Sistemas de Produção Sustentável Um sistema de produção é considerado sustentável quando todas as etapas do processo atendem a processos socialmente justos, economicamente viáveis e ambientalmente adequados. A Embrapa, juntamente com o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, investe há anos em tecnologias, que têm como fundamento principal a produção sustentável. Isso significa gerar alimentos seguros para a saúde humana, com respeito ao meio ambiente, garantindo a segurança do trabalhador e possibilitando o crescimento da economia. Sistemas de Produção Sustentável garantem a conservação de rios, nascentes e matas. A agricultura brasileira avançou de forma segura na direção da sustentabilidade ao longo das últimas décadas. Entre as alternativas de Sistemas de Produção Sustentável, destacam-se a Agricultura Orgânica, a Produção Integrada Agropecuária, a Aquicultura, a Produção Agroflorestal e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), além de várias outras soluções. Agricultura Orgânica Apesar de não ter uma produção em grande escala, o Brasil já é o 4º maior produtor mundial de orgânicos e continua crescendo, a uma taxa de 20% ao ano. A produção orgânica prioriza o uso de recursos naturais renováveis disponíveis localmente e faz uso de tecnologias, que visem à preservação ambiental e da biodiversidade. São muitos os ganhos que esse sistema possibilita, como garantia de melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores rurais, oferta de alimentos com baixo risco de contaminação, maior conservação do meio ambiente e Sistemas de Produção Sustentável 1 maior acesso da agricultura familiar aos mercados. A sociedade tem aumentado o reconhecimento em relação à agricultura orgânica, de forma gradativa. Exemplos disso são a consolidação da cadeia produtiva de orgânicos e a criação de uma legislação, que contemple aspectos sociais e ambientais e que garanta a conformidade desses produtos. Brasil é o 4º produtor mundial de orgânicos e cresce a uma taxa de 20% ao ano. Há mais de 20 anos, a Embrapa e seus parceiros trabalham por soluções e alternativas para melhorar e fortalecer o sistema. Como exemplo, na “Fazendinha Agroecológica”, situada no Bioma da Mata Atlântica, no estado do Rio de Janeiro, pesquisadores desenvolvem tecnologias para a agricultura orgânica. Além disso, apoiam a promoção da formação e da capacitação de agricultores, estudantes e profissionais da Assistência Técnica e Extensão Rural. Como resultado, tecnologias, produtos e processos foram levados aos agricultores em diversas regiões brasileiras. Para que um produto seja orgânico, é necessária sua certificação. Ou seja, o selo que garante que foi produzido conforme as determinações legais, que esse tipo de sistema exige. Segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE, atualmente, cerca de 11% de toda área destinada para a produção orgânica – que, em 2006, era de quase 5 milhões de hectares – estão certificados. Produção Integrada Agropecuária (PI-Brasil) Não diferente de outros Sistemas de Produção Sustentável, a Produção Integrada Agropecuária (PI-Brasil) apresenta vantagens econômicas, ambientais e sociais: maior profissionalização no meio rural; redução de custos de produção; conservação de encostas, solo e matas ciliares; diminuição da aplicação indiscriminada de insumos químicos; regularização de trabalhadores; uso de equipamentos de proteção; melhoria da renda; e inclusão social. O sistema, utilizado primeiramente com frutas (Produção Integrada de Frutas – PIF), integra hoje outras cadeias produtivas, totalizando mais de 40 produtos, como arroz, 2 Sistemas de Produção Sustentável soja, café e grãos, entre outros. A rastreabilidade é uma das etapas significativas do sistema. Ou seja, com acompanhamento e gerenciamento de todas as fases, é possível assegurar um adequado processo sustentável. Da colheita até as gôndolas do comércio varejista, todos os produtos e atividades são rastreados, de forma a preservar seus nutrientes e qualidade até chegarem aos mercados. Para garantir os processos de forma sustentável, a Produção Integrada possui a certificação PI-Brasil. Atualmente, 19 frutas podem ser certificadas, de acordo com as normas técnicas aprovadas. Dados da Anvisa mostram que houve, nos últimos anos, uma forte redução de resíduos agrotóxicos em produtos que adotam o sistema, como morango, manga, uva, caju e maçã. Essa solução é aplicável desde a agricultura familiar até aos grandes produtores. A produção integrada é lucrativa para o agricultor e saudável para o consumidor. Como exemplo de sucesso, o Vale do Rio São Francisco, onde o sistema é bastante utilizado (juntamente com os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará), é responsável por 40% dos mais de 600 milhões de dólares exportados em 2010. Isso demonstra como a Produção Integrada é fundamental, considerando o alto grau de exigência imposto pelos mercados europeus, que aceitam e recomendam o sistema. Produção Aquícola Na Produção Aquícola, ou também chamada Aquicultura, trabalha-se a criação racional e controlada de organismos aquáticos, como o cultivo de peixes, tartarugas, camarões, mexilhões e outras formas de vida dentro da água, de forma a não comprometer a biodiversidade e os recursos naturais. O sistema envolve diferentes técnicas de produção. As mais comuns são os tanques escavados, construídos em fazendas especialmente destinadas a esse tipo de produção; e os tanques-rede, gaiolas colocadas em reservatórios. A aquicultura trabalha a criação racional e controlada de organismos aquáticos. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) considera a aquicultura o único tipo de produção de alimentos que cresce mais que a população mundial. Portanto, é a grande esperança para a segurança alimentar do planeta, de acordo com a FAO. Desde meados dos anos 90, a produção pesqueira mundial mantém-se estável, enquanto que a produção da aquicultura cresce exponencialmente. Hoje, segundo a FAO, ela já abastece Sistemas de Produção Sustentável 3 50% do mercado de pescado no mundo. Porém, no Brasil, ainda há muitas dificuldades no processo de licenciamento, seja para o uso de águas públicas, seja para desenvolver a própria atividade. Segundo especialistas, muitos Estados têm de aperfeiçoar essas leis, assim como a União, e também é preciso agilizar o processo de licenciamento de criadores. Carne de pescado é considerada um alimento rico e extremamente saudável para o ser humano. Como a carne de pescado é considerada, pelas pesquisas médicas e nutricionais, um alimento rico e extremamente saudável para o ser humano, isso tem levado ao aumento da procura esses produtos. A captura intensiva de peixes nativos, tanto no mar quanto em rios, leva à escassez desses seres, o que causa danos à biodiversidade e provoca o aumento de preços. É possível fazer e avançar muito mais na produção de peixes no Brasil e no mundo. E temos exemplos de sucesso. Na Amazônia, a criação de peixes tem sido muito pesquisada pela ciência e adotada pelos produtores. Peixes como o pirarucu, o matrinxã e o tambaqui, típicos da região e com muita demanda local e nacional, têm apresentado ótimos resultados. Diante dessa crescente demanda, é necessário aperfeiçoar conhecimentos referentes a todo o processo de criação desses peixes: genética, nutrição, alimentação, sanidade, manejo, reprodução e processamento. O Brasil apresenta enormes potenciais na área: detém 13% da água doce do planeta, com grandes áreas de lâmina d’água e litoral de mais de sete mil quilômetros. Com o desenvolvimento da aquicultura e o ganho em escala, será possível deixar o pescado cada vez mais acessível a toda a população. Fotos: Arquivo Embrapa 4 Sistemas de Produção Sustentável