43 3. Condução de Calor Unidimensional em Regime Permanente A equação da condução de calor nos casos mais genéricos foi deduzida no capítulo 2. No caso unidimensional em regime permanente, há fluxo de calor predominante em uma dada direção, independente do tempo. 3.1 Paredes Planas Considere o caso de uma parede plana de espessura L ao longo do eixo x, e infinita em y e z, com temperaturas especificadas, T0 em x = 0 e TL em x = L, Figura 3.1. Suponha que o material da parede seja isotrópico e homogêneo e que não há geração interna de energia na parede. Com as hipóteses consideradas, este problema é governado pelo conjunto de equações: d 2T =0 dx 2 (3.1) T = T0 em x = 0 (3.2) T = TL em x = L (3.3) Figura 3.1 Condução através de uma parede plana. Resistência térmica. A solução da Eq. (3.1) é obtida integrando-se duas vezes a Eq. (3.1), obtendo-se o resultado: T = c1 x + c2 . As constantes de integração podem ser obtidas usando as Eqs. (2.2) e (2.3), cujo resultado final é uma variação linear da temperatura com x na forma: T = T0 + (TL − T0 ) x L (3.4) 44 A partir da Eq. (3.4) obtém-se que o gradiente de temperatura ao longo da parede é independente de x , devido à variação linear da temperatura, dT / dx = (TL − T0 ) / L , e, portanto, o fluxo de calor através da parede pode ser calculado como dT k = (T0 − TL ) dx L q′′ = − k (3.5) A taxa de calor atravessando a fronteira é obtida multiplicando o fluxo de calor pela área da superfície A , assim, q = q′′A = kA (To − TL ) L (3.6) 3.1.1 Resistência Térmica O inverso de kA / L é denominado de resistência térmica da camada e, portanto, define-se: Rt = L kA (3.7) Combinado as Eqs. (3.7) e (3.6) resulta q= To − TL Rt (3.8) Observe que a taxa de calor como calculada pela Eq. (3.8) é completamente análoga à corrente elétrica que atravessa um circuito com uma única resistência em que há uma diferença de potencial elétrico. A resistência térmica é ilustrada na Figura 3.1 3.1.2 Paredes Compostas Se a parede for constituída de várias camadas de espessura Li e condutividade térmica ki , a resistência térmica de cada camada será Rt ,i = Li ki A (3.9) A resistência térmica total será a associação em série das resistências individuais, ou seja, Rt = ∑ i Li ki A (3.10) 45 Como exemplo, considere o caso de uma parede composta de três camadas de materiais isotrópicos homogêneos, como ilustrado na Figura 3.2. Neste caso, a taxa de calor pode ser calculada como q= To − TL L1 / k1 A + L2 / k2 A + L3 / k3 A (3.11) Figura 3.2 Parede composta e sua resistência térmica. 3.1.3 Coeficiente Global de Transferência de Calor No caso de trocadores de calor, por exemplo, geralmente, a parede separa dois campos de escoamento, com um fluido “quente” em uma das faces da parede e outro fluido “frio” na outra face; Figura 3.3. A transferência de calor do fluido quente para a parede e da parede para o fluido frio pode ser estimada através do coeficiente de transferência convectiva definido no capítulo 1. Suponha que do lado do fluido quente a temperatura seja Th com um coeficiente hh caracterizando a troca de calor do fluido para a parede, e do lado frio a temperatura seja Tc com um coeficiente hc caracterizando a troca de calor da parede para o fluido. Neste caso, têm-se as seguintes equações: Th − T0 = q′′ hh (3.12) T0 − TL = L q′′ k (3.13) TL − Tc = q′′ hc (3.14) 46 Figura 3.3 parede banhada por fluidos em suas faces. Coeficiente global de troca de calor. Somando as Eqs. (3.12) – (3.14) obtém-se ⎛1 L 1 Th − Tc = ⎜ + + ⎝ hh k hc ⎞ ⎟ q′′ ⎠ (3.15) Numa forma mais compacta a Eq. (3.15) pode ser reescrita como Th − Tc = q′′ U (3.16a) Ou na forma q′′ = U (Th − Tc ) (3.16b) Na qual o coeficiente global de transferência de calor é definido por 1 1 L 1 = + + U hh k hc (3.17) Exercício 3.1: A parede de um incubador de ovos é composta por uma camada de fibra de vidro de 8 cm entre duas camadas de fórmica de 1 cm cada uma. Do lado de fora a temperatura é Tc = 10o C e o coeficiente de troca de calor do lado externo do incubador é hc = 5W / m 2 K . Do lado interno, a temperatura é Th = 40o C e devido um ventilador forçar o ar internamente sobre os ovos, o coeficiente de troca convectiva é hh = 20 W / m 2 K . Calcule o fluxo de calor através da parede do incubador. 