Algumas considerações sobre a JORNADA DE CARTÉIS
Ana Lucia de Souza (AS) — A proposta, para essa reunião de hoje, é poder
fazer algumas considerações sobre a Jornada Intercartéis. Eu vou abrir a reunião
fazendo algumas considerações e quem esteve presente na Jornada vai poder também
trazer a sua contribuição para esse nosso encontro.
Gostaria de começar trazendo as duas citações que constam no folder. Antes
disso, eu gostaria de dizer que a organização da Jornada contou com a colaboração da
Rosa Xavier. Nós duas pensando e discutindo a Jornada. Eu gostaria de retomar essas
duas citações que estão no folder.
A primeira citação, que é de abril de 1975, foi tirada da Jornada de Cartéis da
Escola Freudiana de Paris, realizada em 75, que está na nossa publicação. E a segunda
citação, também de 75, é a do Seminário R.S.I. São essas as duas citações com as quais
vamos abrir a reunião.
Esse mais uma, porque nessa Jornada estava-se discutindo o mais uma pessoa, o
três mais uma pessoa, o quatro mais uma pessoa, que por fim vai sendo formulado como
a função mais-um. Daí aparece esse mais uma, fala do próprio Lacan nessa Jornada:
Esse mais uma, não quero me vangloriar de tê-la antecipado
sobre algo que tento articular sobre a forma do nó
borromeano.
Lacan está se referindo a 1964, quando funda a Escola Freudiana de Paris, e propõe o
Cartel. Ele está retomando em 75, quando está fazendo o Seminário R.S.I., e é
justamente, nessa época, que se dá a Jornada. Por isso, está dizendo:
Não quero me vangloriar de tê-la antecipado sobre algo que
tento articular sobre a forma do nó borromeano. X + 1 é
precisamente o que define o nó borromeano, e é a partir de
retirar esse 1, que no nó borromeano é qualquer um, que se
obtém a individualização completa, ou seja, que do que
sobra, a saber, do X em questão, não há mais que um por um.
E aqui a segunda citação, Seminário R.S.I., aula de 15 de abril de 1975:
Um cartel parte de três mais uma pessoa, coisa que em
princípio faz quatro, e que dei como máximo cinco, graças ao
que faz seis. Mesmo que sejam três, isso faz quatro, donde
minha expressão mais uma. E será retirando uma,real,que o
grupo se desata.
Essas duas citações foram colocadas no programa desta nossa Jornada para que
pudéssemos pensar melhor essa estrutura de Cartel, base da Escola Letra Freudiana, a
partir dessa condição do nó borromeano, que é essa condição em que se retirando um,
os outros se desatam, cada um não sendo senão um. Essa estrutura está presente no
Cartel. Cada participante a sustenta, ficando o Cartel responsável pelo trabalho,
respondendo por ele.
O mais-um não é um coordenador, não é um mestre, não é um analista; é alguém
que suporta uma função — a desse um... cada um sustentando esse trabalho coletivo,
fazendo vigorar o um. E é um trabalho coletivo porque ele está na base da Escola. E
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também é esse trabalho coletivo que, estando na base da Escola, sustenta-a. Esse
coletivo que é a Escola. É por isso que, ao final do Cartel, cada um apresenta um
trabalho individual como produto dessa experiência que se dá no coletivo. Essa questão
que ele trás... sim, porque nas nossas jornadas essa questão está sempre presente... é a
questão da própria inscrição do Cartel e da sua dissolução, ou desatamento, ou
desenodamento, tomando-se pela estrutura do nó. Essa é uma questão que está sempre
presente.
Nessa Jornada também esteve presente. Então, é isso... três no mínimo. O que
Lacan diz: mesmo que sejam três, isso faz quatro, daí mais um. Que um é esse que está
presente? É esse um formulado por Lacan como Y a d’l’un, esse um que é do campo do
uniano, distinto do campo unário, esse um que não se enlaça ao Outro, marcando a
impossibilidade de se fazer o 2, esse um como Lacan o chama um da solidão, um todo
só, esse um que não faz relação. Esse um aí, esse mais um tendo essa função de marcar
um por um e, por isso, essa idéia de que, em retirando um, o nó se desata. Esse maisum, que faz vigorar esse um por um, esse um que não faz relação.
