AU TO RA L TO EI DI R DE LE I LA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PR OT EG ID O AVM FACULDADE INTEGRADA DO CU M EN TO INSERINDO A QUÍMICA NO ENSINO INCLUSIVO Por: Maria de Lourdes Damascena Orientador; Professora Maria Esther de Araújo Co-orientadora; Professora Giselle Böger Brand Rio de Janeiro 2014 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA INSERINDO A QUÍMICA NO ENSINO INCLUSIVO Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para finalização do Curso de Pós-Graduação “Lato Educação Especial e Inclusiva. Por: . Maria de Lourdes Damascena Sensu” em 3 AGRADECIMENTOS . A minha mãe Antonia Rafalsky pelo incentivo, compreensão, apoio e dedicação. .Às Orientadora Professora Maria Esther de Araújo e a co-orientadora e Tutora Giselle dedicação , Böger Brand pela atenção e por toda a paciência durante este período. 4 DEDICATÓRIA Ao namorado e grande amigo Alberto Jorge Gonçalves compartilhar seu Reboeiras por jeito tão especial de olhar a vida e ser um exemplo de dedicação e persistência em seus projetos, me impulsionando a concretizar esta etapa. 5 "Não podemos medir nossa bondade pelo que não fazemos, pelo que negamos, o que resistimos e a quem excluímos. Acho que nossa bondade é medida por aquilo que aceitamos, pelo que criamos, e por quem incluímos.” (Chocolate –Direção: 2000.DVD-122min Lasse Hallstrom Imagem Filmes, 6 RESUMO O processo de inclusão escolar semeado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira n º 9394/1996 rendeu seus primeiros frutos em 2008 com o acesso dos primeiros jovens e adultos as salas de ensino médio. Dados do Censo Escolar BRASIL, 2009, registram um aumento de 755% no número de alunos com necessidades educacionais especiais entre os anos de 1998 e 2008 no ensino fundamental e médio do país, suscitando diversas dúvidas quanto a adequação da prática pedagógica de nós professores secundaristas a este novo cenário.Em simultâneo, as salas de aula no ensino médio vem sofrendo o impacto de várias transformações na última década, como os efeitos da globalização sobre o conhecimento de nossas crianças e jovens, o acesso as novas tecnologias, a falta de perspectiva no mercado para profissões relacionadas a ciências. Este trabalho traz em seu escopo, discussão sobre a importância do aprendizado de química para os alunos do ensino médio, algumas sugestões para a construção do processo inclusivo em química, e ainda relaciona as principais dificuldades apontadas pelo educador em química que impactam diretamente em seu trabalho, utilizando como fonte bibliográfica autores como Chassot, Benite e Vilela-Ribeiro, Gomes e Mortimer que se propuseram a estudar este tema. Esperamos que este trabalho venha contribuir de alguma forma para a discussão do processo inclusivo na química. Palavras chaves: Química, inclusão escolar, contextualização, ensino médio. 7 METODOLOGIA Os procedimentos adotados como metodologia para execução deste trabalho basearam-se em uma pesquisa qualitativa elaborada através do uso da internet, utilizando como ferramenta o Google acadêmico. Como um primeiro filtro, pesquisamos artigos, monografias e trabalhos publicados em um período delimitado em 15 anos compreendendo período de 1996 a 2011. A escolha do período de estudo visa a obtenção de contribuições a partir da publicação da Lei das Diretrizes e Bases da Educação que propiciou esta discussão. (LEI Nº 9.394, de 20/12/1996) Como segundo filtro, buscamos referências bibliográficas de diferentes autores que discutiam o ensino inclusivo pautado em disciplinas voltadas para área de ciências e em especial da Química. Na primeira parte do trabalho introduzimos a fundamentação de conceitos, através de artigos de autores como Chassot e Santos, que acreditamos serem de profunda relevância para o entendimento do tema desenvolvido. Benite, Gomes e Mortimer, Massena e Monteiro, entre outros nos trouxeram seus questionamentos, apontamentos e atuações, constituindo um material fundamental ao entendimento do processo inclusivo nas aulas de química. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09 CAPÍTULO I-O PROCESSO INCLUSIVO E A QUÍMICA................................. 12 CAPÍTULO II- O EDUCADOR EM QUÍMICA E SUAS DIFICULDADES ........ 16 CAPÍTULO III – O PROFESSOR DE QUÍMICA NO CONTEXTO ATUAL ..... 21 CAPÍTULO IV – PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA UM ENSINO INCLUSIVO DE QUÍMICA................................................................................ 27 CONCLUSAO .................................................................................................. 31 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................................... 33 ÍNDICE............................................................................................................. 35 FOLHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................. 36 9 INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é reconhecer o papel do professor de química no processo de ensino-aprendizagem no momento atual nas turmas de ensino médio, identificando algumas dificuldades pedagógicas encontradas por este no processo inclusivo e discutir algumas propostas para realizar um ensino inclusivo na disciplina de química. Consideramos este levantamento importante, tendo em vista os poucos trabalhos publicados sobre o tema voltado para área de química e também como uma maneira de situarmos a importância do aprendizado de química para os alunos e compilarmos algumas informações que possam auxiliar na construção do processo inclusivo nesta disciplina. Até meados da década de 90, o ensino na área de ciências voltava-se para a necessidade de prover os estudantes com os conhecimentos científicos voltados para avaliações de vestibular, que permitissem o ingresso na vida universitária, para alguns que desejavam seguir na área, para outros que almejavam outras áreas um diferencial pois permitiria uma melhor avaliação frente a outros candidatos concorrentes a mesma vaga. A ferramenta utilizada para avaliá-los como bom aluno era o quanto estes retinham dos conteúdos no momento das avaliações, importando muito pouco a sedimentação e elaboração do pensamento crítico de como este conteúdo fora tratado. Os professores eram considerados as únicas fontes de conhecimento, detentores de todas as técnicas capazes de conferir as condições necessárias ao aprendizado do aluno, que representava a tabula rasa, pronta a absorver os conteúdos expostos. 