Ascaris lumbricoides Nematóide que parasita principalmente o trato gastrointestinal humano, causando diversos sintomas de acordo com o percurso desenvolvido pelas larvas durante sua migração no organismo do hospedeiro, até alcançar sua maturidade reprodutiva e chegar ao seu habitat natural. Classificação Reino: Animalia Animalia Filo: Aschelminthes Aschelminthes Classe: Nematoda Nematoda Ordem: Ascaridida Ascaridida Família: Ascarididae Ascarididae Espécie: Ascaris lumbricoides Ascaridíase, ascaríase ascaridiose ou Causadora na maioria dos casos de uma infecção leve e benigna, mas que pode ocasionar, entretanto, graves complicações para o hospedeiro, como interferência no seu estado nutricional, desenvolvimento físico e mental, sobretudo na população infantil. MORFOLOGIA Ovo: Ovo arredondado com casca espessa, rugosa de aspecto mamilonado. Adulto: O parasito adulto tem corpo cilíndrico, sendo que a boca apresenta-se trilabiada ; Apresenta-se longo, cilíndrico e com as extremidades afiladas, tendo em média de 12 a 35 cm de comprimento e de dois a cinco milímetros de diâmetro. MORFOLOGIA Fêmea: Mede em torno de 25 a 40 cm de comprimento, por três a seis milímetros de diâmetro. No seu aparelho genital aparece a vulva, localizada no terço anterior do parasita, que se continua com uma vagina única, a qual se comunica com o útero duplo. Macho: um pouco menor e menos espesso, mede de 15 a 20 cm por dois a quatro milímetros de diâmetro. O aparelho genital masculino apresenta um testículo único longo e enovelado, um canal deferente e um canal ejaculatório que se abre na cloaca, a qual se localiza próximo a extremidade posterior. MORFOLOGIA Tamanho dos vermes adultos: inversamente proporcional ao número desses indivíduos presentes no intestino, ou seja, quanto maior o número de parasitas, menor será o tamanho de cada um desses. Os ovos de Ascaris lumbricoides apresentam três camadas: Camada interna ou membrana vitelina – delgada e impermeável à água. Camada média – espessa, quitinosa e transparente; e uma camada externa –grossa, de superfície mamilonada e irregular, composta por mucopolissacarídeos. Camada externa tem coloração amarronzada e é muito aderente, fato esse que facilita a adesão dos ovos às superfícies de frutas, verduras, dinheiro, solo e inúmeras outras partículas. Ovo fértil (55-75µm x 35-50µm) de Ascaris lumbricoides. Ligeiramente oval ou quase redondo, cor castanha, com dupla membrana, sendo a membrana externa albuminosa e mamilonada (ovo corticado); internamente, contém uma célula germinativa, não segmentada. Ovos férteis de Ascaris lumbricoides - coloração pela solução de lugol. Ovos inférteis de Ascaris lumbricoides O ovo infértil (85-95µm x 43-47µm) é alongado, cor castanha, a membrana mamilonada é mais delgada, o citoplasma é granuloso e de aspecto grosseiro. Ovo infértil (85-95 x 43-47 µm) de Ascaris lumbricoides: coloração pela solução de lugol. Vermes adultos de Ascaris lumbricoides: fêmea e macho. Os vermes adultos . são longos e cilíndricos, sendo que a fêmea mede cerca de 30 a 40 cm de tamanho e o macho cerca de 15 a 30 cm. Parasitismos intensos O tamanho dos vermes é menor, podendo ser de 15 cm. A fêmea possui a parte posterior retilínea e o macho é facilmente reconhecível pelo enrolamento ventral de sua extremidade caudal. Vermes adultos fêmeas de Ascaris lumbricoides. A cutícula é lisa e brilhante. Cor amarelada após fixação pela solução de formalina. Verme adulto fêmea de Ascaris lumbricoides. CICLO BIOLÓGICO Os ovos de Ascaris lumbricoides são eliminados juntamente com as fezes do indivíduo infectado. Ao atingir um ambiente com temperatura entre 15 a 35°C e umidade mínima de 70%, em duas a oito semanas os ovos férteis originam larvas que sofrem mudas dentro da casca. Esse período de embrionamento dos ovos ocorre no meio exterior e requer a presença de oxigênio. Forma-se inicialmente uma primeira larva, L1, dentro do ovo. Essa apresenta um esôfago com duas dilatações, sendo do tipo rabditóide. Uma semana após, a larva L1 sofre muda, transformando-se em L2 e em seguida outra muda, transformando-se em L3, a qual apresenta um esôfago retilíneo ou filarióide. CICLO BIOLÓGICO Essa larva L3, ou de terceiro estágio, é a forma infectante e pode permanecer viável