Análise Matemática I - 2006/2007 2 - Generalidades sobre funções reais de variável real 2.1-Definição e Propriedades Def.2.1 Sejam A e B conjuntos, e f uma correspondência de A para B, isto é um processo de associar a cada elemento de A um único elemento de B. Diz-se então que f é uma aplicação ou função de A em B. f :A→ B Y=f(x) A B C Ao conjunto A chama-se domínio e ao conjunto B conjunto de chegada. Nota: O domínio de uma função definida por ramos é a reunião dos domínios dos ramos. Ao subconjunto C de B formado por todos os elementos f(x), com x ∈ A , é o contradomínio de f. Uma função real de variável real é uma função cujo domínio e cujo contradomínio são subconjuntos do conjunto dos reais. 2ª aula teórica pág. 6 Análise Matemática I - 2006/2007 Def.2.2 Injectividade e Sobrejectividade de funções. Dada uma função f : A → B , diz-se que f é função: Injectiva se dados x1 ≠ x2 , quaisquer se tiver sempre f (x1) ≠ f ( x2 ) isto é ∀ x , x ∈ A , x1 ≠ x2 f ( x1 ) ≠ f ( x2 ) 1 2 Exemplo: Estude, utilizando o gráfico, a injectividade de y = x 2 e y = x3 . Sobrejectiva se para qualquer y∈ B existir x∈ A tal que f(x)=y, ou seja, ∀ y∈B ∃ X ∈ A : f ( x) = y Exemplo: Estude, utilizando o gráfico, a sobrejectividade de 1 y= x Bijectiva se simultaneamente injectiva e sobrejectiva. Def.2.3 Paridade de funções Dada uma função f : A → B , diz-se que f é uma função: Par se f ( x) = f (− x) , ∀ x∈A Nota: Temos então nas funções pares uma simetria em relação ao eixo dos yy. Impar se f ( x) = − f (− x) , ∀ x∈ A Nota: Temos então nas funções impares uma simetria em relação a um ponto (a origem). Exemplos: (1) f ( x) = x 2 (2) g(x) = x 3 e w(x)=cos(x) são funções pares e são funções impares h(x)=sen(x) 2ª aula teórica pág. 7 Análise Matemática I - 2006/2007 Def.2.4 Monotonia de funções Seja f : A → B uma função e I ⊂ A um intervalo. Diz-se que f é: Crescente em sentido lato em I se para ∀x1 < x2 Crescente em sentido estrito em I se para ∀x1 < x2 Decrescente em sentido lato em I se para ∀x1 < x2 Decrescente em sentido estrito em I se ∀x1 < x 2 f ( x1 ) ≤ f ( x2 ) f ( x1 ) < f ( x2 ) f ( x1 ) ≥ f ( x2 ) f ( x1 ) > f ( x2 ) Exemplos: (1) A função constante, f ( x) = K , é simultaneamente crescente e decrescente (em sentido lato) em ℜ . (2) A função identidade, f ( x ) = x é estritamente crescente em ℜ . (3) A função f ( x) = x é estritamente decrescente em ]− ∞,0[e estritamente crescente em ]0,+∞[. Nota : f ( x) = x tem: Df = R Cf = [0,+∞[ tem um zero em x=0 é positiva em ℜ \ {0} tem um mínimo absoluto 0 em x=0 não é injectiva não é sobrejectiva 2ª aula teórica pág. 8 Análise Matemática I - 2006/2007 Def.2.5 Periodicidade de funções f : A → B uma função, diz-se que f é periódica de período t>0 se f ( x + t ) = f ( x), ∀x ∈ A Mostre que: f ( x) = senx , é periódica de período 2π f ( x) = tg ( x) , é periódica de período π Nota: sen(a ± b)=sen(a)cos(b) ± cos(a)sen(b) cos(a ± b)=cos(a)cos(b) sen(a)sen(b) 2.2- Funções elementares e composição de funções Def.2.6 Funções elementares principais Designa-se funções elementares principais as funções definidas pelas