VOLUMOSOS SUPLEMENTARES: ESTRATÉGIAS PARA ENTRESSAFRA
1
Rogério Marchiori Coan
2
Djalma de Freitas
3
Ricardo Andrade Reis
4
Sérgio de Souza Nakagi
1. Introdução
Apesar do Brasil deter um dos maiores rebanhos bovinos comerciais do
mundo, com aproximadamente 180 milhões de cabeças, observa-se que a taxa
de lotação média é muito baixa (0,6 U.A./ha), resultando em produtividade
inferior ao potencial do setor pecuário.
Dentre os vários fatores que contribuem para essa baixa produtividade,
pode-se destacar a estacionalidade na oferta de alimento proveniente das
pastagens, alternando-se períodos onde é grande a disponibilidade quantitativa
e qualitativa da forragem (águas), com períodos em que o crescimento das
plantas é reduzido (secas), em resposta às alterações climáticas (baixa
precipitação e temperatura). Como conseqüência desse fato, tem-se uma
repercussão zootécnica correspondente, alternando-se períodos de grande
oferta de produtos de origem animal (carne e/ou leite), com épocas em que é
grande a dificuldade em manter o processo produtivo.
Considerando-se que a demanda por alimentos numa propriedade
permanece praticamente constante durante todo o ano e que, tendo a
pastagem como base, os meios utilizados para garantir o suprimento na época
seca (pasto diferido, adubação estratégica no final das águas e irrigação) têm
sua eficiência em termos práticos e econômicos dependentes do sistema de
produção no qual estão inseridos, assim, resta ao produtor utilizar outras
alternativas no período de escassez, de forma a contornar este problema e
garantir a manutenção ou ganho em peso dos animais.
A
escolha
de
alternativas
visando
minimizar
os
efeitos
da
estacionalidade na produção de plantas forrageiras deve ser coerente com o
nível
1
de
exploração
pecuária,
diferenciando-se,
principalmente
Zootecnista, MSc. - Doutorando em Produção Animal – FCAVJ - UNESP. Bolsista do CNPq.
Zootecnista, MSc. – Doutorando em Produção Animal – FCAVJ – UNESP. Bolsista da Fapesp.
3
Professor do Departamento de Zootecnia – FCAVJ – UNESP. Bolsista do CNPq.
4
Zootecnista, Diretor da PlanGesPec – Consultoria Pecuária. [email protected]
2
pela
necessidade de intensificação de uso das pastagens. É nesse sentido, que a
suplementação volumosa de bovinos mantidos em pastagens tem sido adotada
como estratégia para manutenção do equilíbrio entre a oferta e demanda de
alimentos nos sistema de produção.
Para tanto, é importante ressaltar que a adoção dessa tecnologia implica
primeiramente na escolha do alimento volumoso a ser utilizado, sendo
realizada em virtude da sua associação à oferta e qualidade da forragem
presente na pastagem, disponibilidade de área para condução da cultura,
máquinas e equipamentos para colheita, processamento e conservação de
forragem, estruturas de suplementação (cochos, bebedouros, etc.), sendo,
portanto, necessário o acompanhamento por um técnico de confiança, desde o
planejamento da cultura até a avaliação da qualidade da forragem produzida e
dos custos envolvidos na produção do alimento volumoso.
De qualquer forma, há diversos tipos de alimentos utilizados como
volumosos suplementares durante a época da seca. Assim, o objetivo deste
artigo é apresentar, de forma resumida, alguns aspectos relacionados aos
custos de produção e questões relevantes no uso de cada um destes
alimentos. Para esta análise, foram escolhidos alguns alimentos volumosos,
que tentam abranger diferentes sistemas de produção e níveis de tecnologia;
sendo eles: cana-de-açúcar, silagem de capim, silagem de sorgo e silagem de
milho.
2. Volumosos Suplementares
2.1. Cana-de-Açúcar
A utilização da cana-de-açúcar como alimento volumoso suplementar,
principalmente para bovinos, tem tido importância cada vez maior nas regiões
Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, em virtude de seus atributos positivos:
cultivada em todo território nacional; cultura permanente de fácil implantação,
requerendo poucos tratos culturais; elevada produtividade (ao redor de 90
ton./ha) em uma única colheita exatamente no período de escassez das
pastagens (dispensa ensilagem); possui moderada elevada concentração de
sacarose no colmo, mantendo condições adequadas de ser colhida de acordo
com a necessidade durante a estação seca; e é bem consumida pelos animais,
ao contrário do que muitos pecuaristas acreditam.
No entanto, o uso intensivo da cana-de-açúcar apresenta algumas
limitações, no que diz respeito à mecanização do corte e valor alimentício.
No que se refere à mecanização do corte, de maneira geral, as máquinas
forrageiras utilizadas para essa finalidade ainda são pouco eficientes,
apresentam baixos rendimentos, necessidade freqüente de manutenção e,
principalmente, o tamanho de corte das partículas não é adequado para a
potencialização do desempenho animal.
O corte mecanizado da cana-de-açúcar teve como base o uso de
máquinas forrageiras inicialmente utilizadas para a ensilagem de milho e sorgo.
Problemas de manutenção, rendimento e longevidade dessas máquinas
sempre se apresentaram como limitantes ao desenvolvimento e à evolução de
grandes sistemas de produção baseados na utilização da cana-de-açúcar
como recurso forrageiro.
Embora ainda com certa “timidez”, nos últimos anos tem havido melhora
no desempenho das forrageiras utilizadas para o corte da cana. Porém, um
aspecto que deve ser lembrado, é que não existe tendência de correlação entre
a melhoria no desempenho das máquinas e as exigências dos animais, no
sentido de um alimento com tamanho de corte menor.
No que diz respeito ao valor alimentício da cana-de-açúcar, esta ao
contrário
da
maioria
das
plantas
forrageiras,
apresenta
melhora
da
digestibilidade da matéria seca (MS) com o avanço da maturidade fisiológica,
devido a uma redução no espessamento da parede celular, com conseqüente
diminuição dos teores de FDN (fibra detergente neutro) e aumento dos teores
de carboidratos ou açúcares solúveis.
Dependendo da idade fisiológica no momento do corte, o teor de FDN
pode variar de 40 a 65%, porém próximo da idade ideal de corte essa variação
é menor. OLIVEIRA (1996) em uma avaliação de 16 variedades, sendo 15
originárias do Centro de Ciências Agrárias da UFSCAR (RB) e a CO 413,
observou que a proporção de FDN variou de 45,1 a 58,0% da MS, enquanto
que o teor de FDA (fibra detergente ácido) variou de 25,9 a 37,5 na MS.
A dieta de um animal, especialmente os ruminantes, deve conter níveis
mínimos de fibra. A fibra para esses animais é originária de alimentos
volumosos ou resíduos que contenham maiores proporções de FDN, sendo
caracterizados por apresentarem mais que 18% de fibra bruta na matéria seca.
A fibra na dieta desses animais é requerida com o objetivo de manter as
funções ruminais e maximizar o consumo de energia. A fibra estimula o animal
a ruminar e, dessa forma, há produção de saliva, que é adicionada ao rúmen,
neutralizando os ácidos produzidos pela fermentação ruminal, sendo, portanto
um tamponante para do meio, mantendo o pH em níveis toleráveis.
A cana-de-açúcar integral é uma forragem rica em energia ( ± 60% NDT
na matéria seca), mas apresenta baixos teores de proteína bruta (2 a 3% na
matéria seca), enxofre, fósforo, zinco e manganês.