É bem interessante poder pensar como Lacan antecipa isso em 64, quando
formula esse pequeno grupo de trabalho, que tem um limite de tempo, mas também tem
um limite de número, porque diz: no mínimo três mais-um, e isso vai até seis, e não
mais do que isso.
Essa citação do Seminário vem ao encontro da nossa experiência, porque a
Escola Letra Freudiana, desde o seu início, desde o momento da sua fundação e também
desde o momento em que a instituição passa a Escola, trabalha com Cartel. Essa
estrutura de Cartel é a base da Escola. Como é que nós tomamos essa estrutura de
trabalho, esse pequeno grupo de trabalho, como estando na base da nossa Escola?
E esta outra pergunta também sempre se apresenta: como é que um Cartel se
dissolve? Ou, ainda pensando na estrutura do nó borromeano, como ele se desata?
É bastante interessante também ver como, nessa mesma aula do Seminário
R.S.I., Lacan questiona:
Quer isso dizer que eu penso que como no nó borromeano há
três que devem encarnar o simbólico, o imaginário e o real, a
questão pode se colocar, pois afinal posso ser doido.
Aí está marcando que não é disso que se trata, não é que cada participante encarne o
Simbólico, o Imaginário e o Real. Não é disso que se trata! Mas, é uma questão que
aparece, tanto que apareceu lá na Jornada da Escola Freudiana de Paris , e ele disse:
Bom, essa questão pode se colocar, mas ... eu posso ser doido.
Isso indica, e nossa experiência mostra-o, que, justamente, a Jornada Intercartel
é o lugar onde o testemunho dessa experiência de Cartel se coloca. Portanto, eu acho
interessante poder pensar na nossa experiência, o que se vem recolhendo... o que se
pode recolher dela em relação a isso.
Cristina Vidal (CV) — Uma das mesas apresentou um trabalho sobre a
incidência do Real, do acidente na estrutura do cartel, ou seja, uma reflexão sobre como
esse cartel lidou com esse imprevisto, no sentido de sustentar a estrutura e o cartel pôde
continuar independente dos imprevistos que atravessou no seu percurso. Se o cartel é
uma estrutura nodal, borromeana, é importante a discussão que está acontecendo nestas
jornadas sobre como um cartel sustenta esse enodamento, que implica um saber fazer
com os avatares do Real com a pregnancia do Imaginário.
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Benita Lopes (BL) — O fato de um membro do cartel sair não significa que este
deva se dissolver porque o nó permanentemente se refaz.
Arlete Garcia (AG) — Quando dizemos que o Cartel é a base da Escola, estamos
falando de uma determinada concepção de Escola também, a de um coletivo que tem
uma estrutura de três. Estou dizendo isso porque, de repente, eu ouvi isso só agora.
Embora repetisse sempre que o Cartel é a base da Escola, mas eu não tinha me dado
conta de que trata-se aí, nessa frase, de uma concepção de Escola. É uma Escola que se
estrutura com três, com uma amarração borromeana.
Diana Mariscal (DM) — Com o Cartel, Lacan extrai a questão da função de Y a
d’l’un. Então, qual é a função de Y a d’l’un? É o um barrado, implica o significante
barrado, implica o Outro barrado. No nó, o a está no centro e o um é o próprio nó.
Quando ele coloca o Y a d’l’un, ou esse mais um com a função de Y a d’l’un, é uma
função do Outro barrado. Se essa função está, é a própria amarração. Não tem outra. Ou
seja, é a partir daí que o nó se constitui. Se o Outro barrado, o significante barrado está
funcionando, há uma função do desejo aí. O Outro barrado implica em um desejo.
Então, a questão que um Cartel apresentou aqui, isso ficou bastante evidente, ou
seja, ficaram duas pessoas no final, depois de uma série de questões. Mas algo desse
um, como o significante barrado, continuava funcionando através do desejo. Há uma
função desejante que estava aí. Ou seja, o nó estava, por mais que fossem dois
elementos, duas pessoas. No caso extremo, chegaram a ser dois. Mas a função do um,
desse mais um, estava, ou seja, esse Y a d’l’un estava funcionando, e se estava
funcionando, estava o nó. Assim, o Cartel continua. Cristina colocou a questão da
estrutura: se está Y a d’l’un funcionando, se está o Outro barrado funcionando, seria
uma função de desejo?
