METODOLOGIA PARA GESTÃO DO CONHECIMENTO APOIADA PELA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Marcelo Marçula Universidade Paulista – UNIP Estrada de Itapecerica, 1107 – Vila das Belezas - São Paulo – SP – 05835-003 [email protected] ABSTRACT Today’s business market is unpredictable and subjected to constant and quick changes. This market forces the organizations to take quick and sharp decisions about their actions, needing therefore a increase of "intelligence" in these decisions. In order to make it work, it should be used the Intellectual Capital (Knowledge) that exists in the organization, which, like any capital, must be managed in the right way. Knowledge Management, therefore, gain a great importance in today’s organizations. To support this management it is necessary to use the Information Technology, that enables speed and accuracy run together in the handling of the organization’s knowledge. Therefore, there is nowadays a need for a methodology, supported by the Information Technology, targeted to the Knowledge Management in a organization. Keywords: Knowledge, Management, Information RESUMO O mercado de negócios atual é imprevisível e sujeito a mudanças constantes e rápidas. Esse mercado obriga as organizações a tomarem decisões rápidas e precisas quanto às suas ações, portanto, necessitando um aumento da “inteligência” dessas decisões. Para que isso ocorra deve ser usado o Capital Intelectual (Conhecimento) existente na organização, que como todo capital, deve ser administrados de maneira correta. A Gestão do Conhecimento, portanto, ganha uma grande importância nas organizações de hoje. Para apoiar essa administração é necessário o uso da Tecnologia da Informação, que possibilita rapidez e precisão no tratamento do conhecimento da organização. Portanto, existe hoje a necessidade de uma metodologia, apoiada pela Tecnologia da Informação, para a Gestão do Conhecimento existente em uma organização. 1. OBJETIVO Este documento tem por objetivo definir a Gestão do Conhecimento e como a Tecnologia da Informação pode contribuir nessa área. Primeiramente será apresentada uma conceituação sobre o conhecimento, tanto no sentido geral, quanto no sentido de sua utilização nas organizações. Os conceitos da Gestão do Conhecimento serão apresentados, procurando mostrar as formas comuns nas quais ela tem sido implantada e como a Tecnologia de Informação influencia essa administração. 2. GESTÃO DO CONHECIMENTO – VISÃO GERAL O mercado de negócios apresenta cada vez mais um panorama imprevisível de mudanças constantes. As organizações que pretendem manter-se competitivas neste mercado, devem poder responder às necessidades de mercado muito rapidamente e com precisão. As organizações possuem ferramentas tecnológicas para auxiliar nessas respostas, mas elas são ferramentas preparadas para situações pré-programadas, o que não ajuda nesse ambiente de mercado imprevisível. A chave para a solução desse problema é aumentar a “inteligência” das decisões, ou seja, utilizar o conhecimento organizacional. Esse conhecimento é tratado como um capital, o Capital Intelectual da organização e como qualquer outro capital deve ser administrado. Gestão do Conhecimento é considerado, nos dias de hoje, um dos conceitos importantes para as organizações, pois elas estão começando a valorizar o capital intelectual. 3. CONHECIMENTO Para que seja possível uma compreensão melhor dos conceitos que serão apresentados sobre a Gestão do Conhecimento é necessário, em primeiro lugar, saber o que é conhecimento. Conforme Xavier [XAV98] define, “o conhecimento é uma relação entre um sujeito observador pensante e um objeto que ele quer compreender”, daí extrai-se que para ser desenvolvido o conhecimento, o melhor início é ter um problema, uma questão a ser resolvida. Esse conceito de que o conhecimento vem de um relacionamento confirma a teoria de Addleson [ADD98] de que aprender é uma atividade social, de maneira que o conhecimento é o sentido que damos aos objetos ou a descoberta de coisas pelo envolvimento com as pessoas e suas obras. O conhecimento, portanto, é uma característica do ser humano e uma