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BOLETIM NACIONAL DA ACO
308171992
AnoXO -ííaneiro a Abril/92-N1^
Seior de Docu
ntação
l2 DE MAIO LEMBRA NOSSO COMPROMISSO
DE LUTAR ORGANIZADAMENTE
A FOTO REVELA
A DIMENSÃO
INTERNACIONAL
DA CLASSE
OPERÁRIA E DA
ACO
ASSUMIR
(DISTRIBUIÇÃO INTERNA)
BOLETIM FORMATIVO E INFORMATIVO
DA ACO • VINCULADA AO SETOR
LEIGOS LINHA I - CNBB • ENDEREÇO
PARA PEDIDOS: AÇÃO CATÓLICA OPERARIA - Rua Van Erven, 26 - Catumbi
- CEP. 20.211 - Rio de Janeiro -RJ. Tel.: (021)502-2231 • Programação Visual,
Composição e Arte-Final: LINE'S STUOIO Tel.: (021) 263 1029 • Fotolitos e Impressão: REPROARTE - Te!.: (021) 263-4249.
LEIA,
REFLITA
E DIVULGUE
ÍNDICE
EDITORIAL
A HISTÓRIA ESTÁ COM PRESSA
(Vise)
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
(Sônia Aí. Bulhões)
A MULHER E A SUA LUTA NO DIA A DIA
(Cléia Dias da Silva, Ferraz de Vasconcelos, SP)
MENSAGEM DO 1* DE MAIO
RESISTÊNCIA DO POVO DE VOLTA REDONDA
(José do Carmo M. de Lima)
Ia CONGRESSO DOS METALÚRGICOS EM VOLTA REDONDA
A CIDADE QUE QUEREMOS
(José Maria - Zézinho)
NOSSO COMPROMISSO DE FÉ
(Moacyr B. Aí.)
Ia CONGRESSO DO PT
(Luiz Baeta e Alexandre Rodrigues)
PRÓ-CENTRAL DE MOVIMENTOS POPULARES
(Maria Mota)
METAMORFOSE
(José Zanetti Gonçalves)
CARTAS
NOTÍCIAS DA ACO
NOTÍCIAS DA IGREJA: CF/92 e 500 anos de América Latina
NOTÍCIAS DO MOAC
NOTÍCIAS DO MMTC
EDITORIAL
A
Ihl hJ ?
I2 de Maio está aí. Páscoa, também. A reflexão de
Vise "A história está com pressa", para quem vive da
fé e da esperança, estes dois acontecimentos estão
bem relacionados. Apesar do aparente fracasso de
Jesus Cristo e do massacre dos grevistas de Chicago,
as Celebrações da Páscoa e do l2 de maio nos animam e encorajam na fidelidade à luta hoje e superação de todo desânimo.
Os vários artigos sobre Volta Redonda e de outros
acontecimentos operários revelam a vida da base.
Os artigos sobre o Dia Internacional da Mulher
mostram o papel importante das mulheres na superação dos conflitos internos da Classe Operária entre
homens e mulheres.
"500 anos de resistência" é o artigo de João Pinto
chamam a atenção sobre nossa obrigação de acompanhar a 79 Assembléia de Santo Domingo e tentar
influir de uma maneira ou outra, através de abaixoassinados ou cartas.
As notícias do Encontro de Assunção e da Assembléia em Lyon na França, ampliam nossa visão de
mundo e compromisso da ACO no Brasil.
Motive outros a assinar o ASSUMIR.
Feliz Páscoa e 1s de Maio !
ASSUMIR 3
A HISTÓRIA ESTÁ COM PRESSA!
Ir. Vise
Não vamos nos permitir que esta Páscoa do Senhor seja mais uma virada no calendário anual. Nem tão
pouco vamos nos encontrar através destas páginas do "Assumir" apenas para formalizar uma feliz Páscoa, mas
fundamentalmente, para reavivarmos a memória da Ressureição de Jesus e a convicção de que ela dá sentido
mais pleno à nossa fé. Ela nos abre à coragem profética contra qualquer forma de violência, Instrumento
privilegiado do poder. E é ela quem nos coloca frente à contradição radical Vida-Morte.
A História está com pressa! E o Reino, pedindo espaço para ficar no meio de nós I...
Experimentamos a urgência da hora. Da nossa hora! Mas, sem antes nos reconciliarmos com toda a
Criação, "Hóstia Total", impossível assumirmos esta hora.
Pecamos; daí a necessidade urgente de revermos a conversão dos caminhos pessoais.
Pecamos; conseqüentemente, a vida vai se estragando e tornando-se fardo pesado (Gên 3,16-19).
O pecado pessoal e o social é o causador da condição diária da quase-morte em que vive a maioria da
nossa gente. As estruturas pecaminosas, geradoras da injustiça, da miséria, não poucas vezes, são frutos
também da nossa omissão, do nosso egoísmo e silêncio frente a grupos minoritários, que se apropriam dos
bens que Deus criou para todos.
Se os nossos ossos estão secos, a esperança falida e nos sentimos em meio à noite fechada é preciso
ainda crer e esperar pelas surpresas de Deus: Ele pode fazer os ossos secos retomarem à vida, desde que nos
abramos a ação da sua Palavra transformadora e O reconheçamos, de fato, como o Senhor (Ez 37,14). Então
definitivamente, o imobilismo não terá mais lugar. Continuaremos a crer, a esperar teimosa e ativamente pois '
que "a Criação inteira aguarda a manifestação dos filhos de Deus" (Rm 8,19).
A vida não é um discurso, mas um parto, lembra-nos o poeta. Bem por isso, a História está com pressal A
sua hora, a nossa hora não poderão ser adiadas.
Neste tempo que antecede a Páscoa, o profeta Isaías convida-nos ao verdadeiro jejum (Is 58 Iss) e à
contemplação de um novo tempo (Is 43,18-21). Tempo que só ó dado gozar a quem se propõe a um sério
processo de conversão, de revisão de vida jamais interrompida ou terminada.
Como gostaríamos companheiras (os), que esta Páscoa fosse a prodamação total e absoluta do poder e
do amor de Deus, razão da nossa vida-missão!
O Pai ressuscitou seu Filho Jesus í
A vida ganhou altura!
Tudo passa a ter sabor de criatura nova, de festa, da grande festa da libertação, desde que tenhamos bem
presente a ordem de Jave, transmitida por Moisés, ao povo oprimido de Israel, quando se deu a passagem do
mar Vermelho: Por que damas a mim? Dize aos filhos de Israel que se ponham a caminho" (Êx 1415) Esta
ordem permanece.E para hoje ainda. E predso. no entanto, que nos coloquemos a caminho, de novo. todos os
dias, mesmo no desencanto.
A graça da conversão nos aconteça nesta Páscoa de 1992, companheiras (os) e, dela nos venha todo o
vigor em vista ao serviço comprometido com a mudança: a saída da sub-vida para a vida de filhos irmãos e
senhores conforme o projeto primeiro e único de Deus Pai e desponte para toda a Classe Trabalhadora um
novo amanhecer a partir do "túmulo vazio" (Mt 28.1-8).
Que a esperança se prolongue para além do nosso aqui e agora, pois se a temos só para este tempo
iiusona e a nossa fe e somos as mais dignas de compaixão entre todas as pessoas (ICor 15 17-19) Que ela
nos sustente e o amor nos faça fiéis servidores da vida. especialmente onde ela está em agonia.
4 ASSUMIR
DIA INTERNACIONAL
DA MULHER
Sônia M. Bulhões Miranda - Osasco
8 de Março de 1857, dia de acontecimento histórico dos mais tristes para a
classe trabalhadora. Nada menos do que cento e vinte mulheres operárias da
categoria têxtil morreram carbonizadas dentro da fábrica onde buscavam refúgio
contra os ataques da polícia que as reprimiam com violência por estarem em greve
por jornada de 10 horas, pois passavam 16 horas por dia trabalhando na indústria. O
lugar? Philadelphia ou N. York? não interessa.
O dia internacional da Mulher foi instituído em 1910 e esse dia tomou-se a data
em que as mulheres comemoram suas conquistas no mundo inteiro. Hoje, com todo
avanço tecnológico, a revolução dos costumes, as contribuições das novas
descobertas no campo científico e a ousadia de muitas mulheres corajosas, após
muita luta contra um sem número de conceitos e pré-conceitos, não se pode negar
que a mulher já se faz presente em muitos degraus na vida da humanidade, junto ao
homem e às vezes, à frente dele. Há contudo, mulheres que vivem em alguns
pontos do planeta, que carregam como um fardo a sua condição feminina. A
confissão muçulmana é ainda fechadíssima em preconceitos religiosos e sociais (?)
ASSUMIR 5
com relação às mulheres. No Japão, uma das maiores potências da terra, as jovens
são rigorosamente observadas por uma sociedade tradicionalmente patriarcal. Em
países do Oriente ainda há pais que vendem as filhas. Em outras ocasiões as
esposas são trocadas por camelos, numa transação comercial.
Sem falar nas mulheres que lutam bravamente contra todo o tipo de opressão e
constrangimento por sua característica feminina, lembro apenas que na colonização
do Brasil, os burgueses usavam e abusavam das escravas, tendo com elas muitos
filhos, considerados ilegítimos e bastardos por essa mesma burguesia. É uma das
vergonhas e uma afronta para a nossa História.
A meu ver, a luta é de classe, pois não creio que temos de dissociar a luta da
mulher do contexto social onde quer que ela esteja inserida, assim como não
devemos dissociar o negro, o índio e outros grupos minoritários. Cada um desses
grupos têm suas próprias características sim, mas o "buraco é mais em cima" ou
será "mais embaixo?" . O que quero dizer, é que a luta é de CLASSE e enquanto
LUTA DE CLASSE, nós os explorados (homens, mulheres, crianças, negros
índios, e toda minoria discriminada), temos mais é de estar coesos, unidos, falando
a mesma língua. Senão, vejamos, as mulheres que tiveram o poder de decisão nas
mãos, o que fizeram: Golda Meyr, Isabelita de Perón, Margareth Tatcher, Indira
Gandhi, Benazir Butho, Imelda Marcos e aqui no Brasil: Ministra Esther Figueiredo
Ferraz, Ministra Zélia Cardoso, Ministra Margarida Procópio, D. Rosane Collor e a
treslocada Mírian Cordeiro, esta sem qualquer poder constituído, mas inteiramente
a serviço da classe dominante. Violeta Chamorro, para citar apenas algumas. Estas
todas estiveram sempre mais para o lado do opressor.
Para que não fique uma análise negativa, vale dizer mais uma vez, que a
História está recheada de mulheres valentes que contribuíram para a libertação
contra preconceitos, temos exemplos hoje, de mulheres que detém poder e que
estão opcionalmente do lado dos explorados, vez que deles fazem parte integrante.
Enfrentando desafios enormes por terem ousado tomarem-se porta-voz dos seus
iguais, e freqüentar o "clube até então reservado aos homens". Só para citar duas:
Luíza Erundina de Souza e Telma de Souza, prefeitas da maior cidade da América
do Sul e da maior cidade portuária da América do Sul respectivamente. Não me
esqueço das inúmeras mulheres anônimas que lutam pela sobrevivência, por
creches, nos partidos políticos, nos sindicatos na busca de melhores condições de
vida para sua família, ao lado do homem também explorado na jornada horas e
tarefas, baixos salários, envelhecendo precoce e morrendo prematuramente, contra
tudo e contra todos que tentam impedir a construção do Reino de Deus, lugar onde,
independentemente do sexo, cor, raça, religião, glorífica-se a mais bela criação do
PAI, o ser humano, indivíduo único, insubstituível, um universo de liberdade de
pensamento, em harmonia com os outros iguais, formaram a grande comunidade
para a vida plena, sem injustiça. Esta é a grande esperança, o sonho, a utopia, que
todos devemos cultivar.
6 ASSUMIR
A
1
MULHER
facilita a participação da mulher; muitos
já perceberam isso e dividiram a
responsabilidade do lar juntos. Temos
mulheres liderando movimentos
populares, sindicatos, movimentos
políticos, e até assumindo cargos
políticos.
Hoje já fizemos várias conquistas,
graças ao nosso interesse de defender
nossas bandeiras de luta, conseguimos a
delegacia da mulher, para que ela não
fique mais submissa com medo de
apanhar do marido, podendo assim estar
presente nas assembléias, reuniões,
associações, passeatas.
Nos sindicatos as mulheres
participam das lutas de igual por igual
com o homem pois esta luta é de ambos.
Porque só o homem pode liderar greve?
Na greve também a presença da
mulher é muito importante.
Nos movimentos populares a
presença da mulher é marcante; muitos
homens na hora de se fazer reivindicação
Cléia Dias da Silva, estão trabalhando e contribuindo na
Ferraz de Vasconcelos, SP organização junto a mulher, este está
indo para a luta sem medo, com um
único pensamento: "UNIDOS
Grande parte das mulheres já
VENCEREMOS"; Nos movimentos
começaram a perceber que sua soma é
políticos há mulheres inibidas, talvez
de grande importância na sociedade.
por medo de não estar falando com
Nas lutas da sociedade em grande
grande sabedoria; a maioria porém já se
maioria é mulher que puxa o
libertou disto pela politização adquirida
movimento; já passamos da época em
nas discussões e participação nos
que o homem deveria liderar; agora
estamos em nível de conscientização no partidos, movimentos populares,
comunidades e etc. As mulheres quando
mesmo estágio.
assumem cargos políticos se dedicam
Ainda existem mulheres pensando
tanto quanto no lar e na formação do
que seu compromisso é só com o lar,
filho.
tem até vontade de participar, mas não
A mulher sente-se presa aos filhos.
existe colaboração por parte do
Sua luta é para o futuro das crianças.
companheiro; a ajuda mútua do casal
E
A
SUA
LUTA
NO
DIA
A
DIA
ASSUMIR 7
Portanto venha participar cada vez
mais; só lutando conseguiremos um
mundo mais justo e fraterno.
Mulher seu filho não é de
responsabilidade só sua; é de
responsabilidade de todos que lutam
para um caminho melhor.
Traga seu filho também para a luta,
para ele ir se acostumando; tudo
depende da união na luta em conjunto;
não se esconda atrás dele achando
desculpas para não participar.
Mulher vamos tomar consciência de
que nossa participação como mulher
trabalhadora, mulher mãe, mulher
lutadora, sem perder a sensibilidade de
ser mulher.
NOSSA REALIDADE HOJE:
Hoje, de cada cem trabalhadores
brasileiros, 37 são mulheres. Em 1970,
elas representavam 18,5% da população
economicamente ativa. Em 1985
passaram a representar 36,9%. Isso não
é só conseqüência da emancipação
feminina, é sobretudo resultado do
arrocho salarial que obriga a mulher a
complementar o salário do marido.
Porém, o machismo impregnado em
nossa cultura faz com que ela tenha
direitos e salários inferiores aos do
homem. As empregadas domésticas cerca de 3 milhões (das quais 80%
negras) - continuam a ser tratadas em
regime de semi-escravidão.
A maioria das mulheres é obrigada à
dupla jornada de trabalho, dentro e fora
de casa. Cabem a elas as tarefas do larmatrimônio. Mesmo em atividades onde
predomina a mão de obra feminina,
dificilmente elas chegam a postos de
direção. E quando o conseguem, são
ridicularizadas pela ótica machista. Das
» ASSUMIR
mulheres que trabalham no Brasil,
metade não possui carteira assinada e
sobrevive da Economia Informal. Em
anúncios nos jornais os empregados
insistem na boa aparência, jeito velado
de discriminar a raça Negra. A gravidez
costuma ser desabonadora à
profissional. Muitas são induzidas ao
aborto para não perderem o emprego.
Além das restrições no trabalho, sofrem
ainda violência em casa. De Janeiro a
Junho de 1986, as Delegacias de
Mulheres registraram 8.687 casos de
agressões à mulher, por lesões
corporais, estupros, ou atentados
violentos ao pudor. E calcula-se que
dois terços das mulheres Brasileiras
entre 15 e 55 anos usam Métodos
Anticoncepcionais sem informação e
orientação adequada. E quando
surpreendidas pela gravidez, são
abandonadas por seus parceiros ou
obrigadas a optarem entre o feto e o
afeto.
Comemora-se o Dia Internacional
da Mulher em 8 de Março. Data
apropriada à reflexão e mobilização. É
preciso lutar para que, neste país as
mulheres deixem a condição de seres de
segunda categoria. No ano passado,
época do Carnaval, no lfi Encontro de
Mulheres do Hemisfério Americano
promovido por uma estranha entidade
denominada União Feminina das
Américas, em seu discurso a Presidente
Margarida Régis conclamou suas
companheiras a levar uma mensagem de
Esperança às mulheres pobres, porque
sabemos que a miséria nunca acabara.
"Onde há justiça não há miséria. E junto
com ela é preciso acabar com esse tipo
de mentalidade Colonialista.
MENSAGEM DO P DE MAIO
M.M.T.C.
Há anos que nos prometem uma nova ordem internacional, a nós
trabalhadores com o desemprego, a precariedade, os rejeitados, com
produtos impossíveis de vender, com corrida para o lucro e para a
rentabilidade.
... no entanto, não podemos acreditar nessas promessas. Não podemos
nos acostumar a viver no dia-a-dia, esperando por um trabalho ou um
alojamento que nunca chega. Não podemos, nós os imigrantes, continuar
fugindo de nossos países com o pretexto de que em outros lugares, tudo é
melhor, quando a gente encontra, é racismo e xenofobia.
Há vários meses que o mundo comocionado com a queda dos regimes
comunistas totalitários se afunda no turbilhão de outras "ideologias "que se
chamam livre-mercado, culto à empresa, corrida ao sucesso e aos diplomas.
No entanto para nós, os militantes do movimento popular, dos partidos
políticos ligados aos interesses dos trabalhadores, são possíveis outras
alternativas. Os horizontes são muito limitados, as reflexões sem saídas
imediatas, mas nunca a esperança se perde completamente.
Há um século, que trabalhadores conscientes das injustiças recusando a
fatalidade, não param de forjar passo a passo, dia a dia, a solidariedade...
... «o entanto, os obstáculos não faltam, mas é a nossa única força! ! O
1-de Maio é mais do que um símbolo: é o sinal histórico, notadamente
atualizado de que o mundo melhor é possível, já que outros lutaram por
ele.
