Como nasceu o parapente? Muitas são as versões conhecidas como surgiu o parapente… a evolução do parapente teve como protagonistas investigadores e engenheiros que trabalharam para a NASA, desenvolveram o pára-quedas rectangular com “caissons” ou casulos, foi considerado uma invenção americana, patenteada nos anos 60 pela Agência de Recuperação de Veículos Especiais. A principal diferença entre este sistema inovador e o pára-quedas de calote, residia em poder planar, o que possibilitava uma melhor manobralidade e aterrar a velocidade quase nula. Em 1965 David Barish fabricou asas que já ultrapassava a finesse de 4, fez várias demonstrações passadas nas televisões americanas. Foi considerado o primeiro parapentista. Não tardou que esta nova modalidade chegasse à Europa e foi a Alemanha, a Suíça e França que melhor acolheram este desporto. Face ao crescente número de praticantes, surgem os fabricantes que ano após ano melhoravam as suas características do qual resultou a evolução que hoje conhecemos e não para de evoluir. Quando surgiu o parapente em Portugal? O parapente em Portugal deu os primeiros passos em 1987, segundo uma das versões foi introduzido no nosso país por Manuel Pombinho. Em 1990 foi criada a Comissão Nacional de Parapente. Desde então surgiram os vários clubes, organizações e algumas escolas que pouco a pouco contribuíram para o seu desenvolvimento. Em 1995 foi fundada a Federação Portuguesa de Voo Livre (FPVL), responsável pelas modalidades de parapente e asa delta, que até à data estavam semi-organizadas. Quais as aeronaves consideradas integradas no voo livre? São os aparelhos planadores que sejam transportados pelo próprio piloto e cuja a descolagem e aterragem sejam efectuadas recorrendo à energia potencial e à acção motora dos membros inferiores do mesmo. Exemplos: parapente e asa delta. Onde se pode voar em Portugal? Portugal é um país de contrastes com excelentes recursos naturais, a sul predominam as planícies no centro e norte abundam as montanhas, reúne boas condições para acolher a prática de parapente. O arquipélago dos Açores e da Madeira, são ilhas que também merecem o seu destaque. Possuímos uma invejável riqueza natural e o parapente tem um mundo à sua espera que assenta na estreita relação entre a aventura e os privilegiados locais de voo que cada região oferece. Existe uma elevada diversidade de locais de voo, desde 20 metros de desnível até 1000 metros. Qual a descolagem mais alta em Portugal? A serra da estrela é considerado um dos locais com maiores potencialidades de voo, nela podemos encontrar várias descolagens perto dos 2000 metros. A descolagem com maior desnível é a de Unhais da Serra que proporciona um voo com 1000 metros de desnível. Qual a entidade responsável pelo voo livre em Portugal? O INAC (Instituto Nacional Aeronáutica Civil) que regula os procedimentos de voo, no entanto e ainda numa fase de negociações delegou à FPVL (Federação portuguesa de Voo Livre) que ficou responsável pela fiscalização e regulamentação do voo livre em Portugal. Para além de escolher uma escola de parapente filiada à FPVL, o que devo saber sobre a escola ? Um indivíduo que pretenda tirar um curso de parapente, só é possível ficar federado se frequentar uma escola filiada à FPVL e concluir com aproveitamento o curso. Deverá certificar-se se a escola possui em execução um Instrutor Nacional possuidor de licença válida emitida pela FPVL e respectiva equipa de instrução. Este aspecto deve ser uma das preocupações que todo o aluno deve assegurar antes de iniciar um curso de parapente, se não o certificar sujeita-se a gastar dinheiro sem poder ser federado em virtude de existirem escolas que não estão filiadas. Quantos níveis de progressão pode um aluno atingir em formação de parapente? Existem cinco, até ao terceiro nível a evolução é relativamente rápida, a partir deste nível o processo de evolução é mais lento. No