A inclusão da uréia, uma fonte de nitrogênio não protéico (NNP) de
baixo custo, para suprir nitrogênio aos microrganismos do rúmen, capazes de
converter NNP em proteína microbiana, é favorecida em razão dos altos
conteúdos de sacarose, que é um açúcar prontamente fermentável, da canade-açúcar. Com a adição de 1,0 kg da mistura uréia + sulfato de amônio, para
cada 100 kg de cana-de-açúcar (peso fresco), o teor de proteína bruta na
forragem é aumentado de 2 a 3% para 10 a 12% na MS. No entanto, esta
tecnologia deve ser adotada com critério, pois a utilização inadequada da uréia
para ruminantes poderá levar a intoxicação por amônia e até a morte do
animal. Alguns casos ocorridos no passado, devido ao uso inadequado de
uréia, principalmente na mistura com melaço foram responsáveis pelas
restrições impostas ao uso desta tecnologia por pecuaristas e extensionistas.
O enxofre é indispensável para a síntese dos aminoácidos essenciais,
como metionina, cistina e cisteína. A adição de uma fonte de enxofre melhora a
síntese de proteína microbiana no rúmen, aumentando o fluxo de proteína
microbiana e o desempenho animal.
A utilização da tecnologia cana-de-açúcar + uréia é simples, podendo
ser adotada por pecuarista com diferentes níveis de tecnologia na propriedade,
envolvendo, basicamente, os seguintes passos:
1) Preparação da mistura uréia e fonte de enxofre. Esta mistura (uréia +
fonte de enxofre) pode ser previamente preparada em quantidade
suficiente para alimentar o rebanho por vários dias. A mistura
recomendada é de nove partes de uréia para uma de sulfato de
amônio (1:9) ou duas partes de uréia para oito partes de sulfato de
cálcio (2:8). Com estas proporções obtém-se relação N:S da ordem
de 9 a 16:1. Uma vez preparada, a mistura uréia+fonte de enxofre
deve ser armazenada em sacos plásticos em local seco e fora do
alcance dos animais;
2) A colheita da cana-de-açúcar pode ser efetuada a cada dois dias em
pequenas propriedades e sua picagem realizada no momento de
fornecimento
aos
animais,
de
modo
a
evitar
fermentações
indesejáveis, que podem promover redução do consumo;
3) Dosagem de uréia e fornecimento da mistura cana+uréia:
Primeira semana (período de adaptação): a quantidade a ser usada é
de 0,5% de uréia na cana (Figura 2);
Segunda semana em diante (rotina): a quantidade a ser usada é 1,0%
de uréia na cana (Figura 2);
A adição de uréia em água é indicada para facilitar e assegurar a
incorporação uniforme de uréia à cana-de-açúcar. Esta solução é distribuída
por cima da cana picada e rapidamente incorporada, visando uma mistura
homogênea antes de fornecer aos animais, evitando os riscos de intoxicação
pelo acúmulo da solução de uréia em algumas partes do cocho.
Para o arraçoamento de grandes rebanhos tem sido utilizadas máquinas
colhedeiras de forragem para a colheita e picagem da cana, bem como vagões
simples ou misturadores (ração total), com descarga automática, para o
transporte, mistura da cana + uréia (sem adição de água) e distribuição nos
cochos.
4) Recomendações gerais para alimentar os animais com cana + uréia:
Usar variedades de cana-de-açúcar produtivas, com altos teores de
sacarose;
Após a colheita não estocar cana por mais de dois dias;
Efetuar a picagem da cana-de-açúcar no momento de fornecer aos
animais;
Usar uréia mais fonte de enxofre nas dosagens recomendadas;
Misturar uniformemente a uréia à cana picada, para evitar riscos de
intoxicação;
Priorizar o período de adaptação;
Eliminar sobras de forragem do dia anterior;
Manter água e sal mineral à disposição dos animais;
Fornecer os alimentos concentrados em função do nível de produção
animal (ganho em peso e/ou produção de leite) desejados.
No que se refere aos custos de produção da cana-de-açúcar, a SCOT
Consultoria (julho/2003) apresenta um custo estimado de R$ 26,50 por
tonelada de massa verde. Esse dado nos mostra, que dependendo da região
na qual a propriedade está inserida, o custo da oportunidade, que é a
possibilidade de venda da produção para as usinas de açúcar e álcool, pode
diminuir a competitividade da cana-de-açúcar frente a outros alimentos
volumosos na formulação de dietas para bovinos.
2.2. Silagem de Capim
.
A utilização da ensilagem como técnica de conservação de forrageiras
tropicais é uma prática que vem sendo adotada com freqüência no Sudeste e
Centro-Oeste do Brasil, em substituição a fenação que, invariavelmente, é
prejudicada pelas condições climáticas predominantes na época chuvosa do
ano (outubro a março).
No entanto, para a obtenção de silagem de alta qualidade, faz-se
necessário que alguns fatores sejam considerados, como, por exemplo, os
teores de matéria seca (MS), que devem estar entre 28,0 e 35,0 %, a riqueza
em carboidratos solúveis (CS) e o baixo poder tampão (PT), que não deve
oferecer resistência à redução do pH para valores entre 3,8 e 4,2
(McCULLOUGH, 1977). Esses parâmetros influem, de maneira decisiva, na
natureza da fermentação e na conservação da massa ensilada. WOOLFORD,
(1984) relata que os teores de matéria seca, de carboidratos solúveis e a
capacidade tampão, são fatores importantes no que diz respeito a
ensilabilidade de uma planta forrageira. O autor sugeriu que os teores de MS
devem
ser
no
mínimo
de
25%
e
a
relação
entre
carboidratos
solúveis/capacidade tampão, sendo inferior a 3,0 de forma a possibilitar a
obtenção de silagem de qualidade satisfatória (Figura 3).
Figura 3. Relação entre conteúdo de matéria seca e proporção açúcar: capacidade
tampão e seus efeitos na qualidade final das silagens.
Fonte: Weissbach et al., citado por WOOLFORD, 1984.
A essência do processo de ensilagem é promover rápida fermentação
lática oriunda de bactérias predominantemente homofermentativas sob
condições anaeróbicas, as quais ocorrem naturalmente. Infelizmente, as
bactérias láticas não são os únicos microrganismos que ocorrem nas silagens.
Inúmeros microrganismos indesejáveis, como enterobactérias e clostrídios,
podem competir com as bactérias láticas pelos mesmos substratos,
dependendo das condições encontradas no silo.
Diversos capins tropicais têm sido estudados no sentido de se encontrar
alternativas para a conservação na forma de silagem e entre elas, destacam as
seguintes variedades: Tanzânia, Mombaça e Tobiatã (gênero Panicum), CoastCross, Estrela-Roxa e Tifton 85 (gênero Cynodon), Braquiarão, Decumbens e
Ruziziensis (gênero Brachiaria) e Napier, Roxo e A-148 9 (gênero Penissetum).
Estas plantas apresentam limitações ao processo de ensilagem, devido ao fato
de apresentarem baixo teor de matéria seca (MS) no estádio de maior valor
nutritivo, elevado poder tampão e baixo conteúdo de carboidratos solúveis.
Esses fatores associados prejudicam o processo de fermentação, além de
promover perdas de nutrientes (proteínas, açúcares, vitaminas, etc.) no
efluente produzido (Tabela 1). Além disso, as silagens resultantes apresentam
médio valor nutritivo, apresentando ao redor de 55% NDT e 6 a 8% de proteína
bruta, na matéria seca.
