Taciana Fernanda dos Santos Fernandes Impacto da Suplementação Materna com Dupla Megadose de Vitamina A sobre a Morbidade de Crianças Menores de 6 Meses. Recife 2011 Taciana Fernanda dos Santos Fernandes Impacto da Suplementação Materna com Dupla Megadose de Vitamina A sobre a Morbidade de Crianças Menores de 6 Meses. Tese apresentada ao Programa de Pós – Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do título de Doutor em Nutrição. Orientador Prof Dr. Alcides da Silva Diniz Co-orientadora Profª. Dra. Ilma Kruze Grande de Arruda Recife 2011 Fernandes, Taciana Fernanda dos Santos Impacto da suplementação materna com dupla megadose de vitamina A sobre a morbidade de crianças menores de 6 meses / Taciana Fernanda dos Santos Fernandes. – Recife: O Autor, 2011. 174 folhas: il., fig. e quadros; 30 cm. Orientador: Alcides da Silva Diniz. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCS. Nutrição, 2011. Inclui bibliografia, anexos e apêndices. 1. Vitamina A- suplementação. 2. Retinol sérico. 3. Morbidade. 4. Crianças. 5. Ensaio clínico randomizado. I. Diniz, Alcides da Silva. 612.399 CDD (20.ed.) II.Título. UFPE CCS2011-092 Taciana Fernanda dos Santos Fernandes Impacto da Suplementação Materna com Dupla Megadose de Vitamina A sobre Morbidade de Crianças Menores de 6 Meses. Tese aprovada em: 31 de janeiro de 2011 Banca examinadora: ______________________________________________________________________ Profa. Adriana de Azevedo Paiva Doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo ______________________________________________________________________ Profa. Ana Marlucia Oliveira Assis Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Federal da Bahia ______________________________________________________________________ Prof. Dixis Figueroa Pedraza Doutor em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco _____________________________________________________________________ Profa. Ilma Kruze Grande de Arruda Doutora em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco ______________________________________________________________________ Profa Patrícia Helen de Carvalho Rondó PHD em Saúde Pública pela University of London, Inglaterra Recife 2011 Aos meus pais, pelo exemplo de força, coragem, disciplina e respeito ao próximo. Ensinamentos importantes na minha vida e da minha irmã. À minha irmã, Renata, pela ajuda imprescindível nos diversos momentos da minha vida. A Alaíde, pelo importante papel que exerce na minha família. Ao meu marido, André, pela enorme paciência durante toda essa jornada. Ao meu filho, Arthur, por sempre me receber com um lindo sorriso mesmo após as longas horas que estive ausente para finalizar esse trabalho. AGRADECIMENTOS À Coordenação da Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco. Ao Prof. Alcides Diniz, um exemplo de competência e dedicação à pesquisa, pela orientação segura e precisa, condições essenciais para a elaboração deste trabalho. À Prof. Ilma Kruze, pelo carinho e apoio prestados durante esses longos anos. Uma amiga sempre presente em todos os momentos. Às amigas Luciana Andreto e Carmina Santos, pelo companheirismo compartilhado, no decorrer da coleta de dados, desde os momentos mais difíceis até os mais alegres. Não podendo esquecer as boas gargalhadas, verdadeiro bálsamo para os dias de “stress”. Às amigas Luciana Leal, Fátima Caminha e Juliana Oliveira, pelo grande apoio desde o processo seletivo e principalmente pelas anotações importantíssimas das aulas de Ximenes. A Poliana Cabral, pela dedicação e por todos os ensinamentos a mim proporcionados desde o início da minha carreira profissional. Ao Prof. José Natal Figueiroa pela enorme ajuda e paciência, deixando muitas vezes sua tese de lado para me explicar as análises dos dados desse trabalho. A todos do Insituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP, em especial Josefa Lira, carinhosamente conhecida por “Zefinha” e Daniela, por estarem sempre prontos para ajudar em todos os momentos. A todos os funcionários da Maternidade Bandeira Filho pela colaboração na execução da pesquisa. Aos professores e funcionários do Laboratório de Saúde Pública e do Laboratório de Nutrição Clínica, pela atenção que me dispensaram durante todo esse período. A todos do CIMICRON, pela receptividade e disponibilidade sempre que estive em João Pessoa. Aos amigos da minha turma do doutorado sempre presentes