Iraque, a guerra
permanente: a
posição do Regime
Iraquiano
Patrick Denaud
Iraque, a guerra permanente: a posição do
Regime Iraquiano
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I-Bagdá, verão de 1999
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Verão de 1999. Estou em Bagdá para
entrevistar Tarek Assis
Badgá 14 de julho, dia da minha chegada
O Homem, o itinerário político
Reflexões sobre a ordem mundial
Uma crise sem fim
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II- Bagdá, agosto de 2002
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A crise iraquiana do pós 11 de setembro
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Anexos
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Cronologia sumária das crises
O Conselho de Segurança da ONU
Resoluções do Conselho de Segurança
Resolução 661
Resolução 687
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Conhecendo a obra
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256 páginas.
2 capítulos mais 5 anexos (Cronologia
sumária das crises, O Conselho de
Segurança da ONU, Resoluções do
Conselho de Segurança, Resolução 661 e
Resolução 687).
A Guerra interna no Iraque.
Entrevistas com Tarek Aziz mostrando a
posição do regime iraquiano.
Conhecendo o autor
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Ex-correspondente de guerra da cadeia
americana CBS News.
Jornalista e escritor, Patrick foi durante vários
anos correspondente de guerra para a cadeia
americana CBS News.
Especializado no mundo muçulmano e nas
zonas de conflito, ele colabora na realização
de
documentários
para
a
televisão.
Quem é Tarek Aziz?
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Cristão em um país árabe.
Viveu os primeiros anos de sua vida em um povoado curdo,
Batofa, perto de Mossoul.
Diplomata de uma nação constantemente em guerra.
Negociador com uma inspiração brutal.
Ministro das Relações Exteriores do Iraque em 1983.
Atual membro do Conselho da Revolução.
Último representante dos jovens revolucionários baasistas
que chegaram ao poder em 1968.
Serve de ligação entre o Iraque e a Comunidade
Internacional.
Bagdá, verão 1999.
Bagdá antes do embargo
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Sistema de assistência social.
Ensino gratuito.
Serviços de saúde gratuito.
Ajuda de custo a todo cidadão que estivesse na
miséria ( 40 dinares- 120 dólares)
“O embargo que devia, segundo
os americanos, visar o regime
de Saddam Hussein, atinge, na
realidade, todo um povo e não
muda a realidade política do
país.”
O Iraque após o embargo da ONU
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Bagdá não está mais acessível por avião.
Várias horas por dia a energia elétrica é interrompida e não há água nas torneiras.
Hoje em dia não se fala mais em Dinares mas em
papéis.
O povo vive de combinações, pequenos tráficos,
para conseguir se alimentar corretamente.
Nas ruas de Bagdá encontra-se crianças
abandonadas, mendigos e prostitutas.
A situação sanitária piora a cada dia.
O Iraque após o embargo da ONU
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Nos hospitais existe um andar reservado para os
doentes contagiosos atingidos por cólera.
Milhares de bebês morrem por falta de cuidados.
Crescimento no analfabetismo.
Aumento na criminalidade e agressões.
“Em nenhuma parte da Carta da
ONU está escrito que a
organização tem o direito de
tornar um povo faminto e de ter
o poder de polícia impondo
sanções.”
Algumas questões abordadas por Tarek
Aziz
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Março de 1998- Mídia acusa Iraque de ter usado
gás contra curdos.
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Segundo Teerã, os bombardeios na região de Halabja, no Kurdistão
iraquiano, fizeram cinco mil mortos e um igual número de feridos
em um único dia , sexta-feira passada. [...] O Iraque reconheceu
implicitamente no sábado, 26 de março, ter utilizado armas
químicas [...] Le Monde, 29 de março de 1986
Tarek rebate a acusação da mídia afirmando que
não foi usado contra civis em Halabja.
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Halabja foi bombardeado por bombas clássicas, enquanto sede
militar e não enquanto povoado. Os que os iraquianos mataram,
morreram em bombardeios clássicos, não por causa do gás.
Baas
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Partido político oriundo do movimento fundado na
Síria aproximadamente em 1940.
Fundado por Michel Aflak e Salah al- Din Bitar
1963: pela primeira vez chega ao poder no Iraque.
governando apenas 9 meses.
Ala “militar”e ala “civil”.
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Em 1963, o Baas chegou pela primeira vez ao poder no Iraque,
através de uma revolução que havia sido planejada e dirigida por
civis. Os militares foram os braços e as pernas da mesma, mas os
civis eram a sua cabeça.
Baas
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A influência do Baas
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O partido Baas está igualmente próximo às escolhas
políticas, sociais e ideológicas dos países que insistem na
identidade islâmica. Efetivamente, uma vez que que essa
identidade seja aprofundada entre os povos desses países,
seus esforços unem-se aqueles dos árabes no seu combate
contra o sionismo.