Tabela 1 – Produção de efluentes e perda de matéria seca (Ms) em silos do tipo
trincheira.
Conteúdo de MS (%)
Produção de efluentes
(litros por tonelada de silagem)
Perdas de MS (%)
30
0
0
25
20
0,4
20
60
1,6
15
200
7,2
Fonte: Pedrosos (1998)
De maneira geral, os capins tropicais não apresentam condições ideais
para serem ensilados (baixos teores de MS e/ou de carboidratos solúveis),
justificando assim o uso de aditivos que favoreçam o processo fermentativo. O
objetivo é encontrar um produto economicamente viável, que assegure a
preservação eficiente desde o momento da abertura do silo até sua completa
utilização.
Os principais objetivos do uso de aditivos no processo da ensilagem
são: melhorar a qualidade da fermentação no silo, reduzir perdas de nutrientes
e aumentar a ingestão e o desempenho animal (WILKINSON, 1998).
Os aditivos enfocados neste artigo podem ser divididos em duas
categorias gerais:
-
Substratos ou fontes de nutrientes, tais como: melaço, polpa de
citrus, rolão de milho, etc.;
-
Estimulantes da fermentação, tais como: enzimas e inoculantes
bacterianos;
-
Alguns substratos podem estar associados a mais de um efeito,
como os que estimulam a fermentação, têm capacidade absorvente e
também são fontes de nutrientes.
Analisando
as
limitações
dos
capins
tropicais,
como
citado
anteriormente, conclui-se que o aditivo ideal a ser utilizado na ensilagem
deveria possuir alto teor de matéria seca, alta capacidade de absorver água,
elevado valor nutritivo, boa palatabilidade, elevado teor de carboidratos
solúveis, fácil manipulação e distribuição, boa disponibilidade de mercado e
baixo custo de aquisição. No entanto, entre as diversas opções de aditivos
dispostos e exaustivamente estudados nos últimos anos no Brasil, nenhum se
enquadra perfeitamente nessas condições.
No passado, diversos aditivos ricos em carboidratos foram utilizados na
ensilagem de forrageiras tropicais com níveis de açúcares solúveis abaixo do
crítico estabelecido para a adequada fermentação. O capim elefante, cortado
com idade inferior a 60 dias, foi uma destas forrageiras, e o uso de
estimulantes da fermentação, como melaço, farelos, milho moído e o
emurchecimento ao sol, ocuparam posição de destaque nas pesquisas com
aditivos (VILELA, 1997, 1998).
O rolão de milho, o milho desintegrado com palha e sabugo, assim como
os grãos moídos foram empregados na ensilagem do capim-elefante,
proporcionando fermentações adequadas. No entanto, o fubá que no passado
foi exaustivamente pesquisado, ainda proporciona dúvidas quanto ao tipo de
carboidrato a ser fermentado. Um fator que deve ser considerado é que o
amido não constitui numa fonte adequada de substrato para a fermentação
dentro do silo, uma vez que esse polissacarídeo não é fermentado pelas
bactérias normalmente encontradas nas plantas forrageiras (McDONALD e
WHITTEMBERY, 1973).
Como conseqüência desta menor capacidade das bactérias láticas de
fermentarem o amido, o uso de fubá na ensilagem de capim elefante tem
proporcionado resultados muitas vezes inconsistentes. Nesse sentido, CONDÉ
(1970) ensilando o capim-elefante Taiwan A-146, com doses de 0; 15; 30; 60 e
90 kg de fubá/t de massa verde, concluiu que este aditivo não teve maior efeito
sobre a fermentação das silagens. Por outro lado, o autor verificou que o fubá
aumentou os teores de MS e a digestibilidade “ïn vitro” da MS das silagens.
Atualmente, tem-se a intensa utilização de polpa cítrica peletizada, que é
um subproduto da indústria de suco de laranja e se constitui no principal aditivo
comercializado e utilizado na alimentação de ruminantes, uma vez que
apresenta conteúdo de NDT variando entre 83 e 88 % e conteúdo de MS de
82,44 % (ASHBELL, 1994; EMBRAPA, 1991) e grande disponibilidade nas
regiões produtoras.
Esse alimento têm sido largamente recomendado como aditivo
acondicionador (aumento de MS) e estimulador da fermentação em silagens,
como demonstrado por estudos conduzidos por EVANGELISTA et al. (1996a,
1996b). A polpa peletizada apresenta capacidade de elevar seu peso em 145
%, em decorrência da absorção de água, quando em contato com forrageiras
úmidas, além de apresentar conteúdos de carboidratos totais entre 11 e 43,1 %
(LOPEZ, 1990), contribuindo para melhora no padrão de fermentação das
silagens. Todavia, deve-se analisar os aspectos relacionados com o custo, uma
vez que a eficiência desse aditivo no processo de fermentação é comprovada.
LIMA et al. (2000) trabalhando com o capim Coastcross com cinco semanas
de rebrota, observaram aumento linear no conteúdo de matéria seca da forragem
ensilada a medida que as doses de aditivos aumentavam, sendo que as silagens
que receberam doses de 10 e 15% dos aditivos (polpa cítrica e farelo de trigo)
apresentaram teores de matéria seca dentro da faixa adequada para uma boa
fermentação (30%).
EVANGELISTA et al., (2000) ensilaram o capim Estrela Roxa (Cynodon
nlemfuensis Vanderyst) com 45 dias de idade, sob os seguintes tratamentos: 1Ensilagem após o corte; 2- Ensilagem após o corte + 4% de polpa cítrica; 3ensilagem após emurchecimento de 1 hora; 4- ensilagem após emurchecimento de
1 hora + 4% de polpa cítrica; 5- Ensilagem após emurchecimento de 2 horas; 6ensilagem após emurchecimento por 2 horas + 4% de polpa cítrica; 7- ensilagem
após emurchecimento de 3 horas e 8- ensilagem após emurchecimento de três
horas + 4% de polpa cítrica. Os autores observaram aumentos nos teores de MS,
no pH e diminuição nos teores de FDN e FDA das silagens confeccionadas com a
adição de polpa cítrica e submetidas ao emurchecimento ao sol.
AGUIAR et al., (2000) avaliaram a produção de efluentes em silagens de
capim Tanzânia, ensilado com 60 dias de idade, picado com três tamanhos de
partículas (1; 2 e 3), sendo o tamanho 1,
referente ao corte das máquinas
forrageiras comerciais e três quantidades de polpa de citrus peletizada (0; 5 e
10%) na matéria natural. Os autores encontraram perdas de efluentes (% MS) de
13,88; 3,73 e 2,46% para as silagens com sem polpa e as com 5 e 10% de
inclusão de polpa de citrus no tamanho de partícula 1, respectivamente.
Outra alternativa que tem sido recomendada por diversos autores,
refere-se ao processo de pré-murchamento antes da ensilagem. De acordo
com WILKINSOSN (1983), esta técnica é tida como um dos processos mais
viáveis, técnica e economicamente, na elevação da matéria seca das forragens
a serem ensiladas.
Quanto ao efeito do pré-murchamento sobre os teores de CS, os
resultados têm se mostrado variáveis. De acordo com FARIA (1971) o prémurchamento por aproximadamente 6 horas não provocou alterações
significativas no teor de CS do capim elefante Napier, cortado aos 86 dias de
crescimento. Por outro lado, GUTIERREZ e FARIA (1976) trabalhando com o
capim elefante "Taiwan A-148", colhido aos 62 dias de crescimento,
constataram redução expressiva no teor de CS em função do pré-murchamento
por 2, 4 e 6 horas.
