UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC VERA LÚCIA LEAL CRISPIM A IMPORTÂNCIA DO CURSO SUPERIOR COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO DOS GESTORES DO AGRONEGÓCIO Criciúma, 2004 1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC VERA LÚCIA LEAL CRISPIM A IMPORTÂNCIA DO CURSO SUPERIOR COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO DOS GESTORES DO AGRONEGÓCIO Monografia apresentada à Diretoria de Pós-Graduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, para obtenção do título de Especialista em Recursos Humanos. Orientador: Prof. M.Sc. Gildo Volpato Criciúma, 2004 2 A Deus e a meus familiares. 3 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo geral analisar como a formação superior específica para Gestores em Agronegócio provocaria impacto na competitividade das empresas envolvidas com este setor da região sul do estado de Santa Catarina, e quais os elementos que devem ser considerados para implantação de um curso de graduação nesta área. As justificativas para a pesquisa foram: preocupação sobre a conclusão de uma pesquisa anterior realizada no ano de 2000 onde buscava respostas para o índice elevado de suicídio que ocorriam no meio rural. Para responder a abordagem do problema adotou-se a pesquisa qualitativa. Os seguintes procedimentos foram adotados pesquisas bibliográficas, documentais e empíricas. Do presente trabalho de pesquisa realizada com grupo de pessoas ligadas ao agronegócio da região sul do estado de Santa Catarina, após estudos e análise dos dados foi possível concluir: que há necessidade de ser desenvolvido um curso em Gestão em Agronegócio nesta região, que são muitos os benefícios que um curso desta natureza pode trazer para o desenvolvimento regional e na contribuição do aumento de renda para pessoas ligadas ao agronegócio; O curso de agronegócio é uma inovação que irá se fundamentar nos instrumentos já consolidados nos cursos de administração já existentes na região. O desenvolvimento do agronegócio configura-se como o setor que mais cresce no Brasil e não poderia ser diferente no sul do estado. É indiscutível a importância do desenvolvimento do agronegócio e a necessidades de inserir neste contexto novas tecnologias de gestão e produção para enfrentar os desafios da globalização, é preciso que o gestor tenha uma visão ampla, globalizada e diferenciada que implicará no desenvolvimento da região; a proposta de um curso com esta abrangência leva em consideração as características regionais de pequenos agronegócio que serão beneficiadas pois as perspectivas estão dentro do conceito da pequena propriedade e focaliza o desenvolvimento regional. É uma iniciativa ousada que oportunizará na ótica do pequeno e que irá preparar profissionais para as mudanças sociais que implicarão também no retorno ao campo. Palavras-chaves: Agronegócio; Gestão em Agronegócio; Competitividade. 4 SUMÁRIO LISTA DE TABELAS .................................................................................................05 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................06 2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................13 2.1 A evolução do agronegócio brasileiro .................................................................13 2.2 O contexto atual do agronegócio em Santa Catarina..........................................22 2.3 Situação do agronegócio brasileiro .....................................................................30 2.4 O perfil empreendedor do gestor em agronegócio ..............................................41 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................50 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ...................52 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................56 REFERÊNCIAS.........................................................................................................59 APÊNDICE ................................................................................................................62 5 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Número de trabalhadores ligados diretamente ao agronegócio .............26 Tabela 2 - Total de cooperativas ligadas ao agronegócio em Santa Catarina ..........27 Tabela 3 - Dados referentes às exportações na agropecuária referente aos anos 2000 a 2003 ..............................................................................................................27 Tabela 4 - Dados das exportações na agropecuária referente aos anos de 2000 a 2003 ..........................................................................................................................27 Tabela 5 - Grupo de atividade econômica responsável pela balança comercial nos anos de 2000 a 2003.................................................................................................28 6 1. INTRODUÇÃO Esta monografia surgiu a partir de preocupação sobre a conclusão de uma pesquisa anterior realizada no ano de 2000 onde buscava respostas para o índice elevado de suicídio que ocorriam no meio rural. O tema central da pesquisa foi: “O impacto da tecnologia do agrotóxico na qualidade de vida no meio rural: um estudo à luz da Psicologia Social”. Pois se acredita que uma pesquisa só se justifica quando seu objeto de estudo estiver proporcionando ao homem e ao ambiente transformações que lhe permitam obter melhor qualidade de vida. Esta é uma premissa que se fundamenta em preceitos, valores e a própria formação acadêmica da psicologia. O ser humano é o eixo norteador de toda a pesquisa, e esta deverá reverter em ações e transformações benéficas para o mesmo. Através daquela pesquisa pode-se perceber que o meio rural está longe de ser aquele lugar, como prega a ideologia campesina de qualidade de vida, tranqüilidade e bem estar. No meio rural, principalmente o segmento em que foi realizada a pesquisa, fumicultores, o sofrimento ético político é muito grande. As pessoas sentem-se discriminadas, possuem uma baixa autoestima, sentem-se vitimas de preconceito, excluídas das políticas públicas e vitimas dos órgãos financeiros e empresas fumageiras, pois tem pouco conhecimento dos esquemas de financiamentos, sentindo-se, muitas vezes enganados e lesados por estes. Os agricultores demonstraram durante as entrevistas um sentimento de apego muito grande pelo lugar onde residem. Para eles este seria o lugar ideal para viver. No entanto, contrariamente a este sentimento de valorização pelo lugar, 90% dos agricultores demonstraram um sentimento de menos valia intenso. Os 7 agricultores sentem-se desvalorizados como pessoa e como agricultores, percebem ter um atendimento diferente, menos atencioso no comercio e principalmente nas agências bancárias. Sentem-se, desse modo, desvalorizados, desprezados e rebaixados quando percebem o atendimento que é dado às pessoas que moram na cidade. O êxodo rural é uma conseqüência desta desvalorização, pois mudar para a cidade significa tornar-se “cidadão”, ter um emprego e ser “respeitado”. A este sentimento de baixa estima, une-se o comportamento de desânimo em relação à própria competência de que nada pode ser feito para transformar a realidade em que vivem. Somam-se aos sentimentos de desvalorização e baixa estima, a instabilidade das políticas públicas em relação à agricultura. A situação dos agricultores nunca é estável, e a perda da rentabilidade vem afetando cada vez mais o meio rural provocando o esvaziamento (CRISPIM, 2000). Sawaia (1995), justifica este estado de ânimo dizendo, que estes sentimentos de desqualificação, indignidade, baixa estima, tem sua origem na vivência depressiva das situações cotidianas, na qual o sujeito é dominado pelo cansaço, dos esforços musculares provocando a paralisação da imaginação e o adormecimento intelectual, aprisionando esses atores sociais ao estado de apatia, caracteríscas próprias do sofrimento psicossocial. A transição deste estado de sofrimento para um “tempo de viver” é a mudança na relação entre o ser e o mundo, é o restabelecimento do nexo psico/fisiológico superando a cisão entre o pensar/sentir/agir. O Pensamento de Sawaia (1995) reflete-se em uma questão que permeia o meio rural e pode dar uma resposta aos técnicos que buscam através de treinamentos técnicos locais e esporádicos beneficiar os agricultores com programas alternativos para a agricultura, mas que na verdade não mudam a condição do meio rural. Um acontecimento ou uma mudança de atividade não é suficiente para a 8 passagem de um estado para outro. Podem colaborar, mas não basta, é preciso restabelecer o vínculo entre o psico/fisiológico/social, para que o pensar/sentir/agir, concisos levem conforme diz Sawaia (1995, p. 159), as pessoas do meio rural, a oportunizarem a “transformação das relações objetivas que aprisionam as emoções, a aprendizagem, a humanidade e a sensação de impotência se transformem em energia e força para lutar e desenvolver-se”. Segundo Crispim (2000), para a transformação da realidade rural é preciso mais do que um acontecimento é necessário um princípio de força capaz de liberar as emoções e o desejo. É algo que vem ao encontro do princípio da educação que define as atividades de desenvolvimento pessoal e as relaciona com os processos cognitivos mais profundos da formação da personalidade e da melhoria de compreender e interpretar o conhecimento. Somente a educação é capaz de modificar este estado, desenvolver-se. A partir da educação as pessoas poderiam gerir suas próprias vidas e administrar seu próprio negócio. Este estado de alienação que os agricultores vivem impede-os de ver as inúmeras oportunidades de negócios que existem no meio rural. Neste sentido o curso de Gestão em Agronegócios estaria possibilitando o desenvolvimento dessas pessoas e conseqüentemente da região. Um profissional habilitado em Gestão de Agronegócios terá um amplo campo e poderá atuar como assessor de atividades vinculadas ao agronegócio; como consultor administrativo independente junto a empresas de agronegócios, na assessoria às entidades de classe ligadas ao agronegócio (sindicatos, cooperativas, prefeituras, etc), e como empreendedores no desenvolvimento e treinamento de pessoas ligadas ao setor do agronegócio, principalmente na administração de sua propriedade ou empresa rural. 