Há séculos, quantos daqueles e daquelas acreditaram que para serem
realmente homem e mulher, valia a pena se comprometer, atuar para sair da
rejeição, para ter trabalho digno, para compartilhar as riquezes de nossa
terra, injustamente confiscadas por uma minoria ? !
... entre os que nisso acreditam ainda hoje - são numerosos - estão os
militantes membros do Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos
(MMTC), signatários dessa mensagem.
Eles crêem que a esperança dos Homens está animada por outra
mensagem antiga, de dois mil anos, a mensagem de um Homem que se
chama - ainda hoje - Jesus Cristo.
. . . esta esperança, nós, membros do MMTC, queremos compartilha-la
consigo, com vocês e com todos aqueles e aquelas que nada esperam de
um sistema que os exclui. Estão preparados para conquistar "sua nova
ordem econômica ": a da solidariedade e da partilha.
A ação com as organizações sindicais e políticas, com toda a rede de
associações populares, já não é facultativa: é uma chance de conseguirmos
ser "Mulheres e Homens íntegros".
***
ASSUMIR 9
NOTICIAS SINDICAIS
Ia CONGRESSO DOS
METALÚRGICOS EM
VR/BM
^8 0138 21,22 6 23/92.
aconteceu o 1a Congre880
dos Metalúrgicos da Região.
E o primeiro após 40 anos
de fundação do Sindicato. A
temática marcante do
Congresso foi a privatização
das Estatais e no seu
conjunto os 100
participantes disseram não à
entrega do patrimônio
público a especuladores da
iniciativa privada em troca
de "moedas podres".
O processo de
privatização já iniciou na
região. São seis mil (6.000)
demissões e o maior arrocho
salarial vivido pelos
operários da CSN; diante
disso, as resoluções
apontaram para dois
elementos vitais:
a) Organizar campanha
de esclarecimento contra a
privatização na cidade, e em
conjunto com o movimento
popular;
10 ASSUMIR
b) Iniciar já a campanha
salarial pela reposição das
perdas salariais.
* Zezinho (VR) / Miranda
(BM) participaram do
Congresso
* Base de Metalúrgicos
da região: 40.000
Obs.: Com tudo isso,
existem grandes
dificuldades, pois a
verdadeira unidade está
difícil. Sinta os grupos:
1 - DS, independentes e
outros.
2 - Articulação e PDT.
3 - Causa Operária e CS.
4 - Direita declarada.
* As eleições Sindicais serão
em junho.
A RESISTÊNCIA DO POVO
DE VOLTA REDONDA
José Carmo M. de Lima
Diante da triste situação
que o Prefeito, o grupo dos
14 vereadores, dos
Secretários e também do
Presidente da CSN criaram
em Volta Redonda, os
trabalhadores municipais da
saúde, da educação, do
transporte, serviços públicos
e meio ambiente, não
encontraram outra saída a
não ser a greve que se
inidou em 12 de fevereiro,
até hoje.
No dia 19/2, em torno de
50 pessoas representando
associações de moradores e
sindicatos, reuniram-se na
Cúria Diocesana para avaliar
o movimento grevista e tirar
novas propostas. Foi daí que
se preparou a ocupação da
prefeitura que se deu no dia
20/02 às 10:00 hs. da
manhã. Vale destacar que a
organização só pode trazer
sucesso para o movimento.
Tudo foi detalhado desde a
filmagem de todo o prédio
na parte interna e externa
até o uso do telefone e da
graficada prefeitura. O
ponto alto da ocupação foi o
momento em que o povo
entrava no prédio; cada um
trazia a sua mais forte arma:
O sentimento solidário e
fraterno. A satisfação era
nítida no rosto de cada um.
Tudo transcorreu tranqüilo
até a chegada do Vicegovernador, Nilo Batista e
uma comitiva se reuniu com
o prefeito em sala fechada,
enquanto o povo gritava,
pedindo intervenção e
dizendo "Vanildo é ladrão".
Terminada a reunião, o vicegovernador se dirigiu ao
Fórum e à Câmara
Municipal, e a massa ia
atrás gritando palavras de
ordem.
Na quinta-feira às 16:00
hs., o vice-governador foi
pressionado pelo povo que
superlotou a Câmara
Municipal; apesar da
pressão, o vice-governador
apenas prometeu dar um
retorno ao povo em curto
espaço de tempo.
Ao sair da Câmara o vice
deveria seguir para a praça
Juarez Antunes a fim de
depositar uma coroa de
flores no Monumento a
Willian, Valmir e Barroso. Às
19:30 hs ainda não se tinha
realizado o ato que, apesar
dos diretores terem feito
convocação através de
boletins e carro de som, os
metalúrgicos não
compareceram à praça.
Três acontecimentos
importantes vão ocorrer aqui
em Volta Redonda: Eleição
Sindical dos Metalúrgicos,
eleição Municipal,
Privatização da CSN. Esses
acontecimentos vão exigir
muito do povo que além de
enfrentar a Burguesia, ainda
tem de enfrentar os grupos
de pobres Companheiros
despolitizados, que acabam
se tornando aliados dos
corruptos. Ex.: O
"Formigueiro" que é o grupo
de 8 sindicalistas da diretoria
do Sindicato, que se rebelou
contra a diretoria atual e
hoje têm acesso tranqüilo à
direção da CSN; outros
grupos de Diretores de
Associações de Moradores
que se aliaram ao prefeito e
formaram a FAM Federação das Associações
de Moradores.
Isso é comum em Volta
Redonda, porém não nos
deixamos vencer, pois
temos a certeza de que o
que fazemos é lutar por
justiça, portanto Deus está
com a gente.
ASSUMIR II
A CIDADE QUE QUEREMOS
José Maria (Zezinho)
No dia 3 de outubro deste ano em aproximadamente 5000 municípios
estará acontecendo - ELEIÇÕES MUNICIPAIS, novos prefeitos e
vereadores serão eleitos pelo voto popular. De novo uma oportunidade do
exercício democrático, aliás alguns enfoques deverão marcar esta eleição;
vejamos: Moralização da coisa pública. Programa de privatização do
governo federal. Resgate da cidadania. Recessão e desemprego.
Feitura/Discussão das leis complementares para os municípios, etc. Neste
breve artigo procuraremos enfocar mais sobre as Prefeituras que queremos
para 93. De cara podemos afirmar: nos locais onde o movimento
popular/sindical tem suas bases há possibilidades reais de eleger Prefeitos
e Vereadores comprometidos com os pobres è marginalizados.
A CIDADE E A NÃO CIDADE
Hoje na maioria das cidades do Brasil, convivemos com duas cidades:
uma urbanizada e cheia de vida onde se concentra o poder Políticoeconômico e a outra onde se vive precariamente sem água, luz, esgoto,
etc, enfim onde mora o pobre, o trabalhador. E o que é muito triste
constatar a "cidade oficial" vive às custas da "não-cidade".
Bem, o que queremos é uma cidade única; afinal somos nós
trabalhadores que construímos a cidade, fazemos lá ter vida, por isto
queremos uma cidade onde se viva e não se morra.
MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO
Estamos sonhando a construção desta cidade para vida se tomar mais
viável graças às grandes conquistas obtidas nas últimas constituições do
Brasil, em especial nas Leis Orgânicas dos Municípios, sem dúvida uma
administração municipal que venha resgatar os inúmeros instrumentos de
participação popular contemplados nas Constituições Municipais vai
com certeza sepultar o tradicional pensamento de que democraciarepresentativa é suficiente para se exercer o direito democrático; os
movimentos populares descobriram o novo espaço institucional e nele
cavam transformações quando exigem DEMOCRACIA-PARTICIPATIVA através dos conselhos populares.
Por fim alguns elementos que devem nortear a administração
participativa da cidade onde se vive:
* QUANTO A ADMINISTRAÇÃO - Ser Transparente e Descentralizada
* QUANTO ÀS POLÍTICAS SETORIAIS - Serem Participativas e
Dinâmica
* QUANTO AO CRESCIMENTO - Ser programático e ordenado
E isto; esperamos ter contribuído um pouco para a discussão neste
momento importante para nós brasileiros que lutamos e acreditamos que o
REINO DO PAI inicia-se aqui.
12 ASSUMIR
NOSSO COMPROMISSO DE FÉ
NO MOMENTO POLÍTICO
Moacyí B. M.
A razão mais profunda da atitude da Igreja frente à política,
decorre da consciência evangélica de sua missão. Cabe-lhe
iluminar o horizonte da política pela "verdade sobre o
homem" que ela professa. Não fala a Igreja em nome de um
humanismo abstrato, genérico. Ela se inspira no Evangelho,
no mistério da encarnação.
A Igreja valoriza a doação de participação popular na
ordenação da vida política.
Cabe a cada cidadão e em especial aos movimentos
operários e popular, atenção e vigilância a fim de que,
neste ano de 1992 façam acontecer a nível de Brasil, a
eleição municipal.
É neste momento que retomamos os valores éticos e
evangélicos para colaborar na mudança da sociedade. A
Igreja e a ACO têm muito a ver com esta mudança.
E incoerente o militante não participar desta mudança; o
fato desta presença no mundo da política é inevitável mas a
natureza e a qualidade dessa presença depende de sua
consciência de classe e profética.
Continuando a missão de Jesus Cristo, nesta perspectiva
evangélica do poder, o militante é, continuamente,
interpelado a fazer o que Cristo fez, procurando que seu
poder seja serviço e que o poder político seja exercido na
mesma linha.
Para nós militantes, a política é o campo próprio, onde
gozamos de legítima autonomia. Compete a nós, a
obrigação de séria participação política a nível partidário,
sabendo que política é uma mediação privilegiada da
caridade e que a Fé Cristã a valoriza e a tem em alta estima.
Portanto, cabe a nós, militantes sensíveis a este campo de voz
ética neste momento, através de nossas lutas e vontade de
mudar.
ASSUMIR 13
NOTICIAS DA IGREJA
CAMPANHA DA
FRATERNIDADE
E A JUVENTUDE
TRABALHADORA
Cláudio - Vila Rica, SP
Falar em criatividade,
coragem e vontade de
construir algo novo para
toda sociedade. Dentro
deste contexto encontra-se
a juventude trabalhadora
que vive o desejo de
construir algo novo dentro
da sua realidade que no
presente é de jovens sem
trabalho, pois nosso país
vive a pior crise econômica e
social da sua história
fazendo com que os jovens
ingressem no mercado
informal (catadores de
papel, bóias frias.
J4 ASSUMIR
prostitutas) e também na
marginalização (drogas,
crime organizado), não
esquecendo também
àqueles que no mercado de
trabalho não tem os mínimos
direitos (carteira assinada.
Fundo de Garantia, Férias e
principalmente salários).
Dentro desta realidade a
Igreja vem através da
Campanha da Fraternidade
mostrar que dentro da
história os jovens sempre
estiveram presentes e
apresentaram caminhos
novos e abertos para a
sociedade e para a própria
Igreja. Assim sendo nós
jovens trabalhadores
devemos nos inspirar na
criatividade de Davi que
desmontou o poder
opressor, o jovem Daniel
que se empenhou na defesa
dos fracos e oprimidos,
Maria a jovem que se
apresentou corajosa e
decidida na sua missão de
ser mãe do jovem de Nazaré
que veio com o novo "Ver,
Julgar, Agir".
Nós jovens trabalhadores
hoje devemos assumir a
missão de sermos também o
jovem de Nazaré, ou seja,
trazer o NOVO "Ver, Julgar,
Agir" para a nossa
sociedade ser mais fraterna
e justa com a classe
trabalhadora.
500 ANOS DE RESISTÊNCIA
Quando os invasores chegaram aqui em nossa terra, começou uma luta
de resistência, contra o extermínio de nações indígenas, também dizimadas
por doenças e grandes guerras entre nações.
No início, nós éramos mais ou menos 5 milhões, e esse extermínio foi
tão drástico, que até o presente momento nós estamos lutando e resistindo,
agora contra a invasão de terras por grandes latifundiários, e também contra
maus vícios como ingerir bebidas alcoólicas.
Estamos resistindo a 500 anos e somente agora estamos encontrando
apoio em alguns setores da comunidade brasileira.
Fomos saqueados, exterminados, violentados. E o pior tipo de
colonização que fizeram foi destruírem em nome de Deus, da liberdade, do
desenvolvimento e da democracia, nossos hábitos, usos e costumes.
Somos considerados estrangeiros dentro de nossa própria terra e um
obstáculo que precisa ser removido a qualquer custo.
Queremos participar do desenvolvimento da Nação brasileira junto com
os demais brasileiros e de acordo com a Constituição do nosso país.
Como os demais, rejeitamos a violência, a destruição do meio ambiente
da Amazônia e do Brasil, o saque e o roubo mais que secular por parte de
estrangeiros ambiciosos e brasileiros corruptos e a tentativa, de estrangeiros
de ocupar a nossa Amazônia.
Resistimos 500 anos, estamos em condições de resistir mais 500.
Exigimos, não a esmola e o paternalismo do Estado brasileiro, mas sim, o
respeito a que todo e qualquer cidadão brasileiro tem direito.
Nós, sob pretexto nenhum, abrimos mão dessa condição.
URUBU KOPIKAHOK
Presidente da Associação Indígena Anun Mawyhy
ASSUMIR 15
•••
"EM NOME DE DEUS E DA CIVILIZAÇÃO"
No Brasil no ano 1988,,a classe dominante, através dos grandes meios de
Comunicação de massa "bombardearam" a sociedade como um todo, porque
estávamos comemorando o "Centenário da Abolição", direito consagrado
pela Lei Áurea.
No dia 13 de maio de 1988, assistimos a badalada festa que o Governo
Samey proporcionou, tudo em nome da "LIBERDADE" da Raça Negra.
Os movimentos de defesa da Raça Negra, juntamente com os
movimentos organizados da sociedade civil e Partidos Políticos
comprometidos com a . luta dos trabalhadores repudiaram a falsa
comemoração e refletiram paralelamente com a população o que é a
liberdade e o que significa para o Negro e para a classe trabalhadora ser
livre.
Portanto, queremos que este texto seja motivo de ampla reflexão para o
conjunto dos militantes da ACO e toda a sociedade brasileira.
Tentaremos mostrar, aqui os dois lados da história do descobrimento da
América. A História contada sob a ótica dos primeiros povos, hoje
dominados; e a maneira contada pelos invasores, hoje dominadores; nosso
objetivo é descobrir o que está por trás dos fatos do "DESCOBRIMENTO".
A mesma idéia que temos a respeito do "descobrimento do Brasil" por
Cabral, temos, também do "descobrimento" da América por Colombo. Uma
visão totalmente distorcida, é contada sempre da maneira da classe
dominante.
Quando Cabral gritou: "Terra à Vista" e ancorou em Porto Seguro, não
existia somente Terra, existiam, também povos organizados em pequenas
comunidades; tinham suas culturas, sua língua, seus costumes, suas
Religiões, seus Deuses e o mais importante: não acumulavam bens, só
produziam para suas necessidades básicas, não tinham a denominação:
índios", cada um tinha o seu nome próprio; por serem numerosos, os
Portugueses os chamaram de índios.
Com a chegada de Cabral e sua tropa houve mudanças totais; na vida
desses povos, a partir daí começou uma desestruturação geral em todos os
aspectos: a começar pela imposição da Religião através da celebração de l8
Missa que visava santificar a "Terra descoberta", batizar os Habitantes como
filhos de Deus e oficializar membros da Igreja Católica.
O Rei de Portugal com o intuito de proteger a "Terra descoberta"
ofereceu grandes propriedades do litoral para os ricos portugueses, para
16 ASSUMIR
cultivar essas terras necessitava de muita gente; os poucos que vinham pan
cá, às vezes vohmtarianaente, trabalhavam em seu próprio pedaço de terra,
que recebiam do Rei; então a única alternativa era usar os índios como mãe
de obra para cultivar a terra, colher bastante frutos, extrair cana de açúcar,
ouro e outros minerais para levar para fora e vender com vantagens para
outros países. Mas os índios acostumados a sua vida livre nas matas reagiram
a tal exploração e dominação e lutaram contra a ocupação da terra peloí
brancos. Mas as armas poderosas e as doenças transmitidas pelo.
portugueses após 150 de descobrimento provocou um grande extermínio do'
índios do litoral. Alguns missionários que os catequizavam às vezes ot
protegiam; apenas em alguns casos.
Então os portugueses começaram a trazer os africanos para trabalhai
como escravos no Brasil. Não vamos nos aprofundar porque já é de
conhecimento da maioria do povo brasileiro, a história da escravidão d
negro é feita através de sangue, suor e dor. Abordaremos apenas a luta e i
resistência contra a escravidão.
Essas lutas, se davam da seguinte maneira: Os escravos fugiam dai
fazendas; e se escondiam nas matas, onde organizavam comunidades
chamadas QUILOMBOS. Dos quilombos voltavam muitas vezes para atacai
as fazendas e libertar outros escravos que iam também para o quilombo. C
mais famoso e mais duradouro foi a República dos Palmares, er
Pernambuco, de 1600 a 1695. Chegou a ter mais de 20 mil moradores
Tinham várias vilas e grandes lavouras. Tinham um sistema de organizaçãc
especial: os produtos do trabalho das lavouras eram distribuídos igualment<
entre todos, conforme as necessidades de cada um.
Tinham um exército bem treinado para defendê-los. Foram governado;
primeiro pelo rei Gonga Zumba e depois pelo rei Zumbi; mas essa bel
maneira de se organizarem e viver em liberdade incomodava os ricos d
época.
As tropas holandesas e os bandeirantes paulistas montaram um;
estratégia e após 90 anos de perseguição conseguiram destruir o Quilombc
dos Palmares. Em toda a história da escravidão sempre existiu forti
resistência, ainda hoje os negros mantém a sua postura de luta pelo respeito
sua cultura; e respeito à sua dignidade.
"Toda a América latina" e osutros países que sempre usufruíram de sua
riquezas, estão voltados, para o grande acontecimento, a comemoração di
"DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA" que vai se realizar no dia 12 d<
outubro de 1992 em Santo Domingo. A polêmica está reacendida e nessí
polêmica está incluída a Igreja católica, até porque, sempre acompanhoi
"DESCOBERTA".
Então,
vamos
mergulhar
profundamente
na
história
d'
ASSUMIR
n
"DESCOBRIMENTO" e tentar chegar a uma conclusão se realmente temos
o que comemorar nesses 500 anos.