WILKINSON (1983) comenta que em relação às forrageiras de clima
tropical, a falta de máquinas adequadas para o corte, acondicionamento da
planta, seu recolhimento no campo após o emurchecimento e o seu transporte
até o silo, dificultam sobremaneira essa prática.
Contudo, segundo o mesmo autor, o emurchecimento é um dos métodos
mais eficientes, técnica e economicamente para a elevação do teor de MS de
forrageiras. Em condições de fazenda o pré-murchamento torna-se um método
sem praticidade e de difícil execução, pois os melhores resultados são obtidos
com 6 a 8 horas de exposição ao sol. Se levarmos em consideração que o
corte vai ocorrer por volta das 9 às 10 horas da manhã, para que ocorra a
perda de água das plantas, a picagem e o enchimento do silo só poderia ser
iniciado por volta das 17 horas, dificultando o processo de ensilagem.
EVANGELISTA et al., (2000) ensilaram o capim Estrela Roxa (Cynodon
nlemfuensis Vanderyst) com 45 dias de idade, sob os seguintes tratamentos:
1-Ensilagem após o corte; 2-Ensilagem após o corte + 4% de polpa cítrica,
3-ensilagem
após
emurchecimento
de
1
hora;
4-ensilagem
após
emurchecimento de 1 hora + 4% de polpa cítrica; 5-Ensilagem após
emurchecimento de 2 horas; 6-ensilagem após emurchecimento por 2 horas +
4% de polpa cítrica; 7-ensilagem após emurchecimento de 3 horas e
8-ensilagem após emurchecimento de três horas + 4% de polpa cítrica. Os
autores observaram aumentos nos teores de MS, no pH e diminuição nos
teores de FDN e FDA das silagens confeccionadas com a adição de polpa
cítrica e submetidas ao emurchecimento ao sol.
Nos últimos cinco anos tem ressurgido o interesse de produtores e
técnicos pelo uso de inoculantes bacterianos e mais opções de produtos
comerciais deste tipo têm surgido no mercado. Uma grande variedade de
aditivos está sendo recomendada e utilizada com o intuito de se melhorar e
garantir a qualidade das silagens. Os aditivos biológicos, compostos por
lactobacilos homofermentativos e/ou enzimas, abrangem hoje, a classe com
mais rápido desenvolvimento em todo o mundo. Os fabricantes preconizam que
o uso destes aditivos contribui para acelerar o processo fermentativo, reduzir
as perdas de nutrientes e maior estabilização da silagem após a abertura dos
silos e com isso produzir silagens de melhor qualidade.
Um ponto fundamental, quando se utiliza um aditivo biológico, é
conhecer o quanto ele pode melhorar o padrão de fermentação, o consumo, a
digestibilidade e a produção animal, e se é economicamente viável.
Infelizmente, são poucos os trabalhos na literatura que abordam todos estes
parâmetros. Normalmente, os estudos se detêm apenas aos aspectos
qualitativos das silagens resultantes e dessa forma, não permitem ainda uma
posição segura quanto à sua utilização ou não em larga escala.
GUIM et al. (1995) avaliaram o efeito conjunto do inoculante bacteriano,
fubá de milho (9,0% na massa verde) e emurchecimento na ensilagem do
capim-elefante (Pennisetum purpureum), cortado aos 90 dias de crescimento, e
observaram não haver diferenças significativas nos valores de digestibilidade
entre as silagens de capim com 9,0% de fubá de milho com inoculante (65,5%)
e sem inoculante (65,1 %). Porém ambas foram superiores a silagem do capim
pré-murchado e ensilado com inoculante (51,7%).
Nesta mesma linha de raciocínio KUNG Jr e MUCK (1997) mostraram
essa variação, apontando que as respostas positivas ao uso de inoculantes
ocorreram em 28, 53 e 47% das pesquisas efetuadas para avaliação do
consumo, ganho de peso e produção de leite, respectivamente. Nos casos em
que se verificou resposta positiva ao uso do inoculante, esse valor
correspondeu a um incremento médio de 1,4 kg de leite/dia ou 1,8 kg de ganho
de peso/tonelada de forragem ensilada. Os mesmos autores verificaram
resultados ainda menos positivos para o uso de enzimas em relação ao uso de
inoculantes bacterianos.
COAN et al., (2001) avaliaram a adição do inoculante enzimáticobacteriano (Bacto Silo C - KATEC) na ensilagem dos capins Tanzânia e
Mombaça (Panicum maximum) em duas idades de corte, 45 e 60 dias. Os
autores concluíram que a cultura enzimática bacteriana não melhorou o valor
nutritivo das silagens produzidas, no que se refere aos teores de MS, PB, FDN,
FDA, valores de DIVMS (digestibilidade “in vitro” da matéria seca), pH e
conteúdo de N-NH3 / N total.
Os inoculantes podem inibir o crescimento de outros microrganismos na
silagem, limitando a produção de toxinas e ter um efeito positivo sobre o
ambiente ruminal. De acordo com ROTZ e MUCK (1994) resultados de um
grande número de experimentos realizados entre 1985 e 1992, evidenciam que
houve melhora na fermentação em 40% das silagens de milho, 75% das
silagens de alfafa e 71% para silagens de outras gramíneas. Como média de
todos os experimentos, a performance animal aumentou na ordem de 2 a 4%,
dependendo do parâmetro avaliado (ganho de peso, produção de leite,
ingestão, eficiência do alimento).
A eficiência de utilização de inoculantes bacterianos depende do
conteúdo de MS da forragem, da quantidade de CS disponíveis e da
anaerobiose no silo. Quando o carregamento do silo é demorado favorece o
desenvolvimento de microrganismos indesejáveis em prejuízo das bactérias
produtoras de ácido lático. O uso do inoculante bacteriano promove aumento na
taxa de fermentação (maior relação ácido lático/acético), diminuindo a
proteólise e a desanimação da proteína da forragem, com uso mais eficiente
dos CS e, em conseqüência, maior retenção de nutrientes na silagem
(HENDERSON, 1993). A maioria dos produtos comercial inclui as bactérias dos
gêneros Pediococcus e/ou Streptococcus, os quais têm sua atividade em pH
entre 5,0 e 6,5 e estirpes de Lactobacillus homofermentativos que são mais
efetivos na produção de ácido lático em pH mais ácido (Figura 02).
Com relação aos efeitos dos inoculantes sobre a qualidade das silagens,
tem-se observado na prática a redução nas perdas de MS, com pequeno efeito
sobre os teores de proteína verdadeira, resultando em menor concentração de
NH3. Durante o processo de fermentação os teores dos constituintes da parede
celulares praticamente não são afetados. Segundo MUCK (1996) o rápido
abaixamento do pH, devido ao uso de inoculantes, pode reduzir a quebra
enzimática da hemicelulose a partir da ação da hemicelulase oriunda da planta
ou dos microrganismos, enquanto que o pH baixo pode aumentar a hidrólise
ácida deste carboidrato estrutural levando a um equilíbrio.
O principal enfoque na indústria de inoculantes é a busca de produtos a
base de bactérias homofermentativas. Contudo, uma linhagem de bactéria
heterofermentativa (Lactobacillus buchaneri), tem-se mostrado promissora em
aumentar a estabilidade aeróbia das silagens devido a produção de ácido
acético que pode inibir as leveduras (Driehuis et al. Citado por MUCK e
SHINNERS, 2001).
