inteligentes cujo valor era de US$5,325 milhões em 2010 deverá crescer até aos $11,000 milhões em 2015 (taxa de crescimento composta anual de 5.6%)91. Os EUA são o maior mercado e aquele que apresenta um maior ritmo de crescimento. Alguns dos projetos americanos podem ser encontrados no seguinte site: http://www.health-smarthomes.org/resources.htm [último acesso: junho 2012] iv | Alarmes sociais Os dispositivos de alarme social nos EUA é um mercado com forte potencial de crescimento. É um mercado tecnologicamente maduro, mas com a procura a crescer devido ao envelhecimento da população. De acordo com o estudo de Frost & Sullivan (2011), o mercado deverá crescer de US$963,9 milhões, em 2010, para cerca de US$2 mil milhões em 2017. Estima-se que 2,3% da população com mais de 65 anos use algum tipo de alarme social. No entanto, a disponibilidade manifestada para usar ou vir a usar é consideravelmente superior. De acordo com um inquérito realizado (Barret, 2008), cerca de 91% dos idosos conhece estes dispositivos e 60% está disponível para os usar. Em alguns (poucos) estados, a Medicare cobre os custos com base no rendimento dos indivíduos. Os seguros privados tendem a não comparticipar. A maioria dos dispositivos é custo direto para os indivíduos 90 http://www.telehealth.va.gov/ccht/index.asp [último acesso: junho de 2012] http://www.marketsandmarkets.com/Market-Reports/smart-homes-and-assisted-living-advanced-technologie-and-global-market121.html [último acesso: junho de 2012] 91 114 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA ou famílias. Os preços variam entre US$200 e US$1.500 por mês acrescidos de custos de instalação92. É igualmente possível alugar ou fazer leasing dos dispositivos. O modelo de mercado continua marcado por serviços diretos ao consumidor. 3.8.9.2 | Identificação de oportunidades: Ambient Assisted Living Uma população envelhecida, com forte poder de compra, familiaridade com tecnologias e elevada disponibilidade para comprar produtos de AAL são o principal determinante do crescimento esperado para este setor nos EUA. O mercado é, ainda, favorecido por um sistema de comparticipação relativamente generoso, em particular no que se refere aos produtos/dispositivos para cuidados domiciliários. Apesar do crescimento recente do setor nos diferentes segmentos do ALL, o mercado é muito dinâmico e oferece oportunidades interessantes. Umas das necessidades importantes neste setor é o desenvolvimento de soluções integradas. As empresas do setor, têm a oportunidade de desenvolver parcerias com outras empresas para entrarem no mercado com um portfolio mais completo de produtos. Esta abordagem reduziria os custos de entrada e tornaria o setor português mais competitivo. As empresas de tecnologias de informação têm fortes oportunidades neste mercado. 92 http://www.ict-ageing.eu/?page_id=283 [último acesso: junho 2012] 115 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.10 | Oportunidades e desafios do setor da saúde nos EUA O mercado da saúde dos EUA é um mercado estratégico para o setor da saúde. Nos diferentes segmentos em estudo, os EUA são um dos líderes mundiais. Apesar da crise económica ter afetado severamente o desempenho económico, o setor da saúde continua a crescer. Algumas oportunidades e desafios do mercado sobressaem e são apresentadas na Figura 3.8.28. Figura 3.8.28 | Oportunidades e desafios no setor da saúde – EUA Salientam-se os seguintes pontos relativos ao mercado americano da saúde com maior pormenor. 116 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA i | Oportunidades Dimensão económica do mercado Os Estados Unidos são o maior mercado do mundo no setor da saúde e em todos os subsetores em análise. O mercado apresenta oportunidades em todos os segmentos de mercado. Apesar dos desafios e custos de entrada, a sua dimensão económica, torna-o o mercado mais atrativo do mundo, principalmente para produtos inovadores e com forte componente tecnológica. Se as empresas conseguirem entrar no mercado, tal pode significar um aumento de eficiência e de escala relevantes. Os próximos anos representam uma oportunidade para as empresas. Ainda que a um ritmo lento, a economia está em recuperação após a crise de 2008. Seguindo um período de crise económica severa é de esperar que o crescimento da economia se traduza, no curto prazo, num aumento do investimento na saúde em particular em alguns segmentos de mercado, como seja o setor do equipamento médico e TICs. Envelhecimento e longevidade da população A população americana está a envelhecer, contribuindo para o aumento do mercado e o surgimento de novas áreas de negócio, em particular do AAL. Além do mais, a população idosa tem uma percentagem considerável da riqueza nacional e mostra disponibilidade elevada para pagar por produtos que facilitem o seu quotidiano e melhorem a sua saúde. Os maus hábitos alimentares e outros estilos de vida têm contribuído para o crescimento da