Gestão da Tecnologia Industrial Básica Reinaldo Dias Ferraz de Souza Brasília, setembro de 2014 Desde que o mundo despertou para o impacto causado pela Gestão da Qualidade Total no comércio internacional revelada pelos japoneses na década de 1970, diversos modelos de gestão foram identificados e – cada um a seu tempo – vistos como a solução mágica dos problemas organizacionais, especialmente os que impactam a qualidade dos produtos, sejam bens ou serviços e a competitividade das empresas. Apresentaram-se os modelos de autor, como Deming, Juran, Crosby e Feigenbaum; os sistemas baseados em normas, como as da BSI que resultaram na série ISO 9.000 e diversos outros, notadamente o formidável arsenal de ferramentas para suportar os sistemas de gestão. O modelo japonês, como se sabe, foi fruto dos ensinamentos de Deming e Juran como parte dos esforços de reconstrução da economia japonesa ao final da Segunda Guerra Mundial, no âmbito do Plano Marshall e ganhou notoriedade internacional pela sua lógica intríseca. Em paralelo ao frenesi proporcionado pela busca obsessiva pela qualidade de produtos e processos, as empresas despertaram para os desafios da gestão organizacional como um todo, à montante da atividade produtiva propriamente dita. A gestão organizacional e a gestão da qualidade ultrapassaram o muro das empresas industriais e enveredaram pelo serviços e governos, e ensejaram também os modelos de excelência em gestão como o Prêmio Malcolm Baldrige nos EUA, o Prêmio Deming no Japão, o prêmio europeu e o Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ, no Brasil Essa dimensão, de que já falava Drucker e outros, veio dar uma conformação mais sistêmica aos desafios da gestão. A esse quadro somouse o desafio da gestão do processo de inovação nas empresas; com efeito, superada – ou pelo menos equacionada – a qualidade intrínseca do produto, o desafio que se apresentava vinha da dinâmica proporcionada pela incorporação cada vez mais acentuada da Pesquisa e Desenvolvimento na concepção de novos produtos e processos. As empresas da área de TIC tiveram importante papel nesse novo horizonte, marcado pelo profundo encurtamento do tempo de ciclo entre a pesquisa e o novo produto no mercado. O que se depreende pois, é que a gestão das organizações, em todas as suas formas, aproxima-se cada vez mais de modelos holísticos com forte integração entre seus componentes; com efeito, diversas organizações tendem a tratar de forma integrada a gestão da qualidade, a gestão ambiental, a gestão da inovação, a gestão estratégica de marketing etc., num processo de agregação praticamente ilimitado e que, no entender de alguns conforma a inteligência competitiva das organizações. O que ainda não se ouviu falar, mas que representa um significativo desafio para as empresas é a gestão integrada das funções da Tecnologia industrial Básica –TIB, representada pelas suas disciplinas técnicas Metrologia, Normalização e Avaliação da Conformidade. Não se trata nesse contexto que se apresenta, apenas da relação direta e causal entre essas funções; não se limita, por exemplo, a tratar das normas que deem suporte técnico aos processos de medição, nem tampouco das normas que deem suporte aos programas de certificação; ao gerenciar a TIB por toda a organização a empresa poderá usar a norma para sistematizar o conhecimento proporcionado pelas atividades de P&D e para orientar a decisão sobre o processo de proteção intelectual das suas criações, assim como pode transmitir o rigor metodológico de seus processos de medição aos procedimentos de P&D. A gestão integrada da TIB por toda a organização, como se pode perceber, apresenta diversas possibilidades. O que se apresenta aqui é um ligeiro esboço do que poderia ser sistematizado como mais um campo do já extenso universo da gestão. Reinaldo Dias Ferraz de Souza Servidor apesentado do MCTI dirigiu por 23 anos o Programa TIB, tendo coordenado também o PEGQ e o programa RHAE-TIB. Atualmente é Assessor da ABNT e atua no mercado por meio da RFerraz Planejamento e Gestão