47 3.2 Cascas Cilíndricas Muitos trocadores de calor são constituídos por cascas cilíndricas, como no caso do trocador de calor conhecido como casco-tubo. Nestes casos, o fluxo de calor não se conserva como ocorre na parede plana, visto que o gradiente de temperatura depende da posição radial. Entretanto, a taxa de calor que atravessa a casca deve se conservar pela primeira lei da termodinâmica. Considere uma casca cilíndrica de comprimento l ; de raio interno ri e cuja superfície interna esteja a Ti . O raio externo é ro e a temperatura da superfície externa é To . O fluxo de calor do lado interno é qi′′ e do lado externo será qo′′ ; Figura 3.4. Figura 3.4 Condução radial numa casca cilíndrica. A taxa de calor pode ser calculada se for determinado o fluxo de calor do lado interno, por exemplo. Esta taxa pode ser estimada como q = ( 2π rli ) qi′′ (3.18) O fluxo de calor na direção radial pode ser obtido na forma: ⎛ dT ⎞ qi′′ = −k ⎜ ⎟ ⎝ dr ⎠ r = ri (3.19) 48 O que obriga a determinação do campo de temperatura através da casca. A equação governante para este problema em regime permanente, sem geração interna na parede e simetria da temperatura é 1 d ⎛ dT ⎜r r dr ⎝ dr ⎞ ⎟=0 ⎠ (3.20) sujeita às condições de contorno T = Ti em r = ri (3.21) T = To em r = ro (3.22) e A seqüência de solução é obtida integrando duas vezes a eq. (3.20): d ⎛ dT ⎜r dr ⎝ dr r ⎞ ⎟=0 ⎠ (3.23) dT = C1 dr (3.24) dT C1 = dr r (3.25) T = C1 ln ( r ) + C2 (3.26) A Eq. (3.26) deve satisfazer as duas condições de contorno (3.21) e (3.22), o que leva aos resultados: Ti = C1 ln ( ri ) + C2 (3.27) To = C1 ln ( ro ) + C2 (3.28) Após a eliminação de C2 das Eqs. (3.27) e (3.28) obtém-se C1 = Ti − To ln ( ri / ro ) (3.29) Finalmente, subtraindo (3.27) de (3.26) resulta ⎛r⎞ T − Ti = C1 ln ⎜ ⎟ ⎝ ri ⎠ (3.30) e pelo uso de (3.29) obtém-se T = Ti − (Ti − To ) ln ( r / ri ) ln ( ro / ri ) (3.31) 49 O gradiente de temperatura pode ser obtido como dT 1 Ti − To . Combinando as = dr r ln ( ri / ro ) equações (3.18) e (3.19) obtém-se a taxa de calor na forma q= 2π kl (Ti − T0 ) ln ( ro / ri ) (3.32) Pode-se concluir que a resistência térmica da casca cilíndrica é Rt = ln ( ro / ri ) (3.33) 2π kl Pela conservação da taxa de calor pode-se mostrar que q = ( 2π rli ) qi′′ = ( 2π rl ) q′′ (3.34) E, portanto, o fluxo de calor em qualquer raio será q′′ = ri qi′′ r (3.35) No caso de uma casca composta, por exemplo, de três camadas; Figura 3.5, cujos raios das interfaces sejam r1 e r2 respectivamente com r0 > r2 > r1 > ri , e as temperaturas do fluido interno seja Th com hi e do lado seja Tc com ho ; a taxa de calor pode ser calculada como q = U i Ai (Th − Tc ) = U o Ao (Th − Tc ) = Th − Tc Rt (3.36) Na qual a resistência térmica pode ser calculada como Rt = ln ( r1 / ri ) ln ( r2 / r1 ) ln ( ro / r2 ) 1 1 + + + + hi Ai ho Ao 2π k1l 2π k2l 2π k3l (3.37a) Figura 3.5 Casca cilíndrica composta com transferência convectiva em ambos os lados. 50 Pela combinação das Eqs. (3.36) e (3.37) pode-se demonstrar que 1 1 r ln ( r1 / ri ) ri ln ( r2 / r1 ) ri ln ( ro / r2 ) 1 ri = + i + + + U i hi k1 k2 k3 ho ro (3.37b) 1 1 ro ro ln ( r1 / ri ) ro ln ( r2 / r1 ) ro ln ( ro / r2 ) 1 = + + + + U o hi ri k1 k2 k3 ho (3.37c) As áreas das superfícies interna e externa da casca são definidas por Ai = 2π rli ; Ao = 2π rol (3.38) 3.3 Cascas Esféricas A geometria esférica, Figura 3.6, pode ser analisada de maneira similar, por notar que quando a temperatura das superfícies interna e externa são isotérmicas (Ti ,To ) , a temperatura dentro da casca pode variar apenas radialmente. Neste caso a equação que rege o problema, com todas as hipóteses simplificadoras consideradas, como no caso do cilindro, fica na forma: 1 d ⎛ 2 dT ⎜r r 2 dr ⎝ dr ⎞ ⎟=0 ⎠ (3.39) sujeita às condições de contorno T = Ti em r = ri (3.40) T = To em r = ro (3.41) e Figura 3.6 Condução radial através de uma casca esférica. 51 Multiplicando a Eq. (3.39) por r 2 dr e integrando uma vez resulta r2 dT dT C1 = C1 ou = dr dr r 2 (3.42) Agora, multiplicando a Eq. (3.42) por dr e integrando mais uma vez obtém-se T =− C1 + C2 r (3.43) A restrição das condições de contorno levam ao sistema Ti = − C1 + C2 ri (3.44) To = − C1 + C2 ro (3.45) A eliminação de C2 das Eqs. (3.44) de (3.45) leva ao valor de C1 na forma C1 = ri ro (Ti − To ) (3.46) ri − ro Subtraindo a eq. (3.44)de (3.43) e pelo uso de (3.46) obtém-se T − Ti = (Ti − To ) ro ⎛ r − ri ⎞ ⎜ ⎟ r ⎝ ri − ro ⎠ (3.47) da qual se se obtém o gradiente de temperatura e o fluxo de calor qi′′ definidos respectivamente por dT ri ro (Ti − To ) = 2 dr r ri − ro (3.48) ro Ti − To ⎛ dT ⎞ qi′′ = −k ⎜ ⎟ =k ri ro − ri ⎝ dr ⎠ r = ri (3.49) A taxa de calor pode ser obtida multiplicando o fluxo pela área de troca, no caso de uma esfera, Ai = 4π ri 2 , resultando q = 4π kro ri Ti − To ro − ri (3.50) Pela observação da Eq. (3.50) pode-se concluir que a resistência térmica da casca esférica é Rt = 1 ⎛1 1⎞ ⎜ − ⎟ 4π k ⎝ ri ro ⎠ (3.51) No caso de uma casca esférica composta de duas camadas, por exemplo, com convecção interna e externa, a resistência térmica total será 52 Rt = 1 1 ⎛1 1⎞ 1 ⎛1 1⎞ 1 + ⎜ − ⎟+ ⎜ − ⎟+ hi Ai 4π k1 ⎝ ri r1 ⎠ 4π k2 ⎝ r1 ro ⎠ ho Ao (3.52) 3.4 Raio Crítico de Isolação Uma aplicação do conceito de resistência térmica é determinação de espessura anular que deve ser aplicada sobre a superfície externa de uma parede