prevalência de doenças crónicas, resultando no aumento significativo da taxa de morbilidade. Alguns segmentos, como por exemplo o de dispositivos ortopédicos, são particularmente favorecidos pela evolução da obesidade. A reforma da saúde A reforma da saúde deverá aumentar o acesso aos cuidados de saúde. Assim, espera-se um crescimento do setor de cuidados de saúde. O impacto da reforma nos setores, em estudo, é no entanto incerto, devido ao imposto no setor e aos acréscimos dos requisitos regulamentares. Cuidados de saúde sofisticado Os cuidados de saúde nos EUA são sofisticados. O país tem hospitais de referência e tecnologia de ponta em virtualmente todas as áreas dos cuidados de saúde. A rapidez de adoção dos produtos inovadores e sofisticados tornam o mercado particularmente atraente para produtos inovadores. Crescimento dos cuidados domiciliários. A pressão sobre os custos e o aumento da população necessitada de cuidados de saúde de longa duração tem acelerado a domiciliação dos cuidados de saúde. Esta tendência, associada ao desenvolvimento da tecnologia, favorece, em particular, a procura dos dispositivos médicos pequenos, fáceis de usar e das tecnologias de informação. O mercado nestes segmentos está longe de estar saturado. Ainda há espaço para o aparecimento de empresas e de soluções tecnológicas nesta área, pelo que existem oportunidades interessantes para as empresas portuguesas. 117 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA O aumento da abertura exterior: comércio e subcontratação de produção e de I&D As importações americanas de medicamentos têm vindo a crescer, criando oportunidades as empresas estrangeiras. A procura de menores custos de produção e de inovação tem levado as empresas americanas a aumentarem a subcontratação internacional. Tal representa uma oportunidade para as empresas portuguesas conseguirem competir nos seguintes aspetos: preço, rapidez e qualidade. Facilidade de acesso a crédito e a financiamento, em particular capital de risco Um dos aspetos mais atraentes da entrada no mercado americano é a relativa abundância de capital disponível para financiar I&D e investimento produtivo. O país apresenta vantagens importantes para as empresas tecnológicas em termos de acesso a capital de risco. ii | Desafios Protecionismo O acesso a contratos públicos é difícil para empresas estrangeiras. Para facilitar a entrada, as empresas devem encontrar parceiros americanos para os concursos públicos. A produção de parte do produto no mercado americano pode igualmente facilitar a entrada no mercado. Sistemas regulatório e legal dispendiosos e complexos A complexidade e os custos associados aos sistemas regulatórios e legal são uma das principais barreiras à entrada no mercado americano. As empresas devem estar preparadas para um sistema regulatório muito exigente e para as importantes diferenças do sistema legal. Segmentos com forte concentração da oferta Em alguns segmentos do setor da saúde, o mercado está muito concentrado em (poucas) grandes empresas. O elevado peso no mercado dessas empresas é uma importante barreira à entrada no mercado. Dimensão do mercado: necessidade de escala na produção e na distribuição A dimensão geográfica e económica do mercado, embora seja um dos principais atrativos, é também um importante desafio para as empresas portuguesas. A capacidade produtiva é limitada e os investimentos específicos para entrar num mercado da dimensão do mercado americano tendem a ser elevados. Custos de entrada e de distribuição elevados Além dos custos associados ao processo regulatório, os custos de operacionalização da entrada no mercado são elevados. Em consequência, a capacidade financeira pode restringir a entrada no mercado americano das empresas portuguesas. 118 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Forte concorrência interna e externa As exportações portuguesas do setor da saúde estão muito concentradas em produtos com pouca incorporação tecnológica, onde a concorrência com outras regiões do globo é muito forte e baseada no preço. As empresas que se posicionem neste segmento devem ter capacidade de fazer ajustamentos rápidos nos custos através de, por exemplo, melhorias no processo produtivo. Pressão sobre os preços A globalização e o forte controlo de custos por parte dos seguros privados e públicos têm vindo a pressionar os preços no mercado, em particular nos segmentos não sofisticados do setor. O preço é um fator decisivo para a entrada no mercado, o que dificulta o acesso das empresas portuguesas face aos custos de transporte e à concorrência de países com mão-de-obra mais barata. Neste contexto, os setores tecnológicos e inovadores têm melhores perspetivas no mercado americano. Imagem da origem do produto Existe forte evidência na literatura da importância que o consumidor americano atribui à origem dos produtos. A credibilidade é um fator decisivo nos negócios nos Estados Unidos, em particular em setores sensíveis como o da saúde. O reforço da imagem de ‘Portugal’, associando aos produtos do país uma imagem de credibilidade e segurança é um eixo crítico para o posicionamento das empresas portuguesas no mercado internacional, o que requer ações concertadas dos players internacionais mas, igualmente, das empresas e suas associações. 