UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CENTRO DE ESTUDOS EM PÓS-GRADUAÇÃO QUALITTAS CURSO DE HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL A QUALIDADE DO GELO UTILIZADO NA CONSERVAÇÃO DOS PESCADOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A QUALIDADE DO PESCADO: ESTUDO DE REVISÃO Ana Cristina Souza Pereira São Paulo, jun. 2009 ANA CRISTINA SOUZA PEREIRA Aluna do Curso de Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal A QUALIDADE DO GELO UTILIZADO NA CONSERVAÇÃO DOS PESCADOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A QUALIDADE DO PESCADO: ESTUDO DE REVISÃO Trabalho monográfico apresentado para a conclusão do Curso de Especialização Latu sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal pela Universidade Castelo Branco, sob a orientação do Prof. Dr. Zander Barreto de Miranda São Paulo, jun. 2009 A QUALIDADE DO GELO UTILIZADO NA CONSERVAÇÃO DOS PESCADOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A QUALIDADE DO PESCADO: ESTUDO DE REVISÃO Elaborado por Ana Cristina Souza Pereira Aluna do Curso de Pós-Graduação em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal do Instituto Qualittas Foi analisado e aprovado com grau:........... São Paulo, _____ de _______________ de __________. ______________________________________________ Prof. Orientador Dr. Zander Barreto de Miranda São Paulo, jun. 2009 Resumo PEREIRA, Ana Cristina Souza A qualidade do gelo utilizado na conservação dos pescados e sua importância para a qualidade do pescado: estudo de revisão. Este trabalho teve por objetivo realizar uma revisão de alguns estudos sobre a qualidade do gelo utilizado na conservação do pescado no comércio e a possibilidade de ser uma fonte de contaminação para o pescado levando-o a ser um importante veiculador de agentes patogênicos, responsáveis por diversas enfermidades no homem. Realizou-se abordagem teórica a partir de fontes bibliográficas publicadas, entre outras fontes sobre o tema em questão, abordando aspectos como a alta perecibilidade do pescado, sua importância na alimentação, o papel do manipulador, agentes patogênicos e a ação dos órgãos competentes. Concluiu-se então que o gelo é muito importante para a manutenção da qualidade do pescado, pois é empregado logo após a captura, até a comercialização, porém este deve ser utilizado em proporções adequadas e de boa qualidade, pois a água utilizada para a sua fabricação pode estar contaminada, a higiene dos manipuladores e das superfícies usadas em toda cadeia produtiva tem grande importância na possível contaminação dos pescados, pois são carreadores de patógenos. Esta contaminação pode levar riscos à saúde do consumidor, levando-o à morte, sendo assim, a higiene e a manipulação do pescado deve ser melhorada e também os manipuladores devem ser educados quanto aos riscos de contaminação e das boas práticas de manipulação. Palavras-chave: pescado, gelo, conservação, contaminação, manipuladores. Abstract PEREIRA, Ana Cristina Souza The quality of the ice used in the conservation of fished and the importance of ice in the quality of fished: a study of revision. This work had for objective to carry through a revision of some studies on the quality of the ice used in the conservation of fished in the commerce and the possibility of being a source of contamination for the fished one being taken it to be an important disseminator of pathogens, responsible agents for diverse diseases in the man. Theoretical boarding from published bibliographical sources was become fullfilled, among others sources on the subject in question, approaching aspects as the high perish of the fished one, its importance in the feeding, the pathogenic paper of the manipulator, agents and the action of the competent agencies. It was concluded then that the ice is very important for the maintenance of the quality of the fished one, therefore is used after the capture soon, until the commercialization, however this must be used in adequate ratios and of good quality, therefore the water used for its manufacture can be contaminated, the hygiene of the manipulators and of the used surfaces in all productive chain it has great importance in the possible contamination of the fished ones, therefore they are carriers of pathogens. This contamination can take risks to the health of the consumer, taking it the death, being thus, the hygiene and the manipulation of the fished one must be improved and also the manipulators must be educated how much to the good risks of contamination and the practical ones of manipulation. Word-key: fished, ice, conservation, contamination, manipulators. SUMÁRIO Página Resumo.............................................................................................................................. iii Abstract.............................................................................................................................. iv Índice................................................................................................................................. v Parte 1. Introdução...................................................................................................................... 1 2. Revisão de Literatura..................................................................................................... 3 2.1. A Importância do peixe na alimentação humana 2.2. Perecibilidade dos peixes e ações dos órgãos competentes 2.3. Microrganismos encontrados no pescado 2.4. A relação da manipulação e comercialização do pescado com a contaminação por microrganismos 2.5. O gelo e sua função na conservação do pescado 3. Conclusões..................................................................................................................... 29 Referências Bibliográficas................................................................................................ 