Quando Cristóvão Colombo "encontrou" terra que a Europa desconhecia,
que hoje chamamos de América, a Espanha era uma região devastada pelas
guerras contra a invasão Árabe. Paris era uma aldeia miserável e em geral, a
branca e avançada Europa era pobre e castigada pela peste. Nessa mesma
época, TENOCHTITLÁN - hoje México era um centro urbano de mais de
meio milhão de pessoas e muito bem organizada sobre todos os aspectos e o
povo vivia relativamente melhor do que vive hoje. Mas a memória européia
parece "esquecer" que aqui já existiu povos há pelo menos seis mil anos. E
nós latino-americanos, continuamos a aprender a nossa história bebendo de
uma única fonte, a européia.
A Igreja sempre acompanhou os conquistadores, passo a passo, em troca
do reconhecimento divino os conquistadores se comprometiam a converter à
fé cristã os povos submetidos durante o processo colonizador. Ou seja a fé
cristã e a expansão da conquista eram duas faces da mesma moeda. No
entanto, os índios massacrados e escravizados - não eram considerados seres
humanos, e a Própria igreja demorou a se convencer ç|a contrário. Só em
1537, o papa reconheceu que os índios eram dotados de alma e razão. Afinal,
dizer que os índios não tinham alma era um contra-senso, se o que
justificava a conquista era levar a Palavra Sagrada aos confins do mundo. A
religião que chegou a estas terras com os conquistadores sempre tem
procurado manter-se como a única com caráter oficial em muitos Estados
latino-americanos atuais. Todas as religiões criadas e respeitadas pelos
primeiros povos foram relegadas ao esquecimento, reprimidas por
inquisitores; tiveram os seus sacerdotes mortos e seus templos saqueados,
por sacerdotes católicos, ou seja, suas culturas foram reduzidas a cinzas.
A chegada de Colombo a estas terras, marcou o início da etapa de
acumulação primitiva de tipo capitalista na Europa, desencadeando um
processo de exploração de nossas riquezas que continua até hoje às custas da
sangria e sacrifícios de milhões de índios e negros. A Europa pobre e
castigada pelas doenças se transforma no rico continente que é hoje.
A América é o resultado de 5 séculos de colonianismo e saque; por parte
da Europa e países do l9 mundo.
Diante da onda de comemoração de "500 anos de descobrimento" os
habitantes originários deste continente, estão organizando uma série de
manifestações e Campanha de repúdio a esses festejos e às atrocidades
cometidas pelos conquistadores. Estes atos nos levam à reflexão e à busca de
formas de lutas que permitam o resgate de nossa autonomia. Nós povos;
índios, negros, seringueiros, colonos, bóias-frias, trabalhadores urbanos e a
classe trabalhadora em geral do continente sub-desenvolvido, chamada:
18 ASSUMIR
AMERICA LATINA temos que colocar em julgamento estes séculos de
História pelo massacre de um povo que vivia relativamente bem e com total
liberdade antes do "descobrimento". A igreja que se auto-criticar dos seus
500 anos de omissão, não será tão difícil "pedir perdão" e a partir de agora
em diante encampar uma luta pela autonomia do continente Americano.
Não podemos acreditar na burguesia do le mundo aliada aos Capitalistas
do 3g que sempre dominaram e exploraram o povo latino-Americano, e que
hoje são os responsáveis pela "derrubada" do regime Socialista dos países
do leste, colocando-se única alternativa capaz de solucionar os problemas da
classe trabalhadora. Não podemos aceitar a idéia da burguesia colocados
pelos grandes meios de comunicação de massas, pelo fato de que o Projeto
socialista acabou. A derrubada do socialismo no leste Europeu trouxe para
nós hoje uma nova reflexão do processo socialista no mundo.
Bem próximo à comemoração dos 500 anos, vivemos hoje, na América
Latina a amarga implantação do projeto néo-liberal coordenado pelos
Estados Unidos e trunfo para o projeto "Iniciativas para as Américas". O
Néo-liberalismo visa a livre economia de mercado e privatização das
empresas Estatais. No Brasil esse processo se acelerou com a posse do
Governo Collor que sem uma ampla discussão com os setores da sociedade
civil organizada, decidiu, juntamente, com a sua cúpula vender o patrimônio
público dos trabalhadores a preço de banana. Ex. Venda da Usiminas a troco
de papéis sujos e desvalorizados, famosos "micos pretos". As conseqüências
são as piores possíveis para a classe trabalhadora: desemprego, salário baixo,
falta de escolas, de moradia, aumento da violência com morte de menores,
enfim a miséria cresceu assustadoramente. Esse problema está prestes a se
agravar mais ainda se nós cruzarmos os braços e permitirmos que o Governo
privatize a segunda maior empresa do mundo em termos de empresa; gera 55
mil empregos diretos e 3 milhões de indiretos. A Petrobrás não pode ser
vendida; temos que ir para as ruas protestar e repudiar a maneira entreguista
do patrimônio público para os grandes capitalistas.
Companheiros coloco esses fatos para serem julgados por nós
trabalhadores e onde houver discussão sobre os 500 anos ajudem na reflexão
e façam outros companheiros entenderem o que está por trás dos 500 anos de
"descobrimento" da América. Para os invasores e os que apoiaram o
massacre dos primeiros povos e da classe trabalhadora até hoje, os 500 anos
serão motivo de comemoração. Para nós povo sofrido do continente invadido
até hoje pela classe dominante será motivo de muito repúdio e reflexão para
que possamos encontrar novas formas de resistir e novos caminhos para nos
livrarmos totalmente da exploração capitalista que só tem contribuído com o
aumento da miséria no mundo.
João Pinto
Membro da Comissão de Coord. NeL
ASSUMIR 19
O I9 CONGRESSO DO PT
Luis Baeta e Alexandre Rodrigues
Grupo ACO - Andarai
Às vezes a confirmação de certas posições políticas
assume um papel central em função do momento histórico
vivido. Neste sentido - apesar de não termos conseguido
avançar no fortalecimento de núcleos - o 1- Congresso do
Partido dos Trabalhadores, teve a fundamental importância de
confirmar e aprofundar a visão do Partido sobre Socialismo,
visão delineada desde a fundação do mesmo e que tem como
marco a resolução do 72 Encontro Nacional sobre o
"Socialismo Petista". Visão que entende que o socialismo será
dos trabaihadores, de amplas camadas populares; visão que
entende a Democracia como meio e fim, vislumbrando a
construção do Socialismo no contexto de um processo
revolucionário.
Destacamos ainda como importante e positivo termos
neste Congresso resguardado a Democracia Interna e ao
mesmo tempo, avançado na unificação do Partido, ao
garantirmos o direito das tendências de forma compatível com
respeito à unidade de ação - imprescindível para um partido
político. Direito de tendência que não se confunde, portanto,
com direito de "fração pública"; e também não se confunde
com o monopólio da vida partidária pelas tendências;
Cumpre ainda registrar, pela gravidade que tem, a
repercussão do 1e Congresso do PT na imprensa. Está clara a
intenção por parte da imprensa burguesa, de desmotivar a
militância petista, pois o que está sendo divulgado mentirosamente, como vimos - é que o PT virou um partido
Social-Democrata. Nada mais falso. Inclusive no documento
aprovado no Congresso, a Social-Democracia é
explicitamente refutada.
Cabe então ao Partido, através sobretudo do seu jornal
"Brasil Agora", esclarecer a verdade dos fatos.
Viva o Partido dos Trabalhadores !
20 ASSUMIR
PRO
CENTRAL
DOS
MOVIMENTOS
POPULARES
Maria Mota
A criação da Central dos Movimentos Populares é um
fato carregado de sentido. Õ, povo quer começar sua
marcha rumo à terra prometida aglutinando os Movimentos
Populares, de um modo lúcido, organizado e forte. Para se
conseguir a meta precisamos ter educação, organização,
mobilização, autonomia, democracia, não violência,
verdade e firmeza permanente.
Dentro desses objetivos a Pro Central dos Movimentos
Populares deu um salto de qualidade realizando a segunda
Plenária Nacional dos Movimentos Populares, resultado
político do acúmulo de dez anos de discussão,
amadurecimento e de lutas do Movimento Popular no Brasil.
Por isso ela traz consigo momentos fortes de definições com
eixos de luta: Reforma Urbana e Cidadania, tirando como
bandeiras de luta: defesa do meio ambiente, moradia,
fundo nacional de moradia popular, ecologia e
desenvolvimento, saneamento básico, transporte, defesa do
socialismo; contra a discriminação de mulheres, negros,
aposentados, pessoas portadoras de deficiências, idosos);
contra a pena de morte; contra violência e extermínio de
adolescentes, contra a violência ã mulher e esterilização
massificada; contra a repressão dos trabalhadores; luta pela
vida, educação, trabalho, saúde, resgate da história do 500
anos das culturas oprimidas; contra o programa de
ASSUMIR 21
privatização do Coilor; luta contra a recessão e
desemprego; contra o emendão; luta contra a pobreza,
defesa de um modelo de sociedade que rompa com a
sociedade autoritária e discriminatória e outros etc.
Diante dos avanços constatados na Plenária foi definido
com muita seriedade o congresso de Fundação da Central
de Movimentos Populares para o ano de 1993.
Estrutura da Central: A Central se organiza a nível
municipal e/ou Regional, Estadual e Nacional. Nestes níveis
Plenárias, Coordenações e executivas, secretaria de
finança, formação
política
e social,
imprensa
e
comunicação.
Composição
dás
coordenações
regionais
e/ou
municipais serão eleitos em suas respectivas plenárias, com
critérios estabelecidos em suas instâncias. A nível nacional a
coordenação será composta por um representante de cada
estado, por um suplente e um efetivo que realizarão
plenárias estaduais.
Quanto a
executiva, permanecerá
com
cinco
representantes, sendo composta por representantes dos
estados: São Paulo, Piauí, R. Grande do Sul, Santa Catarina,
Mato Grosso do Sul. Tendo como suplente Goiás.
Critério de filiação:
Definiu-se que se filiará ã Central os Movimentos que
seguem os princípios da Central: independência erp relação
ao Estado, Sindicato, Partidos, Igrejas e empresas;
autonomia, democracia, legitimidade representativa de
massas e de base pluralista, classista na perspectiva de
mudanças, abertos a política de alianças, que apontam na
direção do socialismo.
A segunda Plenária Nacional dos Movimentos Populares
realizou-se em São Bernardo do Campo em São Paulo nos
dias 18 a 20 de outubro de 91 com a participação de
duzentos e cinco representantes dos seguintes Estados:
Bahia, Sergipe, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rondônia, Pará,
Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Paraná,
Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato
Grosso, Rio Grande do Sul, Maranhão.
22 ASSUMIR
METAMORFOSE
José Zanetti Gonçalves
Equipe ACO
Jardim América/BH
"Mudam-se as moscas, mas
a merda é a mesma." Esta frase
é sempre repetida às vésperas
das eleições ou depois da
posse dos eleitos. Porém, quem
são "moscas e merda" nesta
frase?
Moscas no caso são maus
políticos que se candidatam
para defenderem interesses
pessoais ou de grupos que
representam. Como moscas
esses políticos são contrários a
saneamento básico,
alimentação, moradia, saúde,
educação, transporte, lazer,
segurança. . . enfim, não
querem que a população
tenha acesso a uma condição
digna de vida.
Como moscas, são
defensores da vida para si e
transmissores da morte para os
outros. Mas, estes políticos só
sobrevivem porque encontram
ambiente propício para
sobreviverem, isto é, a "merda"
que no caso são os eleitores.
Estes, desconhecendo a
importância e o valor do voto
e a força que ele representa,
ou por indiferença e
comodismo, ou ainda a troco
de favores imediatos, votam
sem conhecer o candidato,
sem saber de sua origem,
quem ele representa, quais são
suas propostas. Votam sem
discutir e analisar as
conseqüências imediatas e
futuras do voto.
Por analogia, "merda" nesta
frase são seres humanos que
exercendo o seu direito e
dever de cidadão escolhem
pelo voto, seus representantes
para cargos públicos dos
podéres legislativo e executivo.
Acreditando que nenhum
de nós quer ser comparados a
mosca e muito menos a
"merda" estive pensando: é
hora de reagir e indignar-nos
contra esta situação e mudá-la
de vez.
Se não pudermos ser
comparados a coisas
melhores, que sejamos pelo
menos adubo e abelhas. Pois,
como adubo serviremos para
fazer crescer plantas e flores
que irão produzir polén e
matéria-prima utilizada na
fabricação do mel. Plantas e
flores que servirão para alegrar
e perfumar o ambiente em
que vivemos.
Como abelhas iremos
transformar o polén em mel,
que além de doce possui
propriedades terapêuticas.
Também, organizadamente
como as abelhas, istp é, como
eleitores conscientes e bons
políticos poderemos levar
saúde,' alimentação, trabalho,
educação... melhores
condições de vida para a
população.
Portanto, não deixemos
para depois. Vamos exercer
nosso dever de cidadão
escolhendo, conscientemente,
pessoas dignas, honestas,
coerentes e comprometidas
com a vida e a sobrevivência
humana, para elegermos.
Assim agindo, estaremos
colocando um fim ao ciclo
vicioso da morte, dando lugar
ao ciclo de vida e de
renovação.
ASSUMIR 23
Faleceu no dia 18 de fevereiro, o nosso Companheiro João, esposo de Remédios, aos
57 anos. Ambos se conheceram na JOC e desde aí sempre continuaram juntos na
militância sindical, política e nos movimentos populares. A Celebração no velório, as
missas de 7fi e 30° dia foram momentos fortes para o povo trabalhador do bairro Santa
Mônica, da grande BH e até de outros lugares do Brasil. Este óbito atinge profundamente
a ACO, porque vai faltar um excelente e querido companheiro, mas é um acontecimento
que fortalece a nossa esperança; agradecemos aqui pela vida de João. . . nosso apoio e
solidariedade a você Remédios, pela sua coragem e força nessas horas difíceis e aos cinco
jovens, filhos e filhas do casal.
Acabamos de receber notícias sobre a saúde do padre Bernardo Leau, vigário em Dias
D'Ávila (Bahia) e assistente da ACO e JOC nesta cidade. Sabemos que Bernardo está
lutando com muita coragem contra a doença, suportando com força um tratamento
rigoroso. Por enquanto está na França, perto da sua família. Aqui vão os nossos votos e
orações para o nosso amigão.
* Uma boa notícia: A Companheira Cléia, de Ferraz de Vasconcelos (SP) teve a grande
alegria de ser operada para transplante de rim, dando assim à vida um novo rumo, muito
promissor. Todas as equipes tinham sido avisadas da precária saúde da Companheira e
assim com esta notícia, toda a ACO está se alegrando. Parabéns pela tua garra Cléia!
Agradecemos a todos os que manifestaram solidariedade.
Nestes 28 e 29 de março, aconteceu em nosso secretariado, mais uma reunião da
Executiva Nacional junto com nossos representantes do MOAC e MMTC. Nestes dois dias
destacamos o trabalho para preparar a Assembléia Mundial em Lyon (maio 92). Cinco
Companheiros nossos (cujos dois delegados) viajarão para participar da Assemblfeia a
oitava na história do MMTC.
PETROLINA:
A "Santinha" (Cícera Josefa Rodrigues) manda o relatório da reunião da equipe em
que fala da nova Coordenação e também manda este slogan: "Invente, tente, ajude a
derrubar as estruturas que massacrem a gente; só assim teremos vida diferente!!"
BRASÍLIA: Pa Embaixada do Haiti):
Carta agradecendo a solidariedade da ACO. Recebemos em relação ao governo
legítimo de JEAN BERTRAND ARISTrOES.*
24 ASSUMIR
HAITI:
Desde o golpe de 30/09/1991, estamos vivendo em clima de terror com detenções
ilegais, desaparecimentos. Frente a esta força brutal reinando no país, as organizações
populares têm que viver uma semi-clandestinidade. O povo está se preparando para
resistir, a batalha continua. Com a força do Deus^. dos pobres e com a solidariedade
internacional, nós vamos vencer.
N.D.R. Omitimos por razões evidentes de segurança de citar nomes e endereços.
VOLTA REDONDA:
José do Carmo manda convite para o casamento da filha, realizado em 15 de fevereiro.
BRUXELAS: (Pastoral de Juventude do Meio Popular):
Convidam a ACO para Assembléia Nacional realizada em Goiânia nos dias 16 a 22 de
fevereiro.
SOROCABA (SP):
Suzana e Iara de Oliveira avisam mudança de endereço depois do falecimento da mãe.
A ACO se fez presente na Celebração.
Novo endereço das companheiras: Av. Belém, ns 59 - Jardim Betânia - 18070 Sorocaba - SP.
DIAS D'AVILA (Bahia):
Gildete F. Barbosa comenta sobre as demissões na construção civil: A Copene demitiu
mais de 20 operários e sobre acidente de trabalho nesta.
TRÊS CORAÇÕES (Minas Gerais):
Antônio Américo da Silva diz que vê com amor e gratidão, o trabalho desenvolvido
pela ACO. Comenta sobre a participação na composição de chapa do Sindicato, do seu
desemprego (trabalhava na Mangels) e as dificuldades.
CAMPINAS:
Lázaro Silvano Ferreira - ". . . aqui em Campinas tivemos duas greves: funcionários
públicos - 15 dias e motoristas e cobradores de transportes coletivos - durante uma
semana... as duas greves para reposição das perdas salariais...
Firmeza na fé e na esperança".
ABAETETUBA (Pará):
"Depois de um ano de contato e bate-papo e esclarecimentos sobre a ACO, mais um
companheiro se define com a proposta do movimento, trata-se do companheiro José Maria
Dias (Zezinho), professor e diretor sindicai do SINTEPP (Sindicato dos Trabalhadores em
Educação do Estado do Pará) e militante político do mandato petista (PT). Estamos muito
contentes, pois é um companheiro que se dispõe a refletir conosco sua fé e sua experiência
no mundo do trabalho ".
João Pinto
FLÓRIDA (Paraná):
Solange Cristina Ciavalblla - "Novamente volto a lhes escrever para pedir mais livros
(...) gostei muito dos livros que já recebi, eles me estão sendo muito úteis e instrutivos.
ASSUMIR 25
Gostaria de agradecer pela atenção que mais uma vez me prestaram. A nossa cam; xifaa de
Fraternidade está crescendo".
BRUXELAS: MMTC - SUZANNE RAZANATZOA (Secretária Geral)
Informa da Celebração dos 25 anos da MMTC em maio em Lyon (França) na ocasião
do Encontro Mundial.
