REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. UMA REFLEXÃO SOBRE ESTRATÉGIAS, COMPETITIVIDADE E CONHECIMENTO. _________________________ Antonio Carlos de Oliveira Barroso * Robert Joseph Didio ** * Antonio Carlos de Oliveira Barroso é doutor (PhD) em Engenharia Nuclear pelo Massachusetts Institute of Technology – MIT, pesquisador sênior do IPEN-CNEN / SP, e professor do IPEN / USP. E-mail: [email protected] ** Robert Joseph Didio é Engenheiro Eletrônico (Politécnica-USP), pós-graduado em administração e análise de sistemas, mestre em administração, doutorando em Aplicações de Técnicas Nucleares no IPEN, consultor em Tecnologia da Informação, Coordenador de cursos de Informática e Professor Universitário nas Faculdades Oswaldo Cruz. E-mail: [email protected] 1 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. Resumo Parece natural que deva haver uma relação intrínseca entre a Estratégia de uma empresa, seu poder Competitivo e o seu Conhecimento. A organização, ao elaborar uma Estratégia visando vantagens competitivas em seu mercado de atuação, pode entender o Conhecimento como o combustível ou o alimento essencial para movimentá-la e levá-la à “velocidade” necessária para “ultrapassar” ou manter seus competidores a uma distância confortável. Para tanto, o conhecimento, que não se consome ao ser usado e que se multiplica ao ser compartilhado, deve ser continuamente renovado, ampliado e, por vezes, reinventado. Neste sentido, a estratégia deve dirigir os indivíduos / grupos / organização a renovar e desenvolver conhecimentos que busquem casar melhores capacidades e recursos da empresa com as oportunidades do mercado, para obter vantagens comparativas. Desta forma, tal qual um organismo vivo altamente adaptado ao seu ambiente, a empresa prolifera seus negócios ao mesmo tempo em que, à luz de novos conhecimentos, transforma seus processos tornando-os cada vez mais ajustados ao ambiente externo, cujas características são objeto de monitoração e interpretação de alguns processos deste organismo “vencedor”. Diante deste panorama, este artigo faz uma análise das possíveis interações entre os três elementos: Estratégia, Competitividade e Conhecimento, procurando enfocar formas de construir uma grande sintonia entre eles. Palavras-chave: Estratégia, aprendizagem organizacional. competitividade, conhecimento, gestão do conhecimento, Abstract It seems natural that there should be an intrinsic relationship among the Strategy, Competitiveness and Knowledge of an enterprise. When developing a Strategy seeking competitive advantage in its market, the organization should understand Knowledge as the fuel or the nourishment to keep moving and to develop the necessary "speed" to "surpass" or to maintain its competitors at a comfortable distance. As such, knowledge, that isn’t consumed when is used and in fact gets multiplied when is shared, should be continually renewed, enlarged and, sometimes, reinvented. In this sense, the strategy should steer the individuals / groups / organization to renew and develop knowledge for matching the best capabilities and resources of the company with the opportunities of the market, to obtaining comparative advantages. In this approach, like a living organism highly adapted to its environment, the company can display a prolific business and, at the same time, can use new knowledge, to transforming its processes to make them better fitted to the external environment, whose characteristics should be monitored and interpreted by some processes of this "winner" organism. Considering such panorama, this paper makes an analysis of the possible interactions among the 2 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. three elements: Strategy, Competitiveness and Knowledge, trying to highlight forms of building a strong syntony between them. Key Words: Strategy, competitiveness, knowledge, knowledge management, organizational learning. 1. Os três elementos: Estratégias, Competitividade e Conhecimento Segundo ANSOFF (1990), “Não há nenhum mistério em formular uma estratégia, o problema é fazê-la funcionar”. Em princípio toda estratégia deve visar o desenvolvimento sustentável e próspero da organização a longo prazo e obter, a curto e médio prazos, retornos adequados e resultados satisfatórios aos sócios e demais partes interessadas. Assim sendo, a qualidade e o desempenho de uma estratégia podem ser julgados em relação à sua adequação ao propósito acima enunciado. A questão do desenvolvimento sustentável faz com que as formulações estratégicas procurem entender como está evoluindo o ambiente externo e sugerir transformações internas no sentido de manter e aprimorar a adaptação da organização ao seu ambiente mutante. A questão dos retornos e resultados satisfatórios envolve a comparação com os concorrentes, inclusive porque a capacidade de investir para se transformar está de certa forma ligada aos resultados do presente. Entendendo-se que o conhecimento, as competências e os recursos que a organização domina hoje lhe dão maior ou menor facilidade de adaptar-se a esta ou àquela direção