seguintes expressões analíticas: (1) f ( x) = xα ,α (cons tan te ) ∈ ℜ função potência (2) f ( x) = a x , a ∈ ℜ + \ {1} função exponencial (3) f ( x) = log a x, a ∈ ℜ + \ {1} função logarítmica (4) f(x) = sen(x) f(x) = cos(x) f(x) = tg(x) f(x) = cotg(x) f(x) = sec(x) = 1/cos(x) f(x) = cosec(x) = 1/sen(x) (5) f(x) = arcsen(x) f(x) = arcos(x) f(x) = arctg(x) f(x) = arcotg(x) f(x) = arcsec(x) funções trigonométricas funções trigonométricas inversas 2ª aula teórica pág. 9 Análise Matemática I - 2006/2007 Def.2.7 Funções elementares Chama-se função elementar toda a função que possa ser obtida como combinação em número finito de funções elementares principais e de constantes com as operações de adição, subtracção, multiplicação, divisão e composição de funções. 2.3 – Função composta. Função inversa. Função Implícita. Def.2.8 Função composta Seja f : A → B uma função, e g : C → D outra função, designase por função composta de f com g, a função h = fog que a cada x ∈ Dh se tem: h( x ) = f ( g ( x )) O domínio de h será Dh = {x ∈ C : g ( x) ∈ A} Exemplo: Seja f ( x ) = ln x ( fog )(x ) = f (g (x )) f ( g ( x )) = ln D f = ]0,+∞[ { g ( x) = − x 2 + 4 e (− x 2 + 4), e determine { D fog = x ∈ D g : g ( x) ∈ D f } D g = [− 2,2] } D fog = x ∈ D g : g ( x) ∈ D f = x ∈ [− 2,2] : − x 2 + 4 ∈ ]0,+∞[ = x ∈ [− 2,2] : − x 2 + 4 > 0 = {x ∈ ]− 2,2[} Def.2.9 Função inversa Seja f : A → B uma função injectiva, chama-se função inversa de f a f −1 : B → A tal que fof −1 = x e f −1of = x . Exemplo: Verifique se as funções seguintes são inversas: f ( x ) = x 3 + 1, g ( x) = 3 x − 1 Def.2.10 Funções implícitas 2ª aula teórica pág.10 Análise Matemática I - 2006/2007 Sejam x, y ∈ ℜ 2 duas variáveis relacionadas por uma condição que designaremos simbolicamente por ψ ( x, y ) = 0 . Se existir uma função y = f(x) definida num intervalo ]a, b[ tal que ψ ( x, f ( x) ) é uma identidade em relação a x, então f(x) designa-se função implícita definida pela equação ψ ( x, y ) Obs.: A condição implícitas. ψ ( x, y ) = 0 = 0. pode definir várias funções Exemplo: x 2 + y 2 − 4 2 = 0 y = + 42 − x 2 e y = − 42 − x 2 Obs.: nem sempre é possível encontrar a forma explícita de uma função implícita, isto é nem sempre é possível exprimir y = f (x) com f função elementar. Exemplo: y 3 − 3 y + 2 x = 0 2ª aula teórica pág.11 Análise Matemática I - 2006/2007 Breves noções sobre funções trigonométricas As funções sen(x) e cos(x) estão definidas e são contínuas em ℜ . Têm como contradomínio o intervalo [− 1,1], são periódicas de período 2 π . A função tg(x) tem por domínio ℜ \ contradomínio ℜ . π 2 + Kπ , k ∈ Z e por Exercício: desenhe o gráfico de sen(x), cos(x) e tg(x) Devido ao facto da função sen(x), cos(x) e tg(x) não serem invertiveis nos respectivos domínios há que considerar restrições destas funções a intervalos nos quais sejam injectivas. Assim: A função arcsen(x) tem como domínio π π contradomínio − , . 2 2 A função arcos(x) tem como domínio contradomínio [0, π ] . [− 1,1] [− 1,1] e como e como A função arctg(x) tem como domínio ℜ e como contradomínio π π − , . 2 2 2ª aula teórica pág.12