9 Percebe-se também que os pequenos e médios empresários agroindustriais, precisam dedicar muito tempo e esforço na identificação de métodos gerenciais, tecnológicos e organizacionais que ocorrem durante o processo produtivo, já que não detêm o conhecimento formal que lhe facilitaria na tomada de decisão e o método mais eficaz. O modelo tradicional de gestão pode-se dizer, é em grande parte responsável pelos baixos índices de produtividade e a baixa rentabilidade das atividades agrícolas. A ausência de uma organização empresarial eficiente, métodos gerenciais inadequados e a falta de qualificação dos profissionais que trabalham no agronegócio são problemas a serem enfrentados. Alguns proprietários e empresários do agronegócio já perceberam que só o conhecimento da realidade lhe fornecerá os subsídios necessários para enfrentar a competitividade que a globalização impôs a economia rural. Em termos de qualificação profissional, a ocupação profissional, seja no âmbito produtivo ou administrativo, exige uma formalização do conhecimento para que os proprietários estejam capacitados a administrarem seu agronegócio e interagirem com o mercado consumidor. Dessa forma, surge com este trabalho de pesquisa a oportunidade de investigar como uma formação superior específica para Gestores em Agronegócio poderia provocar impacto na competitividade das empresas ligadas a este setor, na região sul do estado de Santa Catarina, e quais elementos deveriam ser considerados para implantação de um curso de graduação nesta área. Em resposta às necessidades e demandas da sociedade brasileira e sua participação no mercado globalizado, a Gestão em Agronegócios, surge como oportunidade para a capacitação tecnológica, criação e adaptação de novos 10 modelos, desenvolver e organizar empresas e propriedades rurais, produzir insumos e serviços, agregando valor aos bens que se produz. Define-se como objetivo geral deste estudo: analisar como a formação superior específica para Gestores em Agronegócio provocaria impacto na competitividade das empresas envolvidas com este setor da região sul do estado de Santa Catarina, e quais os elementos que devem ser considerados para implantação de um curso de graduação nesta área. Acredita-se que a profissionalização da administração de agronegócios apresenta-se neste momento como uma possibilidade de diminuir às discrepâncias do setor da economia primária, contribuindo para o incremento da renda, e junto com estes benefícios sociais e econômicos a melhoria na qualidade de vida e o desenvolvimento regional com a fixação do homem no campo. Neste sentido, os objetivos específicos procuraram atender as seguintes questões: identificar as empresas envolvidas com o agronegócio do Sul do estado de Santa Catarina; diagnosticar quantas empresas ligadas ao agronegócio é administrado por gestores com formação específica nesta região, do sul do estado, e quais os elementos que sinalizam para mudanças positivas na gestão de agronegócios; evidenciar quais as atividades econômicas mais comuns do agronegócio que são desenvolvidas nesta região do estado; pesquisar junto aos órgãos representativos a importância do desenvolvimento dos recursos humanos para a competitividade do agronegócio; definir quais as disciplinas que contemplaria uma formação adequada do gestor, levando em consideração a cultura e a vocação regional para o agronegócio; verificar junto aos principais órgãos representativos do agrononegócio a necessidade de implantação de um curso de Gestão do Agronegócio na região Sul do Estado. De posse de novos instrumentos no setor de gerenciamento de 11 agronegócios seria possível identificar, quantificar, planejar, gerenciar e oferecer uma orientação segura para quem vive no campo ou apenas se interessa por esse setor dinâmico, tão importante no fortalecimento da economia brasileira. O agronegócio gera emprego e renda seja na agricultura familiar ou em cadeias produtivas maiores. Para melhor compreensão da necessidade deste presente trabalho de pesquisa, optou-se por iniciar a discussão com a necessidade de demonstrar como a pesquisa e a práxis podem caminhar juntas e trazer ações que transformem algumas situações de vida. Neste sentido esta monografia está organizada em seis partes sendo que o primeiro é a introdução propriamente dita cujo conteúdo é composta pelo problema, pela justificativa e pelos objetivos gerais e específicos. Onde se destaca o conteúdo de uma pesquisa anterior, em que o foco é o estado cognitivo de agricultores de uma determinada região do Sul do estado de Santa Catarina, principal motivo do presente trabalho de investigação. Na segunda, a revisão de literatura foi dividida em 4 tópicos. Considerouse importante fazer uma leitura sobre a evolução do agronegócio brasileiro destacando os principais fatores e como estes contribuíram para o desenvolvimento do Brasil e em alguns casos para o desenvolvimento de algumas regiões específicas. Neste capítulo discorreram-se também sobre os principais segmentos do agronegócio, a sua origem as principais atividades econômicas e a evolução do mesmo. Dando continuidade a revisão de literatura procurou-se contextualizar através de dados dos principais anuários de agronegócios do Brasil e do estado, a atual situação do agronegócio em Santa Catarina tendo como cenário a atual conjuntura econômica dos últimos anos. Abordando principalmente os fatores que 12 mais contribuíram tanto para a instabilidade quanto para grande “Boom” que é o agronegócio atualmente. Da mesma forma, neste capitulo é apresentada uma análise sobre a situação do agronegócio procurando conceitualizar e definir alguns processos relativos ao Agribussiness e conforme o Ministério de Ciência e Tecnologia definir quais as propostas do governo para o desenvolvimento científico e tecnológico da agroindústria. Por último, neste capitulo ainda é tratado o perfil empreendedor do gestor em agronegocios, as suas características e a necessidade de se ter no agronegócio pessoas cujo perfil corresponda a esta definição de Schumpeter (1949) o empreendedor é aquele cujo perfil se traduz em atitudes e habilidades voltadas a vencer desafios, introduz novos produtos e serviços, cria novas formas de organização, enfim não se conforma, está sempre procurando algo novo para fazer. O terceiro capítulo é reservado para demonstrar os procedimentos metodológicos, onde são relatados quais os instrumentos foram utilizados para este estudo, bem como os sujeitos que participaram da pesquisa e com os quais foram realizadas as entrevistas. No quarto capitulo são apresentados os dados coletados e a discussão dos resultados. Finalmente, concluindo a análise, são realizadas as conclusões finais sobre o tema “A importância do curso superior como diferencial competitivo dos gestores do agronegócio” e as referências bibliográficas utilizadas no presente estudo. 13 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 A evolução do agronegócio brasileiro A Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG, 2002) apresenta de modo claro, à evolução no agronegócio no Brasil, destacando como fatores importantes para o seu desenvolvimento primeiramente a escravidão. Portugal para colonizar o Brasil valeu-se da mão de obra escrava e da sua experiência no cultivo da cana e na produção de açúcar. As primeiras vítimas da escravidão no Brasil foram os índios que acabaram sendo dizimados pelos portugueses e pelas doenças trazidas por estes. Logo em seguida, a África passou a ser a principal fonte de mão de obra, por muitos séculos. A escravidão no país teve seu término oitenta anos após a Inglaterra ter acabado com a mesma em suas colônias. As primeiras atividades econômicas, desenvolvidas no país, que tinham como mão de obra os escravos, começaram com a exploração do pau-brasil, a cana-deaçúcar, a cachaça e o fumo, e logo em seguida, Portugal implantou aqui as lavouras de algodão. O nome “Terra do Brasil”, ficou conhecida, por causa do pau brasil e pela praticidade e economia do mercado que não demorou muito a transformar o nome da nova terra em Brasil: O demônio trabalhou para que se esquecesse o primeiro nome e lhe ficasse o de Brasil, por causa de um pau assim chamado de cor abrasada e vermelha, com que tingem o pano, que o daquele divino pau que tinta e virtude trouxeram a todos os sacramentos da igreja (Frei Vicente do Salvador In: ABAG, 2002, p.47). 14 O pau Brasil era utilizado para o tingimento de tecidos. Durante 375 anos após a viagem de Cabral, os portugueses tentaram garantir o monopólio real no comércio da madeira. Londres tornou-se o grande centro importador até que a madeira tintorial deixasse de interessar a indústria têxtil. Em 1856 a indústria de corantes artificiais anuncia o prenúncio de mudanças profundas no ramo da tinturaria com a descoberta da anilina. A partir de 1875, o pau Brasil entra para o rol das madeiras de construção, caindo na obscuridade, ressurgindo anos mais tarde como símbolo do país. Quanto à cana-de-açúcar, a ABAG (2002), diz que esta teve sua origem na Ásia, há mais de dois mil anos. No Brasil, o registro que se tem sobre o plantio da cana-de-açúcar é na feitoria de Itamaracá em Pernambuco. No final do século XV, o Brasil já exportava cerca de 3.000 toneladas, quantidade considerada imensa para a época. Essa primeira atividade do agronegócio no Brasil proporcionou aos holandeses e aos donos de engenho 50% do retorno do capital aplicado. Os holandeses, ao serem expulsos do país, foram plantar cana na Guiana e no Caribe. Outros concorrentes também se movimentaram para aumentar a oferta, fazendo com que o preço do açúcar despencasse. A lógica de mercado já funcionava há praticamente 500 anos atrás. Quanto à existência de algodão no Brasil, a mesma foi notificada ao rei de Portugal, por Pero Vaz de Caminha que, ao observar os índios, percebeu que um deles trazia uma criança amarrada ao peito com um pano. Mais tarde ficou evidenciado que era algodão. Várias barreiras e interesses comerciais impediram o desenvolvimento e a posição no mercado do algodão exportado pelo Brasil. Primeiramente, os produtores de lã da Inglaterra, levaram o governo a proibir o comércio de tecidos de algodão no país. Perto do final do século XVIII, o algodão 15 começou a ser valorizado. Os acontecimentos que causaram esta valorização, aumentando a exportação e a valorização dos produtos brasileiros, foram à guerra da independência dos Estados Unidos, a revolução Francesa e as guerras de Napoleão. Continuando ainda a última edição da ABAG (2002) conta que D. Maria assinou, no dia 5 de janeiro de 1785, um decreto que a partir daquela data, só seria permitido fabricar na colônia tecidos grossos de algodão, usados pelos escravos e embalar mercadoria. Logo em seguida, as regiões produtoras, perderam o interesse pelo cultivo e industrialização do algodão, pois não conseguiam competir com os preços e a qualidade, do algodão, dos países europeus. Segundo Furtado (2002), várias atividades tiveram importância fundamental no desenvolvimento do agronegócio no Brasil. Destaca-se também o cacau, a pecuária e o café. No final do século XVII, o consumo do chocolate expandia-se por toda a Europa e a coroa portuguesa, através da carta régia de 8 de dezembro de 1677, concedia favores e prêmios a quem mostrasse interesse em cultivar o cacau. Embora outros estados cultivassem o cacau, foi na Bahia, devido as melhores condições climáticas, que o cultivo do cacau se desenvolveu. Segundo Simonsen, as remessas deste produto para a Europa, até 1822 somaram 3 milhões de libras. Continuando, Simonsen diz que se fossem adicionados a este saldo, os valores de outras especiarias, como por exemplo: pimenta, cravo, baunilha, e anil, a conta fecharia em 3,5 milhões de libras. O café ganhou importância quase cem anos depois de sua chegada no Brasil. Durante o Império, a atividade da cafeicultura se tornou o principal produto brasileiro de exportação. Essa posição foi mantida até o início do século XX. Ao mesmo tempo em que o café tinha o seu momento de alta, a região norte vivia um período de prosperidade com a exploração dos seringais. 