119 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.11 | Referências AICEP (2011a), EUA- Biotecnologia/análise setorial. AICEP Portugal Global, junho 2011. 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Tal englobou a consulta bibliográfica e análise de dados estatísticos englobando indicadores macroeconómicos relevantes; principais indicadores estatísticos (e.g., demografia; oferta de serviços de saúde; despesas em saúde; fontes de informação); análise contextual do setor da saúde nos quatro mercados (etc.). As fontes utilizadas são de natureza diversa, incluindo fontes nacionais (e.g., AICEP, INE, Banco de Portugal, Ministério da Saúde) e internacionais (e.g., OCDE, ONU, Banco Mundial). Dados primários A informação primária recolhida envolveu entrevistas semiestruturadas, realização de grupos-foco, entrevistas de benchmarking e a aplicação de um questionário. Entrevistas semiestruturadas O recurso a entrevistas semiestruturadas permitiu identificar as experiências concretas por parte dos diferentes atores que vivenciam no seu quotidiano problemas associados ao processo de internacionalização do setor da saúde. Os key informants foram pessoas ligadas a agentes económicos e sociais associados à fileira da saúde (e.g., pessoas ligadas a associações empresariais, AICEP, Health Cluster de Portugal e empresários). Foram realizadas 23 entrevistas com uma duração média de 100 minutos. Grupos-foco A realização de grupos foco teve como objetivo proporcionar a discussão e debate entre os stakeholders (com prevalência de empresários) dos quatro subsetores em estudo. A discussão nos grupos foco foi organizada em função de cada subsetor e centrou-se em três pontos: (i) Identificação de problemas, dificuldades, limitações, ameaças, (etc.) no âmbito do desenvolvimento e internacionalização das empresas portuguesas e respetivo subsetor; (ii) oportunidades, soluções, boas práticas e exemplos de sucesso de empresas portuguesas na internacionalização; (iv) sugestões de ações, medidas concretas, ou alterações, que as empresas, as associações empresariais, ou as instituições públicas possam tomar para promover a internacionalização do respetivo subsetor. Benchmarking A análise de benchmarking envolveu instituições e experiências relevantes na área da saúde. Para o efeito, foram realizadas quatro entrevistas em profundidade. Na análise de benchmarking cobriram-se os seguintes aspetos: (i) práticas empresariais de internacionalização nos mercados em análise e/ou noutros mercados de referência; (ii) práticas de desenvolvimento de projetos envolvendo I&D, a colaboração interdisciplinar e em rede (o papel das instituições universitárias e centros de investigação); (iii) práticas de auxílio às empresas desempenhadas por organismos nacionais ligados ao comércio e investimento; (iv) Práticas de políticas nacionais integradas de apoio ao desenvolvimento e internacionalização da área da saúde. 130 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Questionário Como complemento à informação qualitativa foi ainda aplicado um questionário. O instrumento de pesquisa apresentava uma breve secção introdutória de apresentação do estudo e posteriormente dividiu-se em 3 partes. Numa primeira parte abordaram-se questões relativas à internacionalização empresarial. Na segunda parte reportaram-se aspetos referentes aos mercados. Por fim, na terceira parte, incluíram-se itens de caracterização da empresa e perfil do entrevistado. O questionário foi enviado através de um link numa mensagem eletrónica dirigida a uma lista de empresas previamente identificadas ao cuidado da pessoa da empresa envolvida na internacionalização do negócio. Posteriormente foram enviadas 3 mensagens com os reminders a reiterar o pedido de preenchimento do questionário. O Quadro abaixo apresenta a ficha técnica do estudo. Ficha técnica do Estudo Universo de Análise Universo por setor Setores (CAE) Âmbito geográfico do estudo Unidade de análise Procedimento amostral Nº de respostas obtidas Nº de respostas válidas Taxa de resposta global Taxa de resposta por setor Nível de confiança 299 empresas Farmacêutico: 104 Dispositivos Médicos: 68 AALiving: 22 Medicina Personalizada: 17 Outros: 88 13130, 21221, 22220, 32502 (…) Continente e ilhas Empresas Recenciamento 60 45 15% Farmacêutico: 14% Dispositivos Médicos: 22% Medicina Personalizada: 23% Outros: 17% 95%; z=1,96 Análise dos dados Os dados qualitativos foram analisados através de uma análise de conteúdo estabelecendo-se os principais temas emergentes. Os dados quantitativos foram codificados, inseridos e tratados através do software estatístico SPSS. Foram utilizadas técnicas descritivas de análise e análise bivariada. 