1958-1966
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Hafez el- Assad e outros cinco jovens oficiais vem
do Egito para o Iraque.
Organizam um comitê militar secreto e baasista.
Contrario aos seus fundadores esses jovens tem
origem rural e modesta ligado as reformas
socialistas.
1966, tomam o poder expulsando a velha guarda do
partido.
“O regime iraquiano é um regime
nacionalista socialista que acredita nos
princípios do partido Baas [...]. Por
outro lado, visto que o regime iraquiano
é revolucionário e socialista, ele se
mostra mais satisfeito quando os países
vizinhos são governados por regimes
próximos quanto a princípios e
tendências.”
Iraque X Kuwait
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Início: complô kuwaitiano organizado pelos americanos.
Iraque invade o Kuwait em uma ação defensiva.
Endividamento iraquiano por causa da guerra contra o Irã.
Superprodução de petróleo causando uma queda no seu
valor piorando a situação iraquiana.
Iraque após a guerra contra o Irã conseguiu criar um
equilíbrio militar diante do Irã e Israel.
Objetivos: empobrecer o Iraque e colocar um freio nos seus
programas de desenvolvimento.
Criar uma preocupação com a segurança alimentar.
Saddam Hussein
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Não é militar, ele tem o título de marechal enquanto
chefe de estado mas é de origem civil.
Na revolução de 1968, ele era estudante de direito.
Sempre foi muito desconfiado com relação às forças
armadas que fizeram muitos golpes de estado no
Iraque.
Dá aos iraquianos a impressão de estarem protegidos.
“Os iraquianos amam
Saddam Hussein
porque ele é um líder
justo e corajoso.”
Reflexões sobre a ordem mundial
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Intervenção da OTAN na Iugoslávia.
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O regime sérvio era o único poder independente na Europa, com relação a
política americana.[...]Um país apaziguado pelo Ocidente que lhe dava
créditos, toda espécie de ajuda e recebia com grande pompa seus
dirigentes. Porque ela era um dos únicos países comunistas independentes
com relação a Moscou.[...] Quando o regime soviético afundou, a
Iugoslávia manteve a sua independência , ficando fora do sistema atlântico.
De repente ela se tornou insuportável para os Estados Unidos.
A Iugoslávia cometeu erros certamente,mas estes foram aumentados
desmensuradamente, sempre por causa das câmeras de televisão que se
deslocam pelo mundo seguindo as trilhas do fronte que provêm de decisões
estratégicas.
As câmeras empunhadas sobre a Iugoslávia eram câmeras políticas, para
aplicar uma estratégia. Um albanês morto na Iugoslávia era uma
informação que dava volta ao mundo. Mas de dez mil pessoas massacradas
em Serra Leoa, isso não era uma informação.
“Em 1991, elas (as câmeras de televisão) estavam na
Somália. Todos os dias, mostravam imagens de
crianças com o ventre inchado, coberto de moscas,
agonizando ou dormindo. Após a retirada das tropas
americanas, as câmeras partiram também. Faz agora
sete ou oito anos que não sabemos mais nada da
situação da Somália, quem matou, quem é morto ou
violentado.[...] O mesmo para o Haiti, onde os
americanos parecem ter encontrado uma solução para
sua conveniência, pois não sabemos mais nada do que
acontece nesta ilha: democracia, direitos humanos,
matanças, assassinatos?”
Guerra na Croácia, na Bósnia e em
Kosovo
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Guerras étnicas e culturais
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O Kosovo é sérvio desde os tempos mais antigos que viram
a criação do primeiro Estado sérvio. Com o tempo, os
albaneses tornaram-se majoritários, o que não significa que
eles não tenham o direito a fazer secessão. Em
contrapartida, eles têm o direito de ser iguais aos sérvios e
de não sofrer tratamento discriminatório.
A afabilidade comunista, que permitia às populações da exIugoslávia viverem juntas, não existem mais. Os conflitos
são étnicos e mostram o confronto de três civilizações que
entram em confluência nesta região do mundo: os ortodoxos,
os muçulmanos e os católicos.
As guerras de hoje parecem não ser ideológicas, mas étnicas
e culturais.
“Quando um país caminha para os
interesses americanos, estes fazem
de tudo para dividí-lo internamente,
jogando em cima divergências
étnicas ou religiosas. Eis o que
fazem com o Iraque
principalmente.”
“É preciso dizer que,
historicamente, nunca
houve conflito entre
xiitas e sunitas.”