10 Hoje, sob a influência da globalização e da facilidade em receber informações do mundo, a aquisição de conhecimento se faz através de diferentes formas de acesso a informação do grupo ao qual pertencemos, dependendo não só do grau de entrosamento existente entre professoraluno,mas também do acesso as novas tecnologias, instrumentos e situações que facilitem o aprendizado, e também do grau de interesse apresentado pelos alunos de uma maneira geral. Os primeiros acessos de jovens e adultos portadores de necessidades especiais a classes inclusivas do ensino médio se deram a partir de 2008, visto que o processo de inclusão escolar destes semeado pela Lei de Diretrizes e Bases Brasileira n º 9394 em 1996 rendeu seus frutos no ensino médio só a partir deste momento, suscitando diversas dúvidas quanto a adequação da prática pedagógica de nós professores secundaristas a este novo cenário Desta forma, a fim de discutirmos o tema “como inserir a Química no ensino inclusivo” dividimos a presente trabalho em quatro capítulos: No primeiro capítulo abordamos o processo inclusivo e a química, onde procuramos através de conceitos obtidos através da leitura dos artigos selecionados para execução deste trabalho entender o que é educação inclusiva e utilizando as contribuições de Chassot sobre o tema , procuramos entender a possível causa para a existência de poucos trabalhos a respeito deste tema quando relacionado ao ensino de química. No segundo capítulo objetivamos discorrer sobre as principais dificuldades apontadas em estudos para Educador em química realizar suas atividades. 11 No terceiro capítulo objetivamos entender o professor de química no contexto atual inclusivo. Neste, levantamos as principais demandas existentes no ensino médio para que o ensino inclusivo de química se faça, pesquisamos aspectos envolvidos no processo de formação deste educador que impactam sobre sua prática e mencionamos as possíveis soluções apontadas pelos autores para formarmos profissionais com as características necessárias a esta nova realidade de ensino. No quarto capítulo procuraremos discutir algumas práticas escolares que suscitem em práticas inclusivas e compilaremos alguns exemplos de aulas planejadas de acordo com a diversidade encontrada em sala de aula, a fim de demonstrarmos que pequenas adaptações de recursos podem auxiliar o processo inclusivo. Esperamos que este trabalho venha contribuir para a discussão do processo inclusivo na química. . 12 CAPÍTULO I O PROCESSO INCLUSIVO E A QUÍMICA Levantamento efetuado por Mantoan (1999) aponta que a preocupação com a inclusão de pessoas com deficiência em nossa sociedade surgiu em 1969 nos países nórdicos com a finalidade de evitar a segregação, porém este processo não estabelecia a mudança desta sociedade para receber os incluídos, sendo realizada somente uma pré-seleção daqueles que possuíam melhor capacidade de adaptação e inserção naquela sociedade já formada (MANTOAN apud TAVARES e CAMARGO, 2010). Para situarmos o processo inclusivo no ensino da química, devemos ter em mente alguns aspectos envolvidos na construção do pensamento inclusivo no país, que serão relevantes a este estudo. No Brasil, baseando-nos no processo de inclusão escolar, semeado pela Lei de Diretrizes e Bases Brasileira n º 9394/1996 e considerando o tempo destinado ao ensino fundamental, podemos dizer que os primeiros acessos de jovens e adultos portadores de necessidades especiais a classes inclusivas do ensino médio se deu em 2008, suscitando diversas dúvidas quanto a adequação da prática pedagógica de nós professores secundaristas a este novo cenário. Sousa (2005) menciona a inclusão como um meio de disponibilizar aos alunos a possibilidade de dominar um saber real e não transitório que valorize suas capacidades e potencialidades, independente das condições dos mesmos ou heterogeneidade do grupo. 13 Benite e Vilela-Ribeiro (2010) acrescentam a esta definição, a questão temporal do ensino, na qual deveremos distinguir o quanto daquele saber pode e deve ser apropriado por aquele sujeito naquele tempo considerando as potencialidades individuais envolvidas. O ensino representa um pensamento temporal, mutável e moldável frente a cada nova situação vivenciada pelo aluno, visando não somente armazenar conteúdos necessários a suas aptidões, mas que o permita participar de discussões ou entender fenômenos e fatos de acordo com sua realidade. Estudos sobre o ensino médio ofertado no Brasil pela rede pública indicam um ensino deficiente e exclusivo por não possibilitar o atendimento das demandas dos jovens fornecendo-lhes inicialmente a formação e depois auxiliando-os a galgar um posto de trabalho ou a exercerem sua cidadania através da compreensão e atuação no mundo. Demonstrando a importância e a urgência de modificar o ensino oferecido a estes, que lhes forneça não só o acesso mas a permanência visando a real inclusão escolar traduzida pela aquisição de conhecimento e pensamento crítico preconizado pela LDB n º 9394/1996. Camargo e Tavares (2010) em artigo pontuam dados do Censo Escolar BRASIL, 2009, registrando um aumento de 755% no número de alunos com necessidades educacionais especiais entre os anos de 1998 (43.923 alunos) e 2008 (375.755 alunos) no ensino fundamental e médio, representando mais um dado para entendermos a importância e a urgência da discussão do tema. Ao abordarmos genericamente o tema educação inclusiva no país encontramos dados bastante discutidos, em disciplinas como matemática e português, que acompanham o aluno desde sua alfabetização no chamado ensino fundamental, porém, ao buscarmos dados sobre o ensino de química 14 temos poucas discussões sobre a construção de ambientes inclusivos nas salas de aula, existindo somente algumas práticas diferenciadas de ensino desta disciplina , em algumas instituições de ensino, baseadas em princípios construtivistas e sócio- interacionistas.