cilíndrica de temperatura conhecida Ti . A função da camada isolante colocada entre o raio ri e ro é reduzir a taxa total de transferência de calor entre o corpo interno e o fluido ambiente a T∞ e coeficiente h de troca convectiva. A Figura 3.7, no alto à direita, ilustra a camada de isolante térmico. A taxa total de transferência de calor varia inversamente com a resistência térmica, porque q = (Ti − T∞ ) / Rt . A resistência térmica neste caso pode ser calculada como Rt = ln ( ro / ri ) 2π kl + 1 h ( 2π rol ) (3.53) Para h e k constantes, Rt será uma função do raio externo ro . E quando a resistência térmica alcançar um mínimo a taxa de calor atingirá um máximo. Derivando Rt da Eq. (3.53) em relação a ro resulta ∂Rt / ∂ro = 1 / 2π klro − 1 / 2π lhro2 . Para se obter o ponto de mínimo ou máximo faz-se ∂Rt / ∂ro = 0 o que leva ao resultado do raio crítico de isolamento ro ,c = k h (3.54) A resistência mínima será, portanto, Rt ,min = ln ( k / hri ) + 1 2π kl (3.55) Algumas conclusões que se pode tirar do conceito de raio critico de isolação é que, quando, o cilindro for espesso, de tal forma que ri > ro ,c ou k < 1; hri (3.56) a adição de uma camada de material isolante sempre se traduz em aumento de Rt e, portanto redução de q como desejado. No caso oposto, quando, ri < ro ,c ou k > 1; hri (3.57) 53 o enrolamento de uma primeira camada isolante reduzirá a resistência térmica. O efeito inicial será um aumento da transferência de calor. Apenas quando material suficiente tenha sido adicionado de modo que ro exceda ro ,c , a espessura de isolamento aumentará o valor de Rt e redução de q . No caso de isolação de um objeto esférico de raio ri , o raio critico de isolação será estimado pela relação: ro ,c = 2 k h (3.58) Figura 3.7 Efeito do raio externo sobre a resistência térmica global de uma camada cilíndrica isolante. Exercício 3.2: Um fio isolado suspenso no ar gera aquecimento pelo efeito Joule à taxa de q′ = 1W / m . O fio cilíndrico de raio ri = 0,5 mm está 30 oC acima da temperatura ambiente. É proposto encapar fio com plástico de isolamento elétrico, cujo raio externo será ro = 1 mm . A condutividade térmica do material plástico k = 0 ,35W / mK . O plástico isolante aumentará o contato térmico entre fio e ambiente, ou promoverá efeito de isolamento térmico? Para verificar a resposta calcule a diferença de temperatura entre o fio e ambiente quando o fio estiver encapado pelo plástico. 54 3.5 Geração Interna de Calor Há casos que ocorre geração interna de energia dentro do objeto, como por exemplo, por efeito Joule em fio condutores de eletricidade, ou por efeito de aquecimento devido ao campo de radiação. Estes casos, Figura 3.8, serão considerados neste item. 3.5.1 Aquecimento Uniforme à Taxa q′′′ A incógnita aqui não a taxa total de transferência de calor, pois ela pode ser determinada multiplicando a taxa de geração pelo volume do corpo. Note que em regime permanente todo o calor gerado dentro da parede deve ser removido para o reservatório fluido. A questão é quão aquecido deve se tornar o interior para transferir esta taxa de calor para os lados. Desde que a incógnita é o campo de temperatura T ( x ) , ela pode ser obtida da equação: d 2T q′′′ + =0 dx 2 k (3.59) As condições de contorno, para a parede imersa num reservatório fluido à temperatura T∞ e coeficiente h , serão do tipo − q′′ = h (T − T∞ ) em x = − L / 2 (3.60) q′′ = h (T − T∞ ) em x = L / 2 (3.61) O sinal negativo é necessário no lado esquerdo da Eq. (3.60) por que (a) q′′ é considerado positivo quando apontando na direção do eixo x , e (b) na definição de h q′′ é assumido positivo quando apontando para dentro do fluido. Usando a Lei de Fourier para os fluxos de calor em ambas as Eqs. (3.60) e (3.61), as condições de contorno de tornam k dT = h (T − T∞ ) em x = − L / 2 dx (3.62) dT = h (T − T∞ ) em x = L / 2 dx (3.63) −k ( ) A solução da Eq. (3.59) tem a forma geral T = ( q′′′ / k ) x 2 / 2 + Ci x + C2 . Diferente do caso sem geração que leva a uma variação linear da temperatura, neste caso o perfil resultante é parabólico. As constantes de integração podem ser determinadas pelas condições de contorno (3.62) e (3.63). O resultado da distribuição de temperatura é da forma: 55 2 q′′′L2 ⎡ ⎛ x ⎞ ⎤ q′′′L T ( x ) = T∞ + ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥+ 8k ⎣⎢ ⎝ L / 2 ⎠ ⎦⎥ 2h (3.64) A temperatura máxima ocorrerá no centro da parede, ou seja, em x = 0 , e será da forma Tmax q′′′L2 = T∞ + 8k 4⎤ ⎡ ⎢1 + Bi ⎥ ⎣ ⎦ (3.65) na qual a quantidade adimensional Bi é denominada de número de Biot e é definida como Bi = hL k (3.66) As temperaturas das faces da parede serão calculadas por T ( ± L / 2 ) = T∞ + q′′′L q′′′L2 / k = T∞ + 2h 2 Bi (3.67) Pode se ver que quando Bi 1 , a temperatura das faces se aproxima da temperatura do fluido, neste caso, diz que o contato térmico entre a parede sólida e o fluido é bom. No caso em que Bi 1 , o contato entre parede e fluido é pobre e a temperatura das faces se aproxima da temperatura do plano médio, ou seja, o perfil de temperatura na parede se torna achatado. Figura 3.8 Distribuição de temperatura em regime permanente devido à geração interna uniforme em uma placa (a) em um cilindro ou esfera (b). 