SÃO LUIZ (Maranhão):
João Batista Figueiredo - "Estamos trabalhando no sentido de fortalecer mais o
movimento de ACO aqui em São Luiz, levando em consideração a nossa realidade que é o
desemprego. Mesmo assim estamos otimistas e vamos tentar organizar novos grupos de
base específicos, como; de garis, empregadas domésticas, comerciários, servidores
públicos e atingir algumas pequenas indústrias".
NOVO HAMBURGO (Rio G. do Sul):
Darcy e ídia estão retomando o trabalho da ACO nesta cidade.
"Esperamos que os preparativos para o Seminário Nacional estejam tudo da melhor
maneira possível, desta vez a gente não terá chance de participar, mas estaremos unidos a
tudo o que vocês deliberarem. Um bom trabalho e um abraço de todos do grupo de Novo
Hamburgo".
ACO
Informa
ENCONTRO DE
PARLAMENTARES
José Gatelier
fi
Nos dias 08 e 09 de fevereiro aconteceu em nosso secretariado, o l Encontro de
parlamentares e assessores políticos organizado pelo movimento.
26 ASSUMIR
Os 40 participantes - dos quais, 26 membros da ACO vinham de vários estados do
Brasil (Pará, Sergipe, Pernambuco, Minas, São Paulo, Rio, Piauí).
O Encontro foi à altura das nossas expectativas, tanto a nível de conteúdo quanto ao
desenvolvimento de dinâmicas criativas... O trabalho foi sério, mas não tenso; diferente de
ambiente a que geralmente estão acostumados: vereadores, deputados e assessores
políticos.
A revisão de vida permitiu-nos nestes dois dias, atingir parte dos objetivos
programados: Criar um espaço para que as pessoas consigam aprofundar os desafios da sua
vida política, apontando algumas saídas para ligar melhor os vários aspectos da vida família, vida pessoal, mandato, fé no povo e na organização partidária e no Cristo
Libertador.
Na avaliação final, os participantes - unânimes - pediram para que a ACO continue
programando tais encontros.
EXPANSÃO DA ACO
NONEI
Assunção S. Silva
"Nos dias 11 e 12/01/92, eu e Pe. José Gatelier participamos do Encontro da ACO em
São Luiz no Maranhão com a presença de 25 companheiros (as) que tinham como
objetivo a formação e expansão do Movimento. Dentro do método VER, JULGAR, AGIR
o Encontro começou fazendo com que os militantes e simpatizantes refletissem suas
próprias vidas dentro do que vivemos; as dificuldades pelos quatro lados: Econômico,
político, social e ideológico à luz do Evangelho.
No Julgar, trabalhamos o porquê de tudo isso, e como estamos contribuindo para a
construção do Reino de Deus À partir da análise da vida e da realidade que vive a classe
trabalhadora. Sentimos o interesse por parte dos companheiros (as) para uma melhor
organização dos (as) trabalhadores (as) no meio operário e popular.
No Agir, como desdobramento deste seminário, sentimos uma perspectiva de mais
compromisso com a expansão da ACO, com a possibilidade de formar 5 (cinco) novos
grupos, e uma coordenação de cidade. Pensaram de se reunir de 2 em 2 meses, com o
acompanhamento do novo assistente da cidade, Pe. Xavier, que se comprometeu
agendando toda a programação do Movimento na cidade juntamente com a Irmã Jacinta.
Depois tivemos melhores esclarecimentos sobre a cotização e o auto-financiamento.
O que mais me chamou à atenção foi a resistência e o compromisso daquele povo,
diante de tanta miséria, salários baixos, desemprego e etc. Vi que o povo tem muita
necessidade de se organizar. É um povo que luta muito em busca de apoio para sua
militância e com todas essas dificuldades é um povo alegre e sorridente; talvez não muito
feliz, mas alegre pela fé e esperança num Cristo Vivo que se faz presente na vida de cada
trabalhador, através dos seus sofrimentos e dor e seus sonhos de transformação desta
sociedade tão injusta e cruel".
ASSUMIR 27
ENCONTRO DA ACO
NO MARANHÃO
Assunção e Pe. José
Nos dias 18 e 19/02/92 participaram do Seminário Regional em Bengui _ Belém, 35
companheiros (as) de várias cidades. O Seminário unha como tema:
No ls dia - Tesouraria
No 2S dia - Socialismo e seus reflexos na classe trabalhadora
No VER buscamos as experiências de partilhas solidárias vividas pelo povo e as
proposUs de Jesus mais valorizadas. Estas experiências foram muito ricas. O fato de
algumas pessoas das Equipes estarem desempregadas ou com o salário às vezes, menor
que o Mínimo, não deixam de cotizar para os encontros. O nível mais global fqi visto que
o povo não organizado, não partilha; alguns companheiros disseram que diante da situação
econômica de companheiros, chegam até a fazer atividades financeiras para pagar o
aluguel de outros (as) companheiros que às vezes estão desempregados (as).
Estas experiências de partilha são também vividas nas discussões com outros grupos
incentivando trabalhadores a se organizarem para uma reivindicação mais consciente.
Ouvimos experiências de companheiros de 30 anos de vida partilhada. Entre as propostas
de Jesus lembradas foram as passagens do Evangelho da multiplicação de pães, a parábola
da vinha, a oferta da viúva.
Vimos a partilha como o miolo da expressão de sua Fé viva e compromisso com a
organização da classe trabalhadora, em busca da transformação dessa sociedade; é muito
forte a credibilidade de uns para com outros. Discutimos o porquê da cotização: é simples
questão financeira ou ferramenta de luta?
Partilha concreta na luta ou ferramenta de luta para sobreviver ou forma de cotização
para a partilha; é sempre compromisso de luta para conquistar o direito de ser Igreja.
É sobrevivência, mas também autonomia através do esforço operário em busca da
identidade dos trabalhadores cristãos. No auto-financiamento há muita contribuição, mas é
preciso valorizá-la mais, relatando os gastos que se faz em prol do movimento.
No segundo dia, a coordenação regional desejava que a militância refletisse a questão
de SOCIALISMO.
Por que este assunto? É que através do socialismo histórico (quase sempre vivenciado
em regimes de força) se coloca a questão do Estado.. .. Estado Forte (tempo de guerra)...
Golpe de Estado... Tomada de poder.
Hoje em dia será que ainda estamos na hora do Estado forte, do golpe de Estado?!
Hoje está em debate - A Reforma do Estado. A queda do Estado poderá ser uma
chance para o socialismo? Apontamos uma saída: Contribuir na organização da sociedade
civil... forçando a Reforma do Estado. Depois, em grupo, trabalhamos a seguinte questão:
- 1989 - No Brasil, perdemos a oportunidade de colocar na cabeça do Estado, os
trabalhadores;
- 1989 - Os países com Estado Socialista, não apoiaram e até derrubaram o
Socialismo.
Você acha isso RUIM ou BOM, porquê?
- Não dá para relatar aqui tudo que neste segundo dia saiu, apenas foi um ponta-pé
inicial, que terá continuidade com o Seminário Nacional da Páscoa em Arrozal (RJ) e será
aprofundado antes e depois nos regionais e equipes de base.
28 ASSUMIR
NOTÍCIAS
INTERNACIONAIS
ENCONTRO LATINO AMERICANO
Lázaro Silvano Ferreira
No período de 15 a 22 de fevereiro de 1992 em Assunção no Paraguai, foi realizado o Encontro de formação Latino Americano, com a participação de 43 delegados, representando os seguintes países: Paraguai, Peru, Chile, México, Argentina, Uruguai, Colômbia e Brasil. Por motivos internos em seus países, deixaram de participar Bolívia e Venezuela, ausências muito sentidas por todos os países, porque foi um momento importante para o fortalecimento de nossa entidade como
movimento na América Latina.
A abertura do Encontro foi um momento forte com a realização de uma Celebração Eucarística, que contou com a participação de Monsenhor Medina e dos militantes do MTC do Paraguai.
Nesta mesma Celebração destacou-se as expectativas e os objetivos do Encontro, assim
apresentado pela Coordenação Executiva:
1 - O encontro com todos os países Latino Americanos é o desejo e o esforço de seguir
comprometendo, como MOAC, nesta realidade da Classe Trabalhadora da América Latina.
2 - Porque no Paraguai?
a) Para acompanhar este país é o coração da América Latina geograficamente falando para o
nosso Encontro. Porque na situação econômica muito dura de nosso povo, é a mesma de nosso
MOAC; como medida de economia em nosso transporte escolhemos este país e assim a
participação foi maior.
3 - Para aprofundar nosso compromisso de formação, de amadurecimento e analisar nossa
realidade com os passos da RVO.
4 - Para seguir respondendo aos desafios que expressamos em 90, nas conversações continentais realizadas no Chile.
5 - Para projetar um novo MOAC através de nossas novas estruturas.
6 - Para preparar nossa Assembléia Mundial do MMTC, na França.
A partir destes objetivos tivemos dias de muito aprofundamento, partilha e solidariedade na
análise real de nossa conjuntura a nível da realidade e de movimento, levantando pistas de ação
concreta para um AGIR mais unificado a partir do Plano de Ação de cada país Latino Americano e
Mundial e assim garantir uma solidariedade mais ampla porque a Classe é mundial vivendo dentro
de um mesmo sistema que esmaga qualquer reação que venha de encontro a esta proposta neoliberal.
Em todo o Encontro usamos nosso método VJA, a partir das respostas dos questionários por
país e assim no VER tivemos um quadro real da situação geral de nosso Continente que é a.
mesma em todos os países com pequenas variações. Este aprofundamento foi desenvolvido a
partir dos pontos comuns, avanços, dificuldades e desafios, aprofundados pelos 4 lados em grupos
ASSUMIR 29
mistos. Citamos alguns: aspectos gerais como: Privatizações. Merco sul, Desemprego, etc frutos
da dependência e da política neo-liberal, além de uma Igreja hierárquica e não ideológica, Religiosidade encarnada e Seitas.
No JULGAR, também pelos 4 lados vimos as causas e conseqüências através dos pontos
comuns do VER e buscamos uma fundamentação no Evangelho e nos documentos da Igreja,
complementado por Monsenhor Medina que nos falou sobre Santo Domingo. Neste trabalho
também levantamos: Critérios e desafios para o AGIR.
Para o Agir, trabalhamos em grupos por engajamentos: Político, Sindical, Popular, Mulheres e
um específico sobre o movimento. Na elaboração do Plano foi fundamental o trabalho em grupo
por engajamento.
Deste trabalho definimos as propostas para o Plano de Ação Latino Americano para os próximos 4 anos e a partir dele, o que vamos trabalhar para influenciar no Plano do MMTC na Assembléia Mundial. Uma comissão específica elaborou um documento inicial para ser completado pelos
Movimentos de cada país, e ser enviado aos Bispos que irão participar da Assembléia de Santo
Domingo comemorativa aos 500 Anos de Evangelização da América Latina, marcando nossa posição.
EM SÍNTESE FORAM ESTES OS DESAFIOS:
1 - NO SOCIAL - Construir o poder popular e a defesa do poder que temos;
2 - NO POLÍTICO - Buscar e procurar alianças estratégicas entre os setores populares. Constituinte para o povo. Unidade do povo entre os setores populares.
3 - IGREJA - Que tenha uma proposta social mais forte, comprometida com o povo. Ser a voz dos
que não têm voz.
4 - Movimentos - Integração com outros movimentos populares. Ter em conta, os militantes
novos. Consolidar e fortalecer os movimentos.
5 - MILITANTES - Identidade; buscar o poder para servir: buscar novos meios para despertar responsabilidades e novas lideranças de base, garantindo nossas conquistas.
6 - FORMAÇÃO - Ter em conta os vários níveis; buscar instrumentos onde todos tenham conceitos
claros na formação de animadores. Acompanhar militantes novos. Aprofundar a fé. É necessário
assumir critérios nos diversos níveis de poder. Uma Formação ideológica direcionada para concretizar uma política alternativa para a mudança das estruturas.
A partir destes desafios foram aprovadas as propostas em conjunto. Tivemos'a oportunidade
de realizar um exercício de RVO pelos quatro lados, aprofundando o aspecto político. Aprofundamos também os aspectos mais importantes para fazer uma análise de conjuntura.
A participação dos novos neste Encontro Latino Americano, foi elogiável sobre todos os aspectos, principalmente na contribuição para o Plano de 4 anos, com destaque nos trabalhos de
grupos e nas Plenárias.
Encerrada a parte de formação tivemos a reunião dos Conselheiros, onde foram encaminhados alguns pontos fundamentais para a vida do movimento e a posse dos novos Conselheiros que
se concretizou na Celebração de encerramento do Encontro.
Dentro dos assuntos da reunião do Conselho, foram definidas as candidaturas ao Conselho do
MMTC, sendo apoiadas por todos os países, as candidaturas de Aurora do Chile e Lázaro do Brasil. Como havia dois nomes concorrendo para a Secretaria Geral, Rosa do Peru e Cleuza do Brasil,
o Conselho encaminhou uma proposta de consenso, transferindo o nome de Rosa para a candidatura à vice-presidência ou presidência, ficando a companheira Cleuza candidata à Secretaria Geral,
sendo que esta proposta irá ser apresentada ao Movimento do Peru e se aceita será encaminhada
30 ASSUMIR
ao MMTC.
A delegação do Brasil foi composta dos seguintes delegados: Moadr do RJ (novo conselheiro), Maria José do SE, Ari do RS, Pe Mário do RJ. ■ que foi reeleito assistente Latino. Americano,
Lá-zaro de SP, e Cleuza de MG como convidada. Lamentamos muito a ausência da Companheira
Remédios, quê não pode participar devido a problemas de saúde na família às vésperas da viagem.
Temos que destacar a atuação de nossos Companheiros do Paraguai, que sendo um movimento novo e de jovens, organizou tudo de forma que não houvesse falhas, dando demonstração
de muita capacidade de desprendimento e esforço no sentido de que todos tivéssemos condições
para desenvolver os trabalhos sem nenhum tipo de preocupação. Os nossos parabéns a eles e que
continuem dando testemunho forte e concreto para o engrandecimento da militância e do compromisso com a Classe Trabalhadora, a Jesus Cristo e à sua Igreja.
CONVERSAÇÕES E ASSEMBLÉIA MUNDIAL DO M.M.T.C.
Mário Prigol M. S.
Pelo dia 15 de maio próximo, José Olindo e Maristela, delegados da ACO do Brasil; Cleuza,
candidata à Secretaria Geral e Remédios, como atual conselheira do MMTC pela América Latina,
estarão viajando à Lyon na França para as conversações internacionais e Assembléia Mundial do
MMTC (Movimento Mundial dos Trabalhadores Cristãos) ao qual a ACO do Brasil está filiada junto
a outros 50 países participantes. Pe. Mário Prigol, irá se Pedro Pantojja não puder ir.
Nos dias 17 e 18 vai haver encontro por continente, para colocar em comum as preocupações
e propostas dos movimentos de cada região do mundo.
Do dia 19 a 23 se realizam as Conversações, em nossa linguagem, seminário de estudo sobre
"o direito ao trabalho, o direito à partilha das riquezas, direito à existência".
Dia 24 será um dia de descanso.
Dias 25 a 29, Assembléia para avaliação do plano dos 4 anos (1988-1992), planejamento dos
próximos 4 anos a partir das conclusões do Seminário dos dias anteriores, discussão e aprovação
de propostas para expansão e fortalecimento do MMTC e eleição de novos dirigentes internacionais.
Pela América Latina, os candidatos ao Conselho do MMTC são: Aurora _ do Chile e Lázaro do Brasil - Cleuza, se for eleita à Secretaria Geral ficará 4 anos ao menos junto ao Secretariado
(Burô) na Bélgica.
Aurora, do Peru, por proposta do Conselho Latino Americano do MOAC em Assunção, em vez
de concorrer com Cleuza para a Secretaria Geral, - que viria enfraquecer a chance da América Latina de marcar maior presença no Burô internacional, - seria candidata à Vice Presidente do MMTC.
Sendo eleita, junto com Lázaro, Aurora, alguém do Caribe, Pe. Mário e Pedro, formarão a Executiva também do MOAC nos próximos 4 anos.
É importante as equipes de base, os (as) militantes e dirigentes da ACO do Brasil fazerem a
assinatura do INFOR para se enriquecerem do conteúdo dos temas que serão discutidos e assumidos pelos trabalhadores de mais de 50 países, como também dos compromissos de ação solidária
para a nossa caminhada do Movimento nos próximos 4 anos (1992-1996).
Envie logo sua assinatura e contribuição ao Secretariado Nacional. O INFOR agora vem traduzido em Português. Preço: 5 dólares.
PUBLICAÇÕES DA AÇÃO CATÓLICA OPERARIA - ACO
Ai publicações da Ação Católica Operária — ACO, são todas de linguagem simples e do ponto de vista dos trabalhadores. Tem como objetivo a formação de militantes comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna.
Dividiremos nossas publicações em 3 coleções para os Interessados perceberem
melhor o conteúdo das mesmas:
Coleção Ver, Julgar, Agir pelos 4 lados i luz da Bíblia.
Fazem parte desta coleção:
1. Conhecer as Sociedades (31 pg.) - Explica o método pelos 4 lados.
2. História do Povo de Deus. IP volume (180 pg.) - Tem como subtítulo: Introdução para uma leitura da Bíblia.
Mostra a participação dos trabalhadores na organização do povo de Deus no
tempo da Bíblia, desde Abraão até o exílio pelo ano 500 aC.
3/A. História do Povo da Deus. 29 volume. Abrange o período do exílio até o final
do Macabelis.
4. Jesus, Sua Terra, Seu Povo, Sua Proposta (112 pg.).
5. Revisão de Vida: Conhecer para Transformar (132 pg.).
UM MOVIMENTO DE CRIANÇAS - Incluímos nesta coleção este livro publicado em conjunto com o MAC (Movimento de Adolescentes e Crianças), porque
segue o mesmo método Ver, Julgar e Agir adaptado para a autoformaçâo de crianças e adolescentes.
2. Colação Cadernos da História da Classe Operária.
A idéia de se escrever a História da Classe Operária, surgiu no Congresso da
ACO de 1971 em plena ditadura, quando a grande imprensa declarava nunca
ter existido a Classe Operária.
