H – 007
1. (Uff 2006) "Juro defender o vasto Império do Brasil e a liberal constituição digna do Brasil e digna do
seu imortal defensor como pedem os votos dos verdadeiros amigos da Pátria"
Segundo Lucia Neves, com essas palavras, D. Pedro I colocava-se, antecipadamente, na qualidade de
juiz e revisor da Constituição Brasileira que seria elaborada pelos representantes da Nação.
(apud Neves, Lucia Pereira das & Machado, Humberto. "O Império do Brasil". Rio de Janeiro,
Nova fronteira, 1999, p. 84.)
Com base nessa afirmativa, analise o contexto político que originou a Carta outorgada de 1824.
RESOLUÇÃO
Nos primeiros anos da Independência, o debate político se concentrou no problema da aprovação de
uma Constituição. As desavenças entre Dom Pedro e a Assembleia giraram em torno do papel do
Imperador, ou seja, das atribuições do Poder Executivo. Os constituintes queriam, por exemplo, que o
imperador não tivesse o poder de dissolver a Câmara dos Deputados. Queriam também que ele não tivesse
o poder do veto absoluto, isto é, o direito de negar validade a qualquer lei aprovada pelo Legislativo. Nesse
sentido, era consenso a escolha da monarquia constitucional, como regime de governo, capaz de sustentar
a união até então compartilhada por todos os constituintes de várias regiões do recente império. A carta
outorgada de 1824 consolidou, no entanto, a centralização do poder político no Rio de Janeiro, sustentada
especialmente pelas camadas de grandes comerciantes e traficantes de escravos. A concentração do poder
na esfera do Executivo, ou seja, no Imperador e seus ministros, em detrimento do Poder Legislativo,
reforçou o projeto centralizador.
2. (Pucrj 2010) Analise o discurso de Antônio Conselheiro, em Canudos, em 1890:
“(...) a república é o ludibrio [zombaria ou desprezo] da tirania para os fiéis (...) e por mais ignorante que
seja o homem, conhece que é impotente o poder humano para acabar com a obra de Deus (...). O
presidente da república, porém, movido pela incredulidade que tem atraído sobre ele toda sorte de ilusões,
entende que pode governar o Brasil como se fora um monarca legitimamente constituído por Deus; tanta
injustiça os católicos contemplam amargurados.”
Prédica “Sobre a república” Apud Jacqueline Hermann. Religião e Política no Alvorecer da República In: O Brasil
Republicano. Volume 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, p. 147-148.
2012_Discursiva_Obrigatória_Hist - 007
a) INDIQUE a crítica central que o documento apresenta ao governo republicano.
b) IDENTIFIQUE um grupo social e sua principal motivação para se fixar em Canudos.
RESOLUÇÃO
a) O candidato deverá mencionar como crítica central do documento a ideia de que a República era um
tipo de governo que não respeitava as leis de Deus, representando, assim, a “tirania para os fiéis”. O
presidente “movido por sua incredulidade”, realizava uma série de “injustiça aos católicos”, de que são
exemplos a instituição do casamento civil e as eleições, que, segundo o Conselheiro, seriam
manifestações do Anticristo. Para Antônio Conselheiro, o legítimo poder emanava da vontade divina,
explicando-se, assim, a sua defesa pela volta do regime monárquico no Brasil.
b) O candidato poderá identificar um dos seguintes grupos sociais: sertanejos pobres, ex-escravos e
indígenas. A principal motivação que levou essas pessoas a seguirem Antônio Conselheiro e a se
fixarem em Canudos era a situação difícil de suas vidas. Uma população pobre, sem terra (em
decorrência da injusta situação fundiária do país), desassistida pelo governo. Os moradores de
Canudos acreditavam que, após o Juízo Final, viveriam um momento de justiça e prosperidade.
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3. (Ufg 2010) Leia os documentos a seguir.
Os camponeses partem para o front com incrível entusiasmo; e as classes superiores da sociedade,
quer sejam liberais ou conservadoras, os aclamam, desejando-lhes boa sorte […] Habitualmente, os
camponeses sentiam que não tinham nada a fazer a não ser beber; mas agora não é mais assim. É como
se a guerra lhes desse uma razão para viver […] No ardor dos soldados russos se percebe o entusiasmo
que agita o coração dos antigos mártires se lançando para a morte gloriosa.
LE BON, Gustave. 1916 apud JANOTTI, Maria de Lourdes. A Primeira Guerra Mundial. O confronto de imperialismos. São
Paulo: Atual, 1992. p.17.
Após um ano de massacre, o caráter imperialista da guerra cada vez mais se afirmou; essa é a
prova de que suas causas encontram-se na política imperialista e colonial de todos os governos
responsáveis pelo desencadeamento desta carnificina. […] Hoje, mais do que nunca, devemos nos opor a
essas pretensões anexionistas e lutar pelo fim desta guerra […] que provocou misérias tão intensas entre os
trabalhadores de todos os países.