16 Com o fim da escravidão o reinado do café correu sérios riscos, pois as lavouras precisavam de braços. Os imigrantes surgem neste período, como resposta ao problema. A cafeicultura segue em frente, até que surgem os primeiros sinais de superprodução com queda nos preços e formação de estoques. Entre 1898 e 1905, a desvalorização do café chega a 50%. O governo, para resgatar a cafeicultura, assumiu uma política de valorização apoiada por empréstimos externos, enviando para o mercado livre, 8 500 000 sacas das 11 milhões que estavam estocadas, firmando o preço do café no mercado. Apesar deste esforço do governo, a crise continuou. Com o advento da primeira guerra mundial, mais uma vez o mercado se desorganiza e a terceira crise veio a ocorrer 1918 com a geada que torrou as plantações. Em 1920, com a recuperação das lavouras, o Brasil passa a reter estoques e financiar os fazendeiros, mas a política de valorização e as cotações em alta acabam estimulando também a concorrência. Em 1929, que teve como marco o craque da bolsa de Nova York, o preço do café despenca 30% e continua caindo durante a depressão econômica instalada na década de 30. A pecuária, apesar de sua importante contribuição para o desenvolvimento do Brasil colônia, dependia do setor açucareiro, pois era considerada como uma atividade acessória, pois as terras férteis eram destinadas à lavoura canavieira. Inicialmente os focos de expansão da pecuária foram Pernambuco e a Bahia, que devido às condições precárias, para tal atividade, nunca prosperou. O rendimento da pecuária era muito baixo, tanto que em um milhão de quilômetros quadrados, a população bovina nunca alcançou 2 milhões de cabeças. Em torno do século XVII os rebanhos alcançavam o Rio São Francisco e o aumento pela procura por animais de tração, de carne, e as terras fracas, fizeram 17 com que as boiadas cruzassem este rio para chegar ao Tocantins, Maranhão, e Piauí. No final do séc. XVII a seca exterminou os rebanhos e o nordeste passou a comprar carne do sul. Para atender a demanda, a criação de gado, espalhou-se pelos campos de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. No Rio grande do Sul, havia grande quantidade de gado selvagem que pelas condições geográficas e climáticas propícias contribuiu para a expansão do rebanho. Durante um bom tempo, a atividade mais lucrativa foi à produção do couro, exportado em grande quantidade sendo que a carne era pouco aproveitada. Até fins do século XVIII o couro seria o grande artigo de exportação da capitania. Logo a seguir, a indústria do charque teve um crescimento vertiginoso quando em 1793 foram exportados 13 mil arrobas de charque. E nos primeiros anos do século seguinte, as exportações alcançaram 600 mil arrobas. A partir de 1950, a indústria e a agropecuária brasileira, sofreram transformações radicais, crescendo velozmente. Os avanços da tecnologia trouxeram a modernização dos implementos e dos insumos utilizados pelos agricultores. Estes são conseqüências irreversíveis do modo de produção que se estabeleceu em meados do século XVIII. A economia industrializada que se estabeleceu, desde então, é mantenedora de um mercado em constante expansão, cujo objetivo vai além da produção voltada para a supressão das necessidades, visando também garantir o acumulo de capital, bem como, a manutenção dos monopólios que garantem o poder. Segundo Schuh (1971), por detrás das mudanças, havia o interesse das multinacionais, produtoras das máquinas e dos insumos agropecuários, que utilizavam a extensão rural para levar informações técnicas aos produtores rurais juntamente com os “pacotes tecnológicos”, que incluíam recomendações para o uso 18 de máquinas, adubos, produtos químicos e sementes selecionadas. Continuando, Schuh (1971), diz que a quebra de paradigmas na agricultura, também conhecida como a “Revolução Verde”, tornou-se altamente prestigiada e juntamente com ações governamentais em várias frentes, provocou mudanças profundas na agricultura, com desdobramentos em múltiplos segmentos da economia. O ciclo da soja veio para responder a necessidade do Brasil em diminuir os gastos com a importação dos óleos vegetais, apressarem a ocupação no meio oeste, absorver insumos e máquinas, tornando viável a implantação e a sustentação de novas indústrias. O impulso para o desdobramento deste programa veio na forma de dinheiro público, em grandes quantidades e a custos muito baixos. A modernização da agricultura, neste período atingiu praticamente todos os seguimentos da agropecuária. A cana-de-açúcar volta a reinar graças ao Programa Nacional do Álcool – Próalcool - instituído em 1975, ativando o complexo agroindustrial da cana-de-açúcar. O setor sucroalcooleiro progrediu juntamente com o café e a área dos produtos cítricos, onde o país é líder mundial. A pesquisa cientifica também acumulou várias conquistas para a agropecuária. Em muitas áreas de atuação os métodos científicos permitiram que novas variedades de produtos agrícolas fossem responsáveis pelo desenvolvimento regional do estado como é o caso da maçã em Santa Catarina. Mas, segundo Azevedo (1994), a condição do sistema de pesquisa do país e as várias instituições que a integram precisam de investimento e uma reorganização. Em termos quantitativos o número de instituições é suficiente, embora sejam estas mal distribuídas no território nacional. Na região sul e sudeste estão concentrados a maioria dos técnicos e instituições importantes. Nos Estados do sul e sudeste que 19 fazem parte do Conselho Estadual dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária (CONSEPA), trabalham 77% dos pesquisadores. Atualmente várias instituições operam com jornadas reduzidas, e os baixo salários impedem a estruturação de equipes de alto nível por períodos consistentes com a maturação dos projetos de pesquisa. A solicitação de recursos e investimento em atividades do campo, sem a qual a pesquisa em agropecuária, não tem razão de ser, é mais difícil de ser atendida do que a solicitação de compra para aparelhos de tecnologia de ponta. Muitas vezes é mais difícil arrumar dinheiro para a compra de insumos, como os adubos e outros produtos químicos empregados nas lavouras [...] isso decorre da própria formação dos dirigentes e responsáveis por julgamento e aprovação de projetos em instituições de financiamento a pesquisa no Brasil (AZEVEDO, 1994, p. 97). O descuido com a pesquisa traz prejuízos a longo prazo. Continuando ainda, o autor diz que: [...] as pesquisas [...] carecem de maior objetividade, prioridades não são bem definidas, e há uma falta de integração inter e multidisciplinar. Nota-se também uma queda na competitividade em termos mundiais com a introdução, lenta no Brasil das modernas tecnologias disponíveis, principalmente nos últimos 20 anos. Cada instituição pensa o processo de fortalecimento a partir de seus objetivos específicos -e - por isso estreitos e mesquinhos – que- são parte de seu particular projeto de hegemonia. As instituições movidas pelos acenos de investimento, de novas fontes de recursos, simplesmente passam a criar estruturas novas, não importando a sua duplicação (AZEVEDO, 1994, p. 115). Continuando, Azevedo (1994) diz que, atualmente 16 estados da federação contam com organizações públicas de pesquisa, sendo que apenas 8 delas estão voltadas exclusivamente para a pesquisa. Na década de 70 estas instituições estavam espalhadas por 21 estados. Em outros domínios, igualmente necessários para o desenvolvimento do agronegócio no Brasil, como a infra-estrutura de transporte e armazenamento, o país 20 se ressente com o despreparo e atraso no setor. Ao contrário do comércio onde a modernização progrediu sensivelmente. Segundo o Instituto Catarinense de Estatística e Planejamento (CEPA, ANO) de Santa Catarina, o Brasil este ano teve ótimo desempenho com a agroindústria, à diferença positiva foi de 12,1 bilhões de dólares para o grupo da soja e 4,2 milhões para as carnes, a suinocultura e a avicultura são dois setores que contribuem para o aumento destes números. A avicultura industrial está fundada no chamado sistema de integração. Através deste sistema os frigoríficos contratam pequenos produtores rurais e suas famílias e os encarregam de criar aves que depois irão para a indústria. As empresas fornecem os pintos, insumos como as rações e outros insumos para que se desenvolvam de acordo com parâmetros de qualidade pré-estabelecidos. No final, os frigoríficos compram a produção, descontando o valor daquilo que adiantaram ao produtor. Da mesma forma, funciona a suinocultura no Brasil. A carne suína é a mais consumida no mundo e os indicativos mostram que continuará assim. Estima-se que no último ano a produção tenha atingido 82,8 milhões de toneladas. Diante da história e evolução do agronegócio brasileiro, a ABAG, apoiada em dados e previsões do International Food Policy Research Institute (IFPRI apud ABAG, 2002), projeta um cenário e faz um prognóstico do agronegócio para 2020. A ABAG diz que, é possível, que três modelos de agricultura, que já existem hoje, deverá persistir. São eles: a grande produção ligada à agroindústria; a agricultura familiar; e a agricultura de subsistência. Esta última deveria ser subsidiada pela sociedade até que gerações futuras estivessem preparadas para assumir com competência o negócio ou outras funções na sociedade. A empresa familiar deverá 21 continuar ativa, mas, necessita se organizar em núcleos produtivos e de comercialização para crescer e agregar valor aos produtos. A ABAG (2002), diz ainda que a pequena propriedade familiar no Brasil passa por um período de contração, visto que, o número de famílias, que vive de renda agrícola está diminuindo. O primeiro motivo está ligado ao baixo rendimento das atividades tradicionais da agricultura. O segundo motivo é que outras escolheram atividades não tradicionais para continuar em seus terrenos. Na década de 90, conforme avançava a mecanização na agricultura o trabalhador braçal rural, perdia o seu emprego. Em 1999 15 milhões de pessoas economicamente ativas estava no meio rural. Dessas, 4,6 milhões se dedicava a ocupações não agrícolas, a grande maioria em atividades precárias e não qualificadas. Segundo dados oficiais da ABAG (2002), 81,2% da população já residia em áreas urbanas em 2000, e a partir desta tendência devido ao êxodo rural, em 2020 o país se tornará inteiramente urbano: [...] Passam por urbanas altas proporções dos habitantes de municípios minúsculos e com baixíssimas intensidades demográficas, E, por razões das mais bizarras, 83 municípios nem sequer possuem domicílios rurais. Desse jeito, é até surpreendente que sobre um resíduo rural com 19% dos habitantes. No entanto, em 1996, só pertencia, de fato à rede urbana, pouco mais da metade da população brasileira. Um total de 86,6 milhões de pessoas, que correspondia a 55% da população [...] (ABAG, 2002, p. 236). Mas ao contrário do que se previa, dados recentes mostram que a população rural está aumentando. Passou de 31,6 milhões em 1996 para 32,6 milhões em 2000. As novas atividades do meio rural, a introdução da noção de agricultura familiar, indicadora de um modo diferenciado de exercer as atividades rurais, contribuem para determinar e padronizar um conjunto de interesses que poderão 22 oportunizar novas e promissoras ações no campo. Com a expressão: agricultura familiar o mundo rural passou a concentrar o grande universo de produtores rurais que concentram sua atividade no trabalho conjunto da família. É urgente e necessário, um novo modelo rural composto pelo agronegócio, pelos novos agentes sociais e políticas adequadas aos diferentes modelos de agricultura existentes. A grande produção, articulada a agroindústria, a agricultura familiar, e a agricultura de subsistência são fundamentais para que haja oportunidade de crescimento e o quinhão seja repartido igual para todos. Os números mostram que o valor estimado da produção total está em torno de 1.30 trilhões de reais/ano. Desse total 330 bilhões de reais são provenientes da agroindústria. Verifica-se então que um em cada quatro reais produzidos na economia é originário da agronegócio. Acrescenta-se também o fato de que o agronegócio no Brasil é o único segmento da economia que mantém o superávit da balança comercial. A história da agropecuária brasileira mostra que apesar dos percalços, das sanções, da falta de incentivo, e de políticas recessivas... Ela se mantém contribuindo energicamente para o desenvolvimento do país. Pode-se dizer que a agropecuária é a ponte que liga o Brasil ao mundo comercial e é por esta ponte que alcançaremos o equilíbrio econômico. 