primeiro nível o piloto aprende manobra no solo e faz voo baixo; o segundo nível consiste em fazer voo planado directo, no terceiro nível (voo em ascendência dinâmica) o piloto fica autónomo. O que é um piloto autónomo? A prática de parapente envolve um longo percurso cheio de etapas, das quais o piloto deve ter uma formação rigorosa de forma que consiga aliar os conhecimentos teóricos à prática. Um piloto após terminar o terceiro nível é considerado piloto autónomo, ou seja; mediante a formação que recebeu consegue avaliar as condições de voo, descola e aterra sozinho em segurança sem o apoio do instrutor e consegue fazer voo de permanência junto a uma falésia. É aconselhável ao piloto depois de concluir o terceiro nível, ser acompanhado pelo o instrutor ou pilotos mais experientes durante muitas hora de voo. A capacidade dos pilotos se considerarem seguros para voar está sujeita ao desenvolvimento de quatro importantes qualidades: conhecimentos teóricos, destrezas técnicas, experiência e espírito aeronáutico. O parapente será um desporto radical? Em primeiro um lugar temos que definir o que entendemos por radicalismo, por outro lado temos que perceber que o parapente tem várias vertentes. No contexto social o parapente poderá ser um desporto radical na vertente acrobátca, que está exclusivamente voltado para o exibicionismo. nas outras vertentes é um desporto de aventura que se engloba nos desportos de risco acrescido em que o principal lema é cumprir escrupulosamente todos os requisitos de segurança e desta forma torna-se um desporto absolutamente seguro. Sabendo que o parapente é um desporto que envolve risco! porque razão as pessoas o procuram? Não há conclusões definidas, o que existe por vezes é contraditório. Não são claras as razões pelo qual o ser humano se envolve com o risco. Talvez tudo passe por um desafio a ele mesmo, vencer o medo, a procura da natureza, descomprimir do stress do quotidiano, a fuga ao conforto da vida actual, o sentimento de estar a fazer algo que poucos são capazes de fazer, etc. Quais os factores principais que podem estar na origem de um acidente? São os factores naturais, materiais e humanos, no primeiro estão relacionados com o terreno, condições meteorológicas. No segundo caso tem a ver com o estado do equipamento e a utilização de equipamento avançado em relação ao nível do piloto. Os factores humanos mais frequentes do qual pode resultar um acidente são: fraca condição física, falta de experiência, destrezas técnicas insuficientes, medo, ausência de comunicações, excesso de confiança, a desatenção o exceder das suas capacidades, má avaliação das condições de voo, etc. Quais destes factores têm mais incidência no acidente? Sem dúvida que são os factores humanos que são responsáveis pela maioria dos acidentes. Por exemplo: opção de descolagem em condições de limite; utilização de equipamento novo na ocasião (pouco conhecido pelo piloto); previsões meteorológicas desaconselhadas para o dia; má avaliação das condições de voo, etc. Em que fase os pilotos estão mais sujeitos ao acidente? De entre algumas conclusões verificou-se que perto dos três anos de actividade é que surgem a maioria dos acidentes. O excesso de confiança e uma falsa experiência que poderá traduzir-se em muitas horas de voo mas pouco diversificadas. A ausência de informação e formação é outro factor determinante para a segurança. Será que um piloto, pode voar sozinho? O parapente é um desporto “colectivo” praticado individualmente, isto quer dizer que nunca devemos voar sozinhos, podemos sofrer um acidente e não temos ninguém para nos ajudar. Situação que pode ser fatal para o piloto em caso de acidente. O que é a segurança passiva e activa? Segurança activa: é um conjunto de factores que podem evitar o acidente; formação rigorosa, escolher equipamento homologado e adaptá-lo ao seu nível, saber escolher o voo em função das condições meteorológicas e do seu nível. A segurança passiva está relacionado com o equipamento que pode diminuir as consequências em caso de acidente: use capacete integral, cadeira com protecção dorsal, fato de voo, luvas, reserva. Qual o tempo médio de vida útil de uma asa? Regra geral; não deve ultrapassar 5 anos e não deve ter mais do que 350 horas de voo. Qual a quantidade média de tecido que é utilizado para fabricar uma asa de biplace? 