Resumos Expandidos AJUSTE DE MODELOS VOLUMÉTRICOS PARA CLONES DE EUCALYPTUS EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS Yasser Alabi Oiole¹; Lorena Stolle2; Ana Paula Leite de Lima2; Sebastião Ferreira de Lima2; Alexandre Beutling2 ¹Graduando em Eng. Florestal UFMS/CPCS ([email protected]); 2 Docente do curso de Engenharia Florestal UFMS/CPCS ([email protected] ); ([email protected]);([email protected]);([email protected]) Introdução e Objetivos Em trabalhos de inventários florestais, um dos principais objetivos é a obtenção do volume do povoamento. Um dos métodos para se encontrar o volume é através da cubagem, onde algumas árvores são derrubadas e medidas. A partir desses volumes conhecidos pode-se ajustar modelos matemáticos, geralmente em função do diâmetro e da altura, que servirão para estimar o volume do restante das árvores, sem que se faça necessário derrubá-las. A análise de equações de volume é uma das primeiras tarefas do pesquisador florestal, seja para trabalhos de inventário ou de mensuração florestal, no que se refere à seleção de equações que forneçam estimativas precisas e sem tendência [1]. A importância da seleção das equações é ressaltada, principalmente pela observação de qualquer erro de tendência, na estimativa do volume por árvore, que irá refletir na estimativa da população, causando uma sub ou super avaliação da produção. O objetivo deste trabalho consistiu em ajustar modelos matemáticos para a estimativa de volume total e comercial (DPF = 5 cm), para três clones de eucalipto em diferentes espaçamentos de plantio. Material e Métodos O experimento foi implantado em abril de 2011, em área da Fazenda Campo Bom, no município de Chapadão do Sul, MS (18° 46′ 44″ S, 52° 36′ 59″W), utilizando o delineamento em blocos casualizados em esquema fatorial, com uma combinação de seis espaçamentos (2,5 x 0,5 m; 2,5 x 1,0 m; 2,5 x 2,0 m; 3,0 x 0,5 m; 3,0 x 1,0 m e 3,0 x 2,0 m) e três clones de eucalipto (GG157, GG680 e GG100), com três repetições. Cada parcela experimental foi constituída por 4 linhas com 12 plantas cada. A área útil se constituiu de 10 plantas de cada uma das duas linhas centrais. Aos 28 meses de idade foi feita a cubagem rigorosa da árvore média de cada parcela, totalizando 54 árvores abatidas para cubagem. O volume de cada árvore foi determinado pelo método de Smalian, onde foram tomados dados de altura total, altura comercial e diâmetros com casca nas seguintes alturas: toco (0,10m), 0,70m, 1,30m e depois de 1,5m a 1,5m até atingir 5 cm de DPF (diâmetro na ponta fina). Para que se pudesse estimar o volume das árvores não cubadas do experimento, foram ajustados e testados os seguintes modelos matemáticos: v = b0 db1 v = b0 + b1 d2 h Husch (1) Spür (2) v = b0 db1 hb2 Schumacher-Hall (3) 35 3º Encontro Brasileiro de Silvicultura Onde: v= volume total ou comercial com casca (m3); d= diâmetro a 1,30m, com casca (cm); h= altura total ou comercial (m); b0, b1 e b2= coeficientes dos modelos. Os modelos de Husch e de SchumacherHall que não são lineares foram logaritimizados, assumindo a seguinte forma linear: lnv=lnb0 ln d Husch (4) lnv=lnb0+b1 lnd+b2lnh SChumacher-Hall (5) Foram analisados: o coeficiente de determinação (R2) e o coeficiente de determinação ajustado (R2 ajust.); o erro padrão da estimativa (Syx) e (Syx%) e a análise gráfica dos resíduos para a escolha do melhor modelo. Considerou-se também o teste “F” para verificar se o modelo ajustado representa a relação entre os volumes estimados e as variáveis independentes. Para os modelos logarítmicos foi necessário recalcular as estimativas das variáveis de interesse, pois os modelos ajustados apresentam-se nas formas aritméticas e logarítmicas e estas não são comparáveis entre si diretamente. Antes do recálculo do erro padrão da estimativa, deve-se corrigir esta discrepância logarítmica multiplicando o valor estimado de cada árvore por um fator de correção (Fator de correção de Meyer) e só então fazer o cálculo para obtenção do Syx recalculado. Foi