Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura ‘‘Luiz de Queiroz’’
Programa de Educação Tutorial – Gerenciamento e Administração da
Empresa Agrícola
Viabilidade Econômica:
Revisão Bibliográfica
Felipe Coletto de Araujo
Piracicaba, 2009
INTRODUÇÃO
O assunto tratado no presente trabalho será viabilidade econômica, evidenciar a
sua importância e em que pode ajudar o proprietário rural. Os objetivos deste trabalho é
mostrar como se faz uma analise de viabilidade econômica e pincelar sobre o que é
planejamento agrícola e administração rural, pois, segundo Hoffman ET AL, 1978
viabilidade econômica diz respeito aos custos e receitas envolvidos no projeto, às
condições de financiamento, à capacidade de pagamento etc.
Portanto o cronograma deste trabalho será mostrar um pouco de administração rural e
planejamento agrícola, falar sobre viabilidade econômica em si, abrangendo assuntos
como fluxo de caixa, valor presente liquido e taxa interna de retorno e posteriormente
as conclusões do trabalho, ou seja, a sua importância.
ADMINISTRAÇÃO RURAL
Segundo varias escolas de pensamento administração é o processo de tomada
de decisões frente a um problema com o intuito de se atingir um objetivo. Normalmente
é o de afetar positivamente a lucratividade da fazenda. Para isso, o administrador rural
que muitas vezes é o próprio agricultor tem que elaborar um planejamento, pois,
colocará seus recursos em um mundo com vários riscos e incertezas. Alem disso ele é
o responsável por todas as áreas administrativas da propriedade que de acordo com
Osbourn (1978) são:
-atividades técnicas
-atividades comerciais
-atividades financeiras
-atividades de contabilidade
Portanto o administrador rural necessita de um planejamento agrícola para lidar
de maneira correta com todas essas atividades (planejar a compra e venda de recursos
e produtos, a aquisição de capital, necessidade de investimentos futuros ou
financiamentos, quantidade de recursos humanos e negócios financeiros). Para tanto é
necessário saber planejar.
PLANEJAMENTO AGRÍCOLA
‘’O planejamento é uma atividade pelo qual o homem, agindo através da manipulação e controle
consciente do meio ambiente, procura atingir certos fins já anteriormente por ele mesmo especificados’’
(Friedman, 1960).
Antes de tudo, é necessário ter em mente que o planejamento é a parte mais
importante da administração e é nele que são feitas as previsões e as estratégias. É
constituído de metas que devem ser atingidas para se alcançar os objetivos já
previamente especificados.
Outro ponto importante do planejamento agrícola são alguns princípios básicos
(HOFFMAN ET AL, 1978) que o sujeito deve levar em consideração durante o processo
de planejamento, entre esses estão:
-finalidade
-continuidade (planejamento deve assumir um caráter permanente e continuo)
-objetividade
-previsibilidade (Durante o planejamento deve-se fazer previsões tomando como base,
analises passadas e presentes para auxiliar na tomada de decisões futuras).
Entretanto algumas características (HOFFMAN ET AL, 1978) devem ser levadas
em consideração durante a elaboração de projetos ou planos, entre elas estão:
-economicidade (os custos devem ser compatíveis com os objetivos a se alcançar, pois,
esses podem ser fatores limitantes do projeto, basicamente essa característica analisa
a relação custo/beneficio envolvido no projeto).
- exeqüibilidade (o projeto tem como propósito alcançar os objetivos previamente
estabelecidos, mas é necessário demonstrar que esses objetivos são possíveis de
serem alcançados, isso quer dizer que, durante o planejamento é preciso levar em
consideração algumas viabilidades).
É nesse exato momento que entra o objetivo deste trabalho: a viabilidade
econômica, pois, essas características trazem consigo a idéia de custos e receitas
envolvendo assim a analise da viabilidade econômica, ela que segundo a característica
da exeqüibilidade é parte fundamental do planejamento e que deve ser levada em conta
em um projeto (também são levadas em consideração a viabilidade técnica e política,
mas como o objeto de estudo é a econômica não comentarei a respeito das outras
viabilidades).
