CIBELE ROCHA CAREZZATO ADIÇÃO DE FARINHA DE BANANA VERDE EM SORVETE PROBIÓTICO São Caetano do Sul 2015 CIBELE ROCHA CAREZZATO ADIÇÃO DE FARINHA DE BANANA VERDE EM SORVETE PROBIÓTICO Dissertação apresentada ao Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos. Linha de Pesquisa: Aplicação de novas tecnologias no desenvolvimento e na conservação de produtos alimentícios. Orientadora: Profª. Drª. Cynthia Jurkiewicz Kunigk São Caetano do Sul 2015 Carezzato, Cibele Rocha Adição de farinha de banana verde em sorvete probiótico. / Cibele Rocha Carezzato. — São Caetano do Sul: CEUN-IMT, 2015. 68 p. Dissertação de mestrado em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos — Escola de Engenharia Mauá do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, São Caetano do Sul, 2015. Orientadora: Profa. Dra. Cynthia Jurkiewicz Kunigk. 1. Sorvete 2. Probiótico 3. Farinha de Banana 4. Amido Resistente I. Carezzato, Cibele Rocha II. Instituto Mauá de Tecnologia. Centro Universitário. Escola de Engenharia Mauá. III. Título. Dedico esse trabalho aos meus pais que me incentivaram a dar o primeiro passo e ao meu marido que me deu força para chegar até o final. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por tudo. À professora Dra. Cynthia Jurkiewicz Kunigk pela orientação, apoio e incentivo durante todo o trabalho. Às professoras Dra. Antonia Miwa Iguti e Dra. Livia Chaguri de Carvalho, pelos valiosos comentários no Exame de Qualificação que contribuíram com o trabalho e por me abrirem os olhos de quanto bacana era o meu trabalho. Assim como as agradeço pelos comentários e elogios no Exame Final. Às técnicas Inês Santana, Ana Paula Buriti, Luana Lopes de Brito e Janaína Correia pelo grande auxílio nas análises ao longo de todo o projeto. À professora Edilene Amaral de Andrade Adell pelo incentivo diário e empréstimo da sala durante as análises de derretimento e suporte na análise sensorial. Aos meus pais Irajá e Cida, ao meu irmão Daniel e minha cunhada Aline, pelo apoio do começo ao fim. Ao meu marido Flávio que me deu força para continuar até o final, pelo apoio incondicional e pelo amor sempre presente. Às amigas Natacha Abi Chedid e Paula Regina Lino Melo que entraram nessa também, pelo companheirismo durante as aulas, testes, laboratórios e prazos. À amiga Fabiana Elias Leporace por conseguir alguns dos ingredientes principais, pelo apoio, amizade e por sempre me lembrar de que ‘agora falta pouco’. À Escola de Engenharia Mauá, por disponibilizar a infraestrutura necessária para realização do trabalho. "Não temos de nos tornar heróis do dia para a noite. Só um passo de cada vez, tratando cada coisa à medida que surge, vendo que não é tão assustadora como parecia, descobrindo que temos a força para superá-la." Eleanor Roosevelt RESUMO A farinha de banana verde apresenta quantidade significativa de amido resistente, que tem sido associado a efeitos benéficos à saúde do consumidor. De forma a buscar aplicações para este novo ingrediente, este trabalho teve por objetivo avaliar a influência da farinha de banana verde na sobrevivência de bactérias probióticas em sorvete produzido a partir de leite fermentado, além de avaliar as características físico-químicas e sensoriais do produto. A farinha de banana verde foi adicionada ao leite semi desnatado pasteurizado em diferentes concentrações (2,0 % e 4,0 %) e etapas do processo (antes e após o tratamento térmico do leite). O leite foi fermentado pela cultura probiótica ABT-4 (Streptococcus thermophilus, Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium animalis) a 37 °C até o pH atingir 4,8. Ao leite fermentado foram adicionados os demais ingredientes do sorvete: creme de leite; glicose; carboximetilcelulose; goma carragena e emulsificante. A mistura foi homogeneizada, maturada a 4 °C por 24 h e armazenada a -18 °C. Durante os 90 dias de armazenamento a contagem de bactérias probióticas manteve-se superior ao mínimo exigido pela ANVISA, indicando que o produto poderia ser considerado um alimento funcional. A adição da farinha de banana verde não influenciou a contagem de probióticos no sorvete durante o armazenamento, bem como o pH e acidez. Entretanto, o maior teor de farinha de banana verde (4,0 %) resultou em um produto com menor dureza e os tratamentos com amido gelatinizado (adição de farinha de banana verde antes do tratamento térmico do leite) resultaram em um tempo maior para iniciar o derretimento do sorvete. A análise sensorial mostrou que os sorvetes com adição de farinha de banana verde antes do tratamento térmico apresentaram menor aceitação comparando ao sorvete controle (sem farinha de banana verde), em relação ao sabor e opinião geral do produto. Palavras-chave: Sorvete probiótico. Amido resistente. Farinha de banana verde. Leite fermentado. ABSTRACT Green banana flour presents significant amount of resistant starch, which has been associated with beneficial effects on the consumer’s health. In order to get applications for this new ingredient, this study aimed to evaluate the influence of green banana flour in the survival of probiotic bacteria in ice cream produced from fermented milk, as well as evaluate the physicochemical and sensory characteristics of the product. Green banana flour was added to pasteurized half skim milk at different concentrations (2.0 % and 4.0 %) and process steps (before and after heat treatment of milk). The milk was fermented by the probiotic culture ABT-4 (Streptococcus thermophilus, Lactobacillus acidophilus and Bifidobacterium animalis) at 37 °C until pH reached 4.8. The others ice cream ingredients,: heavy cream; glucose; carboxymethyl cellulose; carrageen and emulsifier, were added to the fermented milk, . homogenized, maturated at 4 °C for 24 hours and stored at -18 °C. During the 90 days of storage the count of probiotic bacteria remained higher than the minimum required by ANVISA, indicating that the product could be considered a functional food. The addition of green banana flour did not influence the count of probiotics in ice cream during storage, as well as the pH and acidity. However, the highest content of green banana flour (4.0 %) resulted in a product with lower hardness and the treatments with gelatinized starch (addition of green banana flour before heat treatment of the milk) resulted in a higher time to start the melting of the ice cream. Sensory analysis showed that the ice cream with green banana flour added before heat treatment presented lower acceptance compared to control ice cream (without green banana flour), in relation to taste and general view of the product. Keywords: Probiotic ice cream. Resistant starch. Green banana flour. Fermented milk. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Bio-regulação por alimentos funcionais ................................................................... 18 Figura 2 - Dez maiores produtores de banana do ano de 2012. .............................................. 20 Figura 3 - Redução do teor de amido e aumento do teor de açúcares durante os estágios de maturação da banana. ...................................................................................................... 21 Figura 4 – Representação esquemática da estrutura do amido resistente tipo 2 .................. 23 Figura 5 - Estrutura da Amilose ................................................................................................ 23 Figura 6 – Micrografia em MEV do A: amido nativo da Musa AAA-Nanicão (1.000x) e B: amido de milho (3.300x) hidrolisados pela α-amilase. ..................................................... 25 Figura 7 – Consumo de sorvete no Brasil nos últimos 10 anos, em milhões de litros. ............ 31 Figura 8 - Fluxograma da produção do leite fermentado ........................................................ 34 Figura 9 - Foto do esquema montado para análise de derretimento ...................................... 39 Figura 10 – Tempo para atingir o pH de 4,80 para cada tratamento....................................... 42 Figura 11 – Acidez, em porcentagem de ácido lático, no final da fermentação para cada tratamento ........................................................................................................................ 43 Figura 12 – Overrun para os diferentes tratamentos, em porcentagem ................................. 44 Figura 13 – Contagem de S. thermophilus em log UFC/g para cada tratamento após 90 dias de armazenamento ........................................................................................................... 48 Figura 14 – Análise sensorial referente à opinião geral do produto ........................................ 55 Figura 15 - Análise sensorial referente ao sabor do produto .................................................. 56 Figura 16 - Análise sensorial referente à textura do produto .................................................. 56 Figura 17 – Intenção de compra dos produtos ........................................................................ 58 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Formulação dos leites fermentados 35 Tabela 2 – Formulação do sorvete 36 Tabela 3 - Contagem de L. acidophilus em log UFC/g para cada tratamento em função do tempo de armazenamento 45 Tabela 4 – Contagem de B. animalis em log UFC/g para cada tratamento em função do tempo de armazenamento Tabela 5 - pH para cada tratamento em função do tempo de armazenamento 46 49 Tabela 6 – Acidez titulável, em porcentagem de ácido lático, para cada tratamento em função do tempo de armazenamento 49 Tabela 7 - Tempo necessário para iniciar o derretimento, em minutos, para cada tratamento em função do tempo de armazenamento 50 Tabela 8 – Velocidade de derretimento dos sorvetes produzidos de acordo com os diferentes tratamentos, em g/min 52 Tabela 9 – Dureza, em N, para cada tratamento em função do tempo de armazenamento 53 Tabela 10 – Composição centesimal dos sorvetes, em g/100g 54 Tabela 11 – Média das notas da análise sensorial para cada parâmetro e amostra 57 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABIS – Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária AOAC - Association of Official Analytical Chemists APHA - American Public Health Association AR – Amido Resistente AR1 – Amido Resistente tipo 1 AR2 – Amido Resistente tipo 2 AR3 – Amido Resistente tipo 3 AR4 – Amido Resistente tipo 4 bs – base seca CRAISA – Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations FOSHU – Food for Specified Health Use ha – Hectare MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura UFC – Unidades Formadoras de Colônias WHO – World Health Organization SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ..................................................................................................................... 