frase de Churchman apud Malhotra [MAL97] define bem isso: “Conhecimento reside no usuário e não na coleção. É como o usuário reage à coleção de informações que importa”. Mas como o ser humano adquire esse conhecimento? Para responder essa questão é importante fazer a diferenciação entre Dados, Informação e Conhecimento. Os dados formam a base para a criação das informações. As informações são transformadas em conhecimento. O diagrama 1, extraído de Turban [TUR98], compara dados, informações e conhecimento em termos de abstração e quantidade. Alto Conhecimentos GRAU DE ABSTRAÇÃO Informações Baixo Dados QUANTIDADE Diagrama 1 Mas como acontece essa transformação? As pessoas recebem diariamente uma grande quantidade de dados. Dado é aquilo que é apresentado pelo mundo, são as entradas dos sentidos aos estímulos que recebem de jornais, revistas, televisão, conversas, Internet, etc., podendo ser úteis, ou não, para uma determinada tarefa. A informação é criada quando uma pessoa que possua os dados, formata-os, filtra-os ou resume-os, de modo a que tenham algum sentido ou alguma utilidade na obtenção de algum resultado (por exemplo, realização de uma determinada tarefa). A informação quando interpretada ou usada para tomar uma ação ou decisão, gera um resultado, que é um novo conhecimento. Esse novo conhecimento, então, é armazenado junto com outros já obtidos formando o Conhecimento Acumulado. As ações que transformaram dados em informações e informações em novos conhecimentos, são baseadas em conhecimento existente, que é extraído do conhecimento acumulado. A informação torna-se conhecimento quando alguém aprende a informação e potencialmente cria novas informações e idéias (Knowledge Management World [KNO98]), portanto, o conhecimento está ligado ao uso da informação (Alter [ALT92]). O diagrama 2, apresenta uma visão gráfica desses conceitos apresentados. Conhecimento Acumulado Conhecimento Dados Formatar, Filtrar, Resumir Informação Interpretar, Decidir, Agir Novos Conhecimento Diagrama 2 - Baseado em Alter [ALT92] Como o conhecimento dá-se pela interpretação humana das informações, Xavier [XAV98] lembra que o conhecimento é imperfeito e parcial, pois é uma representação da realidade. O conhecimento pode ser classificado [STE98]: Conhecimento Tácito – conhecimento que você não sabe que tem Conhecimento Explícito – conhecimento que você sabe que tem Lacunas Conhecidas – Conhecimento que você sabe que não tem Lacunas Desconhecidas – Conhecimento que você não sabe que não tem Nonaka e Takeushi apud Malhotra [MAL97] sugerem ainda que existem quatro modos do conhecimento ser criado: Socialização – conversão de conhecimento tácito em conhecimento tácito Externalização – conversão de conhecimento tácito em conhecimento explícito Combinação – conversão de conhecimento explícito em conhecimento explícito Internalização – conversão de conhecimento explícito em conhecimento tácito 4. CONHECIMENTO NO CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO Para que identifique-se o valor do conhecimento para uma organização, deve-se imaginar a seguinte situação: Uma organização sofre o ataque de uma entidade maligna que apaga todo o conhecimento armazenado, em equipamentos eletrônicos, papel e também na mente dos seus empregados. A diferença entre o valor de mercado dessa organização antes e depois do que aconteceu é o valor do conhecimento. Isso fica mais evidente caso seja uma organizações onde o conhecimento é a matéria prima do produto, como as organizações que trabalham na criação de software. Por esse motivo o conhecimento deve ser tratado como um capital da organização, o seu Capital Intelectual. Capital Intelectual pode ser definido como “o conjunto dos conhecimentos e informações possuídos por uma pessoa ou instituição e colocado ativamente a serviço da realização de objetivos econômicos”. (Xavier [XAV98]) Nasseri [NAS96] também propõe uma equação para definir o Capital Intelectual: CAPITAL INTELECTUAL = CAPITAL HUMANO + CAPITAL DE CONHECIMENTO Capital Humano – talentos individuais e conhecimento adquirido através de educação, treinamento, experiência e cognição. Capital de