(GOMES e MORTIMER, 2008). Chassot, (2008) menciona a escassez de trabalhos inclusivos em química no Brasil como um reflexo de como o assunto tem sido tratado nas salas de aula, oferecendo pouca ou nenhuma oportunidade para que a inclusão se faça, atribuindo este fato, a influência do pensamento positivista de Comte nas escolas militares, sendo mais tarde este pensamento herdado pelas escolas de engenharia e se propagado por todas as outras áreas cientificas. O prevalecimento do ensino tradicional de conteúdos voltados para o mercado de trabalho inibiu a expansão do conhecimento por dar a ciência um caráter consolidado, sério, que muitas vezes coloca seu entendimento como difícil ou até mesmo inatingível, sendo possível somente para um público seleto capaz de alcançar seu entendimento. Para produzirmos um ensino em química mais significativo, o único caminho apontado é torná-lo atrativo para o público, simplificando conceitos, para que estes sejam assimilados. Uma grande barreira apontada para seu entendimento é a própria linguagem química, na qual os novos símbolos apresentados não são usuais a vida cotidiana e as dificuldades enfrentadas por estes alunos em outras esferas como interpretações de textos e raciocínio lógico repercutem diretamente na assimilação destes novos conceitos. Para outros, a falta de recursos pedagógicos utilizáveis no campo da ciência apresentados pelas instituições escolares representam grandes empecilhos no processo inclusivo. Aliado a estes temos ainda o despreparo do professor em diferentes aspectos de sua vida profissional: no domínio do assunto inclusão, nas técnicas envolvidas no ensino da química e algumas 15 vezes na sua própria dificuldade frente a determinados temas tratados na disciplina que lhe geram insegurança na abordagem. O despreparo destes profissionais frente a realidade encontrada nas escolas percebido no trecho abaixo: Os alunos saem da Universidade como profissionais “aptos” para o magistério, entretanto, se deparam com uma realidade para qual não foram preparados. (BENITE e VILELA- RIBEIRO, 2010, p.592) Para inclusão, é necessário que os educadores em química busquem a transformação de sua prática, demonstrando através de experiências mais palpáveis a realidade do aluno, a proximidade da química em fatos cotidianos da vida do educando, retirando o estigma de se tratar de uma ciência difícil e complicada, instigando a curiosidade natural proporcionada por esta ciência, através de meios que facilitem seu entendimento. Para isso, torna-se necessária, a discussão da inclusão nesta disciplina por seus autores de forma a difundirem suas próprias experiências nesse campo. . 16 CAPÍTULO II O EDUCADOR EM QUÍMICA E SUAS DIFICULDADES O primeiro impasse que enfrentamos ao discorrermos sobre inclusão escolar em ciências está na definição adotada por diferentes autores sobre o que é letramento e alfabetização cientifica. Podemos dizer que quando nos referimos a alfabetização de um indivíduo ou de um grupo estamos falando sobre a aquisição da capacidade escrita destes, enquanto que no letramento esta capacidade escrita aparece como uma demanda sócioeconômica e cultural para o desenvolvimento de um determinado núcleo cultural. A adoção do vocábulo letramento também nos fornece meios para pensar na importância da compreensão das ciências, e de uma forma mais particular a química, para a inclusão de um povo para o exercício de sua cidadania. Os avanços tecnológicos dispostos a população pressupõem que estes tenham as condições mínimas necessárias para a avaliação destes e através de seu próprio julgamento identificar a necessidade real de consumo, riscos envolvidos no seu uso, correta forma de manuseio, condições de descarte do mesmo, e se possível discernir o impacto ambiental e social gerado pelo seu consumo. Santos e Schnetzler (1996), afirmam que no letramento, a alfabetização cientifica será um instrumento, que aliado as demandas sociais e 17 o próprio interesse individual, propiciará as condições necessárias ao aprendizado contextualizado que tanto buscamos, pois a partir da própria realidade do indivíduo ele buscará meios de entendimento daquilo que lhe é transmitido. A importância do letramento científico objetivando uma função social é destacada expressando sua real dimensão: : “... a leitura e compreensão da ciência; a expressão de opiniões sobre ciência; a preocupação com os problemas da ciência contemporânea, agora e para o futuro; participação nas tomadas de decisão democráticas; compreensão de como ciência, tecnologia e sociedade se influenciam mutuamente” (SANTOS, 2006 , p.613) No Brasil, segundo Santos e Schnetzler (1996) o ensino de ciências se modifica de acordo com o contexto social-histórico, sendo citados como exemplos dois momentos: o lançamento do primeiro satélite artificial realizado pelos Estados Unidos no final da década de 50, quando houve no Brasil a elaboração de um currículo visando o desenvolvimento do aluno com ênfase no método científico e ao final da década de 60 quando os assuntos ambientais em voga trouxeram conteúdos voltados para a ecologia ao currículo nacional. Confirmando este fato, temos nos últimos dez anos o aumento de cursos tecnológicos voltados para tecnologia de gás devido às demandas crescentes desta tecnologia e também pelas questões ambientais envolvidas. Sousa (2005) cita o momento que vivemos na Educação como uma crise de rompimento de paradigmas, pois até então os objetivos escolares eram claramente percebidos por todos: preparar alunos para que tivessem tal desempenho que permitisse o ingresso na universidade, ou que os preparasse para o mercado de trabalho. Em tempos de globalização, estes objetivos adquirem nova conotação: formar cidadãos conscientes dentro de classes 18 inclusivas; desdobrando-se assim os objetivos iniciais em diversos outros de importância similar Chassot (2008) afirma que a globalização determinou uma inversão no fluxo do conhecimento: Se antes o sentido era da escola para a comunidade, hoje com acesso a internet, tv a cabo e outras fontes de informação muitas vezes