5 RESUMO...................................................................................................................................... 7 ABSTRACT ................................................................................................................................... 8 LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................... 9 LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................... 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................................... 12 SUMÁRIO .................................................................................................................................. 13 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 17 2.1. ALIMENTOS FUNCIONAIS ........................................................................................... 17 2.2. BANANA VERDE ......................................................................................................... 19 2.3. AMIDO E AMIDO RESISTENTE .................................................................................... 22 2.4. PROBIÓTICOS ............................................................................................................. 25 2.5. LEITE FERMENTADO ................................................................................................... 27 2.6. GELADOS COMESTÍVEIS ............................................................................................. 29 3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 33 3.1. FARINHA DE BANANA VERDE..................................................................................... 33 3.2. PRODUÇÃO DO LEITE FERMENTADO ......................................................................... 33 3.3. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL ............................................................................... 34 3.4. PRODUÇÃO DO SORVETE ........................................................................................... 35 3.5. DETERMINAÇÃO DE PH E ACIDEZ TITULÁVEL ............................................................ 36 3.6. QUANTIFICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS................................................................ 37 3.7. OVERRUN ................................................................................................................... 37 3.8. DERRETIMENTO ......................................................................................................... 38 3.9. DUREZA ...................................................................................................................... 39 3.10. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL ....................................................................................... 40 3.11. ANÁLISE SENSORIAL ................................................................................................... 40 3.12. ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................................................. 41 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................ 42 4.1. ACIDEZ E PH DURANTE A FERMENTAÇÃO ................................................................. 42 4.2. OVERRUN ................................................................................................................... 44 4.3. QUANTIFICAÇÃO DE MICRORGANISMOS .................................................................. 45 4.4. PH E ACIDEZ DO SORVETE DURANTE O ARMAZENAMENTO ..................................... 48 4.5. DERRETIMENTO ......................................................................................................... 50 4.6. DUREZA ...................................................................................................................... 52 4.7. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL ....................................................................................... 54 4.8. ANÁLISE SENSORIAL ................................................................................................... 55 5. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 59 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 60 ANEXO A – FICHA ANÁLISE SENSORIAL .................................................................................... 68 15 1. INTRODUÇÃO Os alimentos funcionais, cada vez mais fazem parte da alimentação dos brasileiros. Os consumidores têm procurado alimentos que contribuam diretamente com a sua saúde, preocupando-se não somente com a obtenção de nutriente, mas também com a redução dos riscos de enfermidades e a promoção do bem-estar físico e mental (Siró et al., 2008). O consumo regular de alimentos fermentados como o iogurte é reconhecidamente benéfico para a manutenção da boa saúde. Esse efeito é atribuído, em parte, às bactérias láticas Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp bulgaricus utilizadas na elaboração do produto. Além dessas culturas, bactérias probióticas tais como Bifidobacterium e Lactobacillus, têm sido incorporadas ao iogurte a fim de ampliar seu apelo de alimento funcional (Alves et al., 2009). As culturas probióticas reduzem problemas de intolerância à lactose, auxiliam no controle de infecções intestinais, reduzem a propensão a alguns carcinomas e melhoraram a qualidade nutricional dos alimentos que as contêm (Davidson et al., 2000). Na tentativa de se elevar o consumo de fibras, vitaminas e minerais pela população, várias alternativas têm sido propostas, dentre elas o desenvolvimento de novos produtos alimentícios que possam ter um valor nutricional superior ao do alimento original, mas que sejam ao mesmo tempo acessíveis às classes economicamente menos favorecidas. Uma alternativa para este problema é o emprego de novos ingredientes que possam atuar elevando o valor nutricional de alimentos tradicionais, como por exemplo, a farinha de banana verde. A farinha de banana verde apresenta conteúdo significativo de amido que não é digerido no intestino delgado, denominado amido resistente, e possui funções fisiológicas semelhantes às da fibra alimentar (Fasolin et al., 2007; Sajilata et al., 2006). O amido resistente também pode apresentar propriedades prebióticas, favorecendo o metabolismo e crescimento de microrganismos probióticos (Fuentes-Zaragoza et al., 2010). 16 Além dos aspectos funcionais, a adição de amido em alimentos também pode apresentar vantagens tecnológicas para a indústria, como o aumento da viscosidade, firmeza e redução da suscetibilidade à sinérese de produtos lácteos (Zare et al., 2011; Silva et al., 2013). Considerando as necessidades atuais do mercado de melhorar a alimentação e saúde dos consumidores, bem como as características sensoriais dos alimentos, esse trabalho teve por objetivo estudar a influência da farinha de banana verde, com e sem a prévia gelatinização do amido, nas características físico-químicas, microbiológicas e sensoriais de sorvete produzido com leite fermentado probiótico. Os objetivos específicos do trabalho foram: 1) determinar a contagem de Streptococcus thermophilus e de bactérias probioticas, Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium animalis, durante os 90 dias de armazenamento dos sorvetes; 2) avaliar as alterações físico-químicas (pH, acidez, overrun, dureza e derretimento) durante o armazenamento dos sorvetes; 3) determinar a composição centesimal do sorvete com e sem adição de farinha de banana verde; 4) avaliar a aceitabilidade do sorvete probiótico com e sem adição de farinha de banana verde através de análise sensorial. 17 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. ALIMENTOS FUNCIONAIS Mudanças no perfil da população mundial, como a conscientização de que a prevenção de doenças é melhor do que seu tratamento e da necessidade da conciliação da saúde com a alimentação, gerou um aumento no interesse pelo estudo e desenvolvimento de alimentos funcionais (Sanders, 1998). O interesse por produtos alimentícios saudáveis, nutritivos que promovem bem-estar e saúde tem crescido mundialmente, o que resulta em diversos estudos sobre o desenvolvimento de alimentos funcionais na área de produtos lácteos (Thamer & Penna, 2006). O termo “alimento funcional” foi utilizado pela primeira vez em meados da década de 1980 para definir alimentos fortificados com ingredientes especiais que possuem efeitos fisiológicos vantajosos (Siró et al. 2008). A revisão e ampliação deste conceito ocorreu em 1991 pelo Ministério da Saúde e Bem Estar Japonês com a criação do FOSHU – Food for Specified Health Use – que tem como função ajudar a prevenir doenças relacionadas com o estilo de vida da população, incluindo a alimentação. Neste contexto, os alimentos funcionais têm como objetivo produzir efeitos benéficos ao organismo como a bioregulação, através do equilíbrio na produção de citocinas por células de defesa especializadas denominadas macrófagos (figura 1). Esse equilíbrio é importante devido às doenças que a superprodução de citocinas pode causar e também na profilaxia de doenças como hipertensão e diabetes (Mitsuoka, 2014). 18 Figura 1 - Bio-regulação por alimentos funcionais * Adaptado de Mitsuoka, 2014 Atualmente a academia americana de nutrição e dietética define alimentos funcionais como alimentos integrais, fortificados, enriquecidos ou melhorados que apresentam efeitos potencialmente benéficos à saúde (quando consumidos regularmente como parte de uma dieta balanceada) com base em significativos níveis de evidências (Crowe & Francis, 2013). No Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – a alegação de propriedade funcional é “aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano”. A alegação de propriedade de saúde é “aquela que afirma, sugere ou implica a existência de relação entre alimento ou ingrediente com doença ou condição relacionada à saúde” conforme a Resolução n° 18, de 30 de abril de 1999 (ANVISA, 1999). Tendo como base a mesma regulamentação, o produto que estiver registrado na categoria de alimentos com alegação de propriedade funcional e/ou de saúde deve apresentar a alegação conforme lista de alegações aprovadas e seus requisitos mínimos por porção de produto. As fibras alimentares e os probióticos são exemplos dessa listagem. Segundo a definição da ANVISA, a alegação das fibras alimentares é a de que auxiliam o funcionamento do intestino, seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis e só pode ser utilizada desde que a porção do 19 produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de fibras se o alimento for sólido ou 1,5 g se o alimento for líquido. A alegação de probióticos é a de que contribuem para o equilíbrio da flora intestinal, seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis e seguir a quantidade mínima viável de 108 a 109 UFC na recomendação diária do produto pronto para o consumo (ANVISA, 1999). 