“No Iraque, com um regime
moderado e sem intervenção
estrangeira, o país conservará suas
estruturas sociais que fazem a sua
particularidade e sua riqueza. Pois o
Iraque é uma entidade sólida muito
antiga.”
As relações do Iraque com os EUA
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Tentativa de dominação do Iraque pelos EUA após o
enfraquecimento da região soviética.
Objetivo: controlar uma zona geográfica que obtém
sua importância nas enormes reservas de petróleo
em seu subsolo.
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...após o enfraquecimento da região soviética, eles decidiram
dominar a região. Essa é a razão de sua agressão em 1991. Sua
estratégia é controlar totalmente uma zona geográfica que obtém
sua importância das enormes reservas de petróleo que se
encontram no seu subsolo. O Iraque é o único país do Oriente
Médio a ser independente com relação aos EUA.
Os iraquianos que deixam o Iraque
Dificuldades por causa do embargo.
 Não deixam em razão de discriminação ou um
problema social.
 Melhores condições de vida.
 Solidariedade ao Iraque atual.
 Apoio a Saddam Hussein.
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Talibãs no poder
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Destruição de tudo.
Obscurantismo.
Não tem um futuro certo.
Não podem servir de exemplo.
Retorno a idade média.
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O que ocorre atualmente nesse país é um absurdo, tanto em nível
ideológico, quanto político e militar. Todo movimento político, qualquer
que seja sua ideologia, deve ter como objetivo melhorar o destino de seu
povo e desenvolver seu país.Os talibãs destroem tudo: os hospitais, as
escolas, as usinas etc... Eles levam seu país ao obscurantismo, fazendo-o
dar um pulo para trás, que o faz voltar a idade média. Eu acho que tais
movimentos políticos não podem ter um futuro certo. Eles, em todo caso,
não podem servir como exemplo.
Iraque, agosto de 2002.
O que mudou?
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Fornecimento de energia funciona melhor.
Lojas bem abastecidas.
A moeda iraquiana afundou.
Reino do “se vira”: professor de manhã e a tarde
taxista.
Prostituição nos campi universitários para melhorar
de vida.
Hospitais: faltam alimentos e estruturas adaptadas
para cuidar das crianças.
2002: O Iraque e o embargo
O povo iraquiano está habituado agora a
viver sob o embargo.
 O estado de choque foi atenuado.
 Crescimento na agricultura, indústria,
comércio e dos serviços.
 Iraquianos vivem melhor que há sete
anos.
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11 de Setembro
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Acontecimento interno.
Iraque não tem ligações com Osama Bin Laden.
Bin Laden tentou prejudicar a América por próprios
meios, por seu próprio método.
Divergências de idéias e ideologias.
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Nós não cremos no fanatismo religioso, nem no uso da religião
para realizar objetivos políticos, é porquê, essencialmente , não
há aproximação de idéias, de ideologias entre nós e Bin Laden.
“Os Estados Unidos são um país
imperialista de natureza agressiva.[...].
A América é governada por um
establishment capitalista ávido, que
aproveita todas as ocasiões para impor
sua hegemonia em todo lugar, na
Europa, na Ásia, na pátria árabe, na
América do Sul.”
“Hoje, o governo americano gasta menos para o
ensino, a saúde, os serviços sociais do que para o
Pentágono. Todo esse dinheiro é dado a sociedades
próximas ao governo que produzem armamentos e
munições. Depende então do interesse desses
estabelecimentos, de seu interesse financeiro
particular, criar um sentimento de perigo, de
angústia nos americanos para que eles aceitem
esses gastos em vez de reclamar contra a
diminuição dos orçamentos para o ensino e para a
saúde.”
Por que tomar como alvo o Iraque?
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Estabelecer uma ligação entre o Iraque e aqueles que eram
apontados como terroristas.
Os americanos não acharam nada que incriminasse o Iraque.
Intervir no Afeganistão tem uma certa lógica porque Bin
Laden vive lá protegido pelos talibãs.
Não há provas nem elemento - algo fictício.
Interesse em se apossar do petróleo do Iraque.
Derrubar Saddam Hussein.
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O regime iraquiano não tem nada a ver com os atentados de 11 de
setembro. Porque eles querem mudar nosso governo? Para implantar um
regime às suas ordens, um regime servil, satélite, que lhes dará a
oportunidade de impor seu domínio econômico e político sobre o Iraque.
“Como querem se apossar do
petróleo do Iraque, eles se
utilizam dos acontecimentos de
11 de setembro para fazer a
desinformação, alimentada por
mídias possuídas por sociedades
de armamento. Eis a verdade...”
“Esta questão das armas
de destruição em massa é
utilizada como um
pretexto para enganar o
opinião pública mundial.”
“Mintam, mintam,
até que todos
acreditem em vocês”
Goebbels
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