56 No caso de um corpo cilíndrico sólido; lado direito da Figura 3.8, a distribuição de temperatura pode ser obtida da equação: 1 d ⎛ dT ⎜r r dr ⎝ dr ⎞ q′′′ =0 ⎟+ ⎠ k (3.68) sujeita às seguintes condições de contorno dT = 0 em r = 0 dr −k dT = h (T − T∞ ) em r = ro dr (3.69) (3.70) A solução de (3.68) com as restrições (3.69) e (3.70) é do tipo (demonstre) 2 q′′′ro2 ⎡ ⎛ r ⎞ ⎤ q′′′ro ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ + T ( r ) = T∞ + 4k ⎢ ⎝ ro ⎠ ⎥ 2h ⎣ ⎦ (3.71) No caso de um corpo esférico sólido, a distribuição de temperatura pode ser obtida da equação: 1 d ⎛ 2 dT ⎜r r 2 dr ⎝ dr ⎞ q′′′ =0 ⎟+ ⎠ k (3.72) sujeita às seguintes condições de contorno dT = 0 em r = 0 dr −k dT = h (T − T∞ ) em r = ro dr (3.73) (3.74) A solução de (3.72) com as restrições (3.73) e (3.74) é do tipo (demonstre) 2 q′′′ro2 ⎡ ⎛ r ⎞ ⎤ q′′′ro ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ + T ( r ) = T∞ + 6k ⎢ ⎝ ro ⎠ ⎥ 3h ⎣ ⎦ (3.75) 3.5.1 Aquecimento Não Uniforme Dependente da Temperatura Suponha o caso em que o aquecimento ou taxa de geração não seja uniforme e dependa da temperatura local. No caso de um condutor elétrico a taxa de geração pode ser expressa como q′′′ = ρe J 2 (3.76) na qual J é densidade de corrente elétrica em (amperes/m2) e ρe é a resistividade do material que pode ser expressa em função da temperatura na forma 57 ρe ≅ ρe,o ⎡⎣1 + α (T − To ) ⎤⎦ (3.77) Em (3.77) ρe,o é a resistividade na temperatura To e α = 1 ⎛ d ρe ⎞ é o coeficiente de ρe,o ⎜⎝ dT ⎟⎠T =To temperatura da resistividade. Considere o caso de um condutor cilíndrico com condutividade térmica constante e perfeito contato com o ambiente a temperatura To de modo que a temperatura da superfície seja a própria temperatura ambiente. Neste caso tem-se as equações: 1 d ⎛ dT ⎜r r dr ⎝ dr ⎞ q′′′ =0 ⎟+ ⎠ k (3.78) sujeita às seguintes condições de contorno dT = 0 em r = 0 dr (3.79) T = To em r = ro (3.80) Em vista das equações (3.76) e (3.77) a Eq. (3.78) pode ser reescrita como 1 d ⎛ dT ⎜r r dr ⎝ dr ⎞ ⎟ + C1 + C2T = 0 ⎠ (3.81) na qual C1 e C2 são duas constantes empíricas do condutor C1 = J2 k ⎡ J 2 ⎛ d ρe ⎞ ⎛ d ρe ⎞ ⎤ T C ρ = − ⎢ e,o o ⎜ ⎜ ⎟ ⎟ ⎥ 2 k ⎝ dT ⎠T =To ⎝ dT ⎠T =To ⎥⎦ ⎢⎣ (3.82) O interesse neste tipo de problema é determinar a temperatura máxima de tal forma que o condutor não se torne instável termicamente. Desta forma, uma solução aproximada da Eq. (3.81) pode ser suficiente para determinação da temperatura máxima. Um perfil de temperatura da forma ⎡ ⎛ r ⎞2 ⎤ T = To + (Tmax − To ) ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ⎢⎣ ⎝ ro ⎠ ⎥⎦ (3.83) Satisfaz as duas condições de contorno (3.79) e (3.80). Aplicando o operador ∫0 ∫0 ( ) rdr à Eq. (3.81) resulta 2π ro 2 ro ro ⎛ dT ⎞ ⎜r ⎟ + C1 + C2 ∫0 Trdr = 0 2 ⎝ dr ⎠ r = r0 (3.84) O primeiro termo da equação (3.84) por (3.83) será ( rdT / dr )r = r − 2 (Tmax − To ) . A integral o pode ser também avaliada substituindo (3.83) no terceiro termo de (3.84) e o resultado será 58 ro ∫0 Trdr = ro2 / 2 ⎡⎣To + (Tmax − To ) / 2 ⎤⎦ . Substituindo estes resultados em (3.84) e resolvendo para Tmax − To , obtém-se Tmax − To = 2 ( C1 + C2To ) (8 / r ) − C 2 o (3.85) 2 Analisando o denominador de (3.85), pode-se ver que Tmax permanecerá finita apenas se C2 < 8 / ro2 . Esta desigualdade deve ser satisfeita se uma distribuição de temperatura em regime permanente deve existir. Assim uma condição de instabilidade térmica será evitada se 1/ 2 23 / 2 ⎛ k ⎞ J< ⎜ ⎟ ro ⎝ ρe′ ⎠ (3.86) Se for obtida uma solução exata da Eq. (3.81) a solução será em termos de funções de Bessel. Neste caso, o fator 23 / 2 será substituído por 2,405, valor cerca de 15% menor. 3.6 Superfícies Estendidas (Aletas - Fins) No projeto de trocadores de calor, muitas vezes se torna necessário melhorar a eficiência do processo de troca, bem como aumentar a troca de calor. Uma das maneiras de conseguir tal objetivo é aumentar a área superficial do trocador. Devido a limitações de tamanho, por exemplo, uma maneira de aumentar a superfície de troca é pelo uso de aletas que são superfícies estendidas a partir de uma área base. As aletas tem as mais variadas formas e serão analisadas neste item. Aletas retangulares são ilustradas na Figura 3.9. Figura 3.9 Aumento da troca de calor na área coberta por aletas. 