o conhecimento segue um caminho inverso, da comunidade para a escola. Ao mesmo tempo esta nova realidade inaugura uma nova forma de abordar os fatos, através da análise dos mesmos, do estudo dos fatores desencadeantes ou até mesmo da tentativa de reproduzi-lo em sala de aula quando possível. ...”Hoje é o mundo exterior que invade a escola. Assim, a escola pode não ter mudado: entretanto, pode-se afirmar que ela foi mudada”... CHASSOT (2008, p.90, grifo nosso) No ensino médio, espera-se que o aluno já tenha adquirido vocabulário e abstração necessária que facilitem o entendimento das disciplinas ligadas a ciências, fato este que nem sempre condiz com a realidade pela própria precariedade do ensino, ou por um ensino que não tenha possibilitado a aquisição destas habilidades, o que pode ser explicado pela própria estrutura do ensino, na qual o aluno tem seus primeiros contatos com a Química ao final do período letivo em sua maioria das vezes através de professores de Biologia, que inserem o assunto em poucas aulas somente para dar cumprimento ao programa estabelecido. Alguns alunos chegam ao ensino médio sem ter tido qualquer contato com a disciplina. As dificuldades apresentadas pelos alunos ficam mais aparentes no primeiro ano do ensino médio, quando recebemos alunos oriundos de diversas instituições, com diferentes históricos, momento no qual o educador tenta nivelar os conhecimentos da turma, fornecendo o primeiro contato com o tema para alguns e sendo repetitivo para outros. 19 A falta de interesse por parte dos alunos para a disciplina de química é vinculada principalmente a atitude do próprio professor: “o professor encontra no decorrer de sua ação desafios para efetivar o processo de “transposição didática”, dentre alguns, conciliar uma proposta pedagógica que articule inovações, intenções educativas, novas competências e novos paradigmas.” SOUSA (2005, p.21 ) O educador em química terá que criar e recriar formas de transmitir idéias, trazendo a atenção daqueles alunos para um determinado fato considerando a heterogeneidade do grupo. Para tanto, não poderá se limitar somente a apropriação dos conceitos por parte do aluno, mas pela capacidade deste em utilizá-los e ligá-los a situações, fornecendo poder de análise de fatos, critérios para tomada de decisões ou participação no processo de construção de saberes. A aula dialogada permite aos alunos uma maior interação, e ao somar idéias utilizando própria linguagem expressam o conhecimento, tirando suas próprias conclusões. Este processo visa a percepção do mundo a sua volta para que o sujeito consiga extrapolar as informações recebidas ao contexto vivenciado, estimulando-lhe a lógica, o pensamento crítico e sua participação consciente. O papel do professor de química na atualidade fica evidente no trecho: “Conhecer a matéria a ser ensinada levando em consideração os seguintes aspectos: desde uma análise histórica das ciências, a construção dos conhecimentos, a interação ciência/tecnologia/sociedade, uma atualização dos saberes, além de uma boa didática, discutir o senso comum frente ao ensino e aprendizagem de ciências, reconhecer que adquire e mobiliza,conhecimento teórico, tem que analisar criticamente o ensino tradicional, procurando atividades que geram uma aprendizagem efetiva, saber orientar os trabalhos dos alunos e avaliar, associar ensino e pesquisa didática.” CARVALHO e GIL-PÉREZ , 1993 apud SOUSA, 2005, p. 32 ) 20 Na nova escola inclusiva a utilização dos conhecimentos visa fornecer subsídios para um pensamento critico baseado na contextualização e aplicabilidade do que será aprendido. Desta forma, o professor de química atualmente carrega consigo a árdua missão de tornar o ensino de química atraente para os alunos, os quais de uma maneira geral já não se interessam tanto pela disciplina por não vislumbrarem sua aplicabilidade em sua vida cotidiana. Esta missão é estruturada diariamente pois não visa somente atender a demanda de aceitar um novo aluno, mas de manté-lo interessado e atuante durante as aulas, cativa-lo através do despertar pelo conhecimento aprendizado, permitindo-lhe a participação ativa no processo. : e do 21 CAPÍTULO III O PROFESSOR DE QUIMICA NO CONTEXTO ATUAL A escola possui um papel importante na construção do saber do corpo discente, em seu interior acontecem trocas de experiências, elucidações de dúvidas, desenvolvimento de competências e habilidades visando estimular um pensamento critico e reflexivo em relação as suas vivências. Nossas aulas necessitam a cada momento de ajustes a fim de acompanhar as demandas dos novos tempos, suas tendências e também sua real necessidade para o grupo na qual são apresentadas. Aliado a estes fatos, a educação inclusiva chegou aos bancos do ensino médio nesta década, traduzindo-se em uma nova experiência para este educador. Muitos profissionais alegam não terem sido preparados para ensinar em classes inclusivas, não conseguindo: vislumbrar qual o comportamento a ser adotado nestas classes: o que esperar de um aluno portador de necessidades especiais, o que e como ensinar, como avaliar o desempenho de seus alunos e de sua própria prática. Todos estes questionamentos geram insegurança no profissional, que muitas vezes equivocadamente, assume um comportamento mais paternalista em relação ao aluno, permitindo que o mesmo assista às aulas quando desejar, sem as cobranças de desempenho que o avaliem, comportamento que acaba por excluir o aluno do processo. O professor de química possui participação ativa neste processo, fornecendo subsídios para estes cidadãos interpretarem as informações 22 recebidas a cada instante seja no trabalho, no lazer, em suas relações de consumo, para que estes tenham condições de participar com o entendimento de suas ações, e possíveis desdobramentos no meio que vivem. Em simultâneo, acompanha as mudanças incessantes que sofremos em um mundo globalizado, onde muitas vezes nossos adolescentes têm acesso muito mais rápido a informação que seus orientadores. Seu principal compromisso a renovação de sua prática através de uma atitude critica e reflexiva para que esta atinja seu principal objetivo formar