Inoculantes microbianos nem sempre funcionam da maneira esperada,
sendo a principal causa a competição com a população natural de bactérias
láticas. Se a população de bactérias láticas for suficientemente maior do que o
número aplicado, é difícil para as bactérias introduzidas superarem as
existentes na forragem (MUCK, 1996).
Para CORSI et al. (2000) o uso de inoculantes bacterianos e outros
aditivos em silagens de capins tropicais também deverão ser motivo de mais
estudos no futuro, no sentido de desenvolver produtos e protocolos práticos
mais adequados às situações brasileiras. A literatura tem demonstrado
resultados inconsistentes quanto aos efeitos desses inoculantes, o que coloca
em dúvida a sua economicidade no sistema de produção. Os autores também
chamam a atenção em relação ao custo de inoculantes no Brasil, variando de
R$ 0,70 a R$ 2,10/tonelada aditivada, lembrando que isto deve ser analisado
com cautela, visto que a resposta média ao emprego desse insumo é
insuficiente para resposta econômica no processo produtivo. Todavia, esse fato
não deve desencorajar o uso dessa tecnologia, uma vez que resultados
consistentes e positivos têm sido observados para alguns microrganismos
(Lactobacillus plantarum MTD1), conforme os resultados apresentados por
KUNG Jr e MUCK (1997).
Outro fator que deve ser considerado no uso desses produtos, refere-se
a eficiência na aplicação dos inoculantes sobre a forragem em grandes
sistemas de produção, uma vez que os mesmos devem ser aplicados no
momento da compactação da forragem. Para tanto, diversos produtores tem
adaptado pulverizadores (de barra) para esta finalidade, e com grande ganho
de tempo e eficiência no processo final (Figura 4).
Figura 4 – Aplicação de Inoculante em silagem de capim Tanzânia.
De maneira geral, a análise dos trabalhos referentes ao uso de aditivos
que melhoram o padrão de fermentação evidenciam a ocorrência de melhora
na qualidade da silagem final, contudo há que se considerar os aspectos
relacionados com a disponibilidade, custo de transporte, armazenamento e
métodos de aplicação do aditivo. Muitas vezes a escolha de um determinado
aditivo deve-se a sua disponibilidade e custo na época de ensilagem e não a
sua eficiência em melhorar o padrão de fermentação.
Outro aspecto que deve ser considerado pelo pecuarista no momento de
se realizar a ensilagem dos capins, refere-se aos custos de produção por
tonelada de silagem. Ao contrário do que muitos acreditam, a silagem de capim
não
é
um
alimento
barato,
apresentando
um
custo
estimado
de
R$ 45,00/ton. de massa verde. Já se considerarmos uma silagem aditivada
com 10% de polpa de citrus peletizada, este custo é elevado para
aproximadamente R$ 70,00, mas com o benefício de melhora do processo
fermentativo e valor nutritivo. As silagens obtidas com adição de 10% de polpa
de citrus peletizada apresentam em média 60 a 62% de NDT e 7 a 10% de
proteína bruta na matéria seca.
2.3. Silagem de Sorgo
As culturas de milho e sorgo têm sido as mais utilizadas no processo de
ensilagem, por sua facilidade de cultivo, altos rendimentos por área e
especialmente pela qualidade da silagem produzida, sem necessidade de
inclusão de aditivos para estimular o processo fermentativo.
O sorgo pode ser cultivado em todo território nacional, sendo plantado a
partir de meados de setembro até abril, e seu uso para ensilagem se justifica
pelas suas características agronômicas favoráveis, como elevada produtividade
de forragem (ao redor de 50 ton./ha), maior tolerância à seca e ao calor (boa
opção para a safrinha), capacidade de explorar maior volume de solo, por
apresentar um sistema radicular bem desenvolvido e possibilidade de se
explorar a rebrota (com produções ao redor de 60% do primeiro corte) quando
submetido à manejo adequado.
Além disso, o sorgo tem como característica favorável uma maior
flexibilidade no momento da ensilagem, mantendo-se por mais tempo no ponto
adequado de colheita, quando comparado ao milho. As silagens obtidas
apresentam entre 85 e 90% do valor nutricional do milho. Este fato é devido ao
menor consumo da silagem proveniente do sorgo, graças a uma menor
digestibilidade do mesmo, por fatores como a presença de tanino, menor
digestibilidade natural do amido do sorgo e a presença do tegumento do grão.
Diversos trabalhos vem sendo realizados para a resolução desses problemas,
já com resultados bem positivos, que praticamente igualam o desempenho de
novos cultivares de sorgo (duplo propósito) ao da silagem de milho.
O conteúdo de matéria desempenha papel importante na confecção da
silagem, quer aumentando a proporção de nutrientes e facilitando os processos
fermentativos quer diminuindo a ação de microrganismos do gênero
Clostridium, responsáveis pela produção de ácido butírico e degradação da
fração protéica, com conseqüente redução do valor nutricional da silagem.
Quanto maior a umidade menor será o pH limite para inibir esse crescimento,
mesmo com níveis adequados de carboidratos solúveis para promover
fermentação lática, silagens muito úmidas, são pouco desejáveis devido ao
menor consumo voluntário, reduzindo o desempenho animal.
Além disso, silagens com menor teor de umidade tem menor custo de
transporte, pois cada vagão ou carreta leva maior quantidade de matéria seca.
Silagens com alto teor de umidade produzem maior quantidade de efluentes,
responsáveis pela perda de nutriente de alta digestibilidade.
Por outro lado, silagens com alto teor de matéria seca têm grande
tendência a produção de calor e crescimento de fungos devido à dificuldade de
compactação e exclusão do oxigênio, promovendo assim a perda do valor
nutritivo do material final.
Diversos ensaios de digestibilidade in vitro da matéria seca e
determinação de componentes da porção fibrosa , além de outros parâmetros
nutricionais foram realizados comparando diferentes teores de matéria seca e
estágios de maturação do material ensilado. Na Tabela 2, apresentamos
alguns dados obtidos por ANDRADE & CARVALHO (1992).
De maneira geral, híbridos de sorgo no estágio de grãos leitosos
normalmente apresentam maiores coeficientes de digestibilidade da porção
fibrosa.
No entanto, o
rápido
aumento da proporção de grãos
e,
conseqüentemente, de amido altamente digestível que ocorre com o
amadurecimento, compensa a diminuição da digestibilidade da fração fibrosa,
mantendo inalterada a digestibilidade da matéria seca.
Tabela 2 – Média dos teores de matéria seca (MS), fibra bruta (FB), proteína bruta
(PB), digestibilidade aparente da matéria seca (DMS) e da fibra bruta das
silagens de sorgo AG-2002 e BR-506.
Estágios de
Maturação
(grãos)
MS
Leitoso
23,2
FB
33,5
PB
5,3
DMS
57,3
DFB
51,2
MS
26,6
FB
31,4
PB
6,1
DMS
61,4
DFB
54,2
Farináceo
30,3
24,3
5,9
61,7
42,2
28,2
25,8
5,0
63,7
52,2
Duro
31,0
28,7
5,5
59,0
43,5
29,2
28,0
54,0
62,0
44,1
AG - 2002
BR - 506
Adaptado de ANDRADE & CARVALHO (1992).
JOHNSON et al. (1973) estudando o efeito da maturação da planta de
sorgo, relatam que o aumento no teor de matéria seca da panícula, durante a
maturação, é o maior responsável pela queda da umidade da planta total, como
elucidado na Tabela 3.
Tabela 3 – Porcentagem de matéria seca da planta total, colmos, folhas e
panículas, em diferentes estágios de colheita.