e prontos para colaborar, quando foi preciso. Às alunas de PIBIC Amália, Nathália, Ryane e Amanda, que ajudaram desde a construção dos formulários até a tabulação dos dados, com muito interesse e entusiasmo. Às alunas de enfermagem Lucicleide, Luana e Haiany, pela importante ajuda na coleta dos dados e pelo carinho dispensado às mães e crianças da pesquisa. Aos auxiliares de pesquisa Regina Lúcia, Thiago, Débora, Francicleide, Ilka e Isaura pela enorme colaboração na coleta dos dados. A Maria de Jesus Araújo por todo carinho e por seu “perfeccionismo”, qualidade importantíssima para finalização desse trabalho. Aos amigos Cecy Regina, Patrícia Teixeira, Ana Luíza, Ana Cláudia Paiva, Andrea Paiva e Anderson Leony, pelas importantes palavras de incentivo durante todo esse período. A Neci Nascimento e Cecília, secretárias da Pós-Graduação em Nutrição, pelas importantes informações e disponibilidade em sempre ajudar. A todas as mães que concordaram em participar dessa pesquisa e permitiram a participação dos seus filhos. A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a elaboração desta tese. É que é melhor tentar preocupar-se melhor e tentar, ver a ainda e falhar, vida passar; que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora que em conformidade viver ..." Martin Luther King louco, RESUMO A suplementação de puérperas com megadose de vitamina A no pós-parto imediato é uma estratégia no combate à hipovitaminose A e parece reduzir a morbi-mortalidade infantil. Entretanto, estudos têm mostrado que a suplementação materna com uma dose de 200.000 UI de vitamina A parece não assegurar níveis adequados de retinol no leite materno, soro e nas reservas hepáticas de recém-nascidos em aleitamento materno. Sendo assim, novos esquemas posológicos tem sido proposto a exemplo da megadose com 400.000 UI (protocolo IVACG). O objetivo desse estudo foi comparar o impacto da suplementação materna, no pós-parto imediato, com 400.000 UI vs 200.000UI de vitamina A na morbidade infantil. Foi realizado um ensaio clínico, randomizado, controlado e triplo cego, de base hospitalar em duas maternidades públicas da cidade do Recife, Nordeste do Brasil, no período de agosto de 2007 a junho de 2009. 276 pares de mãe-filho foram alocados em dois grupos de suplementação: 400.000 UI ou 200.000 UI de vitamina A. As concentrações de retinol dos RNs (cordão umbilical) e materna (venipuntura braquial) foram analisadas pela cromatografia líquida de alta resolução antes da randomização. A morbidade foi avaliada quinzenalmente através de questionários estruturado aplicados a cada consulta clínica e visita domiciliar durante os seis meses de vida da criança. Os resultados mostraram prevalência de 23,1% (IC95% 13,9 - 35,5) de baixas concentrações de retinol (< 0,70 µmol/L) nos RNs e de 23,0% (IC95% 13,5 – 35,8) de concentrações inadequadas (< 1,05µmol/L) nas mães. As taxas de incidência de febre (RT 0,92; IC95% 0,75-1,14), diarréia (RT 0,96; IC95% 0,72-1,28), otite (RT 0,94; IC95% 0,48-1,85), infecção respiratória (RT 1,03; IC95% 0,88-1,21), necessidade de rehidratação venosa (RT 2,08; IC95% 0,64-2,07) e uso de antibioticoterapia (RT 0,80; IC95% 0,43-1,47) não diferiram entre os 2 grupos de tratamento. Nossos resultados mostram alta prevalência de hipovitaminose A na criança ao nascer, entretanto, a ausência de redução significativa nos eventos de morbidade entre os grupos de tratamento não respaldam a proposta de incremento da megadose padrão existente no protocolo da OMS, para suplementação materna no pósparto imediato. Palavras-chaves: retinol sérico, suplementação de vitamina A, morbidade, crianças, ensaio clínico randomizado, Nordeste, Brasil. ABSTRACT Post-partum vitamin A supplementation is a strategy used to combat vitamin A deficiency and appears to reduce infant morbidity and mortality. However, studies have shown that a dose of 200,000 IU (following the WHO protocol) does not appear to assure adequate levels of or significant increases in retinol concentrations in maternal milk, serum or the newborn’s hepatic reserves. Therefore, the IVACG recommends that the post-partum dose should be raised to 400,000 IU. The objective of this study was to compare the impact on child morbidity in the first 6 months of life of post-partum maternal supplementation with 400,000 IU vs. 200,000 IU of vitamin A in a maternal feeding regime. This randomised, controlled, triple-blinded, hospital-based clinical trial was carried out at the two public maternity, are located in Recife, northeastern Brazil, over the period from August 2007 to June 2009. 