Síndrome de Burnout: um estudo avaliativo dos
enfermeiros,trabalhadores do Hospital Regional de
Cáceres,MT.
Resumo: Este estudo pretendeu identificar a existência de burnout, seu grau e
tipificação entre os enfermeiros do Hospital Regional de Cáceres/MT . Os dados
foram coletados utilizando -se uma escala de avaliação de burnout teste MBI
Maslach Burnout Inventory – General Survey, e de entrevista semi -estruturada que
permitiu comparar os dados de nosso município com aqueles apresentados em
outros estudos.
Palavras-chave: Burnout, estresse, exaustão emocional, saúde.
Introdução: Os estudos mostram que o desequilíbrio na saúde profissional pode
levá-lo a se ausentar-se do trabalho, gerando licenças, transferências, novas
contratações, entre outras despesas para as empresas empregadoras. Dentre esses
desequilíbrios temos a síndrome de burnout. O Burnout é uma resposta do estresse
clássico por envolver atitudes e condutas negativas com relação a esses
profissionais, e se este conseguir vivenciar situações de s atisfação em seu trabalho
terá maior bem-estar e saúde psíquica e provável melhora de produtividade, caso
contrário, o indivíduo sente esgotado devido aos contatos diários com os problemas,
levando ao próprio fracasso e até o abandono profissional.Avaliaçã o de evidências
que estão relacionadas a satisfação com trabalho e bem -estar físico e mental,onde
houve alto níveis de insatisfação com o trabalho e problemas mentais e psicológicos
como Burnout, sensação de baixa energia, depressão, distúrbio do sono.
Material e Métodos: Aplicação de formulário utilizando -se uma escala de avaliação
de burnout teste MBI Maslach Burnout Inventory – General Survey. aos profissionais
de saúde do Hospital Regional de Cáceres/MT Dr. Antônio Fontes no dia
27/02/2009,das 9:30 ás 11:00. No local haviam 26 profissionais, incluindo
enfermeiros e técnicos de enfermagem. Desses, somente 18 profissionais aceitaram
responder os questionários. Conforme o modelo abaixo:
TESTE 2: MBI -Maslach Burnout Inventory -General Survey
A seguir, há 16 afirmativas relacionadas com o sentimento em relação ao trabalho. Porfavor, leia com atenção
cada uma das afirmativas e decida se você já se sentiu deste modo em seu trabalho.
Instruções:
Se você nunca teve estes sentimentos, escreva um “0” (zero) no esp aço antes da afirmativa.
Se você já teve este sentimento, indique com que freqüência você o sente, escrevendo o número (de 1 a 6)
que melhor descreve com que freqüência você se sente dessa maneira.
Exemplo:
Eu me sinto frustrado / deprimido no trabalho.
Se você nunca sentiu frustração / depressão no trabalho, escreva o número “0” (zero) sob a coluna
“freqüência”.
Se você, raramente, sente-se frustrado / deprimido no trabalho (poucas vezes por ano, ou menos), escreva o
número “1”.
Se seus sentimentos de frustração / depressão são razoavelmente freqüentes (poucas vezes por semana,
porém não diariamente), escreva “5”.
OBS: Lembre-se que o diagnóstico definitivo só pode ser fornecido por um profissional.
FREQUENCIA
0
1
2
nunca Algumas vezes Uma vez ao
ao ano ou menos mês ou
menos
declarações
1-Sinto-me emocionalmente esgotado
3
4
5
Algumas vezes
durante o mes
Uma vez por Algumas vezes
semana
durante a
semana
pontuação
Faixa de burnout
0 1 2 3 4 5 6 EE
com o meu trabalho
2-Sinto-me esgotado no final de um dia de
0 1 2 3 4 5 6
trabalho
3-Sinto-me cansado quando me levanto
0 1 2 3 4 5 6
pela manhã e preciso encarar
outro dia de trabalho
4-Trabalhar o dia todo é realmente motivo
0 1 2 3 4 5 6
de tensão para mi m
5-Sinto-me acabado por causa do meu
0 1 2 3 4 5 6
trabalho
6-Só desejo fazer meu trabalho e não ser
0 1 2 3 4 5 6
incomodado
resultados
0 1 2 3 4 5 6
7-Tornei-me menos interessado no meu
0 1 2 3 4 5 6 DP
trabalho desde que assumi esse
cargo
8-Tornei-me menos entusiasmado com o
0 1 2 3 4 5 6
meu trabalho
9-Tornei-me mais descrente sobre se o
0 1 2 3 4 5 6
meu trabalho contribui para algo
10-Duvido da importância do meu trabalho
0 1 2 3 4 5 6
6
Todo
dia
11-Sinto-me entusiasmado quando realizo
0 1 2 3 4 5 6 EPT
algo no meu trabalho
12-Realizei muitas coisas valiosas no meu
0 1 2 3 4 5 6
trabalho
13-Posso efetivamente solucionar os
0 1 2 3 4 5 6
problemas que surgem no meu
trabalho
14-Sinto que estou dando uma
0 1 2 3 4 5 6
contribuição efetiva para essa
organização
15-Na minha opinião, sou bom no que
0 1 2 3 4 5 6
faço
16-No meu trabalho, me sinto confiante de
0 1 2 3 4 5 6
que sou eficiente e capaz de
fazer com que as coisas aconteçam.