Estágio de Colheita
Emergência da panícula
Grão leitoso
Grão leitoso - farináceo
Grão farináceo
Grão duro
Planta Inteira
Colmos
Folhas
Panículas
26,2
29,1
33,2
43,1
52,9
15,8
29,3
20,0
18,8
23,3
22,8
21,7
27,4
34,2
64,6
22,8
26,8
43,6
61,1
75,4
CORRÊA (1996) avaliando três híbridos de sorgo, um de porte alto e dois
de porte médio, concluiu que há aumento significativo na porcentagem de
panículas e conseqüente redução nas porcentagens de colmo e folhas com o
avanço da maturidade. O teor de matéria seca se mostrou crescente, atingindo
o ponto adequado para ensilagem (30%) em torno da quarta semana após o
florescimento.
No que se refere ao ponto de colheita, o ideal é que a planta acumule a
máxima produção de matéria seca, máximo potencial de consumo e
digestibilidade em que tenha teor de matéria seca capaz de assegurar um bom
processo de fermentação para que as perdas sejam reduzidas e o valor
nutritivo da silagem seja maximizada e permita compactação adequada.
Naturalmente, o ponto ideal de colheita depende do híbrido utilizado, local de
plantio, fertilidade do solo e condições climáticas.
De maneira geral, os híbridos de sorgo de porte médio a baixo são mais
precoces que os de porte alto; seu ponto de ensilagem está entre 90 e 110 dias
após o plantio, no Brasil Central, podendo ser mais tardios no sul do país. Os
híbridos de porte alto normalmente apresentam menores porcentagens de
grãos na massa total ensilada.No Brasil central o ponto ideal de colheita está
entre 98 e 112 dias após o plantio.
Quanto
aos
custos
de
produção,
o
valor
estimado
é
de
R$ 46,54 / tonelada de silagem, e poderá variar em função de diversos fatores,
como: produtividade, fertilidade do solo, condições climáticas, manejo da
cultura, etc.
2.4. Silagem de Milho
O milho é a mais popular cultura utilizada no processo de ensilagem, e
extensas áreas são cultivadas em diferentes partes do mundo. A silagem de
milho é tida como alimento volumoso nutricionalmente completo, pois quando
obtida de forma adequada, associa elevada densidade energética (> 64%
NDT), com teores moderados de proteína bruta (6 a 9%) e sem a necessidade
de incorporação de aditivos. A produção média estimada para o milho é de
40 toneladas de massa/ha, podendo esse dado variar em função do híbrido
utilizado, região do país e manejo da cultura.
A qualidade da silagem de milho geralmente é uma função da:
(a) porcentagem de grãos na matéria seca do material ensilado e b) da
qualidade dos colmos e folhas (NUSSIO et al., 1996), principalmente colmos.
A maior quantidade de grãos no material ensilado poderá representar
economia em ingredientes concentrados, sendo assim, a escolha dos materiais
genéticos para produção de silagens deve recair não só sob o fato do mesmo
ser adaptado à determinada região geográfica e ser mais produtivo, mas sim
sob o aspecto de minimizar o custo da ração total à ser fornecida aos animais.
2.3.1. Escala de Semeadura, Programação do Corte e Ponto de
Colheita
O planejamento da semeadura das áreas de produção deve seguir de
acordo com as perspectivas de colheita futura e estar em sincronismo com o
ponto de colheita desejado. De acordo com NUSSIO e MANZANO (1999) a
planta de milho, dependendo do tipo do híbrido e das condições edafoclimáticas, apresenta gradiente de maturação com velocidade variável. Esse
fato determina a definição de uma “janela de corte”, ou seja, período útil de
trabalho para colheita da forragem dentro de um gradiente de maturidade
desejado. Após o estádio de grãos leitosos, o material sofre aumento de 0,5%
por dia, no teor de matéria seca, determinando a necessidade de 10 dias, como
intervalo adequado para o corte na evolução de cinco unidades percentuais em
matéria seca (30-35%).
Esse período compreende estádios fisiológicos de maturação da planta,
cujos gradientes no teor de umidade da planta (70-65%) e textura do grão
(linha do leite 1/3 à 2/3) são considerados aceitáveis para a maximização da
eficiência do processo fermentativo no silo.
Como média da região Sudeste do Estado de São Paulo, somente 60%
do período descrito como ideal para colheita da forragem é efetivamente
utilizado, devido as conseqüências do período chuvoso, assim dos 10 dias de
evolução fisiológica, somente 6 dias serão úteis para o corte.
Para grandes áreas agrícolas destinadas à produção de silagem, são
sugeridas duas épocas de semeadura. A primeira época (35-40%) de
semeadura deve ser efetuada de setembro em diante, com o plantio de
híbridos de ciclo precoce, e a segunda época (60-65%) com o plantio de
híbridos de ciclo normal, a partir de meados de outubro, nas regiões Central e
Sudeste do Brasil.
Como exemplo, podemos assumir que se a eficiência de corte de uma
máquina forrageira de uma linha é de 10 ton./hora e a jornada de trabalho de
10 horas/dia, seriam então trazidas ao silo cerca de 100 toneladas/dia. Numa
área hipotética de 120 hectares, com produção média de 40 ton. massa/ha, e a
operação de corte com quatro colhedoras de forragem simultâneas, ou seja,
cerca de 400 toneladas de massa verde colhidas por dia (10 horas), seriam
necessários aproximadamente 5 dias para colheita de 48 hectares (40% da
área – precoce) e 7 dias para os 72 hectares restantes (60% - normal).
O milho deve ser cortado para ensilagem quando apresentar 30 a 35% de
matéria seca, ou seja, no ponto em que os grãos estiverem variando entre a
textura pastosa (1/4 a 1/3 da linha do leite) até farináceo-duro (2/3 a 3/4 da
linha do leite), sendo a amplitude de período de colheita de aproximadamente 6
dias, dependendo do híbrido utilizado e condição climática (Figura 5).
Figura 5 – Pontos de colheita do milho para ensilagem.
O corte do milho no ponto de pamonha (grão leitoso), com a planta
apresentada entre 24-28% de matéria seca, resulta em menor produção de
matéria seca e silagem de baixa qualidade. Silagem produzida com o milho
nesse ponto apresenta fermentação indesejável, alta umidade, baixo pH e
baixo teor de grãos, apesar de elevado nível de açúcares solúveis. O consumo
voluntário dessa silagem é reduzido, cerca de 75% do consumo observado em
silagens mais ecas, o que resulta em limitação do desempenho do animal.
Como regra geral, o ponto ideal de colheita ocorre 30 dias após o ponto de
pamonha (grãos leitosos), quando as plantas apresentam as palhas da espiga
externamente amarelecidas, os grãos do meio da espiga se apresentam
denteados e a seção longitudinal revela a linha do leite de 1/3 até 2/3.
Além das particularidade citadas acima, é necessário que o produtor
tenha experiência na condução da cultura de milho, uma vez que a negligência
em qualquer fase do processo (calagem, adubação de plantio, tratos culturais,
tamanho de corte, compactação, vedação, etc.) podem acarretar elevação do
custo de produção, que hoje se situa ao redor de R$ 54,80 / tonelada de massa
verde.
3. Interações entre Pasto e o Volumoso Suplementar
Conforme descrito anteriormente, na maioria das situações, a forragem
disponível nas pastagens não contém todos os nutrientes essenciais e na
proporção adequada, de forma a atender integralmente as exigências dos
animais em pastejo. Contudo, as tentativas de se corrigir o desbalanceamento
de nutrientes pela manipulação da composição dos suplementos são de valor
limitado, exceto em relação ao uso de minerais a fim de controlar desordens
metabólicas.