31 1 Introdução Apesar das reconhecidas vantagens do pescado na alimentação, no Brasil o hábito de consumo ainda está abaixo das expectativas. Além disso, a indústria pesqueira padece de sérias dificuldades para manter-se e enfrentar a concorrência de outros países, até do próprio continente sul-americano. Mesmo sendo possuidor de uma extensão de costa litorânea invejável, corre-se o risco de ver o país importar peixes de outros países, principalmente do continente asiático, onde proliferam inúmeros agentes de doença importantes, ainda exóticos no Brasil (GERMANO et al., 1998) BARUFFALDI e OLIVEIRA (1998) consideram como pescados os animais que vivem em água doce ou salgada, compreendendo peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, quelônios e alguns mamíferos. Geralmente são caracterizados como frescos, recebendo, no entanto, proteção de gelo. As formas externas dessas espécies se diferem muito, tendo grande importância na escolha dos equipamentos para pesca, estocagem a bordo e processamento na indústria. Por ser um alimento de fácil decomposição, exige cuidados especiais, notadamente os relacionados com a conservação pelo frio (CONNELL, 1988: LEDERER, 1991). Do mesmo modo, está sujeito à contaminação pelos mais variados microorganismos, adquiridos já no ambiente aquático, ou durante as diferentes etapas de captura, transporte e distribuição (CONSTANTINIDO, 1994; ZICAN, 1994). Como uma gama de microrganismos contaminantes é transmitida ao homem através da ingestão de pescado cru ou insuficiente cozido, não é aconselhável servir peixe cru, notadamente, no âmbito dos estabelecimentos de refeições coletivas industriais (CATSARAS & ROSSET, 1993). Após a sua morte por asfixia, o peixe inicia imediatamente o processo de decomposição provocado por uma série de alterações físicas, químicas e biológicas, o qual não pode ser interrompido, apenas pode-se reduzir a sua velocidade. Sendo assim, o pescado exige muitos cuidados especiais em relação ao seu manuseio, desde a captura, transporte até a comercialização. Um dos cuidados mais importantes é mantê-lo sempre em cadeia fria em todo o processo, inclusive no ponto de venda. Sabendo-se que o gelo é um produto muito utilizado para manter a cadeia fria, é imprescindível conhecer as condições higiênicas do mesmo, pois este pode ser a principal fonte de contaminação do pescado por microrganismos, comprometendo assim a saúde do consumidor. É importante também conhecer as medidas que os órgãos competentes tomam para garantir a qualidade do pescado, pois no comércio varejista, nem sempre as condições higiênicas estão de acordo com essas normas. A presente pesquisa tem como objetivo realizar a revisão bibliográfica relacionada à qualidade do gelo utilizado na conservação do peixe no comércio como possível veiculador de patógenos, representando, desta forma, uma importante via de infecção para o ser humano. 2 Revisão de Literatura 2.1 A Importância do Peixe na Alimentação Humana O pescado constitui alimento de origem animal de fácil digestibilidade, com teor satisfatório em proteínas, gorduras insaturadas, vitaminas e minerais (LEDERER, 1991). É um produto que pode ser indicado para pessoas de qualquer idade, principalmente crianças, adolescentes e idosos. Tem sua indicação, também, recomendada para pacientes convalescentes. (GERMANO et al., 1998) LEDERER (1991) afirma que em nutrição humana, o peixe constitui fonte de proteínas de alto valor biológico, tão importante quanto à carne bovina. Em muitos países, principalmente da Europa e da Ásia, é a proteína de origem animal mais consumido. O teor protéico das diferentes espécies de peixes varia de 15% a 20%. É altamente indicado para prevenir o ateroma (FERRETTI et al., 1994), particularmente nos países onde as taxas de infarto do miocárdio são elevadas, devido à elevada ingestão de gordura animal procedimento de mamíferos; a substituição pelos peixes classificados como gordos seria extremamente benéfica (LEDERER, 1991). Constitui, ainda, fonte importante de vitaminas A e D, principalmente a partir do óleo de fígado de bacalhau ou da ingestão da carne dos peixes gordos (LEDERER, 1991). Segundo GERMANO (2001), a produção de pescados na indústria brasileira vem passando por um processo difícil, luta-se pela criação do Ministério da Pesca para se ocupar dos problemas do setor. A atividade pesqueira no país necessita de reformulações urgentes, envolvendo racionalização dos processos de captura, do manuseio até a comercialização. Em comparação com os outros países sul-americanos, o Brasil tem sido ultrapassado nos últimos anos, em termos de produção, e constitui um dos grandes importadores de pescado no mercado internacional. Considera ainda o autor que, nos últimos anos, tem-se observado uma mudança na nutrição do consumidor e a oferta de pescado de qualidade, no mercado interno, causando redirecionamento do consumo, em especial devido às novas formas de preparo do pescado, diferentemente da versão enlatada. O valor calórico dos peixes como alimento depende do teor de gordura. O mesmo autor registra da seguinte forma os índices: peixes magros, com menos de 1% de gordura (bacalhau (0,14%), carpa (0,5%), pescada (0,6%), truta (0,7%), linguado (0,8%) e outros); peixes meio gordos, com 7% a 8% de gordura (salmão, arenque, cavala, congro e outros); e peixes gordos, com mais de 15% de gordura (atum, enguia e outros). Considerando que 100 g de peixe, por exemplo, contem 80 calorias, enquanto que a mesma quantidade de carne bovina magra representa 210 calorias para esta mesma quantidade, os valores das proteínas são, respectivamente, 16 e 18 calorias. Devido à quantidade mínima de tecido conjuntivo, os peixes são de alta digestibilidade, a qual apresenta relação inversa com o teor de gordura, ou seja, os peixes considerados como magros são os mais digestíveis. Por outro lado, contêm quantidade significativa fósforo (250g/100g de tecido), e de iodo (peixes de mar); pouco cálcio e ferro. Nos peixes com teores de gordura acima de 15%, são encontrados níveis elevados de vitaminas A e D na musculatura (carne); nos demais, a concentração é sempre elevada no fígado. (LEDERER, 1991) Alerta ainda o autor que, apesar de a carne conter quantidades apreciáveis de vitamina B1, apenas nos peixes muito frescos é possível aproveitá-la, pois a tiaminase, presente na musculatura, cinde rapidamente a B1 em piridina e em tiazol. Segundo VIEIRA et al. (2000), esta fonte protéica merece destaque por conter cerca de 21% a mais de aminoácidos essenciais do que a carne bovina. De acordo com VIEIRA et al. (2003), o pescado é comercializado geralmente cru e congelado, pois esse processo é menos dispendioso. Poucas indústrias brasileiras enlatam o pescado, ocorrendo mais no Sul do Brasil com atuns e sardinhas. O Nordeste comercializa o pescado em filé ou inteiro, congelado. 