2.2. BANANA VERDE A banana é uma das frutas mais importantes do mundo, tanto no que se refere à produção quanto à comercialização. Além de ser um alimento complementar da dieta da população, a banana apresenta grande relevância social e econômica, servindo como fonte de renda para muitas famílias de agricultores, gerando postos de trabalho no campo e na cidade e contribuindo para o desenvolvimento das regiões envolvidas em sua produção (Fioravanço, 2003). Em 2012, o Brasil foi o quinto maior produtor de banana do mundo, com 6,9 milhões de toneladas (FAO, 2014). Na figura 2 são apresentados os dez maiores produtores de banana do ano de 2012. 20 Figura 2 - Dez maiores produtores de banana do ano de 2012. * Adaptado de FAO, 2014 As bananeiras estão entre as culturas agrícolas mais importantes nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Elas são cultivadas numa área de cerca de 4,8 milhões de hectares, com uma produtividade média de 19 toneladas/ha/ano e produção total de 95,6 milhões de toneladas no mundo. Além de prover alimento básico para milhões de pessoas, as bananas têm um excelente valor nutricional, sendo um dos alimentos mais facilmente digeríveis (Silva Neto & Guimarães, 2011). Em 2012 o volume de exportação da banana atingiu 16,5 milhões de toneladas, o maior exportador é o Equador com quase 5 milhões de toneladas, já o Brasil fica em 10º lugar com 95,7 mil toneladas de bananas exportadas. A maior parte da exportação brasileira é para a Argentina com 35,4 mil toneladas (FAO, 2014). Após a colheita, a banana caracteriza-se pelo baixo teor de açúcares, alto teor de amido, podendo corresponder de 55 a 93 % do teor de sólidos totais, e pela adstringência devido aos compostos fenólicos da polpa. Os frutos ainda verdes apresentam conteúdo significativo de amido resistente, o qual age no organismo como fibra alimentar (Ramos et al., 2009). Com o amadurecimento, ocorre a hidrólise do amido e o acúmulo de açúcares solúveis, redução da adstringência e amaciamento da polpa. Paralelamente, na casca observa-se o amarelecimento originado pela degradação da clorofila, pigmento que confere a cor verde e 21 aparecimento e síntese dos pigmentos responsáveis pela cor amarela, conforme pode ser observado na figura 3. Na banana madura o amido é convertido em açúcares, em sua maioria glucose, frutose e sacarose (Fasolin et al., 2007; Medina & Pereira, 2004). Figura 3 - Redução do teor de amido e aumento do teor de açúcares durante os estágios de maturação da banana. * Fonte: Medina & Pereira, 2004. As farinhas de bananas podem ser obtidas por secagem natural ou artificial de bananas verdes ou semiverdes das variedades, Prata, Terra, Cavendish, Nanica ou Nanicão. A qualidade depende de vários fatores incluindo matéria-prima, método de secagem e forma de armazenamento (Borges et al., 2009). A farinha de banana verde apresenta uma quantidade significativa de amido resistente tipo 2 - AR2, que pode variar de 49 g a 57 g/100 g, em função da variedade e processo de secagem (Menezes et al., 2011; Tribess, 2009) - que tem sido associado com efeitos benéficos à saúde, tais como: redução do índice glicêmico, capacidade de reduzir a colesterolemia e benefícios ao cólon (Fasolin et al., 2007). 22 2.3. AMIDO E AMIDO RESISTENTE O amido é a principal fonte de carboidratos na dieta humana. Nos tecidos vegetais apresenta-se na forma de grânulos, geralmente entre 1 e 100 µm de diâmetro, dependendo da origem da planta (Fuentes-Zaragoza et al., 2010). Pode ser definido como um carboidrato nutricionalmente disponível, baseando-se nas suas macromoléculas formadoras, amilose e amilopectina, que são facilmente hidrolisadas no trato intestinal, produzindo carboidratos de baixo peso molecular (Teixeira et al., 1998). Os grânulos de amido são organizados em zonas cristalinas alternadas por outras semicristalinas. As diferenças estruturais do cristal, como as lamelas de amilopectina nos blocos cristalinos e os canais amorfos presentes respondem em parte pelos diferentes níveis de resistência à hidrólise enzimática entre os amidos (Freitas & Tavares, 2005), característica esta que somada à sua estrutura físico-química, classificam os amidos em rapidamente digerível, lentamente digerível e amido resistente, que resiste à ação das enzimas digestivas (Englyst et al., 1992). O amido resistente (AR) é definido, em termos fisiológicos, como “a soma do amido e dos produtos da sua degradação que não são digeridos e absorvidos no intestino delgado de indivíduos sadios”. Deste modo, esta fração do amido apresenta comportamento similar ao da fibra alimentar e tem sido relacionada a efeitos benéficos locais (prioritariamente no intestino grosso) e sistêmicos, através de uma série de mecanismos (Lobo & Silva, 2003). O AR pode ser encontrado em diversas fontes alimentares (Nugent, 2005) como sementes, grãos, batata, alguns legumes e na banana verde. O amido resistente é classificado em quatro subtipos diferentes (AR1-AR4). O AR presente na banana verde é classificado como AR2, que possui um padrão radial, é relativamente desidratado, conforme figura 4 (Sajilata et al., 2006) e é descrito como grânulos resistentes não gelatinizados, que possuem alto teor em amilose – polímero essencialmente linear formado por resíduos de glicose (figura 5) e são hidrolisados lentamente por α-amilases. Sua resistência é reduzida por processamento e cozimento de alimentos (Nugent, 2005). 23 Figura 4 – Representação esquemática da estrutura do amido resistente tipo 2 * Fonte: Sajilata et al., 2006 Figura 5 - Estrutura da Amilose * Fonte: Denardin & Silva, 2009 Os demais tipos de amido resistente são: AR1 – fisicamente inacessível à digestão e pode ser encontrado em partes vegetais mal moídas como grãos, sementes e legumes; AR3 – formado durante a retrogradação dos grânulos de amido e pode ser encontrado em batatas 24 cozidas, pão e flocos de milho; AR4 – modificados quimicamente, sendo resistentes à digestão no intestino delgado e pode ser encontrado em bolos e pães (Nugent, 2005). Os grânulos de amido, durante o aquecimento em meio aquoso, sofrem mudanças em sua estrutura, envolvendo a ruptura das pontes de hidrogênio estabilizadoras da estrutura cristalina interna do grânulo. Se o aquecimento prossegue com uma quantidade suficiente de água, rompe-se a região cristalina e a água entra, ocorrendo assim a gelatinização (Lobo & Silva, 2003). Durante a gelatinização, o grão incha muito e a viscosidade da suspensão aumenta formando uma pasta. O amido gelatinizado apresenta viscosidade máxima na temperatura de gelatinização (Ribeiro & Seravalli, 2004), para o amido da banana, segundo o estudo de Leonel et al. (2011) na faixa de 60 a 73 °C. O grânulo de amido da banana apresenta tamanhos e formatos irregulares, superfície lisa e uma camada externa espessa que dificulta a ação das enzimas e reduz a taxa de hidrólise do mesmo, o que promove a baixa digestibilidade do amido resistente da farinha de banana verde (Zhang et al., 2005). Quando submetidos à ação de α-amilase pancreática, os grânulos de amido de bananas apresentam baixa corrosão, reduzida amilólise e alta taxa de resistência quando comparados ao amido de milho. A figura 6 apresenta a micrografia em MEV (Microscopia Eletrônica de Varredura) de grânulos de amido de banana Musa AAA-Nanicão (em aumento de 1.000x) e do amido de milho (em aumento de 3.300x) hidrolisados pela α-amilase, respectivamente (Freitas & Tavares, 2005). 25 Figura 6 – Micrografia em MEV do A: amido nativo da Musa AAA-Nanicão (1.000x) e B: amido de milho (3.300x) hidrolisados pela α-amilase. * Fonte: Freitas & Tavares, 2005 A composição das bananas muda drasticamente durante o amadurecimento. Quando verde grande parte do amido se encontra na forma de amido resistente, porém ao longo do amadurecimento é hidrolisado em açúcares solúveis, de modo que para produzir uma farinha com alto teor de amido resistente é importante avaliar o estágio de maturação dos frutos para a produção (Tribess, 2009). Comparado com outros tipos de amido, o amido da farinha de banana verde em suspensão aquosa apresenta alta viscosidade a uma temperatura de 95 °C e alta tendência à retrogradação, um fenômeno decorrente da reaproximação das moléculas com formação de pontes de hidrogênio intermoleculares e das zonas cristalinas (Ribeiro & Seravalli, 2004). 2.4. PROBIÓTICOS Os probióticos são definidos como microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas conferem benefícios à saúde do hospedeiro (FAO/WHO, 2001). Ao consumo de probióticos estão associados vários efeitos benéficos à saúde como: o melhor trânsito intestinal dos alimentos, facilitando a digestão; o alívio dos sintomas de intolerância à lactose; aumento da resposta imune através da imunomodulação; prevenção 26 e tratamento de diarreia e alergias; prevenção de infecções sistêmicas; controle de doenças inflamatórias intestinais; prevenção de câncer de cólon; e redução do colesterol sanguíneo (Mitsuoka, 2014). Para que um produto seja considerado probiótico e tenha efeito benéfico, o número mínimo de bactérias viáveis deve ser de 108 a 109 UFC (Unidades Formadoras de Colônias) na recomendação diária do produto durante todo o período de validade (ANVISA, 2014). Estudos científicos têm demonstrado que o consumo diário de 200 a 400 g de produtos contendo 106 UFC/g exerce efeito benéfico à saúde dos consumidores (Gonçalves & Eberle, 2008; Barreto et al., 2003). Os gêneros de bactérias mais frequentemente usados como probióticos são Lactobacillus e Bifidobacterium. Esses microrganismos são quase exclusivamente consumidos em produtos lácteos fermentados e seu uso tornou-se popular no final da década de 70 (Roberfroid, 2000; Gomes & Malcata, 1999). Lactobacilos são bactérias láticas Gram-positivas não patogênicas encontradas normalmente na microbiota intestinal de mamíferos e seres humanos (Bleau et al., 2005). Diversas espécies de lactobacilos são empregadas como probióticos humanos, sendo Lactobacillus acidophilus, por seus atributos bioquímicos e fisiológicos, o microrganismo de escolha há pelo menos 40 anos para a produção comercial de cepas utilizadas pela indústria de laticínios (Sanders & Klaenhammer, 2001). Bifidobacterias são bactérias Gram-positivas, estritamente anaeróbias, imóveis e não esporuladas que representam cerca de 20 % das bactérias encontradas em culturas fecais de adultos e até 80 % em lactentes. Cepas utilizadas em leites fermentados possuem elevada capacidade de sobrevivência no trato gastrointestinal e exibem propriedades probióticas. Bifidobacterium animalis, anteriormente classificada como Bifidobacterium lactis, é a espécie de bifidobactérias mais comumente utilizada em produtos probióticos lácteos. Estudos apontam que o consumo de leite fermentado por cepas Bifidobacterium animalis resultam em diminuição do tempo de transito intestinal dos consumidores (Marteau et al., 2002; Salminen et al., 2004 ). 