276 mother-child pairs were assigned, through a simple randomisation process into two treatment groups: 400,000 IU or 200,000 IU of vitamin A. Before randomisation the serum retinol concentrations from the newborns (umbilical cord blood) and their mothers (brachial venipuncture) were analysed by high-performance liquid chromatography (HPLC). The morbidity data were collected through interviews in the clinical consultations or home visits at each 15 days using a structured questionnaire followed for over six months by the child. The result showed 23,1% (IC95% 13,9 - 35,5) with low serum retinol concentrations (< 0.70 µmol/L) in newborns and 23% (IC95% 13,5 – 35,8) inadequate levels (< 1,05 µmol/L) of the mothers. The rate ratio of fever (RR: 0.92; CI95%: 0.75-1.14), diarrhoea (RR: 0.96; CI95%: 0.72-1.28), otitis (RR: 0.94; CI95%: 0.48-1.85), acute respiratory infection (RR: 1.03; CI95%: 0.88-1.21), the need for intravenous rehydration (RR: 2.08; CI95%: 0.64-2.07) and the use of antibiotic therapy (RR: 0.80; CI95%: 0.43-1.47) did not differ between the two treatment groups. Our findings presented high prevalence VAD in the newborns, however the absence reduction of morbidity in children between the two treatment groupsdo not support the proposal at increase the standard vitamin A dose in the existing WHO protocol, to post partum maternal supplementation. Keywords: Serum retinol, vitamin A supplementation, morbidity, infants, randomised clinical trial, northeast Brazil,. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1. Características clínicas para definição de doenças na criança................................40 Quadro 2. Variáveis dependentes........................................................................................... 43 Quadro 3. Variáveis de controle ...........................................................................................44 Figura 1. Fluxograma da pesquisa.......................................................................................... 34 Figura 2. Consort Flowchart....................................................................................................37 Tabela 1 Valores da ingestão dietética de referência (DRI) para vitamina A em crianças gestantes e lactantes..................................................................................................................21 Tabela 2. Distribuição de perdas das crianças segundo o grupo de suplementação Recife-PE 2007/09......................................................................................................................................38 Tabela 3. Comparação das características das crianças seguidas no estudo com grupo das perdas de seguimento. Recife-PE, 2007/09................................................................................8 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AIDS - Síndrome de Imunodeficiência Adquirida AIG – peso adequado para idade gestacional CIMICRON- Centro de Investigações em Micronutrientes DVA – Deficiência de vitamina A FISI - Fundo do Socorro à Infância HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana HPLC – Cromatografia Líquida de Alta Resolução IC – Intervalo de Confiança IMC- Índice de Massa Corporal IMIP – Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira INAN – Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição IQ – Intervalo Interquartílico IRA – Infecção Respiratória Aguda IVACG - International Vitamin A Consultative Group MS – Ministério da Saúde OMS – Organização Mundial de Saúde RNs – Recém-Nascidos RT – Razão de Taxas SM – Salário Mínimo SUS – Sistema Único de Saúde UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO 13 2. REVISÃO DA LITERATURA 16 2.1 Aspectos Epidemiológicos da Hipovitaminose A 16 2.2 Metabolismo da Vitamina A 19 2.3. Funções e Recomendações de Vitamina A 20 2.4. Vitamina A na Gestação e Lactação 22 2.5. Hipovitaminose A e Morbimortalidade Infantil 23 2.6. Estratégias de Prevenção e Controle da Hipovitaminose A 24 2.7. Suplementação de Vitamina A Materna e Morbidade Infantil. 26 3. MÉTODOS 29 3.1. Desenho do Estudo 29 3.2. Amostragem 29 3.3. População e Local do Estudo 30 3.4. Seleção da Amostra 30 3.5. Coleta dos Dados. 