Conhecimento – artefatos da mente humana armazenados em outros meios, fora dela, que estão disponíveis para quem procurá-los. Ambas definições apresentam o Capital Intelectual como sendo o conjunto dos talentos individuais adquiridos ao longo do tempo, que repousam na mente de cada empregado, com as informações e conhecimentos externos, armazenados em algum meio, de modo a ser acessado quando necessário. Esse Capital Intelectual é hoje de vital importância devido a natureza de eternas mudanças e surpresas no mercado de negócios, pois é com ele que as decisões estratégicas são criadas e levadas adiante. Como diz Malhotra [MAL97]: “Ambientes de negócios estranhos com surpresas potenciais frustram as respostas organizacionais tradicionais”. Deve-se observar que a organização tendo concebido a sua estratégia, deve determinar as capacidades intelectuais (conhecimento) necessárias para a realização dessa estratégia. O Capital Intelectual apresenta ainda, segundo Xavier [XAV98], outras características que o tornam importante. O seu valor é ressaltado durante crises econômicas (por exemplo, criação rápida de estratégias inovadoras) e é o único tipo de capital que pode gerar, independentemente, outros tipos de riqueza; e acompanha o indivíduo onde ele estiver, estando pronto para ser usado. Devido a essa importância o Capital Intelectual deve ser tratado como os outros capitais da organização, devendo, portanto, ser preservado, ampliado e usado de forma adequada. Uma organização que pretende fazer uso adequado do conhecimento, em suas estratégias de negócio, deve tratar de três tipos de conhecimento: Conhecimento Técnico (realização das estratégias), Conhecimento Filosófico (criação das estratégias) e a Inteligência (tomar decisões estratégicas). 5. GESTÃO DO CONHECIMENTO A Gestão do Conhecimento não é uma tecnologia, mas um conceito e pode ser considerada até como um modo de fazer negócios. Uma definição para Gestão do Conhecimento é o processo de criação, captura e uso do conhecimento que melhora o desempenho organizacional (Xavier [XAV98]) Essa definição deixa bem claro que a Gestão do Conhecimento está ligada ao conhecimento, como é óbvio, mas também às estratégias para melhoria do desempenho organizacional. Para deixar bem claro que administrar conhecimento, não é administrar apenas as informações, Bruce McTigue, gerente de ativos intelectuais da Silicon Wireless (Knowledge Management World [KNO98]) diz: “A administração de ativos de conhecimento tem de gerenciar não somente informação, mas também como as pessoas aprenderão a informação e compartilharão isso com os outros”. Segundo Xavier [XAV98]), administrar o conhecimento é em primeiro lugar realizar as seguintes tarefas: 1. Visualizar corretamente a natureza e o valor do Capital Intelectual para a organização. 2. Criar mecanismos para preservar e ampliar o Capital Intelectual existente. 3. Treinar e incentivar as pessoas para uma forma de trabalho voltada para o conhecimento. Angus e Patel [ANG98] propõem que a Gestão do Conhecimento compõe-se de quatro processos típicos: Coleta – que consiste na introdução de informações e dados em um sistema, mas isso sendo feito de forma qualitativa, organizada, sistemática, definitiva e dirigida a um objetivo. Processamento – que consiste em adicionar valor às informações coletadas, tornando-as conhecimento. Para isso deve ser feita uma avaliação da adequação, da qualidade e do uso potencial das informações; além de interpretá-las, dividi-las, associa-las, resumi-las e amplia-las. Armazenagem – que consiste em facilitar a localização, disponibilidade e utilização do conhecimento. Distribuição – que consiste em levar conhecimento às pessoas que precisam usá-lo, pois seu valor decorre do uso. Além desses aspectos operacionais mais diretos, a Gestão do Conhecimento também tem de levar em conta o aspecto social do conhecimento, ou seja, para que o conhecimento seja criado e distribuído pela organização, as pessoas devem trabalhar juntas e comunicar-se. Sobre esse aspecto Verna Allee apud Xavier [XAV98] diz: “... É impossível falar sobre conhecimento sem falar nos modos como as pessoas trabalham