O PRÉ-MODERNISMO NO BRASL Pré-Modernismo Localização: Não constitui uma escola literária, mas um período de transição para o Modernismo. Vanguardas Européias Realismo Naturalismo PréModernismo Modernismo Parnasianismo 1902 Simbolismo Os Sertões Canaã Palmito 1922 Semana de Arte Moderna Pré-Modernismo Uma Radiografia Crítica do Brasil No geral, o Pré-Modernismo é uma literatura de Crítica Social. Desmistifica o romantismo e seu Nacionalismo Ufanista. Mostra o Brasil real, com seus Conflitos Político-Sociais. Portanto, um Nacionalismo Crítico-Amargo. “Precisamos descobrir o Brasil! Escondido atrás das florestas, Com a água dos rios no meio, O Brasil está domindo, coitado!” Carlos Drummond de Andrade Palmito Pré-Modernismo Que Brasil é este? É o Brasil desigual... Urbano Rural civilizado politizado refinado Anacrônico Brutalizado Fanatizado Tema de Euclides da Cunha Palmito Pré-Modernismo O Brasil Caipira anacrônico inerme analfabeto obtuso Tema de Monteiro Lobato Urupês (Jeca Tatu) Cidades Mortas Palmito Pré-Modernismo O Brasil da Marginalização Urbana O negro O funcionário público Lima Barreto Os alcoólatras Subúrbio Palmito CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto foram os presidentes militares do período inicial da História Republicana do Brasil, denominado “República da Espada”. Substituição da “República da espada” (governos Marechal Deodoro e do Marechal Floriano) pela “República do café-comleite”; Auge da economia cafeeira no Sudeste; Entrada de grandes levas de imigrantes (notadamente os italianos) no país; Esplendor da Amazônia, com o ciclo da borracha Surto da urbanização de São Paulo; Revolta de Canudos, na Bahia; Tempo do cangaço no sertão, com a figura lendária de LAMPIÃO; Conflitos no Ceará, que tiveram como figura central o padre Cícero; Em 1934 morria em Juazeiro do Norte um "messias", também perseguido pela Igreja Católica, porém, ao contrário de Antonio Conselheiro, o Padre Cícero Romão Batista era um aliado dos coronéis do Vale do Cariri, que a partir de 1912 lutaram contra a política de intervenções do governo federal e derrubaram o governador Franco Rabelo. Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, o “Almirante Negro”; As classes trabalhadoras, lideradas por anarquistas, iniciavam movimentos grevistas em São Paulo. Manifestação operária em S.P. ocorrida em 1917 Cinco dias após a aprovação da lei, é criada a Liga Contra a Vacinação Obrigatória. O medo de morrer por causa da vacina não é o único motivo que inflama o povo. Os agentes de saúde teimam em inocular as mulheres na perna, o que é considerado um atentado sério ao pudor. O decreto que regulamenta a vacinação obrigatória vaza para a imprensa e é publicado num jornal em 9 de novembro. No dia seguinte, 10 de novembro de 1904, a tensão finalmente explode. MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS O ESTILO ART NOUVEAU (ARTE NOVA), EMPREGADO POR MUITOS ESTUDIOSOS, É UMA REAÇÃO À IMITAÇÃO DO ESTILO GÓTICO E DO RENASCENTISTA ALBERTO NEPOMUCENO INTRODUZ OS MODERNOS COMPOSITORES ERUDITOS EUROPEUS NO BRASIL A MÚSICA POPULAR (MAXIXE, MODINHA E TOADA) COMEÇA A SER OUVIDA NOS SALÕES ELEGANTES O mais importante centro de divulgação da música popular carioca da virada do século era o teatro de revista, ou revista de ano, palco canalizador das novas composições populares e de lançamento das músicas carnavalescas – só perdendo este status com o advento do disco e do rádio. O CARNAVAL COMEÇA A SE FIRMAR COMO A PRINCIPAL FESTA POPULAR DO RIO DE JANEIRO “Ó ABRE ALAS QUE EU QUERO PASSAR Ó ABRE ALAS QUE EU QUERO PASSAR EU SOU DA LIRA NÃO POSSO NEGAR Ó ABRE ALAS QUE EU QUERO PASSAR Ó ABRE ALAS QUE EU QUERO PASSAR ROSA DE OURO É QUEM VAI GANHAR” Chiquinha Gonzaga - 1991 CARACTERÍSTICAS DO PRÉMODERNISMO RUPTURA COM O PASSADO DENÚNCIA DA REALIDADE BRASILEIRA REGIONALISMO TIPOS HUMANOS MARGINALIZADOS LIGAÇÃO COM FATOS POLÍTICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS CONTEMPORÂNEOS PRINCIPAIS OBRAS E REPRESENTANTES OS SERTÕES, de Euclides da Cunha (relato sobre a Guerra de Canudos) Linguagem cientificista Teorias deterministas (o homem é fruto do meio em que vive) Obra dividida em três partes : A terra O homem A luta Igreja do Bom Jesus ou Nova, arrasada pela artilharia expedicionária. Como trincheira, cairá somente dias antes do término da guerra. O Conselheiro exumado após 13 dias do sepultamento. CIDADES MORTAS e URUPÊS, DE MONTEIRO LOBATO PASSAGEM DO CAFÉ PELO VALE DO PARAÍBA PAULISTA. LINGUAGEM PRÓXIMA DA COLOQUIAL PRESENÇA DO CAIPIRA PAULISTA (JECA TATU) TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA, DE LIMA BARRETO RETRATO DO GOVERNO DE FLORIANO PEIXOTO E DA REVOLTA DA ARMADA LINGUAGEM PRÓXIMA DA LÍNGUA FALADA DA ÉPOCA PERSONAGENS MARGINALIZADOS, IGNORANTES E OPRIMIDOS EU, de AUGUSTO DOS ANJOS Linguagem cientificistanaturalista Emprego de palavras não-poéticas Pessimismo e angústia em face dos problemas e distúrbios pessoais A esperança A Esperança não murcha, ela não cansa, Também como ela não sucumbe a Crença. Vão-se sonhos nas asas da Descrença, Voltam sonhos nas asas da Esperança. Muita gente infeliz assim não pensa; No entanto o mundo é uma ilusão completa, E não é a Esperança por sentença Este laço que ao mundo nos manieta? Mocidade, portanto, ergue o teu grito, Sirva-te a crença de fanal bendito, Salve-te a glória no futuro - avança! E eu, que vivo atrelado ao desalento, Também espero o fim do meu tormento, Na voz da morte a me bradar: descansa! Hino à dor Dor, saúde dos seres que se fanam, Riqueza da alma, psíquico tesouro, Alegria das glândulas do choro De onde todas as lágrimas emanam.. És suprema! Os meus átomos se ufanam De pertencer-te, oh! Dor, ancoradouro Dos desgraçados, sol do cérebro, ouro De que as próprias desgraças se engalanam! Sou teu amante! Ardo em teu corpo abstrato. Com os corpúsculos mágicos do tacto Prendo a orquestra de chamas que executas... E, assim, sem convulsão que me alvorece, Minha maior ventura é estar de posse De tuas claridades absolutas! Versos Íntimos Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija! Psicologia de um vencido Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundíssimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme — este operário das ruínas — Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há-de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra! FONTES PEREIRA & PELACHIN, Helena Bonito e Marcia Maisa. Português Na trama do texto. Ensino Médio. Ed. FTD TERRA, ERNANI. Português para o Ensino Médio. Vol. Único. Ed. Scipione www. Google.com.br Exercícios sobre pré-modernismo EXERCÍCIOS CESPE - PAS 3 (2007-2009) Texto I Grande homem pelo avesso, Antônio Conselheiro era o profeta, o emissário das alturas, transfigurado por ilapso [por influência divina] estupendo, mas adstrito a todas as contingências humanas, passível do sofrimento e da morte, e tendo uma função exclusiva: apontar aos pecadores o caminho da salvação. Satisfez-se sempre com este papel de delegado dos céus. Não foi além. Era o servo jungido à tarefa dura; e lá se foi, caminho dos sertões bravios, largo tempo, arrastando a carcaça claudicante, arrebatado por aquela ideia fixa, mas de algum modo lúcido em todos os atos, impressionando pela firmeza nunca abalada e seguindo para um objetivo fixo com finalidade irresistível. A sua frágil consciência oscilava em torno dessa posição média, expressa pela linha ideal que Maudsley lamenta não se poder traçar entre o bom senso e a insânia. Parou aí indefinidamente, nas fronteiras oscilantes da loucura, nessa zona mental onde se confundem facínoras e heróis, reformadores brilhantes e aleijões tacanhos, e se acotovelam gênios e degenerados. Não a transpôs. Recalcado pela disciplina vigorosa de uma sociedade culta, a sua neurose explodiria na revolta, o seu misticismo comprimido esmagaria a razão. Pregava contra a República; é certo. O antagonismo era inevitável. Era um derivativo à exacerbação mística; uma variante forçada ao delírio religioso. Mas não traduzia o mais pálido intuito político: o jagunço é tão inapto para apreender a forma republicana como a monárquico-constitucional. Ambas lhe são abstrações inacessíveis. É espontaneamente