27 A viabilidade das bactérias probióticas nos alimentos durante o armazenamento pode ser reduzida em função de vários fatores, como o baixo pH do produto, reduzida atividade de água e a alta disponibilidade de oxigênio (Gonçalves & Eberle, 2008). Davidson et al. (2000) estudou essa viabilidade em duas formulações de frozen yogurt, a tradicional de L. bulgaricus e S. thermophilus e a formulação contendo B. longum, L. acidophillus, S. thermophilus e L. bulgaricus, ambas apresentaram-se como um excelente veículo à incorporação de bactérias probióticas. Sabor agradável e textura atrativa são essenciais para os produtos lácteos enriquecidos com probióticos. O sorvete, além de ter um alto valor nutricional, pode ser uma alternativa para a inclusão de probióticos na dieta humana, devido às suas características intrínsecas e por apresentar alta aceitabilidade em todas as faixas etárias. As características que o tornam um bom veículo para as culturas probióticas são a composição, que inclui proteínas do leite, gordura e lactose e o fato de ser um produto congelado que apresenta maior shelf-life comparado ao leite fermentado (Souza et al., 2010; Cruz et al., 2009; Alves et al., 2009). O estudo de Çaglar et al. (2008) mostrou que o consumo regular de sorvete probiótico contendo Bifidobacterium lactis Bb-12 diminuiu a contagem de microrganismos viáveis de estreptococos e lactobacilos associados à cárie na cavidade oral. 2.5. LEITE FERMENTADO Leites fermentados são definidos, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, de acordo com a Resolução n° 5, de 13 de novembro de 2000, como produtos resultantes da fermentação do leite pasteurizado ou esterilizado, por fermentos láticos próprios. Em função da matéria gorda são classificados em: a) Com creme: aqueles cuja base láctea lática tenha um conteúdo de matéria gorda mínimo de 6,0 g/100 g; b) Integrais: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria gorda mínimo de 3,0 g/100 g; 28 c) Parcialmente desnatados: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria gorda máximo de 2,9 g/100 g; d) Desnatados: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria gorda máximo de 0,5 g/100 g. Segundo Mitsuoka (2014), os produtos lácteos fermentados funcionais podem ser classificados em três grupos, em função do tipo de mecanismo de ação: a) Probióticos: aqueles que contêm microrganismos vivos que afetam beneficamente o hospedeiro, melhorando o equilíbrio da microbiota intestinal; b) Prebióticos: aqueles que contêm ingredientes alimentares não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro ao estimular seletivamente o crescimento de bactérias benéficas e/ou suprimindo bactérias prejudiciais no cólon, com potencial para melhorar a saúde do hospedeiro, como por exemplo, os oligossacarídeos e amido resistente; c) Biogênicos: aqueles que contêm ingredientes alimentares que afetam beneficamente o hospedeiro por imunoestimulação direta, prevenção da mutagênese e oncogênese, peroxidação, hipercolesterolêmica, como por exemplo, os carotenoides e flavonoides. Como já citado no item anterior lactobacilos e bifidobactéria são microrganismos comumente utilizados em leites fermentados. Como bifidobactérias produzem, durante a fermentação, ácidos acético e lático à proporção de 3:2, seu desenvolvimento excessivo pode gerar produtos com sabor e aroma de “vinagre”, assim uma combinação de linhagens específicas deve ser determinada para evitar esse problema selecionando-se aquelas que promovam as propriedades sensoriais e de sobrevivência mais vantajosas (Zacarchenco & Massaguer-Roig, 2004). O Gênero Streptococcus compreende diversas espécies e algumas são de grande interesse comercial como insumo importante na produção de diversos produtos derivados do leite. A principal bactéria ácido lática utilizada pela indústria de laticínios é a Streptococcus thermophilus, largamente empregada na produção de queijo e iogurte, este utilizado na 29 fermentação para melhorar as características sensoriais e reduzir o tempo de fermentação, uma vez que bactérias probióticas crescem lentamente no leite devido à falta de atividade proteolítica e não desenvolvem fortes características sensoriais (Bolotin et al., 2004; Dave & Shan, 1998; Oliveira et al., 2002). 2.6. GELADOS COMESTÍVEIS De acordo com a ANVISA (2000), gelados comestíveis são produtos alimentícios obtidos a partir de uma emulsão de gorduras e proteínas, com ou sem adição de outros ingredientes e substâncias, ou de uma mistura de água, açúcares e outros ingredientes e substâncias que tenham sido submetidas ao congelamento, em condições tais que garantam a conservação do produto no estado congelado ou parcialmente congelado, durante a armazenagem, o transporte e a entrega ao consumo e são classificados como nos itens a seguir. a) Sorvetes de creme: produtos elaborados basicamente com leite e/ou derivados lácteos e/ou gorduras comestíveis, podendo ser adicionado de outros ingredientes alimentares; b) Sorvetes de leite: são os produtos elaborados basicamente com leite e/ou derivados lácteos, podendo ser adicionado de outros ingredientes alimentares; c) Sorvetes: são os produtos elaborados basicamente com leite e/ou derivados lácteos e/ou outras matérias-primas alimentares e nos quais os teores de gordura e/ou proteína são total ou parcialmente de origem não láctea, podendo ser adicionado de outros ingredientes alimentares; d) Sherbets: são os produtos elaborados basicamente com leite e/ou derivados lácteos e/ou outras matérias-primas alimentares que contêm apenas uma pequena proporção de gorduras e proteínas as quais podem ser total ou parcialmente de origem não láctea, podendo ser adicionado de outros ingredientes alimentares; e) Gelados de frutas ou Sorbets: são produtos elaborados basicamente com polpas, sucos ou pedaços de frutas e açúcares, podendo ser adicionado de outros ingredientes; 30 f) Gelados: são os produtos elaborados basicamente com açúcares, podendo ou não conter polpas, sucos, pedaços de frutas e outras matérias-primas, podendo ser adicionado de outros ingredientes alimentares; g) Frozen yoghurt/iogurte/yogur: são produtos obtidos basicamente com leite, submetidos à fermentação láctea através da ação do Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus ou a partir de yoghurt, iogurte ou yogur com ou sem a adição de outras substâncias alimentícias, sendo posteriormente aerado e congelado. Os gelados comestíveis, dentre eles o sorvete, devem ser mantidos a uma temperatura máxima de 18 °C negativos enquanto armazenados e 12 °C negativos enquanto expostos para venda (ANVISA, 2000). Os gelados comestíveis elaborados com produtos lácteos devem passar, obrigatoriamente, por tratamento térmico nas condições mínimas de 80 °C por 25 segundos para processo contínuo, 70 °C por 30 min em processo batelada ou em condições equivalentes de tempo e temperatura com poder de destruição de microrganismos patogênicos. A obrigatoriedade do tratamento térmico não se aplica aos outros ingredientes e aditivos utilizados no preparo de gelados comestíveis, desde que o produto final atenda aos padrões microbiológicos previstos na legislação específica (ANVISA, 2000). O sorvete é fabricado a partir de uma emulsão estabilizada, também chamada de calda, pasteurizada, que através de um processo de congelamento sob agitação contínua (batimento) e incorporação de ar, produz uma substância cremosa, suave e agradável ao paladar (Souza et al., 2010). As fórmulas convencionais de sorvete contêm uma alta concentração de sacarose e gorduras, os quais estão relacionados com a textura, consistência e sabor do produto. No entanto, a crescente preocupação dos consumidores com relação à saúde e alimentação tem como consequência o oferecimento de produtos alternativos com características especiais por parte dos fabricantes (Santos, 2009). Os estabilizantes, como a goma carragena, são comumente utilizados nas formulações de sorvete com o objetivo de produzir suavidade no corpo e na textura, retardar ou reduzir o 31 crescimento de cristais de gelo durante o armazenamento e fornecer resistência ao derretimento e uniformidade ao produto. Já os emulsificantes são usados para melhorar a qualidade de batimento da mistura e para facilitar a extrusão do sorvete, além de ajudar na suavidade e na resistência ao derretimento (Goff, 1997). A aceitação de um determinado sorvete não depende exclusivamente do seu sabor e aparência, mas também de propriedades físicas como textura e propriedades de derretimento (Correia et al., 2008). Segundo a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes o consumo de sorvete é crescente ao longo dos anos, conforme figura 7, tendo em 2014 um total de 1305 milhões de litros consumidos. A produção do sorvete de massa é o mais relevante tendo 71% da produção total (ABIS, 2015). Figura 7 – Consumo de sorvete no Brasil nos últimos 10 anos, em milhões de litros. * Adaptado de ABIS, 2015. O sorvete de iogurte (frozen yogurt) é um produto diferente dos demais sorvetes já que há uma fermentação prévia de tal forma que, pela ação dos microrganismos, parte dos açúcares são transformados em ácido lático. Uma vez finalizada esta fermentação, se 32 procede à adição do restante dos ingredientes, o batimento e o congelamento, adquirindo consistência cremosa, suave e agradável ao paladar (Gonçalves & Eberle, 2008). O frozen yogurt foi introduzido no mercado de lácteos em meados dos anos 70 e se tornou muito popular devido à sua semelhança simultânea ao iogurte e ao sorvete convencional, passando uma imagem de sobremesa gelada mais saudável (Miguel & Rossi, 2003). O frozen yogurt é uma sobremesa láctea fermentada e congelada que combina as características físicas do sorvete com as propriedades sensoriais e nutricionais do leite fermentado. Em decorrência da fermentação de parte dos açúcares presentes na mistura base do frozen yogurt por meio da ação da cultura lática, ocorre uma acidificação do mesmo, originando características sensoriais similares as do leite fermentado. Essa acidificação pode influenciar diretamente as características físico-químicas e sensoriais do produto (Pereira et al., 2012). Frozen yogurts podem ser produzidos de acordo com três técnicas básicas: (a) método da acidificação direta, (b) método da acidificação indireta e (c) método da adição. Quando a técnica de acidificação direta é utilizada, uma mistura base de sorvete é inoculada com uma cultura lática starter (Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii ssp. bulgaricus na razão 1:1), incubada de 12 a 18 horas, resfriada, batida, congelada e armazenada sob temperatura de congelamento. A acidificação indireta envolve a combinação entre mistura base de sorvete e iogurte (iogurte natural ou leite fermentado), em proporções que variam de 5 a 70% dependendo da proporção de iogurte desejada, características de batimento, congelamento e armazenamento. O método da adição refere-se a incorporação da bactéria ácido lática antes do congelamento sem nenhuma fermentação da mistura (Soukoulis et al., 2008). 