QUAL A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA? Adalgiza Ferreira de Siqueira Carina de Souza Peres Josilaine Albergoni Acadêmicos do 3º período de Pedagogia Professora Orientadora Msc. Simone Medeiros Simões do Nascimento RESUMO Este artigo possibilita a visualização de algumas questões importantes refletidas teoricamente, em sala de aula no curso de Pedagogia, na disciplina de Sociologia da Educação, acrescidas a reflexões resultantes de questionamentos feitos a atores do contexto escolar sobre a função social da escola e os problemas encontrados para que se efetive tal função. Com o questionamento principal sobre a função social da escola, obtiveram-se respostas que apontam para uma dupla interpretação: grande parte dos atores deste contexto ainda acredita na função de profissionalização como meta principal da educação e, em menor número, esperam que os educandos se desenvolvam de forma plena e se tornem cidadãos solidários. O resultado deste trabalho vem colaborar para que os acadêmicos possam visualizar saberes e dificuldades que direcionam a prática da formação de crianças e adolescentes nesta região. ABSTRACT His article makes possible the visualization of some reflected important questions theoretically, in classroom in the course of Pedagogia, in disciplines of Sociology of the Education, increased the resultant reflections of done questionings the actors of the pertaining to school context on the social function of the school and the joined problems so that if it accomplishes such function. With the main questioning on the social function of the school, answers had been gotten that point with respect to a double interpretation: great part of the actors of this context still believes the professionalization function as main goal of the education and, in lesser number, they wait that the educandos if develop of full form and if they become solidary citizens. The result of this work comes to collaborate so that the academics can visualize to know and difficulties that direct practical of the formation of children and the adolescents in this region. 1 INTRODUÇÃO Ao desenvolver reflexões sobre a sociologia da educação, passa-se a refletir e questionar o posicionamento dos atores escolares diante da função social da escola. A experiência mostra que diretores, equipe pedagógica, professores envolvidos no processo acadêmico do ensino fundamental e médio da região, possuem saberes que norteiam a prática e a reflexão da formação de crianças e adolescentes no contexto escolar. Para elucidar ainda mais esta reflexão, desenvolveu-se uma pesquisa abrangendo esta temática em cidades desta região (o norte do Paraná – Ibaití, Japira, Jaboti, Pinhalão, Curiúva e Figueira). Tal pesquisa foi realizada pelos acadêmicos do curso de Pedagogia. É comum encontrar pessoas que ainda pensam na escola como forma de obter sucesso através do saber reproduzido e domesticado em detrimento da busca da solidariedade, da transmissão do patrimônio cultural, do despertar das potencialidades e reflexão do que se vive. Dentro desta situação, criam-se entraves que dificultam a vivência de uma dimensão plena da escola. Espera-se que o processo de escolarização construa conhecimentos embasados na vivência e que este seja aplicado na vida. Outro ponto importante, é que este processo de aquisição de conhecimentos, possa dar subsídios para minimizar as diferenças, dando ao aluno, das classes menos favorecidas, a oportunidade de inserir-se na sociedade, com chances de concorrer em iguais condições. Cabe então o questionamento feito aos diferentes atores do contexto escolar: quais os problemas enfrentados pela escola? O que se tem feito para sanar estes problemas? O que se espera do processo de escolarização? 2 DESENVOLVIMENTO A Sociologia Educacional é uma disciplina fundamental para o educador, busca elucidar para os educandos os “fatos sociais relacionados com a educação” (Oliveira, p.11, 2000). Com esta visão e, ao estudar a questão do processo de controle social e a função conservadora e inovadora da educação, percebeu-se a necessidade de verificar os saberes dos professores e diretores das escolas nos dias atuais sobre esta problemática. Os questionamentos direcionados aos atores acima citados trouxeram reflexões significativas. De acordo com os dados obtidos na pesquisa efetuada pelos trios de acadêmicos, o principal problema enfrentado na escola é a indisciplina, seguido pela falta de interesse por parte dos pais, que não se preocupam com a vida acadêmica de seus filhos, dela não participam. Foi apontado ainda, a discriminação social e racial enfrentada neste contexto, devido a diversidade de níveis sociais, culturais e raciais presentes nas salas de aula. Outro ponto levantado dentro dos problemas da escola foi a falta de capacitação dos professores, falta de recursos dos governantes destinados a este fim, de forma que possibilite implantar novas metodologias, novos conhecimentos. Dificuldades nos relacionamentos entre o corpo docente e a equipe técnica, fazem parte também de queixas significativas. No modelo em que predomina uma hierarquia, professores queixam-se de ter que se adaptar e se ajustar a regras e normas ditadas e impostas. Provavelmente, o mesmo padrão de conduta se reproduz quando estes (professores) se relacionam com os alunos, pois foi assinalado também, o desinteresse e a dificuldade de aprendizado dos educandos como entraves