cidadãos conscientes. O papel do professor é de mediador do conhecimento, e este necessita se retro alimentar de sua própria prática, pois seu conhecimento não está, nunca esteve ou estará finalizado. Ao professor de química cabe ainda a tarefa de sistematizar atividades que possibilitem ao aluno incluído nos primeiros anos do ensino fundamental, seguir seus estudos, sendo apresentado a temas científicos que envolvem além do domínio de conceitos trabalhados em outras disciplinas como português, matemática e história, certo grau de abstração que é desenvolvida pelo sujeito durante a adolescência, por volta dos 12 anos de idade. Muitos de nossos alunos apresentam dificuldades neste campo, dificultando o acompanhamento das aulas teóricas, sem o aspecto comprovativo das aulas experimentais. O estudo prático aliado a uma teoria próxima do cotidiano de nossos alunos representa a maneira mais eficaz para estimular o aprendizado de química, no entanto, devemos considerar que nem toda instituição de ensino oferece espaços adequados a execução de aulas práticas, cabendo ao professor buscar novos meios para adequação de sua prática, e para isso, este profissional deverá não só dominar o conteúdo a ser exposto, mas também se situar do quanto aquele tema pode ser explorado e discutido em sala de aula, procurando experiências que possam ser realizadas pelo grupo no ambiente disponibilizado para a aula. 23 Para alguns o currículo de química nos dias de hoje continua privilegiando o conteúdo, tendo sido somente modificada a forma de transmissão deste conhecimento que pode utilizar truques mnemônicos, teatros, músicas, projeção de slides ou jogos objetivando somente facilitar a memorização dos conteúdos já elaborados e pré-definidos, não há modificações no conteúdo e o nível de aprendizado continua sendo mensurado por avaliações, exercícios repetitivos que nem sempre identificam o real aprendizado do aluno. Os avanços proporcionados pelo uso da tecnologia representados pelos projetores de slides, computadores, internet para o ensino da ciência, como ferramentas facilitadoras para o ensino são inegáveis, porém, estas devem ser bem utilizadas, para não se transformarem em rotina de um ensino tradicional: ...”o foco central de um software deve ser o aluno, e o projeto deve seguramente atender as necessidades desse público. Propõe os seguintes atributos que devem constar no software educacional: otimização do tempo nas atividades desenvolvidas, feedback, integração software/currículo, desenvolvimento da capacidade crítica e autonomia dos alunos, processo avaliativo,entre outros.” (BRANSON,1999 apud SOUSA , 2005, p.19) O acesso a internet propicia inúmeros recursos que podem ser utilizados em sala de aula: vídeos de aulas práticas para aqueles experimentos que fogem a capacidade ou segurança de execução, infográficos que estimulam a dinâmica de aula, videoconferências que podemos realizar com outras pessoas ou instituições para abordar um determinado tema, que representam possibilidades de recursos a serem utilizadas em sala de aula como atividades substitutas as aulas práticas ou como atividades extraordinárias a estas, porém seu uso como recurso deverá considerar todos 24 os alunos, visto que a troca de experiências entre os participantes do grupo é essencial a inclusão. Retondo e Silva (2008) defendem uma nova formação para os educadores sob a luz das considerações lançadas por Bueno em 1999, quando já era apontado o pouco preparo dos professores do ensino regular para o desenvolvimento de atividades educacionais com crianças portadoras de necessidades especiais e em simultâneo criticava o despreparo daqueles professores que se dedicam ao ensino especial pelas poucas contribuições pedagógicas existentes neste âmbito. Podemos perceber claramente que as inquietações apresentadas pelos educadores em química não representam fatos isolados. Apesar das poucas discussões a respeito do assunto, nota-se que quase todos se sentem despreparados ao tentarem adequar sua prática a inclusão, muitas vezes preferindo se apegar a bandeira da impossibilidade do aprendizado a buscar novos caminhos para inclusão. “Constata-se a existência de argumentos de que a Universidade não prepara esses profissionais para a inclusão porque os próprios formadores não tiveram contato com esse assunto - o que não é caracterizado como pejorativo, mas como uma realidade dos profissionais formados em anos anteriores às políticas de incentivo à inclusão. E o que acontece é que a questão não é resolvida e a culpa é sempre de outro, e não de nós mesmos.” (VILELA-RIBEIRO e BENITE , 2010,p.592 ) A graduação representa o espaço-tempo ideal para preparar este futuro profissional, pois representa o momento no qual este recebe subsídios para adaptar os conteúdos ao cotidiano dos alunos, desenvolvendo habilidades pautadas nas trocas de informações, percebendo as dificuldades encontradas pelo grupo para entendimento dos conteúdos a que foram expostos. Os conceitos técnicos envolvidos em sua formação guardam tanta 25 importância quanto a capacidade de manter uma atitude reflexiva e crítica sobre sua prática. Defende-se também que os cursos de licenciatura devam manter profissionais qualificados com estas mesmas características, que possam auxiliar na formação de novos educadores cientes de seu papel, e que disponibilizam ao longo de todo curso de formação, temas relacionados ao ensino inclusivo, não se limitando como atualmente, a abordá-los somente no último ano de curso como cadeiras complementares. Massena e Monteiro (2011) relatam que as discussões sobre a formação dos professores de licenciatura , começaram no início do ano 2000. E apontam como indicativo da falta de uma formação inclusiva, o pequeno número de monografias relacionadas à inclusão produzidas por estes cursos, quando comparados a outras produções voltadas para a parte técnica. Em simultâneo observam a relutância dos professores das áreas cientificas em admitir a necessidade de uma formação pedagógica voltada para a inclusão. BENITE e VILELLA-RIBEIRO (2010), investigaram, as percepções de sete professores de nível superior responsáveis pelo