• Caderno 1 — Gestação e Nascimento:
de 1 500 a 1888 (50 pg. - 4.a Edição)
• Caderno 2 — Infância Dura
de 1889 a 1919 (104 pg - 4.a Edição)
• Caderno 3 - Idade Difícil
de 1920 a 1945 (120 pg. - 4.a Edição)
• Caderno 4 — Amadurecimento
de 1945 a 1964 (100 pg. - 2.a Edição)
• Caderno 5 — Resistindo à Ditadura (108 pg — 1.a Edição)
• Caderno 6 — Na redação final.
3. Coleção Documentos da ACO
1. História da ACO (169 pg.) - Conta a História da Ação Católica Operária,
sua resistência frente à ditadura, sua expansão, método e conteúdo.
2. Declaração de Princípios.
3. Regimento Interno.
4. Estatutos Sociais.
Estes livrinhos ajudam a conhecer a ACO.
5. Folhetos para grupos novos, sob o título Missão e Pedagogia da ACO.
6. ASSUMIR — Boletim de formação para militantes da ACO e outros. Sai de
4 em 4 meses. Traz experiências de Base e artigos de orientação operária,
política e de lutas no meio popular. A encomenda pode ser por assinatura
ou número avulso.
7. Cantando Nossa Libertação — Cancioneiro da ACO, com 175 cânticos, dividido em 3 partes: I. Vida e luta do povo; II. Cânticos religiosos; III. Cânticos populares e folclóricos. Mais dois suplementos novos, I e II.
Há 5 fitas gravadas para ensaio dos mesmos.
Comissão Nacional de Publicações da ACO
Para pedidos:
AÇÃO CATÓLICA OPERARIA - ACO
Rua Van Erven, 26 — Catumbi
20211 - Rio de Janeiro - RJ
Fone: (021) 502-2231
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BOLETIM rlACIORJÂUtíA ACO
UMIR
Ano XHI - Maio a Agosto/92 - N2 33
A FOTO REVELA A FACE INTERNACIONAL DA
ACO COM A PRESENÇA DE UNS 150 REPRESENTANTES NA ASSEMBLÉIA DO M.M.TC. EM
LYON, FRANÇA, EM MAIO DE 92.
VOTAR É OPTAR, É DEFINIR-SE.
ASSUMIR
(DISTRIBUIÇÃO INTERNAI
BOLETIM FORMATIVO E INFORMATIVO
DA ACO •
VINCULADA AO SETOR
LEIGOS LINHA I - CNBB • ENDEREÇO
PARA PEDIDOS: AÇÃO CATÓLICA OPERARIA - Rua Van Erven, 26 - Catumbi
- CEP. 20.211-320 - Rio de Janeiro - RJ. Tel.: (021) 502-2231 • Programação Visual,
Composição e Arte-Final: LINE'S STUDIO
Tel.: (021) 263-1029 • Fotolitos e Impressão: REPRQARTE
Tel.: (021) 263-4249.
LEIA,
REFLITA
E DIVULGUE
ÍNDICE
EDITORIAL
MEMÓRIA E RESISTÊNCIA - Ir. Vise
REVISÃO DE VIDA - Equipe São Leopoldo
RVO - Equipe Centro - BH
ECO - 92 - Luzia Catarina - Equipe Andaraí
A LUTA EM FAVOR DE UMA CIDADE DEMOCRÁTICA
José Fernandes Dias
MERCOSUL - Maria Aparecida Grillo
A CONSCIÊNCIA NASCENDO DA OPRESSÃO
^
£níremto de duas costureiras de Betim-MG
SOS MARANHÃO
Adão Preto - Dep. Federal e
Frei Sérgio Gorgen - CPT/RS
POR QUE DEVO VOTAR?
Equipe Andaraí/RJ
NOTICIAS SINDICAIS E OUTRAS
• Luta contra a privatização
• Eleições Sindicais de Volta Redonda - RJ
• Manifestação pela Reforma Agrária
• Pró Central dos Movimentos Populares
NOTÍCIAS DA ACO
• Revisão de vida, SP - Ivete
• Comentário das celebrações - Sônia - MG
• Companheiras (os) - Absalão - NI/RJ
• Questionamentos da ACO ao CNL
SUPLEMENTO
• Celebrações dos 30 anos de ACO
EDITORIAL
c^jwj.
M fíi J
'í
Niesíe Assumir - n& 33 -, «a capa encontram uma fotografia de representantes de mais de 50 países às Conversações e à Assembléia Geral do
MAÍTC em Lyon; entre eles, 4 brasileiros. Foi um fato marcante em vista
do tema aprofundado sobre o direito ao trabalho, direito à partilha das riquezas, direito de viver como também, pela discussão e aprovação do novo
plano de ação e formação de militantes nos próximos 4 anos em todos os
países do mundo.
O Suplemento anexo apresenta uma síntese da caminhada da ACO,
celebrada no seu 30- aniversário de fundação durante o Conselho Nacional em Recife nos dias 25 e 26/07/92.
"Memória e Resistência" artigo da Vise e as várias experiências de
"RVO", aprofundam nosso compromisso de levar o Movimento a se expandir e fortalecer no meio dos trabalhadores e áreas populares, para o
crescimento da consciência de classe e organização de suas lutas.
"ECO-92",
"A luta em favor de uma cidade democrática",
"Mercosul", nos convidam a abrir os horizontes de nossa visão e de nosso
compromisso em âmbito mais amplo seja de cidade, de continente e até de
mundo.
"A consciência nascendo da opressão ", "SOS Maranhão ", nos lembram realidades duras vividas por tantas pessoas ainda hoje do campo e da
cidade.
"Porque devo votar? ", "Notícias Sidicais e outras " nos motivam sempre mais a estarmos presentes nas lutas operárias e populares.
Por fim as notícias do Movimento, do MMTC e "Questionamento da
ACO ao CNL " nos lembram o valor e importância de assegurar um bom
relacionamento entre nós e no âmbito Internacional, como também de garantir nosso direito de participar igualitariamente com outros grupos.
MEMÓRIA E RESISTÊNCIA
Ir. Vise
No princípio foi assim:
"A ACO foi oficialmente fundada em 1962. Mas já existia de fato antes disso.
Era uma experiência que caminhava e crescia desde 1958, nas fábricas, nas favelas,
nos sindicatos, nas organizações populares, nos mutirões de luta e solidariedade.
Aí nasceu de verdade a ACO, temperada pela militância de trabalhadores cristãos, ex-jocistas em sua maioria, profetas de engajamento forte nas estruturas que
queriam transformar. Eram Igreja na Classe Operaria" (História da ACO Fidelidade e compromisso na classe operária/1987, pág. 29).
Como bem se constata, havia toda uma fermentação!
Os ex-jocistas, no entanto, carregavam uma grande preocupação: temiam pela
"falta de um movimento adulto, sem os limites da vinculação paroquial, porém,
forte e autêntico na linha do testemunho evangélico" (obra citada, pág 31) e que
continuasse a cultivar a semente já lançada. Foi quando, em São Luís do Maranhão
e em São Paulo - julho e novembro/1962 -, depois de algumas reuniões e estudos a
ACO foi oficialmente fundada, a nível nacional (obr. cit., pág 42).
Naquele tempo, como ainda hoje, o mundo do trabalho era um mundo em
conflito. Vivia-se a contradição maior: a acumulação da riqueza produzida nas
mãos de poucos, resultando no crescimento desmedido do Capital, em contraposição á exploração do Trabalho. E a Classe Trabalhadora pagando o tributo máximo:
seu empobrecimento diário.
Paralelamente, os dez a quinze núcleos formados por antigos militantes da Juventude Operária Católica (JOC) mantinham aceso o ideal de libertação operária. E,
apesar da violenta repressão de 1964, o Movimento germinou, cresceu, consolidouse, adquiriu dimensão nacional (obr. cit., pág. 17).
Cabe lembrar aqui, a palavra do apóstolo Paulo à comunidade cristã de Corinto:
"... Um planta, outro rega, mas é Deus quem faz crescer. Aquele que
planta não é nada e aquele que rega também não é nada: só Deus é que
conte, pois Ele é quem faz crescer. Aquele que planta e aquele que rega
são iguais; e cada um vai receber o seu próprio salário, segundo a medida
do seu trabalho" (1 Cor 3,6-8.9).
Hoje estamos em 56 cidades do país, em 13 Estados e no Distrito Federal, num
total de 94 Equipes, aproximadamente. Está em andamento uma pesquisa sociológica, visando à expansão do Movimento. Continua a se investir prioritariamente, na
formação dos (as) militantes através das reuniões periódicas das Equipes de base,
dos Seminários, Retiros, Congressos, intercâmbios vários e, principalmente, através
da RVO, espaço de avaliação e aprofundamento da vida e ação dos (as) militantes,
assim como do próprio Movimento.
Nesta caminhada de 30 anos, apesar das muitas limitações dentro e fora de nós,
temos crescido em termos de consciência. Esta pequena parcela da Classe Trabalhadora - gota d'água na imensidão do mar -, organiza-se, enfrenta a opressão, fortalece com sua participação ativa os Movimentos Popular e Sindical e passa a ser
sujeito da própria libertação. Assume sua tarefa específica, como leigo (a) cristão
(ã), candidatando-se a cargos políticos eletivos a nível municipal, estadual e federal,
buscando ser uma "voz ética e crível", não só através de programas e propostas!
mas acima de tudo, do exercício e da prática coerente com os princípios da fé cristã.
É bem verdade, em tempo de cativeiro como o nosso, a Classe Trabalhadora
vive, ao mesmo tempo, entre luzes e sombras o cotidiano da sua luta, da sua fé.
Mas como gente comprometida com o agir libertador, "nós nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança produz a fidelidade comprovada e a fidelidade comprovada produz a esperança. E a esperança
não engana" (Rom 5,3-5).
Já se disse que viver é preciso. Historiar a vida também é preciso e como! Sem
memória não se vive, nem se resiste. E é sabido, quem perde a memória, perde a
própria identidade. Assemelha-se à palha sem consistência, agitada de lá para cá.
Dentro e a partir da nossa história de 30 anos, há muitas outras histórias... Os
testemunhos existem, são verdadeiros e nós os conhecemos. Registrá-los com fidelidade não é apenas uma tarefa que se nos impõe, mas um compromisso de fé e solidariedade cristãs. Temos consciência de que há muito para se crescer em qualidade, fortificar, consolidar ainda, mas o Movimento, mesmo caminhando no claroescuro do momento histórico, está vivo.
Resta-nos prosseguir, resistir teimosa e profeticamente, mergulhados (as) na
realidade que nos envolve e confiantes na ação revolucionária do Espírito Santo,
que insiste: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito tem a dizer"
(Apoc. 2-3) a cada um (a) de nós nesta celebração dos 30 anos de existência do
Movimento:
"Não, não pares.
É graça divina começar bem.
Graça maior, persistir na caminhada certa,
manter o ritmo...
Mas a graça das graças
é não desistir.
Podendo ou não podendo.
Caindo embora aos pedaços,
chegar até o fim.
(Dom Helder Câmara)
REVISÃO DE VIDA
EQUIPE SÃO LEOPOLDO
FATO: Greve no Hospital Centenário
VER: Lado econômico:
Hospital Centenário (Municipal),
único hospital de São Loepoldo, cidade
com 100.000 habitantes - entra em
greve. Por quê? Por falta de salários
decentes (salário básico dos
enfermeiros: Cr$ 172.000,00), plantões
sem condições de trabalho -fica só um
médico no plantão de emergência, não
há material para o trabalho
(esparadrapo, luvas e seringas
descartáveis, lençóis, cobertores...);
sem condições de higiene, etc.
Hoje, após 35 dias de greve, o
Prefeito ainda não recebeu os grevistas
para negociação.
No município como em todo o país
há falta de verbas para a saúde com o
conseqüente sucateamento dessa área;
houve desvio de verbas de campanhas
em prol do hospital (SOS Centenário).
Lado social:
O HC é o único hospital do
município. Concentra o atendimento da
saúde deforma total porque os postos
de saúde não têm infra-estrutura que
possibilite alguma descentralização no
atendimento. No município existem 126
vilas irregulares sem água encanada,
sem saneamento básico, em péssimas
condições de higiene, freqüentemente às
margens do rio, em banhados, ou à
beira de lixões.
Lado político:
A Cl MS -SL era uma das poucas do
Estado que não estava sob a direção de
médicos. Quem coordenava a Comissão
de saúde no município era um
metalúrgico e este fato nunca foi
admitido pelo Prefeito (PDT) que é
médico. A CIMS-SLfoi extinta por
decreto do Executivo e, em seu lugar foi
criado o Conselho Municipal de Saúde,
à revelia da Lei Orgânica e sem a
participação popular.
Outras causas da greve:
municipalização da saúde. Mau
gerenciamento do HC. Política
populista do executivo: construção e
inauguração festiva de postos de saúde
os quais não têm infra-estrutura
humana nem material para um efetivo
atendimento da população. Política
discriminatória nos bairros onde as
lideranças não fecham com o partido no
poder.
Por duas gestões intercaladas o
poder municipal vem sendo exercido
por um médico que tem uma prática de
"comprar votos" em troca de ligadura
de trompas.
Os postos de saúde dos bairros,
apesar de aumentar em número no
município, com a implantação do SUS
teve descredenciamento dos médicos do
INAMPS que não foram substituídos,
privando a comunidade do atendimento
e nem têm a infra-estrutura necessária.
Parte do corpo clínico e de
enfermagem é altamente competente e
altamente dedicado mas em número
insuficiente. E o HC não investe no
preparo técnico de auxiliares de
enfermamgem.
Lado ideológico:
A saúde não é prioridade no
município porque o HC é usado
predominantemente pelas classes
populares. Há uma forte divisão
ideológica entre os profissionais da
saúde: um grupo comprometido com a
busca de mudança e outro que só tem
buscado enriquecimento às custas do
sofrimento da população.
*Ainda o lado econômico:
As más condições de trabalho nas
indústrias do Vale dos Sinos geram
muitas doenças, inclusive alto índice de
doenças mentais. Além disso, grande
número de adolescentes trabalham na
indústria do calçado com produtos
tóxicos (cola, tintas...) comprometendo
a saúde muito cedo. Pesquisas da
UNISINOS - Universidade do Vale do
Rio dos Sinos - revelam um alto número
de menores-trabalhando, contrariando
inclusive o Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Julgamento à luz do Evangelho
Cristo sempre, em toda a sua vida,
preocupou-se com as condições
concretas de vida do povo: a
multiplicação dos pães para a
alimentação do povo; a cura por
milagres onde ele mostra a
preocupação com a saúde e com o
sofrimento das pessoas, o próprio
desejo de jantar com os apóstolos, seus
amigos, mostra a concretude dos seus
gestos e de sua vida.
Os profetas sempre denunciaram as
injustiças e a miséria, pregando a luta
por mudanças nas condições de vida da
sociedade.
O Cristo não veio só para exigir a
fé, mas, principalmente, a caridade.
Essa caridade hoje. mais do que nunca,
significa engajar-se no processo de
mudança das condições básicas de vida
da maioria da população brasileira. E
não só brasileira mas de toda a
América Latina.
O Agir dos militantes da ACO em
relação a este fato:
Lado social:
ACO = participação no
departamento de Saúde da UAB e nas
Associações de Bairro, colaborando na
organização de Cursos para Formação
de Agentes Populares de Saúde.
Lado político e ideológico:
Luta pela reativação dos Postos de
Saúde nos Bairros e recontratação de
médicos, luta esta através de reuniões
com a comunidade, abaixo-assinados e
audiências com o poder executivo.
Apoio aos grevistas do HC através
de participação nas vigílias, nas
passeatas, na divulgação da
mobilização através do carro de som,
apoio de todos os sindicatos através de
informes, coleta de gêneros
alimentícios, proposta de intermediação
nas negociações, etc.
Participação nas discussões do
anteprojeto de criação do Conselho
Municipal de Saúde, que de acordo com
a Lei Orgânica foi encaminhado pela
Câmara de Vereadores.
Denúncias na imprensa sobre a
situação geral da saúde no município.
Participação nas discussões de um
projeto alternativo para a saúde no
município no programa do Partido dos
Trabalhadores-PT.
RVO - EQUIPE CENTRO - BH
Participantes:
Maritza, Zuleima, Aparecida.
FATOS:
Aparecida: Numa reivindicação
salarial, obteve-se aumento irrisório.
Aparecida era uma representante da
turma (trata-se de uma clínica,
conveniada com a LBA, ligada ao
SENA LBA) e ficou visada, sendo a
situação bastante desgastante.
Maritza: Na paróquia Santa Tereza,
nenhum apoio para o trabalho
operário. No escritório de
Contabilidade, o Agrício impôs um
arrocho salarial fora da lei, desde há 3
meses.
Zuleima: A chefe não deixa fazer
greve. Nas duas últimas greves, a
própria Zuleima não achou o momento
acertado, por que era início de governo,
mas o pessoal comprometido
radicalizou; o resto da turma tem medo
de perder o atual secretário (José
Saraiva Felipe) considerado bom.
Zuleima não tem freqüentado o
sindicato, que é excessivamente
manipulado pela CPB (?)
O fato escolhido foi o da Aparecida.
VER
Há 17 trabalhadores na clínica. O
sindicato convocou Assembléia para
assinar a reivindicação. Mas o pessoal
está desmobilizado: as professoras nem
participam. Cada um fica na sua. Falta
organização, o que acaba fortalecendo
a diretora, que é psicóloga. Aparecida
repassou notícias do SENA LBA, mas
não houve repercussão. Os sindicatos
das categorias (assistentes sociais,
psicólogas, etc) se unem ao SENA LBA
nessa luta.
Em nome da equipe. Aparecida
pediu reunião: a diretora regateou,
acabou não querendo reunião, e
chamou Aparecida a portas fechadas.
Exigiu documento assinado. Por fim, foi
à reunião, com a contabilista. Acusou a
formação de grupinhos. Disse que o
aumento proposto era o possível no
momento. Não deixou ninguém falar.
Foi um custo para a Aparecida tentar se
manifestar. Ficou um clima pesado.
JULGAR
Aparecida ficou de bode expiatório
da diretora. O pessoal ainda é
individualista. Há também o medo do
desemprego. E tudo isso, com
profissionais de nível universitário.
Vemos qual é a situação geral do
país: individualismo. Onde começa a
esperança? Deixamos de querer já o
ideal: construir o que hoje seja possível,
e conservar a capacidade de
indignação. Envolver-nos até onde
damos conta. Utilizar o coletivo.