31 3.6. Análise dos Dados 45 3.7. Viabilidade Financeira 45 3.8. Considerações Éticas 46 4. RESULTADOS 4.1. Concentrações de Retinol Sérico no Binômio Mãe/Filho de uma Maternidade 47 48 Pública de Recife, Nordeste, Brasil 4.2. Efeito da suplementação materna com 400.000 versus 200.000 UI de vitamina 64 A na morbidade infantil 5. COSIDERAÇÕES FINAIS 82 REFERÊNCIAS 84 APÊNDICES 96 ANEXOS 145 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 1. 13 APRESENTAÇÃO A deficiência de vitamina A vem sendo discutida na literatura como um dos principais problemas de nutrição nos países em desenvolvimento, sendo, no Brasil, um dos mais importantes na área da saúde pública. Estimativas recentes evidenciam que, aproximadamente 190 milhões de crianças em idade pré-escolar e 90 milhões de gestantes apresentam deficiência de vitamina A (DVA) no mundo (WHO, 2009). Embora a atenção maior tenha sido dada às manifestações oculares, desde os anos 80, estudos demonstram relação entre a deficiência de vitamina A e a morbimortalidade em crianças jovens nos países em desenvolvimento (SOMMER et al., 1983; COHEN et al., 1986; DE SOLE et al., 1987). Alguns estudos mostraram associação entre os baixos níveis de retinol sérico com as diarréias e as infecções respiratórias agudas (BÜYÜKGEBIZ et al, 1990; EL-BUSHRA et al., 1992; SALAZAR-LINDO et al., 1993); e que a suplementação da vitamina A em crianças, além de reduzir a severidade das diarréias (HUMPHREY, et al. 1996; ASSIS, BARRETO, 2002) e o tempo de internamento das crianças com infecção respiratória (JULIEN, et al. 1999), também promove redução na taxa de mortalidade de 30 a 23% em crianças menores de cinco anos de idade de alguns países (BENN, et al. 2005). A suplementação de vitamina A iniciou no Brasil a partir de 1983 quando o Ministério da Saúde (MS) através do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), distribuiu cápsulas de vitamina A associadas à vacina antipólio para pré-escolares. A distribuição desse micronutriente integrada ao programa de imunização foi um dos mecanismos propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo International Vitamin A Consultative Group (IVACG) para tornar combater à deficiência da vitamina A (WHO, 1994). Além da suplementação de vitamina A de crianças de 6 a 59 meses de idade, esta suplementação se estendeu às mulheres nos pós-parto imediato, devendo ser ministrada antes da alta hospitalar (BRASIL, 2004), como forma de atender às necessidades do lactente por meio do leite materno. Apesar do estado nutricional da vitamina A ser marginal na maioria dos recémnascidos, a prevenção da sua deficiência parece ser assegurada pelo aleitamento materno, tendo-se como pressuposto que as concentrações de retinol estejam adequadas neste alimento (MILLER et al. 2002). Entretanto, mulheres em países em desenvolvimento têm uma média de ingestão diária de vitamina A menor do que a 50% do recomendado pela Recommended FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 14 Dietary Allowance (FOOD AND NUTRITION BOARD, 1989) e, uma média de concentrações de retinol sérico em torno de 70%, comparadas com mulheres dos países desenvolvidos (NEWMAN, 1993). Nessa situação, mesmo os recém-nascidos em aleitamento exclusivo podem não estar devidamente protegidos da deficiência de vitamina A. Estudo multicêntrico, realizado em Ghana, Índia e Peru, mostrou que suplementação materna com apenas uma única megadose de vitamina A (200.000 UI), recomendada pelo Ministério da Saúde, parece não assegurar níveis adequados ou mesmo não aumentar as concentrações de retinol no leite materno, nem no soro e nas reservas hepáticas de recémnascidos amamentados por essas nutrizes (WHO/CDH, 1998). Portanto, a carência de vitamina A pode estar presente nas formas marginais nas crianças com aleitamento materno exclusivo de mães suplementadas com 200.000 UI de vitamina A podendo esta condição estar ligada a maior risco de morbimortalidade dessas crianças nos seis primeiros meses de vida. Tomando como base esses resultados, o IVACG tem endossado a recomendação (DE BENOIST et al., 2001) da suplementação de 400.000 UI de vitamina A no post partum fracionada em 2 doses, entretanto, ainda são escassos os estudos que avaliam esta intervenção e seus potenciais efeitos benéficos nas crianças nos seis primeiros meses de vida. Diante desse contexto, como se encontram as concentrações