Em muitos sistemas de produção de ruminantes, que tem como base a
exploração intensiva de pastagens, nutrientes suplementares são necessários
para se obter níveis aceitáveis de desempenho, sendo um desafio constante
predizer com eficiência o impacto que o fornecimento destes nutrientes terá
sobre o animal (REIS et al., 1996, MOORE et al., 1999).
Considerando que o objetivo principal da suplementação é maximizar a
utilização da forragem disponível, deve-se ter em mente que o suplemento não
deve fornecer nutrientes além das exigências dos animais (PARSONS e
ALLINSON, 1991; PATERSON et al., 1994). Através do fornecimento de todos,
ou de alguns nutrientes específicos, que resultarão no consumo de maior
quantidade de matéria seca (MS) e no aumento na eficiência de sua digestão,
pode-se atingir os objetivos esperados com a suplementação (SIEBERT e
HUNTER, 1982, HODGSON, 1990, HUTER, 1991).
De acordo com MOORE (1980) o fornecimento de suplementos
apresenta efeito associativo em relação à utilização da forragem disponível na
pastagem, ou seja, acarreta mudanças na digestibilidade e ou consumo do
volumoso da dieta basal, podendo-se observar o efeito substitutivo, aditivo e
combinado (Figura 6). O efeito substitutivo refere-se a manutenção do nível de
ingestão total de energia digestível, através da ingestão constante de
suplemento, mas com decréscimo no consumo de forragem proveniente das
pastagens. Por outro lado, quando se observa o efeito aditivo, tem-se aumento
no consumo total de energia digestível, sem se observar decréscimo na
ingestão da forragem proveniente da pastagem. No efeito combinado, observase elevação no consumo de energia digestível do suplemento e também
decréscimo no consumo de forragem.
Figura 6. Representação dos tipos de efeito associativo (MOORE, 1980).
Quando um suplemento é fornecido, o consumo de forragem dos
animais mantidos em pastagens pode permanecer inalterado, aumentar ou
diminuir, sendo que as respostas, muitas vezes, dependem da quantidade e da
qualidade da forragem disponível (HODSON, 1990, MOORE et al., 1999). Em
condições práticas, há poucas situações nas quais o fornecimento de
concentrados ou de forragens conservadas atuam como verdadeiros
suplementos, ou seja, são consumidos sem acarretar diminuição no consumo
da forragem disponível nas pastagens. A resposta na produção de animais em
pastejo ao uso de suplementos é, provavelmente, influenciada pela
disponibilidade e qualidade do pasto e características do suplemento, bem
como pela maneira de seu fornecimento e pelo potencial de produção dos
animais (SIEBERT e HUNTER, 1982; MOORE et al., 1999).
Em condições de pastagens com baixa disponibilidade de forragem, a
suplementação energética poderá resultar em maior resposta animal,
particularmente se o volumoso suplementar for rico em fibra de alta
digestibilidade (REIS et al., 1996). Todavia, se houver forragem em abundância
no pasto, ocorrerá resposta animal somente se a forragem disponível for de
baixo valor nutritivo, uma vez que se observa alto nível de substituição
(SIEBERT e HUNTER, 1982).
4.
Desempenho
de
Bovinos
em
Pastejo
Recebendo
Volumosos
Suplementares
De maneira geral, pode-se inferir que são poucos os trabalhos de
pesquisa que utilizam a suplementação volumosa como estratégia na produção
de bovinos em pastagens. Contudo, atualmente, os produtores têm buscado
alternativas que minimizem os custos de produção e o pronunciado efeito da
estacionalidade da produção forrageira sobre a taxa de lotação das pastagens,
especialmente em sistemas intensivos (NUSSIO et al., 2000).
Considerando que o objetivo principal da suplementação é maximizar a
utilização da forragem disponível, deve-se ter em mente que o suplemento não
deve fornecer nutrientes além das exigências dos animais. Através do
fornecimento de todos, ou de alguns nutrientes específicos, que resultarão no
consumo de maior quantidade de matéria seca (MS) e no aumento na
eficiência de sua digestão, pode-se atingir os objetivos esperados com a
suplementação volumosa.
Em condições de pastagens com baixa disponibilidade de forragem, a
suplementação energética poderá resultar em maior resposta animal,
particularmente se o volumoso suplementar for rico em fibra de alta
digestibilidade (REIS et al., 1996). Todavia, se houver forragem em abundância
no pasto, ocorrerá resposta animal somente se a forragem disponível for de
baixo valor nutritivo, uma vez que se observa alto nível de substituição.
Embora o efeito substitutivo seja necessário, quando se trabalha em
condição de baixa oferta de forragem proveniente das pastagens, é necessário
considerar a qualidade da forragem conservada, uma vez que esta terá que
suprir a demanda de nutrientes dos animais, mantendo os níveis de produção
registrados durante o período de intenso crescimento das plantas. Portanto, a
produção e conservação de forragem de alto valor nutritivo, são de extrema
importância para se garantir a continuidade da oferta de forragem durante o
período de escassez de pasto, permitindo aos animais plenas condições para
expressarem seu potencial genético (REIS e ROSA, 2001).
VIGLIZZO (1981) observou que a resposta à suplementação com
alimentos volumosos esta relacionada com sua qualidade (Tabela 04),
identificando maiores alterações na produção animal com a utilização de
silagens de alta qualidade ou com o fornecimento da planta de milho verde.
A análise dos dados da Tabela 5 evidenciam os baixos ganhos de peso
de animais mantidos em pastagens de gramíneas de clima tropical durante o
período de escassez de forragem, podendo-se observar que o fornecimento de
volumosos (LIMA et al., 1973; VALVASORI et al., 1986) e de volumosos
associados a concentrados (BENINTENDI e ANDRADE, 1982; VALVASORI et
al., 1986) resultou em aumento no desempenho dos animais.
Tabela 4. Produção de leite de vacas recebendo diferentes tipos de volumosos como
suplemento.
Suplementos
Feno de baixa qualidade
Silagem de pasto de baixa qualidade
Silagem de pasto de boa qualidade
Silagem de milho
Milho verde (Planta inteira)
Resposta
Kg de leite/kg de MS do
suplemento
-0,009
0,272
0,481
0,532
0,568
Adaptado de Viglizzo, 1981.
Tabela 5. Ganho de peso de bovinos mantidos em pastagens e suplementados com
diferentes tipos de alimentos durante o período seco.
Pastagem
Animal
Suplemento
Colonião
Novilhas
Colonião
Novilhos
B. decumbens
Novilhas
------Silagem de sorgo
Capim elefante
Cana-de-açúcar
--------Feno jaraguá + FS
Silagem de milho + FS
MDPS
FS
-------Feno braquiária
Cana + MDPS+ CF
Ganho
(kg/dia)
0,16
0,31
0,27
0,26
0,007
0,22
0,15
0,26
0,13
0,37
0,45
0,57
Referência
Lima et al., 1973
Benintendi e
Andrade, 1982
Valvasori et al., 1986
MDPS= Milho desintegrado com palha e sabugo, CF= Cama de frango, FS= Farelo de soja.
Deve-se considerar, que nos trabalhos consultados não há informações
sobre o consumo e digestibilidade da forragem proveniente das pastagens, não
permitindo o cálculo dos coeficientes de substituição. Todavia, segundo REIS
et al. (1996), considerando a qualidade da forragem disponível e as
características dos suplementos utilizados, provavelmente ocorreu alto efeito
substitutivos em decorrência da suplementação.