estratégica, a análise interna é tão importante quanto à externa. Em função destas questões de fundo, que dão a motivação para este trabalho, foi elaborada a figura abaixo, onde são apresentados os diversos tópicos que serão tratados ao se explorar as relações, interação e possível sinergia entre estratégia, competitividade e conhecimento. ESTRATÉGIAS CONHECIMENTO COMPETIVIDADE ANÁLISE SWOT GESTÃO DO CONHECIMENTO BALANCED SCORECARD FORÇAS COMPETITIVAS RBVF KBVF / Core Competences CADEIAS DE VALOR INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Figura 1: Os três elementos e suas ferramentas de suporte Em passado não muito distante, a análise SWOT consistia no principal instrumento para o 3 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. planejamento estratégico. Tal ferramenta, que pode ser trabalhada tão simples ou detalhadamente quanto se queira, considera os fatores, internos da organização que a potencializam para competir e os fatores externos ambientais, responsáveis pelas oportunidades ou ameaças do mercado em que ela opera. As estratégias decorrentes procuravam maximizar o potencial de suas forças e oportunidades, enquanto minimizavam o impacto de suas fraquezas e ameaças. Mais recentemente, no início da década passada, a introdução do BSC (Balanced Scorecard) proporcionou uma abordagem complementar para a gestão estratégica. O BSC introduz um roteiro claro do que as empresas devem medir a fim de balancear não só seus resultados financeiros como também os de aprendizado e crescimento. Sua contribuição é tornar mais claras para a organização suas visões e estratégias, transformando-as em ações concretas a serem realizadas. O BSC é um mecanismo para a implementação e monitoramento da estratégia, não para a sua formulação. Por outro lado a análise dos indicadores construídos com tal metodologia fornece subsídios para realimentar a formulação estratégica. A visão da empresa baseada em recursos RBVF (Resource-Based View of the Firm), decorre da suposição que vantagens competitivas mais sustentáveis são obtidas com uma alocação otimizada da combinação de recursos para explorar as oportunidades de um mercado imperfeito. A análise das capacidades e recursos (tangíveis e intangíveis) e das “competências centrais” (core competences) da organização ajudam significativamente na formulação das estratégias corporativas. A visão da empresa orientada ao conhecimento KBVF (Knowledge-Based View of the Firm) dá destaque ao recurso provavelmente mais importante da organização que é o conhecimento. De certo modo, a KBVF pode ser considerada como um complemento ou subconjunto da RBVF, mas permite induzir a importância da Gestão do Conhecimento – GC. O estudo do segundo elemento “competitividade” subsidia principalmente a percepção de oportunidades relativas à segmentação de mercado e portfólio de produtos. A análise clássica das cinco forças de PORTER (1985) baseia-se no pressuposto que a pressão coletiva dessas forças determina a habilidade das firmas de um setor industrial em obter um retorno positivo sobre o investimento realizado. Segundo PORTER (1980), as empresas em geral podem adotar três tipos de estratégias competitivas: a estratégia de liderança em custos, de diferenciação e de foco. A análise do conceito de cadeia de valor PORTER (1980), em conjunto com o estudo das forças competitivas, permite uma otimização da interação da empresa com seus canais, representando um potencial de vantagem competitiva. Tais instrumentos continuam sendo elementos importantes no arsenal de qualquer empresa. Com uma estratégia clara e com metas adequadamente detalhadas para os diversos níveis da organização, torna-se possível entender e identificar os conhecimentos que habilitam esta organização a funcionar de forma eficaz e a competir em sua arena. Esta compreensão é o primeiro passo para gerenciá-lo eficazmente. Os processos de gestão do conhecimento permitem à organização identificar os saberes essenciais à sua competitividade e implantar um conjunto diversificado de ações para captar, desenvolver, criar, aplicar e reutilizar conhecimentos de grande valor para a empresa. Tais processos visam desenvolver um ciclo virtuoso capaz de transformar a empresa em uma organização que aprende e utiliza seus saberes mais rapidamente que seus concorrentes. A definição formulada acima para a GC deixa clara a necessidade do alinhamento desta com a estratégia da empresa. Da mesma forma, a captação do conhecimento externo, para a fertilização cruzada com aquele desenvolvido internamente, pressupõe a complementação da GC com o que se costuma chamar de Inteligência competitiva. Esta última atua coletando, organizando e 4 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. transformando informações desagregadas, colhidas externamente nas esferas da regulamentação, dos fornecedores, dos clientes, da ciência e tecnologia etc., em informação estratégica que se transforma em matéria prima para a análise da competitividade e de elaboração de estratégias organizacionais. Exercitando uma visão integrada dos elementos em questão e dos métodos e ferramentas