curso de licenciatura de um Instituto de educação superior pública no estado de Goiás, através do uso de questionários. Neste, a maioria dos profissionais entrevistados ligava a educação inclusiva somente ao ensino de deficientes, ficando claro a falta de informação sobre o tema que muitos profissionais ainda apresentam. Dois entrevistados que haviam feito licenciatura apresentavam um ponto de vista mais adequado a respeito do tema, já aqueles com curso de bacharelado apontavam nos discursos uma maior dificuldade ou até impossibilidade de realizar ações inclusivas, justificando assim a importância da licenciatura para a formação de uma visão mais ampla sobre o tema. Ao serem indagados se estes se sentiriam confortáveis ao receberem um estudante de licenciatura portador de necessidades especiais somente um respondeu afirmativamente, 26 os demais concordavam parcialmente ou discordavam. O que nos leva a perceber o despreparo dos cursos universitários a recepção destes alunos. Para aqueles que já se encontram no mercado de trabalho, o novo desafio no ensino de química imprime a necessidade de busca deste profissional por informações que viabilizem a adequação de sua prática a esta nova demanda: ” Mesmo que possa parecer não crível, é preciso acentuar que não devemos pensar a ciência como pronta, acabada, completamente despojada, como uma nova e dogmática religião, com o “deus saber” imperando no novo milênio. A marca da ciência de nossos dias é a incerteza. ... Talvez a marca da incerteza, hoje tão mais presente na ciência, devesse estar mais fortemente presente em nossas aulas.” CHASSOT (2008, p.98) Os cursos de atualização para professores representam o contato mais estreito entre os pares e hoje se constituem como oportunidades de grande importância para a recuperação da prática docente: “. Em ambientes de rede o diálogo coletivo é central no processo de formação, pois contribui para a elaboração de significados oriundos das vozes representadas em cada enunciação. Ser sujeito na produção de diálogo pressupõe o posicionamento e reposicionamento conceitual frente ao outro.” (BENITE et al, 2011, p.1287) Os cursos de aprimoramento e atualização possuem sua importância defendida por permitir a inclusão escolar e troca de conhecimento e experiências quanto à suas possibilidades educativas; aprofundar a reflexão sobre a importância das intervenções e transposições didáticas para atender aprendizagens diferenciadas, além de promover discussões vitais para o entendimento do tema. 27 CAPÍTULO IV PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA UM ENSINO INCLUSIVO DE QUÍMICA As práticas escolares inclusivas devem ser planejadas de acordo com a diversidade encontrada em cada sala de aula. As atividades desenvolvidas devem promover o conhecimento e se possível estreitar os laços sociais existentes entre aqueles que compõem a turma. Mortimer e Gomes (2008) pesquisaram “o que conta” como inclusão na sala de aula para professores e alunos, e relacionaram a inclusão ou não deste sujeito a fatores tais como: etnia, gênero e classe social a qual estes alunos pertenciam, suas interações discursivas e trajetória escolar. E concluíram que o gênero e etnia não representavam um fator preponderante para a inclusão do aluno, em sua atividade cognitiva ou no gosto pela química. E também, que ao observarmos os interesses e formas de agir dos alunos em sala de aula podíamos obter informações importantes para a inclusão destes. Aqueles alunos que eram aceitos pelos demais dentro e fora da sala de aula apresentavam melhor desempenho que os demais, e que a escolha de atividades que favoreciam a vivencia entre os discentes faziam com que os mesmos se exprimissem mais, se socializando ao grupo, o que já fora indicado em diversos trabalhos com adolescentes. Os alunos cujos pais tiveram maior o acesso a cultura e educação, ou aqueles que os pais acompanhavam seus estudos apresentavam uma melhor participação em sala de aula facilitando assim o processo inclusivo. Nesta proposta de ensino vale frisar que os alunos em ambas as escolas tinham acesso à aulas práticas e teóricas o que também colaborou para um melhor resultado para a aprendizagem da química, pois o 28 aluno tem a vivência do experimento, e a teoria construída a partir do diálogo sobre estas aulas, estabelecendo parcerias aluno-aluno e aluno- professor. Mesmo aqueles que não gostavam de química acabavam sendo incluídos pelos laços de amizade, e participando do processo. Desta forma concluímos que o ensino dialogado facilita a apropriação dos conteúdos pelos alunos, que traduzem em sua própria linguagem os conceitos abordados em sala de aula. Ao se optar por trabalhos em grupo deve-se utilizar grupos pequenos, sendo sempre aconselhável mesclar grupos aos poucos, dar espaço para o lúdico mantendo o nível das conversas paralelas para que não se perca o objetivo. Encontramos citações de alguns autores sobre o desenvolvimento de recursos pedagógicos para serem utilizados visando à inclusão escolar nas aulas de química, mas devemos ter em mente que não existem fórmulas infalíveis para serem utilizadas nas classes inclusivas. Sempre teremos que avaliar o tipo de necessidade especial que o aluno possui aliada ao tipo de turma a que pertence, considerando também o domínio da utilização do recurso por parte do educador. O fato do individuo possuir uma necessidade especial comum a outro, não significa que as mesmos respondam ao uso de um determinado recurso da mesma forma. A decisão em usar ou não um determinado recurso dependerá sempre do aluno, do professor, da turma e de suas necessidades e capacidades de gerenciar as situações envolvidas na inclusão. Compilamos alguns exemplos, a fim de exemplificarmos algumas práticas de fácil execução que foram realizadas com êxito em processos inclusivos, que poderão servir como base ou mesmo demonstração de como pequenas adaptações de recursos podem auxiliar nesta tarefa. 