Sentido de união. "Se o grão de trigo
não cair na terra e morrer, ficará só".
AGIR
Zuleima: esperança; Maritza:
Falar com o Agrício, e falar diferente
(=firme); Aparecida: Continuar afazer
algo, dentro das limitações, sem
maiores pretensões, a nível pessoal e
social, até que saia sua transferência
para curvelo; Mirande: Deixar-se guiar
pelo Senhor, pelo povo.
ECO-92
Luzia Catarina - Equipe Andaraí
//-' CONFERÊNCIA INTERNACIONAL E
ECOLOGIA
Conferência Internacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio 92
Fórum Global de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Estes foram outros nomes dados ao maior encontro sobre
meio ambiente e desenvolvimento governamental e não
governamental que já houve em toda a história do mundo.
Isto nos dá o direito de avaliar por dois prismas: De um
lado temos uma conferência que não atendeu as espectativas,
frustrando a humanidade; mostrando que o interesse
econômico prevalecerá enquanto a cúpula da terra, hoje
existente pode dar o veredito final (os 7 países mais ricos).
Por outro lado nunca na face da terra os movimentos
organizados da sociedade civil tiveram tanta expressão diante
das resoluções políticas do mundo; pelo menos a nível de
pressão social: - Frente aos governos que foram incapazes de
ouvi-los, como um todo.
Particularmente o movimento popular tentou passar suas
propostas através de todos os meios inclusive greve de fome;
enquanto a ONU através de seus representantes defendia a
sua política; expulsando vários delegados da sociedade civil;
do Rio Centro onde estavam reunidos governos e ministros de
todo o mundo.
Esta é uma avaliação em geral; por isso pode parecer pouco
otimista. Porém se formos avaliar de pé no chão, baseados na
teologia da ação, a nossa participação na ECO 92 foi de total
importância.
Pois percebemos que: hoje não se pode mais discutir
Ecologia desligada dos problemas sociais como: fome, falta de
moradia, saneamento básico, saúde e educação.
A luta pela qualidade de vida continua através das
discussões dos tratados (aprovados no fórum global das
ONGS) hoje defendidos por pessoas e entidades
comprometidas com a preservação da terra.
Dando continuidade às discussões em âmbito nacional
haverá em Angra dos Reis nos dias 14, 15 e 16 de agosto de
1992, o IX encontro do Fórum das ONGS brasileira
(Organizações não Governamentais do Brasil) para discutir a
continuação do Fórum.
10
A LUTA A FAVOR DE
UMA CIDADE
DEMOCRÁTICA
José Fernandes Dias
Os trabalhadores sabem que
a cidade onde vivem está longe
de ser a cidade de seus sonhos.
A cidade, hoje, é, na verdade,
um verdadeiro cativeiro para os
trabalhadores, uma vez que os
bairros operários, as favelas, as
periferias são propositalmente
excluídas de todos os benefícios
que a moderna civilização pode
oferecer. A situação não é ainda
mais grave porque essa espoliação enfrenta a resistência permanente dos trabalhadores; no
dia-a-dia, esses trabalhadores
lutam para desfrutar de condições dignas de moradia e acesso
a todos os serviços de que necessitam para seu conforto e segurança.
Pensando nisso, e refletindo
sobre as lutas acumuladas pelos
trabalhadores ao longo dos
anos, um grande número de
movimentos sociais e militantes
da luta pela cidade que quere-
mos reuniu-se durante oito dias,
no último mês de junho, no Fórum Global, a conferência da
sociedade civil paralela à
"Cúpula da Terra", a conferência dos governantes. Enquanto
a sociedade civil se reunia nos
amplos e bonitos espaços do
parque
do
Flamengo,
as
"autoridades" reuniam-se no Riocentro, quase às escondidas,
sem esquecer, contudo, de
apontar os canhões para a Rocinha (estariam lá escondidos os
"terríveis terroristas" a que a
"segurança" tanto se referia?).
Durante esse período de reuniões, a sociedade civil debateu e
assinou 29 "Tratados", ou seja,
29 documentos onde se discutia,
na nossa perspectiva, o futuro
do planeta. O "Tratado da Reforma Urbana" foi, certamente,
um dos mais importantes.
Esse "Tratado" diz, em resumo, o seguinte: é urgente e
11
inadiável a realização, em todo
o planeta, de uma reforma urbana, ou seja, de um conjunto
de medidas que tome possível a
grande maioria morar - e morar
bem - nas nossas cidades, aqui
e agora. O "Tratado" estabelece
uma longa série de direitos, que
podem ser resumidos em três:
selhos populares etc). Muito
mais que o simples direito a
votar, é direito dos cidadãos interferir no governo de sua cidade, o que, aliás, já é assegurado
pela Constituição. Trata-se,
agora, de levar esse direito ainda além, o que aparece no item
3.
1. Todo cidadão tem direito a
usufruir, na cidade, os bens e
serviços oferecidos por nossa
civilização. Esses direitos são: o
direito à moradia, à saúde, à
educação, à habitação, ao
transporte, ao lazer, à segurança, à alimentação, e, sobretudo, direito ao emprego e ao
salário digno, condições indispensáveis para a existência dos
demais "direitos".
Então,
"direito" deixa de ser uma coisa
abstrata, sem carne, sem sangue; passa a ser a exigência
inadiável de políticas públicas
que assegurem condições excelentes de vida para todos, especialmente para aqueles sempre
excluídos.
3. Função social da propriedade. O "Tratado" defende, como
já acontece com a Constituição,
que o direito à propriedade deve
ser subordinado ao direito à
moradia coletiva. O "Tratado"
propõe que se aicabe com os
"vazios urbanos", ou seja, terras urbanas que ficam desocupadas à espera de valorização,
enquanto milhões de trabalhadores moram em condições sórdidas e sub-humanas.
2. Gestão democrática da cidade. Além dos direitos assegurados pelas políticas públicas
acima referidas, os cidadãos
têm direito a intervir ampla e
profundamente na condução dos
destinos de sua cidade, em todos
os
espaços
possíveis
(planejamento, orçamento municipal, políticas públicas, con12
Todas essas proposições,
contudo, correm o risco de ficar
restritas às palavras bonitas escritas sobre o papel. Para que
ganhem vida - e precisam ganhar vida, já! -, faz-se necessária a organização dos trabalhadores. E indispensável que os
trabalhadores assegurem esses
e outros novos direitos, uma vez
que são eles que constróem a cidade e dela têm sido expulsos
desde o início. Convidamos as
companheiras e os companheiros a refletir sobre estas questões e a conquistar para si a cidade a que têm pleno direito.
MERCOSUL
Maria Aparecida Grillo Elou
O MERCOSUL é o Mercado Comum do Cone Sul, formado, por
enquanto, por quatro países da América Latina: Brasil, Argentina,
Paraguai e Uruguai.
Esse Tratado para o mercado foi assinada em Assunção no dia
26 de março de 1991, pelos presidentes Collor (Brasil), Menen
(Argentina), Lacalle (Uruguai) e Rodrigues (Paraguai).
Seus objetivos:
- ampliar a competitividade entre os quatro países que possuem
grandes espaços econômicos e onde o progresso tecnológico é cada
vez mais essencial;
- estimular o fluxo comercial com o resto do mundo;
- promover aberturas nas economias dos quatro países, que deverão conduzir a integração gradual da América Latina;
- Delimitar as ações dos setores privados e da. sociedade como
um todo do processo de integração.
O desejo de integração dos povos latinoamericano vem desde
Simon Bolivar, porém este sonho não foi o elemento incentivador
do Mercosul.
Os governos e as elites do Cone Sul têm pressa de chegar ao 1
mundo. Influenciados pela ideologia neo-liberal, que acena para o
mundo do mercado e a competição como ÚNICOS meios capazes de
salvar os países subdesenvolvidos, e pressionados pela ilusão de
que os ajustes inspirados pelos credores internacionais (Divido
Externa), vão repor o Continente na trilha certa, resolveram (os
quatro) a "produzir só aquilo que possa ser comercializado".
Portanto:
„
O MERCOSUL é um tratado puramente comercial e nao leva
em conta os povos, a sociedade.
O Tratado de Assunção tem por finalidade transformar, ate
31/12/94, os quatro países numa Zona Livre de circulação de
13
bens, serviços, capital e força de trabalho.
A criação e implementação do Mercosul é obra dos governos e
dos grandes grupos econômicos, sem a participação num debate
democrático e nem planejamento com setores por ele afetados.
Ainda que o objetivo seja puramente comercial, o Tratado do
Mercosul começa a afetar a vida de milhões de trabalhadores, pequenos e médios produtores da sub região, e abre espaços privilegiados para os grandes grupos econômicos transnacionais.
Por que NÀO ao Mercosul
Por seu fundamento neo-liberal (enfraquecimento do Estado e
integração competitiva) - sua orientação apenas comercial, e sua
subordinação a "Iniciativa para as Américas" (Plano Bush) e ao
Acordo de Washington" (4+1 os quatro países mais os Estados
Unidos), o tratado do Mercosul não favorece o desenvolvimento
econômico, social e cultural das sociedades envolvidas.
Não promove a auto-sustentação e a auto-determinação e tende
a aprofundar as desigualdades e injustiças na sub região e no interior de cada país.
Para Refletir:
- Como fioará a situação dos trabalhadores desses países
quanto aos seus direitos trabalhistas conquistados?
- Terão que refazer a Constituição.
- Haverá migração, principalmente de nordestinos, para outros
países.
- Já está havendo venda de terras do Uruguai para os brasileiros, principalmente, para serem cultivadas, e nós com tantas terras
sem nenhuma agricultura.
-Firmas do Brasil já se mudaram para outros países deixando
aqui grande numero de desempregados.
Ainda não se cogitou ver esses e outros aspectos da justiça soci-O Brasil não possue tecnologia suficiente. Nossa moeda é fraca
frente a dos outros países do Tratado.
Este aspecto nos faz lembrar a história da Bíblia, do paralítico
que se apoiou nos ombros do cego para poder caminhar para todos
os lugares. E, os quatro países pobres, endividados, com valores de
moedas diferentes, Constituições diferentes, enfim cegos e
parahticos.
14
íiiimif
i
A CONSCIÊNCIA NASCENDO DA OPRESSÃO
«„,
^ ■ IJENnTREyiS"[A D,E DUAS COSTUREIRAS DE BETIM-MQ - Por Cleuza Chamon
As entrevistadas. Ltíde Parreira do Vale - casada há 25 anos e mãe de 05 filhos. Maria das Graças Nobre - casada há 22
anos emae de 04 filhos. Kbrícd*Co,lur.lnclü,trl,C*hoCr,. N'de ^pregados: ISO. sendo ^d^toU^Z JZf
üC
Pergunta - Como foi o início do trabalho na fábrica?
__ Laide - No começo os patrões nos chamaram e disseram que em princípio
nao teríamos aumento de salário, pois eles estavam em fase experimental e que
nos fossemos pacientes...
O salário estava congelado e não era pago corretamente. Tanto o patrão
quanto sua esposa nos tratavam estupidamente. Eu era encarregada de setor e
todos os cüas tanha reunião com o pessoal para reclamar. Se sobrasse um pedaço
maior de bnha em uma peça de roupa, eles davam advertência para a costue 1 nte a ndo tres
^-TJ t'. r
F advertências pelo mesmo motivo a funcionária era demitida! Vendo tanta repressão, eu entreguei o cargo que ocupava.
Nos meses de agosto e setembro de 1990, nós produzimos 7 mil pecas
mesmo assim nao tivemos nenhum aumento salarial! Precisamente no mês dê
agosto, chegamos a trabalhar até 13 horas por dia. Duas companheiras que reclamaram foram despedidas.
Pergunta - Como surgiu a reinvindicação dos armários?
Laide - Estava sumindo objetos pessoais e então pedimos os armários para
guardar nossos pertences. Eles alegavam não ter dinheiro para esta despesa
Durante todo o ano de 1990 pedimos os armários, nao fomos atendidas, mas
eles compraram 30 maquinas de costura industrial...
Pergunta - Como a polícia entrou nesta história?
Laide - No dia 14 de fevereircygi às 9:30 da manhã, chegou o Sr. Hermírio
(patrão) e chama a uma reunião urgente. Segundo ele, tinha sumido 5 mil cruzeiros na fabnca e que agora o negócio nao era com ele e sim com a polícia Alegava que o dinheiro era de uma funcionária.
Os detetives da delegacia de Betim começaram a falar: Quem tivesse pegado o dinheiro podena chama-los e entregar; tudo seria resolvido em "particular"
mas como ninguém entregou o dinheiro eles começaram a revistar as 6 primeiras mulheres, uma por uma; depois foram colocadas em grupo de 5 a 10 dentro
do vestiano e uma policial feminina; e a encarregada, mandava as mulheres tirarem a roupa para serem revistadas nuas, procuravam até por entre os cabelos das mulheres; nao encontrando nada as mulheres foram colocadas com as
mãos na nuca e tinham que dar pulos para elas verem se não lhes caía nada do
corpo. Uma das funcionárias desmaiou, passando o resto do dia no Pronto So15
corro. Algumas moças se rebelaram, mas eram obrigadas a se submeter à revista. Isto durou até as 12 h. Na hora do almoço o clima era de sofrimento e humilhação. A maioria das mulheres não conseguiram almoçar.
Pergunta: E você, Maria das Graças, como se sentiu?
Maria das Graças: Bastante humilhada! Fui procurar os patrões no escritório. Reclamei da humilhação sofrida, disse a eles que trabalhava desde os
meus 7 anos de idade e que não era uma ladra!
A Regina (patroa) disse que tinha sido a faixineira da fábrica que armou
todo aquele truque! O patrão disse que desculpas ele não pediria e se acontecesse de novo sumir algo na fábrica ele voltava a chamar a polícia!
Pergunta: E o dinheiro foi encontrado com alguém?
Maria das Graças: O Sr. Hermírio disse que tinha encontrado a carteira
no pátio e estava com o dinheiro, só que a carteira estava seca e naquele dia
desde cedo estava chuvendo...
Pergunta: E daí vocês, o que fizeram?
Laíde: Eu estava inconformada, humilhada por toda a situação sofrida,
assim procurei um advogado conhecido naquela mesma noite, pois eu não sabia
se tudo aquilo era permitido por lei. Os esclarecimentos recebidos foram muito
interessantes, aclarando toda a falta de respeito com o qual fomos tratadas! No
outro dia fui trabalhar sem condições, a patroa me chamou para conversarmos,
ela queria me convencer a ficar na fábrica, recusei, falei com ela que eu iria era
denunciar toda aquela sujeira!
Naquele mesmo dia ela me despediu! Daí em diante eu não parei de procurar meios para denunciar aquela situação! Fui ao departamento jurídico do
sindicato dos metalúrgicos de Betim, eles também me orientaram e fomos para
os jornais e todos os espaços que se abriram para que o fato fosse denunciado.
Marcamos um ato púbfico em firente à fábrica, para a semana seguinte mas os
patrões souberam e fecharam a fábrica por dois dias. Outra data foi marcada e
dia 22/02/91, fizemos a manifestação, mas só compareceram umas 40 pessoas,
entre elas 03 funcionárias da fábrica, a maioria não participou.
Pergunta: Maria das Graças, como ficou o ambiente na fábrica?
Maria das Graças: Horrível! Eu me sentia muito humilhada.
A Regina (patroa), fez uma reunião conosco e disse que teríamos aumento e
que eles iriam classificar nossa carteira, para que pudéssemos ganhar mais.
As demais funcionárias se mostraram contentes, mas eu não! Não olhei
para a cara dela. Ao terminar a reunião ela me chamou para conversar. Convidou-me para sentar, recusej! Ela me disse que eu estava mudada, que antes eu
era alegre, agora não! Então eu lhe disse que não me conformava com o acontecido. Discutimos. A tarde o Sr. Hermínio me chamou e reclamou do meu serviço. Eu dissea ele que não estava mais satisfeita no trabalho, que tinha procurado orientação no sindicato, ele ficou furioso!!! Andava de um lado para outro,
começou a ameaçar dizendo que a vida lá fora não estava boa e que nós iríamos
sofrer, mas que se eu não estivesse satisfeita, eu poderia pedir a conta, pois não
me mandaria embora!
Naquela mesma semana fomos à Assembléia Legist^/MG para conversar
com deputados que nos apoiavam. Neste dia, nós fomos seguidas por funcionários do departamento pessoal da Cerâmica Safran, onde o Sr. Hermínio é sócio.
Estávamos juntas, eu, Laíde, Bete e Mariana, (esta última só nos acompanhava), fomos despedidas.
Pergunta: E aí, vocês pararam de denunciar?
Maria das Graças: Não! Ficamos uns 15 dias denunciando. Fomos no
Sindicato das Costureiras e contamos para o diretor que fomos seguidas por or16
dem do Sr. Hermínio, então ele ligou e disse que nós estávamos sendo seguidas.
Continuamos as denúncias no Ministério do Trabalho, na Secretaria de Denuncia Pública.
Pergunta: Quais as entidades que apoiaram vocês?
Maria das Graças: A nível de bairro, tivemos total apoio da Igreja São
Francisco, alem de denunciar o fato tomou posição participando da manifestação que fizemos na porta da fábrica. A nível de arquidiocese, Dom Roque e Dom
oerafim denunciaram a violência sofrida por nós!
Também tivemos o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim; o da
nossa categoria (costureiras); PT através dos seus deputados e vereadores; recebemos também importante apoio do Movimento de mulheres de Belo Horizonte.
Pergunta: O que mais deu forças para vocês denunciarem?
Laíde: Tenho diante de mim a imagem da dona Conceição e dona Maria
senhoras com mais de 50 anos, despidas e se abaixando no chão! Isto me doeu o
coração! Eu senti como um chamado de Deus para gritar por justiça, só depois
da denúncia me acalmei!
Pergunta: Quais as conseqüências vocês estão sofrendo com tudo
isso?
Maria das Graças: Até hoje as funcionárias da fábrica não podem conversar conosco, elas nao vão nas nossas casas e se encontram com a gente na rua,
correm para não nos cumprimentar. Sabemos que elas estão sendo pressionadas, mas sofremos muito com isso.
Laíde: Fizemos testes em várias fabricas, mas quando os patrões pedem informaçoes_ onde trabalhamos, nos dispensam. Ainda estamos inseguras, humilhadas, não temos nem coragem de comprar a crédito, pois ao saberem o local
onde trabalhávamos ficam debochando de nós!
