BE_310 CIÊNCIAS DO AMBIENTE – UNICAMP ESTUDO (Turma 2012) Disponível em: http://www.ib.unicamp.br/dep_biologia_animal/BE310 MEIOS DE TRANSPORTE UTILIZADOS PELOS ALUNOS E PROFESSORES DA FEEC GUSTAVO CAMPACI ¹* & HENRIQUE ALVES FILHO ¹ ¹ Curso de Engenharia Elétrica - Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação/UNICAMP * E-mail do autor correspondente: [email protected] RESUMO: O uso de veículos automotores é uma das principais formas de poluição atmosférica, visto que o processo de combustão é muito danoso ao meio ambiente. Logo, as questões de trânsito no nosso país são extremamente importantes e preocupantes, visto que cresce a cada dia o número de veículos nas ruas e avenidas das cidades. Em nosso trabalho, visamos levantar dados sobre o trânsito de uma pequena porção amostral, no caso, a Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC - UNICAMP). Nosso objetivo é mostrar aos leitores dados estatísticos da situação atual do trânsito na FEEC, através de levantamentos de dados por enquete aos alunos e professores, destacando os meios de transporte mais utilizados pela comunidade, os motivos para tal, os motivos que os usuários de carros e motos têm para não utilizarem meios alternativos e por fim, quantificar a emissão de poluentes causada pelas pessoas presentes na FEEC em 1 mês e até mesmo em 1 ano, a fim de tentar conscientizar os leitores que na maioria das vezes compensa deixar o carro na garagem de casa. Aproximadamente 52% dos alunos da FEEC (540 alunos) utilizam automóveis, morando a uma distância média de 8,5 km do Campus, muitas vezes dando preferência ao conforto proporcionado pelo carro a utilizar um ônibus ou a caminhada para chegar a faculdade. Se tal atitude fosse tomada, uma diminuição de aproximadamente 41% dos veículos (equivalente a 232 carros). Neste contexto atual, os alunos da FEEC são responsáveis por 9 toneladas do CO2 liberados anualmente, o que mostra que os hábitos de transportes devem mudar rapidamente. INTRODUÇÃO A questão ambiental incide sob a utilização de veículos automotores devido à poluição que estes causam ao meio ambiente e outros danos ainda maiores que são irreversíveis. Os processos de combustão são responsáveis pela produção de cerca de 85% da energia do mundo, inclusive nos meios de transporte, como carros, aviões, trens, navios e outros. A combustão é uma das grandes inimigas do meio ambiente, visto que durante este processo são formados diversos produtos nocivos ao meio ambiente resultantes da queima de hidrocarbonetos (metano, propano, gasolina, etanol, diesel, etc.), como gás carbônico, monóxido de carbono, gás hidrogênio, metano, óxidos de nitrogênio, óxidos de enxofre e fuligem, sendo que alguns desses compostos são os principais causadores do efeito estufa, da chuva ácida, dos danos aos ciclos biogeoquímicos do planeta e da destruição da camada de ozônio. Para mostrar como este problema é realmente preocupante, a pesquisa “Indicadores do Desenvolvimento Sustentável Brasil 2008”, divulgada em 04/05/2012 pelo IBGE, mostrou que o grande vilão da qualidade do ar não são mais as substâncias poluentes emitidas pelas indústrias, e sim o aumento da liberação de gases causada pelo crescimento da frota de veículos, cujo efeito danoso compromete a qualidade do ar principalmente nas grandes cidades. A frota de veículos de Campinas aumentou 7,5% em 2010, em relação a 2009, segundo levantamento do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito. O número de automóveis chegou a 487.044 no final de 2010, quase 30 mil carros mais que no ano anterior, quando a cidade tinha 457.529 unidades registradas. O número de motocicletas acompanhou o crescimento da frota em Campinas e passou de 92.094 em 2009 para 99.878(quase 8 mil a mais) em 2010. O número de ônibus, que era de 4.316 em 2009, passou para 4.445 em 2010(apenas 129 a mais). Se a análise for feita em relação à toda a população brasileira(190,732 milhões de habitantes, pelo censo 2010 do IBGE), existe um carro para cada 2,94 habitantes. Todos esses dados veem refletindo, além dos problemas da poluição, na questão da segurança de locomoção em Campinas, visto que a cada dia é mais difícil de locomover-se a pé ou de bicicleta. Conforme mencionado pela EMDEC (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) em seu relatório sobre acidentes no trânsito em 2009, o percentual de acidentes de trânsito com vítimas aumenta bruscamente a cada ano e os mais afetados são os pedestres e os motoqueiros. Um bom exemplo é o número de atropelamentos em Campinas no ano de 2009, que chegou a aproximadamente 800 segundo o relatório da EMDEC. Logo temos o seguinte cenário: O trânsito cada vez mais caótico, as questões ambientais não estão sendo respeitadas e o índice de acidentes de trânsito aumenta a cada ano. Será que nada pode ser feito para diminuir estes desastres em nossa cidade? A