33 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. FARINHA DE BANANA VERDE A farinha de banana utilizada neste trabalho foi obtida pela desidratação de bananas verdes (Musa acuminata subgrupo Cavendish), conhecida no Brasil como Nanicão. As bananas foram adquiridas na CRAISA (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), no estágio 1 de maturação e não submetida ao processo de maturação forçada em câmara de etileno. A secagem da banana foi realizada em leito pulso-fluidizado de acordo com as condições definidas no trabalho de Lilian de Cássia Santos Vitorino, aluna de doutorado em Engenharia de Alimentos da POLI/USP. A temperatura de secagem variou de 55 °C a 65 °C e a frequência de pulsação de 200 a 400 rpm, para um tempo de secagem de 80 minutos. A composição da farinha de banana utilizada neste trabalho foi determinada por Melo (2014), conforme apresentado a seguir em (g/100 g): umidade, 6,2 ± 0,4; gordura, 0,7 ± 0,1; proteínas, 3,7 ± 0,1; cinzas, 1,5 ± 0,1; carboidratos, 87,9 ± 0,4; amido total (bs), 80 ± 2; amido resistente (bs), 47 ± 2. 3.2. PRODUÇÃO DO LEITE FERMENTADO O leite fermentado foi produzido com leite semi desnatado Tipo A (Xandô), adicionado de 3 % de leite em pó desnatado (Molico - Nestlé®). A mistura foi aquecida até 90 °C e mantida nessa temperatura por 10 minutos, na velocidade de 350 rpm no equipamento Thermomix® (Vorwerk). A seguir, foi resfriada em banho de gelo até 37 °C, inoculada com 0,1 % de cultura liofilizada ABT-4 (CHR Hansen), composta de Streptococcus thermophilus, Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium animalis, previamente hidratada em solução salina, e incubada na mesma temperatura até atingir o pH de 4,8. A farinha de banana verde foi adicionada em duas diferentes etapas do processo e em diferentes concentrações. A figura 8 apresenta o fluxograma do processo de produção do leite fermentado. No processo (A) a farinha de banana verde foi adicionada antes do tratamento térmico e no (B) a adição de farinha de banana verde ocorreu após o tratamento térmico do leite. 34 Figura 8 - Fluxograma da produção do leite fermentado 3.3. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL Foram avaliados 6 tratamentos, variando-se a concentração de farinha de banana verde e a etapa de adição no processo de produção do leite fermentado. As condições dos seis tratamentos estão apresentadas na tabela 1. Os tratamentos foram realizados em triplicata. Foram realizados alguns testes preliminares para definição da quantidade de farinha de banana verde a ser adicionada. A concentração máxima estabelecida foi de 4 % em função das alterações sensoriais no leite fermentado utilizado na produção do sorvete. Para ser declarado um produto funcional segundo a ANVISA, o produto deve conter, pelo menos, 3 g de fibras alimentares. Uma vez que o amido resistente é reconhecido como fibra alimentar (Jones, 2014), uma porção de 200 g do sorvete com essa concentração de farinha de banana 35 verde estará dentro dos padrões. Para a concentração de 2 % o produto pode ser considerado como enriquecido em fibras. A adição da farinha de banana verde antes do tratamento térmico teve o objetivo de verificar a influência do amido gelatinizado nas características do produto, enquanto a adição da farinha depois do tratamento térmico visou avaliar o efeito do amido resistente. Tabela 1 – Formulação dos leites fermentados Tratamentos Ingrediente C 2A 2D 4A 4D 2AD Leite Semi Desnatado 97 95 95 93 93 93 Leite em pó Desnatado 3 3 3 3 3 3 Farinha de Banana Antes 0 2 0 4 0 2 Farinha de Banana Depois 0 0 2 0 4 2 3.4. PRODUÇÃO DO SORVETE O sorvete foi produzido de acordo com a formulação apresentada na tabela 2. Os ingredientes utilizados foram: sacarose (Açúcar União), creme de leite pasteurizado com 50 % de gordura (Fazenda), glicose em pó (CAAL – Casa Americana), CMC (CEKOL 30000, CP Kelco DY), goma carragena (Carralact PPD 5571, Gelymar) e emulsificante mono e diglicerídeo (Mono 90, SGS Agricultura e Indústria Ltda). O CMC, a goma carragena e o emulsificante foram fornecidos pela empresa Vogler Ingredients®. Após o pH do leite fermentado atingir 4,8, o mesmo foi homogeneizado por cerca de 2 minutos a 350 rpm e em seguida foram acrescentados os demais ingredientes e homogeneizados no equipamento Thermomix® (Vorwerk) a aproximadamente 350 rpm por 10 min. A mistura (denominada calda) foi maturada a 4 °C por 24 horas. 36 Tabela 2 – Formulação do sorvete Ingredientes do Sorvete Concentração (%) Leite Fermentado 79,5 Sacarose 10,0 Creme de Leite pasteurizado 7,0 Glicose 3,0 CMC 0,1 Goma Carragena 0,2 Emulsificante Mono e Diglicerídeos 0,2 As concentrações foram definidas após os testes preliminares nos quais foram mantidas as concentrações de glicose, CMC, goma carragena e emulsificante e alteradas as de sacarose (S), creme de leite (C) e leite fermentado. Foram feitos três diferentes testes: (1) 7 % S e 5 % C; (2) 10 % S e 10 % C e (3) 10 % S e 7 % C. O primeiro experimento resultou em um sorvete quebradiço e os outros dois resultaram em sorvetes muito parecidos. Dentre os dois foi escolhida a terceira opção por apresentar menor quantidade de gordura. O batimento da calda foi realizado em sorveteira (Taylor, Batch Ice Cream Freezer) com capacidade para 1,5 L, durante 15 minutos. O sorvete foi envasado em potes plásticos com tampa em porções de 70 g e armazenado em freezer a 18 °C negativos. 3.5. DETERMINAÇÃO DE pH E ACIDEZ TITULÁVEL O pH e a acidez titulável, expressa em porcentagem de ácido lático, foram determinados em duplicata, no leite durante o processo de fermentação e mensalmente no sorvete durante o armazenamento. O pH foi determinado em potenciômetro Micronal modelo V, conforme AOAC (2011). A acidez titulável foi determinada, segundo Instituto Adolfo Lutz (2008), titulando-se 10,0 g de amostra, diluída em 50,0 mL de água destilada, com solução de NaOH 0,1 mol/L, 37 utilizando fenolftaleína 1 % como indicador. A acidez titulável foi expressa em porcentagem de ácido lático. 3.6. QUANTIFICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS O número de S. thermophilus, L. acidophilus e B. animalis no sorvete foi determinado a cada 30 dias, em duplicata. Para a quantificação dos microrganismos, amostras de 10 g foram homogeneizadas com 90 g de água peptonada 0,1 % em homogeneizador (Stomacher 400, Seward) e, em seguida, diluições decimais seriadas foram realizadas utilizando-se o mesmo diluente. A enumeração de S. thermophilus foi realizada em ágar M17 (Oxoid) contendo 5 % de solução de lactose a 10 % pela técnica de inoculação em profundidade e incubação a 37 °C por 72 h. As colônias típicas apresentaram forma lenticular e diâmetro de 1 a 2 mm (APHA, 2001). A enumeração de L. acidophilus foi realizada em ágar MRS (Oxoid) pela técnica de inoculação em superfície e incubação a 43 °C por 72 h em anaerobiose (Anaerogen, Oxoid). As colônias típicas apresentaram borda irregular, superfície chata e diâmetro de 2 a 4 mm (Oliveira & Jurkiewicz, 2009). A enumeração de Bifidobacterium animalis foi realizada em ágar MRS (Oxoid) adicionado de 0,5 % de solução de L-cisteína (10,0 %), 0,5 % de solução de dicloxacilina (10 mg /100 mL) e 1,0 % de solução de cloreto de lítio (10,0 %). Foi utilizada a técnica de inoculação em profundidade e as placas incubadas a 37 °C por 72 h em anaerobiose (Anaerogen, Oxoid). As colônias típicas apresentaram forma de lentilha, coloração branca leitosa, borda regular e diâmetro entre 2 e 3 mm (Oliveira & Jurkiewicz, 2009). 3.7. OVERRUN A incorporação de ar das amostras do sorvete foi determinada de acordo com metodologia descrita por Marshall et al. (2003). Um determinado volume de calda e o mesmo volume de 38 sorvete foram pesados e o overrun calculado utilizando a equação 1. O teste foi realizado em quintuplicata. (%) = 3.8. ∙ 100 Equação 1 DERRETIMENTO O teste para determinação da primeira gota e da velocidade de derretimento foi realizada segundo Santana (2012) com modificações. Uma amostra de 70 ± 1 g foi retirada da embalagem plástica e transferida para uma peneira de aço de 10 cm de diâmetro, com 2 mm de abertura de malha. A peneira foi colocada acima de uma placa de Petri colocada em uma balança semi-analítica (Modelo AS 500C, Micronal) na qual foi feita a coleta e pesagem do material derretido (figura 9). Os ensaios foram realizados em sala fechada com ar condicionado, de forma que a temperatura permanecesse em 20 ± 1 °C. Foi determinado o tempo da primeira gota e a partir deste, a massa derretida a cada 5 min. Os ensaios foram realizados a cada 30 dias, em duplicata, finalizando aos 90 dias de armazenamento. A velocidade de derretimento foi calculada pela relação entre a massa drenada pelo tempo. 39 Figura 9 - Foto do esquema montado para análise de derretimento 3.9. DUREZA A dureza do sorvete foi determinada segundo o método utilizado por Santana (2012) e Soukoulis et al. (2008) com modificações. Foi utilizado o equipamento Texture Analyser (Modelo TA-XT2i – Fabricante: Stable Microsystems Ltd., UK) e os dados foram coletados com o software Texture Expert V1.22 do mesmo fabricante vinculado ao equipamento. A análise foi realizada a cada 30 dias, em duplicata, finalizando aos 90 dias de armazenamento, retirando as embalagens com 70 ± 1 g do freezer e levando-as imediatamente ao equipamento. Os parâmetros de configuração do equipamento foram: probe de aço cilíndrico de 5 mm, distância de compressão de 45 mm, velocidade do teste de 2,0 mm/s, velocidade do préteste, antes de atingir a amostra, de 1,0 mm/s e força de 0,10 N. A dureza é calculada como a máxima força realizada pelo probe no sorvete. 