29 Resende Filho et al (2009) citam a construção de tabelas periódicas, destinadas ao trabalho com alunos com deficiência visual. Para tanto utilizaram caixas de fósforos revestidas com papeis de diferentes texturas para a classificação dos elementos: cartolina amarela para os metais, papel branco enrugado para os ametais e camurça vermelha para os gases nobres, tendo o cuidado de gravar em Braille o símbolo químico, o número atômico e o número de massa destes elementos, representando uma iniciativa bem sucedida que incluiu a percepção tátil como forma de aquisição de conhecimento. (RESENDE FILHO et al, 2009 apud TAVARES e CAMARGO, 2010, p.2) Outros recursos pedagógicos desenvolvidos por licenciandos de um curso de química para trabalhar alguns conceitos no ensino de química com portadores de necessidades especiais visuais encontram-se listados a seguir: “...1) Caixa aromática: caixa de papelão com quatro compartimentos: o primeiro com um limão; o segundo com um fruto parecido com o limão, mas borrifado com a essência de limão; o terceiro com a essência artificial do limão; e o quarto com raspas da casca do limão. Junto com a caixa havia uma gravação em áudio com instruções de como usá-la e com explicações sobre os aromatizantes, o olfato, o paladar e os métodos de obtenção dos óleos essenciais. 2) Livro sensorial de frutas: livro com frutas em alto-relevo, com detalhes em cola plástica e glitter e com um ‘saiba mais’, em Braille, sobre as características nutricionais das frutas. 3) Caixas de materiais recicláveis: caixas de papelão, cada uma delas contendo embalagens de materiais recicláveis como vidros, plásticos, borrachas, papéis, dentre outros. O material também vinha acompanhado de um texto contendo explicações sobre a reciclagem. 4) Kit de experimentos: caixa contendo materiais e reagentes para preparação de três experimentos: balão à prova de fogo para comparação do tempo que uma bexiga leva para estourar na ausência ou presença de água em seu interior; velocidade de reação da aspirina para verificação da diferença de velocidade quando se coloca uma aspirina inteira e uma macerada em água; e reação entre dois sólidos para verificação da ocorrência de uma reação por meio do resfriamento do tubo de ensaio quando foram adicionados dois sólidos. 5) Quebra-cabeça sobre destilação simples e fracionada: dois quebra-cabeças feitos em copolímero de etileno-acetato de 30 vinila (EVA) – uma borracha não tóxica que é aplicada em diversas atividades artesanais – cujas partes eram formadas pelas vidrarias e equipamentos usados para fazer as destilações simples e fracionada. 6) Maquete do modelo atômico: maquete feita em EVA e tinta plástica para ser usada junto com uma tabela periódica, sendo útil para explicar a distribuição eletrônica nos átomos dos diferentes elementos. Além disso, acompanha orientações por escrito e gravadas num disquete para o professor e os alunos. 7) Modelo para explicar formas geométricas espaciais e planas: material que consistia de palitos de churrasco e garrotes de borracha, um roteiro em Braille e em áudio, para montagem de formas geométricas que ajudam a entender matemática e a geometria das moléculas. 8) Tabela periódica digital: CD com informações sobre elementos, aplicações e características. Este foi feito para ser ouvido e consultado no computador, a partir de um programa de transcrição do conteúdo escrito para voz. 9) Áudio sobre a vida e obra de Alfred Bernhard Nobel: gravação em áudio sobre Nobel, elaborado de maneira interativa, no qual o aluno muda de faixas conforme o assunto que quer saber. 10) Áudio com histórias da Rutinha: material em áudio com três histórias elaboradas e gravadas pelos licenciandos contendo informações científicas. 11) Áudio com explicações sobre olfato: gravação em áudio com textos sobre olfato, aromatizantes e fragrâncias.” (RETONDO e SILVA , 2008, p.30 ) Estes recursos mencionados constituem adaptações simples de fácil execução, que não pretendemos que sejam copiadas nas aulas inclusivas, mas que sirvam como base para futuras adaptações, considerando não só o tipo de conteúdo a ser exposto e a necessidade especial apresentada pelo aluno, mas também o objetivo que se quer atingir, a necessidade do conteúdo para o sujeito, e a classe a que pertence. O desenvolvimento de qualquer atividade inclusiva deve se iniciar a luz da sensibilidade que só pode existir através da percepção do educador. 31 CONCLUSÃO A Lei de Diretrizes e Bases Brasileira n º 9394/1996 estabeleceu que o acesso a educação é um direito de todos, cabendo ao professor a função de mediador das práticas escolares que conduzam a uma ação inclusiva que não só auxilie no ingresso do estudante nas salas de aula, mas também que facilite a sua permanência objetivando a sua formação. Apesar de termos muitas produções de trabalhos, monografias, artigos sobre o tema inclusão, existem poucos trabalhos na área de ciências e mais particularmente na disciplina de química. Muitos educadores na área ainda hoje, não sabem definir corretamente o que é um portador de necessidades especiais, o que se espera de um professor em uma classe inclusiva, e principalmente, como proceder para incluir e avaliar estes alunos durante o processo. Sendo atribuído o despreparo destes profissionais aos cursos de graduação e de licenciatura que priorizam um enfoque mais técnico da disciplina de química e também por não oferecerem ao longo do curso discussões sobre assuntos inclusivos. Justificando desta forma, a defesa do aprimoramento dos cursos e profissionais responsáveis pela formação dos futuros educadores a fim de que durante a fase de formação o futuro professor tenha e troque experiências que facilitem sua prática. Desta forma podemos concluir que ao professor de química nos tempos atuais caberá a adequação de suas práticas a fim de que os conhecimentos expostos durante as aulas estejam ao alcance de todos., promover ações que visem elaborações coletivas do conhecimento, contextualizando o saber para que seja mais facilmente apropriado pelo aluno; além de elaborar novos critérios para avaliar o desempenho da turma toda. 32 Fatores como a globalização, movimento migratório, acesso de alunos portadores de necessidades especiais, acesso democrático a tecnologia entre outros comprovam que o professor de química deve manter sua prática viva, evidenciando a importância dos cursos de atualização e aperfeiçoamento e principalmente da adoção de uma atitude crítica e reflexiva sobre sua prática escolar. Este breve estudo também apontou para a necessidade dos professores em química e outras ciências, se envolverem mais dividindo suas experiências, dificuldades e êxitos frente ao desafio diário de lecionar, pois somente a partir desta discussão seremos capazes de desenvolver estratégias, recursos e temas que viabilizem a inclusão escolar em ciências Fica demonstrado através do levantamento bibliográfico realizado, a relevância de experimentais e um ensino contextualizado dialogado, utilizando aulas práticas coletivas que promovam uma maior interação do grupo para construção de um ensino inclusivo. E estas ações somadas a ressignificação da própria atividade do educador frente às novas demandas, levarão a inserção da disciplina de química no ensino inclusivo. 