Prof. Volney - 2008 03 15 – Concavidade e pontos de inflexão- Aula04 1 Concavidade e pontos de inflexão (p241) O conceito de concavidade é muito útil no esboço de uma curva. Analisando geometricamente a figura 1, e figura 2 observamos que dada um ponto qualquer c no intervalo (a,b) o gráfico de f esta acima da tangente à curva no ponto P(c,f(c)). Dizemos que a curva tem concavidade voltada para cima no intervalo (a,b). Geometricamente, isto significa que a reta tangente gira no sentido anti-horário à medida que avançamos sobre a curva da esquerda para a direita. y y y = f(x) y = f(x) P c a b x a Figura 1 b x Figura 2 Na figura 3 e 4 descrevemos uma função que tem concavidade voltada para baixo no intervalo (a,b). Neste caso vemos que a tangente gira no sentido horário quando deslocamos sobre a curva da esquerda para a direita. y y P a c y = f(x) y = f(x) b x a Figura 3 b Figura 4 Observando as figuras podemos propor as seguintes definições: Definição 1: Uma função f é dita côncova para cima no intervalo (a,b) se f´(x) é crescente neste intervalo. Definição 2: Uma função f é dita côncova para baixo no intervalo (a,b) se f´(x) é decrescente neste intervalo. Podemos determinar a concavidade de uma curva analisando o sinal da derivada segunda f´´(x). x Prof. Volney - 2008 03 15 – Concavidade e pontos de inflexão- Aula04 2 Teorema: Seja f uma função diferenciavel até segunda ordem em algum intervalo aberto contendo c. Então: (i) se f ´´(c) > 0 , o gráfico de f é côncavo para cima em (c, f (c)) ; (ii) se f ´´(c) < 0 , o gráfico de f é côncavo para baixo em (c, f (c)) . Ponto de inflexão Podem existir pontos no gráfico de uma função nos quais a concavidade muda de sentido. Esses pontos são chamados pontos de inflexão. Definição: O ponto (c, f (c)) será um ponto de inflexão do gráfico da função f se o gráfico tiver nele uma reta tangente e se existir um intervalo aberto I contendo c, tal que se x estiver em I, então: (i) f ´´(x) < 0 se x < c e f ´´(x) > 0 se x > c , ou (ii) f ´´(x) > 0 se x < c e f ´´(x) < 0 se x > c . Teorema: Se a função f for derivável em algum intervalo aberto contendo c e se (c, f (c)) for um ponto de inflexão do gráfico de f, então f ´´(c) = 0 ou f ´´(c) não existe. Exemplos: 1) Dada a função f ( x) = x 3 − 6 x 2 + 9 x + 1 . Ache o ponto de inflexão do gráfico de f. Determine onde o gráfico é côncavo para cima e onde é côncavo para baixo. Faça um esboço do gráfico e mostre um segmento da tangente no ponto de inflexão. Solução: f ´(x) = 3 x 2 − 12 x + 9 f ´´(x) = 6 x − 12 f ´´(x ) existe para todos os valores de x; sendo assim o único ponto de inflexão possível é onde f ´´(x) = 0 . f ´´(x) = 6 x − 12 = 0 12 x= ⇒x=2 6 Conclusão f (x) f ´(x) f ´´(x ) Côncavo para baixo x<2 3 -3 0 Ponto de inflexão x=2 + Côncavo para cima x>2 Observando o esboço do gráfico, verificamos que a função tem um valor máximo relativo em 1 e um valor mínimo relativo em 3. Prof. Volney - 2008 03 15 – Concavidade e pontos de inflexão- Aula04 3 4 2 1 2 3 1 2) Dada à função f ( x ) = x 3 . Ache o ponto de inflexão do gráfico de f. Determine onde o gráfico é côncavo para cima e onde é côncavo para baixo. Faça um esboço do gráfico. Solução: 1 1 −2 f ´(x) = 12 x 3 = ⋅ 2 3 x2 2 1 −5 f ´´(x) = − 92 x 3 = − ⋅ 9 3 x5 Conclusão f ´(x) f ´´(x ) + + f é crescente e côncava para cima não existe não existe Ponto de inflexão + f é crescente côncava para baixo f (x) x<0 x=0 x>0 0 Na figura mostramos que o eixo y é a reta tangente ao gráfico da função em (0,0) e um ponto de inflexão. A concavidade do gráfico é determinada pelo sinal de f ´´(x) . 