que são usados para lidar com eles, pode-se conceber a figura abaixo, que ilustra as possíveis interações e fluxos de informação que ocorrem entre eles no contexto da empresa. Figura 2: Relacionamento entre os elementos e suas ferramentas 2. Planejamento Estratégico e Arenas Competitivas Há 2500 anos, Sun Tzu, em seu livro A Arte da Guerra ensina que o mérito supremo consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar, mostrando-nos com clareza como tomar a iniciativa e combater o inimigo: qualquer inimigo. Sun Tzu escreveu: “se você se conhece e ao inimigo, não precisa temer o resultado de uma centena de combates”. Outra figura relevante, o general prussiano Carl von Clausewitz, através da sua grande obra Da Guerra (1832), conseguiu expor suas idéias fundamentais sobre estratégia. Essa grande obra merece a atenção dos modernos estrategistas do mundo empresarial por realizar a façanha ímpar de proporcionar novas formas de organizar o pensamento em uma época turbulenta e oferecer um norte seguro para o mapeamento da estratégia em um ambiente instável. 2.1. O ambiente do negócio A formulação do negócio da empresa está intimamente associada com o ambiente em que esta está inserida. O correto mapeamento e entendimento deste ambiente são essenciais para a elaboração de estratégias. Generalizando um pouco os elementos do conceito das forças de PORTER, é possível resumir os principais agentes, que definem este ambiente que se constituirá, em princípio, na arena de atuação da inteligência competitiva. 5 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. Figura 3: Meio ambiente da empresa É interessante notar que além dos 4 elementos trivialmente monitorados, o presente referencial propõe a inclusão de outros públicos alvo, isto é, outros mercados sugeridos pela atuação dos concorrentes ou mesmo pela análise RBV que sugere como as presentes capacidades da empresa podem ser recombinadas criando novos mercados. Igualmente nesta linha torna-se importante monitorar o que está surgindo na P &D externa e que possa causar impacto nas atuais competências e no portfólio de produtos da empresa causando obsolescência ou criando possíveis produtos substitutos. Complementando este pensar, a identificação de que outras empresas poderiam mais rapidamente se aproveitar desses novos desenvolvimentos e com isso criarem tais produtos substitutos é também incluída, como um elemento antecipatório do ambiente do negócio, 2.2. O processo tradicional de definição da estratégia Desde a década de 70, a análise SWOT – acrônimo derivado das palavras inglesas Strengths (pontos fortes), Weaknesses (pontos fracos), Opportunities (oportunidades), e Threats (ameaças) - tem sido utilizada como uma ferramenta de planejamento estratégico. Trata-se de um instrumento simples, que através de uma análise interna e externa visa descobrir as combinações SO para serem capitalizadas, as combinações ST e WO para serem trabalhadas e aquelas WT para serem evitadas através de estratégias adequadas. Com base em tal diagnóstico, torna-se possível desenvolver metas específicas para o planejamento, além de facilitar no controle e implementação. A análise SWOT feita de uma forma geral, abordando a empresa como um todo, já não é mais tão usada. Seu emprego hoje é, normalmente, mais específico, como por exemplo, na análise de processos ou no planejamento das diversas unidades de negócios. É possível usá-la também em combinação com outros métodos mais recentes e que serão discutidos abaixo. 2.3. Pensamento estratégico de Porter A partir dos anos 80, um método para análise da competitividade da empresa como base para definição de sua estratégia foi sugerida por PORTER (1989), que desenvolveu um trabalho pioneiro ao buscar a integração entre a economia setorial e a estratégia corporativa para o estudo das arenas competitivas e propor dois caminhos competitivos básicos: custo ou diferenciação. O primeiro busca o mercado de massa através do baixo preço, enquanto que o segundo busca um 6 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. mercado seleto e de menor volume daqueles que são atraídos por alto desempenho ou por outras características diferenciadas do produto. Ainda nessa linha de raciocínio, PORTER (1990) formulou uma estratégia fundamentada em uma dinâmica da rivalidade competitiva. A proposta parte do reconhecimento de que qualquer atividade empresarial seja ela doméstica ou internacional, produz um bem ou um serviço e sua competitividade é derivada das regras que a concorrência estabelece para seu setor. Essa análise enfoca cinco forças competitivas: rivalidade entre os competidores, ameaça de novos entrantes, ameaça de substitutos, o poder dos compradores, e poder de negociação dos fornecedores. A importância dessas cinco forças competitivas pode variar ao longo do tempo, de setor para setor e de empresa para empresa. O vigor de cada uma é função da estrutura industrial, incluindo-se aí seu grau de concentração, seu nível de maturidade e suas características técnicas e econômicas e ainda do porte das empresas que compõem o setor. É importante notar