Qualidade microbiológica e química das águas de consumo humano do
distrito de Bragança
ANTÓNIO NOGUEIRA
MANUELA CARDOSO
IVONNE DELGADILLO
ADELAIDE ALMEIDA
Foi avaliada a qualidade microbiológica e química da água de consumo humano do Distrito de
Bragança e relacionada a variação do teor de microrganismos na água com as características
químicas dessa água.
A qualidade microbiológica das águas de consumo humano do Distrito de Bragança foi avaliada
entre 1996 e 2005.
A classificação das águas de consumo humano analisadas neste período baseou-se no
Decreto-Lei n.o 74/1990, de 7 de Março, que foi revogado pelo Decreto-Lei n.o 236/1998 de 1
de Agosto, não se tendo verificado alterações nos parâmetros estudados. A partir de 2004, a
classificação das águas seguiu o Decreto-Lei n.o 243/2001, de 5 de Setembro. Das análises
microbiológicas realizadas (21630 análises), 8225 (38,03%) foram classificadas como
impróprias, 7169 (33,14%) como potáveis, 2056 (9,51%) como superior ao valor máximo
recomendável, 2770 (12,81%) como conformes e 1410 (6,52%) como não conformes. De todas
as análises microbiológicas realizadas, 10490 (48,5%) foram a águas tratadas e 11140 (51,5%)
a águas não tratadas. Do total das tratadas, 7782 (74,2%) foram classificadas como conformes
e 2708 (25,8%) como não conformes. Das águas não tratadas, 4213 (37,8%) foram
classificadas como conformes e 6927 (62,2%) como não conformes. Apenas em três dos doze
concelhos estudados, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros e Alfândega da Fé, foi verificado uma
percentagem de águas em não conformidade acima dos 50%.
O Concelho de Mogadouro foi o que apresentou as águas de consumo humano com pior
qualidade microbiológica (62,3% do total das águas analisadas foram consideradas impróprias
para consumo). O Concelho de Freixo de Espada à Cinta foi o que apresentou o maior número
de águas em conformidade (73,5% das águas foram consideradas conformes).
A qualidade química das águas de consumo foi avaliada entre 2003 e 2005. Do total de
amostras analisadas (2692), 2549 (cerca de 95%) foram classificadas de acordo com o
Decreto-Lei n.o 243/2001 e apenas 143 segundo o Decreto-Lei n.o 236/1998. Dezanove (0,7%)
águas foram classificadas como impróprias, 1841 (68,4%) como potáveis, 518 (19,2%) como
água agressiva para as canalizações e 314 (11,7%) como valor superior ao Valor Paramétrico.
Do total das análises, 1832 (68,1%) foram efectuadas a águas tratadas e 860 (31,9%) a águas
não tratadas.
Os contaminantes indesejáveis também só foram detectados entre 2003 e 2005. Neste período
foram realizadas 278 análises. A concentração de cádmio, chumbo, cianetos e trialometanos
nunca ultrapassaram o Valor Paramétrico.
O alumínio e o arsénio ultrapassaram o Valor Paramétrico em 58% e 23% das amostras
analisadas, respectivamente.
Das variáveis químicas estudadas, o pH, os nitratos e o flúor foram as que mais se
correlacionaram (p < 0,05) com os parâmetros microbiológicos. Não foi possível, no entanto,
avaliar que percentagem de variação dos parâmetros microbiológicos é que foi explicada por
estas variáveis químicas, através da regressão linear tipo stepwise.
Embora a qualidade microbiológica das águas de consumo do Distrito de Bragança tenha
melhorado ao longo do período de estudo, particularmente nos últimos dois anos, cerca de
45% das águas analisadas não apresentavam boa qualidade microbiológica. Verificou-se que o
tratamento destas águas não foi totalmente eficaz, pois a percentagem de águas de consumo
impróprias após tratamento foi muito elevada (25%). Qualquer água tratada deveria
obrigatoriamente ser potável, pois caso contrário, o tratamento não obedeceu aos métodos e
processos técnicos adequados.
Palavras-chave: qualidade da água; indicadores de contaminação fecal; contaminantes
químicos; água de consumo humano; distrito de Bragança.
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