calculado também o índice de ajuste de Schlaegel, uma estatística comparável ao R2 utilizado para comparação de equações de diferentes naturezas, como neste caso. Portanto, nas equações logarítmicas o índice de ajuste de Schlaegel (I.A.) foi tratado como R2. De acordo com [3], para a seleção de uma 36 equação, deve-se levar em conta, o maior coeficiente de determinação múltipla (R2 ajust.), ou maior índice de Schlaegel (I.A.) para as logarítimicas, e menor erro padrão da estimativa (Syx%), maior valor da estatística F, e análise gráfica dos resíduos, que nos dá uma visão ampla das tendenciosidades dos valores estimados. Resultados e Discussão A análise de variância mostrou que todos os modelos testados a apresentaram valores de F altamente significativos ao nível de 5% de probabilidade (Tabela 1), indicando que os modelos ajustados representam a relação entre as variáveis: volume total ou comercial, DAP e altura total. O modelo de Husch teve o pior desempenho (Tabela 1), o que pode ser justificado por ser um modelo que se baseia apenas no DAP para estimativa do volume (modelo de simples entrada). O modelo de Schumacher-Hall apresentou-se superior em relação aos demais modelos (maior R2 ajust.) e menor erro padrão da estimativa (Tabela 1). Volume Total Real (m3) Tabela 1: Estatísticas de ajuste dos modelos de volume total e comercial com casca. Volume Total Com. Modelo F R2 aj. Syx% Spurr 881,6 0,94 9,1 SchumacherHall 751,2 0,96 7,7 Husch 729,6 0,92 10,97 Spurr 2607,2 0,980 5,96 SchumacherHall 2106,9 0,982 5,63 Husch 861,4 0,922 11,6 Resumos Expandidos De acordo com [1] o melhor modelo para a estimativa de volume para Eucalyptus grandis foi o de Schumacher–Hall, que forneceu as estimativas mais exatas tanto para as árvores de maior diâmetro, como as de menor. Em inventários florestais, os modelos que têm sido utilizados para estimar os volumes e os pesos dos componentes das árvores das árvores para diferentes espécies florestais são o logarítimico de Schumacher-Hall, e o da variável combinada de Spurr [2];[4]. A análise gráfica dos resíduos mostrou que o modelo de Schumacher-Hall foi superior, pois não apresentou tendenciosidade para a estimativa do volume total (Figura 1), mas apresentou uma leve tendenciosidade em subestimar o volume das árvores com menores DAP (Figura 2). No entanto, esta tendência foi mais suave no modelo de Schumacher-Hall do que nos outros modelos. Figura 2: Distribuição de resíduos para a estimativa do volume comercial com casca. Deste modo, as equações com melhor desempenho escolhidas para estimativa do volume total e comercial com casca das árvores não cubadas do experimento foram os modelos ajustados de Schmacher-Hall, sendo respectivamente: ln v= ln-9,193679+ 2,08228 ln d + 0,54452 ln h (6) ln v= ln-8,437004+ 1,42658 ln d + 0,95404 ln h (7) Conclusões O modelo de melhor ajuste foi o de Schumacher-Hall para a estimativa do volume total e comercial com casca, e o modelo de pior desempenho foi o de Husch. Figura 1: Distribuição de resíduos para a estimativa do volume total com casca. 37 3º Encontro Brasileiro de Silvicultura Referências Bibliográficas [1] CAMPOS, J.C.C.; TREVIZOL JUNIOR, T.L.; PAULA NETO, F. Ainda, sobre a seleção de equações de volume. Revista Árvore. v.9, n.2. 1985. p.115-126. [2] FERREIRA, C.A.; MELLO, H. KAJIYA, S. Estimativa do volume de madeira aproveitável para celulose em povoamentos de Eucalyptus spp.: determinação de equações para o cálculo de volume de povoamentos de Eucalyptus spp. IPEF, Piracicaba, n.14, p. 29-50, 1977. [3] MAZAROTTO, E. B. Modelos matemáticos para estimar o volume em metros cúbicos com casca de Bracatinga (Mimosa scabrella, Benth.) em diferentes idades. Dissertação de mestrado em Ciências Florestais. Curso de Pós-graduação em Engenharia Florestal. Universidade Federal do Paraná. 1989. 103 p. [4] SILVA, J.A.A.; MACHADO, S.A.; BORDERS, B.E. Aumento da precisão de modelos volumétricos através do uso e transformação de BOX e COX. Revista Cerne. V.1, n. 1. 1994. p. 13-16. 38