2.2. O contexto atual do agronegócio em Santa Catarina Em recente publicação da Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina (2002-2003), o Instituto Catarinense de Estatística e Planejamento, fazem uma análise do Agronegócio Catarinense, tendo como cenário a conjuntura econômica e 23 a agricultura brasileira. Estes dados caracterizam um mercado em plena expansão apesar da crise econômica dos últimos anos. Os fatores que mais contribuíram para a instabilidade nos agronegócios foram os mesmos que provocaram o baixo crescimento em outros setores da economia, sendo que os principais são: o crescente e alto endividamento do país; a sucessão presidencial gerando incertezas quanto aos rumos da economia; o fator risco que se elevou a um índice recorde com o aumento da taxa de câmbio, provocando impacto sobre a inflação. Também contribuíram para o baixo crescimento no país os conflitos externos, principalmente a crise na Argentina, os atentados nos Estados Unidos de 11 de setembro e a crise na economia mundial. Apesar da perspectiva de estagnação o agronegócio brasileiro contribuiu positivamente para minimizar os efeitos da recessão nos demais setores da economia. De acordo com o Instituto CEPA/SC (2004), os indicadores de crescimento demonstram que o setor cresceu em média 4,6% ao ano devendo continuar crescendo durante os próximos anos. É importante salientar que o saldo positivo na balança comercial é em grande parte resultado do desempenho da agropecuária: “O saldo poderia ter sido maior, não fosse à queda nos preços das carnes. As exportações do agronegócio brasileiro, em 2002, cresceram 4,1% (ficando em US$ 24,8 bilhões) e as importações caíram 7%” (CEPA/SC, 2004, p.54). Outro dado importante revelado pelo Instituto CEPA (2004), refere-se ao crescimento da agropecuária em Santa Catarina nos anos de 2001/2003 que foi menor que a média nacional. Neste setor o PIB cresceu 3,3% chegando a R$ 5,7 bilhões. As possíveis causas desse baixo crescimento foram às mesmas que afetaram a economia nacional e mundial, incluindo os problemas climáticos que reduziram a produção de grãos no estado. Mesmo assim: 24 [...] A receita de US$ 1,92 bilhões que representou 61% do valor total exportado pelo estado foi 6,2 % maior em 2002 que no ano anterior. As exportações totais cresceram 4,2%. Este desempenho comercial foi sustentado basicamente pelo crescimento no setor de produtos florestais (madeiras, móveis e papel e papelão), de 20% em valor. Já o valor das exportações de carnes de aves, principal item agropecuário, caiu 6,4%, enquanto o volume exportado cresceu 14%. O de suínos cresceu 8,2%, para um volume exportado 51% maior. Vale lembrar que em 2001, sobre o ano anterior, o valor das exportações do agronegócio catarinense havia crescido 24% (SÍNTESE ANUAL DA AGRICULTURA EM SANTA CATARINA, 2003, p. 13). Continuando a análise do agronegócio em Santa Catarina, o Instituto Cepa diz que o estado perde posições em um número significativo de produtos, como por exemplo, na produção de carnes de aves, embora se mantenha como segundo produtor com 19,6% da produção. Quanto à produção de suína esta teve um crescimento inferior ao resto do país, embora com 24% da produção nacional. No que se refere ao desempenho do agronegócio catarinense nos anos de 2002 e 2003 as estimativas indicam um crescimento de 7,8% do PIB. Os segmentos que contribuíram para este resultado foram à silvicultura e o crescimento das lavouras, sendo que a pecuária teve uma queda de 1,9%. O segmento de aves e suínos que até então se mantinha em crescimento foi afetado pela lei da oferta, o que reduziu os preços, mas ajudou a baixar os custos para os produtores. Os melhores resultados neste período foram registrados pelos produtos da lavoura como milho, soja, feijão, banana e maçã. Quanto aos preços, dos suínos, estes se mantiveram acima dos obtidos no mesmo período do ano anterior, enquanto o milho, que é o principal insumo a ser utilizado, tenha crescido 43%. Quanto aos produtos florestais, estes caíram quando comparados com o segundo semestre de 2002: [...] Os dados preliminares da produção de 2003, tendo como referência os mesmos 17 produtos analisados na safra anterior, indicam um crescimento na Agropecuária de 5,7%. Nesta abordagem a agricultura teve um crescimento de 15% enquanto a pecuária cai 1,8%. As estimativas de produção e preços foram baseadas nos dados referentes ao primeiro semestre do ano comparado com os do mesmo período do ano anterior (SÍNTESE ANUAL DA AGRICULTURA EM SANTA CATARINA, 2003, p. 14). 25 Estes são alguns dados do imenso contingente de informações de ordem financeira e econômica relacionados ao agronegócio em Santa Catarina. Estes elementos por si só demonstram o quanto à conjuntura econômica mundial e nacional afetam a agricultura provocando constante oscilações no mercado, a redução de rentabilidade principalmente para os pequenos produtores e empresas do agronegócios. Apesar dos problemas enfrentados pelos agricultores catarinenses, percebe-se que o desempenho deste segmento da economia tem sido positivo demonstrando ter condições de superar dificuldades. O Estado de Santa Catarina tem uma posição privilegiada no cenário geográfico da região sul, com maior capacidade de consumo e renda per capita mais alta. Num raio de 1500 km, a partir de Florianópolis, estão situados Buenos Aires, Assunção, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre a 400 km (CRISPIM, 2000). De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, (FIESC 1999), a indústria de transformação catarinense é a quinta do país em quantidade de empresas (17,6 mil) e a sexta em número de trabalhadores (3313 mil), sendo que dela partem 73% das exportações catarinenses. Santa Catarina é um estado reconhecido pela exuberância da natureza e pelo trabalho de seu povo, seja este, no campo ou na cidade. De 1990 a 1997, sua produção industrial cresceu 26,2%, apesar da elevada inflação do país. Os setores industriais que mais geraram renda foram o alimentar (responsável por 19% do valor de transformação industrial), o mecânico (19%), as do vestuário, calçados e artefatos de tecidos (13%) e a têxtil (11%). Segundo o IBGE (1998), Santa Catarina ocupa o 19o lugar em produção de cana-de-açúcar, sendo que as maiores produções estão concentradas nos 26 municípios de Antônio Carlos, Joinville, Luiz Alves, Gaspar, Orleans, Palmitos, Biguaçu, Tabuleiro, Imaruí e São Miguel do Oeste. Os dados do IBGE (1998) revelam também que apesar de ser o 11o estado do Brasil em população e o 20o em área, Santa Catarina é o maior produtor de maçã, pinhão, erva-mate concheada, mel de abelha, carvão mineral bruto, louça de mesa, cerâmica para revestimento, compressores, toalhas, cristais, motores elétricos, confecções em malha e elementos de fiação; Santa Catarina é o segundo produtor de pescado, alho, cebola, frango de corte e fumo e o terceiro produtor de uva, trigo, arroz, banana, madeira, celulose, papel e papelão. Destaca-se na produção de cana-de-açúcar, que em 1999 chegou em torno de 496.000 toneladas. De acordo a Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina (2003), o número de trabalhadores no Agronegócio Catarinense como se pode observar na Tabela 1. Tabela 1 – Número de trabalhadores ligados diretamente ao agronegócio - SC Ano Total de trabalhadores ligados diretamente ao Agronegócio 1999 2000 2001 257.471 177.770 186.197 Fonte: Ministério do Trabalho. In: Síntese Anual da Agricultura, 2003. Nas cooperativas, como um seguimento que se mantém em constante crescimento impulsionando cada vez mais o agronegócio, em Santa Catarina, encontra-se a seguinte situação de 1998 a 2002: 27 Tabela 2 – Total de cooperativas ligadas ao agronegócio em Santa Catarina Ano Total do Segmento pecuário 1998 1999 2000 2001 2002 50 46 53 59 60 Fonte: Ministério do Trabalho. In: Síntese Anual da Agricultura, 2003. Quanto às exportações do agronegócio catarinense, os números da Tabela 3 demonstram que nos anos de 2000 a 2003, houve uma oscilação nos anos iniciais com acentuada queda em 2003: Tabela 3 – Dados referentes às exportações na agropecuária referente aos anos 2000 a 2003 (US$ FOB 1000) Produtos exportados 2000 2001 2002 2003 Produção animal e derivados 630.049 975.787 941.955 429.209 Produção vegetal e derivados 211.341 191.333 203.888 137.097 Indústria da madeira, papel e papelão. 617.463 648.814 782.122 400.204 Total do Agronegócio 1.458.852 1.815.934 1.927.966 966.511 Total Santa Catarina 2.711.703 3.028.399 3.157.065 1.641.588 Fonte: Secex/Decex, 2003, p. 59. Tabela 4 – Dados das exportações na agropecuária referente aos anos de 2000 a 2003 Produtos importados 2000 2001 2002 2003 Produção animal e derivados 38.519 30.793 29.996 17.969 Produção vegetal e derivados 149.001 168.768 191.897 108.092 Indústria da madeira, papel e papelão. 20.100 11.359 10.2003 108.092 Total do Agronegócio 270.621 210.920 232.176 132.291 Total de geral de importações 957.142 860.417 232.554 464.159 Fonte: Secex/Decex, 2003, p. 62. 28 Tabela 5 – Grupo de atividade econômica responsável pela balança comercial nos anos de 2000 a 2003 Grupos de Atividade Econômica 2000 2001 2002 2003 Lavouras, horticultura, floricultura. 2.123.248 2.146.592 2.667.094 4.701.712 Pecuária 3.284.357 3.969.131 4.566.265 5.800.058 Indústria rural 341.639 397.767 429.904 529.653 Silvicultura 464.019 589.605 839.621 1.135.607 Extração vegetal 53.026 55.382 62.281 62.085 Prod. Part. Do pessoal residente 6.399 6.766 8.436 12.990 Total 6.272.689 7.165.242 8.573.601 12.242.105 Consumo Intermediário 2024.743 2.475.808 2.895.792 3.742.381 Produto Interno Bruto 4.247.947 4.689.434 5.677.809 8.499.724 Fonte: Secex/Decex (mil R$), 2003, p. 87. Neste contingente de números pode-se perceber a variação na balança comercial, e os economistas afirmando que o agronegócio manteve a estabilidade do mercado interno, mas para o produtor e o pequeno e médio empresário do agronegócio a situação não mudou muito. Pois é, no cenário sócio-políticoeconômico brasileiro que se constroem as políticas recessivas geradoras de exclusão, herança dos governos passados, que estão incluídos os agricultores que longe de viverem livres de lutas, de discriminação e preconceitos, como prega a ideologia campesina, vivem a mercê das políticas do Estado. Este beneficia os grandes proprietários e os acordos internacionais de importação de alimento, enquanto que os produtos industrializados pelos pequenos proprietários permanecem no campo, em armazéns, sem preço ou garantia de compra. Os pequenos proprietários muitas vezes são prejudicados pelos acordos com multinacionais, produtoras de insumos agrícolas, que estabelecem no mercado o preço em dólar de seus produtos comprometendo a entrada da safra nacional no mercado. 29 Os empresários do meio rural permanecem neste contexto de segregação e exploração, sem nenhuma política alternativa que viabilize a construção de práticas efetivas na mudança desta realidade que leva ao sofrimento psicossocial. Aqui nasce a dualidade entre aquilo que é vocação, que fortalece a identidade como homem do meio rural, pela sua própria atividade que lhe é negada, pois não encontra nela valorização efetiva por aquilo que faz e aquilo que produz. Apesar dos elementos dissociativos objetivos que interferem na construção da subjetividade do homem rural é ai que se constrói a identidade, não de forma estática, mas dinâmica marcada pelos movimentos contraditórios que se efetivam nas possibilidades de escolha do sujeito, construindo-se dialética e historicamente apesar da falta de condições objetivas e subjetivas que possa torná-lo sujeito da sua própria história. Condição essencial para que realize as mudanças necessárias à construção pessoal, no grupo na comunidade e na região. O sentimento de exclusão é referenciado pelo próprio conceito de cidadania (cidadãos da cidade). Atualmente, é possível perceber que muitas propriedades rurais estão sendo adquiridas por grandes empresários para serem transformadas em áreas de lazer e descanso, ou então, compram várias pequenas e médias propriedades, que sem as demarcações que as delimitam, são transformadas em grandes áreas de plantio, sem aproveitamento da mão de obra existente nestas áreas, substituída por tecnologia de ponta. O esvaziamento do campo por seus agentes é uma realidade, o que leva ao inchaço das cidades, principalmente as grandes capitais. Na Região Sul de Santa Catarina é ainda possível perceber a emigração dos filhos de donos de empresas de agronegócio ou propriedades rurais para o exterior em busca de novas possibilidades, já que aqui, não conseguem perceber as oportunidades que se apresentam e também por se sentirem desvalorizados. 