2.2 Perecibilidade dos Peixes e Ações dos Órgãos Competentes A manipulação assume importância capital para a qualidade higiênicosanitária do pescado, seja como matéria-prima ou produto industrializado. Nos estabelecimentos de refeições coletivas, os cuidados começam com a origem e procedência do produto, passam pela conservação e o modo de preparo, até culminar com a distribuição do alimento aos comensais. Nestes locais, os pontos críticos devem ser identificados e monitorados constantemente, utilizando-se, sempre que possível, provas laboratoriais para identificação e confirmação de contaminações (GERMANO et al. 1998) O controle da qualidade do pescado inicia-se com a inspeção sanitária da matéria-prima, estendendo-se aos entrepostos e sistema de transporte, atingindo por último as indústrias processadoras (MARQUES et al., 1995). SILVA (1994) afirma que, no âmbito do comércio varejista, o pescado integra o grupo dos alimentos altamente perecíveis, e como tal, as ações da vigilância sanitária são de extrema importância para assegurar aos consumidores produtos com boa qualidade higiênico-sanitária. Assim, a vigilância sanitária atua no âmbito do comércio varejista, venda ao público, e ao nível dos estabelecimentos de refeições coletivas de alimentos, zelando pela qualidade higiênico-sanitária dos produtos colocados à disposição dos consumidores. A perecibilidade do pescado fresco pode ser explicada devido à ação de enzimas autolíticas, ou seja, do próprio pescado, e pela relação menos ácida de sua carne, que favorece o crescimento microbiano. Também a maioria da gordura dos peixes mostra maior susceptibilidade à deterioração pela rancidez, devido principalmente à elevada insaturação de seus lípides. O pescado capturado sofre uma série de transformações bioquímicas, inicialmente associada com a degradação de vários compostos presentes na carne e conseqüente ocorrência do rigor mortis. Nessa etapa, prevalecem as condições de anaerobiose, isto é, a falta de oxigênio, e ocorre a formação de ácido láctico, causando abaixamento do pH do músculo entre 6,0 a 6,5. Tal redução do pH parece influenciar as reações enzimáticas e a deterioração microbiana. Sendo assim, o prazo de validade do pescado é determinado pelas reações enzimáticas e pelo número de espécies de microrganismos presentes, fatores estes dependentes de sua microbiota natural e pelo modo de manuseio, desde sua captura até a estocagem, ou seja, os fatores relacionados com as boas práticas de manipulação ou fabricação. Outro fator determinante do prazo de validade do pescado é a temperatura de estocagem, que envolve as diversas etapas de obtenção do produto, desde a temperatura após a captura ou despesca, a demora na refrigeração, as flutuações na temperatura de estocagem e a temperatura final no varejo. É fundamental que, a partir da captura ou despesca do pescado, sejam adotadas medidas para reduzir ao mínimo a ação desses fatores, visando à obtenção de um produto final em condições adequadas de consumo. Um exemplo de adoção dessas medidas é a utilização do choque térmico no momento do abate, pois a redução de temperatura no interior da carne, pela ação da água com gelo, é consideravelmente mais efetiva e rápida, quando comparada à ação apenas do gelo. A lavagem da superfície do pescado com água limpa e tratada é outro fator que pode auxiliar na redução da carga microbiana originalmente presente, diminuindo a viscosidade, fragmentos de vísceras e outras sujidades que contribuem para o aumento da carga microbiana superficial do pescado e aceleram sua deterioração. De uma maneira geral, o fenômeno do rigor mortis tem início até 5 horas após a morte, cessando em torno de 30 horas após o início, quando o peixe é armazenado adequadamente sob refrigeração. Tecnologicamente, é importante retardar o aparecimento do rigor mortis, pois se acredita que a maioria dos fenômenos relacionados com a deterioração somente acentua-se após seu término. Devido à alta perecibilidade do pescado, métodos alternativos de conservação são muito importantes. O tipo de conservação utilizada irá definir o prazo de validade ou o tempo de conservação do produto. Entretanto, essa conservação deve ser tal que o alimento conserve ao máximo suas qualidades sensoriais e nutritivas, como também sua seguridade de consumo. (OGAWA et al., 1999) Afirmam ainda os autores que, para iniciar um processamento de pescado, é necessária a adoção de um sistema eficiente de garantia de qualidade, de modo a propiciar uma utilização mais condizente das matérias-primas procedentes da piscicultura ou captura, através do emprego de uma estratégia de caráter preventivo, como por exemplo, o Sistema APPCC (Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle). De acordo com o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura (1997a), em seu Artigo 439, o pescado, em natureza, pode ser: fresco, resfriado ou congelado. Entende-se por "fresco" o pescado dado ao consumo sem ter sofrido qualquer processo de conservação, a não ser a ação do gelo. Entende-se por "resfriado" o pescado devidamente acondicionado em gelo e mantido em temperatura entre -0,5º e -2ºC. Por "congelado" entende-se por pescado tratado por processos adequados de congelamento, em temperatura não superior a -25º C. A fiscalização da Vigilância Sanitária é exercida nos estabelecimentos que comercializam a matéria prima in natura ou produtos industrializados - mercados municipais, supermercados, peixarias, feiras-livres entre outros. Compete, ainda, à Vigilância Sanitária fiscalizar os estabelecimentos fornecedores de refeições coletivas, comerciais e industriais (GERMANO et al., 1998). Segundo NUNES (1994), no comércio, a fiscalização deve estar atenta para as características externas do pescado que refletem qualidade do produto, a seguir descritas: Análise das características externas: · Consistência: musculatura resistente, ventre cilíndrico sem alterações ou flacidez, e as aberturas naturais devem se apresentar bem vedadas. · A pele apresenta coloração variada e brilhante, de acordo com a espécie considerada; as escamas devem ser brilhantes e estar bem aderidas; as guelras úmidas e intactas. Contudo, deve-se atentar para o fato de que peixes de tonalidades delicadas podem sofrer descoloração em contato com o gelo, sem que isto represente qualquer tipo de decomposição. · O reconhecimento das brânquias é muito importante percebem-se ao levantar-se o opérculo. Devem se apresentar vermelhas, de tonalidade variável, mais ou menos intensa, mas sempre brilhantes. Lâminas branquiais são visíveis e diferenciáveis. · Os olhos devem ser brilhantes e vivos, preenchendo a órbita por completo. Córnea clara, transparente, e lustrosa, íris cor de rosa amarelado e cristalino transparente. Embora estes parâmetros