Pergunta: Vocês conseguiram algo de bom com esta luta?
Laíde: Sim! Ao procurarmos o Sindicato das costureiras, tivemos várias regulamentações dentro da fábrica a nosso favor.
Fizemos também um pedido de extensão de base do nosso Sindicato para
Betim, para podermos ter uma ação mais forte com nossa categoria!
Completaremos com uma notícia divulgada na imprensjvTVIG, que foi fruto
desta luta!!!!
O JORNAL "ESTADO DE MINAS" PUBLICA:
"Até hoje, porém, corre na justiça mineira um processo movido pelas operárias da fábrica de confecção 'Industrial Cachoeira Ltda.', em Betim. No dia 14
de fevereiro do ano passado, sob a alegação de investigar furtos que estariam
ocorrendo na fábrica, a direção da empresa submeteu suas funcionárias a uma
revista íntima, sob o comando da Polícia Civil de Betim. O Movimento Popular
da Mulher, a Federação Mineira de Mulheres e o Sindicato das Costureiras denunciaram à imprensa que as Mulheres foram obrigadas a ficar nuas diante
dos soldados. Foi aberto inquérito para apurar arbitrariedade e um processo
contra a empresa, mas ainda não houve punições".
Gostaria de destacar aqui, a importância da luta e da coragem
destas mulheres que mesmo sofrendo tamanha humilhação, não se
calaram e foram à procura de justiça para uma categoria e para outras
mulheres que ainda não despertaram para uma luta solidária nesta
sociedade opressora!!!
17
s.o.s.
MARANHÃO
Adão Pretto - dep. Federal
Frei Sérgio Gorgen - CPT - RS
Companheiros,
Participamos da jornada de lutas dos trabalhadores rurais do Maranhão, nos dias 09 a
13 de maio de 1992 e constatamos a situação crítica, explosiva e urgente em que se encontram os milhares de trabalhadores rurais daquele estado. A luta dos trabalhadores do Maranhão tem, neste momento, uma importância estratégica pela Reforma Agrária em todo o
país, razão pela qual decidimos escrever esta carta expondo a realidade que vimos; a avaliação que fazemos é sugerir algumas ações diante dos fatos.
A situação fundiária e os conflitos pela posse da terra têm se agravado extraordinariamente em todo o Brasil nos últimos anos mas encontram no estado do Maranhão, uma
situação peculiar, tanto pela extensão e gravidade que atingiram como pelo impasse político e jurídico que se criou, ou possibilidade de explosão incontrolável de violência que representam.
Chama especial atenção o fato de haver (até dia 13/05/92) sobre a mesa do Secretário
de Segurança do Estado do Maranhão, 73 liminares de reintegração de posse com pedidos
de força policial para despejo de posseiros e ocupantes, o que representa uma ação contra
cerca de 15 mil famílias, abrangendo um universo de, no mínimo 80 mil pessoas.
a) O atual aparato legal para resolver os conflitos de terra mostraram-se inócuos, ineficientes, pois o Judiciário usando basicamente o código civil, dá ganho de causa aos grandes proprietários, grileiros, etc. garantindo-lhes a propriedade privada, contra a necessidade de milhares de famílias e, conseqüentemente, criando um clima de terror e violência no
campo.
b) O governo do estado do Maranhão não pode cumprir estas ordens de despejo, simplesmente porque não tem onde colocar 80 mil pessoas.
c) Os fazendeiros preparam-se mais e mais para fazer os despejos por suas próprias
forças, usando pistoleiros e grupos para-militares.
d) Aos lavradores, sem perspectivas concretas de sobrevivência, não lhes resta outra
alternativa que resistir à violência do latifundiário. E no limite da sobrevivência, corre-se o
risco de que resistam à própria força policial.
e) Houve já várias mortes c tanto a imprensa como qualquer pessoa de bom senso,
afirmam que o Maranhão é como um barril de pólvora. Na verdade, a questão agrária no
Brasil todo é como um barril de pólvora, mas no Maranhão o estopim está pronto, o fogo
muito perto e a quantidade de pólvora muito grande.
18
f) Ao mesmo tempo há um esforço do governo do Maranhão, do governo Federal e da
imprensa, para esconder a amplitude àosMos
_
.
to a0 üpo de solução
jurídica.
Xtf£ 3"—e"^ «o ^.«o dCT. se,
mp..me„«
d.vu^o . „■«,
do Marn^o etbre o governo federal para que haja uma solução negoc.ada, polmca,
forma Agrána^
Nacional
a
.^^
regulamentação
da
Refo^AgSTTar^ e 185 da^F), que tem sido demasiadamente moroso nesta
qUeStã0
'
Brasíüa, 14 de maio de 1992
19
POR QUE
DEVO
VOTAR?
Equipe do Andaraí
Existe o bom pedreiro e o mau
pedreiro.
Existe o bom juiz e o mau juiz
Existe o bom médico e o mau
médico.
Assim também existe o bom político e o mau político.
Por que não procuramos saber
sobre os candidatos em que votamos
e nos que vão querer se candidatar
este ano? Por quê?
Vamos "correr" atrás da informação.
Vamos ler jornais, revistas sobre
os candidatos.
Vamos ir, se possível, às Câmaras Municipais, Estadual e Federal,
para ver com nossos olhos, quem
vota a favor do povo, como por
exemplo a favor dos 147% dos apo-
E comum, nós ouvirmos coisas
como:
- "Vou anular o meu voto nas
próximas eleições!"
- "Todo o político é ladrão!"
- "Só voto, se ele arrumar alguma coisa para mim!"
- "Pode até existir político bonzinho, mas quando chega lá, entra no
esquema!"
Será que isto é Verdade? Até que
ponto ?
Ora, em todas as profissões
existem os bons e os mais profissionais e com os políticos isto também
acontece.
Existe o bom militar e o mau
militar.
Existe o bom advogado e o mau
advogado.
io
sentados.
Vamos conversar com quem conhece os parlamentares ou quem conhece os futuros parlamentares.
Enfim, vamos procurar todo o
tipo de informação sobre as pessoas
que vão concorrer este ano para os
cargos de Vereador e Prefeito.
Se a Classe Política, se os Políticos, se a Instituição Parlamentar
{Deputados, Senadores e Vereadores) são ruim, é porque nós votamos
mal e se votamos mal, é porque mo
"corremos" atrás da informação sobre os candidatos e o programa de
seu partido.
Não é anulando o voto que vamos construir a Democracia em nosso País!!
Quando formos votar, é bom que
nos lembremos, que por causa do di-
reito de votar, muitas pessoas foram
presas, torturadas, banidas e mortas
em nosso país, lutando para que nós
pudéssemos hoje, escolher nossos
candidatos.
Não jogue fora, o trabalho destas pessoas!!!
Chega de comodismo, vamos
correr atrás da informação!!
Vamos participar mais do dia-adia de nossa sociedade, em associações de moradores, sindicatos, pois
só assim mudaremos alguma coisa;
não basta só votar.
Precisamos votar conscientes,
separando o joio do trigo, pois somos adultos, temos maioridade suficiente para não precisarmos de um
paisão (ditador) para resolver nossos problemas.
Como encaminhar as propostas do
Povo?
Como eleger os nossos representantes?
21
NOTICIAS SINDICAIS
LUTA CONTRA
A PRIVATIZAÇÃO
DACSN
José do Carmo Machado de Oliveira
Apesar da crise que enfrentamos aqui com a investida do presidente da CSN (Procópio Lima Neto) contra os trabalhadores, o desmando e corrupção do Prefeito (Vaniído) e seus aliados, e mais o
descaso do Governo Estadual em função de seus próprios interesses, nós do movimento popular e sindical, conseguimos dar um passo a mais na luta. Primeiro a realização da Semana Social, que se
realizou nos dias 28, 29 e 30 de abril em 4 regiões diferentes da cidade. O tema foi "PRIVATIZAÇÃO" dividido em 3 etapas, assim:
Dia 28/04 - A privatização, o que é e a quem interessa;
Dia 29/04 - As condições operárias nas Empresas Estatais, Privadas e Multinacionais;
Dia 30/04 - A privatização e a Soberania Nacional. Nesse dia foi
exibido um vídeo sobre o tema, e após, um debate.
Na avaliação geral, a descentralização desse evento foi de grande importância para as comunidades: Coqueiros, São Sebastião,
Santa Luzia, São Francisco de Assis, Santo Antônio, Cristo Rei dá
Voldac, Bairro União, Açude II, Niterói. Essas são Comunidades de
uma das 4 regiões.
A presença foi de 35 pessoas no 12 dia, 39 no 2e dia e 40 no 32
dia. A realização foi da ACO - PO - JOC.
1S DE MAIO
Esse também foi um grande acontecimento por ter sido realizado
em 4 pontos diferentes da cidade.
Na avaliação geral, concluímos que se fosse feito como nos anos
anteriores, não teríamos 1/4 do número de pessoas e não teríamos
atingido o objetivo; além disso, os gastos seriam grandes. O ponto
22
alto desse 1e de maio foi que, provamos que os Sindicatos e Associações de moradores que descentralizando e facilitando o acesso, os
"descamisados" participam.
As coisas estão pretas, porém se cada militante se faz presente
com garra e confiança, elas se tornam brancas e os caminhos se
abrirão mais facilmente.
ELEIÇÕES SINDICAIS DE VOLTA REDONDA
SINDICATO DOS METALÚRGICOS
Domingos Moacir
Nos dias 21, 22 e 23 de julho de 1992 realizou-se em Volta Redonda, Barra Mansa e Rezende as eleições sindicais. O Sindicato
dos Metalúrgicos com sede em Volta Redonda fez acontecer num
processo democrático as eleições com a participação de 4 chapas. A
chapa 1 da atual diretoria, filiada a CUT; a 2, da antiga situação que
perdeu em 83; a chapa 3, ligada à Causa Operária; e a chapa 4 é a
chapa da direção da CSN, ligada a Medeiros, portanto da Força
Sindicai.
A disputa foi mais equilibrada entre a chapa 1 e 4; a 3 e 2 não tiveram expressão política, ficando assim a disputa entre a chapa 1
com 6.736 votos e a chapa 4 com 8.200 votos. - Sendo esta a vencedora.
A chapa 2 com 846 votos e a chapa 3 com 879 votos.
Precisamos refletir! Pois estamos vivendo os momentos mais
trágicos da região.
O sistema capitalista investe pesado ganhando o sindicato dos
Metalúrgicos, tentando assim enfraquecer a CUT.
Esta mesma máquina administrativa vai investir com todos os recursos para ganhar também as eleições municipais trabalhando dois
candidatos em Volta Redonda, ambos da direita. Este aspecto ideológico é para facilitar o projeto de privatização da CSN. Os patrões
garantiram 50% de adiantamento de girafa para ganhar as eleições
sindicais; e agora oferecem 80% de aumento na antecipação do
dissídio para eleger a direita; é necessário observar que tudo isto faz
parte do Plano COLLOR para acabar com a Siderúrgica de Volta
Redonda.
Bem a eleição sindical passou para as mãos dos pelegos e a
posse está marcada para o dia 09 de setembro com muita festa.
23
Masos trabalhadores já começam a sentir as perseguições com
demissões na primeira semana após as eleições; as demissões fazem parte do projeto de enchugar a máquina para entregar tudo de
mão beijada ao capital privado transnacional.
MANIFESTAÇÃO PELA REFORMA AGRÁRIA BM/VR - RJ, 29/06/92
José do Carmo Machado de Oliveira
Hoje, 29 de junho, outro momento histórico acontece em Barra
Mansa e Volta Redonda. Os trabalhadores mais os Sem Teto, vários
trabalhadores urbanos, desempregados e outros, através da CPT fizeram uma longa caminhada de Barra Mansa à Volta Redonda para
exigir Reforma Agrária. O apoio das Igrejas: católica, pentecostal; vereadores, deputados da esquerda foi intenso.
A caminhada terminou às 19:30 h na praça Juarez Antunes com
uma Celebração Ecumênica e vários depoimentos. Vários Companheiros da ACO estavam presentes.
A Reforma Agrária é urgente e necessária e por isso cada trabalhador da cidade ou do campo precisa discutir o assunto.
PRO
CENTRAL
DOS
MOVIMENTOS
POPULARES
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Maria Mota - NE III
Aconteceu em Campinas - SP - nos dias 03, 04 e 05 de julho,
uma reunião ampliada. Nessa reunião participaram Coordenadores
Nacionais, Suplentes Nacionais e os Coordenadores Estaduais, Essa
reunião teve como objetivo tirar metas para a realização do Congresso de fundação da Central para 1993 e também avaliar como estão as Pró-Centrais Estaduais a nível de articulação dos Movimentos
Populares. A realização do Congresso de Fundação tem o indicativo
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de data para outubro de 1993. Os locais onde poderá ser realizado
esse Congresso são: Brasília, São Paulo e Goiás, Para que esse
Congresso possa acontecer é preciso que os Movimentos Populares
estejam articulados nos estados. É importante que nós, militantes inseridos nos movimentos populares, incorporemos esta luta, divulgando a Central nos locais populares que miiitamos.
NOTÍCIAS DE IMPERATRIZ - MA
Rosa
1 - Diante do desemprego que assola a Cidade, o Estado e o
País levou os trabalhadores a formar o fórum de debate sobre o desemprego. Os militantes da ACO estão participando deste evento.
2 - Para disputar as eleições municipais em Imperatriz juntaramse os partidos: PT, PSB, PC do B e PDT.
3 - A Central de Movimentos Populares continua se articulando
com dificuldades. Está lutando pelo título da terra.
4 - Os moradores dos conjuntos da COHAB estão se articulando
e lutando contra os altos preços das prestações das casas.
5 - O assassinato do fazendeiro ZECA ROCHA continua tendo
grande repercussão. Como forma de intimidar a luta dos trabalhadores, estão cipando também o Pe. Mário e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
UM BILHÃO E MEIO DE MISERÁVEIS
Fonte: Mundo
Foto: José Pinto
O mundo tem um bilhão e meio de miseráveis. Pelo menos essa
é a conclusão de um estudo da Organização das Nações Unidas
(ONU) divulgado no final de fevereiro em Genebra, na Suíça. Segundo a entidade, para cada bilionárío no mundo, há dez milhões de
miseráveis.
Nas contas da ONU, feitas em dólar, existem 157 bilionários, dois
milhões de milionários, e 1,5 bilhão de pessoas vivendo no que se
chama de nível abaixo da pobreza, isto é, passando fome. O Brasil
estaria entre os primeiros colocados nesse ranking, pois, segundo
pesquisas de entidades como o IBGE, 37% da população brasileira
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vive em estado de pobreza absoluta.
O Brasil tem ainda 35 milhões de menores carentes, tendo como
saída a marginalidade. Esses 35 milhões já somam juntos as populações do Paraguai e da Argentina. A Nigéria é o país onde a situação e mais crítica. A maior parte das crianças passam fome e estão
subnutridas.
O Brasil é um dos países mais miseráveis do mundo.
ENTRE ASPAS
Fonte: Autonomia jan/fev 92
"A doméstica, quando é branca, ou é arrumadeíra ou é babá. Se é preta, só
serve para cozinhar e lavar roupa".
Jandira Rodrigues. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Estado de São Paulo.
"A cada dia, duas crianças são assassinadas no País; não coincidentemente,
82% são meninos negros".
Luiza Erundina de Souza, Prefeita da Cidade de São Pauio.
"Graças a todos os planos heterodoxos, o trabalhador empobreceu e o aposentado ficou proibido de viver".
Ives Gandra da Silva Martins, Professor Tituiar de Direito da Universidade
Mackenzie (SP).
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"O capitalismo instaura a exploração e a opressão. Os trabalhadores serão coveiros do capitalismo".
Haroldo Lima, Deputado Federal (PC do B - Bahia)
"O Judiciário no Brasil não se modernizou como poder; tratou de manter e
ampliar seus privilégios".
Hélio Bicudo, Jurista e Deputado Federal (PT - SP).
"O imposto é o maior vilão da nossa história e o salário é um mocinho diferente: só apanha".
Ronaldo Lago, Gerente de Comunicação da Anakol Indústria e Comércio.
"Na hiperinflação, o clima é de canibalismo. Gordinhos como eu não podem
sair às ruas. Viram churrasquinho".
Antônio Delfim Neto, Deputado Federal (PDS - SP).
"Precisamos é de uma política de saúde e não uma saúde política".
Luiz Antônio Fleury Filho, Governador do Estado de São Paulo.
"Se o Presidente Fernando Collor de Mello me desse 40 horas semanais, fizesse a reforma agrária, não pagasse a dívida externa e tivesse um projeto social
para o Brasil com democracia eu votaria nele".
Vicente Paulo da Silva, Vicentinho, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de
São Bernardo do Campo e Diadema.
"No tempo da Zélia, tínhamos uma angústia programada. Agora, com o Marcílio, temos uma confiança angustiada".
Roberto Campos, Deputado Federal (PDS - Rio).
"O Collor correu tanto, correu tanto que se cansou e perdeu o rumo".
Orestes Quércia, ex-Governador de São Paulo e Presidente Nacional do PMDB.
"A recessão nunca foi caminho para o combate à inflação. Cria problemas piores que a própria inflação que é a fome e o desemprego".
João Leiva, Deputado Estadual (PMDB).
"Não existe ação humana, por mais violenta que seja, que legitime o emprego
da pena de morte pelo Estado".
José Carlos Dias, advogado criminal e Presidente da Comissão de Justiça e Paz.
"A crise da Universidade é fruto do prívatismo educacional cultivado ao longo da
década de 60".
Antônio Ibanes Ruiz, Reitor da Universidade de Brasília (UnB).
"Para mim, liberdade econômica significa a coexistência de todas as formas de
prosperidade possíveis: estatal, privada e cooperativa".
Mikhail Gorbatchev, ex-Presidente da extinta União Soviética.
"O intervencionismo do Estado na economia, além de aberrante, vai se tornando inócuo".
João Mellão Neto, Deputado Federal (PL ■ SP).
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ACO
Informa
REVISÃO DE VIDA - SP
Ivete
"A ACO é um compromisso integral com o Evangelho".