30 As pessoas sentem que não tem nenhum poder sobre si e sobre a situação que estão vivendo. Faltam-lhes recursos emocionais força para agir e pensar e desanimo em relação à própria competência (SAWAIA, 1995). Em busca de recursos internos para agir percebem que nada podem fazer para melhorar a situação. Este movimento é condensado pelos sentimentos de indignidade, inutilidade e desqualificação que neutraliza qualquer ato criativo e empreendedor em busca de novas oportunidades de investimento. Acrescenta-se a esta realidade objetiva e subjetiva a necessidade de políticas públicas condizentes com as características das pequenas e médias empresas de agronegócios, pois as que lhes são aplicadas são as mesmas para as grandes agroindústrias. Isto inviabilizada qualquer possibilidade de investimento e crescimento. Convém, neste sentido afirmar, que alguns estados, como, por exemplo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul já possuem políticas diferenciadas entre as empresas de agronegócio. 2.3. Situação do agronegócio brasileiro O conceito de agronegócio guarda a mesma categorização proposta em 1957 por John Davis e Ray Goldberg para o conceito de Agribusiness (DAVIS; GOLDBERG, 1957), o qual acrescenta ao processo de produção e logística de suprimentos agrícolas, as atividades de produção nas unidades agrícolas, o armazenamento, e o processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. Nesta atividade, agregou-se a conceitualização citada, o consumidor e a visão de estratégias em desenvolvimento de ciência, tecnologia e 31 inovação (CT&I) para o progresso dinâmico e sustentável do setor. O agronegócio não foge ao contexto da globalização, que traz consigo os desafios da modernidade. Inserido neste cenário da transformação mundial, o Brasil necessita de incentivos constantes para não ser excluído. Principalmente organizar e otimizar recursos humanos, financeiros e materiais, num verdadeiro esforço de parceria com as mais diversas instituições, unindo à pesquisa, o ensino e iniciativa privada, integrando e propondo uma nova cultura de interação e desenvolvimento transdisciplinares. De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) alguns fundos foram criados para incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico e construir uma nova forma de financiamento de investimentos para a agroindústria. Pretendese que os Fundos Setoriais financiem prioritariamente o fomento tecnológico, projetos cooperativos, redes cooperativas e grandes projetos. O Fundo Setorial de agronegócio (CT-Agronegócio) criado pela Lei 10.332, de 19/12/2001 e regulamentado pelo Decreto 4.157, de 12/03/2002 (Ministério da Agricultura e Reforma Agrária) tem por objetivo ampliar os investimentos nas pesquisas de sistemas, técnicas, métodos e processos que propiciem o desenvolvimento tecnológico, a inovação, a qualidade e o aumento de competitividade na exportação dos produtos agrícolas e agropecuários do Brasil. O fundo setorial visa, também, o desenvolvimento de mecanismos que propiciem atrair investimentos nacionais e internacionais para o segmento. Para isso, o fundo conta com 17,5% do total da arrecadação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) instituída pela Lei nº 10.168, de 29/12/2000, alterada pela Lei nº 10.332, de 19/12/2001 (Ministério da agricultura e Reforma Agrária. Para utilizar esses recursos são observados os critérios de administração previstos e a programação orçamentária do Fundo Nacional de 32 Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Conforme previsto na lei, 30% do fundo são destinados ao financiamento de projetos a serem executado por instituições sediadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, de forma a contribuir para o desenvolvimento regional sustentável. Na legislação são apresentadas as diretrizes estratégicas do Fundo, as quais foram organizadas a partir de reuniões com lideranças nacionais do segmento e que tiveram início em novembro de 2001. É importante dizer que o Estado procura cumprir o seu papel de articulador e coordenador, cabendo-lhe as atividades primárias de assegurar a estabilidade do sistema econômico, garantir um melhor funcionamento dos mercados, coordenar a disponibilização de serviços tecnológicos e definir protocolos e regras claras, a fim de estabelecer um ambiente favorável às decisões de produzir, investir e inovar. No campo do comercio exterior, o Fundo Setorial realizar iniciativas transformadoras, face ao dinamismo dos avanços tecnológicos mundiais. Continuando ainda a ABAG (2002) diz que os novos focos de cooperação internacional precisam atualização e ampliação de conceitos, reprogramação de atividades, criação de instrumentos e aperfeiçoamento institucional. Para isso, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), na qualidade de formulador e gestor da Política do Fundo Setorial para o Agronegócio, tem envidado grandes esforços para elevar a taxa de dispêndio global em ciência, tecnologia e inovação. A política de desenvolvimento no agronegócio é de grande importância para introduzir o progresso técnico nas suas cadeias produtivas, tornando-as mais competitivas num ambiente de integração econômica, crescendo de importância neste contexto. A criação do CT-Agronegócio é uma importante iniciativa para intensificar os investimentos e garantir estabilidade à alocação de recursos para esta área, e constitui-se numa agenda fundamental para nortear ações dos setores público e 33 privado, visando aumentar a competitividade desse importante segmento da economia, através da utilização da capacitação científica e tecnológica do País. Assim sendo, as diretrizes do Fundo Setorial - Agronegócios, segundo o MCT, estão fundamentadas nos seguintes objetivos globais: Objetivo Global 1 - Viabilizar processos tecnológicos para o desenvolvimento de um agronegócio inovador com ampliação de novos mercados em uma economia global. Objetivo Global 2 - Viabilizar processos tecnológicos que contribuam para o desenvolvimento sustentável. Objetivo Global 3 - Viabilizar processos tecnológicos que contribuam para a redução dos desequilíbrios regionais e das desigualdades sociais. Objetivo Global 4 - Viabilizar processos tecnológicos que promovam a melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Objetivo Global 5 - Viabilizar mecanismos que ampliem a geração, transferência e difusão de tecnologias. Objetivo Global 6 - Gerar novas empresas de base tecnológica e estimular o crescimento do parque empresarial existente no País. O agronegócio tem se apresentado, tanto no Brasil como no exterior, como um dos segmentos no País com maior impacto para o seu desenvolvimento. Essa é a atividade da economia com maior capacidade de geração de empregos e o maior irradiador de estímulos para outros setores. O Agronegócio movimenta em torno de US$ 200 bilhões por ano. Seus efeitos positivos refletem-se na indústria e no comércio, estimulando a economia do mercado aumentando a oferta de produtos e conseqüentemente de empregos, além de gerar muitos outros benefícios. 34 Oportunidades para o Brasil aumentar a oferta de emprego e dinamizar as atividades produtivas, frente à atribulada conjuntura econômica, e convergem para a recomendação de que o setor que mais rapidamente pode responder de forma positiva a este desafio é o do agronegócio. Segundo dados do CEPA (2002/2003) as estatísticas da balança comercial indicaram, em 2001, que o valor das exportações do agronegócio alcançou cerca de US$ 23,8 bilhões, contra US$ 20,6 bilhões em 2000. O resultado foi um saldo superior a US$ 18,7 bilhões, cerca de 26% maior do que em 2000 e 54% a mais do que o saldo comercial de 1996. Ademais, a exportação de produtos do agronegócio brasileiro tem sido superavitária desde 1996, compensando outros setores que foram deficitários. Diz ainda que apesar desta performance, a participação do Brasil no comércio internacional ainda é pequena se considerarmos as condições privilegiadas de disponibilidade de terras agricultáveis e a existência de diversidade de condições do solo e clima no País. O aumento do quantum exportado pelo agronegócio tem gerado um volume de divisas desproporcional, pois o preço real médio do commodities vem se reduzindo ao longo dos anos. Portanto, fica latente a necessidade de agregação de valor aos itens de exportação do agronegócio. As cadeias produtivas do agronegócio brasileiro englobam atividades de produção agrícola (lavouras, pecuária, extração vegetal), de fornecimento de insumos, de processo agro-industrial e de todas as áreas que dão suporte ao fluxo de produtos até o consumidor final (transporte, comercialização, etc). Isto significa que o seu valor agregado passa por cinco mercados distintos: suprimento, produção, processamento, armazenamento e distribuição, bem como pelo consumo final. O setor de agronegócio comparece com 37% dos empregos ofertados e 40% das 35 exportações, segundo dados publicados pela Associação Brasileira de Agronegócios (ABAG, 2002). É preciso continuar criando condições para que o agronegócio se desenvolva, integrando todos os seus segmentos, tais como: a agropecuária, as agroindústrias, as indústrias de insumos químicos, assim como as bolsas de mercadorias, assistência técnica, pesquisa e suprimento de crédito. A exemplo do que acontece em outros setores, o agronegócio brasileiro também enfrenta o desafio de ter de superar as adversidades e a complexidade de acesso aos mercados interno e externo. Apesar das negociações para reduzir as tarifas fiscais, os países desenvolvidos criam barreiras técnicas, como programas de preservação de identidade, de inocuidade, rastreabilidade e origem, além de manterem elevados subsídios aos produtores. Estas são as principais barreiras à expansão do comércio mundial, principalmente, nos mercados dos países desenvolvidos. Contudo, o agronegócio brasileiro é um setor em expansão e desfruta de perspectivas de ganhos de participação no mercado mundial. A ABAG (2002) diz que as instituições de desenvolvimento científico e tecnológico devem continuar colaborando na organização e no desenvolvimento de métodos e processos que garantam cadeias produtivas eficazes e eficientes. Na verdade, o governo brasileiro vem adotando importantes medidas para assegurar ao setor as condições necessárias ao seu desenvolvimento e adequação aos novos rumos da economia mundial. Dentre essas medidas podemos citar o segmento de transportes no âmbito do programa “Brasil em Ação”, dando prioridade à implantação de uma logística integrada, aproximando os produtos e a agroindústria dos mercados interno e externo; o Programa de Erradicação da Febre Aftosa; o desenvolvimento da fruticultura irrigada; o fortalecimento do PRONAF e o 36 desenvolvimento de ações para inserção dos pequenos produtores nas atividades produtivas. A própria criação do fundo Setorial para o Agronegócio constitui em um incentivo que vem acrescentar e contribuir significativamente para a diversificação e expansão do agronegócio. De acordo com Batalha (2001) o agronegócio está sendo transformando o panorama sobre a geração de empregos e de divisas. No Brasil os programas de políticas públicas que direta e/ou indiretamente apóiam o setor, pode-se assegurar que além da questão mercantil existe também no mundo rural um novo padrão de desenvolvimento, no qual se busca a atenuação das disparidades econômicas, sociais, regionais, com crescimento sustentado e valorização do trabalho. Portanto, ao reconhecer sua importância, em termos estratégicos, o governo brasileiro também reitera suas preocupações com os problemas ambientais, para manter um desenvolvimento sustentável em equilíbrio como ecossistemas agro-rurais e a biodiversidade. Também, procura definir e oferecer condições para implementação de uma política de