adversário de ambas. Está na fase evolutiva em que só é conceptível o império de um chefe sacerdotal ou guerreiro. Insistamos sobre esta verdade: a guerra de Canudos foi um refluxo em nossa história. Euclides da Cunha. Os sertões: campanha de Canudos. Rio de Janeiro: F. Alves, 1987, p.103-4 e 137 (com adaptações). Texto II Euclides da Cunha, em Os Sertões, privilegia uma figura que reúne duas forças contraditórias e desvela a incapacidade raciocinante de encontrar uma síntese entre elas. Por exemplo, a seu ver, Antônio Conselheiro era, ao mesmo tempo, um grande homem, como líder, porém um degenerado, como encarnação das piores potencialidades presentes nos mestiços. Como resolver tal dilema no âmbito do discurso? Empregando a figura da antítese, em que dois opostos são violentamente aproximados, ou sua forma mais extremada, que é a figura do oxímoro. Isto é, resolvendo o problema não no âmbito do raciocínio, mas naquele da literatura. Assim, Antônio Conselheiro, diz ele, era tão extraordinário que cabia igualmente na História e no hospício. Louco obscuro ou personagem heróica exemplar acabam sendo a mesma coisa. Mais do que adornos do texto, os oxímoros famosos são os significantes de uma dificuldade real. Walnice Nogueira Galvão. Introdução. In: Euclides da Cunha. Os sertões: campanha de Canudos. Rio de Janeiro: F. Alves, 1987, p. 9-10 (com adaptações). Focalizando o trecho extraído de Os Sertões (texto I), obra de maior destaque de Euclides da Cunha, e o comentário acerca dessa obra (texto II), julgue os itens a seguir. 41 As assertivas críticas do texto II podem ser comprovadas pelo que está expresso literariamente no texto I. 42 Da leitura dos textos I e II, infere-se que o ponto de vista de Euclides da Cunha acerca do personagem Antônio Conselheiro é tendencioso, linear-estático e parcial, o que revela a influência do positivismo na obra desse autor. 44 O texto I, de acordo com os ideais estéticos do pré-modernismo, revela-se como discurso jornalístico, científico e sociológico, desvinculado da linguagem literária. 45 A abordagem de Euclides da Cunha acerca do sertão é mais realista e menos otimista que a dos autores regionalistas românticos, que se calcavam no ufanismo patriótico e na idealização do sertanejo. Focalizando o trecho extraído de Os Sertões (texto I), obra de maior destaque de Euclides da Cunha, e o comentário acerca dessa obra (texto II), julgue os itens a seguir. 41 As assertivas críticas do texto II podem ser comprovadas pelo que está expresso literariamente no texto I. C 42 Da leitura dos textos I e II, infere-se que o ponto de vista de Euclides da Cunha acerca do personagem Antônio Conselheiro é tendencioso, linear-estático e parcial, o que revela a influência do positivismo na obra desse autor. E 44 O texto I, de acordo com os ideais estéticos do pré-modernismo, revela-se como discurso jornalístico, científico e sociológico, desvinculado da linguagem literária. E 45 A abordagem de Euclides da Cunha acerca do sertão é mais realista e menos otimista que a dos autores regionalistas românticos, que se calcavam no ufanismo patriótico e na idealização do sertanejo. C (ENEM 2012) QUESTÃO 124 Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções. A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete. BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011. O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que A) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país. B) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano. C) a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica. D) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardarse em seu gabinete. E) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor. O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que A) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país. B) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano. C) a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica. D) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardarse em seu gabinete. E) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.