sejam comuns para a maioria dos peixes, algumas espécies podem apresentar discrepâncias não relacionadas com decomposição. · O odor do pescado fresco é peculiar, não incomoda nem causa mal estar. Porém quando em fase de decomposição o odor torna-se forte e intenso - repugnante. Análise de características internas: · Corte ao longo da região ventral: os músculos devem ser consistentes, sulcados por vasos sangüíneos que se destacam; vísceras abdominais limpas e perfeitamente diferenciadas. · Corte longitudinal da região dorsal: a espinha dorsal deve apresentar cor branca por igual, com gotas de sangue fresco. Segundo GERMANO et al. (1998), a ação do Serviço de Inspeção inicia-se no momento em que os barcos pesqueiros fazem o descarregamento. Todos os aspectos devem ser avaliados pelos profissionais da inspeção, a fim de assegurar as boas condições higiênico-sanitárias dos peixes. Um dos pontos mais importantes a ser considerado é o que se refere à procedência do pescado, pois a mesma está relacionada diretamente com os níveis de contaminação das águas: pesca em mar alto ou costeiro, em rios, em lagos ou em reservatórios. É importante considerar também as técnicas de pesca, uma vez que a qualidade do pescado depende das práticas utilizadas. Nesta etapa são avaliadas as alterações observáveis macroscopicamente, como decomposição, esmagamento e lesões provenientes dos mais variáveis tipos de enfermidades. O pescado considerado em condições satisfatórias é destinado para os entrepostos, para posterior distribuição; daí segue ou para o comércio varejista ou para os diferentes tipos de indústrias. O transporte é uma etapa importante e deve ser realizado em caminhões frigoríficos. Em todas estas fases, a inspeção faz-se presente, assegurado, principalmente, que a cadeia do frio, indispensável para a conservação do pescado, seja mantida com rigor (CONNELL, 1998; LEDERER, 1991 e ZICAN, 1994). Essas ações anteriormente citadas são complementadas, através do apoio laboratorial, com vistas à realização de análises que certifiquem a qualidade do pescado (GERMANO et al., 1988) De acordo com o MINISTÉRIO DA SAÚDE (1987), os parâmetros microbiológicos adotados para o pescado in natura compreendem a contagem de coliformes fecais, Staphylococcus aureus, Vibrio parahaemolyticus e pesquisa de Salmonella em 25 g de amostra. A colheita de amostras é efetuada de acordo com os princípios dos programas de Análise de Perigos por Pontos Críticos de Controle (APPCC), aplicados no processamento do pescado. No pescado in natura, HEALY et al. (1984), concluíram que as análises microscópicas são recomendadas para a pesquisa de formas parasitárias e alterações histopatológicas que comprometam a integridade do peixe como alimento. O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (1981) adverte que os exames laboratoriais efetuados no pescado devem estar relacionados aos parâmetros de qualidade previstos na legislação, os quais podem ser englobados em físico-químicos, microbiológicos e microscópicos, além das características toxicológicas. Os exames físico-químicos incluem as provas de avaliação do estado de conservação do pescado, como pH, reação de gás sulfídrico e bases voláteis totais. 2.3 Microrganismos Encontrados no Pescado A musculatura interna dos peixes vivos e saudáveis é considerada bacteriologicamente estéril, porém, é possível encontrar uma grande concentração de microrganismos no intestino (103 -108 UFC/g), brânquias (103 -106 UFC/g), pele e muco superficial (variando de 100 a milhões por cm2). O número e o tipo de microrganismos encontrados variam de acordo com o local da pesca (qualidade da água, salinidade, etc.) a temperatura da água, a sazonalidade e o método de captura (NICKELSON et al., 2001). O prazo de validade dos peixes é determinado pela qualidade e o tipo de bactérias presentes, bem como pela temperatura empregada no armazenamento dos mesmos (NICKELSON et al., 2001). LISTON (1980) afirma que a quantidade de bactérias encontrada no pescado em processo de deterioração é alta, porém, apenas uma parte pode ser denominada de bactérias especificamente deteriorantes. A microbiota responsável pela deterioração em peixes frescos varia com as mudanças na temperatura de armazenamento. Em peixes refrigerados (0-5ºC), Shewanella putrefaciens, Photobacterium phosphoreum, Aeromonas spp., e Pseudomonas spp. são as principais bactérias relacionadas com a deterioração (HUSS, 1995). Após a captura, nos peixes tropicais mantidos sob refrigeração, o crescimento bacteriano passa por um período de latência ou fase “lag”, que perdura por uma ou duas semanas, antes que a faze exponencial seja atingida. A composição da microbiota também é muito alterada durante a estocagem, assim, sob resfriamento em meio aeróbico a microbiota dos peixes tropicais é composta basicamente por Pseudomonas spp e P. putrefaciens, após uma ou duas semanas. Ambas são consideradas como bactérias especificamente deteriorantes de peixes armazenados sob refrigeração (HUSS, 1995). LEITÃO (1988), afirma que o período de armazenamento em gelo do pescado de origem tropical é maior que aqueles que se originam em águas temperadas. Isto ocorre porque sua microbiota é caracteristicamente composta por bactérias mesofílicas que apresentam reduzida capacidade de multiplicação em temperaturas de refrigeração e menor aptidão para produção de compostos de degradação. Outro fator relevante é que em temperaturas tropicais a ação da água de degelo durante o armazenamento realiza a lavagem dos peixes, contribuindo para o aumento do período de armazenamento. A contagem de coliformes totais não possui índices estabelecidos pela Legislação Brasileira relacionado ao pescado cru fresco ou refrigerado, o que impossibilita a comparação com padrões adotados pelos órgãos nacionais de inspeção e controle desse alimento. Com o propósito de avaliar as qualidades higiênico sanitárias e microbiológicas dos peixes adquiridos na Grande São Paulo, ÁLVARES et al.