desenvolvimento tecnológico para o setor agronegócio, de forma que permita ampliar e disseminar no meio empresarial, inclusive das pequenas e médias empresas, a prática da inovação como recurso estratégico e determinante para a competitividade. Continuando ainda, Batalha (2001) diz que o Brasil vem construindo a base de sua legislação de segurança biológica de modo a respaldar as decisões e negociações que envolvam questões de biossegurança. A legislação vigente oferece regras para o patenteamento e proteção às novas tecnologias desenvolvidas, bem como base legal para a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança estabelecer normas e procedimentos para testes, pesquisa e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados. O projeto da Lei de Inovação cria incentivos 37 e procedimentos que viabilizam o processo de transferência do conhecimento gerado nas instituições de pesquisa para o setor produtivo. Este suporte legal estabelece as ferramentas necessárias para promover o desenvolvimento científico e tecnológico no País, gerando processos e produtos que venham a responder as necessidades econômicas e sociais dos mais diversos setores usuários dessas tecnologias. Segundo o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), instituído em 1992, pela portaria de nº 193, e integrado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e suas Unidades, pelas Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (OEPAS), por universidades e institutos de pesquisa de âmbito federal ou estadual, bem como por outras organizações públicas e privadas, direta ou indiretamente vinculadas à atividade de pesquisa agropecuária, como as cooperativas, sindicatos, fundações e associações. Com base nas informações disponíveis contabilizou-se a existência de 122 instituições, consideradas líderes na realização de pesquisas nas áreas das ciências agrárias. Além destas, existem cerca de 1.600 cooperativas e 190.000 empresas atuantes nos setores que compõem o agronegócio nacional, muitas das quais, certamente, fazendo uso da pesquisa e/ou de seus resultados como instrumento de competitividade. A Embrapa, que conta com aproximadamente 2.000 pesquisadores, é atuante em áreas temáticas como ciência do solo, melhoramento genético, recursos florestais, ecologia e meio ambiente, agroindústria, instrumentação agropecuária entre outras, possuindo 39 Unidades descentralizadas de pesquisa e desenvolvimento. Suas Unidades, que desenvolvem e aplicam fortemente ciência, tecnologia e inovação no segmento, possibilitaram que culturas como a soja e o trigo fossem 38 plantados em latitudes antes inimagináveis; adaptaram o milho a solos de cerrado, que eram considerados improdutivos; e desenvolveram, recentemente, uma fruticultura de exportação, colaborando para a recuperação social e econômica de regiões do País. Em se tratando do grupo das OEPAS, que é composto por 21entidades, tem-se que dos 26 Estados brasileiros 16 possuem instituições de pesquisa. Na lei nº 8.171, de 17.01.91 tem-se no artigo 1º, parágrafo único (Ministério da Agricultura e Reforma Agrária), que a atividade agrícola é a produção, o processamento e a comercialização dos produtos, subprodutos e derivados, os serviços agrícolas, pecuários, pesqueiros e florestais. Nesta mesma Lei, no artigo 11º, parágrafo único, foi o Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária autorizado na época a instituir o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), sendo a pesquisa agropecuária (concentradas majoritariamente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul). Numericamente, há um total da ordem de 1.800 pesquisadores realizando 2.100 projetos de P&D, com mais de 5.000 experimentos nos seus 230 laboratórios e 215 estações experimentais. Vale destacar que o trabalho desenvolvido pelas OEPAS tem contribuído significativamente aos setores da bovinocultura de corte e de leite, certificação da qualidade sanitária, produção de variedades de grãos e oleaginosas, entre outras. No grupo das Instituições de Ensino Superior (IES), o qual é formado por 135 instituições, classificadas entre federais (37), estaduais e municipais (25), particulares (40) e comunitárias (33), tem-se que 62 delas têm sido ativas no desenvolvimento de projetos de pesquisa nas áreas das agrárias. Nestas 62 instituições, que contam com um corpo técnico formado por cerca de 10.400 pesquisadores, realizaram aproximadamente 6.500 projetos de P&D no período de 39 1997 a 2000, predominantemente nas áreas de produção vegetal, ciências ambientais, desenvolvimento rural, qualidade e produtividade, biotecnologia e nutrição e alimentação. Quanto às cooperativas, este grupo é formado por cerca de 7.000 unidades atuantes em 12 ramos de atividades, estando localizadas predominantemente no Sudeste, que é seguido, com um menor número de estabelecimentos, pelas regiões Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste. Em se tratando do setor agropecuário, o mesmo possui cerca de 1.600 cooperativas, posicionando-se em 2º lugar e contando com aproximadamente 800.000 agricultores associados. Uma outra questão significativa é a participação dessas cooperativas nas áreas do trigo, da cevada, da aveia, do algodão e da soja no que se refere à armazenagem destes produtos. Cabe mencionar, ainda, a Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti) com a existência de 25 institutos, 31 fundações, 13 centros e 14 outras instituições 2 que têm o agronegócio como uma das suas atividades. Estão incluídas secretarias, coordenadorias, associações e sociedades. Suas áreas de atuação e, por conseguinte, poderão integrar ações a serem desenvolvidas sob a orientação do Comitê Gestor do CT-Agronegócio. No segmento privado, identificou-se aproximadamente 190.000 empresas atuantes no agronegócio nacional, desde a parte de insumos, passando pela produção e processamento, até a distribuição. Deve-se ter em mente que, para as empresas competirem em seus mercados, variáveis como preço, marca, qualidade, e estabilidade de entrega é importante, muito embora na atualidade a inovação em produto ou em processo venha ganhando destaque. Por esta razão, considera-se estratégico o investimento em inovação no País, desde a tecnologia de processo, 40 produto e serviços até a organizacional, preferencialmente de forma articulada com as organizações públicas de pesquisa que, conforme já mencionado, detém um potencial na área de CT&I, que pode ser mensurado pelo número de pesquisadores qualificados e pelos experimentos já realizados. É importante destacar que neste universo de técnicos e pesquisadores que dirigem e formam a grande estrutura do Agronegócio na Brasil, os gestores, os administradores com suas atividades e ferramentas peculiares a formação de preços, a gestão de custos, o planejamento estratégico, e a contabilidade rural das empresas de agronegócio, não foram citados ou convidados a participar da discussão em torno das diretrizes do Agronegócio para este novo contexto que exige competitividade e eficácia. Neste sentido, o Fundo Setorial pode ser visto como uma alavanca de um plano maior para o agronegócio brasileiro, a ser desenvolvido em um modelo integrado que envolva uma visão estratégica a ser elaborada pelos gestores das cadeias produtivas e instituições pública e privadas do setor. Segundo a ABAG (2002) as mudanças ocasionadas pela globalização têm exigido várias transformações nas políticas técnico-científicas do País, tendo em vista a necessidade de se incorporar inovações às atividades produtivas. Dessa forma, o Agronegócio ganhou destaque pelo seu caráter estratégico para o desenvolvimento sustentável em bases competitivas. Neste contexto, que inclui competitividade e valorização do conhecimento e da informação, o Brasil precisa implantar um novo modelo de desenvolvimento econômico e social. E também preparar gestores capazes de efetuar esta mudança. Na verdade, a passagem para este novo modelo já vem ocorrendo no nosso País. As questões relacionadas ao desenvolvimento científico e tecnológico 41 passaram a ter um enfoque que privilegia a “qualidade” e a “competitividade”, que surgem como de fundamental importância para o agronegócio brasileiro. O desafio decorrente deste novo paradigma é a inserção das atividades produtivas no Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação, que vêm passando, pelo menos em parte, por um processo de reconversão no qual a capacitação tecnológica é um elemento essencial. Assim como é necessário para que essas mudanças ocorram gestores cujo perfil profissional correspondam ao caráter empreendedor das pessoas que fazem acontecer. Este tema será mais bem aprofundado no capítulo seguinte. 2.4. O perfil empreendedor do gestor em agronegócios Segundo Dornelas (2001), a palavra empreendedor é de origem francesa e quer dizer: aquele que assume riscos e começa algo novo, e a primeira definição foi inferida a Marco Pólo. O mesmo tentou estabelecer uma nova rota para o orienta em parceria com um homem que possuía muito dinheiro. Era considerado empreendedor o aventureiro aquele que assumia o papel ativo no empreendimento. Dornelas (2001) em seu livro “Empreendedorismo: transformando idéias em negócios”, organiza por período de tempo, o desenvolvimento do termo empreendedorismo. Inicia dizendo que na idade média o termo empreendedor era usado para identificar aquele que administrava grandes projetos de construções. Esta pessoa embora não investisse financeiramente no negócio, assumia todos os riscos, utilizando geralmente os recursos da instituição governamental. Já no século XVII ocorreu a primeira relação entre assumir riscos e empreendedorismo. Isto acontecia da seguinte forma: o em prendedor realizava um 42 contrato com o governo onde os preços eram fixados e o resultado fosse este negativo ou positivo era responsabilidade do empreendedor. O economista Richard Cantillon (séc. XVII) (apud DORNELAS, 2001) é considerado um dos criadores do termo empreendedorismo, pois foi um dos primeiros a diferenciar o termo empreendedor (aquele que assume os riscos) do capitalista (aquele que fornece o capital). Em meados do século XVIII os termos: capitalista e empreendedor foram diferenciados conseqüência do inicio do processo de industrialização que estava ocorrendo no mundo. Dando continuidade Dornelas (2001) diz que no inicio do século XX, os empreendedores foram continuamente confundidos com gerentes e administradores. Sendo que a diferença entre eles é que o empreendedor tem algo mais, algumas características e habilidades os diferencia.