CONFERÊNCIA DE ZIMMERWALD - 5 a 8 de setembro de 1915. Apud JANOTTI, Maria de Lourdes. A Primeira Guerra Mundial.
O confronto de imperialismos. São Paulo: Atual, 1992. [Adaptado].
No início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), estabeleceu-se, sobretudo na Europa, uma
disputa de ideias em torno do envolvimento nesse conflito. Com base na leitura de cada um dos
documentos, explique as posições assumidas sobre a participação na guerra.
RESOLUÇÃO
No caso do primeiro documento, datado de 1916, expressa-se uma posição favorável à participação no
conflito, em acordo com o princípio nacionalista. Para os nacionalistas, a guerra associava-se à defesa da
Pátria, o que exigia a unidade do povo para defender os interesses internos. Nesse sentido, os nacionalistas
atribuíram ao combate um caráter positivo e saneador, inclusive moral. No interior dessa atribuição, o
soldado era visto como um herói e o entusiasmo articulava-se a um sentimento de dever para com a pátria
que, por sua vez, preenchia de sentido a vida do combatente. No caso do segundo documento, datado de
1915, a posição é contrária à guerra, sendo a expressão de um princípio socialista. Mesmo considerando as
tensões internas ao movimento e a existência de alguns socialistas que apoiavam a participação no conflito,
a guerra é interpretada, neste documento, como um sintoma da disputa imperialista e como um entrave aos
interesses dos trabalhadores.
4. (EBvest 2012) Em 1478, o Papa Sisto IV assinou uma bula, através da qual reafirmou uma Inquisição
na Espanha. Redigida como resposta às petições dos Reis católicos, essa bula atribuía a difusão das
crenças e dos ritos judaicos entre cristãos-novos de Castela e Aragão à tolerância dos bispos e
autorizava os reis a nomear três inquisidores para cada uma das cidades ou dioceses dos reinos. Esse
poder concedido aos príncipes era até então reservado ao Papa.
Defina os objetivos da INQUISIÇÃO católica, relacionando-os ao texto.
RESOLUÇÃO
Muitos dos judeus que se dispersaram pela Europa tiveram como destino a Espanha, que acabou tendo
sua população muito aumentada pelos novos exilados. Muitas coletividades foram fundadas, floresceram e
se tornaram grandes, em sabedoria, riqueza e prestígio, a ponto da Espanha se tornar o principal centro de
judaísmo na Diáspora. Considerando uma ameaça aos interesses católicos, o papa resolve estabelecer um
tribunal, chamado de Inquisição, que investigava, julgava e punia a todos aqueles que eram acusados de
práticas não-católicas, consideradas .heresias.. As atividades da Inquisição diziam respeito a todos os
cristãos, mas na realidade a "heresia" dos judeus era a principal preocupação da Inquisição na Espanha.
Lá, segundo o texto, os reis ganharam um privilégio único desse tribunal, o direito deles próprios nomearem
os inquisidores, ato até então restrito ao papa.
5. (UNICAMP 2008) Se utilizássemos, numa conversa com homens medievais, a expressão “Idade
Média”, eles não teriam ideia do que isso poderia significar. Eles, como todos os homens de todos os
períodos históricos, se viam vivendo na época contemporânea. De fato, falarmos em Idade Antiga ou
Média representa uma rotulação posterior, uma satisfação da necessidade de se dar nome aos
momentos passados. No caso do que chamamos de Idade Média, foi o século XVI que elaborou tal
conceito. Ou melhor, tal preconceito, pois o termo expressava um desprezo indisfarçado pelos séculos
localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVI.
Hilário Franco Júnior, A Idade Média. Nascimento do Ocidente.
3ª ed. São Paulo: Brasiliense, s.d. [1986]. p.17. Adaptado.
A partir desse trecho, responda:
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a) Em que termos a expressão “Idade Média” pode carregar consigo um valor depreciativo?
b) Como o período comumente abarcado pela expressão “Idade Média” poderia ser analisada de outra
maneira, isto é, sem um julgamento de valor?
RESOLUÇÃO
a) A expressão “Idade Média” foi cunhada pelos renascentistas do século XV, que consideravam o
momento em que viviam como sendo de grande desenvolvimento intelectual, artístico e científico,
comparável ao momento que gregos e romanos viveram no passado, intermediado por um período de
obscurantismo, de trevas. Portanto, ao valorizar uma cultura antropocêntrica, racional e individualista,
criaram profundo desprezo e preconceito ao período anterior, marcado por características diferenciadas,
consideradas inferiores.
b) A Idade Média deve ser compreendida a partir de suas próprias características, entendida dentro de seu
tempo, portanto em um contexto específico, com seus valores e contradições, sem ser comparada com
outros períodos em termos de valores.
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