Agora, se se pensa em questão dos números naturais,1,2,3,4 ... não tinha 4... De
todas as maneiras, Lacan coloca um limite para esses números.Vai até 6. Mas, estava a
função desse mais um como Y a d’l’un, ou seja, uma função do desejo aí. E o cartel se
constitui novamente ou continua funcionando, passando por vários momentos. Parece
que foi um bom exemplo onde não se transformou esse três mais um ou quatro mais um
em uma simples regra. É que o desejo funcionou como Outro barrado, como Y a d’l’un,
e o nó estava de alguma maneira. Não funcionou como regra, mas em outros casos pode
ser que se dissolva, se esse Y a d’l’un não funcionar .
Letícia Balbi (LB) — Eu queria retomar essa questão da base, porque, no Cartel,
está em questão também a transmissão? O que na Jornada se testemunha dessa
transmissão?
Não é a mera comunicação de trabalhos... Isso me faz questão já há algum
tempo. Ali é um trabalho que é produzido a partir do Cartel, que é um dispositivo...
Agora eu não sei mais se é um dispositivo... eu achava que era um dispositivo de
transmissão. ... é... pode ser que ele venha a mudar de nome, não é? Então, um
dispositivo de transmissão... E o que é que, na Jornada de Cartel, se transmite dessa
experiência? Eu acho que tem uma coisa aí para nós avançarmos, da mesma maneira
que avançamos em não identificar pessoa com cada “rodela” do nó borromeano.
DM — Eu vou repetir o que a Ana falou. Vai nessa direção. Se a Jornada é
testemunho de um funcionamento e Y a d’l’un é válido, se testemunha isso, se vê como
funciona ou não se vê. Se transmite algo disso? E me parece que algo se testemunha
disso.
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AS — Eu acho que tem isso, sem dúvida nenhuma! Porque isso se faz, alguma
coisa passa aí. E voltando um pouco... o desatamento ou a dissolução do cartel tem uma
importância. É por esta razão que cada cartel tem que se haver com isso. Ou pelo fato de
continuar, ou de se desatar. Porque tem essa frase que Lacan traz: É retirando uma real.
E aqui Lacan está falando ainda uma pessoa, porque estão se referindo a isso...
Mas, enfim, é retirando uma real que o grupo se desata. Então, ele traz algo... eu não sei
ainda dizer sobre isso, mas de qualquer forma é alguma coisa do real. Portanto, eu acho
que tem a ver com essa questão da transmissão, que alguma coisa de um real está em
jogo, porque Lacan diz: O nó sustenta o real, suporta o real.
Essa experiência traz algo desse real. Algo disso que pode ser transmitido. Tem
um outro lado também, que é esse fazer do Cartel que nessa Jornada tivemos o
testemunho.
Ouvi o comentário de alguém que eu achei muito interessante, que diz assim:
“Não fiquei nem prestando tanta atenção assim no conteúdo daquele trabalho”- um
trabalho que foi apresentado na Jornada. O interessante foi como aquela pessoa estava
totalmente envolvida com aquele tema; como ela teve que dar conta daquilo de alguma
forma e foi tecendo o seu trabalho. Tinha ali toda a questão também da transferência de
trabalho que estava em jogo e como esse trabalho passou alguma coisa para essa
ouvinte.
Essa ouvinte percebeu um trabalho de texto, que tem a ver com a questão da
transferência de trabalho. A transmissão é isso. Não exatamente o conteúdo do trabalho,
por exemplo, mas algo de um trabalho que aparece, que o Cartel dá testemunho.
Outro trabalho que achei interessante foi um Cartel que mostrou sua experiência
que durou alguns anos com algumas interrupções. Num primeiro momento, era uma
configuração; num segundo, foi outra configuração.
E como esse Cartel partiu de um ponto que eu acho muito interessante, que é
aquele que Maurício também achou: de se colocar ali no quadrinho - alguns membros,
alguns participantes fazem isso - o tema em que se está interessado, e as pessoas vão
então escrevendo os seus nomes. E esse Cartel deu o testemunho disso: foi um cartel
que começou assim.
No meio do caminho, aconteceram entradas e saídas e o tema era justamente a
Ética da Psicanálise. E como esse tema segurou esse Cartel; como eles continuaram
trabalhando e como duas pessoas desse Cartel trouxeram aqui o testemunho da
transferência de trabalho se dando.
