MOTIVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES Carlos Cezar de Mascarenhas Filho1, Fernando Henrique Monteiro Salgado2, Luis Gustavo Santos Baruel3, Wellington Carlos de Lima4, Carlos Cezar de Mascarenhas5 Veris Faculdades – Administração - Rua Laurent Martins 329 - Jardim Esplanada II – CEP: 12242-431 São José dos Campos – São Paulo 3 ¹[email protected], ²[email protected], [email protected], 4 [email protected] 5 Veris Faculdades – Administração - Rua Laurent Martins 329 - Jardim Esplanada II – CEP: 12242-431 São José dos Campos – São Paulo – [email protected] Resumo: Um dos grandes desafios do administrador é motivar as pessoas. Motivação organizacional é o desejo de exercer altos níveis de esforço em busca da satisfação, a qual é obtida pela realização e pelo reconhecimento do trabalho que foi executado. A motivação depende de direção (objetivos), força e intensidade do comportamento (esforço) e duração e persistência (necessidade). Uma necessidade significa uma carência interna da pessoa e que cria um estado de tensão no organismo, desenvolvendo o ciclo motivacional. As teorias relacionadas à motivação procuram dar uma visão das necessidades individuais de cada pessoa e o administrador deve buscar um modelo integrado de motivação que proporcione a capacitação, oportunidades e desafios para um melhor desempenho. Neste contexto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica exploratória em uma empresa prestadora de serviços situada na Região do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo, com o objetivo de verificar os fatores motivacionais e a sua influencia nos trabalhadores. Concluiu-se que as práticas e políticas adotadas pela empresa nos últimos anos não possuem atributos motivacionais e elas contemplam apenas a remuneração pelo trabalho prestado. Palavras-chave: Teorias de motivação; comportamento motivacional. Área do Conhecimento: VI – Ciências Sociais Aplicadas. Introdução Realizou-se a pesquisa em uma empresa do setor de prestação de serviço, envolvendo 600 colaboradores de diversos níveis de instrução e remuneração, e concluiu-se que a falta de motivação dos trabalhadores é devida por vários fatores, entretanto os que mais se destacaram na pesquisa foram: não conhecem os objetivos organizacionais da empresa; e não possuem plano de carreira. A palavra motivação, segundo Maximiano (1995) (derivada do latim motivus, movere, que significa mover) indica o processo pelo qual um conjunto de razões ou motivos explica, induz, incentiva, estimula ou provoca algum tipo de ação ou comportamento humano. Observou-se em algumas pesquisas que a motivação é um traço pessoal da personalidade humana que algumas pessoas possuem e outras não, uma outra perspectiva é que as pessoas com baixa motivação são preguiçosas e indolentes. O conhecimento atual a respeito da motivação demonstra que essas pressuposições são errôneas. A motivação funciona como o resultado da interação entre o individuo e a situação que o envolve. A conclusão é que o nível de motivação varia entre as pessoas e dentro de uma mesma pessoa através de tempo. Além das diferenças individuais, existem as variações no mesmo individuo em função do momento e da situação. Esta pesquisa tem o objetivo de verificar os fatores motivacionais e a sua influencia nos trabalhadores. Assim, a motivação é o desejo de exercer altos níveis de esforço em direção a determinados objetivos organizacionais, condicionados pela capacidade de satisfazer algumas necessidades individuais. Materiais e Métodos Utilizou-se a pesquisa exploratória através de questionários que foram respondidos por 520 trabalhadores da empresa prestadora de serviços, buscando identificar quais são as variáveis que implicam a falta de motivação dos trabalhadores. Para Andrade (2003) a pesquisa exploratória é o primeiro passo de todo o trabalho científico. São finalidades de uma pesquisa exploratória, sobretudo quando bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação de um tema de trabalho; XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho que se tem em mente. Motivação Segundo Chiavenato (2004) a motivação esta relacionada com três aspectos: - A direção do comportamento (objetivo); - A força e a intensidade do comportamento (esforço); e - A duração e persistência do comportamento (necessidade). Os três elementos fundamentais na nossa definição de motivação são: objetivos organizacionais, esforço e necessidade individuais. Quando uma pessoa esta motivada, ela tenta trabalhar mais arduamente. Contudo, altos níveis de esforço nem sempre conduzem a um desempenho ou resultado favorável, a menos que o esforço seja canalizado na direção que possa beneficiar a organização. Assim, deve-se considerar a direção do esforço tanto quanto a sua intensidade. O esforço bem direcionado e consistente com o objeto organizacional a alcançar é o tipo de esforço que se deseja. Finalmente, a motivação é um continuo processo de satisfação de necessidades individuais. Se não houvesse necessidades individuais, muito provavelmente não estaríamos falando sobre motivação humana. (CHIAVENATO – 2004) Uma necessidade significa uma carência interna da pessoa, como fome, insegurança, solidão etc. O organismo se caracteriza por um estado de equilíbrio. Esse equilíbrio é rompido toda vez que surge uma necessidade. A necessidade é um estado interno que, quando não satisfeita, cria tensão e estimula algum impulso dentro do individuo para reduzi-la ou atenuá-la. O impulso gera um comportamento de busca e pesquisa para localizar objetivos que, se atingidos, satisfarão a necessidade e produzirá redução da tensão. Esse é o chamado ciclo motivacional: uma seqüência de eventos que vão desde a carência de uma necessidade até a sua satisfação e retorno ao estado anterior de equilíbrio. Assim, pode-se dizer que funcionários motivados estão sempre em estado de tensão. Pra reduzir essa tensão, eles exercem esforços. E esperam alcançar algo. (CHIAVENATO – 2004) Quanto maior a tensão, maior o nível de esforço. Se o esforço é direcionado e bem sucedido, ele conduz a satisfação da necessidade e a tensão é reduzida. Como O interesse do presente artigo é voltado ao comportamento de trabalho, essa redução da tensão deve ser direcionada simultaneamente para os objetivos organizacionais e para os objetivos individuais. É imprescindível que os requisitos das necessidades individuais da pessoa sejam compatíveis e consistentes com os objetivos organizacionais. Quando existem congruências entre os objetivos organizacionais e objetivos individuais, as pessoas se dispõem a exercer elevados níveis de esforço para atender aos interesses da organização e, simultaneamente, atender aos seus próprios interesses. Por outro lado, segundo Chiavenato (2004) um funcionário que somente pensa em alcançar as metas de trabalho estará aplicando um esforço pessoa, mas totalmente improdutivo para seus próprios interesses. No primeiro caso, a organização perde, no segundo, o funcionário perde. Consta na maioria das teorias os itens relacionados ao reconhecimento, responsabilidade, fisiológicas, realização, socialização, materiais e poder. (BERGAMINI – 1997) As teorias do processo motivacional podem ser classificadas em duas abordagens diferentes. De um lado, as teorias de conteúdo que se relacionam principalmente com aquilo que está dentro de um individuo e que energiza ou sustenta o seu comportamento. Estas segundo Chiaventato (2004) proporcionam uma visão geral das necessidades humanas e ajudam o administrador a entender o que as pessoas desejam ou o que satisfará as suas necessidades. Na realidade, são teorias estáticas e descritivas na figura1: Recompensas Intrínsecas ou Extrínsecas Neces sidade nãosatisfei ta (carên cia) Tensão Impulso Compo rtamen to dirigid o para a meta Satisfa ção da necessi dade Reduç ão da Tensão Retroação Figura 1- Fases do Processo Fonte: Chiavenato, (2000) De outro lado, estão as teorias de processo, que oferecem uma alternativa mais dinâmica, pois proporcionam uma compreensão dos processos cognitivos ou de pensamento das pessoas, e que XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 influenciam o seu comportamento. (CHIAVENATO – 2004) Deve destacar que o processo de motivação