partir desse fato e de algumas questões interessantes sobre alguns professores da FEEC que utilizam a caminhada e o ônibus para virem à faculdade, como o Prof. João Bosco R. do Val(FEECUNICAMP), que opta pela caminhada ainda que sua residência esteja situada a cerca de 3km da faculdade, ao contrário de muitos que preferem utilizar o carro, nosso grupo busca efetuar uma pesquisa estatística para mostrar a utilização dos meios de transporte dentro de uma pequena porção de estudantes e professores da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas): a FEEC (Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação). Essa pesquisa visa o conhecimento, nos dias atuais, da utilização dos meios de transporte disponíveis para a locomoção para ida à faculdade e retorno às residências. Com entrevistas e análises estatísticas, este projeto objetiva passar aos leitores uma noção da liberação de poluentes que ocorre pelas pessoas que frequentam essa faculdade, mostrando se há uso exagerado de veículos particulares ou se há uma busca maior pelo uso de transportes públicos ou outros meios de transporte alternativos, e o respectivo motivo pelo qual esses transportes são utilizados. O estudo foi conduzido com base em dados coletados da diretoria da FEEC, que possui 85 professores, 206 alunos de mestrado, 154 alunos de doutorado, 470 alunos de graduação em engenharia elétrica e 205 alunos de graduação em engenharia da computação. Contudo, nosso espaço amostral não incluem os alunos que frequentam aulas na FEEC devido a matérias eletivas e nem alunos que circulam na faculdade em direção ao Restaurante Acadêmico (RA), pois estaríamos abrangendo o projeto de pesquisa para fora dos portões da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação. O próximo passo foi elaborar uma enquete de forma a coletarmos o maior número de dados possível para nossa pesquisa. A enquete questionava o meio de transporte utilizado para locomoção da residência do usuário à FEEC, o motivo de utilizar este meio de transporte, onde apontamos opções como conforto, praticidade, distância de locomoção, custo e ciente em preservar o meio ambiente. Foi coletada também a distância da FEEC à residência dos usuários de carros e motos para estimar a quantidade de poluentes liberados no trajeto e por fim foi perguntado o motivo de não utilizarem um meio de transporte alternativo para virem à faculdade e se o usuário poderia optar sem grande prejuízo por um meio de transporte alternativo. Os resultados coletados englobam cerca de 45% do espaço amostral total mencionado acima (495 entrevistados) para formar uma base de dados e fazer estimativas sobre o uso de diferentes meios de transporte. Ao término da pesquisa a pesquisa, foi feito um levantamento dos dados, indicando uma estatística dos meios de transportes mais utilizados pelos professores e pelos alunos de graduação e de pós-graduação da FEEC. Estimamos também o principal motivo de utilizar cada meio de transporte, o principal motivo dos usuários de carros e motos não utilizarem um meio de transporte alternativo e por fim estimamos a emissão total de poluentes em 1 mês e até em 1 ano gerado pela comunidade de alunos e professores da FEEC com base nos dados da distância média da FEEC à residência de seus frequentadores. Como última parte do projeto, serão mostrados os danos causados ao meio ambiente por parte da comunidade da FEEC e serão propostas soluções de meios de transporte para diminuir a emissão de poluentes, como o ato de deixar o carro ou moto em casa, mostrando que pode ser economicamente mais vantajoso. Foi feita uma pesquisa com 442 alunos (271 alunos de graduação, 96 de mestrado e 75 de doutorado) e 53 professores da FEEC para analisar quais os principais meios de transportes utilizados normalmente no trajeto de ida e volta de suas residências até a FEEC. Visto que o uso de automóveis por professores é mais elevado do que por alunos, conforme será mostrado abaixo, e que a razão de professores entrevistados em relação ao número total (professores entrevistados/quantidade de professores) é maior do que a de alunos, a análise será feita separando os grupos em alunos e professores. As figuras 1 e 2 a seguir mostram a distribuição dos meios de transportes utilizados pelos alunos e professores. Figura 1 - Estatística da distribuição dos meios de transportes entre alunos da FEEC. Figura 2 - Estatística da distribuição dos meios de transportes entre professores da FEEC. É visto que 51% dos alunos usam carro ou moto, 6% utilizam transporte público e 43% utilizam caminhada ou bicicleta. Para os professores, 88% usam carro ou moto, 6% utilizam transporte público e 6% utilizam caminhada ou bicicleta. Entre os principais motivos para escolha do carro estão a praticidade, conforto e a distância até o campus, o que pode inviabilizar a caminhada ou o uso de bicicleta, mas