131 CADERNO SUPLEMENTAR 4: EUA 3.8.13 | Anexo 2 – Lista das posições pautais Posições pautais – Farmacêutica Posição Definição 3001 Glândulas e outros órgãos para usos opoterápicos, dissecados, mesmo em pó; extractos de glândulas ou de outros órgãos ou das suas secreções, para usos opoterápicos; heparina e seus sais; outras substâncias humanas ou animais preparadas para fins terapêuticos ou profilácticos, não especificadas nem compreendidas em outras posições 3002* Sangue humano; sangue animal preparado para usos terapêuticos, profilácticos ou de diagnóstico; anti-soros, outras fracções do sangue, produtos imunológicos modificados, mesmo obtidos por via biotecnológica; vacinas, toxinas, culturas de microrganismos (excepto leveduras) e produtos semelhantes 3003 Medicamentos (excepto os produtos das posições 3002, 3005 ou 3006) constituídos por produtos misturados entre si, preparados para fins terapêuticos ou profilácticos, mas não apresentados em doses nem acondicionados para venda a retalho 3004 Medicamentos (excepto os produtos das posições 3002, 3005 ou 3006) constituídos por produtos misturados ou não misturados, preparados para fins terapêuticos ou profilácticos, apresentados em doses (incluindo os destinados a serem administrados por via percutânea) ou acondicionados para venda a retalho 3006 20* Reagentes destinados à determinação dos grupos ou dos factores sanguíneos. 3006 30* Preparações opacificantes para exames radiográficos; reagentes de diagnóstico concebidos para serem administrados ao paciente 3006 40 Cimentos e outros produtos para obturação dentária; cimentos para reconstituição óssea 3006 50 Estojos e caixas de primeiros socorros, guarnecidos 3006 60 Preparações químicas contraceptivas à base de hormonas, de outros produtos da posição 2937 ou de espermicidas 3006 70 Preparações sob a forma de gel, concebidos para uso em medicina humana ou veterinária, como lubrificante para determinadas partes do corpo em intervenções cirúrgicas ou exames médicos, ou como meio de ligação entre o corpo e os instrumentos médicos Nota: *Comum à farmacêutica e medicina personalizada. 132 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA Posições pautais dos dispositivos médicos Posição Definição 3005 Pastas (ouates), gazes, ataduras e artigos análogos (por exemplo, pensos, esparadrapos, sinapismos), impregnados ou recobertos de substâncias farmacêuticas ou acondicionados para venda a retalho para usos medicinais, cirúrgicos, dentários ou veterinários 3006 10 Categutes esterilizados, materiais esterilizados semelhantes para suturas cirúrgicas (incluindo os fios absorvíveis esterilizados para cirurgia ou odontologia) e adesivos esterilizados para tecidos orgânicos, utilizados em cirurgia para fechar ferimentos;laminárias esterilizadas; hemostáticos absorvíveis esterilizados para cirurgia ou odontologia; barreiras antiaderentes esterilizadas para cirurgia ou odontologia, absorvíveis ou não 9018 Instrumentos e aparelhos para medicina, cirurgia, odontologia e veterinária, incluindo os aparelhos de cintilografia e outros aparelhos electromédicos, bem como os aparelhos para testes visuais 9019 Aparelhos de mecanoterapia; aparelhos de massagem; aparelhos de psicotécnica; aparelhos de ozonoterapia, de oxigenoterapia, de aerossolterapia, aparelhos respiratórios de reanimação e outros aparelhos de terapia respiratória: 9020 Outros aparelhos respiratórios e máscaras contra gases, excepto as máscaras de protecção desprovidas de mecanismo e de elemento filtrante amovível 9021 Artigos e aparelhos ortopédicos, incluindo as cintas e ligaduras médico-cirúrgicas e as muletas; talas, goteiras e outros artigos e aparelhos para fracturas; artigos e aparelhos de prótese; aparelhos para facilitar a audição dos surdos e outros aparelhos para compensar deficiências ou enfermidades, que se destinam a ser transportados à mão ou sobre as pessoas ou a ser implantados no organismo 9022 Aparelhos de raios X e aparelhos que utilizem as radiações alfa, beta ou gama, mesmo para usos médicos, cirúrgicos, odontológicos ou veterinários, incluindo os aparelhos de radiofotografia ou de radioterapia, os tubos de raios X e outros dispositivos geradores de raios X, os geradores de tensão, as mesas de comando, as telas de visualização, as mesas, poltronas e suportes semelhantes para exame ou tratamento 9025 Densímetros, areómetros, pesa-líquidos e instrumentos flutuantes semelhantes, termómetros, pirómetros, barómetros, higrómetros e psicrómetros, registadores ou não, mesmo combinados entre si 9402 Mobiliário para medicina, cirurgia, odontologia ou veterinária (por exemplo, mesas de operação, mesas de exames, camas dotadas de mecanismos para usos clínicos, cadeiras de dentista); cadeiras para salões de cabeleireiro e cadeiras semelhantes, com dispositivos de orientação e de elevação; suas partes 133