juntas, aprendem juntas e crescem em conhecimento individual e coletivamente...” Outro aspecto primordial para o sucesso da Gestão do Conhecimento é que ele tenha alta prioridade na organização e seja estratégico. Sobre isso Angus, Patel e Harty [ANGU98] dizem que : “Se você não vai considerar a iniciativa da Gestão do Conhecimento como um esforço estratégico e de alta prioridade, você não deve perder tempo tentando aplicá-la” 6. APRENDIZADO ORGANIZACIONAL Para uma implantação melhor da Gestão do Conhecimento é importante que a filosofia da organização esteja voltada para o conhecimento, ou seja, que a organização esteja em constante processo de aprendizado. Uma organização que aprende implica em mudar a metáfora da organização ao invés de uma máquina para a organização como sendo uma comunidade na qual pessoas aprendem umas com as outras. (Addleson [ADD98]) Segundo Xavier [XAV98] as organizações são sistemas cognitivos por natureza, pois incorporam as qualidades das pessoas que a compõem, passando a operar aproximadamente como essas pessoas no tratamento do conhecimento. Elas separam as suas funções afins em setores, alocam pessoas com conhecimentos especializados para lá e também colocam as pessoas em situações de cooperação para solucionarem problemas. Quando trabalham juntas, pessoas conseguem realizar coisas que não poderiam individualmente. A organização que aprende constrói relações colaborativas com o intuito de tirar força de diversos conhecimentos, experiências, capacidades e maneiras de fazer as coisas que as pessoas e comunidades sabem e usam. (Addleson [ADD98]) Existem cinco axiomas sobre uma organização que aprende: 1. Falar sobre organização é falar sobre relacionamentos e colaborações. 2. No coração da organização que aprende estão as atitudes ou orientações das pessoas, umas com as outras. 3. Estrutura e planos estratégicos tem pouco a ver com realizar as tarefas. 4. Os limites organizacionais dependem dos relacionamentos das pessoas, daí o conceito das organizações sem limites. 5. Administrar depende da situação e não da função. A grande vantagem de uma organização que aprende é que ela tem uma filosofia enraizada para antecipação, reação e respostas a mudanças, complexidades e incertezas. (Malhotra [MAL96]) Numa organização normal encontramos alguns problemas que impedem a ampliação do conhecimento: Boas idéias não são apresentadas, pois as pessoas não são chamadas a colaborar. Boas idéias são apresentadas e não levadas em conta. Áreas competem entre si, as informações não circulam. Superior sonega informações aos subordinados. Falta de estímulo à análise e avaliação, cada um atém-se a sua área. Xavier [XAV98] sugere algumas medidas para que esse fluxo de conhecimento seja contínuo: 1. Melhoria nos modos de comunicação interna. 2. Motivação para combater a distância social entre os empregados. 3. Estímulo à participação, criatividade, envolvimento, análise de problemas, discussão e busca de excelência. 4. Treinamento. 5. Intercâmbio de informações. Essa última medida apresenta alguns problemas no panorama das organizações atuais, pois com as medidas de downsizing e a mobilidade dos empregados, torna-se difícil implementar uma cultura de compartilhamento de conhecimento. A maioria dos empregados acredita que contribuir para um conhecimento coletivo leve a enfraquecimento de sua segurança e competitividade na organização, principalmente se pensarmos em um setor de vendas, onde o conhecimento do cliente é fundamental. Portanto torna-se importante na Gestão do Conhecimento, o projeto de incentivos a criação e compartilhamento do conhecimento. 7. IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO Na implantação da Gestão do Conhecimento, existem algumas atividades que são associadas aos quatro processos típicos, anteriormente apresentados. As atividades são apresentadas na Tabela 1. Processo Coleta Processamento Armazenagem Distribuição Atividades Aquisição de dados (texto, imagem, voz, etc.) Procurar e trazer informações pertinentes Catalogação, Indexação e Filtragem da informação Criação e descoberta de relacionamentos entre as informações Contextualização da informação Projeções Compactação Facilitar a entrada de novo conhecimento Facilitar a busca de conhecimento Compartilhamento do conhecimento Apresentação de novos conhecimentos Controle do fluxo de conhecimento Tabela 1 No processo de implantação da Gestão do Conhecimento Manasco [MAN96] apresenta as estratégias mais comuns: I. Gestão do Conhecimento como Estratégia de Negócios A Teoria das Competências Essenciais (Prahalad e Hamel apud Markovitch [MAR96]) propõe uma postura estratégica que permita à empresa reagir rapidamente a mudanças, à partir do estoque de habilidades específicas (conhecimentos) que devem ser desenvolvidas e preservadas. II. Transferência de Conhecimento e Melhores Práticas Esta estratégia de administração procura focalizar a transferência do conhecimento e melhores práticas existentes, para melhorar as operações ou para embutir essa conhecimento em serviços e produtos. Para entender melhor o conceito de melhores práticas pode-se remeter aos conceitos de Taylor, do final do século passado: olhar os melhores trabalhadores, descobrir quais eram as melhores maneiras de fazer cada uma das tarefas, criar um conhecimento adequado sobre cada uma, e impor esse conhecimento a todos os funcionários. Para ajudar esta estratégia, alguns recursos são interessantes: a criação de redes para a troca de conhecimento e as Comunidades de Prática, que é um grupo de pessoas, dentro de uma organização, que trabalham juntas regularmente, mas não necessariamente nas mesmas áreas ou projetos, e sistematicamente trocam conhecimentos e informações, aprendendo juntas. III. Conhecimento Focalizado no Consumidor Esta estratégia preocupa-se em armazenar a maior quantidade de conhecimentos sobre o consumidor, de modo a poder extrair estratégias para uma melhor aproximação ou então, relações ainda não descobertas de modo a poder criar novas estratégias e produtos para esses consumidores. IV. Administração do Ativo Intelectual Esta estratégia visa administrar principalmente as patentes e marcas registradas existentes na organização. Esta administração visa basicamente fazer um levantamento das marcas e patentes existentes observando se estão sendo usadas ou não pela empresa, e então, direcionar as responsabilidades pelo seu uso ou venda a terceiros. A estratégia também procura administrar as tecnologias, práticas operacionais e gerenciais, relações com o consumidor e arranjos organizacionais existentes. Outra característica dessa estratégia é sustentar o emprego de pessoas com conhecimentos-chave para a organização. V. Inovação e Criação de Conhecimento Esta estratégia procura criar novos conhecimentos dentro da organização, por intermédio de pesquisas, desenvolvimento de novos produtos ou negócios e treinamento. Uma Gestão do Conhecimento ideal deveria adotar todas essas estratégias em conjunto, pois elas englobam todo o universo do conhecimento dentro de uma organização. Evidentemente, cada organização tem suas necessidades na Gestão do Conhecimento, podendo adotar algumas dessas estratégias, deixando de lado outras. Um modo de fazer isso é adotar uma estratégia de cada vez, observando os sucessos e fracassos, corrigindo a direção na implantação seguinte. Segundo Manasco [MAN96] a implantação de qualquer uma dessas estratégias implica em algumas preocupações para o administrador, que podem ser divididas em preocupações com: Estrutura - O gerenciamento descentralizado, com uma infra-estrutura compartilhada pelos empregados e que tenha um “líder de conhecimento”, o qual ajude a desenvolver uma visão compartilhada, coordene as atividades e encoraje os esforços da Gestão do Conhecimento. Alocação de Fundos - Deve espelhar o padrão de responsabilidade da administração e o comprometimento da organização. Habilitadores Culturais – devem existir fatores que habilitem e incentivem essa criação e troca de conhecimento, como suporte a colaboração, apoio de gerentes seniores e sistema de recompensas, mas não as recompensas financeiras formais, deve-se usar incentivos a carreira de quem cria, usa e compartilha o conhecimento. Transformações Culturais – A Gestão do Conhecimento gera