150 m2. Quantos metros de cordões de suspensão são utilizados para fabricar uma asa de biplace? 500 m. Qual o peso médio do equipamento de voo? 18 kg no total; asa – 6 kg, cadeira com protecção dorsal – 5 kg, reserva – 4 kg, instrumentos – 1 kg, capacete – 1 kg – acessórios diversos – 1kg. Qual a velocidade máxima de um parapente em condições neutras de vento? 45 km; para a maioria das asas, as asas de competição podem atingir 60 km/h. Qual a velocidade de descida num 360º enganchado? Chega a ser superior a 100 km/h sobre a sua trajectória, a velocidade de descida, pode ser superior a 15m/s, a força centrífuga é aproximadamente 3 G. Qual a técnica de descida onde a taxa de queda é maior? Orelhas + 360º; descida cerca de 18 m/s. Qual a cor do tecido que resiste mais e a que resiste menos aos raios U.V.? A cor que resiste mais; é a cor preta e azul escuro, a que resiste menos é o amarelo “fluo” claro. O piloto de voo livre está sujeito a regras de voo? Á semelhança do tráfego terrestre também no espaço aéreo foram criadas regras e leis a fim de evitar qualquer colisão. Quais são as duas maneiras distintas da navegação da maioria dos tipos de aeronaves? IFR – Instrument Flight Rules – navegação feita por instrumentos. VFR – Visual Flight Rules – navegação visual. O que são áreas proibidas? Áreas onde o voo é proibido. A origem da proibição pode ter as mais variadíssimas origens, por exemplo podem ser santuários de aves raras, instalações secretas, etc. O que são áreas restritas? Áreas onde o voo tem restrições para todas ou algumas classes de aeronaves. Por exemplo helicópteros proibidos. O que são Danger áreas (áreas perigosas)? São áreas onde o voo apresenta alguns perigos. Por exemplo zonas utilizadas para tiro (treino militar de artilharia); zonas de treino de combate aéreo; zonas de grande tráfego aéreo. Certas áreas perigosas podem ser activadas e desactivadas em certos períodos do ano. Identifique algumas das leis para a prática de voo livre? É proibido pilotar sobre a influência de álcool. O voo nocturno é proibido, sendo noite definida ½ hora antes do nascer do sol e ½ hora depois do pôr do sol. É obrigatório trazer a licença apropriada e caderneta de voo. Cite algumas regras anti-colisão entre aeronaves? Na situação de rumos convergentes entre planadores, o planador pela direita tem prioridade (deve manter o rumo). No caso de colisão frente a frente, ambos voltam à direita. Quando em giragem em térmica (planadores). Pode-se girar nos dois sentidos. O planador que entra numa térmica ocupada por outro planador é obrigado a girar no sentido do planador que já a ocupa. Se eventualmente o planador do de cima, o planador mais baixo tem prioridade. Na aterragem tem prioridade o planador mais baixo. No voo de ladeira, numa situação de colisão frente a frente, o parapente com a ladeira pela direita tem prioridade (deve manter o rumo). Qual o recorde sul-americano e quem foi o piloto de tal proeza? Foi no dia 18 de Novembro de 2005 que Diogo Pires (português) no Brasil realizou a fabulosa distancia de 380 km em oito horas e meia, superando a anterior marca que se encontrava nos 338 km. O registo foi conseguido durante o Xceara, uma prova realizada em Quixadá, no Brasil, disputada na vertente cross-country, precisamente uma disciplina que leva os pilotos concorrentes a voar em linha recta à procura de estabelecer longas distâncias. De sublinhar que a marca conseguida por Diogo Pires é, neste momento, a quarta melhor do Mundo.