que a formulação das 5 forças de PORTER trouxe para o campo da análise estratégica, importantes fundamentos da análise econômica, mas por outro lado focou-se exclusivamente nos aspectos externos, ou seja, “mercados que serve e produtos que supre”. Mais recentemente, surgiu uma nova abordagem que resgata a ênfase na análise interna, voltada para analisar e valorizar os recursos e capacidades que as empresas possuem. A visão baseada em recursos (RBVF) prescreve que as empresas devem se colocar no mercado, estrategicamente muito mais em função de seus recursos e capacidades. A idéia básica é que vantagens competitivas mais duradouras podem ser obtidas quando as organizações baseiam suas estratégias em seus próprios recursos desenvolvendo produtos ou serviços difíceis de serem imitados e únicos, porque muitas vezes, somente tal empresa domina o conhecimento e possui competência para desenvolver tal produto ou oferecer tal serviço. 3. Estratégia baseada em recursos no ambiente competitivo As ferramentas de elaboração do planejamento estratégico, utilizadas nas décadas anteriores, continuam úteis e, se bem aplicadas, ajudam a perceber as constantes mudanças características do mercado globalizado, mutante e adaptativo de nossos dias, não são por outro lado capazes de fornecer claros subsídios sobre o que fazer no âmbito interno para se antecipar às conseqüências dessas mudanças. É esta a lacuna que o enfoque baseado em recursos RBVF (Resource-Based View of the Firm) tenta suprir. A RBVF combina a análise dos recursos internos da organização vis a vis àqueles de seus competidores, localizados no mesmo segmento industrial. Esta metodologia procura capitalizar nas competências distintivas da empresa, que podem ser entendidas como as qualificações de seus funcionários e sua capacidade de aprendizagem coletiva, na implementação das estratégias. No fundo, de acordo com a RBVF, integrando as capacidades e recursos físicos e intangíveis, podem ser desenvolvidas estratégias mais apropriadas e bem sucedidas em termos de desempenho da organização. De acordo com COLLIS e MONTGOMERY (1995), para que os recursos sejam selecionados para adoção de estratégias efetivas, devem ser submetidos a testes que irão comprovar seus valores. Estes testes são a capacidade de imitação, a durabilidade, a capacidade de apropriação, a capacidade de substituição e a superioridade competitiva. O quadro abaixo procura explicitar estes testes: 7 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. Teste Capacidade de imitação Durabilidade Capacidade de Apropriação Capacidade de substituição Superioridade competitiva TESTES DE SELEÇÃO DE RECURSOS PARA ADOÇÃO EM ESTRATÉGIAS EFETIVAS Características (Atributos / Potenciais Descrição / Limitações) Recurso difícil de copiar como: • Limita a competitividade • Instalações físicas diferenciadas • É substituível • Patentes • Não é eterno • Marca • Tem recursos normalmente • Direitos de exploração escassos • Lealdade do cliente • Podem ter barreiras econômicas (capital intensivas) • Cultura organizacional • Específicos para um mercado • Economia de escala • Liderança transformacional Recurso que deprecia lentamente como o • Inovação Know-how tecnológico em indústria • Ciclo de vida variável estável • Grandes resultados iniciais Recurso que gera resultados / vantagens • Distribuição de resultados entre os canalizados para a organização vários players (clientes, fornecedores, distribuidores, funcionários) • Recursos difíceis de capturar e conservar Impacto potencial de produtos substitutos • Pode levar a organização à falência ou extinção • “Core Competences” da organização • Necessário análise interna e externa da indústria • Desagregação dos recursos para identificação dos recursos superiores • É, às vezes, um recurso superior composto por vários recursos individuais (combinação de recursos) Normalmente, chega-se à conclusão que os melhores recursos, do ponto de vista competitivo, são intangíveis, o que obriga os gestores a estudar o sistema organizacional e sua interação com o meio ambiente em que opera, sob um novo enfoque, como o que é proposto pela gestão do conhecimento. Como o valor dos recursos identificados pode se reduzir com o tempo e com a evolução dos competidores, a empresa precisa investir constantemente na transformação, melhoria ou substituição dos mesmos, a fim de manter ou melhorar seu “market share”. Igualmente as estratégias elaboradas identificam e tratam de alavancar os recursos e capacidades da organização que otimizem sua competitividade. As empresas de maior sucesso competitivo são aquelas que adicionam novas competências numa base constante ao longo do tempo, ou seja, aquelas que introduzem a inovação como um processo contínuo. 