59 3.6.1 Melhoria da Transferência de Calor A proposta de melhoria ou aumento de transferência de calor entre uma superfície sólida e o fluido que a banha é comum em proposições de projetos de térmicos. Para entender como uma aleta funciona, considera-se, inicialmente, uma superfície plana d(sem aletas) de área A0 banhada por um fluido com coeficiente de troca h. A temperatura da superfície é Tb e temperatura do fluido é T∞ . Assim a taxa de calor através da superfície pode ser calculada por q0 = hA0 (Tb − T∞ ) (3.87) O fluxo de calor na superfície sem aletas (unfinned – u) suposto uniforme em toda área é definido como q0 / A0 . A taxa de calor na superfície aletada (finned) é definida por q . O objetivo é ter uma superfície aletada de forma que q > q0 . Isto poder alcançado com aletas que tenham boa condutividade térmica, de tal forma que a temperatura da superfície da aleta seja comparável à temperatura da base Tb . Uma maneira de medir a melhoria da troca de calor é através da definição de efetividade global da área projetada da aleta como ε0 = q q = q0 hA0 (Tb − T∞ ) (3.88) No caso da superfície aletada a área A0 será a soma das áreas sem aletas mais a projeção das áreas da aletas na base. Designando a área sem aletas por A0,u e a área projetada da aleta por A0 , f ; então, tem-se A0 = A0 , f + A0 ,u (3.89) A taxa de calor para a superfície aletada será estimada como q = qb′′A0 , f + hA0 ,u (Tb − T∞ ) (3.90) na qual qb′′ é o fluxo de calor médio através da base de um aleta e será o foco de cálculo. 3.6.2 Aletas de Seção Transversal Constante O caso mais simples de aletas é de aletas de seção transversal constante; Figura 3.10. Num modelo de condução longitudinal o fluxo de calor na base da aleta pode ser calculado como ⎛ dT ⎞ qb′′ = −k ⎜ ⎟ ⎝ dx ⎠ x =0 (3.91) 60 Portanto, o cálculo do fluxo de calor requer a determinação da distribuição de temperatura T ( x ) na aleta. Considere um elemento de volume de aleta de área superficial pΔx . Um balanço de energia neste volume leva a equação q′′x Ac − q′′x +Δx Ac − ( pΔx ) h (T − T∞ ) = 0 (3.92) Figura 3.10 Condução longitudinal através de uma aleta de seção transversal constante. O fluxo de calor em x + Δx pode ser expresso como q′′x +Δx = q′′x + dq′′x Δx + " que dx substituído em (3.92) leva à equação − dq′′x ΔxAc − ( pΔx ) h (T − T∞ ) = 0 dx (3.93) Usando a Lei de Fourier para expressar q′′x em função da temperatura resulta kAc d 2T − hp (T − T∞ ) = 0 dx 2 (3.94) A Eq. (3.94) expressa o balanço entre o calor que é conduzido e chega à posição x e o que sai por convecção através da superfície da aleta. A Eq. (3.94) é uma EDO de segunda ordem e requer portanto duas condições de contorno para sua solução. 61 Aletas Longas. Considere, primeiro, o caso de aleta longa de forma que na sua ponta tem –se a seguinte condição de contorno: T → T∞ quando x → ∞ (3.95) A outra condição de contorno é obtida da hipótese de que sua raiz está na mesma temperatura da parede base, ou seja, T = Tb em x = 0 (3.96) Definido o excesso de temperatura como θ ( x ) = T ( x ) − T∞ (3.97) a Eq. (3.94) pode ser reescrita como d 2θ − m 2θ = 0 dx 2 (3.98) sujeita às condições de contorno θ = θb em x = 0 ( θb = Tb − T∞ ) θ → 0 quando x → ∞ (3.99) (3.100) m é um parâmetro crucial do arranjo aleta-fluido, definido como 1/ 2 ⎛ hp ⎞ m=⎜ ⎟ ⎝ kAc ⎠ (3.101) A solução Eq. (3.98) é do tipo θ ( x ) = c1 exp ( − mx ) + c2 exp ( mx ) (3.102) O uso das condições de contorno leva aos valores das constantes c1 e c2 : c2 = 0 c1 = θb (3.103) A distribuição de temperatura ao longo da aleta será, portanto, expressa como θ ( x ) = θ b exp ( −mx ) (3.104) A temperatura decai exponencialmente da base para a ponta. Da mesma forma o fluxo convectivo h (T − T∞ ) = hθ decai exponencialmente. Uma aleta é considera longa quando a seguinte restrição é satisfeita mL 1 (3.105) A taxa de calor na base da aleta pode ser calculada como qb = qb′′Ac = θb ( kAc hp ) 1/ 2 que mostra como os parâmetros físicos afetam a troca de calor. (3.106) 62 Aleta de Comprimento Finito com a Ponta Isolada. Muitos projetos não satisfazem o critério de aleta longa; portanto, a aleta deve ser considerada de comprimento finito. Neste caso, como a temperatura da ponta da aleta é diferente da temperatura ambiente, a taxa de calor na ponta da aleta será qtip = hAc ⎡⎣T ( L ) − T∞ ⎤⎦ (3.107) Um passo intermediário antes deste caso mais geral é considerar a aleta com a ponta isolada, caso em que se tem dT dθ = 0 ou = 0 em x = L dx dx (3.108) Este caso limite é uma boa aproximação para o caso qb > qtip (3.109) A solução geral para este caso tem a forma: θ ( x ) = c1* senh ( mx ) + c*2 cosh ( mx ) (3.110) As condições de contorno (3.99) e (3.108) levam aos valores das constantes c*2 = θb e c1* = −θ b tanh ( mL ) (3.111) Este caso é ilustrado na Figura 3.11. A forma final da solução, após algumas manipulações, é: θ = θb cosh ⎡⎣ m ( L − x ) ⎤⎦ (3.112) cosh ( mL ) Figura 3.11 Aleta com a ponta isolada (lado esquerdo) versus aleta com transferência de calor na ponta ((lado direito) 63 A temperatura na ponta das aleta será θ ( L) = θb (3.113) cosh ( mL ) A taxa de calor através da base da aleta será ⎛ dT ⎞ qb = Ac ⎜ −k ⎟ dx ⎠ x =0 ⎝ = θb ( kAc hp ) 1/ 2 (3.114) tanh ( mL ) Pode-se demonstrar que o caso de aleta com a ponta isolada é satisfeito quando 1/ 2 ⎛ hAc ⎞ 1 = ⎜ ⎟ qb senh ( mL ) ⎝ kp ⎠ qtip << 1 (3.115) Efeito de Transferência de Calor na Ponta. Neste caso, ilustrado, do lado direito da Figura 3.11, a condição de contorno é da forma − kAc dθ = hAcθ em x = L dx (3.116) A solução da Eq. (3.98) com as condições de contorno (3.99) e (3.116) é da forma θ = θb cosh ⎡⎣ m ( L − x ) ⎤⎦ + ( h / mk ) s en h ⎡⎣ m ( L − x ) ⎤⎦ (3.117) cosh ( mL ) + ( h / mk ) s en h ( mL ) A taxa de calor na base, neste caso, pode ser estimada da mesma forma que aleta da ponta isolada, porém, corrigindo o comprimento, de tal forma que ⎛ dT ⎞ qb = Ac ⎜ −k ⎟ dx ⎠ x =0 ⎝ = θb ( kAc hp ) 1/ 2 (3.118) tanh ( mLc ) na qual, o comprimento corrigido, Figura 3.12, é expresso como Lc = L + Ac p Por exemplo, para uma aleta plana de espessura t (3.119) e largura W , Ac = tW e p = 2 (W + t ) ≅ 2W . Neste caso, pode-se mostrar que Lc = L + t (aleta plana) 2 (3.119) Para uma aleta de seção cilíndrica de diâmetro D constante tem-se Lc = L + D (pino ou aleta cilíndrica) 4 (3.119) 64 Figura 3.12 Conceito de comprimento corrigido. A partir da Eq. (3.117) pode-se obter a derivada da temperatura na forma m s en h ⎡⎣ m ( L − x ) ⎤⎦ + ( h / k ) cosh ⎡⎣ m ( L − x ) ⎤⎦ dθ = −θb dx cosh ( mL ) + ( h / mk ) s en h ( mL ) (3.120) A taxa de calor calculada pela expressão exata do gradiente em x = 0 seria da forma ⎛ dT ⎞ qb = Ac ⎜ − k ⎟ dx ⎠ x =0 ⎝ 1 / 2 senh ( mL ) + ( h / mk ) cosh ( mL ) = θb ( kAc hp ) cosh ( mL ) + ( h / mk ) sen h ( mL ) (3.121) Eficiência da aleta versus efetividade da aleta. O parâmetro adimensional que descreve quão bem são as funções da aleta como uma extensão da superfície da base é a eficiência da aleta η ( 0 < η < 1) : η= qb taxa real de transferencia de calor = maxima taxa de transferencia de calor hpLcθb (3.122) quando toda aleta esta na temperatura da base Usando a Eq. (3.118) obtém-se a eficiência da aleta na forma η= tanh ( mLc ) mLc Algumas vezes se usa como abscissa, no lugar de mLc , o parâmetro: (3.123) 65 1/ 2 ⎛ 2h ⎞ Lc ⎜ ⎟ ⎝ kt ⎠ (3.124) Alternativamente, se usa a efetividade da aleta como uma medida de sua performance. A efetividade ε f é definida como εf = q taxa total de transferencia de calor = b taxa de transferencia de calor que deveria hAcθb ocorrer atraves da area da base na ausencia da aleta (3.125) Figura 3.13 Eficiência de aletas bidimensionais com perfis retangular, triangular e parabólico. Se for para a aleta desempenhar sua função de aumento de transferência de calor apropriadamente, então, ε f deve ser maior do que 1. Uma boa aleta tem, portanto, efetividade maior do sua eficiência. A relação entre elas será ε f pLc area total de contato com o fluido = = Ac area da seçao transversal η (3.126) 66 A efetividade da aleta é também maior do que a efetividade global baseada na área superficial projetada. A relação entre ε 0 e ε f é obtida pela combinação de (3.88), (3.90) e (3.125): ε0 = ε f A0 , f A0 + A0 ,u A0 (3.127) 3.6.3 Aletas de Seção Transversal Variável No caso da aleta plana de seção transversal constante, ela é denominada de aleta retangular, pois olhando lateralmente vê-se um retângulo. Há casos em que a seção transversal da aleta diminui da base para sua ponta;Figura 3.14. O balanço de energia neste caso leva à equação: qx − qx +Δx − ( pΔx ) h (T − T∞ ) = 0 (3.128) Após simplificações resultará − dqx − hp (T − T∞ ) = 0 dx (3.129) Pelo uso da Lei de Fourier, qx = − kAc ( x ) dT / dx chega-se a d ⎛ dT ⎞ ⎜ kAc ⎟ − hp (T − T∞ ) = 0 dx ⎝ dx ⎠ (3.130) Figura 3.14 Condução longitudinal através de uma aleta de seção transversal variável. 67 Para dadas variações de Ac ( x ) e p ( x ) , o objetivo é determinar a taxa de transferência de calor que passa através da base da aleta: dT ⎞ ⎛ qb = − ⎜ kAc ( x ) ⎟ dx ⎠ x =0 ⎝ (3.131) O resultado final também pode ser quantificado em função eficiência da aleta na forma: η= qb hAexp (Tb − T∞ ) (3.132) na qual Aexp é área exposta da superfície da aleta, isto é, a área banhada pelo fluido. No caso de aletas triangulares e parabólicas, apenas a área da seção transversal varia, mas não o perímetro. No caso de uma aleta na foram de disco, Figura 3.15, ambos Ac e p variam. Figura 3.15 Eficiência de uma aleta anelar de espessura constante. 