(2008) analisaram 88 amostras de peixes do tipo pescada e atum provenientes de três estabelecimentos comerciais (feira-livre, supermercados e CEAGESP), na condição de consumidores. As amostras foram analisadas de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde para avaliação microbiológica dos produtos adquiridos. Os resultados obtidos nas análises microbiológicas de coliformes fecais foram de 79,6% de amostras contaminadas; os que se encontravam fora do padrão exigido pela legislação foram de 57,1%, 50,0% e 50,0% nos estabelecimentos CEAGESP, supermercado e feira-livre respectivamente. A presença de Escherichia coli foi de 48,9% sendo 56,3% no CEAGESP, 50,0% nas feiras livres e 44,4% nos supermercados. Foi registrada a presença de Enterobacter sp numa freqüência de 18,2%. A presença de Enterobacter sp no pescado está relacionada com a qualidade da água, principalmente do gelo utilizado na conservação e com os procedimentos póscaptura, visto que este microrganismo representa cerca de 10% da microbiota intestinal de seres humanos e animais (GERMANO et al., 1998; GERMANO et al., 1993). De acordo com AGNESE et al., (2001) a Escherichia coli, por não fazer parte da microbiota normal do pescado, pode estar associada à contaminação fecal do local onde esse pescado foi capturado, ao transporte e manuseio, incluindo vasilhame, gelo utilizado e outros materiais que tenham entrado em contato com o pescado fresco e, portanto, sua presença indica condições higiênicas insatisfatórias. FELDHUSEN (2000) e HUSS (2000) afirmam que microrganismos patogênicos como Vibrio sp., Salmonella sp., Listeria monocytogenes, Bacillus cereus, Staphylococcus aureus e Clostridium perfringens, podem ser encontrados em pescados e produtos de pesca. Nos seres humanos, esses microrganismos causam gastroenterite aguda caracterizada por quadro disentérico, principalmente após consumo de peixe in natura, mariscos, camarões e ostras. (LIMA, 1997). Inúmeros casos com isolamento do agente Vibrio foram registrados nas regiões litorâneas do sul de São Paulo, Cananéia, do norte do Paraná e nas zonas de pesca da Grande Florianópolis (GERMANO et al. 1993). O Vibrio cholerae, de origem humana, atinge as águas do mar, rios e lagos através do despejo de esgotos e, do ponto de vista de saúde pública, é de suma importância, pois além de ser responsável por verdadeiras pandemias, pode se apresentar com mortalidade elevada, na dependência da população a acometida (GERMANO et al., 1998). Para NUNES (1994), merecem destaque as bactérias do gênero Salmonella (tanto as de origem humana, S. typhi e S. paratyphi, quanto às de origem animal, bem como as Shigella spp, todas elas encontradas em águas poluídas por esgotos ou por excretos animais) como conseqüência direta da manipulação inadequada. GERMANO et al. (1993); DAMS et al. (1994) e CARDONHA et al. (1994), apontam que os Streptococcus sp e o Staphylococcus aureus (presentes nas mucosas e superfície da pele humana), encontram no pescado um ambiente favorável para sua multiplicação. GERMANO et al. (1993) mostram outro microorganismo importante, o Proteus morgagnii, que integra 0,1% a 1% de toda a flora superficial do pescado. A contaminação por esta bactéria pode levar à formação de histamina por descarboxilação da histidina em peixes de carne vermelha, como o atum, cavalinha e arenque. A ingestão de pescado nestas condições pode resultar em intoxicação com sintomas nervosos devido à estimulação vagal, a partir da ingestão de 100mg de histamina/100 g de peixe. Inúmeros agentes bacterianos podem, ainda, contaminar o pescado e causar riscos à saúde. Assim, cepas psicrotrópicas de Bacillus cereus produzem enterotoxina nos preparados de peixe, sobretudo em pH superior a 6,0, acarretando surtos caracterizados por diarréia. (GERMANO et al. (1993) e ADAMS et al.(1994)) Ainda GERMANO et al. (1993); CARDONHA et al. (1994) e NUNES (1994) afirmam que o Clostridium perfringens tipo C pode causar enterite necrótica. Os Clostrídios sulfito redutores, Klebsyela sp, Citrobacter sp, Enterobacter sp, Yersinia enterocolítica, Escherichia coli, Pseudomonas sp, Aeromonas sp, Alcaligenes sp, Flavobacterium sp, enterococos e coliformes fecais, podem ser encontrados nos peixes frescos ou congelados, nos frutos do mar e nos produtos industrializados. A maioria destes microorganismos está relacionada com a qualidade da água, principalmente do gelo utilizado na conservação, e/ou com os procedimentos pós-captura. 2.4 A Relação da Manipulação e Comercialização do Pescado com a Contaminação por Microrganismos No aspecto de contaminação, FELDHUSEN (2000) e VIEIRA et al. (1998) afirmam que tanto a higiene dos manipuladores como das superfícies usadas na manipulação e armazenamento, tais como mesas, utensílios, caixas plásticas de armazenagem e bancadas, são determinantes da qualidade microbiológica do pescado. A comercialização é, sem dúvida, o elo mais complexo da cadeia produtiva, pois é aí que o preço de compra ao produtor multiplica-se, por até 20 vezes, até chegar ao consumidor final. O preço baixo pago ao produtor deve-se, em parte, ao fato de tratar-se de um produto altamente perecível, que precisa se comercializado rapidamente, tendo, inclusive, o produtor a necessidade de liberar o barco para armá-lo para outra pescaria. O aumento da oferta costuma aviltar os preços em nível de primeira venda. Na cidade de São Paulo é raro encontrar estabelecimentos comerciais dedicados à venda de pescado (peixarias). Em geral, a população serve-se nas feiras livres e mercados municipais e, mais recentemente, nos sacolões e lojas em área de mercado, dentro de shoppings. (GERMANO et al. 1998) STEVENS et al. (1993) afirmam que a higienização da área de manipulação é importante por ser um ponto crítico para a contaminação de alimentos, uma vez que microrganismos que permaneçam na superfície depois da limpeza, são potenciais contaminadores. Neste aspecto, HOLAH et al. (1990) e FRANK et al. (1997) apostam que superfícies plásticas são favoráveis à adesão de microrganismos devido à porosidade do material, enquanto que materiais como o vidro e o aço inoxidável permitem uma higienização eficiente. Segundo CONNELL (1988), o congelamento é uma prática importante, pois inibe parcial ou totalmente, a ação prejudicial dos microorganismos e das enzimas. Porém, sua adequada utilização depende do tipo de pescado e temperaturas baixas prolongadas podem causar alterações marcantes no sabor e na cor de peixes e frutos do mar. Podemos encontrar o peixe em supermercados, mercados municipais, feiras livres, peixarias, na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CEAGESP) e até em barracas de rua. A primeira vez que se discutiu o problema de comercialização do pescado no Brasil foi em 1980, na Feira Nacional da Pesca, promovida pela Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE). A conclusão após os debates foi que a feira livre não é o melhor endereço para o escoamento de um produto que se deteriora com tanta facilidade, uma vez que as autoridades sanitárias