40 3.10. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL As análises de composição centesimal foram realizadas em três amostras do sorvete – Controle (sem farinha de banana), 4A (com 4 % de farinha de banana adicionada antes do tratamento térmico) e 4D (com 4 % de farinha de banana adicionada depois do tratamento térmico) – em triplicata. Os parâmetros abaixo especificados foram determinados através dos métodos descritos pelo Instituto Adolfo Lutz (2008). • Umidade: o teste foi realizado através de secagem do material em estufa a 105 °C até obter peso constante da amostra; • Gordura: o teste foi realizado através do método Gerber, que consiste na quebra da emulsão do sorvete pela adição de ácido sulfúrico e álcool isoamílico e posterior centrifugação da amostra; • Proteínas: o teste foi realizado através do método de Kjeldahl, que consiste na decomposição da matéria orgânica da amostra e transformação do nitrogênio em amônia. Com a quantidade de nitrogênio conhecida é possível calcular a quantidade de proteínas da amostra através do uso de um fator empírico de conversão de 6,38; • Cinzas ou resíduo de incineração: o teste foi realizado através de carbonização da amostra e posterior incineração em mufla a (550 ± 10) °C; • Carboidratos: o valor foi determinado por diferença das porcentagens de umidade, gordura, proteínas e cinzas. 3.11. ANÁLISE SENSORIAL Foram realizados testes sensoriais em três amostras do sorvete – Controle, 4A e 4D, após 30 dias da fabricação, para avaliação da aceitabilidade do produto, conforme Dutcosky (2013). O teste foi realizado no laboratório de Análise Sensorial da Escola de Engenharia Mauá em cabines individuais com luz branca. O teste foi realizado com 81 provadores não treinados, que expressaram as suas opiniões quanto ao produto em geral, ao sabor e à textura do produto em uma escala hedônica de 9 41 pontos e intenção de compra do produto, conforme ficha apresentada no anexo A. Essa escala é a mais amplamente utilizada para estudos de preferência com adultos. Cada provador recebeu três amostras servidas em copinhos plásticos brancos, com cerca de 50 g cada, codificados com números aleatórios de três dígitos. 3.12. ANÁLISE ESTATÍSTICA Foi utilizada a análise de variância (ANOVA) para determinar diferença significativa entre as médias dos tratamentos e ao longo do armazenamento. O teste de Tukey foi utilizado para a comparação das médias, considerando um nível de significância de 5 %. As análises foram realizadas no programa Minitab® versão 16. 42 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. ACIDEZ E pH DURANTE A FERMENTAÇÃO Durante a fermentação foi determinado o pH e acidez titulável, em duplicata, em todas as amostras para que essa etapa fosse finalizada quando o pH atingisse 4,80. O tempo final de fermentação e a acidez final dos leites fermentados para cada tratamento estão apresentados nas figuras 10 e 11 respectivamente. Os tratamentos foram realizados em triplicata, portanto os resultados são as médias de seis determinações. Figura 10 – Tempo para atingir o pH de 4,80 para cada tratamento A análise estatística demonstrou que não houve diferença significativa (p > 0,05) entre os tratamentos, indicando que a adição da farinha de banana verde não influenciou nesse parâmetro. O tempo médio de fermentação foi de (3,3 ± 0,3) horas, sendo o menor tempo o de (2,9 ± 0,2) horas para a amostra controle e o maior na amostra com 2 % de adição de farinha de banana verde depois, com (3,6 ± 0,5) horas. O estudo de Corte (2008) produziu frozen yogurt com adição de diferentes concentrações de cultura tradicional de iogurte (L. bulgaricus e S. thermophilus) e de cultura probiótica (L. acidophilus, B. animalis e S. thermophilus). Para uma concentração total 0,01 % das culturas liofilizadas o tempo de fermentação foi de 5,0 horas, mais alto comparado ao 43 encontrado com 0,1 % de cultura contendo L. acidophilus, B. animalis e S. thermophilus no presente estudo. Já Thamer & Penna (2006), que produziram bebida láctea fermentada por S. thermophilus, L. bulgaricus, Bifidobacterium e L. acidophilus, acrescidas de prebióticos em diferentes concentrações, encontraram tempos de 3,0 a 4,25 horas, muito próximos aos resultados aqui observados. Ambos os trabalhos tinham por objetivo atingir pH de 4,80. A acidez titulável, no momento em que o pH atinge 4,80, também não apresentou diferença significativa (p > 0,05) entre os tratamentos. Os resultados estão apresentados na figura 11. Figura 11 – Acidez, em porcentagem de ácido lático, no final da fermentação para cada tratamento Apesar da diferença entre os valores de acidez não ser significativa, observa-se que nos tratamentos com amido gelatinizado, ou seja, com adição de farinha de banana verde antes do tratamento térmico, a porcentagem de ácido lático no final da fermentação foi maior em comparação aos tratamentos com adição depois do tratamento térmico. A menor porcentagem foi encontrada na amostra controle. Para todos os tratamentos, a acidez do leite no final da fermentação variou de 0,79 a 0,91 %, estando dentro dos padrões de acidez definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, conforme Resolução n° 5 de 13 de novembro de 2000, que é de 0,6 a 2,0 %. 44 Os resultados obtidos estão próximos aos encontrados por Burkert et al. (2012) que produziram dois tipos de leites fermentados com adição de diferentes tipos de culturas, um contendo L. bulgaricus e S. thermophilus e outra com cultura ABT, sem que houvesse diferença significativa nas porcentagens finais de ácido lático. 4.2. OVERRUN O teste foi realizado em quintuplicata para cada tratamento no momento da fabricação. A figura 12 apresenta os valores de overrun, ou incorporação de ar, dos sorvetes produzidos de acordo com os diferentes tratamentos. Figura 12 – Overrun para os diferentes tratamentos, em porcentagem A análise de variância mostrou que não existe diferença significativa (p > 0,05) entre os tratamentos, sendo que a amostra com adição de 2 % de farinha de banana verde adicionada depois do tratamento térmico apresentou o menor valor de overrun do sorvete. A porcentagem de incorporação de ar variou de 23 a 31 % nas amostras. Soukoulis et al. (2008) afirma que o overrun influencia a estabilidade da espuma, textura, derretimento e a percepção sensorial dos sorvetes. 45 Os resultados de overrun foram muito abaixo comparado ao encontrado por Homayouni et al. (2008) na produção de sorvete simbiótico com amido resistente adicionado de probióticos (L. casei e B. lactis) encapsulados, que foi de (95 ± 5) %. Por outro lado, Santos (2012) produziu sorvete probiótico com L. acidophilus e verificou a influencia de diferentes estabilizantes, alcançando resultados mais baixos de overrun, de 10 a 20 %. O estudo de Salomão et al. (2013) também obteve valor baixo de overrun, 12,5 %, em sorvete de morango probiótico com L. paracasei, L. rhamnosus, L. acidophilus e B. lactis. As diferenças nos valores de overrun, nos diversos estudos, estão relacionadas às características do equipamento utilizado para o batimento da calda e à composição dos sorvetes. 4.3. QUANTIFICAÇÃO DE MICRORGANISMOS As contagens de L. acidophilus e B. animalis nos sorvetes durante o armazenamento foram realizadas a cada 30 dias em duplicata, finalizando aos 90 dias de armazenamento, para cada ensaio. Os resultados são apresentados nas tabelas 3 e 4, respectivamente. A contagem de S. thermophilus foi realizada, em duplicata para cada ensaio, nos sorvetes com 90 dias de armazenamento (figura 13). Os tratamentos foram realizados em triplicata, portanto os resultados são as médias de seis determinações. Tabela 3 - Contagem de L. acidophilus em log UFC/g para cada tratamento em função do tempo de armazenamento Contagem de L. acidophilus (log UFC/g) Tempo (dias) C 2D 2A 2AD 4D 4A 1 8,5 ± 0,1 8,4 ± 0,3 8,6 ± 0,2 8,5 ± 0,3 8,3 ± 0,5 8,6 ± 0,1 30 8,5 ± 0,4 8,4 ± 0,5 8,5 ± 0,2 9,1 ± 0,4 8,3 ± 0,8 8,6 ± 0,4 60 8,4 ± 0,3 8,4 ± 0,3 8,4 ± 0,2 8,4 ± 0,4 8,3 ± 0,6 8,4 ± 0,2 90 8,3 ± 0,1 8,4 ± 0,4 8,5 ± 0,4 8,6 ± 0,5 8,4 ± 0,2 8,5 ± 0,3 A análise de variância para as contagens de L. acidophilus demonstrou que não existe diferença significativa (p > 0,05) entre os tempos de armazenamento e entre os tratamentos e tampouco interação entre tratamento e tempo. 46 Como não houve diferença significativa na contagem da população de L. acidophilus entre os seis diferentes tratamentos, pode-se afirmar que a adição da farinha de banana verde em diferentes concentrações e etapas de adição não influenciou a sobrevivência da bactéria lática no sorvete de leite fermentado. A população de L. acidophilus permaneceu elevada, acima de 108 UFC/g, durante os 90 dias de armazenamento do sorvete, para todos os tratamentos avaliados, confirmando que o produto está dentro dos padrões estabelecidos pela ANVISA para alimentos probióticos (ANVISA, 1999). O estudo de Alves et al. (2009) na fabricação de frozen yogurt de leite de cabra com adição de 0,25 % de cultura starter (S. thermophilus e L. bulgaricus) e 0,25 % de cultura probiótica (B. animalis e L. acidophilus) verificou uma redução de 2,6 ciclos logarítmicos para o microrganismo L. acidophilus na primeira semana e mais 1,6 ciclos até o final do tempo de armazenamento do produto, finalizando com contagens não viáveis de lactobacilos. A análise de variância para a contagem de B. animalis demonstrou que existe diferença significativa (p < 0,05) entre os tratamentos, porém não existe diferença significativa (p > 0,05) entre os tempos de armazenamento e tampouco interação entre tratamento e tempo. Dessa forma foi possível calcular a média do número de B. animalis para cada tratamento. Tabela 4 – Contagem de B. animalis em log UFC/g para cada tratamento em função do tempo de armazenamento Contagem de B. animalis (log UFC/g) Tempo (dias) C 2D 2A 2AD 4D 4A 1 8,7 ± 0,3 8,6 ± 0,3 9,0 ± 0,1 8,8 ± 0,4 8,5 ± 0,2 9,2 ± 0,3 30 9,0 ± 0,2 8,6 ± 0,3 8,9 ± 0,2 8,7 ± 0,6 8,7 ± 0,6 8,8 ± 0,2 60 8,8 ± 0,3 8,6 ± 0,1 9,1 ± 0,2 8,6 ± 0,1 8,5 ± 0,3 8,6 ± 0,1 90 9,0 ± 0,2 8,9 ± 0,1 9,3 ± 0,2 8,9 ± 0,1 8,8 ± 0,3 8,6 ± 0,4 ab ab a ab b ab Média 8,8 8,7 9,1 8,7 8,6 8,8 * a, b, c – Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não apresentam diferença significativa (p > 0,05) entre os diferentes tratamentos. 