3.1. Formulação de Estratégias com Base nos Recursos Segundo GRANT (1991), a estratégia, na prática, é definida pela combinação que a organização consegue fazer entre seus recursos e competências internos ante as oportunidades e riscos criados por seu ambiente externo. Segundo também este autor, atualmente, o papel dos recursos 8 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. das empresas para a elaboração das estratégias tem sido fundamental. Na visão corporativa, os recursos determinam as fronteiras industriais e geográficas das atividades empresariais. Na visão de negócios, a exploração dos relacionamentos entre os recursos, a concorrência e a lucratividade tem sido determinante no desenvolvimento das estratégias competitivas. Segundo ZOOK (2003), um exemplo significativo e bem sucedido da formulação da estratégia central com base nos recursos e nas “core competences” é a Dell Computers, que se tornou uma das empresas com melhor rendimento nos anos 90. GRANT (1991) também sugere uma estrutura baseada em cinco procedimentos para a formulação de estratégias com base nos recursos: a) Análise da base de recursos da empresa O ponto de partida para a formulação de estratégias é a própria a missão da empresa, ou seja, qual é seu negócio, quem são seus clientes, e quais são as necessidades dos clientes que serão atendidos. Contudo, as preferências dos clientes mudam, a identidade dos clientes se altera, e as tecnologias para atendimento dos requisitos dos clientes evoluem constantemente, o que torna difícil a elaboração de estratégias a longo prazo. Para sanar este problema de dinâmica externa, a empresa precisa definir de maneira mais ampla que mercado pretende atender. Esta primeira etapa visa à identificação e a classificação dos recursos da empresa, a avaliação das forças e fraquezas destes em relação aos concorrentes, e a identificação das oportunidades para melhor utilização dos mesmos. Os recursos alimentam o processo de produção e incluem seis categorias distintas: recursos financeiros, recursos físicos, recursos humanos, recursos tecnológicos, recursos organizacionais e reputação. b) Avaliação das competências da empresa Esta etapa visa identificar as competências da empresa, o que ela pode realizar com mais eficiência em relação à concorrência, identificar os recursos, inclusive os intangíveis, que geram cada competência, e levantar a complexidade de cada competência. A competência é a capacidade de um grupo de recursos realizar algumas tarefas ou atividades. Pode-se identificá-las através da classificação funcional padrão das atividades da empresa. HAMEL e PRAHALAD (1990) utilizam o conceito de “core competences” para descrever as competências estratégicas centrais inerentes às organizações, ou seja, os seus saberes coletivos. Um exemplo destas seriam as rotinas organizacionais ou grupos de rotinas interagindo. c) Análise do potencial de obtenção de lucro decorrente da utilização dos recursos e competências da empresa Esta etapa visa avaliar o potencial de geração de renda através dos recursos e competências a partir das potenciais manutenção das vantagens competitivas e na capacidade de apropriação de seus resultados. É importante lembrar que recursos e competências que geram a vantagem competitiva degradam ao longo do tempo. O potencial de retorno para a organização a partir da utilização de seus recursos e competências depende da manutenção da vantagem competitiva, ou seja, de suas características de durabilidade, transparência, capacidade de transferência, e capacidade de replicação. O quadro de testes de seleção de recursos para adoção em 9 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. estratégias efetivas apresentado anteriormente auxilia no processo de atribuição de valores aos recursos, seus potenciais e eventuais limitações. d) Seleção da estratégia Uma vez identificados os recursos e competências, os potenciais de geração de lucro de suas respectivas combinações e o grau de sustentabilidade destes potenciais, descortina-se como tais combinações podem ser utilizadas para aproveitar as oportunidades do mercado. Um processo de otimização define a estratégia que explora melhor os recursos e competências da empresa, em relação às oportunidades externas. Na maioria dos casos, tal análise nos leva a concluir que os mais importantes recursos e competências são os duráveis, difíceis de identificar e compreender, passíveis de transferência imperfeita, não facilmente replicáveis, e nos quais a empresa possui domínio e controle. Desenvolver estratégias baseadas nos recursos e competências mais importantes ou críticos implica que a empresa limite seu escopo estratégico às atividades nas quais possui uma vantagem competitiva evidente. A capacidade de transferência e de replicação dos recursos e competências é uma consideração básica no gerenciamento estratégico de parcerias e alianças empresariais. e) Extensão e atualização do conjunto de recursos e competências da empresa Esta etapa visa identificar as deficiências ou lacunas dos recursos que ocorrem na organização, e investe no preenchimento, ampliação e atualização da base de recursos. Para manter a vantagem competitiva e melhorar o atendimento aos requisitos dos clientes, a organização precisa estar desenvolvendo constantemente sua base de recursos. Segundo PORTER (1990), para manter o sucesso competitivo num mercado globalizado, a empresa deve inovar continuamente e utilizar fatores de produção especializados e avançados tecnologicamente. A noção de “core competences” não identifica apenas as competências atuais da empresa, como também se compromete com estratégias que levam a um desenvolvimento futuro (longo prazo). Segundo ITAMI (1986), estratégias eficientes no presente constroem ativos invisíveis, e o estoque em expansão dos mesmos possibilita à empresa planejar suas estratégias futuras a serem implementadas. Estas estratégias futuras precisam utilizar eficientemente os recursos que foram acumulados. A figura abaixo mostra como as cinco etapas da metodologia descrita se integram e geram as estratégias da organização. 