VIABILIDADE ECONOMICA DE LONGO PRAZO
Um bom estudo de viabilidade econômica precisa ser completo, isso quer dizer
que, deve-se levar em consideração 3 aspectos básicos:
-descrição dos capitais da propriedade
-definição de um horizonte para analise
-fluxo de caixa
Através da analise dos itens acima pode-se estabelecer um projeto de
viabilidade econômica que hoje em dia é muito importante, pois, pode ajudar os
proprietários a planejarem melhor o que realizar em suas áreas, se é viável seu
empreendimento ou não, ou seja, analisar se seus recursos estariam melhor investidos
na empresa ou se poderiam estar tendo outro uso e gerando maior taxa de retorno,
entretanto é melhor deixar esse assunto para depois e começar falando da descrição
dos capitais, depois a respeito da definição de um horizonte e finalmente sobre fluxo de
caixa.
DESCRIÇÕES DOS CAPITAIS DA PROPRIEDADE
Esse tópico é dividido em 4 partes, descrição dos capitais humanos, naturais,
físicos e financeiros da propriedade.
1. Descrição dos capitais humanos – disserta-se sobre a vida do proprietário,
sua saúde, filhos, renda e também sobre os outros moradores da
propriedade (se existirem), se são ávidos por conhecimento, se moram ou
não na propriedade, salário... Através dessa analise tem-se o capital
humano investido pelo proprietário.
2. Descrição dos capitais naturais – disserta-se sobre a propriedade em si,
se possui nascentes, quanto a sua inclinação, sua sustentabilidade e o
solo (utilização e classificação) da propriedade.
3. Descrição dos capitais físicos – disserta-se sobre construções, maquinas,
equipamentos, as culturas cultivadas e animais de uso comercial (se
existirem), expondo a idade, estado de conservação, vida útil restante e
calculando o valor da depreciação dos capitais físicos da propriedade.
4. Descrição dos capitais financeiros – disserta-se a respeito dos estoques
financeiros da propriedade, ou seja, quanto ela possui em credito e debito
Esse tópico tem grande importância do ponto de vista do conhecimento a
respeito da propriedade, pois, assim conhece-se melhor a propriedade e
pode-se analisar melhor seus pontos fortes e fracos.
DEFININDO UM HORIZONTE
O que seria um horizonte?
Horizonte do ponto de vista financeiro tem o
significado de tempo, por exemplo, uma propriedade possuir um horizonte igual a 6
anos significa que através de conversas com o proprietário determina-se o tempo que
demora para se reformar os capitais físicos da propriedade, no exemplo citado esse
tempo seria de 6 anos. Portanto conseguir notas fiscais e até mesmo anotações
realizadas pelo proprietário será útil para se construir um quadro correspondente aos
desembolsos operacionais (custeio) da propriedade (para a construção do quadro
parte-se do principio que as coisas não se alterarão nos próximos anos. É importante
salientar que o proprietário deve ter um mínimo de planejamento para que o quadro
fique o mais próximo da realidade possível, pois, será levado em consideração o que o
produtor acredita que serão gastos no custeio da propriedade)
FLUXOS DE CAIXA, VPL E TIR
Basicamente fluxo de caixa ‘’é uma expressão que indica simplesmente a
diferença entre o numero de dólares recebidos e o numero de dólares que saíram da
empresa’’ (ROSS, 1998), ainda de acordo com Braga, 1989 fluxo de caixa
(operacionais, que é o tratado neste tópico) compreende a valores distribuídos no
tempo correspondentes às:
- saídas liquidas de caixa ou investimento liquido (um exemplo é a troca de uma
maquina ou a construção de uma usina de beneficiamento)
- entradas liquidas de caixa ou benefícios monetários líquidos (benefícios causados
pelo investimento liquido)
Essas são as principais informações que se deve ter para a construção de um
fluxo de caixa. O fluxo deve ter inicio no ano zero, isso significa que a analise deve
começar no momento presente, e não no passado como muitas pessoas poderiam
pensar e a partir daí, após já ter se estabelecido um horizonte constrói-se um fluxo de
caixa do ano zero (agora) até o horizonte e no final desse prazo considera-se a venda
da terra e dos capitais físicos. Entretanto para a construção do fluxo de caixa é
necessário ter em mente o que é valor presente liquido – VPL e taxa interna de retorno
– TIR, pois esses são os instrumentos que possibilitam a analise da viabilidade
econômica de longo prazo. As idéias do que são VPL e TIR estão expostas abaixo:
VPL: segundo Ross, 1998, valor presente liquido é a diferença entre o valor de mercado
de um investimento e seu custo, ou seja, um VPL positivo seria a medida de quanto
valor é criado ou adicionado hoje, realizando-se um investimento. Portanto para o
calculo de VPL deve-se considerar que o empreendimento ainda será implantado, pois,
de acordo com a formula: VPL = VP – I, valor presente liquido é igual ao valor presente
menos o investimento inicial. Entretanto para o calculo deve-se levar em consideração
a taxa de desconto que é a taxa de juros que o mercado paga para o investidor em
diversos tipos de investimento, ou seja, se o investidor coloca-se seu dinheiro em um
investimento com taxa de desconto igual a 10%a.a significaria que o capital aplicado
por ele renderia a uma taxa de 10%a.a a taxa de desconto será usada posteriormente
no calculo do valor presente que como dito anteriormente faz parte da formula da VPL.