é responsável pela determinação, orientação e conduta na busca de uma pessoa alcançar um determinado objetivo. (ROBBINS – 2000) Teorias de Conteúdo da Motivação Existem duas teorias de conteúdo que, apesar de serem questionadas em termos de validade, constituem ainda a melhor maneira de explicar a motivação das pessoas. Uma delas é a hierarquia das necessidades humanas e a outra é a teoria motivação-higiene. Ambas segundo Chiavenato (2004) constituem o fundamento das teorias contemporâneas. Teoria da hierarquia das necessidades A teoria da hierarquia das necessidades apresentada por Maslow é a mais conhecida de todas as teorias a respeito da motivação humana. Segundo Daft (1996) a hipótese básica é que, em cada pessoa, existe uma hierarquia de cinco necessidades humanas: -Necessidades fisiológicas: incluem fome, sede, sono, sexo e outras necessidades corporais. São as necessidades básicas de sobrevivência biológica. -Necessidades de segurança: incluem segurança e proteção contar ameaça ou perigo físico e emocional. Buscam assegurar a estabilidade das pessoas. -Necessidades sociais: incluem afeição, filiação, aceitação social e amizade. Envolvem a necessidade de amor, de pertencer e de relacionamento humano. -Necessidades de estima: incluem fatores internos de estima, como auto-respeito, autonomia, senso de competência; e fatores externos de estima, como status, reconhecimento, prestigio, atenção e consideração. -Necessidades de auto-realização: é a necessidade mais elevada do ser humano. Constitui o impulso de ser aquilo que é capaz de ser e de maximizar as aptidões e capacidades potenciais. Incluem crescimento pessoal e o alcance da plena potencialidade da pessoa. As necessidades humanas estão arranjadas em uma hierarquia, de modo que, quando uma necessidade é relativamente satisfeita, a próxima necessidade mais elevada torna-se dominante no comportamento da pessoa. As necessidades mais altas somente influenciam o comportamento quando as necessidades mais baixas estão relativamente satisfeitas. O primeiro passo para se motivar uma pessoa é conhecer qual é o nível da hierarquia que ele está focalizando para poder satisfazer aquela necessidade ou carência especifica. (RODRIGUEZ – 2004) Na realidade, existem duas classes de necessidades: as necessidades de baixo nível, como as fisiológicas e de segurança, e as necessidades de alto nível, como as necessidades sociais, de estima e de auto-realização. A diferença entre as duas classes se baseia na premissa de que as necessidades mais elevadas são satisfeitas internamente (dentro da pessoa), enquanto as de baixo nível são satisfeitas externamente (através da remuneração, contratos de trabalho, relacionamento pessoal ou profissional etc.). (DAFT – 1996) Apesar de ser uma teoria empírica e sem base cientifica relevante, a teoria de Maslow teve ampla aceitação entre os administradores devido a sua lógica intuitiva e facilidade de compreensão. (CHIAVENATO – 2004) Teoria dos dois fatores A teoria dos dois fatores, proposta por Frederick Herzberg trata da motivação para o trabalho e é também chamada de teoria dos fatores higiênicos e motivacionais ou teoria da higiene-motivação. (CHIAVENATO – 2004) Herzberg destaca em sua obra por ser defensor da motivação intrínseca, e denota em seu trabalho as limitações sobre as recompensas e castigos que são externos. (VROOM – 1997) Os fatores de motivação são divididos em higiênicos e motivadores, sendo que o primeiro está relacionado com os benefícios oferecidos pela empresa, como a forma de relacionamento com as chefias e superiores, o ambiente de trabalho, benefícios sociais, salários e outros, são pontos que levam os funcionários a insatisfação caso estejam apropriados. Enquanto os motivadores estão intimamente ligados ao cargo ocupado pelo funcionário, esta relacionado ao reconhecimento e valorização, responsabilidade e realização que pode levar ou não a uma situação de satisfação. (PONTES – 2005) Fatores Higiênicos e Motivacionais Segundo Pontes (2005) a teoria dos dois fatores são dividas nos seguintes itens: Fatores higiênicos ou insatisfacientes Estão associados com o contexto do trabalho, ou seja, com aqueles aspectos relacionados com o ambiente de trabalho. A insatisfação está ligada mais com o ambiente no qual a pessoa trabalha do que com a natureza do trabalho em si. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 Os fatores higiênicos envolvem: salário, políticas e diretrizes da organização, estilo de supervisão, condições ambientais de trabalho, segurança no emprego e relações com o superior, com os colegas e com os subordinados. Estão relacionados com as fontes de insatisfação no trabalho. confirmação cientifica, surgiram varias outras teorias contemporâneas com algo em comum: um certo grau de validade cientifica. Isso não significa que elas sejam perfeitamente corretas, mas constituem o estado atual da arte a respeito da motivação das pessoas. Conclusão Fatores motivacionais ou satisfacientes Estão relacionados com o conteúdo do trabalho. Envolvem: o trabalho em si, responsabilidade, crescimento e progresso e realização pessoal. Estão relacionados com as fontes de satisfação no trabalho. Para Herzberg, a satisfação no trabalho não é um conceito unidimensional que varia do sim ou não. Suas conclusões indicam que satisfação e insatisfação são conceitos bidimensionais representados por dois contínuos independentes, como mostra a figura. (ROBBINS – 2000) Insatisfação (-) FATORES HIGIÊNICOS (INSATISFACIENTES) Não -Insatisfação (+) Figura 2 – Fatores Higiênicos Fonte: Chiavenato, (2004) A teoria dos dois fatores é criticada por basear-se em uma pesquisa em uma pequena amostra e fazer generalizações a partir dela. Em segundo lugar, o trabalho de Herzberg simplifica demais a natureza da satisfação no trabalho, quando a satisfação ou insatisfação pode residir no contexto ou em ambos ao mesmo tempo. (CHIAVENATO – 2004) Além disso, certas dimensões, como responsabilidade e reconhecimento, são mais importantes para a satisfação/insatisfação do que outras dimensões, como condições de trabalho, políticas e praticas da empresa ou condições de segurança. (NAKAMURA – 2005) Na realidade o modelo de Herzberg está voltado para o comportamento no trabalho e pode ser facilmente utilizado pelo administrador. Seu impacto na prática administrativa não deve ser subestimado, e muitas de suas aplicações são úteis para o administrador, independentemente de sua validade cientifica. É uma teoria dos determinantes da satisfação no emprego e não propriamente uma teoria da motivação. (CHIAVENATO – 2004) As teorias de Maslow e Herzberg sobre motivação proporcionam um arcabouço que permite ao administrador uma aplicação pratica no seu quotidiano. Como ambas carecem de Mesmo não havendo uma única teoria que explique as práticas motivacionais, conclui-se que todas as práticas e políticas de motivação abordadas pelas organizações nos últimos anos possuem um ou mais dos atributos relacionados a contemplação das necessidades humanas ou não, relacionados às diversas teorias de motivação e nos diversos campos que as estudaram, seja no da psicanálise, da educação ou organizacional, demonstrando com isso, a importância de retomarmos a temática da motivação, podendo servir de referência para pesquisas futuras ou em andamento, vinculados ao tema abordado. Referências BERGAMINI, C. W. Motivação nas organizações. Quarta Edição, 4. edição, São Paulo: Atlas, 1997. - CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos. 2. Edição. Rio de Janeiro: Campus, 2004. - DAFT, R. L. Administração. Quarta Edição, Editora LTC, São Paulo, 1996. MAXIMIANO A.C.A. Introdução administração. 4ª ed. São Paulo: Atlas.1995. à - NAKAMURA, C.C. et al. Motivação no Trabalho. Maringa Management: Revista de Ciências Empresariais, v. 2, n.1, p. 20-25, jan./jun. 2005. - PONTES, Benedito Rodrigues. Administração de Cargos e Salários.11. Edição, São Paulo: LTR Editora, 2005. ROBBINS, Stephen P..Administração Mudanças e Perspectivas. 1. Edição. São Paulo: Saraiva, 2000. - RODRIGUEZ, M et all. Liderança e Motivação, Ed. Harvard Busines Review, 2004. - VROOM, V. H.. Gestão de pessoas, não de pessoal. 11. Edição, Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4