Excelentíssima Srª Desembargadora Socorro Guimarães, em nome de quem cumprimento todos os Membros desta Egrégia Corte. Inicialmente quero agradecer a Deus, por mais um momento especial em minha vida. À minha família, minha esposa Lucinéris, minhas filhas Carina e Sabrina e meu filho Francisco Vitor, pelo incentivo, paciência e compreensão pelo tempo furtado do convívio familiar, e empregado no trabalho e viagens constantes. Que de agora e por estes próximos dois anos tendem a crescer, em detrimento do revigorante convívio familiar, a força que vem de Deus, de Nossa Senhora e de vocês me faz seguir em frente. Obrigado. Vinte e seis anos se passaram desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, constituição esta que elegeu como princípios fundamentais da República Federativa do Brasil a Dignidade da Pessoa Humana e os valores sociais do Trabalho. A Carta Magna também elencou como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil Construir uma sociedade livre justa e solidária, reduzindo as desigualdades sociais. Disse ainda que o trabalho é um direito social de todo cidadão que resida no País, atribuindo aos trabalhadores urbanos e rurais o rol de direitos elencados no art. 7º. E nesta linha, disse ainda que a ordem econômica, fundada na valorização social do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. Como podemos observar nestes excertos da Constituição Federal, o Trabalho Humano prevalece como valor fundante de nossa sociedade. É neste contexto de busca pela efetivação dos direitos sociais constitucionalmente assegurados aos trabalhadores que atua a Justiça do Trabalho, e nos Estados de Rondônia e Acre o Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região. Nos vídeos e fotos que estavam passando antes do início da solenidade de posse os senhores puderam ver situações de trabalhadores submetidos a condições análogas à de escravo nos Estados do Pará, Rondônia e Mato Grosso, realidade esta mais próxima do que se imagina, haja vista a imensa quantidade de trabalhadores resgatados de condições análogas à de escravo pelos Grupos Móveis de Fiscalizações do Trabalho Escravo. Também observamos na campanha levada a efeito pelo TST sobre o trabalho seguro, que os acidentes de trabalho, se atuarmos preventivamente, podem ser evitados. Estes dois exemplos, o de trabalho em condições análogas à de escravo e o referente a acidentes de trabalho, nos mostram o quanto ainda temos de avançar para garantir ao trabalhador brasileiro a tão sonhada existência digna. É no dia a dia das Varas do Trabalho e do Tribunal, que temos contato com a grande quantidade de processos de trabalhadores que foram vítimas de acidentes de trabalho e procuram a reparação pelas lesões sofridas enquanto buscavam o sustento seu e de seus familiares. Não é natural que uma pessoa que saia de casa para ir trabalhar retorne acidentado, ou por vezes, sendo vítima de acidente fatal, nem retorne. É uníssona a preocupação dos Membros do TRT da 14ª Região com a imensa quantidade de processos que tratam de reparação em decorrência de acidentes de trabalho. Não basta o ajuizamento de uma ação para buscar uma indenização para a vítima ou para seus dependentes. Toda a Sociedade Brasileira é afetada nesta situação com as consequências nefastas de um acidente, na maioria das vezes evitável. É necessário avançamos para que se evite a ocorrência dos acidentes, e neste ponto, a Justiça do Trabalho pode e deve ser útil, dando a resposta célere e adequada, principalmente nas ações civis públicas propostas pelo Ministério Público do Trabalho, hoje, praticamente o único meio utilizado para tentar coibir esta máquina de produção de acidentes. Infelizmente se da mais importância à produção do que a segurança, e porque não dizer à vida. É para coibir situações como as aqui faladas, que existe a Justiça do Trabalho e o TRT da 14ª Região, que com suas 32 Varas do Trabalho alcança todos os Municípios dos Estados de Rondônia e Acre. E nesta administração que se inicia, teremos por objetivo aparelhar todas as unidades do TRT para que possam prestar o melhor serviço possível para os jurisdicionados dos Estados de Rondônia e Acre. Sabemos que são muitas as dificuldades a serem enfrentadas, dentre elas destaco a consolidação do Processo Judicial Eletrônico, que já é realidade em todas as Varas do TRT 14. Há dificuldades em nosso quadro de servidores, que não é o suficiente para atender