10 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. 1. Análise da base de recursos da empresa Recursos 2. Avaliação das competências da empresa Competências 5. Extensão e atualização do conjunto de recursos e competências da empresa 3. Análise do potencial de obtenção de lucro decorrente da utilização dos recursos e competências da empresa Vantagem Competitiva 4. Seleção da estratégia Estratégia Figura 4: Estrutura para análise estratégica baseada em recursos (Fonte: Adaptação de “A Resource-Based Approach to Strategy Analysis: A Practical Framework. R.M. Grant”) Assim, os recursos e competências da organização são a base da formulação de suas estratégias. A chave da abordagem baseada em recursos para a elaboração das estratégias é o entendimento dos relacionamentos entre recursos, competências, vantagem competitiva e lucratividade. 4. Competitividade baseada no Conhecimento A visão da empresa baseada no conhecimento (KBVF) e que objetiva a competitividade empresarial, reflete a importância, cada vez maior, que o conhecimento ocupa na sociedade e nas organizações. Tal abordagem pode ser entendida como decorrente da visão da empresa baseada em recursos (RBVF), partindo-se do princípio que a competitividade das organizações é decorrente da habilidade com que administram seus recursos de forma mais eficiente que os seus concorrentes e que o conhecimento é o ativo estrategicamente mais relevante nas organizações. Nessa visão, o desenvolvimento e a sustentação de uma vantagem competitiva, necessitam ser apoiados em alguns recursos que sejam difíceis de imitar, transferir, comprar e que possuam integração sistêmica com outros recursos da organização. Caminha-se, desse modo, a atribuir ao conhecimento organizacional o título de ativo estratégico. Neste contexto, as organizações têm como uma das funções centrais a administração deste ativo de forma a otimizar o desempenho organizacional. A organização, sob este ponto de vista, é como um estoque de conhecimento em constante movimento e transformação. O seu sucesso depende de sua eficiência em: (a) mobilizar o conhecimento existente aplicando-o no plano das ações e (b) continuamente ampliá-lo, renová-lo, fertilizá-lo e transformá-lo visando os desafios futuros. A organização deve atuar como agente organizador e gestor do conhecimento existente, tornando-o aplicável e gerando novo 11 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. conhecimento. 4.1. Tipos e componentes do conhecimento Conforme NONAKA (1994), citado por OLIVEIRA (2001), a distinção primária se dá entre dois tipos de conhecimento: • • Conhecimento explícito, que é transmissível através de linguagem formal, sistemática; Conhecimento tácito, que sendo enraizado na experiência possui atributos pessoais, que o tornam mais difícil de ser formalizado e comunicado. OLIVEIRA (2001), citando KOGUT e ZANDER (1992), define o conhecimento da organização como composto de duas partes: informação e know-how, onde o know-how é definido como a habilidade acumulada que permite a alguém fazer algo de maneira fácil e eficiente, enquanto que a informação possui uma relação com o conhecimento explícito. Ampliando estes conceitos no contexto dos processos da organização, podemos classificar o conhecimento quanto ao conteúdo da seguinte forma: (a) saber o que deve ser feito (know what), (b) saber como deve ser feito (know how), (c) saber por que deve ser feito assim (know why) e em alguns casos é importante também (d) saber como se chegou ao estágio atual de conhecimento (know previous routes). 4.2. Transferência do conhecimento Nas organizações, há uma parcela do conhecimento que é disseminado e compartilhado por todos, porém existem alguns conjuntos de conhecimento confinados a indivíduos, grupos ou áreas e que necessitam ser disseminados. A questão é justamente como identificar, codificar e simplificar esse conhecimento, se for possível, mas de qualquer forma criar um método de compartilhá-lo com todos que possam precisar. O estabelecimento de uma linguagem comum é a forma requerida para expressar e articular crenças comuns. A aprendizagem entre indivíduos ocorre através da interação dentro de pequenos grupos. Na transferência entre grupos de mesma função, os problemas de linguagem são minimizados. Quando a transferência ocorrer de forma vertical, o processo de codificação joga um papel central. Esses princípios são chamados de alta-ordem devido ao fato de facilitarem a integração de toda a organização. Há um paradoxo em relação à agilização e à replicação e disseminação do conhecimento, tanto atual quanto novo: a codificação e simplificação do conhecimento também induz à maior facilidade de imitação. 