Anete Arita (AA) — Depois da apresentação, o Cartel se reuniu e o que se
considerou é que o trabalho foi um testemunho. Isto não era claro para nós antes. E
depois da apresentação, a Edna, durante as considerações que nós estávamos fazendo,
disse assim: “demos um testemunho, é algo que é para trabalharmos na Escola e a
Escola trabalhar”...
E, agora, vamos trabalhar para passar esses textos que cada um falou em um só
texto escrito. Vamos trabalhar um porque, na apresentação da Jornada, nós não
sabíamos como seria o texto falado de cada uma. As formas como as coisas foram
acontecendo também foi interessante. Até porque tinha algo assim difícil de falar.
Acho que a Lúcia apontava muito isso e o dela foi o texto menor. Até porque a
dificuldade era de falar de algo que se passou durante um tempo no Cartel - quando
ficaram duas pessoas, não se sabia se eu retornaria, ou se as duas outras pessoas
retornariam. Então, nesses momentos, eu acho que o Cartel se sustentou pela estrutura e
quando, no final do ano, ele se dissolveu, se dissolveu por uma questão de estrutura.
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Isso ficou muito claro para nós: o que foi que sustentou o Cartel até mesmo em alguns
momentos com duas pessoas... Edna me ligando... e, em alguns momentos... e, aí, no
final, com a saída de fato de duas pessoas, o Cartel se desata.
Achamos que alguma coisa se passou também na questão da transmissão e fica a
questão da causa do desejo, e que é isso também que ficamos nos perguntando: o que
foi que manteve o Cartel...
AG — Ainda vou voltar para o tema anterior. Será que podemos pensar que se o
Cartel, como base da Escola, é a estrutura de três mais um, a concepção de Escola
estaria ligada a esse Y a d’l’un, o um sozinho? Em relação ao texto, trata-se de uma
leitura e, nesse momento, é uma solidão.
É o um que se diferencia mais claramente do que seria, por exemplo, a relação
com o texto na universidade, onde você tem alguém que ensina. Tem uma relação com
o texto, mas fico pensando numa relação mais dual e aí, nessa concepção, a relação com
o texto não está sustentada nesse Y a d’l’un, no um sozinho. No Cartel, uma leitura se
produz e se transmite, mas a partir desse um, desse mais-um. Não sei se podemos
pensar isso a partir do que você falou.
AS — Em algum momento, Lacan assinala que o desatamento põe à prova o nó,
se o nó de fato é borromeano: retirando um real que o nó se desata. Essa Jornada é o
lugar onde se pode testemunhar isso porque é só nessa comunicação ou nessa produção
de um trabalho, que alguma coisa pode comparecer. Essa produção tem que estar sendo
colocada, porque é só aí que se pode recolher alguma coisa. São questões importantes
da própria formação e da dissolução, do próprio desatamento.
Lembrei de um testemunho importante também que foi o do Cartel do Passe,
onde isso é colocado de uma forma bem clara. Os quatro escolheram um mais-um e esse
mais- um é que fez a enodação do Cartel. A Mirian trouxe isso. Quando o Cartel se
desatou, você trouxe esse testemunho: “Bom, a gente poderia então continuar a
conversar? Não, não aconteceu”. E ficou claro ali o desatamento, a dissolução.
É uma coisa interessante para se pensar... o testemunho desse desatamento
colocando à prova o próprio nó.
Miriam Chor (MC) — O Cartel do passe traz uma particularidade porque não é a
situação de que alguém sai, que alguém teve uma questão, e tal ... Se chega a uma
nominação ou não. Isso dissolve, porque não tem mais por onde se estender a partir
disso. Então, é uma particularidade desse Cartel, quer dizer, o que delimita o final é
isso. Aí realmente não tem nada a ver com a pessoa. Não é por que alguém compareceu
ou não compareceu, se alguém saiu ... É bem radical sobre esse aspecto.
DM — Quando Lacan diz, se se retira o um real... O que é o um real? É a
própria enodação, ou seja, o um real é algo da ordem da escrita. Então, se se retira esse
real, o cartel se desfaz, mas o que quer dizer que se retira esse um real? É que não se
sustenta mais a função. Quando é retirado, sobra um por um. Por isso... o um real é a
própria enodação. Agora,quando Lacan coloca que o mais um será escolhido, quer
dizer, é uma função em que, apesar de tudo, tem que ser alguém sustentado essa função,
o que é diferente de estar aí como uma pessoa, como eu, como um imaginário Não sei
se esse alguém tem que sustentar... mas tem que ser alguém designado. Para quê? Para
que se faça valer a escrita de que o Cartel é três mais um. Isso é uma escrita. Uma
escrita, quer dizer, que algo começa a funcionar a partir daí. Então, tem que se armar
esse 3 + 1, que é o que está escrito para o Cartel.
