- Questões gerais sobre
PRÉ-MODERNISMO
Os muitos aspectos que definem a identidade
literária do Brasil nas primeiras duas décadas
do século XX estão atrelados, ao mesmo
tempo, a tendências do passado e fortes
marcas inovadoras que seriam intensificadas
nas décadas seguintes, no Modernismo
brasileiro e, principalmente, entre os
romancistas modernos do país que começam
a produzir na década de 30.
Nesses diversos eixos, encontramos, por exemplo...
• Lima Barreto
- Autor de vertente realista, próximo de Machado
de Assis, que trata de elaborar reflexões sobre o
Brasil contemporâneo quanto à questão política e
as relações sociais, onde emerge, por exemplo, a
crítica ao nacionalismo ufanista e ao preconceito
racial
Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909)
Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911)
• Simões Lopes Neto
-Figura ímpar da mais forte
tendência do Pré-modernismo:
a TENDÊNCIA REGIONALISTA
Contos Gauchescos (1912)
Lendas do Sul (1913)
• Augusto dos Anjos
-O grande poeta do
período; conjuga
influências diversas
(poesias romântica,
parnasiana e
simbolista fundidas
com a prosa
naturalista) a fim de
produzir uma das
manifestações mais
originais da poesia
brasileira e mundial.
Eu (1912)
• Euclides da Cunha (1866-1909)
Os Sertões
A obra de Euclides da Cunha – em especial Os Sertões –
representa uma extraordinária virada em nossa história
cultural na medida em que destrói toda a visão ufanista que
marcava as interpretações do interior brasileiro, realizadas
anteriormente. Antes de Euclides, e com raras exceções,
assistíamos a uma celebração convencional da vida rural,
no caso, da vida sertaneja – sempre pintada com cores
favoráveis, mas não realistas.
• Euclides efetiva um corte nessa visão padronizada, dando-nos outra
perspectiva do Brasil: de um Brasil esquecido, ignorado, e miserável que a
produção cultural do mundo urbano pouco registrara.
• Quando saiu de São Paulo, na condição de jornalista para internar-se no
sertão baiano com o intuito de cobrir a quarta e última expedição punitiva
contra os camponeses de Canudos, Euclides ainda acreditava na versão
oficial que dava os sertanejos como fanáticos e monarquistas.
• No início, ainda sem contato direto com o conflito, o jornalista, em artigo
célebre, batiza a Guerra de Canudos de “A Nossa Vendéia”, numa
referência ao movimento francês monarquista católico, onde o autor
minimiza a questão messiânica envolvida. Após o contato com a Guerra,
Euclides subverte sua visão, tornando-a mais humana e compreensiva
acerca do sertanejo e a negação do mesmo pela sociedade urbana – ainda
que envolto em determinismo racial.
A sociologia naturalista
O tom indignado da obra só é interrompido por
observações científicas sobre o meio, o clima e a “raça”.
Aqui, Euclides mostra-se particularmente infeliz, pois, ao
analisar esses elementos, vale-se das teses naturalistas do
imperialismo europeu. Segundo tais teses, a civilização só
brotaria em climas temperados e sob a égide da “raça
pura” – superior, a raça branca; contudo, nem essas
concessões retiram a força dramática e social do relato de
Euclides.
As partes em que se divide Os Sertões estão de acordo com a rigidez metodológica
cientificista: “A Terra”, “O Homem” e “A Luta”. Até hoje, a crítica é incapaz de enquadrá-lo
num gênero literário. Mistura de documento, reportagem, ensaio científico, o texto tem
ainda uma intenção literária, manifesta em linguagem. Seu enquadramento nos parâmetros
de um movimento literário parece igualmente impossível.
I. A TERRA
Uma detalhada descrição da região, respaldada em seus amplos conhecimentos
das Ciências Naturais: a geologia, o clima (há um capítulo intitulado "Hipóteses
sobre a gênese das secas") e o relevo. Essa parte é ilustrada por mapas do relevo e
da hidrografia feitos pelo próprio Euclides da Cunha.