não o uso do transporte público. Além disso, muitos dos entrevistados relataram a “preguiça” como motivo para usar o carro, mesmo morando próximo ao campus, o que aumenta o número de veículos “desnecessários” circulando na UNICAMP. A distância média da residência à FEEC dos alunos que utilizam carro é 8,5 km, que é uma distância apropriada para utilização de transporte público. Além disso, apenas 19% vão com duas ou mais pessoas no carro, o que mostra que raramente os alunos optam por caronas, que é uma alternativa para diminuir o fluxo de carros, conforme apontado pelo artigo “Sistema Viário de Barão Geraldo na Revista Ciências do Ambiente On-Line, 2006, Volume 2, Número 1”, onde é mostrado que até mesmo alunos de mesma república transitam em carros separados. Para os professores que utilizam carro, a distância média de suas residências à FEEC é 7 km e apenas 5 professores entrevistados (7%) vão com duas ou mais pessoas no mesmo carro. De todos os alunos que usam carro, 43% relataram que poderiam usar outro meio de transporte, ou seja, trocar o conforto proporcionado pelo carro por outro meio sem ter consequências como o atraso à faculdade, e nos caso dos professores, 25%. Em um contexto envolvendo toda a FEEC (que conta com 85 professores e 1035 alunos, segundo dados da diretoria), haveria uma diminuição de 232 automóveis na FEEC sobre um total de aproximadamente 570, equivalente a 41% de redução de fluxo de automóveis. Em uma análise econômica, pessoas que moram em Barão Geraldo não teriam gasto nenhum se fossem à FEEC caminhando ou de bicicleta, já com o carro, percorrendo 8 km em um trecho de ida e volta, gostariam R$52,01 mensalmente (22 dias úteis) com gasolina (consumo na cidade: 9km/l para um automóvel VW GOL 1.0 e o preço da gasolina a R$2,66). Para quem mora no centro de Campinas, próximo ao Terminal Rodoviário, percorreria uma distância de ida e volta de 24 km. Com ônibus, gastaria mensalmente R$132,00 e com carro, R$156,05. Com estes dados, é fácil ver que não há vantagem econômica em utilizar o carro em situações em que apenas uma pessoa se locomove à UNICAMP. Para quem mora mais afastado ainda e não tem a possibilidade de pegar um ônibus que vá direto à UNICAMP, existe a possibilidade de pegar três ônibus em 90 minutos para pagar o preço de uma passagem, o que seria mais vantajoso ainda economicamente do que usar um automóvel. Um automóvel atual libera em torno de 0,5 gramas de CO e 4 gramas de CO2 por kilômetro rodado, gerando aproximadamente 0,19 kg de monóxido de carbono e 1,5 kg de dióxido de carbono em 1 mês, 2,2 kg de CO e 18 kg de CO2 em 1 ano por um único aluno da FEEC que utiliza o carro como meio de transporte. Utilizando estes dados para a condição geral do trânsito da FEEC, temos 1 tonelada de CO e 9 toneladas de CO2 emitidos pelos alunos da FEEC para o meio ambiente em 1 ano. Após esta análise dos dados obtidos na pesquisa, percebe-se que muitos alunos e professores não optam por meios de transportes alternativos, o que provoca um fluxo desnecessário de carros nos arredores do campus, aumentando a insegurança dos pedestres, o consumo de combustíveis fósseis e por fim contribuindo de forma direta para a poluição do meio ambiente. Visto que a maior parte dos frequentadores da FEEC mora a menos de 10 km do Campus, o abandono da praticidade e do conforto dos carros é uma alternativa válida para a utilização de transporte público, além da possibilidade de ir com outros colegas quando possível. Muitos entrevistados citaram problemas existentes no transporte público de Campinas, como a falta de conforto e a demora dos ônibus. Não é um dos objetivos do trabalho a análise da deficiência do transporte público em Campinas, mas pode-se afirmar que a falta de investimentos e o grande intervalo de espera por ônibus leva muitas pessoas a utilizarem carro ou moto. Outro problema é que os alunos não podem adquirir um passe escolar e pagar menos pela passagem, mas, para aqueles que precisam utilizar mais de um ônibus para chegar ao Campus, existe a possibilidade de pegar três ônibus em um intervalo de 90 minutos, conforme foi citado anteriormente, e pagar o preço de apenas uma passagem. AGRADECIMENTOS - Um artigo científico resulta com frequência do empenho de muitas pessoas. Para além dos que o assinam como autores, gostaríamos de agradecer a todos que de uma forma ou outra contribuíram para a sua existência e qualidade, tais como os alunos e professores da FEEC-UNICAMP que se disponibilizaram a responder às pesquisas solicitadas, contribuindo com os dados para a conclusão do artigo, aos amigos que se dispuseram a ouvir nossas ideias e dar feedbacks constantes, proporcionando um melhor amadurecimento do trabalho e ao professor da disciplina de Ciências do Meio Ambiente que nos orientou sempre na medida do possível. 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