Estudo do Controle Autonômico da Frequência Cardíaca de Pacientes com Acidente Vascular Encefálico e Hipertensos Submetidos a Fisioterapia Cardiovascular VENTO, Daniella Alves1 MARÃES, Vera Regina Fernandes da Silva2 Palavras-chave: acidente vascular encefálico, hipertensão arterial, variabilidade da freqüência cardíaca, fisioterapia 1 Introdução A freqüência cardíaca (FC) é uma variável relevante para o diagnóstico funcional, pois contém informações que servem para determinar o nível benéfico de aplicação dos exercícios físicos como terapêutica e avaliar de forma confiável a modulação autonômica da FC como um fator de risco para as doenças cardiovasculares. De acordo com Negrão e Barretto (2005) os primeiros estudos que investigaram o efeito do exercício físico regular no controle e tratamento da pressão arterial foram realizados em meados da década de 1960 e nesta época surgiram as primeiras evidências de redução da pressão arterial em indivíduos hipertensos que realizavam exercício físico regular. O treinamento físico dinâmico envolvendo exercício de resistência aeróbia reduz de modo significativo a pressão arterial de indivíduos hipertensos, sendo observado uma redução média de 7 a 10 mmHg nas pressões tanto sistólica como diastólica. A variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) pode ser coletada facilmente de forma não invasiva permitindo-se obter informações indiretas sobre a capacidade funcional e cardiovascular do indivíduo e desta forma fornece uma confirmação ao fisioterapeuta para o alcance de um tratamento efetivo e seguro. Os objetivos propostos pelo estudo foram estudar a função autonômica cardíaca, por meio da variabilidade da freqüência cardíaca antes e após fisioterapia cardiovascular; e avaliar os benefícios promovidos pela intervenção fisioterapêutica. 2 Metodologia 1 Professora Doutora – Curso de Fisioterapia Foram estudados dois voluntários, sedentários com idades de 50 e 58 anos, hipertensos e hemiparéticos pós acidente vascular encefálico. Os critérios de exclusão para pesquisa foram os seguintes: voluntários etilistas e/ou tabagistas, portadores de doenças metabólicas ou músculo-esqueléticas, voluntários que utilizam medicamentos como beta-bloqueadores, digitálicos e inibidores de canais de cálcio. Os procedimentos experimentais constaram de quatro etapas que foram realizadas na Clínica Escola UniFISIO – UniEVANGÉLICA: 1ª Etapa – Condição de repouso e teste de caminhada de 6 minutos (TC6), com registro da FC batimento a batimento, em tempo real, visando a avaliação autonômica cardíaca inicial. 2ª Etapa – Conscientização dos pacientes envolvidos por meio de folhetos explicativos, com os temas educativos sobre os prejuízos causados pelo sedentarismo, pelo acidente vascular encefálico (AVE) e pela hipertensão arterial. 3ª Etapa – Fisioterapia cardiovascular que foi realizada 3 vezes por semana durante 3 meses, constituída por alongamentos e aquecimento com exercícios que promoviam a mobilização das articulações; condicionamento, realizado dentro da freqüência cardíaca de tratamento previamente estimada para cada voluntário, em esteira elétrica e/ou bicicleta ergométrica por 20 minutos; desaquecimento que foi constituído de exercícios no solo e técnicas de relaxamento para retorno das variáveis aos valores iniciais. 4ª Etapa – Reavaliação na condição de repouso e TC6 com registro da freqüência cardíaca batimento a batimento, em tempo real, visando a avaliação autonômica após três meses de intervenção. 3 Resultados e Discussão Os resultados obtidos antes e após a fisioterapia cardiovascular estão apresentados na tabela abaixo: Tabela - Variáveis coletadas antes e após a fisioterapia cardiovascular (3 meses). Variável Paciente VIL Paciente CAC Antes Depois Antes Depois 69 60 100 80 140 x 108 110 x 80 144 x 100 128 x 90 300 360 270 300 VFC supino (RMSSD) 43,90 56,44 32,23 49,17 VFCsentado(RMSSD) 40,07 44,73 23,00 39,78 FC repouso (bpm) PA repouso(mmHg) TC6 distância(m) 2 Bolsista PBIC – Curso de Fisioterapia VFC TC6 (RMSSD) 36,70 47,82 27,41 17,98 bpm= batimentos por minuto; mmHg = milimetros de mercúrio; m= metros; TC6 = teste de caminhada de seis minutos; VFC = variabilidade da freqüência cardíaca; RMSSD = índice de variabilidade da freqüência cardíaca. Observa-se a redução dos valores basais da FC especialmente no paciente C.A.C, por outro lado os valores de pressão arterial (PA) e o desempenho no TC6 mostraram-se sensíveis ao tratamento proposto. Com base nos índices de VFC (RMSSD) foi possível observar que o paciente V.I.L apresentou melhora na modulação autonômica cardíaca após a fisioterapia cardiovascular e o paciente C.A.C. também apresentou melhoras significativas, exceto no TC6 onde o RMSSD apresentou-se menor após intervenção. 4 Conclusão Os resultados sugerem que três meses de intervenção é capaz de influenciar positivamente o funcionamento do sistema cardiovascular dos pacientes estudados principalmente no controle autonômico cardíaco. Diante destas evidências conclui-se que a fisioterapia cardiovascular nos permite um grande e valioso crescimento, ampliando novos horizontes para a prática clínica. 5 Referências Bibliografia I Consenso Nacional de Reabilitação Cardíaca (Fase Crônica). Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 69 (4): 267-291, outubro de 1997. MARÃES, V.R.F.S. et al. Identification of anaerobic threshold using heart rate response during dynamic exercise. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, n. 38, 2005, p. 731-735. NEGRÃO, CE e BARRETO, AC. Cardiologia do exercício: do atleta ao cardiopata. Editora Manole, 2005.