4.3. Criação do conhecimento A criação do conhecimento deve exercer um papel relevante para o desempenho superior das organizações, principalmente quando adequadamente associado às inovações necessárias para obter vantagem sustentável em relação aos competidores. OLIVEIRA (2001) cita NONAKA (1994), que diz que a criação do conhecimento não é simplesmente uma questão mecânica de processamento de informações objetivas, na verdade depende da exploração do conhecimento tácito e, freqüentemente de altos insights subjetivos, intuições e idéias dos funcionários. A criação do conhecimento ocorre em três níveis: do indivíduo, do grupo e da organização. Existindo, dessa forma, dois componentes principais: as formas de 12 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. interação do conhecimento e os níveis de criação do conhecimento. NONAKA e TAKEUCHI (1995) definem a distinção entre o conhecimento tácito e o explícito e sugerem quatro padrões básicos para a criação do conhecimento na organização: • • • • Do tácito para o tácito Do explícito para o explícito Do tácito para o explícito Do explícito para o tácito Estes quatro padrões existem dentro da dinâmica interação, uma espécie de espiral do conhecimento, conforme a figura 5. Figura 5: Espiral do Conhecimento Fonte: IKEBE (1999), adaptado a partir de NONAKA e TAKEUCHI(1995). 4.4. Aprendizagem organizacional Todo conhecimento é fruto de um processo de aprendizagem, o que torna indissociáveis os conceitos: conhecimento e aprendizagem. Assumindo a organização como um sistema aberto, o conhecimento pode ser entendido como um estoque de crenças mantido por indivíduos ou grupos dentro de uma organização, onde a aprendizagem representa fluxos que levam a uma mudança no estoque de crenças dentro da organização. A aprendizagem ocorre, por exemplo, quando erros são detectados e corrigidos e que a aprendizagem organizacional se dá apenas quando novo conhecimento é traduzido em comportamento diferente. ARGYRIS (1991) relata que a aprendizagem organizacional acontece em dois níveis diferentes (conforme ilustra a figura 6): • Aprendizagem em circuito simples, que ocorre após a detecção e correção de erros, sem questionamentos; 13 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. • Aprendizagem em circuito duplo, quando envolve o questionamento de valores, crenças e políticas. Segundo ARGYRIS, o sucesso competitivo das organizações depende do aprendizado. Contudo, a maioria das pessoas não sabe como aprender. Os padrões do comportamento humano bloqueiam o aprendizado organizacional. O aprendizado efetivo é resultado do modo pelo qual as pessoas raciocinam a respeito de seu próprio comportamento. Elas necessitam refletir de modo crítico a respeito de seus comportamentos, identificar as maneiras pelas quais freqüentemente contribuem inadvertidamente nos problemas organizacionais e, finalmente, modificar seus atos. O circuito duplo de aprendizado não é apenas decorrência do modo pelo qual as pessoas sentem, mas é o reflexo de como pensam. As pessoas que raramente experimentam insucessos acabam não sabendo como agir de modo efetivo na ocorrência de problemas. O ideal, portanto, é que todas as pessoas da organização aprendam a raciocinar de modo produtivo. Para que os membros da organização pudessem desenvolver sua capacidade de produzir circuitos duplos, seria necessário desenvolver uma cultura que premiasse ações dessa natureza. Figura 6: Circuitos Simples e Duplo de Aprendizagem Fonte: Argyris, C. (1992) Enfrentando Defesas Empresariais: Facilitando o Aprendizado Organizacional. O desenvolvimento de uma cultura organizacional de aprendizagem é dificultado devido à tendência natural de uma preservação dos padrões culturais e de resistência à mudança, conforme FLEURY (1995). OLIVEIRA (2001) afirma que os modelos mentais na cabeça de indivíduos são os locais onde reside a mais vasta parte do conhecimento da organização. A aprendizagem em um nível menos elevado tende a ocorrer em um contexto organizacional bem compreendido e no qual a gerência acredita que pode controlar a situação. A aprendizagem em um nível mais elevado, por outro lado, objetiva ajustar normas e regras mais gerais, não apenas atividades específicas. 