1 -2 2 -1 Prof. Volney - 2008 03 15 – Concavidade e pontos de inflexão- Aula04 4 Teste da derivada segunda para extremos relativos Teorema Seja c um número critico de uma função f, no qual f ´(c) = 0 e suponhamos que f ´ exista para todos os valores de x em algum intervalo aberto contendo c. Se f ´´(c) existe e: i) Se f ´´(c) < 0 , então f tem um valor máximo relativo em c; ii) Se f ´´(c) > 0 , então f tem um valor mínimo relativo em c; Exemplo: 1) Dada à função f ( x) = x 4 + 43 x 3 − 4 x 2 : Ache os máximos e mínimos relativos de f, aplicando o teste da derivada segunda; Faça um esboço gráfico de f. Solução: Calculando as derivadas primeira e segunda de f. f ´( x) = 4 x 3 + 4 x 2 − 8 x f ´´(x) = 12 x 2 + 8 x − 8 Equacionando f ´( x) = 0 temos: −32) = 0 f ´(x) = 4 x( 1 x 24+2x4 =0 x = 0 f ´(x) = 4 x( x + 2)( x − 1) = 0 ⇒ x = −2 x = 1 Sendo assim os números críticos de f são -2, 0, 1. Vamos determinar os pontos de inflexão f ´´(x) = 12 x 2 + 8 x − 8 = 0 ∆ = b 2 − 4ac = 8 2 − 4 ⋅ 12 ⋅ (−8) = 64 + 384 = 448 x= x1 = −1,215 − 8 ± 26 ⋅ 7 − 8 ± 8 7 − 1 ± 7 = = ⇒ 2 ⋅ 12 8⋅3 3 x2 = 0,548 Vamos determinar os extremos relativos entre estes números críticos, encontrando o sinal de derivada segunda neles. x -2 f (x) − 32 3 -1,215 -6,12 0 0 0,548 -0,89 1 − 53 f ´(x) 0 f ´´(x) + Conclusão Valor mínimo relativo 8,4 0 -2,5 0 0 0 + Ponto de inflexão Valor máximo relativo Ponto de inflexão Valor mínimo relativo Prof. Volney - 2008 03 15 – Concavidade e pontos de inflexão- Aula04 2 1 2) Dada à função f ( x) = x 3 − 2 x 3 = 3 x 2 − 23 x : Ache os extremos relativos de f, aplicando o teste da derivada segunda, quando possível; Use a derivada segunda para encontrar os pontos de inflexão do gráfico de f e; Determine onde o gráfico é côncavo para cima e onde é côncavo para baixo; Faça um esboço gráfico de f. Solução: Calculando as derivadas de primeira e segunda de f. 2 2 −1 −2 f ´(x) = 23 x 3 − 23 x 3 = 3 − 3 3 ⋅ x 3 ⋅ x2 2 4 −4 −5 f ´´(x) = 92 x 3 − 94 x 3 = − 3 4 3 5 9⋅ x 9⋅ x Como f ´(0) não existe, 0 é um número critico de f. Encontramos os demais números críticos equacionando f ´(x) = 0 2 −1 + 2 − 22 = 0 1 x 3 3 − x0 = 0 3x 3 2 3 x x 3x 3 ( ) − 13 − − 23 − 13 + 23 −x 2 3 − x − 23 + 23 ( ) − 23 − − 23 1 =0 =0 x3 −1 = 0 1 x3 =1 x =1 Assim 1 é ponto critico também. Podemos determinar se há um extremo relativo em 1 aplicando o teste da derivada segunda. 5 Prof. Volney - 2008 03 15 – Concavidade e pontos de inflexão- Aula04 6 Como f ´´(0) não existe, (0,0) é um possível ponto de inflexão. Para achar outras possibilidades equacionamos f ´´(0) = 0 . 5 4 1 4 2 −3 4 −3 x − x =0 x3 = 9 9 2 −4+5 −5+5 3 2x 3 3 − 4x 3 3 = 0 x=2 1 0 3 x =8 2x − 4x = 0 1 2x 3 = 4 A tabele abaixo resume nossos resultados. f(x) f´(x) f´´(x) Conclusão x<0 decrescente; côncavo para baixo. x=0 0 não existe não existe f não tem extremo relativo; ponto de inflexão. 0<x<1 + decrescente; côncavo para cima x = 1 -1 0 + mínimo relativo; côncavo para cima. 1<x<8 + + crescente; côncavo para cima. x=8 0 + 1/6 0 crescente; ponto de inflexão. x>8 + crescente; côncava para baixo. 2 1 2 4 6 8 -1 3) Dada à função f ( x) = (1 − 2 x) 3 . Ache o ponto de inflexão do gráfico de f. Determine onde o gráfico é côncavo para cima e onde é côncavo para baixo. Faça um esboço do gráfico. Solução: f ´(x) = 6(1 − 2 x) 2 f ´´(x) = 24(1 − 2 x) Como f ´´(x ) existe para todos os valores de x, o único ponto de inflexão possível é onde f ´´(x) = 0 . Ou seja: f ´´(x) = 24(1 − 2 x) = 0 1 1 − 2x = 0 ⇒ x = 2 O gráfico tem uma reta tangente horizontal no ponto de inflexão pois f ´(12 ) = 0 . Prof. Volney - 2008 03 15 – Concavidade e pontos de inflexão- Aula04 x< x= x> f (x) f ´(x) f ´´(x ) + Conclusão côncavo para cima 0 0 0 Ponto de inflexão - côncava para baixo 1 2 1 2 1 2 7 1 0,5 1 -1 4) Ache os pontos de inflexão do gráfico da função seno. Ache as inclinações das tangentes nos pontos de inflexão. Faça o gráfico da função seno num intervalo de 2π de comprimento, contendo o ponto de inflexão com menor abscissa positiva. Mostre um segmento da tangente nesse ponto de inflexão. Solução: f ( x) = senx f ´(x) = cos x f ´´(x) = − senx f ´´(x ) existe para todo x. Para determinar os pontos de inflexão, equacionamos f ´´(x) = 0 − senx = 0 Pontos de inflexão: x = kπ onde k é um inteiro qualquer. Inclinação dos pontos de inflexão: 1 se k inteiro par f ´(kπ ) = cos kπ ⇒ − 1 se k inteiro impar Logo, as inclinações das tangentes nos pontos de inflexão são +1 ou -1. 1 π -1 2π