que dificultam a plena atuação na escola. Conforme reflete Freire (1987, p. 62) sobre a visão bancária da educação e a condição ainda presente que obriga a todos se adaptar e se ajustar “... quanto mais se impõe passividade, tanto mais, de maneira primária, ao invés de transformar o mundo, eles tendem a se adaptar à realidade fragmentada contida nos ‘depósitos recebidos’.” Como forma de buscar solução destes problemas, os atores das instituições pesquisadas citaram que, diante do descaso dois pais, buscam ainda assim, chamar a família para dentro do contexto da escola, no sentido de buscar ajuda diante da indisciplina dos educandos, medida que não tem tido resultado satisfatório. O mesmo ocorre quando se busca ajuda de interventores (psicólogos, assistentes sociais, equipe técnica da escola ou mesmo, Conselho Tutelar). A indisciplina escolar não consiste em um receituário de propostas para enfrentar os problemas de comportamentos dos alunos, mas em um enfoque global da organização e da dinâmica do comportamento na escola e na sala de aula, coerente com os propósitos de ensino [...] Para isso, é preciso, sempre que possível, antecipar-se ao aparecimento de problemas e só em último caso reparar os que inevitavelmente tiverem surgido, seja por causa da própria situação de ensino, seja por fatores alheios à dinâmica escolar. (GOTZENS, 2003, p.22). Quanto à discriminação social e racial vivenciada neste contexto, professores relatam que buscam o ensino de valores, trabalhar as diferenças que existem tanto dentro de sala de aula, quanto na sociedade em geral. Buscam trazer a tona o privilégio da riqueza e a importância da diversidade cultural. [...] alguns professores, por falta de preparo ou por preconceitos nele introjetados, não sabem lançar mão das situações flagrantes de discriminação no espaço escolar e na sala de aula como momento pedagógico privilegiado para discussão da diversidade cultural [...] (MUNANGA, 2001, p-7-8). Em relação à falta de recursos e de investimentos na educação para a capacitação de professores e melhoria do ensino, os atores do contexto escolar apontam a busca de parcerias. Buscar parcerias parece ser o mais indicado, a comunidade e as empresas em geral participam da construção da cidadania sonhada. Já em relação ao desinteresse e as dificuldades de aprendizagem busca-se diferenciar aulas e assim despertar o interesse dos alunos. Muitas foram às dificuldades citadas, poucas foram às soluções apontadas e por poucos. Percebe-se, portanto, que muitos entraves permanecem sem soluções, nem mesmo se reflete sobre possibilidades. Problemas graves passam a fazer parte do cotidiano, construindo assim uma postura passiva e não reflexiva por parte deste atores. Diante do questionamento sobre qual a função social da escola, a maioria dos entrevistados, apontou a profissionalização. Somente uma minoria relata a formação de cidadania como função social principal da escola. Um projeto de escola que busque a formação da cidadania precisa ter como objetivo: tratar os indivíduos com dignidade, com respeito à divergência, valorizando o que cada um tem de bom; fazer com que a escola se torne mais atualizada para que os alunos gostem dela; e ainda, garantir espaço para a construção de conhecimentos científicos significativos, que contribuam para uma análise crítica da realidade (FREIRE, 1987, p 39). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O conteúdo reunido e discutido possibilitou estudar a função social da escola em duas dimensões: uma prevalentemente teórica em sala de aula com o auxilio das referências bibliográficas e outra eminentemente prática, na qual os atores das diferentes escolas revelaram seus saberes e reflexões sobre a função da escola e os problemas para que esta se efetive. A grande preocupação deste trabalho foi a de compreender e refletir o pensamento dos atores do contexto escolar desta região (diretores, equipe técnica e professores), sobre quais são as expectativas destes acerca do processo de escolarização em todos os níveis (fundamental e médio), quais os problemas apontados por esta população e as soluções dos entraves, para que se efetive a educação em modelos atuais. É ainda uma questão dúbia para os professores a função social da escola. Ao contrário do que se percebe na teoria, quando diferentes autores conduzem o pensamento para que a educação se efetive focalizando a construção da socialização plena e participação cidadã na comunidade, alguns professores ainda apontam somente a profissionalização como meta a ser atingida. Ao refletir sobre esta e outras realidades cabíveis nesta pesquisa, este estudo contribuiu também para que, nas discussões levantadas, sejam indagadas as posturas e pensamentos que permeiam esta realidade e apreenda a subjetividade presente na prática pedagógica e interações destes contextos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. GOTZENS, Concepción; BADíA MARTIN, Maria del Mar. Os professores e a disciplina na sala de aula. In: Pátio: revista pedagógica. Porto Alegre, n. 27, 0, p. 42, Ago./Out. 2003. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução a Sociologia da Educação. São Paulo: Editora Ática, 2000 MUNANGA, Kabengele. Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: um ponto de vista em defesa de cotas. Disponível em www.neppi.org/anis/textos/pdf/educar relações raciais Página inicial > Vol. 4, Nº 2 (2001), acessado em 05/04/2008