RESULTADOS
MBI SUBESCALA
EE EXAUSTÃO EMOCIONAL
DP DESPERSONALIZAÇÃO
EPT ENVOLVIMENTO PESSOAL NO TRABALHO
BAIXO
< 16
<5
>40
MEDIO
17-27
6-10
39-40
ALTO
>28
>11
<33
Os profissionais de saúde do setor de Urgência e Emergência e do Pronto
Socorro se opuseram em responder os questionários,alegan do que estavam
muito ocupados e o ambiente tumultuado. Naquele horário estavam aplicando
medicação que foi prescrita. Dos dezoito profissionais de saúde do Hospital
Regional que responderam o questionário, um desses funcionários resultou em
Exaustão Emocional Alto, situação em que os trabalhadores sentem que não
podem dar mais de si mesmos,devido ao contato diário com os problemas.
Quatro desses funcionários resultaram Envolvimento Pessoal do Trabalho baixo,
afetando a habilidade para realização do trabalho e o atendimento, sendo na
verdade a perda do investimento afetivo. Dois desses resultou em
Despersonalização e Envolvimento Pessoal do Trabalho Alto que são respostas
possíveis de um trabalho estressante, frustrante ou monótono. Seis desses
resultou Exaustão Emocional e Despersonalização Alto acrescido de uma
grande irritabilidade por parte do profissional com provável baixa auto -estima e
depressão, bem como desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas.
Dois desses funcionários resultou Envolvimen to Pessoal do Trabalho Médio,
que remete ao fato de que provavelmente não afetou por completo a habilidade
para realização do trabalho e atendimento Um desses funcionários resultou em
Exaustão Emocional Médio, levando a considerar que o ambiente de trabal ho
ainda não desencadeou algum tipo de sofrimento mental, ansiedade, sentimento
de exaustão física e emocional. Vide tabela:
Exaustão
Despersonalização(DP)
Emocional(EE)
Envolvimento
Pessoal
do
Trabalho(EPT)
Alto
9
8
4
Médio
1
0
2
Baixo
0
0
4
Tabela de pontos
Questionário
1
2
3
Pontuação 36 42 32 28 37 30 33 40 37 35 62 24 40 44 54
Pontuação
36
42
32
Entrevistados
Enfermeiros
Técnico de Enfermagem
UTI-neo natal
1
2
UTI adulto
1
2
Clínica Ortopédica
0
2
e 1
3
Clínica Pediátrica
1
1
Clínica Cirúrgica
0
4
Clínica
Ginecológica
obstétrica
Conclusões: Este estudo permitiu entender que burnout ocorre em trabalhadores
altamente motivados,que reagem ao stress laboral trabalhando ainda mais até que
entram em colapso. Demonstrou que a melhor forma de preveni -lo e tratá-lo é
considerá-lo como problema coletivo e organizacional e não como individual.
Embora muito ainda precise ser esclarecido, existe um número consideravelmente
grande de estudos que buscam explic ar a etiologia da síndrome, investigando as
possíveis causas. No caso específico do trabalho realizado junto ao hospital
regional, pudemos verificar que os profissionais que participaram do estudo
apresentam traços do desenvolvimento do burnout. Neste sent ido valeria um estudo
junto a instituição de formas que pudessem prevenir ou amenizar tais fatores
estressores e que a longo prazo podem gerar os afastamentos médicos em casos
mais graves ou a queda na qualidade do atendimento oferecido aos pacientes.
Seguindo tal sistematização, ao examinar -se ou explorar a situação de uma
determinada organização em busca do que está gerando a incidência da síndrome,
todos estes aspectos devem ser examinados. Diversos autores discorrem sobre o
excesso de trabalho, referem -se tanto a excesso de volume como ao excesso pela
qualidade e/ou diversidade de tarefas. Em referência aos valores conflitantes, não
consideram pertinentes apenas o exame dos conflitos entre valores dos empregados
e da instituição como um todo, mas também entre valores declarados e prática da
organização. Recomendam explicitamente que seja apreciada a coerência entre
valores atribuídos como ideais à organização, a missão, os objetivos e as políticas
organizacionais.
Referências Bibliográficas
ABREU, K.L. et al. Estresse ocupacional e Síndrome de Burnout no exercício
profissional da psicologia. Revista Psicologia: Ciencia e Profissão. Brasília, vol.22,
no.2, , jun/2002, pp.22 -29.
ANTONIAZZI, A.S.; DELL´AGLIO, D.D.; BANDEIRA, D.R. O conceito de coping:
uma revisão teórica.
Revista Estudos de Psicologia. Natal.:RN , v.3, n.2,
Jul/dez/1998.pp. 273-294.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70,1977.