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Elizabeth Freitas (EF) — Uma observação... nós formamos um Cartel e só
depois de algum tempo ele foi inscrito na Escola. Até então, dizíamos que o Cartel não
existia. Então, essa inscrição dos nomes, não importa quem, depende da função do Mais
Um, isto é, ele é quem inscreve o Cartel na Escola. Logo, a partir deste ato, o Cartel
passa a vigorar e, então, podemos dizer que o Cartel sustenta a Escola.
AS — Isso é bem interessante, mesmo porque se é qualquer um, tem que ser
alguém. Alguém nessa função. O interessante dessa função é fazer valer que cada um ali
é um... por isso que cada um é responsável pelo Cartel.
Há uma certa tendência de se colocar esse um no lugar de líder. Isso é de
qualquer estrutura de grupo, mas é preciso se dar conta de que esses efeitos de grupo
estão ali.
A função está ali em alguém para fazer vigorar que cada um é responsável pelo
Cartel. Cada um vai responder por isso. Essa função mais um, eu entendo que faz
vigorar o há um/ y a d’l’un.
Sofia Saruê (SS) — Eu acho que é importante isso que você trouxe logo de
início, quando você falou que o R .S. I. não estaria ali encarnado numa pessoa. Nesse
sentido, nem o mais um, porque o importante é o mais um, e que é qualquer um. Senão
esse mais um vai funcionar como o quarto termo do sintoma que vai manter o RSI,
digamos, estável e não há encarnação do RSI. Então, qualquer pessoa pode sair que não
está desatando o Real do nó ... só quando isso se configura.
Alícia Sterlino (AST) — Fazer circular a função, que o mais um seja alguém que
sustente o Cartel... não me parece ser isso. Me parece sim, que ele promove essa
circulação da função para que cada um a sustente.
DM — ... mas porque Lacan coloca alguém? Alguém porque o desejo tem que
estar presente; se não for alguém, o desejo não circula. Se você escolhe o tema com o
mais-um, como o desejo circula? Por alguma razão, Lacan coloca alguém, tem que ter aí
algum sujeito desejante ou não desejante.
AS — Está aqui, na nossa Ata, uma função da Coordenação de Cartéis é a de
promover a Jornada Intercartéis e também uma Reunião com os mais-um. Fiquei
pensando que o convite tem que ser feito aos cartelizantes. E quem quiser vir, vem.
Estou trazendo esse assunto aqui... para que possamos pensar o que gostaríamos de
fazer nessa reunião, que será no segundo semestre...
MC - Mas isso já aconteceu assim. Lembro que, justamente, essa questão
apareceu e caiu exatamente nesse ponto que você está trazendo agora, que era uma
reunião de mais uns,... e, então, vinham... a princípio eram os mais uns, aqueles
nomeados... mais um. E aí veio uma questão de um Cartel... um mais um... que não era
aquele que estava nomeado como mais-um. Aí se chegou a essa questão, muito
interessante... se mais um é uma função que, naquele momento, tem que ser alguém... e
por isso... está com o nome sustentando aquela função nesse momento... e, nesse
momento dessa reunião, o nome que está sustentando essa função é esse que veio para a
reunião.
Rosa Xavier (RX) — Uma proposta que pode ser interessante é a de fazer uma
reunião de cartelizantes que tenha como tema para discussão a função do mais-um.
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Você falou que o nome é muito importante... Então, voltando à questão da Beth e a essa
questão do nome, Lacan fala aqui com todas as letras: Uma coisa só existe, só começa a
funcionar, a partir do momento em que é realmente nomeada por alguém.
AS — Então, poderíamos pensar em convidar os cartelizantes para a reunião.
Vem quem quiser
Fátima Vahia (FV) — Então, até o segundo semestre. Está encerrada a reunião.
NOTA:
1. Transcrição da gravação da Reunião de Membros do dia 26 de junho de 2007.
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