denunciaram a má qualidade do peixe vendido nas ruas de São Paulo pelas 180 barracas de feira e 1.200 marreteiros de esquina. A Vigilância Sanitária também fiscaliza os estabelecimentos de comercialização do pescado. Há normas a serem seguidas pelos comerciantes, com relação às vestimentas, utensílios utilizados, transporte, acondicionamento, balcão de exposição, pois qualquer um dos passos da cadeia produtiva pode ser meio de contaminação. Sabe-se que o frio é o agente capaz de atrasar a deterioração do pescado. Na forma de gelo, a temperatura diminui, mas não se mantém constante. Há flutuações e a temperatura vai se elevando conforme o gelo vai derretendo. Na feira, se o pescado não é vendido, vai para o refrigerador (onde apenas se tornam mais lentos os efeitos de enzimas e microrganismos) e volta à banca no dia seguinte já bem mais vulnerável à ação microbiana e enzimática. VARGAS & QUINTAES (2003) analisaram microbiológica e microscopicamente uma superfície de 100 cm2 do fundo de monoblocos plásticos usados no transporte/comercialização de pescados em feiras (n=14) e no Mercado Municipal (n=2) de São Paulo. A temperatura média dos pescados nas feiras foi de 19,1ºC (± 2,6ºC) e de 10ºC no mercado. 100% dos monoblocos apresentaram um ou mais patógenos, sendo que 50% continham coliformes. A análise microscópica mostrou muitas fendas, podendo ser concluído que o material dos monoblocos é inadequado, por favorecer a adesão de microrganismos. Por causa de variedades de microrganismos isolados, ficou evidenciada a participação do manipulador na contaminação dos recipientes. WATANABE (1965) constatou em seu estudo que a Sardinella brasiliensis congelada (-18°C) mantinha-se comercialmente em condições aceitáveis durante dois meses, quando exibia valor máximo de 30 milimoles de peróxidos/kg de extrato lipídico. O valor máximo de 25 mg N-BVT (nitrogênio de bases voláteis totais) /100 g foi atingido aos 100 dias de estocagem. Ao mesmo tempo, foi considerada importante a descontaminação microbiológica prévia ao congelamento, já que 40% da flora contaminante inicial podiam contribuir para a rancificação do produto. PEREIRA & FILHO (2005) avaliaram amostras frescas, descongeladas e processadas da sardinha (Sardinella brasiliensis) comercializada em São Paulo-SP, quanto às condições de consumo, através das substâncias reativas ao Ácido Tiobarbitúrico (TBA) e do Nitrogênio de Bases Voláteis Totais (N-BVT). A sardinha fresca comercializada na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CEAGESP) apresentou condição aceitável de consumo. Foram adequados os níveis de TBA encontrados (<0,43 mg de AM/kg), tendo como referência dados da literatura para pescado fresco, como também os de N-BVT, abaixo do limite legal vigente de 30 mg/100 g. O mesmo não ocorreu com as sardinhas frescas e descongeladas comercializadas em feiras livres, quando avaliadas pelas substâncias reativas ao TBA. As sardinhas salmourada e anchovada não apresentaram condição aceitável de consumo tendo em conta o N-BVT acima do permitido. Os resultados mostraram que a sardinha pode chegar à CEAGESP (comércio atacadista) em condições apropriadas de consumo, mas pode perder a qualidade na comercialização feita em feira livre. Foi enfatizada por ele a necessidade de reavaliação do congelamento da sardinha e sua estocagem, visando à comercialização. VIEIRA et al. (1997) concluíram que os comerciantes não estão conscientes das regras básicas necessárias pra garantir a qualidade e a segurança do pescado. Também o uso de práticas indevidas é comum em locais de comercialização do pescado. No Brasil (Fortaleza - CE), VIEIRA et al. (1998) em pesquisa, identificaram a presença de S. aureus em camarão fresco e nas superfícies das bancadas de uma feira livre na porcentagem de 10 e 6,6% das amostras coletadas, respectivamente. Os autores deste levantamento apontaram que a temperatura inadequada, as condições deficitárias de higiene e sanitização e a presença de manipuladores portadores de afecções respiratórias e cutâneas como fatores que corroboram para a contaminação encontrada. 2.5 O Gelo e sua Função na Conservação do Pescado Segundo FENNEMA (1996), o gelo na área alimentícia é muito importante, pois evita e/ou retarda contaminações bacterianas. Deve ter condutibilidade térmica a 0oC que é aproximadamente quatro vezes a da água na mesma temperatura, indicando que ele conduz calor energético a uma taxa maior que a água imobilizada retida. As capacidades de difusão térmica da água e gelo são de grande interesse, pois estes valores indicam a velocidade na qual as formas sólidas e líquidas da água sofrem mudanças na temperatura. O gelo tem uma capacidade de difusão térmica aproximadamente nove vezes maior do que a água, indicando que o gelo, num dado ambiente, sofrerá uma mudança de temperatura numa velocidade muito maior do que a água. Estas diferenças, nos valores da condutibilidade e capacidade de difusão térmica da água e gelo fornecem uma base sólida para se explicar por que os tecidos congelam mais rapidamente do que descongelam. FRAZIER & WESTHOFF (1988) afirmam que o gelo poderá retardar a ação de deterioradores de alimentos, pois cada microrganismo apresenta uma temperatura ótima mínima para seu crescimento, abaixo da qual ele não terá condições para se multiplicar. Temperaturas de resfriamento envolvem gelo ou refrigeração mecânica. Pode ser utilizado como método de conservação ou como de preservação temporária, até que outro processo seja aplicado. Alimentos perecíveis como os pescados podem ser estocados em gelo por um tempo limitado. Para retardar o início das reações de deterioração, o pescado deve ser refrigerado imediatamente após a sua captura. As formas de refrigeração rotineiramente utilizadas são através do gelo convencional (NUNES, 1994) e da água marinha refrigerada (KRAUSS, 1992). O Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Peixe Fresco (inteiro e eviscerado), aprovado pela portaria no 185 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 1997b), em consonância com a resolução do MERCOSUL no 40/94, caracteriza o peixe fresco como “produto obtido das espécimes saudáveis e de qualidade adequada ao consumo humano, convenientemente lavado e que seja conservado somente pelo resfriamento a uma temperatura próximo ao ponto de fusão do gelo”, devendo ainda ser empregada quantidade de gelo finamente triturado, suficiente para assegurar a temperatura próxima ao ponto de fusão do gelo na parte mais interna do músculo. Tal