"Épreciso se expor quando a gente tem um sonho que quer ver realizar". (Negão)
DEPOIMENTOS DO ENCONTRO COM
32 MILITANTES
CLÉIA:
Membro da Equipe de Ferraz, está na ACO há 7 anos. Participa dos
trabalhos da Comunidade. A ACO ajuda sempre na reflexão de vida
através da RVO; incorpora os grupos de base como uma família. Problemas de saúde estão sendo superados através de sua equipe que está
dando forças para viver. A equipe faz alguma coisa para ajudá-la, até
que um membro da equipe, o Expedido, resolveu doar o seu rim para a
Cléia, dando assim mais um sinal de amor entre os membros. "Mas todas as equipes deram forças para mim financeiramente e
espiritualmente. Agradeço a todos de coração".
ALVINO:
Nasceu no interior de São Paulo, saiu da terra para o Seminário; a
igreja conservadora só ensinava a rezar; era muito acanhado e medroso, não conversava com as pessoas. Veio para São Paulo em 1972;
não tinha consciência de classe; começou a participar dos grupos de
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jovens, nesta época conheceu o Franco, o Pedrão, o Valdeir, o Brito;
participava da JOC, onde conheceu a Cida, hoje sua epsosa. Em 1976
entrou na ACO, onde já entendia como era a verdadeira Classe Operária.
A RVO foi sempre ponto chave de sua vida. A sua família não é só
os de casa, MAS TODOS OS MILITANTES DA ACO; estes sempre
deram apoio. "A participação é muito importante para a vida dos militantes; os Encontros Regionais e Nacionais, sempre fazem crescer interiormente; dão força a todas as Equipes".
MANO:
Trouxe saudações de Companheiras de Igreja e das Mulheres Metalúrgicas para todos. O desafio que encontra: a ligação da fé com a
Classe Trabalhadora; a ACO o orientou nesse sentido. Sente necessidade de ação. Trabalha numa fábrica de auto-peças, uma montadora.
"Os sinais do Reino de Deus estão escondidos em todos os lugares,
principalmente na vida dos trabalhadores".
JULGAR
No JULGAR foi apresentado o 1B de maio como um momento
muito forte de Ressurreição.
O povo trabalhador é que vai fazer a mudança do mundo, talvez
através de um Batismo de Suor e de Sangue. Desenvolver um trabalho
de base na fábrica com mulheres que são sempre marginalizadas.
Nos Sindicatos, os militantes deveriam ter uma melhor preparação.
Senso forte de crítica. Na fábrica 54% das pessoas têm problemas de
audição por causa do barulho. E qual o posicionamento dos militantes
e dos sindicatos?
AGIR
As propostas do AGIR que surgiram á partir desse trabalho são:
• Importância da formação e informação nos regionais;
• Trazer as experiências e outros subsídios para os Encontros;
• Trazer documentos concretos sobre Neo-Liberalismo, Mercosul,
Gica, Santa Fé I e II etc. para passar a todas as equipes;
• Apresentar propostas concretas de apoio aos desempregados e atuar
junto deles;
• Não perder a Dinâmica de formação;
• Combater o Coronelismo Político que compra os votos das pessoas;
• Realizar a formação na ação, no aspecto político;
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•
•
•
•
Fazer sempre RVO;
Lutar contra o individualismo e dominação dos meios-de-comunicação (como fazer campanhas);
Organizar equipes na Cidade de São Paulo;
As equipes devem caminhar com os pés no chão.
COMENTÁRIO DAS CELEBRAÇÕES
Sônia - MG
Podemos definir as Celebrações do Seminário Nacional em Arrozal, como a marca da esperança e compromisso ao Reino de Deus. Elas
confirmaram a fidelidade á classe trabalhadora e a Jesus Cristo provocando engajamento e partilha.
A turma do Nordeste revelou que a paixão de Jesus Cristo foi histórica e continua atual na realidade dos trabalhadores brasileiros; a
Celebração da Paixão viveu passo a passo a luta dos operários oprimidos, explorados e mártires. A consciência e organização popular como
semente libertadora e a fé tão enraizada no nosso povo, que não nos
deixa desanimar jamais. Celebrar a paixão de Jesus com a ACO é reviver o Mistério da Cruz, ter a mesma consciência de Jesus quando ele
doou a sua vida pelos marginalizados, sabendo que ia sofrer muito diante dos poderosos; é ter a coragem de seguir o mesmo caminho em
favor da classe trabalhadora.
O grupo de São Paulo preparou a Celebração da Ressurreição que
foi familiar, dinâmica e enriquecida pelos símbolos do fogo, água,
procissão e até da dança.
Diante da natureza aconchegante de Arrozal e sob o céu estrelado,
fizemos a liturgia do fogo, com preces de perdão e compromisso. Foi
um momento muito real do sofrimento do nosso povo, onde pedimos
perdão pela violência, pelos menores abandonados e pela população
sem casa e sem terra.
Refletimos o Evangelho dos discípulos de Emaús motivados por
um teatro. Revivemos o Deus encarnado no meio dos homens, vencendo a morte e proclamando a vitória do Reino pela Ressurreição. Foi a
força da mensagem da fidelidade de Deus desde a antiga aliança até a
Boa Nova. O Senhor companheiro, solidário e se doando para a Ressurreição plena da sua criação.
Partilhamos em comum a benção da água e depois cada equipe se
comprometeu, através das orações espontâneas para a construção de
uma sociedade mais digna.
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E o momento alto foi a comunhão entre os irmãos, onde aproveitamos para Celebrar a caminhada de 30 anos de ACO. Tivemos o testemunho dos veteranos e novatos em comum-união na doação pelo Movimento e a Cristo. A comunhão nos aproximou mais ainda com a alegria da dança típica do caráter brasileiro. Cristo passou pela paixão da
Cruz, mas venceu pela Ressurreição e a ACO revela a luta pela Libertação dos trabalhadores e alegria nos avanços e união.
Já em nossas comunidades carregamos as lembranças e as marcas
alegres das Celebrações, podemos recordar de cada companheiro a
união, a espontaneidade, a esperança e a força do nosso Movimento
presente e contínuo.
COMPANHEIRAS(OS)
Absalão, de Rancho Fundo NI-RJ
A Páscoa da Ressurreição/92 trouxe para mim uma grande esperança; convidado pela Ação Católica Operária (ACO), acabo de participar de um grande Seminário a nível nacional, cujo tema foi:
"Construir uma Sociedade Nova mantendo fidelidade à classe operária e a Jesus Cristo ".
Com imensa alegria participo a vocês que muito aprendi e sobretudo, que é nosso dever cívico / cristão trabalhar nas bases num comprometimento sólido, com fé e esperança, seja nas Associações de Moradores, Sindicatos, Movimentos de Negros, de Mulheres, de grupos
jovens/adolescentes, de domésticos/lavadeiras, etc. unidos num só objetivo de levarmos a todos a boa nova da LIBERTAÇÃO que já está
acontecendo entre nós e que por causa da repressão do Estado ao longo
dos anos, não percebemos.
Companheiras(os), precisamos ter bem claro em nossa cabeça que
esta Sociedade Nova e igualitária onde não haja mais concentração de
riqueza (que o povo gera) nas mãos de poucos, mas que seja dividida
com justiça e fraternidade através de um trabalho urbano e rural, cuja
divisão de renda venha contemplar de tal modo a cada trabalhador,
possibilitando a todos, saúde e bem-estar social, como moradia
própria, escola, alimentação, lazer, etc. e como diz o canto popular "E
disso que o povo gosta, é isso que o povo quer".
Finalmente Companheiras(os), podemos chamar com absoluta
convicção que isto é: SOCIALISMO! Como afirmei acima, já está
acontecendo e é preciso que tenhamos em mente que só construiremos
uma sociedade justa e fraterna juntos, enquanto houver perspectiva de
socialismo.
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Eis a proposta que adotamos: conhecer a história do nosso país,
ampliar a nossa formação e partir para a luta juntos.
"Uma gota d'água o mormaço vai secar/ ajuntando muitas forma
um rio/ enche o mar".
Obrigado A C O !
Obrigado militantes !
QUESTIONAMENTO DA ACO AO CNL
AÇÃO CATÓLICA OPERÁRIA DO BRASIL, movimento, filiado
a esse Conselho Nacional de Leigos, em pleno gozo dos seus direitos
sociais, que tem sede na rua Van Erven n2 26, Catumbi, Cep. 20.211,
Rio de Janeiro, RJ, por seu representante autorizado, ao final assinado,
irresignado com a decisão tomada pela Assembléia Geral do CNL,
realizada de 14 a 17 de novembro de 1991, vem a V. Exa., para impugnar aquela decisão e, ao mesmo tempo, recorrer contra ela, pelos
motivos, de fato, de interesse social e de direito, que deduz a seguir:
1.
Tratava-se de Assembléia Geral Ordinária, entre cujas finalidades não se inclui a modificação estatutária, somente possível através
de Assembléia Geral Extraordinária, para esse fim, especialmente convocada, por exigir "quorum" especial;
2.
A sessão da Assembléia Geral Ordinária havia sido convocada em 23/10/91 para reunir-se entre os dias 14 a 17 de novembro pp.
entre outros motivos, indevidamente, para: "alteração do Estatuto do
CNL, art. 10 e 23" (item 2. OBJETIVOS: 4S parágrafo).
3.
É indiscutível a autoridade da Assembléia Geral para decidir
sobre qualquer assunto, levado ao Plenário, pois tem poderes, inclusive, para alterar a própria pauta.
4.
Tal poder, entretanto, não chega a alteração estatutária, pois
esta exige Assembléia Extraordinária, "quorum" privilegiado e
convocação específica, vedada a alteração da pauta.
4.1
É exigida a maioria absoluta dos Delegados (art. 9g parágrafo
1- do Estatuto):
- 4 (por regional, sendo dois de CEBS), o que representa 64
delegados.
- 3 (três) delegados por cada organismo filiado (Movimento,
32
ou Pastoral Específica: 34 entidades e 102 delegados).
- 25 (vinte e cinco) membros da Executiva, do Conselho de
Representantes e do Conselho Fiscal, ou 25 delegados.
4.1.1
Daí, que o "quorum" mínimo, para discutir e votar, qualquer
alteração estatutária, é de 97 delegados. Esse "quorum" não foi atingido em nenhuma das votações ocorridas na Assembléia, o que invalida
a decisão tomada, se admitirmos, apenas para argumentar, que a decisão pudesse ser tomada em Assembléia Geral Ordinária.
4.2
Na Assembléia Geral Extraordinária votaram todos os delegados dos organismos filiados, em dia com suas obrigações sociais.
Quem não está em dia, não vota, mas isso não elide o "quorum" privilegiado, previsto no Estatuto.
5.
Após o exposto acima, salta ainda, aos olhos, que não houve
convocação de Assembléia Geral Extraordinária para fazer modificação na competência da Assembléia Geral e, nem para alterar, emendar
ou eliminar incisos do art. 9Q do Estatuto, por isso, a decisão tomado
está mortalmente atingida de ilegalidade, e, não pode prosperar.
6.
Além da ilegalidade, a nova redação do art. IO2 assim como a
alteração do art. 9S "caput", foi uma decisão politicamente incorreta,
pois excluiu os delegados das direções nacionais dos Organismos filiados, de qualquer participação no colegiado do CNL.
7.
A nova redação do art. IO*3, atinge frontalmente os objetivos
do CNL e esvazia a representatividade do Conselho de Representantes,
por que não dizer, do próprio CNL, além de tomar inviáveis as suas
reuniões, em face do custo e do tempo necessário para os inevitáveis
deslocamentos.
7.1
Transforma o CNL em uma federação de regionais, deixando
de ser o polo de articulação dos Movimentos Leigos Católicos, Organismos e Pastorais Específicas, em nível nacional, que foi o que motivou o seu nascimento.
8.
Por outro lado, a redação do parágrafo l2 do art. IO2 que resultou da modificação aprovada, é risível, por que é impossível que
cada CRL, individualmente, elegendo 1 (um) só representante, consiga
contemplar a diversidade de experiências, representada por CEB's,
CRL, Movimentos e Pastorais Específicas. Corre-se o risco de até por
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acidente de percurso, ter um Conselho de Representantes nacional
composto exclusivamente de representantes de pastorais, ou só de
movimentos, ou de CRLS ou até mesmo de CEBS.
Onde está a chave do milagre?
9.
Releva ressaltar, que o estatuto em vigor não autoriza a Assembléia Geral, a interferir na competência dos Conselhos Regionais,
nem a legislar para as Assembléias Gerais dos mesmos.
9.1
Ressalta, ainda, que os Estatutos dos CRLS não são conhecidos dos membros da Assembléia Geral do CNL, que votaram as modificações dos art. 92 e IO2 do Estatuto, além de que, há regionais que
nem mesmo têm Estatuto em consonância com o do CNL, nem personalidade jurídica, por isso, no presente momento, nem, todos os regionais teriam legitimidade para escolher um membro do Conselho de
Representantes.
FACE AO EXPOSTO E CONSIDERANDO:
A) que não foram respeitadas as disposições estatutárias que exigem,
para qualquer modificação do estatuto:
- Assembléia Geral Extraordinária;
- convocação específica, e
- quorum privilegiado;
B) que a Assembléia Geral Ordinária, extrapolou os limites da convocação que não lhe dava poderes para alterar o Estatuto e muito menos
para modificar a sua competência, prevista no art. 99 do Estatuto, por
que para isso não estava convocada;
C) que na Assembléia Geral Ordinária, não houve preocupação pela
condição de voto dos delegados presentes e nem foi respeitado o
"quorum" privilegiado;
D) que o atual Estatuto se encontra legalmente registrado no Cartório
das Pessoas Jurídicas de Brasília, DF, e, portanto, qualquer alteração
só vigorará após devidamente registrada.
REQUER
a) Que a Coordenação do Conselho Nacional de Leigos e a Comissão
Executiva Nacional, se abstenham de promover o registro da alteração
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Estatutária votada na última Assembléia Geral Ordinária,
b) que a próxima Assembléia Geral Ordinária, prevista para Dezembro de 1992, seja convocada nos termos do Estatuto em vigor, legalmente registrado;
b 1) que através do regimento interno da futura assembléia, normatizese o sistema eleitoral, de modo a resolver a dificuldade ocorrida na ultima eleição ocorrida na Assembléia de Goiânia, criando espaço para
que os CRUs, os movimentos e as pastorais específicas, durante a assembléia indiquem pré candidatos para a votação do plenário.
c) que a matéria impugnada, seja submetida a Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada, para a mesma oportunidade da
AGO com a finalidade de estudar propor e/ou aprovar uma ampla reforma dos Estatutos do CNL, podendo se quiser re-ratificar, modificar
ou rever a decisão tomada em 1991.
,
Jd) que este recurso seja recebido com feito suspensivo e dele se de ciência aos membros da Executiva, Conselho de Representantes, Conselho Fiscal, Conselhos Regionais de Leigos e organismos filiados.
Nestes Termos
Pede Deferimento
Rio de Janeiro, 03 de abril de 1992
MARIA ASSUNÇÃO SILVA E SILVA
PELA COORDENAÇÃO NACIONAL DA ACO
PUBLICAÇÕES DA AÇÃO CATÓLICA OPERARIA - ACO
Ai publicações da Ação Católica Operária — ACO, são todal de linguagem simples e do ponto de vista dos trabalhadores. Tem como objetivo a formação de militantes comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna.
Dividiremos nossas publicações em 3 colações para os interessados perceberem
melhor o conteúdo das mesmas:
Coleção Ver, Julgar, Agir pelos 4 lados è luz da Bíblia.
Fazem parte desta coleção:
1. Conhecer as Sociedades (31 pg.) - Explica o método pelos 4 lados.
2. História do Povo da Deus. 1.° volume (180 pg.) - Tem como subtítulo: Introdução para uma leitura da Bíblia.
Mostra a participação dos trabalhadores na organização do povo de Deus no
tempo da Bíblia, desde Abraão até o exflio pelo ano 500 aC.
3/A. História do Povo de Deus. 2.° volume. Abrange o período do exílio até o final
do MacabeUs.
4. Jesus, Sua Terra, Seu Povo, Sua Proposta (112 pg.).
5. Revisão de Vida: Conhecer para Transformar (132 pg.).
UM MOVIMENTO DE CRIANÇAS - Incluímos nesta coleção este livro publicado em conjunto com o MAC (Movimento de Adolescentes e Crianças), porque
segue o mesmo método Ver, Julgar e Agir adaptado para a autoformação de crianças e adolescentes.
2. Coleção Cadernos da História da Classe Operária.
A idéia de se escrever a História da Classe Operária, surgiu no Congresso da
ACO de 1971 em plena ditadura, quando a grande imprensa declarava nunca
ter existido a Ciasse Operária.
• Caderno 1 — Gestação e Nascimento:
de 1 500 a 1888 (50 pg. - 4.a Edição)
• Caderno 2 — Infância Dura
de 1889 a 1919 (104 pg -4? Edição)
• Caderno 3 - Idade Difícil
de 1920 a 1945 (120 pg. - 4.a Edição)
• Caderno 4 — Amadurecimento
de 1945 a 1964 (100 pg. - 2.a Edição)
• Caderno 5 - Resistindo à Ditadura (108 pg - 1.a Edição)
• Caderno 6 - Na redação final,
3 Coleção Documentos da ACO
1. História da ACO (169 pg.) - Conta a História da Ação Católica Operária,
sua resistência frente à ditadura, sua expansão, método e conteúdo.
2. Declaração da Princípios.
3. Regimento Interno.
4. Estatutos Sociais.
Estes livrinhos ajudam a conhecer a ACO.
5. Folhetos para grupos novos, sob o título Missão a Pedagogia da ACO.
6. ASSUMIR - Boletim de formação para militantes da ACO e outros. Sai de
4 em 4 meses. Traz experiências de Base e artigos de orientação operária,
política e de lutas no meio popular. A encomenda pode ser por assinatura
ou número avulso.
7. Cantando Nossa Libertação - Cancioneiro da ACO, com 175 cânticos, dividido em 3 partes: I. Vida e luta do povo; II, Cânticos religiosos; III. Cânticos populares e folclóricos. Mais dois suplementos novos, I e II.
Há 5 fitas gravadas para ensaio dos mesmos.
Comissão Nacional de Publicações da ACO
Para pedidos:
AÇÃO CATÓLICA OPERARIA - ACO
Rua Van Erven, 26 - Catumbi
20211 - Rio da Janeiro - RJ
Fone: (021) 502-2231
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a foto revela a dimensão internacional da classe operária e da aco