LIMA et al. (1973) estudaram o uso de três volumosos para
suplementação de novilhas recriadas em pastagens de capim Colonião,
fornecendo 10 kg por cabeça /dia de cada volumoso, além de um tratamento
testemunha (sem suplementação). Dentre os volumosos avaliados a silagem
de sorgo apresentou o melhor desempenho (0,314 kg/dia) seguido do capim
elefante e da cana-de-açúcar que apresentaram respectivamente as seguintes
taxas de ganho em peso (0,277 e 0,26 kg/dia). Todos os tratamentos que se
utilizaram
volumosos
suplementares
foram
superiores
ao
tratamento
testemunha que apresentou ganho médio diário de 0,16 kg/dia.
O efeito da qualidade da pastagem sobre o desenvolvimento ponderal e
reprodutivo de novilhas Canchim foi estudado por MANZANO et al. (1993) e
MANZANO et al. (1994). Estes autores avaliaram o efeito da suplementação
em duas fases de vida da fêmea Canchim, recriadas em pastagens de
Brachiaria decumbens associada ao capim Pangola (Digitaria decumbens) e a
grama Batatais (Paspalum notatum). Estas bezerras foram suplementadas por
92 dias, de junho a setembro, dos 8 aos 12 meses de idade (1a
suplementação) e dos 18 aos 22 meses deidade (2a suplementação). Os
tratamentos utilizados consistiram na testemunha sem suplemento; 0,7 kg de
farelo de soja/cab./dia (suplemento protéico); cana-de-açúcar à vontade
(suplemento energético) e cana-de-açúcar à vontade + 0,7 kg de farelo de soja
(suplemento proteico/energético). O experimento foi conduzido por três anos
consecutivos de forma que 2 lotes de novilhas fossem avaliadas para averiguar
possíveis efeitos de ano sobre os parâmetros avaliados. Os autores
observaram que os efeitos da suplementação sobre as idades à puberdade e
aos 300 kg das novilhas dependeram das condições das pastagens que
variaram entre os anos.
O uso da cana + FS ou do FS exclusivo, no primeiro ano de experimento,
aumentou o desempenho dos animais em relação aos animais testemunha
daqueles suplementados apenas com cana à vontade. Este fato demonstra que
houve restrição associada ao nível de proteína da forragem.
No segundo ano, os autores observaram que os animais suplementados
com cana + farelo de soja, obtiveram ganho de peso inferior àqueles
submetidos aos outros tratamentos (0,459 kg/cab./dia vs. 0,048 kg/cab./dia),
evidenciando que tanto a deficiência de proteína (% MS) quanto a deficiência
de energia (quantidade e qualidade da MS) foram limitantes para os animais
em crescimento mantidos em pastagens no período seco.
CORRÊA e CORDEIRO (2000) forneceram silagem de capim Tanzânia e
Coast-Cross
produzida
dentro
do
próprio
sistema
de
produção
(EMBRAPA - CPPSE), onde os animais tinham livre acesso a pastagem e a
silagem durante o período da seca, verificaram que o consumo das silagens foi
considerado elevado, atingindo praticamente 2% de matéria seca em relação
ao peso vivo dos animais, resultando em ganho de peso médio de 200
g/animal/dia.
No caso do sistema de produção utilizando o capim Tanzânia (recriaengorda), ainda CORRÊA e CORDEIRO (2000) obtiveram bovinos da raça
Canchim com peso vivo de abate na faixa de 450 Kg aos 19-20 meses de
idade. No período das águas, a alimentação constituiu somente de forragem
pastejada, proporcionando em média de ganho de 850 g/animal/dia. No
período de seca, a dieta dos animais foi a forragem pastejada mais a silagem
produzida com o excesso de forragem obtida no período anterior e 0,5 Kg de
farelo de soja, resultando em ganho médio de 440 g/animal/dia.
OLIVEIRA (1985) em estudo com novilhas mantidas em pastagens e
suplementadas exclusivamente com cana-de-açúcar e uréia verificaram ganhos
de peso diário da ordem de 0,19 a 0,30 kg/dia, respectivamente.
Outras opções podem ser citadas, dentre as quais, destaca-se a cana-deaçúcar corrigida com 1% da mistura uréia + sulfato de amônio, na proporção de
9:1, capaz de permitir a manutenção dos animais ou pequenos ganhos, da
ordem de 100 a 150 gramas/dia. De acordo com TORRES et al., (1991)
trabalhando com novilhas Holandês-Zebú suplementados ou não com cana-de-
açúcar e uréia e observaram ganho de peso diário de - 0,19 e 0,13
kg/animal/dia, respectivamente para cada grupo.
5. Considerações Gerais
→ A cultura da cana-de-açúcar deve ser tecnicamente bem estabelecida e
manejada para obter altas produções por hectare. È um recurso alimentar
com grande capacidade para incrementar a produção de bovinos nas
regiões tropicais, desde que suplementada com fontes de proteína (uréia) e
enxofre (sulfato de amônio e/ou sulfato de cálcio), além de análise das
limitações estruturais e econômicas da propriedade;
→ A conservação de forragens como silagem envolve processos bioquímicos e
microbiológicos complexos, da colheita até a sua utilização na alimentação
animal. O uso de gramíneas forrageiras pertencentes aos gêneros Panicum,
Brachiaria, Cynodon e Pennisetum aparecem como alternativas para
ensilagem, contribuindo para aumentar o aproveitamento do excedente de
forragem e minimizando o custo final de produção. No entanto, a baixa
concentração de matéria seca, de carboidratos solúveis e a elevada
capacidade tampão parecem ser fatores limitantes à ensilagem dessas
forrageiras, o que pode ser manipulado através do processo de présecagem e/ou a inclusão de aditivos com características de absorção de
água e incorporação de carboidratos melhorando assim o padrão de
fermentação na ensilagem;
→ A silagem de milho é tida como alimento nutricionalmente completo, pois
associa elevada densidade energética, médio teor de proteína bruta e boa
composição mineral. Um aspecto importante relacionado à qualidade da
silagem de milho diz respeito à porcentagem de grãos no material final, uma
vez que quanto maior esse valor, menor será o gasto com alimentos
concentrados. Além disso, é necessário que o produtor tenha experiência
na condução da cultura, uma vez que a negligência em qualquer fase do
processo (calagem, adubação de plantio, tratos culturais, etc.), pode
acarretar elevação do custo de produção e inviabilizar a adoção desse
alimento volumoso no sistema de produção;
→ A cultura de sorgo tem sido largamente utilizada para ensilagem, por sua
facilidade de cultivo, altos rendimentos por área e especificamente pela
qualidade da silagem obtida, sem necessidade de aditivos no processo de
ensilagem. Além disso, o sorgo possibilita maior flexibilidade no momento
de ensilagem, já que permanece por mais tempo no ponto de colheita e
permite obtenção de silagens com custo inferior, quando comparado ao
milho.
Associado a estas informações há ainda que se considerar os aspectos
relacionados a estrutura da propriedade, eficiência das máquinas e
equipamentos nos sistemas de colheita, processamento e conservação de
forragem, sendo necessário portanto, o acompanhamento por um técnico de
confiança, desde o planejamento da cultura até a avaliação da qualidade da
forragem produzida e dos custos envolvidos na
volumoso.
produção do alimento
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1. Introdução Apesar do Brasil deter um dos