definição já era prevista pelo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal- RIISPOA (BRASIL, 1997a) em seu Artigo 493, parágrafo 1o, que classifica como fresco o pescado dado ao consumo sem ter sofrido qualquer processo de conservação a não ser a ação do gelo. O gelo é comumente usado para manter o frescor do pescado. Entretanto, se a água poluída for usada para fabricar o gelo é certa a contaminação do produto durante o resfriamento, podendo ocorrer contaminação entre o gelo e o produto ou entre o gelo e os recipientes utilizados no transporte (VIEIRA et al. 1997). A penetração de microrganismos na carne de pescado e sua decomposição começam quase que simultaneamente à autólise; a velocidade e intensidade, porém, dependem da temperatura de estocagem. Se o pescado é mantido em gelo, ocorre uma inibição da atividade bacteriana e o processo de autólise é mais intenso do que a decomposição bacteriana. Quando o produto está em temperatura mais elevada, a decomposição bacteriana predomina (BEIRÃO et al. 2000). De acordo com VIEIRA et al. (2003), o gelo utilizado na conservação do pescado deverá ser de ótima qualidade em relação ao seu aspecto bacteriológico, pois a qualidade deste afetará diretamente a qualidade do pescado. Os autores pontuam ainda que, para manter o contato com o pescado, o gelo empregado para sua preservação deverá ser finamente triturado, pois qualquer pedaço grande poderá causar prejuízos ao pescado, dilacerando seus tecidos, dando assim possibilidade a um ataque bacteriano mais acelerado. GERMANO et al. (2001) afirmam que a maioria dos microrganismos que contaminam o pescado está relacionada com a qualidade da água utilizada para elaboração do gelo usado na conservação e/ou com os procedimentos pós captura. HOFFMAN et al. (1974), pesquisando o prazo de validade da espécie Bagrus spp, relataram que algumas das amostras estavam aceitáveis em até 16 dias, quando estocadas em gelo. ABABOUCH (1996) comparou a deterioração de pescado em presença de gelo. Na ausência de gelo, o pH subiu rapidamente, assim como a produção de histamina, de trimetilamina (TMA) e de bases voláteis totais. As bactérias se multiplicaram rapidamente. No gelo, as bactérias multiplicaram-se mais vagarosamente durante 120 horas, mas depois atingiram os níveis de rejeição similares ao pescado estocado à temperatura ambiente. Desta forma, explica-se a importância do gelo na cadeia fria do pescado. SASTRY et al. (1986) relatam que, o peixe quando estocado em gelo, foi considerado bom com três dias de estocagem, e aceitável em até sete dias. A Legislação Brasileira da AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000), regida pela portaria MS no 1.469 de 29 de dezembro de 2000, explicita no artigo 2o, do Capítulo 1, que toda água destinada ao consumo humano deve obedecer ao padrão de potabilidade e está sujeita à vigilância da qualidade da água. Segundo esta portaria, no artigo 4o, a água potável é aquela destinada para consumo humano, cujos parâmetros microbiológicos, físicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde. O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (1980), exige que nos estabelecimentos de produção de alimentos de origem animal, destinados à alimentação humana, seja considerada básica, para efeito de registro ou relacionamento, a apresentação prévia do boletim oficial de exame de água de abastecimento, a qual deve se enquadrar nos padrões microbiológicos seguintes: - deve ser límpida, incolor, sem cheiro e de sabor próprio, agradável. - não demonstrar, na contagem global, mais de 500UFC/mL; Segundo VIEIRA et al. (2003), quando o gelo é colocado em quantidades suficientes para conservar o pescado, a contribuição do mesmo se dá reduzindo a temperatura do pescado até 0oC a 2oC, havendo então um retardamento das reações enzimáticas e bacterianas. E, segundo CEREDA e SANCHES (1983), também contribui lavando o pescado na água resultante da fusão, diminuindo consideravelmente a quantidade de muco, sangue e microrganismos, entretanto, esta não deve permanecer por muito tempo em contato com o pescado, uma vez que rapidamente torna-se contaminada. STANSBY (1968) aconselha que a proporção, em peso de gelo/pescado, oscile entre 1:4 e 1:1. Entretanto, essa quantidade deverá ser ajustada para 1:2 dependendo das condições de comercialização do pescado. Em pesquisa, SALEH et al. (1984) relataram que, o peixe da espécie Katswomus pelamis, quando estocado em gelo por até cinco dias pode ser considerado como matéria prima crua, pois ainda apresenta boas características sensoriais boas. Porém, o gelo estocado por mais tempo já não é aceitável para enlatamento. De acordo com os padrões estabelecidos em normas relativas a alimentos e bebidas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os peixes que tenham boa comercialização in natura ou no estado fresco, devem ser colocados no gelo imediatamente após a captura para vencer o tempo necessário para a conservação. Essa refrigeração poderá manter o peixe por um tempo limitado de no máximo oito dias, no entanto, a deterioração segue lentamente. À temperatura de 4,5oC, de um refrigerador comum, por exemplo, em 12 a 24 h, as bactérias presentes podem multiplicar-se duas vezes. O armazenamento no gelo, se tardio, não restituirá a qualidade perdida após a captura. A refrigeração no gelo deve ser feita utilizando cubos de um centímetro cúbico, que refrigeram 1,5 kg de peixes, de 20oC para 1oC, em 1 hora e meia. Não deve haver espaços entre os peixes e o gelo, porque o ar é mal condutor de temperatura. A proporção deve ser de 1 gelo: 1 peixe. Pedaços de gelo em tamanho maior podem durar mais, mas não devem ser usados, pois podem ferir os peixes. Durante o armazenamento para posterior distribuição, o pescado deve ficar em caixas de plástico rígido (PVC), com gelo intercalado com camadas de peixes e estocado em câmaras frias. Conforme a temperatura da câmara é possível prolongar este tempo de espera. Assim, ao estocar peixes inteiros com gelo em câmaras de 0oC até 5oC, inibe-se a deterioração por mais tempo. O prazo de validade médio de um peixe a 0oC é de 8 dias; a 22oC, de 1 dia; e a 38oC, de apenas 12 horas. O contato direto com o gelo pode modificar ou aumentar a microflora natural do pescado (KAI, 1998), o que interfere diretamente na deterioração do pescado. ALMEIDA et al. (2006) avaliaram as alterações post-mortem em tambaqui (Colossoma macropomum) conservado em gelo. Foi determinado o tempo de vida útil por meio de avaliações