II. O HOMEM
Um elaborado trabalho sobre a etnologia brasileira: a ação do meio na fase inicial
da formação das raças, a gênese dos mestiços; uma brilhante análise de tipos
distintos, como o gaúcho e o jagunço; nesse cenário introduz a figura mística de
Antônio Conselheiro. Ao falar sobre o homem do sertão, Euclides da Cunha criou
um verdadeiro bordão: "O sertanejo é, antes de tudo, um forte".
III. A LUTA
Só nesta terceira parte da obra Euclides relata o conflito; nas duas primeiras
descreve o cenário e os personagens. Dessa forma, justifica a luta. Seu relato do
dia a dia da guerra é a denúncia de um crime.
PRÉ-MODERNISMO
AUTORES REGIONALISTAS
• Monteiro Lobato
- A tendência regionalista que se vê em Monteiro Lobato está mais
associada a um regionalismo crítico, principalmente observado na figura
de Jeca Tatu, um dos personagens proeminentes da literatura brasileira,
revelado no livro de contos Urupês.
- Tratado por Lobato com um preconceito desconfortável, a figura do Jeca é
a síntese do homem interiorano (o sertanejo, o caipira, o “grosseiro”),
“escondido” num “outro Brasil” para o qual não se olha com a devida
atenção.
- Essa visão do homem do campo como ingênuo e, de certa forma,
suscetível às armadilhas da modernidade, intensifica-se a partir de sua
obra mais famosa, Reinações de Narizinho, de 1931, apelando, então,
para um tom infantil que foi sua faceta, de fato, mais célebre: a literatura
infanto-juvenil da série do “Sítio do Pica-pau Amarelo”, aberta com essa
obra.
TRECHO DE URUPÊS, DE MONTEIRO LOBATO:
“(...)
O caboclo é soturno.
Não canta senão rezas lúgrubes.
Não dança senão o cateretê aladainhado.
Não esculpe o cabo da faca, como o cabila.
Não compõe sua canção, como o felá do Egito.
No meio da natureza basílica, tão rica de formas e cores, onde os ipês floridos
derramam feitiços no ambiente e a infolhescência dos cedros, às primeiras
chuvas de setembro, abre a dança do angarás; onde há abelhas de sol,
esmeraldas vivas, cigarras, sabiás, luz, cor, perfume, vida dionísica em escachôo
permanente, o caboclo é o sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso
no recesso das grotas.
Só ele não fala, não canta, não ri, não ama.
Só ele, no meio de tanta vida, não vive...”
LOBATO, Monteiro. Urupês. São Paulo: Brasiliense, 1997. (1. ed. 1918).
- Com o tempo, a figura do Jeca Tatu foi recuperada em dois momentos importantes: na
política, para denunciar o “esquecimento” para com o povo, e pelo cinema, tratando-a
com tons cômicos, praticamente esquecendo de seu apelo social e político.
PRÉ-MODERNISMO
AUTORES REGIONALISTAS
•
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-
Amaro Juvenal
Pseudônimo de Ramiro Barcellos;
Sua principal obra, Antonio Chimango, é um “poemeto campestre” (como o próprio autor dissera)
que relata as confusões perpetradas pelo personagem-título, adotado numa fazenda de estância
para servir cegamente, de forma submissa, sem vontade e incompetente ao seu novo senhor (que
vera no Chimango um tipo fácil de dominar) – ou seja, trata-se de um anti-gaúcho;
Crítica ao presidente da província do Rio Grande do Sul na época, Borges de Medeiros –
adversário político de Ramiro na vida real.
A Estância de São Pedro = metáfora do RS
Chimango = representação de Medeiros, que era conhecido pelo mesmo apelido por seus
detratores e tinha “Antonio” como nome do meio;
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Resgate do estilo tradicional da poesia sul-riograndense, presente em manifestações campeiras
como
 a PAJADA (tradicionalmente, uma canção inspirada num poema narrativo);
 e nas bases marcadas por ritmos estritamente padronizados da TROVA GAUCHESCA (uma “parente
distante” do repente nordestino e do formato de rap free style – todos desafios de improviso
poético sobre uma base musical padrão.
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Pré Modernismo Regionalistas