notícias do dia 29 DÉBORA KLEMPOUS/nd Florianópolis, segunda-feira, 10 de dezembro de 2012 323 mil m² de campo. Área do antigo aeródromo, hoje ocupada apenas pelo Clube Catalina, estacionamento e campo de futebol da comunidade, abriga ruína da casa de transmissão de rádio sem fio (detalhe); foi construída nos anos 1920 pela empresa pioneira em aviação comercial Aéropostale Mais um atrativo para o Sul Campeche. Campo de aviação deve ter uso público e preservação da memória Mônica Corrêa /Divulgação /nd letícia kapper [email protected] @kapper_ND Memória. Foto antiga do casarão dos pilotos franceses, que está de pé e será restaurado; abaixo, Saint-Exupéry (1900-1944), escritor e aviador francês da Aéropostale Campo de aviação Lembranças da história Divulgação/nd O Sul da Ilha tem a chance de ter um atrativo a mais nos próximos anos. De um lado, a comunidade luta pela instalação de um parque multicultural em 118.660 m² do antigo campo de aviação do Campeche, atualmente sob a administração da Secretaria do Patrimônio da União. De outro, o comando da Aeronáutica analisa projetos de caráter social e histórico para os outros 211.923,51 m², conforme informou a Base Área de Florianópolis. E uma terceira possibilidade, que englobaria toda área, é a proposta da coordenadora de projetos da Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) e pesquisadora do campo de aviação do Campeche, Mônica Cristina Corrêa. Ela almeja um grande parque, com demarcação das pistas de pouso da empresa pioneira na aviação comercial Aéropostale e centros tecnológicos na área de aviação. Como a área será ocupada exatamente não se sabe, mas há garantias de que um destino será dado ao espaço público. O prefeito eleito Cesar Souza Júnior (PSD) declarou, por meio de assessoria de imprensa, apoio ao resgate da memória do Aeródromo, onde teria pousado o escritor e aviador Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944). “Um dos objetivos da nossa administração é resgatar e valorizar a história de Saint-Exupéry”, disse. Cesar, enquanto secretario de Turismo do Governo do Estado, apoiou as pesquisas de Mônica Cristina Corrêa, que também é representante da Fundação Saint-Exupéry no Brasil. Segundo assessoria de imprensa de Cesar Souza Júnior, ele vê o campo de aviação como um ponto turístico em potencial que, de acordo com seus planos, deve receber um centro de memória. O prefeito eleito considera o desmembramento do terreno uma questão mais delicada e prefere discuti-lá num segundo momento. Área tem 323 mil m², onde ficava o aeródromo construído pela Compagnie Génerale Aéropostale, em 1927. 2 11.923,51 m², sob administração do Comando da Aeronáutica 1 18.705,32 m², sob administração da União O que lembra Saint-Exupéry arco de pedra que homenageia M os “pioneiros do ar” C asa dos aviadores, Popote, estrutura mais preservada entre as bases da Aéropostale construídas no Brasil R uína da casa de transmissão de rádio sem fio, próximo a Escola Básica Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes, mas sem demarcação ou proteção alguma Olhar sobre o todo Mônica, que defende o planejamento da ocupação da área como um todo, enfatiza que o projeto a ser elaborado deve atender também os anseios da comunidade, que planeja um parque multicultural, com áreas de lazer, comunitárias e esportivas. A pesquisadora pretende incentivar a parceria entre profissionais daqui e de outras cidades escalas, como Toulouse (França), que também planeja a ocupação de áreas onde ficavam pistas de pouso da Aéropostale desativadas. São 28 cidades escalas, todas integrantes da Rede de Cidades da Aeropostal, que discute tornar a rota intercontinental da Compagnie Génerale Aéropostale um patrimônio imaterial da humanidade. “Capital” da Aéropostale Nem o campo de aviação do Campeche, nem o casa dos aviadores ou as ruínas da casa de transmissão de rádio sem fio, datados dos anos 1920, são tombados como patrimônio histórico. Mas o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional reconhece a importância do lugar. “É uma área bem importante para o Estado”, disse Dalmo Viera, superintendente do Iphan em Santa Catarina, ressaltando que o Instituto pediu à União e à Aeronáutica atenção especial ao espaço. “Seria legal não desmembrar, pelo menos até ter um planejamento global”, opinou. Max Armanet, presidente da Comissão do Patrimônio do Aeroclube da França e conselheiro científico do Museu do Ar e do Espaço do país, considera o lugar fundamental à história mundial. “O Brasil é a capital da linha Aéropostale. País de pleno dinamismo, quase por si só mereceria os sacrifícios realizados por aquele punhado de aviadores visionários que queriam aproximar homens e continentes”. Segundo ele, raros são os campos de aviação preservados a ponto de se perceber claramente as atividades da Aéropostale. “Uma linha pioneira, na qual tudo estava por ser inventado”, descreveu-a. Armanet está empenhado no projeto de inscrever as balizas da epopéia da Aéropostale no Patrimônio da Humanidade pela Unesco.