sensoriais e análises de pH e bases voláteis totais (N-BVT) no músculo. A avaliação sensorial mostrou que os exemplares permaneceram com qualidade especial (Classe A) durante o período de 22 dias e com boa qualidade (Classe B) até 40 dias. A prova de degustação do peixe cozido mostrou que os exemplares permaneceram com qualidade especial (Classe A) durante o período de 31 dias, mantendo-se na Classe B por até 40 dias. O pH e o N-BVT do músculo aumentaram regularmente com o tempo de estocagem, mostrando-se como índices adequados para determinar a qualidade do pescado. Concluíram ainda os autores que, o extenso período em condições de consumo (43 dias), permite que a espécie seja comercializada, entre camadas de gelo, no mercado nacional e internacional. De acordo com GUERREIRO (2005), a combinação de gelo e câmara de refrigeração conserva o gelo e impede a desidratação do peixe. O processamento de peixe ou pescado é simples, constam de lavagem em tanques com cloro, mesas evisceradoras, gelo, câmara fria e utensílios. A vida útil é limitada em até 12 dias, já que podem ocorrer alterações sensoriais e nutricionais, devido à perda de água do peixe. É importante que não ocorram flutuações de temperatura durante todas as etapas do processo para manter a qualidade do produto. É de fundamental importância que, no momento da limpeza, a água utilizada na superfície e no interior do pescado seja limpa e tratada com cloro, ajudando desta maneira a reduzir a carga de microorganismos iniciais. Existem muitas vantagens do congelamento com relação a outros métodos tradicionais de conservação. O produto quase não é modificado pelo processo, de forma que o pescado fresco, devidamente congelado, armazenado e descongelado, é virtualmente indistinto do pescado fresco, mantido no gelo. Isso pode ser utilizado para contornar o problema da sazonalidade do consumo de pescado. E ainda, SCHERER et al. (2004) afirmam que o uso de gelo clorado é efetivo na redução da contagem de microrganismos aeróbios mesófilos e psicrotróficos na carne de peixe, ampliando em aproximadamente 3 dias o prazo de validade do peixe armazenado inteiro sob refrigeração. PIMENTEL e PANETTA (2003) em análises físico-químicas e microbiológicas do gelo utilizado na conservação de pescados comercializados em supermercados na grande São Paulo, objetivaram verificar se a qualidade do gelo utilizado na conservação do pescado segue as normas exigidas pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, através de seu Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA). A colheita do material de análise foi feita em duas etapas. A primeira, consistindo em colher o gelo antes de o mesmo ser adicionado ao pescado. A segunda, depois de 4 a 5 horas de misturado ao pescado. Nesta oportunidade foram colhidas porções de gelo e de pescado. A análise do pescado teve como objetivo funcionar como referência, pois era necessário saber se o gelo contaminava ou não o pescado e, também, se o gelo estava exercendo sua função primária, que é a de conservar adequadamente o pescado. As espécies de pescado analisadas foram: sardinha verdadeira, pescada branca e corvina, ou seja, as variedades mais facilmente encontradas em supermercados. Os resultados obtidos indicaram uma contagem padrão em placas de 2X 10³ a 1,6 X 10 5 no pescado no gelo antes de adicionado ao pescado e 3,2 X 10 4 a 1,6 X 10 5 no gelo depois de adicionado ao pescado. Foi detectada a presença de Salmonella spp no pescado e gelo em alguns pontos de colheita. Apesar de tal fato, concluíram os autores que o gelo não só cumpre sua função básica, mas também não foi considerado fonte de contaminação para o pescado, embora tenham ressaltado que o seu uso deve ser melhorado adotando-se programas de treinamento para funcionários, para que a higiene e a manipulação do pescado sejam melhorados. 3 Conclusões O gelo é um importante instrumento para a manutenção da qualidade do pescado. Este alimento deve ser conservado em condições de higiene e em temperatura próxima a 0o C, o que pode ser obtido pelo uso do gelo produzido com água de qualidade, para manter as características sensoriais e microbiológicas por um período maior. Isso é possível pois o gelo retarda o processo de decomposição do mesmo por um período determinado, já que esse processo ocorre tão rapidamente. Porém, se a água utilizada para a fabricação do gelo não for de ótima qualidade, estará diretamente ligada à contaminação do pescado, principalmente por microrganismos. Deve-se ressaltar também que o gelo deve ser colocado em quantidades adequadas para manter a temperatura certa a fim de minimizar o crescimento microbiano. O gelo deve ser empregado desde o momento da captura do pescado e em toda sua cadeia produtiva até o consumo, uma vez que o processo de decomposição acontece desde o momento da morte do pescado. Durante o processamento e armazenagem desse produto é essencial uma excelente condição higiênico sanitária para que este alimento seja ingerido com segurança pelo ser humano. O papel dos manipuladores e a higiene dos materiais utilizados para o processamento (manipulação e armazenamento) também são muito importantes, pois são carreadores de muitos microrganismos e podem contaminar superfícies e utensílios, contaminando também o pescado. Há a necessidade de regulamentar um material adequado para contato com pescados e de capacitação dos manipuladores, como medidas educativas para melhorar as condições do pescado e evitar a contaminação. Portanto, é de suma importância que haja um redirecionamento na política de pesca, de modo a permitir a modernização da frota pesqueira (TEIXEIRA, 1993). Isto permitiria o desenvolvimento de uma infra-estrutura capaz de propiciar a ampla distribuição do produto ao mercado interno, com toda a sua diversidade, e mesmo e exportação dos excedentes. À medida que forem oferecidas ao público diferentes opções em matéria de pescado, a preços competitivos com outras proteínas de origem animal (TEIXEIRA, 1993), o consumo, fatalmente, sofrerá um impulso quantitativo. 4 Referências Bibliográficas ABABOUCH, L.H.; SOUIBRI, L.; RHALIBY, K.; OUAHDI, O.; BATTAL, M.; BUSTA, F.F. Quality changes in sardines (Sardina pilchardus) stored in ice and at ambiente temperature. Food Microbiology, v.13, p.123-132, 1996. ADAMS, A.M.; LEJA, L.L.; JINNEMAN, K.; BEEH, J. Anisakid parasites, Staphylococcus aureus and Bacillus cereus in sushi and sashimi form Seattle area restaurants. 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