“O empreendedor é um administrador, mas com diferenças consideráveis em relação aos gerentes ou executivos de organizações tradicionais, pois os empreendedores são mais visionários que os gerentes” (DORNELAS, 2001, p. 33). O mesmo afirma ainda que os empreendedores têm, a partir do momento que a organização cresce, dificuldade de administrá-la, visto que se preocupam mais com os aspectos estratégicos. Conclui ainda que: “O gerente é voltado para a organização de recursos, enquanto o empreendedor é voltado para a definição de contextos” (DORNELAS, 2001, p. 34). É importante ainda observar que o empreendedor de sucesso tem uma característica única pois conhece, como poucos, o negócio onde atua, isto deriva de tempo e experiência. Este fato talvez seja o principal motivo que leva muitas empresas a falência. Pois só o entusiasmo não é suficiente para gerenciar uma empresa. O autor conclui que o empreendedor é aquele que percebe uma 43 oportunidade e desenvolve um negócio para capitalizar sobre ela. Isto inclui assumir riscos e perigos calculados. Para qualquer definição de empreendedorismo é importante incluir os seguintes aspectos: paixão pelo que faz, iniciativa, criatividade para transformar, aceitar os riscos e possibilidade de fracasso. Isto quer dizer que o empreendedorismo envolve o processo de criação de algo novo, de valor, o que requer devoção comprometimento e esforço para o desenvolvimento do negócio. O talento empreendedor é resultado da percepção, objetivo, dedicação e persistência de muito trabalho de pessoas que fazem acontecer. As pessoas empreendedoras são responsáveis pelo crescimento, diversificação e desenvolvimento de novos negócios. Os componentes principais para que haja esta situação é o talento, a tecnologia e o investimento do capital de risco. Isto é o que dá a possibilidade do projeto sair do papel. É possível perceber que o Empreendedorismo é uma alavanca que promove positivamente o desenvolvimento dos paises. O surgimento do mesmo passa por definições e comparações com conceitos administrativos até que se percebe que o entendimento do processo empreendedor deve ser abordado de forma objetiva, visando prover dentro do agronegócio dados que façam refletir e criar possibilidade desde torná-los práticas efetivas no meio do Agribussiness. Já em seu livro O segredo de Dornelas (2001, p. 28), diz que o empreendedor é “uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Acrescenta ainda que este é um ser social produto do meio em que vive. Se uma pessoa vive em um em que ser empreendedor é visto como algo positivo, então terá motivação para desenvolver e criar seu próprio negócio. É também um fenômeno localizado, pois em alguns lugares há mais que em outros. Pode variar de um lugar para outro. 44 Enfim, o empreendedor é definido pelo mercado como alguém que faz acontecer, cuja visão de futuro, agilidade e criatividade, o coloca em um espaço diferenciado e conseqüentemente com possibilidades competitivas privilegiadas. Muito se tem falado deste requisito e organizações do mundo inteiro passaram a “cobrar” esta postura. Pessoas se desgastam buscando fora às competências do empreendedor, equivocadamente, quando os habilitadores das mesmas já existem dentro de si. O novo se constrói quando se abre caminho para a expressão dos talentos e assumem-se as qualidades internas. Reconhecer os talentos, as habilidades que se tornam competências, são ferramentas com as quais é possível vencer desafios e ampliar os limites “territoriais”. Para Schumpeter (1949), ser empreendedor, é ser o agente do processo de destruição criativa, este processo é inerente ao sistema capitalista, visto que, a busca por inovações, melhorias, a constante reinvenção leva ao consumismo, marca registrada do capitalismo. Por outro lado, a não conformidade estimula o progresso, o desenvolvimento, a melhor qualidade de vida. Este processo faz com que, cada vez que um produto novo, ou um serviço aparece no mercado, está sendo oferecido algo melhor e mais barato. Em seu livro, “Capitalismo, Socialismo, e Democracia”, Schumpeter (1949) comenta ainda que foi a falta deste embrião que levou o socialismo ao insucesso. O agente empreendedor é aquele que não se conforma, que está sempre procurando fazer algo novo, algo mais barato e melhor. Conceituando Schumpeter (1949, p. 49) diz que: “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente, pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização e pela exploração de novos recursos materiais”. 45 Lembuk (1988), diz que o empreendedorismo exige competência. A competência se traduz em habilidades, conhecimento e atitudes, que são perceptíveis em seis níveis do pensamento: - Nível I – Eficácia – fazer as coisas certas; - Nível – Eficiência – fazer as coisas de maneira correta; - Nível III – Melhoria – fazer melhor as coisas certas; - Nível IV – Enxugamento – livrar-se das coisas supérfluas; - Nível V – Inédito – fazer coisas que ninguém está pensando; - Nível VI – Busca do impossível – fazer coisas que ainda podem ser feitas. Lembuk (1988) cita ainda algumas habilidades pessoais e interpessoais que define o caráter empreendedor sendo elas: - Habilidade de comunicação escrita e oral; - Raciocínio e pensamento crítico; - Habilidade na resolução de problemas; - Autodisciplina - habilidade para agir com responsabilidade, aplicação de princípios éticos e estabelecer e avaliar metas; - Adaptabilidade e flexibilidade; - Habilidade interpessoais crítica, incluindo falar, ouvir e habilidades para ser parte de um time; - Respeito pelo valor do esforço, entendimento da ética do trabalho e necessidade de contribuição individual e autodisciplina. Bernardi (2003) define as pessoas, dividindo-as em dois grupos: uma pequena minoria que quando desafiada briga por quaisquer coisas e uma grande 46 maioria que não se importa tanto assim. O primeiro grupo tem características de empreendedor que é a necessidade de ser o primeiro, o melhor, de realizar, quando começa alguma coisa vai até o final, realiza aquilo que começou. O segundo grupo é mais acomodado, é do tipo que pensa que é melhor sair com a namorada, do que ser o primeiro da classe, “ser primeiro da classe não está com nada na prática a vida é outra” (BERNARDI, 2003, p. 67). A maioria dos empreendedores almeja o grande sucesso. Mas isso depende de cada empreendedor. Depende principalmente dos objetivos pessoais de cada um. De ter claro as suas competências essenciais, e a partir daí antes de iniciar qualquer atividade definir que tipo de sucesso ele pretende alcançar. Acredita-se que o profissional do agronegócio deverá desenvolver o seguinte perfil: - visão sistêmica que lhe permite utilizar o conhecimento adquirido para administrar os diversos processos do agronegócio em sintonia com demais organismos; - flexibilidade para aceitar, compreender implementar as mudanças necessárias nas organizações de acordo com as exigências do tempo e as variáveis organizacionais; - criatividade e proatividade que permita ao gestor o uso da inovação como vantagem competitiva antecipando-se as demandas organizacionais, políticas econômicas tanto da concorrência como públicas; - capacidade empreendedora, exigência para o desenvolvimento e práticas de novos negócios que aperfeiçoe a gestão de agronegócio e promovam o desenvolvimento regional, melhorando a rentabilidades dos investidores; 47 - valores éticos e superiores, tendo em vista uma sociedade responsável e solidária, o desenvolvimento sustentável e o respeito ao meio ambiente; - Visão do mundo atualizada que permita ao gestor compreender as variáveis políticas, sociais, econômicas, culturais tecnológicas e ecológicas do macro e micro ambiente a fim de traçar estratégias compatíveis com a realidade global numa constante adequação; - Capacidade decisiva, visto que esta é a principal ferramenta do processo de administração de empresas; - liderança para motivar e gerenciar pessoas; - autonomia intelectual, com a compreensão da necessidade de continuidade, desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional; - raciocínio, análise e síntese. Dornelas (2001), baseado na pesquisa de Timmons (1985) e Hornaday (1982) apresenta as principais características dos empreendedores são elas: - O empreendedor tem um modelo, uma pessoa que o influencia; - Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização; - Trabalha sozinho; - Tem perseverança e tenacidade; - O fracasso é considerado um resultado como outro qualquer. O empreendedor aprende com os resultados negativos, com os próprios erros; - Tem grande energia. É um trabalhador incansável. Ele é capaz de dedicar-se intensamente o trabalho e sabe concentrar os seus esforços para alcançar resultados; 48 - Sabe fixar metas e alcança-las. Luta contra padrões impostos. Diferencia-se. Tem a capacidade de ocupar um espaço não ocupado por outros no mercado, descobrir nichos; - Tem forte intuição. Como no esporte, o que importa não é o que sabe é o que faz; - Tem sempre alto comprometimento. Crê no que faz; - Cria situações para obter feedback sobre o seu comportamento e sabe utilizar tais informações e sabe utilizar tais informações para o seu aprimoramento; - Sabe utilizar, buscar e controlar recursos; - É um sonhador realista. Embora racional, usa também a parte direita do cérebro; - É líder. Cria um sistema próprio de relações com os empregados. É comparado a um líder de banda, que dá liberdade a todos os músicos extraindo deles o que têm de melhor, mas conseguindo transformar o conjunto em algo harmônico, seguindo uma partitura, um tema, um objetivo; - É orientado para resultados, para o futuro para o longo prazo; - Aceita o dinheiro como uma das medidas do seu desempenho; - Tece rede de relações (contatos, amizades) moderadas, mas utilizadas intensamente como suporte para alcançar os seus objetivos. A rede de relações interna é mais importante que a externa; - O empreendedor de sucesso conhece muito bem o ramo que atua; - Cultiva a imaginação e aprende a definir visões; - Traduz seus pensamentos em ações; - Define o que deve apreender para realizar suas visões; 49 - Cria um método próprio de aprendizagem. Aprende a partir do que faz emoção e afeto são determinantes para explicar o seu interesse. Apreende indefinidamente; - Tem alto grau de internalidade, o que significa a capacidade de influenciar as pessoas com as quais lida e a crença de que pode fazer algo para mudar o mundo; - O empreendedor não é um aventureiro: assume riscos moderados. Gosta do risco e faz tudo para minimizá-los. É inovador e criativo; - Tem alta tolerância à ambigüidade e a incerteza e é hábil em definir a partir do indefinido; - Mantêm um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar as oportunidades do mercado. O perfil empreendedor poderá ser desenvolvido por meio de um Curso de Gestão em Agronegócio onde o ensino, a pesquisa e extensão voltadas à solução das distorções técnico-produtivas no setor primário da economia, poderão trazer grandes benefícios à atividade de agronegócio. O profissional graduado em Gestão de Agronegócios além de administrador terá conhecimento e práticas que contextualizam o ambiente macro e micro do agronegócio, as estruturas, as tecnologias, a preservação do meio ambiente promovendo os desenvolvimentos regionais sustentável, propiciando renda e recursos próprios para os seus investidores, tanto para o setor de agronegócios, como para o contexto social ao qual está inserido. 50 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Buscando compreender a necessidade de um curso superior como diferencial competitivo dos gestores do agronegócio e em função da complexidade temática, que aborda tanto dados de fontes oficiais como anuários, a teoria e tendo uma variedade e diversidade de elementos implícitos na discussão, optou-se por uma pesquisa de caráter predominantemente qualitativa para entender o assunto. A mesma valoriza vários aspectos do fenômeno observado deixando transparecer o emaranhado que é a vida cotidiana e de seus atores sociais. Segundo Chizzotti (1998, p. 79): “a abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito”. E para entender esta complexidade e a interdependência, entre sujeito e objeto, a pesquisa de campo foi uma escolha plausível, pois coloca o pesquisador em interação com este meio. Neste sentido Minayo (2000, p. 64) diz que: “o observador enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a face com os entrevistados”. As técnicas utilizadas para a coleta de dados foram à análise documental, a entrevista semi-estruturada composta por questões que respondem aos objetivos propostos (Apêndice A). A entrevista semi-estrururada, segundo Minayo (2000) é um processo que permite uma participação ativa dos sujeitos, pesquisador e pesquisado, permitindo uma possibilidade intensiva de interação. A entrevista consistiu em coletar informações que ajudaram à resolução do problema levantado. Os sujeitos implicados na pesquisa foram pessoas ligadas diretamente ao agronegócio como cooperativas, empresas, secretaria de agricultura 51 e sindicatos rurais. A entrevista foi realizada com um número delimitado de pessoas, após um contato maior com o universo da pesquisa, sendo realizado pela pesquisadora junto a profissionais e docentes ligados ao agronegócio da região sul do Estado de Santa Catarina. Foram realizados num total de dez entrevistas, onde se apresenta a seguir o resultado. Para a análise de dados utilizou-se a análise dos conteúdos. 