33 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BENITE, Claudio R. Machado et al. Atividade Discursiva na Formação de Professores de Química: A Construção do Diálogo Coletivo. Quim. Nova, São Paulo, v. 34, n. 7, p. 1281-1287, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010040422011000700030&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 20/11/2013 CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n22/n22a09.pdf Acesso em: 20/11/2013 GOMES, Maria de Fátima Cardoso; MORTIMER, Eduardo Fleury. Histórias sociais e singulares de inclusão/exclusão na aula de química. Cadernos de Pesquisa, v. 38, n. 133, p. 237-266, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010015742008000100011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20/11/2013 MASSENA, Elisa Prestes; MONTEIRO, A. M. F. C. Marcas do currículo na formação do licenciando: uma análise a partir dos temas de trabalhos finais de curso da licenciatura em Química da UFRJ (1998-2008). Química nova na Escola, v. 33, n. 1, p. 10-18, 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010040422011000800032&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18/11/2013 RETONDO, Carolina Godinho; SILVA, Glaucia Maria. Ressignificando a formação de professores de química para a educação especial e inclusiva: uma história de parcerias. Química Nova na Escola, n. 30, p. 27-33, 2008. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc30/06RSA-5908.pdf Acesso em:18/11/2013 SANTOS, WLP dos; SCHNETZLER, Roseli Pacheco. Função social: o que significa ensino de química para formar o cidadão. Química Nova na Escola, v. 4, n. 4, p. 28-34, 1996. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc04/pesquisa.pdf . Acesso em: 17/11/2013 34 SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos. Letramento em química, educação planetária e inclusão social. Quim. Nova, v. 29, n. 3, p. 611-620, 2006a . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=01004042&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 20/11/2013 SOUSA, Jonyragno Damasceno de. Um novo olhar para o ensino de química. 2011. 37 p. Trabalho de conclusão de curso. Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes em Química da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. FGF, Ceará. Disponível em: http://www.nead.fgf.edu.br/novo/material/monografias_quimica/JONYRAGNO_ DAMASCENO_DE_SOUSA.PDF. Acesso em: 18/11/2013 SOUZA, V.; JUSTI, R. O ensino de ciências e seus desafios humanos e científicos: fronteiras entre o saber eo fazer científico. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, v. 5, 2005. Disponível em: http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/vienpec/CR2/p40.pdf. Acesso em: 20/11/2013 TAVARES, Leandro Henrique Wesolowski; CAMARGO, E. P. Inclusão Escolar, Necessidades Educacionais Especiais e Ensino de Ciências: Alguns Apontamentos. Revista Ciência em Tela, v. 3, n. 2, 2010. Disponível em: http://www.cienciaemtela.nutes.ufrj.br/artigos/0210_tavares.pdf Acesso em: 20/11/2013 VILELA-RIBEIRO, Eveline Borges; BENITE, Anna Maria Canavaro. A Educação Inclusiva na Percepção dos Professores de Química Inclusive education in trainee teachers’ perception of licensed in Chemistry. Ciência & Educação (Bauru), v. 16, n. 3, p. 585-594, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151673132010000300006&lng=en&nrm=iso> Acesso em: 20/02/2013 35 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO ......................................................................................... 02 AGRADECIMENTO.......................................................................................... 03 DEDICATÓRIA................................................................................................. 04 RESUMO ......................................................................................................... 06 METODOLOGIA .............................................................................................. 07 SUMÁRIO ........................................................................................................ 08 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09 CAPÍTULO I-O PROCESSO INCLUSIVO E A QUÍMICA................................. 12 CAPÍTULO II- O EDUCADOR EM QUÍMICA E SUAS DIFICULDADES ......... 16 CAPÍTULO III – O PROFESSOR DE QUÍMICA NO CONTEXTO ATUAL ...... 21 CAPÍTULO IV – PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA UM ENSINO INCLUSIVO DE QUÍMICA................................................................................ 27 CONCLUSÃO .................................................................................................. 31 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................................... 33 ÍNDICE............................................................................................................. 35 FOLHA DE AVALIAÇÃO.............................................................................36 36 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: _____________________________ Título da Monografia: ____________________________ Autor: _________________________________________ Data da entrega: ___/___/____ Avaliado por: _________________________ Conceito: ________