Um exemplo (retirado de ROSS, 1998) pode ser o seguinte:
- suponha que nos peçam para decidir se um novo bem de consumo deve ser lançado,
com base nas vendas e nos custos projetados esperamos que os fluxos de caixa sejam
de 2000,00 nos primeiros dois anos, 4000,00 nos dois anos seguintes e 5000,00 no
ultimo ano. Custara 10000,00 para começar a produzir. Usamos uma taxa de desconto
de 10% para avaliar novos produtos. De acordo com os dados é viável o projeto?
i = 10% = 10/100 = 0,1 \ 1 + 0.1 = 1.1 (esse calculo também é conhecido
como FVPA)
VP = 2000,00/1.11 + 2000,00/1.12 + 4000,00/1,13 + 4000,00/1.14 +
5000,00/1.15 = 12.313,00
VPL = VP – I = 12313,00 – 10000,00 = 2313,00, este é um valor positivo e
isso nos indica que a realização do projeto é viável.
Resumidamente isso é valor presente liquido o resultado por ele encontrado é o
que é procurado na viabilidade econômica, saber se um projeto é viável ou não. É
depois que se sabe o que é VPL que pode-se calcular a TIR (taxa interna de retorno).
TIR: uma função bem interessante da TIR é o fato de a partir dela poder s determinar a
taxa de desconto. Porem antes de começarmos a aprofundar no assunto é bom dizer
que a TIR possui uma regra (ROSS,1998): “com base na regra da TIR, um investimento
é aceitável se a TIR é superior ao retorno exigido (taxa mínima). Caso contrario deve
ser rejeitado’’, por exemplo: se uma propriedade hoje custa 100,00 e daqui a um ano o
valor dela seja de 110,00 a TIR dela será de 10%, portanto se você quiser um retorno
de 15% você deve descartar o projeto mas, se você espera um retorno maior que 5% a
propriedade é aceitável. Alem disso, fazendo-se o calculo da TIR pode-se extrair o
quanto a propriedade esta rendendo durante o tempo estimado (horizonte), pois, para o
calculo busca-se encontrar VPL= 0, usando os mesmos procedimentos do exemplo
acima (uma das maneiras de se calcular a TIR com fluxo de caixa variável é essa),
entretanto existe um problema para o calculo da TIR, a única maneira de se chegar ao
VPL = 0 é por tentativas, ou seja, ou seja, ‘’chuta-se’’’um numero para FVPA, a partir
dele calcula-se o VP e posteriormente subtrai-se o I, e assim continua até ser
encontrado o VPL = 0 ou um valor próximo que indique isso.
Depois de calculado o VPL e o TIR pode-se dizer que esta concluída a analise
de viabilidade econômica do projeto.
CONCLUSÕES
Após o estudo de viabilidade econômica é perceptível a importância deste, pois,
ele pode auxiliar muito o proprietário mostrando-o como aumentar seu fluxo de caixa e
conseqüentemente tornar a propriedade economicamente viável. Também pode
contribuir para a construção de um planejamento estratégico (determinação de
objetivos e metas para que promovam o crescimento da propriedade tornando-a viável)
e pode auxiliar na identificação dos pontos fortes e fracos da propriedade.
BIBLIOGRAFIA
ROSS, S.A.; WESTERFIELD R.W.;JORDAN, B. D. Princípios de Administração
Financeira- Essentials of Corporate Finance, São Paulo: Editora Atlas S.A, 1998.
HOFFMANN, R.; ENGLER, J.J. C.; THAME, A. C. M.; NEVES, E. M.; Administração
da Empresa Agrícola, São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1973.
GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração Financeira, São Paulo: Editora
Saraiva, 1998.
BRAGA, R. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira. São Paulo:
Editora Altas S.A. 1995.
MATTOS, Z P B. Introdução a Administração Rural. Piracicaba : ESALQ, 1986
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Pimenta/PimenteiradoReino/
paginas/glossario.htm
http://br.geocities.com/paulomarques_math/arq9-22.htm
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