52 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA Durante as entrevistas com os sujeitos que representavam a amostra da pesquisa e na análise das mesmas pode-se perceber que todos os pesquisados consideraram importante o curso, tendo como justificativa de análise o desenvolvimento sustentável da região, trazendo uma maior qualificação, novas tecnologias, geração de renda e emprego com isso o crescimento dos municípios, bem como melhorar as condições do uso do solo e da água. A resposta de um dos entrevistados foi a seguinte: “Considerando as inegáveis transformações que a agricultura e as cadeias produtivas, as industriais e o comercia, no que tange aos padrões produtivos e tecnológicos no mundo do agronegócio, é de vital importância para a formação de profissionais capazes de estabelecerem o equilíbrio entre a maximização dos resultados, e a competitividade dos processos, bem como a minimização dos impactos ambientais gerados pelo processo produtivo”. Quanto ao item Geração de Emprego e renda para a região todos consideram que a implantação de um curso de Gestão em Agronegócio teria participação na geração de emprego e renda para a região, capacitando as pessoas para novos negócios, aumento da percepção para ingressar em novas oportunidades, sendo que a região carece de profissionais desta área. É o que se traduz no depoimento de um dos participantes da pesquisa: “É incontestável, que a implantação de um curso de Gestão de Agronegócios terá uma efetiva participação na formação de profissionais empreendedores, capazes de identificar as oportunidades de mercado, gerenciando com maior eficácia empreendimentos existentes, ou ainda criando um novo negócio. Contribuindo dessa forma para o 53 desenvolvimento regional, agregando valor à produção, gerando renda e novos empregos”. Quando questionados sobre as Novas Tecnologias de Gestão e Produção todos concordam que a implantação de um curso de Gestão de Agronegócio é capaz de inserir novas tecnologias de gestão e produção, proporcionando novas idéias e conhecimentos, capacitação e automatização para esse setor que hoje está entre os que mais se desenvolvem no país como se pode observar na seguinte resposta de um dos entrevistados: “Vivemos em uma era caracterizada por grandes metamorfoses e avanças tecnológicos nos diversos setores da vida. Pertencemos, portanto, a uma sociedade em constante movimento. Assim sendo, a agropecuária, a indústria e o comércio, passam por transformações notáveis. E para atender essas necessidades geradas por processos cada vez mais dinâmicos, torna-se essencial à busca e a utilização de novas tecnologias, a fim de fazer frente às novas variáveis, oriundas do processo evolutivo e do mundo globalizado”. Continuando a análise, observou-se que das respostas obtidas quanto aos benefícios que a pequena empresa e a agricultura familiar obteriam com a gestão por profissionais especializados, percebeu-se que os conhecimentos administrativos poderiam desenvolver o negócio. O gestor com uma visão mais ampla e globalizada tornariam os negócios mais rentáveis e produtivos. Quanto há Novos Empreendimentos e a fixação e o retorno do Homem ao Campo, todos os entrevistados concordam que um curso de Gestão de Agronegócio irá contribuir para novos empreendimentos, a fixação e o retorno do homem ao campo, devido a melhor capacitação dos envolvidos, trazendo crescimento da produção, fazendo com que as pessoas se interessem mais pelo negócio e percebendo novas expectativas. É neste sentido a afirmativa de um dos 54 entrevistados: “É óbvio e latente, que o foco empreendedor dado por um curso superior em Gestão de Agronegócio possibilitará melhoramentos significativos aos sistemas produtivos e negócios já existentes. Também, será fator gerador de novos empreendimentos e do desenvolvimento regional. Conseqüentemente, esses fatores estarão contribuindo para a fixação e o retorno do homem ao campo”. Da mesma forma quando se questionou sobre o Perfil do Empreendedor e a Valorização do Empresário Rural todos foram unânimes, afirmando que, uma formação superior em agronegócio poderia interferir positivamente no perfil empreendedor e na valorização do empresário rural, contribuindo para uma maior conscientização no uso dos agrotóxicos, mudando o perfil do meio rural, melhorando a capacidade para gerir e administrar os negócios. Quanto aos critérios que deveriam ser considerados para a implantação de um curso de Gestão de Agronegócio de acordo com as respostas dos pesquisados foram: Região com aptidão para agropecuária; número de propriedades rurais na região; a cultura regional; a vocação regional; a qualificação do corpo docente; local com infra-estrutura adequada; aptidão econômica regional; acesso aos pequenos produtores e locais do curso. No que se refere aos candidatos que ingressariam no curso, de acordo com os resultados da pesquisa preferencialmente os candidatos que deveriam ingressar no curso seria: pessoas que concluíram o segundo grau; pessoas com interesse em agronegócios; técnicos agrícolas; alunos egressos do segundo grau; empreendedores do setor do agronegócio, interessados no agronegócio; pequenos proprietários rurais; pessoas ligadas ao agronegócio; profissionais de cooperativas e os demais interessados. 55 No que se refere aos questionamentos de Formação Adequada para o Gestor, às disciplinas citadas pelos pesquisados foram: Noções de Gestão de Negócios e Laboratórios, Administração de Custos, Mercado de Capitais, Administração Rural, Contabilidade Rural, Empreendedorismo; Estatística, Matemática Financeira, Marketing, Computação, Contexto socioeconômico regional, Planejamento e Análise de Projetos, Logística, Economia e Sociologia. É importante ressaltar que 40% dos entrevistados não se sentiram aptos a darem tal informação. Para concluir é importante ainda ressaltar que de acordo com os entrevistados o agronegócio tem-se estruturado de forma diversificada e os processos estão cada vez mais dinâmicos e competitivos. E nesse contexto, a agricultura familiar e as pequenas empresas são os segmentos que mais apresentam dificuldades de adaptação aos novos mecanismos de gestão envolvendo as atividades: cooperativas, agrícolas, industriais e comerciais, além da dependência dos programas e órgãos governamentais. Assim sendo, um profissional com formação acadêmica em Gestão de Agronegócios agregará inúmeros benefícios à pequena empresa e a agricultura familiar, pois esta poderia usar seu conhecimento local para agir. Por fim, pode-se inferir que é natural do ser humano buscar melhores condições de vida para si e sua família. As dificuldades de ampliação e gestão dos processos produtivos no meio rural e os desafios impostos ao homem do campo, nos dias atuais, geraram falta de investimento neste setor produtivo e conseqüentemente a redução do nível de emprego no campo. Tais fatores fizeram com que esse homem vislumbrasse no meio urbano, condições melhores para viver, objetivo este, muitas vezes, frustrado pela dura realidade urbana. 56 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Do presente trabalho de pesquisa realizada com grupo de pessoas ligadas ao agronegócio da região sul do estado de Santa Catarina, após estudos e análise dos dados foi possível concluir o seguinte: a) A necessidade de ser desenvolvido um curso em Gestão em Agronegócios nesta região, bem como compreender os benefícios que um curso deste tipo poderá trazer para o desenvolvimento regional e na contribuição do aumento de renda para pessoas ligadas ao agronegócio. b) O curso de agronegócio é uma inovação que irá se fundamentar nos instrumentos já consolidados nos cursos de administração já existentes na região. O desenvolvimento do agronegócio configura-se como o setor que mais cresce no Brasil e não poderia ser diferente no sul do estado. É indiscutível a importância do desenvolvimento do agronegócio e a necessidades de inserir neste contexto novas tecnologias de gestão e produção para enfrentar os desafios da globalização, em como ter um gestor com uma visão ampla, globalizada e diferenciada que implicará no desenvolvimento da região. c) As características regionais de pequenos agronegócios serão beneficiadas sendo que tem grande fundamento e perspectivas dentro do conceito da pequena propriedade e focaliza o desenvolvimento regional. É uma iniciativa ousada que oportunizará na ótica do pequeno e que irá preparar profissionais para as mudanças sociais que implicarão também no retorno ao campo. O profissional habilitado em Gestão de Agronegócios terá um amplo campo de atuação como assessor de atividades vinculadas ao agronegócio, 57 consultores administrativos independentes junto às empresas de agronegócios, assessoria às entidades de classe ligadas ao agronegócio (sindicatos, cooperativas, prefeituras etc), bem como empreendedores no desenvolvimento e treinamento de pessoas ligadas ao setor de agronegócio, principalmente na administração de sua propriedade ou empresa rural. Neste sentido, é inegável a contribuição que os profissionais habilitados em agronegócio proporcionarão ao estado de Santa Catarina, principalmente a Mesorregião Sul Catarinense que compreende os municípios de São Ludgero, Pedras Grandes, Rio Fortuna, Santa Rosa, São Martinho, Braço do Norte, Grão Pará, Gravatal, Tubarão, Treze de Maio, Sangão, Capivari de Baixo, Armazém, Garopaba, Imarui, Imbituba, Laguna, Jaguaruna, Tubarão, Rio Fortuna, e Orleans. A MRG Criciúma: Cocal do Sul, Criciúma, Forquilhinha, Içara, Lauro Muller, Morro da Fumaça, Nova Veneza, Siderópolis, Treviso, Urussanga. A MRG de Araranguá, predominantemente agrícola que compreende os municípios de: Araranguá, Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Ermo, Jacinto Machado, Maracajá, Meleiro, Morro Grande, Passo de Torres, Praia Grande, Santa Rosa do Sul, São João do Sul, Sombrio, Timbé e Turvo. Incluindo MRG Tabuleiro: Águas Mornas, Alfredo Wagner, Anitápolis, Rancho Queimado, São Bonifácio. O agronegócio é o mais importante setor econômico do país e o único setor econômico do Brasil com superávit na balança comercial. Temos hoje no país 56 milhões de hectares cultivados e 220 milhões de hectares de pastagens, entre naturais e cultivadas, dos quais pelo menos 30 milhões de hectares serão destinados à agricultura sem prejuízo do meio ambiente. Estes fatores favorecem uma possibilidade de crescimento do agronegócio. 58 Para isso é preciso avaliar também as questões internas, tais como, a ampliação do mercado internacional, e na área interna é preciso dar continuidade e fazer com que as reformas e as políticas públicas levem em conta a isonomia da concorrência em relação aos países onde se disputa mercados. Esses são fatores importantes para o progresso do setor, mas deve-se levar que a profissionalização do setor através da educação continuada como fator decisivo para se possa encontrar o caminho para o desenvolvimento sustentável. 59 REFERÊNCIAS ABAG. Associação Brasileira de Agribussiness. São Paulo: ABAG, 2002. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE SANTA CATARINA (IBGE). Florianópolis, 1998. AZEVEDO, João Lúcio de. Ciência e Tecnologia no Brasil: uma política para o novo mundo global. A pesquisa Agropecuária. São Paulo: Esalq/USP, 1994. BATALHA, M.O. Gestão agroindustrial. v. 1 e 2. São Paulo: Atlas, 2001. BERNARDI, Luis Antônio. 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Quais os critérios que deveriam ser considerados para a implantação de um curso de Gestão de Agronegócio? 8. Preferencialmente quais seriam os candidatos a ingressarem no curso? 9. De acordo com o contexto regional quais disciplinas contemplariam uma formação adequada para o gestor?