a toda a demanda, mas na impossibilidade de acréscimo, temos de capacitar nossos servidores, que são o maior capital do Tribunal, e todo o esforço será feito neste sentido. Será dada prioridade a ampliação das instalações físicas das unidades que ainda não foram adequadas a demanda atual, como o Fórum de Rio Branco, cuja ampliação já esta prevista no Orçamento da União de 2015. A Ação Civil Pública, por ser um dos principais instrumentos de efetivação dos direitos Sociais, e nacionalmente reconhecida pelo CNJ, que estabeleceu como meta para o Judiciário julgar com prioridade as ações civis públicas, merecem especial atenção, e como tal será objeto de acompanhamento, fornecendo-se os meios para que os Magistrados possam efetivamente implementar a prioridade desejada em seu julgamento. Toda a administração estará voltada para apoiar a atividade fim, as Varas do Trabalho e Gabinetes dos Desembargadores, para que estes possam alcançar com celeridade, eficiência e eficácia a entrega da prestação jurisdicional. Com este objetivo, já nos primeiros dias estarei pessoalmente em todas as Varas do Trabalho para verificar as dificuldades enfrentadas, e procurar as soluções possíveis, para que tenhamos todas as Varas com plena condições de prestar o melhor serviço ao cidadão. Ressalto a importância das parcerias institucionais, que serão fortalecidas nos Estados de Rondônia e Acre, pois a efetivação dos direitos sociais não são atribuições de uma única instituição, e a atuação em conjunto multiplica os efeitos das ações, sendo que muitos são os desafios a serem superados, a erradicação do trabalho escravo, a discriminação no trabalho, o meio ambiente do trabalho inadequado, a erradicação do trabalho infantil, dentre outros. Para a Administração, o Norte já nos é dado pelo Planejamento Estratégico do Tribunal, aprovado pelo Pleno do TRT, e contando com a valorosa experiência de meus pares, e do Vice-Presidente recém empossado, Desembargador Ilson Pequeno Júnior, que encerra uma profícua administração, esperamos manter o caminho de superação de desafios que o TRT 14 vem conseguindo. Conforme já é de notório conhecimento de todos, a Justiça do Trabalho da 14ª Região hoje transita com sólida confiabilidade entre a sociedade e seus jurisdicionados, tendo conquistado significativo e reiterado emblema de destaque no cenário nacional, sob os auspícios da transparência pública, da impessoalidade, da prestação jurisdicional célere e vigorosa, com enfoque essencial no desdobramento e efetiva aplicação do planejamento estratégico participativo, envolvendo de forma profícua magistrados, servidores, sindicatos, associações de classe, advogados e os próprios cidadãos que dela necessitam e se socorrem. É justamente nessa atual quadra, portanto, que não mais devemos conceber uma Justiça do Trabalho inerte, circunscrita tão somente à singela resolução da demanda judicial, desprovida de ações proativas e mesmo pedagógicas, preventivas e informativas. Incumbe-se, pois, como medida de rigor, a plena disseminação e massificação das informações básicas àqueles que ingressam ou mesmo já se situam no mercado de trabalho. E aqui peço vênia para referir-me, notadamente, à classe trabalhadora mais humilde, aquela que carece sobremodo do aparato institucional. Àquele cidadão que, sem a cautela mínima de ponderação, se desloca de sua longínqua terra natal, muitas vezes sob a influência de vãs promessas, para submeter-se a exaurientes e insuportáveis jornadas de trabalho, que lhe reduz a condição humana ao nível mais crítico de mínima civilidade e respeito. Os esforços dessa Justiça obreira no norte do Brasil devem sem dúvida se pautar nessas premissas, jamais olvidando do trabalhador hipossuficiente, e de sorte a patrocinar diuturnamente a dignidade humana. Muito temos feito, e os números comprobatórios nesse sentido estão em demasia evidenciados em nossa página eletrônica. Mas a dinâmica da vida nos desafia a prosseguir sem hesitar, com base nos princípios e propósitos institucionais que inspiram esta Justiça Especializada, contando sempre com as experiências e vitórias já conquistadas e com vistas no firme propósito de bem servir o próximo e a sociedade como um todo, para que ao fim, consigamos alcançar a tão sonhada justiça social. Como dito pelo Papa Francisco: “ A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isso basta para o caminho.” Sigamos o caminho com fé. Obrigado.