47 O sorvete com 4 % de farinha de banana verde adicionada depois do tratamento térmico (4D), apresentou a menor contagem média de B. animalis (8,6 log UFC/g) e o sorvete com 2% de farinha de banana adicionada antes do tratamento térmico (2A) apresentou a maior média (9,1 log UFC/g). Entretanto em nenhum dos sorvetes com farinha de banana verde a contagem diferiu significativamente (p > 0,05) do sorvete controle (sem farinha de banana). Esses resultados mostram que o amido resistente, presente nos sorvetes com adição de farinha de banana verde após o tratamento térmico, não influenciou significativamente (p > 0,05) a sobrevivência da bactéria probiótica e, portanto, seu efeito prebiótico não foi comprovado no produto desenvolvido. A população de Bifidobacterium permaneceu elevada, acima de 108 UFC/g, durante os 90 dias de armazenamento do sorvete, para todos os tratamentos avaliados, indicando que o produto é um veículo adequado para a introdução do probiótico. Matta et al. (2012) produziram uma bebida simbiótica à base de arroz com adição de farinha integral de aveia que foi armazenada por 22 dias a 5 °C. O resultado das contagens de Bifidobacterium animalis Bb-12 permaneceu constante, em 8,0 log UFC/mL mostrando que esta cepa apresenta elevada resistência em produtos fermentados, mesmo que não sejam congelados. Em sorvete simbiótico de leite de cabra, Portela et al. (2013) verificaram que a viabilidade de B. animalis durante 56 dias de armazenamento se manteve constante em torno de 108 UFC/g, valor esse muito próximo ao encontrado no sorvete com adição de farinha de banana verde. A adição da farinha de banana verde em diferentes concentrações e etapas de adição não influenciou significativamente (p > 0,05) a contagem de S. termophilus no sorvete de leite fermentado no dia 90 de armazenagem, estando este acima de 109 UFC/g em todos os tratamentos (figura 13). O valor obtido está próximo ao encontrado por Alves et al. (2009) na fabricação de frozen yogurt de leite de cabra, de 109 UFC/mL no final da estocagem de 120 dias. O estudo de Matta et al. (2012) já citado anteriormente, mostrou que a contagem de S. thermophilus, da mesma linhagem utilizada no presente estudo, atingiu no máximo de 7,8 log UFC/mL após 22 dias em uma bebida de arroz fermentada, indicando que o leite 48 fermentado é um meio mais adequado para o crescimento e sobrevivência da bactéria lática. Figura 13 – Contagem de S. thermophilus em log UFC/g para cada tratamento após 90 dias de armazenamento O estudo de Lopez et al. (1998) mostrou que o gênero Streptococcus é mais resistente ao congelamento comparado ao Lactobacillus. Entretanto no presente estudo, embora a contagem de S. thermophilus fosse maior (em torno de 1010 UFC/g) que a contagem de L. acidophilus (cerca de 108 UFC/g) no sorvete com 90 dias de armazenamento, ambos os microrganismos não apresentaram redução significativa (p > 0,05) da população durante o armazenamento do produto congelado. 4.4. pH E ACIDEZ DO SORVETE DURANTE O ARMAZENAMENTO As determinações de pH e acidez titulável nos sorvetes durante o armazenamento foram realizadas, para cada ensaio em duplicata a cada 30 dias. Os resultados são apresentados nas tabelas 5 e 6, respectivamente e os valores apresentados representam a média de seis determinações, pois todos os tratamentos foram realizados em triplicata. 49 Tabela 5 - pH para cada tratamento em função do tempo de armazenamento pH Tempo (dias) C 2D 2A 2AD 4D 4A 1 4,6 ± 0,1 4,7 ± 0,1 4,6 ± 0,0 4,6 ± 0,0 4,7 ± 0,1 4,5 ± 0,1 30 4,6 ± 0,0 4,6 ± 0,2 4,5 ± 0,1 4,6 ± 0,2 4,6 ± 0,1 4,6 ± 0,1 60 4,5 ± 0,1 4,6 ± 0,2 4,7 ± 0,3 4,6 ± 0,1 4,6 ± 0,3 4,5 ± 0,2 90 4,6 ± 0,1 4,6 ± 0,2 4,5 ± 0,1 4,5 ± 0,1 4,5 ± 0,1 4,6 ± 0,1 Tabela 6 – Acidez titulável, em porcentagem de ácido lático, para cada tratamento em função do tempo de armazenamento Acidez titulável (% ác. Lático) Tempo (dias) C 2D 2A 2AD 4D 4A 1 0,83 ± 0,04 0,87 ± 0,06 0,90 ± 0,07 0,88 ± 0,05 0,89 ± 0,07 0,91 ± 0,10 30 0,88 ± 0,07 0,82 ± 0,07 0,87 ± 0,11 0,87 ± 0,04 0,83 ± 0,06 0,86 ± 0,08 60 0,85 ± 0,07 0,87 ± 0,02 0,91 ± 0,04 0,90 ± 0,07 0,88 ± 0,03 0,92 ± 0,03 90 0,87 ± 0,06 0,87 ± 0,07 0,97 ± 0,08 0,95 ± 0,04 0,84 ± 0,05 0,91 ± 0,03 O pH durante a armazenagem é um fator importante para a sobrevivência dos microrganismos, sua redução pode reduzir a viabilidade das bactérias probióticas. No sorvete era esperado que o pH e a acidez permanecessem constante durante o armazenamento, o que foi comprovado no presente estudo, uma vez que o valor de pH encontrado para todos os tratamentos ficou entre 4,5 e 4,7 durante os 90 dias, sem que houvesse uma diferença significativa (p > 0,05). Em leite fermentado com cultura ABT e diferentes concentrações de farinha de banana verde, Melo (2014) verificou que a acidez dos produtos armazenados a 4 °C por 30 dias variou de 1,25 e 1,40 %. No sorvete, devido à diluição do leite fermentado com os demais ingredientes os valores de acidez titulável permaneceram praticamente constantes de 0,82 a 0,97 % de ácido lático, o que provavelmente contribuiu para a sobrevivência dos microrganismos probióticos. Davidson et al. (2000) produziu frozen yogurt e obteve pH de 5,6. Já o estudo de Silva et al. (2010) que produziu sorvete de leite de cabra com diferentes fontes de gordura obteve 50 valores de pH mais próximos aos encontrados nesse estudo de 4,4 a 4,6 dependendo da formulação. A adição de farinha de banana verde, nas diferentes etapas do processo, não influenciou significativamente (p > 0,05) o pH e a acidez titulável dos sorvetes. 4.5. DERRETIMENTO As análises de derretimento dos sorvetes foram realizadas em duplicata, para cada ensaio, a cada 30 dias. Foi determinado o tempo para iniciar o derretimento do sorvete, ou seja, o tempo em que caiu a primeira gota (tabela 7) e também o perfil de derretimento das amostras, registrando a massa drenada a cada 5 minutos após o início (figuras 14 a 19). Os valores apresentados nas tabelas 7 e 8 representam a média de seis determinações, pois todos os tratamentos foram realizados em triplicata. Tabela 7 - Tempo necessário para iniciar o derretimento, em minutos, para cada tratamento em função do tempo de armazenamento Início do derretimento (min) Tempo (dias) C 2D Bb 1 35 ± 4 30 43 ± 2 60 50 ± 4 Bb Aa Aa 2A 38 ± 2 45 ± 6 Bb ABab 50 ± 3 Aa Aa 2AD ABab 49 ± 2 Bab 52 ± 5 Aa 56 ± 5 ABa 54 ± 2 54 ± 2 Aa Cb 4A 38 ± 4 43 ± 2 46 ± 3 4D Bb Aa Bb 54 ± 5 Aab 53 ± 1 Aa 51 ± 4 38 ± 6 Ba Ba Aa Ba Aa 54 ± 3 56 ± 2 62 ± 7 59 ± 1 61 ± 5 90 55 ± 4 * A, B, C – Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não apresentam diferença significativa (p > 0,05) entre os tempos de armazenamento. a, b – Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não apresentam diferença significativa (p > 0,05) entre os tratamentos. A análise estatística demonstrou que existe diferença significativa (p < 0,05) no tempo para início do derretimento nos diferentes tratamentos e no tempo de armazenamento. Verificou-se também interação significativa (p < 0,05) entre tempo e tratamento. Com relação ao tempo de armazenamento, verificou-se que ao longo do tempo de armazenamento as amostras demoram mais para iniciar o derretimento. Quanto aos tratamentos, a amostra com maior quantidade de amido gelatinizado (4 %) apresentou a maior média de tempo para iniciar o derretimento, 54 min e 53 min, no primeiro e trigésimo 51 dia de armazenamento, enquanto o sorvete controle (sem adição de farinha de banana verde) iniciou o derretimento com 35 e 43 minutos, respectivamente. A partir de 60 dias de armazenamento o tempo para início do derretimento não diferiu significativamente em todos os sorvetes avaliados. A presença de amido resistente (amostras com farinha de banana verde adicionada depois do tratamento térmico - 2D e 4D) não teve influência significativa (p > 0,05) no tempo para início do derretimento. Existe uma grande dificuldade de comparação de resultados entre este e demais estudos já realizados no quesito análise de derretimento. Os estudos diferem na escolha da temperatura de realização do teste e no tamanho da abertura de malha, o que influencia muito nos resultados. O estudo de Lee & White (1991) foi realizado em temperatura de 15,5 °C. O estudo de Correia et al. (2008) em temperatura de 28 ± 1 °C. O ensaio de Santana (2012) em temperatura de 25 ± 1 °C. O estudo de Silva et al. (2010) foi realizado em 22 ± 0,5 °C. O estudo de Goh et al. (2008) também realizou o teste em 20 ± 0,5 °C, porém em diferente abertura de malha. Todos os estudos citados realizaram o teste apenas após o batimento e não ao longo do tempo de armazenamento. Durante o derretimento, dois eventos principais acontecem: o derretimento dos cristais de gelo e o colapso da estrutura espumosa lipídica estabilizada. O fenômeno do derretimento é governado por vários fatores, entre eles a taxa de incorporação de ar ou overrun, as interações lipídicas e a cristalização da gordura (Goff, 2005; Sofjan & Hartel, 2004; Granger et al., 2005). Com relação ao perfil de derretimento, foram feitos os gráficos de massa drenada pelo tempo, assim foi possível determinar a velocidade de derretimento em gramas por minuto, através de um ajuste linear. As velocidades estão apresentadas na tabela 8. 52 Tabela 8 – Velocidade de derretimento dos sorvetes (média ± desvio-padrão) produzidos de acordo com os diferentes tratamentos, em g/min Tempo (dias) 1 C 2D 0,75 ± 0,19 BCa 1,03 ± 0,24 2A ABa ABa 0,93 ± 0,10 Aa 1,00 ± 0,05 Aa 0,97 ± 0,08 30 0,63 ± 0,18 60 90 0,71 ± 0,16 ABa 0,64 ± 0,17 2AD CDa 0,51 ± 0,19 Aa 0,40 ± 0,11 Aa 0,39 ± 0,05 BCa 0,42 ± 0,09 4D 1,17 ± 0,31 Aa BCa 0,45 ± 0,18 BCa 0,49 ± 0,07 BCb 0,45 ± 0,10 0,85 ± 0,26 4A ABCa 0,25 ± 0,04 Aa 0,21 ± 0,04 ABa 0,23 ± 0,07 Ca 0,23 ± 0,04 BCb 1,03 ± 0,16 BCb 0,78 ± 0,24 Aa 1,00 ± 0,11 Da Ca Ca * A, B, C, D – Médias com letras maiúsculas iguais na mesma linha não apresentam diferença significativa (p > 0,05) entre os tempos de armazenamento. a, b – Médias com letras minúsculas iguais na mesma coluna não apresentam diferença significativa (p > 0,05) entre os tratamentos. A análise estatística demonstrou que existe diferença significativa (p < 0,05) na velocidade de derretimento nos diferentes tratamentos. Para o tempo de armazenamento, observou-se diferença significativa (p < 0,05) apenas na amostra 2AD, na qual no primeiro dia de armazenamento, a velocidade de derretimento foi de 1,17 g/min e para os tempos seguintes variou de 0,45 a 0,49 g/min. Para os demais tratamentos não houve diferença significativa entre os tempos de armazenamento. As amostras com amido resistente (2D e 4D) apresentaram maiores velocidades de derretimento, em comparação com as demais amostras. O tratamento 4A, que apresentou o maior tempo para cair a primeira gota também foi a amostra com menor velocidade de derretimento nos tempos estudados, seguido do tratamento com menor quantidade de amido gelatinizado (2A). Os estudos já citados na análise de derretimento fizeram o teste em temperaturas mais altas e encontraram valores de velocidade maiores. Correia et al. (2008), Santana (2012) e Silva et al. (2010) realizaram testes em temperaturas de 28 ± 1 °C, 25 ± 1 °C e 22 ± 0,5 °C, respectivamente e os resultados obtidos foram de 1,69 a 2,03 mL/min; 0,93 a 1,88 g/min e 2,18 a 2,79 g/min respectivamente. 