68 3.7 Superfícies Estendidas com Movimento Relativo e Geração Interna de Calor 3.7.1 Equação Geral de Condução O modelo de condução unidimensional da aleta clássica também encontra aplicação no caso de corpos longos. Considere o caso de um corpo cilíndrico de seção variável que tenha movimento relativo na direção x com velocidade U e está exposto a convecção num reservatório fluido; Figura 3.16. Suponha que exista geração interna no corpo. O balanço de energia neste caso leva à equação: x − mi x +Δx + q′′′Ac Δx = 0 qx − qx +Δx − ( pΔx ) h (T − T∞ ) + mi (3.133) na qual ix é a entalpia especifica do sólido na posição x . Tratando o sólido como incompressível, tem-se dix = cdT + 1 ρ (3.134) dP Para pressão constante, dix = cdT e, portanto, m ( ix − ix +Δx ) = − m dix dT Δx = − mc Δx dx dx Está implícita nesta derivação que a vazão mássica é conservada de uma seção transversal para outra: m = ρ AcU (3.135) Figura 3.16 Conservação da energia num corpo longo com movimento sólido e geração interna 69 A equação final de balanço de energia fica na forma: d ⎛ dT ⎞ dT + q′′′Ac = 0 ⎜ kAc ⎟ − hp (T − T∞ ) − ρ cAcU dx ⎝ dx ⎠ dx (3.136) 3.7.2 Extrusão de Plásticos e Trefilação Nestes processos de fabricação, após passar pelas matrizes, os corpos se comportam como superfícies estendidas em movimento relativo, Figura 3.17. Nestes processos pode-se desprezar a geração interna, e supondo Ac e U constantes, resulta para o excesso de temperatura, a equação: d 2θ U dθ − − m 2θ = 0 2 dx α dx (3.137) As condições de contorno para este caso são: θ = θb em x = 0 (3.138) θ → 0 quando x → ∞ (3.139) Figura 3.17 Distribuição de temperatura ao longo de uma fibra plástica em processo de extrusão;. A solução para este problema é imediata e da forma: ⎛ x⎞ ⎝ ⎠ θ ( x ) = θb exp ⎜ − ⎟ l (3.140) 70 na qual l é um comprimento característico em que a temperatura do sólido se aproxima da temperatura do fluido circundante: ⎧⎪ ⎡⎛ U ⎞ 2 ⎤ U ⎫⎪ 2 l = ⎨ ⎢⎜ m + − ⎥ ⎬ ⎟ ⎥⎦ 2α ⎪⎭ ⎪⎩ ⎢⎣⎝ 2α ⎠ −1 (3.141) Dois casos limites são de interesse. No limite de altas velocidades, U / 2α >> m , o comprimento de resfriamento é proporcional à velocidade da fibra plástica: U≅ ⎛ U ⎞ >> 1⎟ ⎜ ⎝ 2α m ⎠ U α m2 (3.142) No caso oposto, U / 2α << m , o comprimento de resfriamento aproxima-se de uma constante: l≅ 1 m ⎛ U ⎞ << 1⎟ ⎜ ⎝ 2α m ⎠ (3.143) Neste último caso, a fibra se comportas como uma aleta longa de seção constante. 3.7.2 Cabos Elétricos Nestes casos pode desprezar efeitos variação de entalpia e considerar o efeito Joule como geração interna, que é amortecido via condução no suporte, Figura 3.18. A equação a ser resolvida neste caso é da forma: d 2θ q′′′ − m 2θ + =0 2 dx k (3.144) sujeita às restrições: θ = θb em x = 0 (3.145) θ → valor finito quando x → ∞ (3.146) A solução para este problema é da forma θ ( x ) = θb exp ( −mx ) + q′′′ ⎡1 − exp ( − mx ) ⎤⎦ m2 k ⎣ (3.147) A interação por condução longitudinal com o suporte x = 0 é sempre sentida no comprimento de fator de escala 1 / m . Além deste comprimento, a temperatura do cabo se torna ( ) independente de x , isto é, θ ≅ q′′′ / m 2 k . Isto mostra que a seção do cabo se torna cada vez mais quente quando q′′′ cresce. Se o suporte será aquecido ou resfriado pelo cabo depende de como significativo é o efeito de q′′′ . Pelo cálculo da taxa de transferência de calor através da 71 raiz do cabo (saindo do suporte) pode-se mostrar que o suporte será aquecido pelo cabo ( qb < 0 ) se q′′′Ac >1 hpθb (3.148) Quando o valor do grupo grandeza da Eq. (3.148) for unitário, o cabo inteiro estará isotérmico. Figura 3.18 Distribuição de temperatura num cabo elétrico com aquecimento volumétrico. 3.8 Determinação experimental do perfil de temperatura em aletas: (Prática 3) Nesta parte do curso será realizada a segunda prática de laboratório, que trata da determinação de perfis de temperaturas em aletas (pinos) cilíndricas e cônicas, utilizando medidores de temperatura do tipo termopares confeccionados na Prática 1. A equação genérica da distribuição de temperatura em uma aleta pode ser escrita na forma: dT ( x ) ⎤ h ( x ) dS ( x ) d ⎡ ⎡T ( x ) − T∞ ⎤⎦ = 0 ; xb ≤ x ≤ xt ⎢ A( x) ⎥− dx ⎣ dx ⎦ k dx ⎣ na qual T ( x ) = (3.149) 1 ∫ T ( x ) dA ; A ( x ) é a área da seção transversal da aleta; dS ( x ) é um A ( x ) A( x ) elemento de área superficial da aleta. Definindo as variáveis adimensionais seguintes: X= T ( x ) − T∞ A( x) h ( x ) dS ( x ) * x ; λ = λ l0 ; θ ( x) = ; K(X ) = ; W (X ) = p0 h dx A0 l0 Tb − T∞ (3.150) 72 com A0 = uma área de referência, h = coeficiente médio de transferência de calor convectiva, l0 = comprimento de referência, λ2 = hp0 kA0 p0 = perímetro de referência; E sabendo que dS ( x ) / dx = p( x ) , obtém-se dθ ( X ) ⎤ * 2 d ⎡ ⎢K ( X ) ⎥ − λ W ( X )θ ( X ) = 0 dX ⎣ dX ⎦ (3.151) As condições de contorno consideradas são: θ ( X ) = 1 em X = X b dθ ( X ) dX = 0 em X = X t (3.152a) (3.152b) Existem várias técnicas para se obter a solução das Eqs. (3.151)-(3.152). Por exemplo, uma