BÖCK, V.R.; SARRIERA, J.C.
O grupo operativo na Síndrome de Burnout :
intervenção em burnout. Revista Semestral da Associação de Psicologia Escolar e
Educacional (ABRAPEE), vl. 10, nº 01, janeiro/junho 2006, p.31 -39.
BORGES, L. O. et al. A Síndrome de Burnout e os valores organizacionais : um
estudo comparativo em hospitais universitários. Revista Psicolo gia: reflexão e
Crítica. V. 15, n.1,2000. Pp. 189 -200.
BRITO, J.; ATHAYDE, M. Trabalho, educação e saúde : o ponto de vista enigmático
da atividade. Revista Trabalho, Educação e Saúde., v. 1, n. 2, 2003, pp. 63 -89.
CARLOTTO, M.S. A Síndrome de Burnout e o trabalho docente. Revista psicologia
em Estudo. Maringá/PR , v.7, n.1, jun/2002. pp. 21 -29.
CHANLAT, J.F. (coord.). O indivíduo na organização : dimensões esquecidas. Vol. I
. 3ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 1996.
______. O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. Vol. II. São Paulo:
Editora Atlas , 1996.
CODO, W. (ORG.) Educação : carinho e trabalho - Burnout, a síndrome da
desistência do
educador, que pode levar à falência da educação. Petrópolis: Vozes/ Brasília:
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação: Universidade de Brasília.;
Laboratório de Psicologia do Trabalho, 1999
CODO, W. & GAZZOTTI,A.A. Trabalho e afetividade. In : CODO, W, Educação :
carinho e trabalho. Petrópolis: Vozes, 1999.
CODO, W: SAMPAIO,J.J.C; HITOMI, A.H. Indivíduo, trabalho e sofrimento : uma
abordagem interdisciplinar. Petrópolis:RJ.:Editora Atlas, 1993.
DEJOURS, C. A loucura do trabalho : estudo da psicopatologia do trabalho. São
Paulo : Oboé Editorial, 1987.
DELL´AGLIO, D.D.; HUTZ, C.S. Estratégias de coping de crianças e adolescentes
em eventos estressantes com pares e com adultos . Revista de Psicologia da USP.
São Paulo, v. 13, n.2, 2002. pp. 203 -225.
______. Estratégias de coping e estilo atribucional de crianças e adolescentes em
eventos estressantes. Revista Estudos de Psicologia/RN, v.7, n.1,jan/2002.pp. 05 013.
FONTANA, R.C. Trabalho e subjetividade: nos rituais da iniciação, a constituição do
ser professora. Cadernos CEDES v. 20, n.50, Campinas, abr/2000.
KUENZER, A.Z. Sob a estrutura produtiva, enfermeiros, professores e montadores
de automóveis se encontram no sofrimento do trabalho . Revista Trabalho, Educação
e Saúde, v. 2, n. 1, 2004. pp. 239 -265.
LAPO, F.R.; BUENO, B.O. O abandono do magistério : vínculos e rupturas com
trabalho docente. Revista de Psicologia da USP, v. 13, n. 2. São Paulo, 2002.. pp.
243-276.
LIPP, M. (org.). O stress está dentro de você. 3ª edição. São Paulo : Editora
Contexto, 2000.
MALACH, C. & JACKSON, S . The measurement of experienced burnout . Journal of.
Occupational Behavior, 1981.
______. The Malach Burnout Inventory . Palo Alto, Calif.: Consulting Psychologists
Press, 1986.
MOLINA, O.F. Estresse no cotidiano. São Paulo: Pancast Editora, 1996.
MORENO-JIMÉNEZ, B. et. al. A avaliação do burnout em professores : comparação
de instrumentos : CBP=R e MBI -ED. Revista psicologia em Estudo . Maringá/PR ,
vol.7, nº 1, jan/jun/2002. pp. 11 -19.
PEREIRA, A.M.T.B. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem -estar do trabalhador.
São Paulo : Casa do psicólogo, 2002.
PEREIRA, A.M.T.B.; MORENO-JIMÉNEZ, B. O burnout e o profissional de
psicologia. Revista Eletrônica Inter Ação, ano 01, nº 01, ago 2003, p. 68 75.disponível
no
endereço
eletrônico:
http://www.dpi.uem.br/Interacao/Numero%201/PDF/Completo.pdf .
SILVA, F.P. P. Burnout: um desafio à saúde do trabalhador. Revista PSI: Psicologia
Social e Institucional. Universidade Estadual de Londrina. Vol.2, nº 1 , junho/2000.
TAMAYO, M.R.; TRÓCCOLI, B.T. Exaustão emocional: relações com a percepção
de suporte organizacional e com as estratégias de coping no trabalho. Revista
Estudos de Psicologia. V.7 n.1. Natal jan/2002.
TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da
docência como profissão de interações humanas. Tradução de João Batista Kreuch,
Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2005.
Download

Resumo - Unemat