por vários meses. Os ovos contendo a forma infectante, ao serem ingeridos, têm sua casca amolecida no estômago e sofrem ação dos sulcos digestivos no duodeno, onde liberam suas larvas. Ao serem liberadas, as larvas atravessam a parede intestina, ao nível do ceco, e por meio dos vasos linfáticos ou veias do sistema porta, alcançam o fígado em cerca de quatro a cinco dias. Atingem o coração direito e os pulmões, nos quais realizam o ciclo pulmonar, cerca de quatro a cinco dias após a ingestão dos ovos. Nos pulmões, após cerca de oito ou nove dias, as larvas L3 continuam sua evolução e sofrem uma terceira muda, originando larvas L4, as quais atravessam as paredes dos capilares alveolares e atingem os alvéolos. CICLO BIOLÓGICO Nos alvéolos, ocorre uma quarta muda, originado L5. Após duas semanas, as larvas sobem pelos bronquíolos, brônquios, traqueia e laringe, quando são expelidas ou deglutidas com as secreções brônquicas até atingir o estômago e o intestino. A última muda ocorre no intestino, jejuno geralmente, e origina larvas nas formas juvenis, as quais crescem e se desenvolvem sexualmente em aproximadamente dois meses. CICLO BIOLÓGICO PATOGENIA A ação patogênica do parasita pode ser observada de acordo com: - A fase de larvas, - A sua migração pelo organismo, - A fase dos vermes adultos, quando eles já se encontram em seu meio definitivo. Após a eclosão do ovo: as larvas penetram na mucosa do intestino delgado. Caso haja morte desses parasitas: pequenas hemorragias e infiltrados inflamatórios, constituídos de macrófagos e eosinófilos. PATOGENIA Penetração na mucosa: larvas atingem a circulação porta e chegam ao fígado, onde normalmente ocorrem poucas alterações residuais. Quando o número de larvas é muito grande: quadro inflamatório que pode originar hemorragias e necrose. Pulmões: estágios larvários apresentam maior poder antigênico e podem provocar ruptura alveolar, com áreas de hemorragias, edemas e infiltrado parenquimatoso de eosinófilos, neutrófilos e polimorfonucleares. Pode ocorrer uma resposta imunológica adaptativa: formação de um granuloma eosinofílico. Interleucinas: podem provocar o aumento da permeabilidade da mucosa e do peristaltismo do intestino. Resposta humoral: altos níveis de IgE podem desencadear reações de hipersensibilidade. Presença do verme adulto: interferência mecânica, que pode causar irritação da mucosa ou obstrução da luz intestinal. SINAIS E SINTOMAS Fase de invasão larvária geralmente é assintomática Elevadas cargas larvárias: hepatomegalia e mais raramente icterícia. Passagem das larvas pelos pulmões: ocorre a eosinofilia pulmonar aguda (Sindrome de Loeffler). Maturação das Larvas: quando a maturação ocorre no tubo digestivo, o paciente pode apresentar anorexia, dor abdominal, distensão abdominal, cólicas, náuseas, vômitos, diarréia e, em alguns casos, má-absorção que pode ocasionar desnutrição e déficits cognitivos em crianças. Vermes adultos de Ascaris lumbicoides em grande número: “bolo de áscaris” Nesse caso, pode haver: volvos (retorção do intestino) e intussucepção intestinal (invaginação de uma porção do intestino para dentro de outra). Grande mobilidade do verme adulto está relacionada com: Apêndice cecal Divertículo de Meckel Vias biliares (relacionado com icterícia obstrutiva) Ducto pancreático (relacionado com pancreatite aguda). DIAGNÓSTICO CLÍNICO - Infecções assintomáticas - Crianças com parasitismo intenso: anemia, desnutrição, retardo do crescimento, sono intranquilo, hábito de ranger os dentes. - Sintomas gastrointestinais: náuseas, vômito, dor abdominal, diarreia e alterações do apetite podem estar presentes. - Obstrução da luz intestinal, invasão do colédoco, abcessos hepáticos. TRATAMENTO Levomisol: 80mg, dose única, para crianças, e 150mg, dose única, para adultos Paralisia espástica dos vermes: facilita a eliminação. “ bolo de áscaris” com oclusão ou suboclusão intestinal Drogas que causam paralisia flácida nos vermes: piperazina (50 mg/kg de peso com dose máxima de 3,0g) PROFILAXIA Higiene pessoal Educação sanitária Melhorias das condições de saneamento da população Tratamento adequados dos portadores de ascaridíase Fervura ou filtragem da água a ser consumida Tratamento das redes de esgotos e das instalações sanitárias