4.6. DUREZA As análises de dureza foram realizadas em duplicata para cada réplica a cada 30 dias, onde foi registrada, através do programa do equipamento, a maior força realizada pelo probe. Os 53 valores apresentados na tabela 12 representam a média de seis determinações, pois todos os tratamentos foram realizados em triplicata. Tabela 9 – Dureza, em N, para cada tratamento em função do tempo de armazenamento Dureza (N) Tempo (dias) C 2D 1 128 ± 20 30 215 ± 1 60 252 ± 8 Bbc 2A 162 ± 10 Bab Aab 224 ± 20 Aa 201 ± 6 Bb 2AD Aa 209 ± 20 Abc 212 ± 4 ABa 4D Aa 136 ± 20 Aab 176 ± 10 Aabc Aab 4A Babc 138 ± 3 212 ± 10 Aab 184 ± 20 222 ± 20 Aab 179 ± 4 Aab Babc 124 ± 20 Aab 177 ± 10 Ab ABc 173 ± 10 Ac ABab Bc Aab 197 ± 10 191 ± 20 186 ± 9 161 ± 7 170 ± 10 90 160 ± 10 * A, B – Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não apresentam diferença significativa (p > 0,05) entre os tempos de armazenamento. a, b, c – Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não apresentam diferença significativa (p > 0,05) entre os tratamentos. A análise de variância demonstrou que existe diferença significativa (p < 0,05) entre os tratamentos, entre os tempos de armazenamento e interação entre tempo e tratamento. No primeiro dia de armazenamentos, de modo geral, os sorvetes apresentaram menor dureza (p < 0,05) que nos demais dias de estocagem, com exceção do sorvete 2A (2 % de farinha de banana verde adicionada antes do tratamento térmico). A variação da dureza dos sorvetes foi maior entre o primeiro e o trigésimo dia de armazenamento, provavelmente devido a temperatura dos produtos não ter atingido 18 °C negativos no primeiro dia de análise. O sorvete contendo 4 % de farinha de banana verde com amido gelatinizado (4A) ou amido resistente (4D) apresentaram, no geral, menores valores de dureza em relação aos demais sorvetes, o oposto do observado por Cody et al. (2007) no qual o sorvete com maior concentração de farinha de arroz atingiu valores mais altos de dureza. A média das durezas no primeiro dia após o batimento (144 N) é semelhante ao valor encontrado por Aime et al. (2001) em sorvete com redução de gordura (143 N). O gelado comestível do estudo de Santana (2012) obteve resultados de 103 N para a adição de polpa de coco liofilizada e 186 N para a polpa de coco liofilizada desengordurada, indicando que a gordura influenciou de modo significativo na dureza do sorvete. 54 4.7. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL Na tabela 10 são apresentados os resultados da composição centesimal, realizada conforme métodos descritos no item 3.10. Tabela 10 – Composição centesimal dos sorvetes, em g/100g Composição Centesimal dos Sorvetes (g/100g) Tratamento Sólidos totais Cinzas Proteínas Gordura Carboidratos C 25,36 ± 0,06B 0,95 ± 0,02 B 3,60 ± 0,19 A 4,2 ± 0,1 A 16,61 4A 27,14 ± 0,09 A 0,98 ± 0,01 A 3,35 ± 0,13 B 4,1 ± 0,1 A 18,71 4D 27,31 ± 0,32 A 1,00 ± 0,02 A 3,30 ± 0,05 B 4,3 ± 0,3 A 18,71 * A, B, C – Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não apresentam diferença significativa (p > 0,05) entre os tratamentos. Os resultados para sólidos totais são próximos aos encontrados por Alves et al. (2009), de (26,6 ± 0,2)% no frozen yogurt de leite de cabra adicionado de probióticos e prebióticos e pouco menores comparados ao sorvete de leite de cabra produzido por Correia et al. (2008) de (27,48 ± 0,06) %. Para os sorvetes com adição de farinha de banana verde, antes ou depois, os resultados estão acima do mínimo exigido pela ANVISA (2000) de 26 % para sorvete de iogurte, porém para a amostra controle a quantidade está ligeiramente abaixo do limite. Com relação ao teor de cinzas, os valores estão acima do encontrado por Correia et al. (2008) de (0,38 ± 0,03) % no sorvete com leite de cabra e de (0,45 ± 0,02) % no sorvete com leite de vaca. O teor de cinzas da bebida láctea fermentada por probióticos e acrescida de prebiótico de Thamer & Penna (2006) variou entre 0,53 % e 0,61 % dependendo do experimento. Já o conteúdo proteico está dentro dos padrões da ANVISA (2000) que exige um mínimo de 2,5 %. Os resultados obtidos estão próximos aos 3,0 % encontrados no frozen yogurt de Alves et al. (2009) e no sorvete com leite de vaca de Correia et al. (2008). 55 4.8. ANÁLISE SENSORIAL A análise sensorial foi realizada com 81 provadores não treinados e os parâmetros avaliados foram opinião geral, sabor, textura e intenção de compra. Nas figuras 20, 21 e 22 estão apresentados os resultados da análise sensorial referente à opinião geral, ao sabor e à textura do produto, respectivamente e na tabela 11 encontra-se a média das notas de cada parâmetro e amostra da análise sensorial. Figura 14 – Análise sensorial referente à opinião geral do produto 56 Figura 15 - Análise sensorial referente ao sabor do produto Figura 16 - Análise sensorial referente à textura do produto 57 Tabela 11 – Média das notas da análise sensorial para cada parâmetro e amostra Média das notas Amostra Opinião Geral Sabor Textura C 6,5A 6,4A 6,0A 4A 5,4B 5,0B 6,2A 4D 5,9AB 5,7AB 6,5A * A, B, C – Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não apresentam diferença significativa (p > 0,05) entre os tratamentos. A análise de variância mostrou uma diferença significativa (p < 0,05) na preferência dos provadores. Para a opinião geral do produto e na opinião sobre o sabor, foi observado maior preferência da amostra sem farinha de banana verde em relação a amostra com 4,0 % de farinha de banana verde adicionada antes do tratamento térmico. Para a análise da textura, as três amostras não apresentaram diferença significativa (p > 0,05) nas notas médias (tabela 11). A aceitação dos sorvetes foi calculada considerando os provadores que gostaram ligeiramente a gostaram extremamente do produto e as porcentagens de rejeição dos produtos foram calculadas considerando os provadores que desgostaram ligeiramente a desgostaram extremamente. Em relação à opinião geral, a amostra controle foi a que mais agradou os provadores atingindo 78 % de aceitação e nota média de 6,5, ou seja, a amostra agradou ligeiramente a moderadamente, diferenciando significativamente da amostra 4A que atingiu a nota média de 5,4 ficando mais próxima da indiferença. Já a preferência da amostra 4D não diferiu significativamente (p > 0,05) das duas outras amostras chegando a 67 % de aceitação e 5,9 de nota, ou seja a amostra agradou ligeiramente. Quanto ao sabor do produto, novamente a amostra sem adição da farinha de banana teve maior porcentagem de provadores que gostaram (72 %), tendo atingido a nota média de 6,4, ou seja, os provadores gostaram ligeiramente a moderadamente do produto. Dentre os tratamentos com farinha de banana verde, a amostra com adição depois do tratamento térmico atingiu a nota de 5,7 (agradou ligeiramente) não apresentando diferença significativa (p > 0,05) entre os dois outros tratamentos. Os provadores nem gostaram, nem desgostaram da amostra 4A (nota 5,0) atingindo 39 % de rejeição. 58 O parâmetro textura não apresentou diferença significativa entre os tratamentos. A amostra C agradou ligeiramente e apresentou 65 % de aceitação, a amostra 4A também agradou ligeiramente e chegou a 69 % de aceitação. A amostra 4D ficou entre agradar ligeiramente e moderadamente com 71 % de aceitação. Na figura 17 são apresentados os resultados de intenção de compra dos produtos. Somente para a amostra Controle a porcentagem de prováveis compradores é maior em relação aos não compradores, com 56 % das intenções de compra, a amostra que apresentou menor aceitação dos provadores foi a 4A, no qual apenas 30 % dos provadores comprariam o produto. Já a amostra com amido resistente apresentou 46 % das intenções de compra. Dos 81 provadores, 17 escreveram comentários sobre os produtos avaliados, 2 deles indicaram sentir os grânulos da farinha de banana verde dissolvidos, 2 pessoas indicaram ter gostado muito da amostra controle e 2 indicaram que a amostra com 4% de adição de farinha de banana verde depois é a melhor por ter um sabor mais acentuado. Duas pessoas comentaram que faltava açúcar nas amostras. Figura 17 – Intenção de compra dos produtos 59 5. CONCLUSÕES A adição da farinha de banana verde no leite fermentado utilizado na produção do sorvete probiótico não influenciou o tempo de fermentação, pH e acidez dos produtos durante o processo fermentativo. A farinha de banana verde não influenciou a viabilidade dos microrganismos nos sorvetes durante 90 dias armazenamento. As contagens de Lactobacillus acidophilus ficaram entre 8,3 e 8,6 log UFC/g ao final da vida-de-prateleira; as contagens de Bifidobacterium animalis finalizaram entre 8,6 e 9,3 log UFC/g; e as contagens de Streptococcus thermophilus foram de 9,6 a 10 log UFC/g. Para as bactérias probióticas as contagens ficaram acima do mínimo estabelecido pela ANVISA (2013), que exige o número mínimo de bactérias viáveis de 108 a 109 UFC na porção diária. Os parâmetros de pH e acidez durante o armazenamento dos sorvetes por 90 dias também não sofreram alteração significativa para as diferentes formulações de sorvete avaliadas. A dureza do sorvete foi influenciada pela quantidade de farinha de banana verde adicionada. Os sorvetes com 4 % de farinha de banana verde, independentemente da etapa de adição no processo, apresentaram menor dureza e, portanto uma textura mais macia. O sorvete com amido gelatinizado, no qual foi adicionado de 4 % de farinha de banana verde, apresentou um aumento de 54 % no tempo para o início do derretimento, em comparação com o sorvete sem a adição deste ingrediente. A análise sensorial mostrou que os sorvetes com adição de farinha de banana verde antes do tratamento térmico e, portanto continham amido gelatinizado, apresentaram menor aceitação sensorial comparado ao sorvete controle (sem farinha de banana verde). De um modo geral, a farinha de banana verde poderia ser adicionada, após o tratamento térmico na concentração de 4,0 %, ao leite fermentado para produção de sorvete probiótico, rico em fibras, sem prejuízo aos parâmetros funcionais e físico-químicos. 60 REFERÊNCIAS ABIS – Associação brasileira das indústrias e do setor de sorvete. Consulta de http://www.abis.com.br/estatistica_producaoeconsumodesorvetesnobrasil.html em maio/2015. Aime, D. B.; Arntfield, S. D.; Malcolmson, L. J.; Ryland, D. 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