transformações culturais na organização e alguns dos fatores que influenciam essas transformações são: uma forte liderança e ferramentas para que as pessoas encontrem facilmente as informações e os conhecimentos. Medições – É primordial que as organizações tenham noção do sucesso ou fracasso da estratégia de Gestão do Conhecimento, isso é conseguido medindo-se o desempenho dela. Poucas organizações fazem medições, algumas, como a Price Waterhouse, medem quanto o conhecimento está sendo compartilhado entre os empregados. Tecnologia – O papel primordial da Tecnologia da Informação na Gestão do Conhecimento está na sua habilidade em dar suporte a comunicação e colaboração em grupo, a procura fácil por informações e conhecimentos e apresentar repositórios de conhecimentos e informações não estáticos. Groupware, Internet, Intranet e Sistemas de Bancos de Dados são algumas das ferramentas da Tecnologia da Informação que são importantes para a Gestão do Conhecimento. Cada um dos processos da Gestão do Conhecimento (Coleta, Processamento, Armazenagem e Distribuição) poderá ser suportado por produtos de Tecnologia da Informação, ações manuais ou ambos em conjunto (o que é mais normal). Dificilmente haverá um produto para suportar os quatro processos simultaneamente. Outras preocupações da Gestão do Conhecimento são apresentadas por Nasseri [NAS96]: o tipo, a qualidade e a quantidade da informação a ser coletada; e em termos de conhecimento que deve ser feito na organização, que parte deve ser feito fora dela e o que deve ser feito em colaboração com fornecedores, clientes e até competidores. 8. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E A GESTÃO DO CONHECIMENTO O auxílio de ferramentas de Tecnologia da Informação à Gestão do Conhecimento é fundamental para que as estratégias adotadas tenham sucesso. Deve ficar claro que apesar de fundamentais, essas ferramentas não são imprescindíveis para a realização da Gestão do Conhecimento. Um dos primeiros aspectos a ser levado em conta pela Tecnologia da Informação é a natureza do conhecimento a ser tratado. O conhecimento pode ser: Emergente – são os conhecimentos coletados de maneira temporal, eles devem manter-se em dia com os eventos atuais. Esses eventos são usados para mudar as ações que a organização deve tomar no dia de hoje. Histórico – são os conhecimentos coletados para incrementalmente aperfeiçoar as decisões construindo um arquivo. Esses conhecimentos formam a memória organizacional. A Tecnologia da Informação auxiliando a Gestão do Conhecimento é mais difícil de ser entendida porque os processos de negócios que ele indica para serem computadorizados não existem no mundo real, para a maioria das organizações. Ao invés de substituir uma máquina, como o processador de texto procura substituir a máquina de escrever, existe o conhecimento, normalmente abstrato. (Angus, Patel, Hardy [ANGU98]). Mesmo assim nos quatro processos principais da Gestão do Conhecimento a Tecnologia da Informação tem um papel muito importante: Processo Coleta Processamento Armazenagem Distribuição Ferramenta de Tecnologia da Informação Dispositivos de entrada de dados Reconhecimento óptico de caracteres Câmeras de vídeo Internet Data Mining Sistemas Inteligentes Bancos de Dados Relacionais e Orientados a Objeto Data Warehouse Groupware Intranet Segundo Malhotra [MAL97] a Tecnologia da Informação ainda não consegue dar importância para: A evolução dinâmica e contínua da natureza do conhecimento – A Tecnologia da Informação aplicada à Gestão do Conhecimento tem soluções caracterizadas pela memorização de melhores práticas. Isso é bom para um ambiente onde as mudanças são contínuas, mas é falho em ambientes que apresentem mudanças abruptas. A dimensão tácita e explícita da criação do conhecimento - A Tecnologia da Informação não contempla o conhecimento tácito. A base subjetiva, interpretativa e com sentido da criação do conhecimento – sistemas existentes trabalham com soluções predeterminadas e tem dificuldade com inovações abruptas. A natureza construtiva da criação do conhecimento – para situações mal estruturadas, o que é normalmente encontrado, os sistemas podem gerar mais de uma resposta e essas podem ser ambíguas. Ainda segundo Malhotra [MAL97]: Uma revisão na conceituação existente da Gestão do Conhecimento habilitada pela Tecnologia da Informação, sugere que pouca atenção tem sido dada aos aspectos humanos da criação do conhecimento. 