5. Utilização da ferramenta de Gestão Estratégica BSC na melhoria da Competitividade Uma nova abordagem para o gerenciamento estratégico, “Balanced Scorecard” (BSC), foi proposta por KAPLAN e NORTON (1997) no início da década de 90, proporcionando um roteiro claro do que as organizações deveriam mensurar a fim de monitorar sua estratégia. O BSC sugere que visualizemos a organização através de quatro perspectivas (a perspectiva de aprendizado e crescimento, a perspectiva dos processos internos de negócio, a perspectiva do cliente, e a perspectiva financeira), e que desenvolvamos um sistema de medição, coletemos dados e os analisemos relativamente a cada uma das 14 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. perspectivas. Figura 7: o Balanced Scorecard Fonte: Adaptado de KAPLAN & NORTON - 1997 A perspectiva de aprendizado e crescimento envolve o treinamento dos funcionários e as atitudes culturais corporativas relacionados com o crescimento individual e organizacional. Parâmetros e unidades de medida podem guiar os gestores na otimização dos recursos alocados para este treinamento. A perspectiva dos processos internos de negócio permite que unidades de medida, baseadas nela, permitam aos gerentes avaliar o quanto bem seus negócios estão indo, e se seus produtos e serviços são adequados aos requisitos de seus clientes, seguindo a missão da organização. A perspectiva do cliente focaliza a satisfação das necessidades e requisitos do mesmo. Um desempenho inadequado em relação a esta perspectiva é um indicador de declínio futuro nos resultados da organização, mesmo que o panorama financeiro atual pareça satisfatório. A perspectiva financeira, apesar de ser uma abordagem clássica das organizações, continua importante na visão do BSC. Recursos financeiros oportunos e precisos sempre serão considerados prioritários, sendo que os gestores deverão os prover quando for necessário. As bases de dados corporativas são ferramentas muito úteis para a centralização e automação do processamento dos dados financeiros. A análise de risco e os estudos de custo e benefício complementam a análise da perspectiva financeira. As estratégias da organização levam a ações ligadas aos processos das perspectivas 15 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. citadas pela análise BSC, gerando resultados desempenho econômico-financeiro da empresa. que satisfazem a projeção do O BSC apóia-se fortemente na definição de parâmetros quantitativos apropriados. Se escolhermos medidas inadequadas, não produziremos os resultados esperados, não importando o quanto nos esforçarmos na coleta e análise dos dados. Portanto, estes parâmetros quantitativos devem ser escolhidos por funcionários que realmente possam prever o impacto que terão na visão e objetivos da organização. Segundo KAPLAN & NORTON (1997), as empresas bem sucedidas na implementação da abordagem BSC seguem cinco princípios para poderem se focar em suas estratégias e obter os resultados desejados: a) b) c) d) e) A mobilização de mudanças através da liderança executiva; A tradução das estratégias da organização em medidas operacionais; O alinhamento da organização com suas estratégias; A incorporação das estratégias em todas as funções / cargos da empresa; Tornar a estratégia um processo contínuo. 6. Conclusão: A interação entre Estratégias, Competitividade e Conhecimento Os três elementos – Conhecimento, Competitividade, e Estratégias – são, por sua natureza, inerentemente inter-relacionados e extremamente importantes para qualquer organização. Em última análise, as organizações competem com base em seus conhecimentos e mantêm-se competitivas pela sua capacidade de aprender, tanto com os agentes de sua arena competitiva quanto internamente combinando os saberes de seus funcionários. Estratégias devem considerar as visões externa e interna de forma a otimizar a utilização dos recursos e competências da organização no aproveitamento das oportunidades descortinadas. Estratégias devem identificar as combinações de recursos e competências em que a empresa é mais competitiva que seus concorrentes e procurar sua aplicação em produtos e serviços que sejam únicos ou difíceis de serem substituídos. Devem também identificar a sustentabilidade dessas vantagens para recompor, nutrir e transformar as competências e recursos que lhe dão origem. A plêiade de ferramentas e métodos aqui comentados permite desenhar, elaborar, implementar e monitorar estratégias adequadas ao ambiente mutante e competitivo em que vivemos. Igualmente, a Inteligência Competitiva, captando as informações desse ambiente, alimenta a gestão do conhecimento que utiliza tais fluxos de conhecimento para fertilizar e acelerar a aprendizagem e o contínuo desenvolvimento do conhecimento organizacional. Neste ambiente, as organizações estarão sempre gerindo seus conhecimentos de valor e atribuindo grande importância a tal gestão, mesmo que esta não seja feita de forma explícita ou ostensiva. 7. Referências ALDAY, Hernan E.C. - Coleção Gestão empresarial, cap. 2 - Estratégias Empresariais. ALEE, Verna. Princípios de Gestão do Conhecimento. Revista Training and Development, nov/1997. 16 Conforme o art. 29, da Lei nº 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra. Havendo interesse na reprodução, entre em contato diretamente com o autor ou com a Revista Prodam Tecnologia. REVISTA ELETRÔNICA “PRODAM Tecnologia” Edição 02 Ano 2 – Abril/Maio/Junho de 2009. ANSOFF, H. Igor. A Nova Estratégia Empresarial. 1ª. ed. São Paulo: Atlas, 1990. ARAÚJO, Luiz H. L. Implantando Inteligência Competitiva nas Organizações. ARGYRIS, Chris Teaching smart people how to learn. Harvard: Harvard Business Review, mayjune 1991. AZEVEDO, M. C. de; COSTA, H. G. 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