Relações Étnico-raciais no Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana Teleaula 1 Profa. Dra. Marcilene Garcia de Souza Grupo Uninter Desigualdade racial no Brasil A importância da valorização da diversidade étnico-racial na educação das relações étnico-raciais As ações afirmativas na educação Ementa da Disciplina Contextos e conceitos históricos sobre as relações raciais no Brasil para o ensino de História da África, Cultura Africana e Afro-brasileira Os desafios nas relações raciais no Brasil Conceitos Básicos • Características das relações raciais Escravidão Escravo Instituição e prática sociocultural e político-econômica que estrutura relações sociais e práticas de dominação ao longo da história dos diferentes povos O conceito de escravo tem o sentido de reduzir uma realidade histórico-cultural ao estado de natureza. Natureza imutável (mantém a escravidão no imaginário social das populações) como se esta fosse naturalmente característica do homem (ou grupo) que foi escravizado Instituída a partir de estratégias de poder, ideologias e interesses sociais, econômicos, políticos, culturais 1 Escravizado . O conceito de escravizado surgiu no bojo da constituição do Império Romano, em que as populações eram submetidas à condição de inferioridade e subalternidade diante de um poder opressor. É preciso enfatizar que há diferentes formas de escravização que não devem ser confundidas Há distinções entre o que ocorreu Escravizado na África Escravizado nas Américas Não era desumanizado (coisa). Era um cativo. A etnia vencedora poderia, inclusive, assimilar os valores culturais dos escravizados (religião, língua etc.). Em alguns casos os escravizados poderiam se tornar reis, se casar com um “não escravo”, podendo fazer parte da família, e herdar os bens do senhor no Egito, na Babilônia, na Grécia, em Roma, nas Américas e na África. Muitos destes processos são instituições escravistas, mas feudal e de cativeiro, por exemplo A realidade escravista, edificada nas Américas e na Europa, transformou o cativo em escravo (coisa que fala, peça que podia ser comprada e vendida, com destituição de patrimônio, religião, nome, língua e negação do ser etc.) Negro É preciso lembrar, ainda, que o conceito de escravizado vem sendo utilizado com o sentido de marcar uma condição histórica pela qual passaram os negros Construída fora do Continente Africano na diáspora para caracterizar a diferença do outro. No Brasil os africanos e seus descendentes eram chamados de “pretos”, de “negros”, mas também de “cidadãos de cor” 2 Para José Correia Leite o termo “preto” era utilizado pelos escravocratas para designar os “escravos dóceis” e o “negro” para os que resistiam a escravidão (revoltosos, fujões) O Movimento Negro brasileiro tenta construir a positividade em torno da categoria “negro” como signo de “resistência” • Exemplo: nos EUA o termo “nigger” (negro) é visto como pejorativo Frases: • “Aquele negro é lindo” (positivo) • “Tinha que ser negro!” (pejorativo) Afro-brasileiro Surge na Década de 1970 e é difundido na Década de 1980. Está vinculado à origem e a cultura africana e ao território de nascimento do indivíduo, marcando, portanto, uma situação sociocultural e com viés identitário Afrodescendente É um conceito mais abrangente, pois está vinculado ao continente africano como lugar de origem e de vinculo identitário Pardo No Brasil, o termo passou a ser mais visível a partir da Conferência Mundial de Combate ao Racismo (Durban, África do Sul) em 2001. O consenso não foi o termo “negro” e sim o “afrodescendente” para fins de políticas de ação afirmativa Esta categoria, apesar de utilizada há décadas pelo IBGE, era praticamente inexistente no imaginários das pessoas. Atualmente, em função dos programas de ações afirmativas para negros (pretos e pardos), elas estão aparecendo mais. Mas, em muitos caso como estratégia de fuga de assumir-se como sendo “negro” 3 Preto É uma categoria de cor utilizada pelo IBGE, em que os “negros” estão incluídos. O termo tinha relação direta com a identificação genérica do escravizado que “não resistia” (dócil, trabalhador, ordeiro) Cidadão de Cor Na República, o termo era utilizado para reforçar a ideia de cidadão “menor”. Explicita que ele é “cidadão”, mas é “de cor” Crença de que os negros eram “cidadãos de segunda classe” Reforça ideia de uma “cidadania subalternizada” O termo é, portanto, pejorativo b)Raça Social: mesmo depois do fim da Segunda Guerra Mundial, o conceito de raça ainda está presente no nosso cotidiano, dizemos que se trata de “raça social”, ou seja, um modo como a sociedade entende e trabalha o conceito Hoje o termo é mais usual em algumas “comunidades negras tradicionais”. O movimento hiphop passa a positivar o termo “preto” em algumas cidades. • “Vem cá minha preta!” (carinhoso) • “A coisa ta preta!” (sentido pejorativo) Raça a)Raça Biológica: origem no Século XIX – momento em que as ciências biológicas e as exatas serviam de modelo para entender o homem que passa a ser classificado segundo modelos de teorias racialistas baseadas no evolucionismo, darwinismo social e eugenia Do ponto de vista científico não existem raças humanas A espécie humana é uma só Portanto, o termo “raça”, quando utilizado, deve ser sempre no “sentido social” e não biológico Não existem raças, mas o racismo existe 4 Racismo Comportamento hostil e de menosprezo em relação à grupos humanos entendidos como “inferiores” por outros grupos que se consideram “superiores”. O racismo se pauta pelas características físicas e culturais que identificam um grupo Surge na sociedade ocidental do Século XVIII, quando procurava-se bases “científicas” para explicitar as diferenças entre os seres humanos e justificar a dominação colonial Intolerância Durante o século XIX o racismo fixou-se como uma doutrina, uma ideologia (formulação teórica e política) de dominação Justificou a escravização dos povos africanos e o massacre dos judeus na Segunda Guerra Mundial Preconceito É uma ideia que fazemos de uma pessoa, grupo ou indivíduo sem a conhecermos bem. Um tipo de sentimento ou opinião irrefletida, (Ideia pré-concebida). O preconceito procura justificar o injustificável, ou seja, o tratamento desigual e a discriminação • Exemplo: “Fernando não sabe lavar roupa muito bem porque homem não é bom nestas coisas” Falta de respeito em relação às praticas e crenças alheias, que por serem diferente das nossas são tidas como “erradas” e sem direito de existir A intolerância pode produzir-se pela rejeição ou exclusão de pessoas por causa da sua Raça/cor; crença religiosa, orientação sexual, ou mesmo de vestimenta ou corte de cabelo Discriminação É a conduta que viola direitos das pessoas com base em critérios como raça, sexo, idade, orientação sexual, religião etc. A discriminação é a materialização do racismo, do preconceito e do estereótipo 5 Discriminar, no sentido de diferenciar, é um ato inerente ao ser humano O conceito só se torna um grave problema quando a diferenciação faz-se sob a ideia de hierarquia entre os grupos sociais Referências de Apoio SILVA, P. E; SOUZA, M. G. Conceitos básicos para compreender as relações raciais no Brasil. Mimeo, 2009. Étnico (grupo): Conjunto de indivíduos que se percebem ou são percebidos como formando um grupo distinto, dotado de uma identidade coletiva baseada em uma autoidentificação que implica a crença em uma origem e em uma cultura (língua, religião, costumes) comuns O mito fundador de todo grupo étnico é o mito do antepassado Sites para Consulta <www.google.com.br> <www.youtube.com.br> Visite sites de ONG´s Negras 6