9. CONCLUSÃO A Gestão do Conhecimento não é uma tecnologia como muitos podem pensar, mas sim uma nova filosofia de trabalho para a organização baseada no conhecimento. Ela não resume-se em armazenar as melhores maneiras de se fazer algumas tarefas, mas sim em administrar a organização de modo a coletar, processar, armazenar e distribuir o conhecimento aos empregados que necessitem dela. Para uma Gestão do Conhecimento eficiente, ela deve estar ligada às estratégias de negócio da organização, com apoio dos níveis superiores na hierarquia. Essa nova filosofia pode ser resumida em uma Organização que Aprende, onde a organização é vista como uma comunidade de pessoas, que interagem e trocam conhecimento para resolver problemas ou obter melhores resultados. Na implantação da Gestão do Conhecimento deve ser levada em conta a necessidade de adotar-se alguma estratégia que obtenha sucesso rápido, para que o apoio às mudanças seja forte da cúpula diretiva da organização. Com esse apoio, estratégias de mudanças mais radicais devem ser levadas em consideração. O apoio da Tecnologia da Informação é muito importante para o sucesso da Gestão do Conhecimento, mas como foi visto, as ferramentas existentes privilegiam o tratamento do conhecimento explícito, apresentando grandes dificuldades para o tratamento do conhecimento tácito. Quando analisadas as soluções implantadas no mercado, o que se observa é que a Tecnologia da Informação tem sido usada para tratar da distribuição do conhecimento (comunicação entre os empregados), da procura de algum conhecimento específico, ou informações a serem transformadas em conhecimento e de dar repositórios para os conhecimentos e informações pertinentes aos negócios da organização. O avanço da Inteligência Artificial deverá auxiliar bastante o uso da Tecnologia da Informação na Gestão do Conhecimento, pois com ela poderá ser melhorada bastante a fase do processamento da informação (fase onde ela transforma-se em conhecimento). Além disso nas decisões sobre problemas que surjam abruptamente, a Inteligência Artificial poderá auxiliar muito na tomada de decisões. Apesar disso, deve-se ter noção de que o conhecimento usado para a tomada de decisões e solução de problemas, sempre terá um forte componente humano, pois questões ligadas ao conhecimento tácito, sempre serão encaminhadas por pessoas. BIBLIOGRAFIA ADDLESON, Mark - What is a Learning Organization? - Psol.gmu.edu, 1998 ALTER, Steven - Information Systems, a Management Perspective – Califórnia; The Benjamin/Cummings Publishing Company Inc., 1992 ANGUS, Jeff; PATEL, Jeetu - Knowledge Management Cosmology - Information Week, v. 673, March 16, 1998 ANGUS, Jeff; PATEL, Jeetu; HARTY, Jennifer - Knowledge Management: Great Concept... But What is it? - Information Week, v. 63, March 16, 1998 DAVENPORT, Tom - Secrets of Successful Knowledge Management - Knowledge Inc., February, 1997 MALHOTRA, Yogesh - Organizational Learning and Learning Organization: An Overview. www.brint.com, 1996 MALHOTRA, Yogesh - Knowledge Management in Inquiring Organizations - Proceedings of 3rd Americas Conference on Information Systems (Philosophy of Information Systems Mini-Track) Indianapolis, p. 293-295, August, 1997 MANASCO, Britton - Knowledge Strategies Developed by Leading Firms - Knowledge Inc. October, 1996 MARCOVITCH, Jacques - Tecnologia da Informação e Estratégia Empresarial - São Paulo; Editora Futura, 1996 NASSERI, Touraj - Knowledge Leverage: The Ultimate Advantage - www.brint.com, 1996 STEWART, Thomas A. – Capital Intelectual – Rio de Janeiro; Editora Campus, 1998 TURBAN, Efrain; ARONSON, Jay E. - Decision Support Systems and Intelligent Systems - New Jersey: Prentice Hall Inc., 1998 XAVIER, Ricardo de Almeida Prado - Capital Intelectual - São Paulo; Editora STS, 1998 ____________ - Knowledge Management World - 1998