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19 mai 2015 O Globo MARCO GRILLO marco. grillo@ oglobo.com. br
Debate aborda história da política no
Rio desde a época do Império
Casa do Saber O GLOBO recebe encontro sobre os 450 anos da cidade
“A sustentação política está no local. No caso do Rio, políticos usaram essa base para impulsionar projetos
nacionais” Saturnino Braga
Ex­prefeito
Um passeio pela história política do Rio foi o tema do terceiro encontro da série promovida pela Casa do
Saber O GLOBO, em homenagem aos 450 anos de fundação da cidade. A historiadora Marly Motta, o
cientista político José Eisenberg e o ex­prefeito Roberto Saturnino Braga participaram do debate, mediado
pelo jornalista Pedro Doria, do GLOBO.
CEZAR LOUREIRO
Mudanças. Da esquerda para a direita, José Eisenberg, Saturnino Braga, Pedro Doria e Marly
Motta: viagem no tempo
Dos tempos do Império até a primeira eleição direta para prefeito — justamente o pleito que elegeu
Saturnino, em 1985 —, várias passagens marcantes foram lembradas. Entre elas, as rupturas que fazem
parte da história do Rio — transferência da capital para Brasília, criação e dissolução do Estado da
Guanabara. A relação íntima com o poder central, que marcou uma grande parte da história da cidade,
criou uma situação de dualidade, na visão dos debatedores. No ambiente em que as decisões referentes
ao país eram tomadas, a política para o povo era sufocada, já que a manutenção da ordem era
fundamental.
— Era uma cidade agitada. Havia manifestações frequentes na Rua do Ouvidor. Também houve a
Revolta da Vacina (em 1904). Mas, ao mesmo tempo, deveria ser a vitrine da República, com as reformas
urbanas do (então prefeito) Pereira Passos. Assim, não podia haver política. Na capital, se administra, se
cuida das finanças, mas não pode haver partidarização ( no entendimento do governo central) — analisou
Marly, doutora em História.
Para José Eisenberg, a transferência da capital do país para Brasília agravou o processo de
esvaziamento político, pois tirou do Rio o papel de protagonista das decisões nacionais.
— O que restou é a política local, provinciana — opinou o autor de “O pensamento político moderno”,
que estendeu a análise para a atualidade. — Os deputados estaduais são indiferenciáveis na maioria das
vezes. O ( Domingos) Brazão foi eleito para o TCE (Tribunal de Contas do Estado) por políticos de quase
todos os espectros ideológicos.
Pedro Doria, colunista e editor­ executivo do GLOBO, acrescentou ao debate uma frase recorrente na
política norte­americana, associada ao ex­deputado Tip O’Neill: “toda política é local”. Marly ratificou a
afirmação.
— Não considero política local miúda, mesquinha, nem divido política em “p” minúsculo e maiúsculo. É
tudo política — disse.
Saturnino Braga, com passagens na prefeitura do Rio, no Senado e na Câmara de Vereadores,
concordou com o pensamento:
— A sustentação política está no local. No caso do Rio, políticos usaram essa base para impulsionar
projetos nacionais.
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