técnica de solução analítica conhecida como Técnica de Transformada Integral pode ser usada para solução. Se for admitida uma razão de áreas na forma: K (X ) = A( x) A0 = X 1− 2 m e W ( X ) = c 2 n 2 X 2c −2 K ( X ) resultará a equação genérica d 2θ ( X ) 1 − 2m dθ ( X ) + − λ *2 n 2 c 2 X 2 c − 2θ ( X ) = 0 2 dX X dX (3.153) A Eq. (3.153) é um caso especial da equação conhecida como equação generalizada de Bessel. No caso de pinos, ilustrado na Figura 3.19, a área da seção transversal e o perímetro serão: 73 A ( x ) = π ⎡⎣ r ( x ) ⎤⎦ ; A0 = π rb2 (3.154a) p ( x ) = 2π r ( x ) ; (3.154b) 2 p0 = 2π rb Figura 3.19 Pino de seção arbitrária. Neste caso definindo o raio adimensional e tomando l0 = b resultara R( X ) = r ( x) rb , X= x b (3.155a) Consequentemente, para origem na ponta do pino (spine) X t = 0, X b = 1 (3.155b) e 1/ 2 ⎛ 2h ⎞ λ =⎜ ⎟ ⎝ krb ⎠ * (3.156a) b K ( X ) = ⎡⎣ R ( X ) ⎤⎦ , W ( X ) = R ( X ) 2 (3.156b, c) A taxa de calor na base do pino será qb = kπ rb2 Tb − T∞ dθ (1) b dX (3.157a) E a máxima taxa de calor ocorreria se toda a superfície da aleta estivesse na temperatura da base 74 qmax = 2π rbb ∫0 R ( X ) h (Tb − T∞ ) dX 1 (3.157b) A eficiência da aleta pode ser estimada como η= dθ (1) qb 1 = 1 qmax λ*2 ∫ R ( x ) dX dX 0 (3.158) 3.8.1 Pino cilíndrico No caso do pino cilíndrico, Figura 3.20, a seção transversal será constante e, portanto, pode-se mostrar que r ( x ) = rb ou R ( X ) = 1 , (3.159a, b) K ( X ) = 1, W ( X ) = 1 (3.159c, d) Figura 3.20 Aleta ou barra ou pino cilíndrico. Em tal caso a Eq. (3.151) ficará idêntica à equação da aleta retangular de seção constante, cuja solução com as condições de contorno (3.152) já foi obtida e é da forma θ (X ) = ( cosh λ* X ( ) cosh λ* A eficiência da aleta será ) (3.160) 75 η= ( ) tanh λ* (3.161) λ* com 1/ 2 ⎛ 2h ⎞ λ =⎜ ⎟ ⎝ krb ⎠ * (3.156a) b 3.8.2 Pino cônico No caso do “espinho” (spine) cônico, Figura 3.21, o raio da seção transversal será da forma r ( x ) = rb r ( x) x ou R ( X ) = =X b rb (3.162a) Consequentemente, K(X ) = X2, W (X ) = X (3.162b, c) Figura 3.21 Pino (spine) cônico A Eq. (3.151) em tal caso ficará na forma d 2θ ( X ) dX 2 2 dθ ( X ) λ *2 + − θ (X ) = 0 X dX X (3.163) 76 que quando comparada com a Eq. (3.153) podemos concluir que 1 1 m m = − , c = , n = 2, = −1 2 2 c (3.164) Em tal caso a solução da equação de Bessel (3.163) será da forma: ( * 1 I1 2λ X θ (X ) = X I1 2λ* ( ) ) (3.165) Na qual I1 é a função de Bessel modificada de primeiro tipo e ordem 1. No caso quando X = 0 , ponta do pino, aparece uma indeterminação do tipo 0 . Pela 0 regra de L´Hôpital pode mostrar então que ( ) ( ) ( ) X ) + I ( 2λ X ) ⎤ ⎦ dI1 2λ* X / d X 1 lim θ = I 2λ* X →0 d X /d X 1 ( = λ ) ( I ( 2λ ) * * 1 ⎡ I 0 2λ * ⎣ (3.166a) * 2 Na qual I 0 e I 2 são funções de Bessel modificadas de primeiro tipo de ordem 0 e 2 respectivamente. I 0 ( 0 ) = 1 e I 2 ( 0 ) = 0 . Portanto, θ ( 0) = λ* I1 ( 2λ* ) (3.166b) A eficiência do pino cônico pode ser calculada na forma ( ) ( ) * 2 I 2 2λ η= * λ I1 2λ* (3.167) 3.8.3 Aparato experimental para medida de temperaturas em superfícies estendidas O aparato experimental no laboratório de Transferência de Calor é constituído por quatro barras de secção circular, três de alumínio de comprimentos e diâmetros diferentes e uma de aço inox, além de um pino cônico de alumínio. Estes dados são mostrados na Tabela 3.1. Os pontos de leitura de temperaturas são indicados na Tabela 3.2. 77 Tabela 3.1 - Características das aletas do Lab. TCM, DEM, UNESP – Ilha Solteira. Barra Material Dimensões Condutividade Térmica k[W/mk] L [mm] D[in] 1 Alumínio 500 5/8 237 2 Alumínio 1000 5/8 237 3 Alumínio 1000 1 237 4 Aço Inox 1000 1 15,1 Tabela 3.2 – Posições ao longo da barra em que as temperaturas são medidas Barra Distância [mm] X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 1 0 35 85 135 210 385 489 - - - 2 0 35 85 135 210 410 545 695 845 989 3 0 35 85 135 210 410 545 695 845 989 4 0 35 85 135 210 410 545 695 845 989 Para se calcular a transferência de calor por convecção da barra par o ar ambiente pode-se se usar correlações para estimativa de h. No caso de convecção natural, pode-se usar a correlação de Churchill & Chu (1975), que é da forma: ⎧ ⎫ hD ⎪ 0,387 Ra1D/ 6 ⎪ = ⎨0 , 6 + 8 / 27 ⎬ / 9 16 k ⎡1 + ( 0 ,559 / Pr ) ⎤ ⎪ ⎪ ⎣ ⎦ ⎩ ⎭ 2 (3.168) 78 na qual o número de Rayleigh é definido como RaD = gβ αν (Ts − T∞ ) D3 ; com as propriedades do ar: Pr, k, α, β, ν avaliadas na temperatura de filme T f = (Ts + T∞ ) / 2 . A taxa de calor por convecção pode ser estimada como q = ∫0 h( x ) (T ( x ) − T∞ ) π Ddx L (3.169) Para facilitar os cálculos pode-se organizar os dados, para cada posição x, como na Tabela 3.3 a seguir. Tabela 3.3 – Organização dos dados para cálculo de h Barra Posição - x Tf(x) 1 2 3 4 k ν α β Pr gβ/αν RaD h ( x) q