de retinol do cordão umbilical nas crianças ao nascer? A suplementação de puérperas com 400.000 UI de vitamina A promove maior redução no surgimento e/ou gravidade de episódios de morbidade (diarréia, infecção respiratória aguda) nas crianças em aleitamento materno durantes os 6 primeiros meses de vida em relação aos filhos de puérperas suplementadas com 200.000 UI ?. Desta forma o presente trabalho tem como objetivos: Comparar o efeito da suplementação materna com 400.000 UI de vitamina A (proposta pelo IVACG) versus 200.000 UI (protocolo da OMS), no surgimento de morbidades (diarréia, otite e infecção respiratória aguda) em crianças menores de 6 meses de idade; Caracterizar a população do estudo segundo as variáveis socioeconômicas, demográficas e obstétricas; Avaliar os níveis de retinol no cordão umbilical dos recém-nascidos e estimar o impacto da suplementação materna com 400.000 UI VS 200.000 UI na duração de sinais e sintomas de morbidade (febre e diarréia) e na gravidade da doença (uso de antibióticos, tempo de hospitalização e uso de rehidrataçaõ oral), nos seis primeiros meses de vida. Para tais fins, foram utilizados os dados primários da pesquisa “Impacto da suplementação materna com dupla megadose de vitamina A no post partum imediato sobre o estado nutricional de vitamina A e ferro no binômio mãe-filho e no crescimento e morbidade das crianças menores de 6 meses em aleitamento materno”, realizado no Instituto de Medicina FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 15 Integral Prof. Fernando Figueira e Maternidade Bandeira Filho no período de agosto de 2007 à junho de 2009. Dos resultados dessa pesquisa foram elaborados os seguintes artigos: o primeiro intitula-se: “Concentrações de Retinol Sérico no Binômio Mãe/Filho de uma Maternidade Pública de Recife-PE”, enviado para publicação na Revista Journal of Health, Population and Nutrition (aviso de recebimento - Anexo A) cujas respectivas normas estão no Anexo B. Nele se descreve a prevalência de hipovitaminose A e condições sócio-econômicas do binômio mãe/filho assistidos na maternidade do IMIP. O segundo artigo intitulado “Efeito da suplementação materna com 400.000 UI versus 200.000 UI de vitamina A na morbidade infantil” compara o quadro de morbidade das crianças acompanhadas na puericultura do IMIP segundo os dois grupos de suplementação das mães com megadose de vitamina A. Este artigo foi enviado para publicação na Pediatrics (aviso de recebimento - Anexo C), cujas normas estão detalhadas no Anexo D. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 2 2. 1 16 REVISÃO DA LITERATURA Aspectos Epidemiológicos da Hipovitaminose A A deficiência de vitamina A (DVA), clínica ou subclínica, tem abrangente distribuição geográfica, especialmente, nos países em desenvolvimento. A Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou 73 países onde essa carência nutricional em crianças menores de cinco anos, entre 1995 e 2005, e classificada como problema grave de saúde e em 49 esta deficiência é considerada problema moderado, inclusive o Brasil. A deficiência, principalmente com manifestações clínicas incapacitantes, é registrada na Ásia Meridional e em boa parte do continente africano (WHO, 2009). Atualmente, cerca de 190 milhões de crianças em idade pré-escolar e 19,1 milhões de gestantes apresentam deficiência de vitamina A (DVA) no mundo. Para o Brasil a estimativa é de que 13,3% das crianças são afetadas por essa carência nutricional (WHO, 2009). Prevalência similiar (17,4 %) foi encontrada pela Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS 2006) realizada com crianças de 6 a 59 meses, sendo o Nordeste e Sudeste do País as regiões mais afetadas (BRASIL, 2008). Nos últimos 10 anos, revisões de literatura já indicavam que a DVA constituía-se num problema de saúde em várias regiões do País, atingindo principalmente os pré-escolares. (DINIZ, SANTOS, 2000; SANTOS, 2002; RAMALHO, FLORES, SAUNDERS, 2002; GERALDO et al., 2003). Os primeiros relatos de deficiência de vitamina A no País datam de 1864, quando o médico brasileiro Manuel da Gama Lobo descreveu a ocorrência das lesões oculares típicas dessa carência nutricional em crianças escravas no Rio de Janeiro. Tais lesões estariam relacionadas a erros na alimentação (GAMA LOBO, 1865 apud VASCONCELOS, SANTOS, 2007). Na década de 60, estudo realizado em Florianópolis registrou (1963 - 1965) 64 casos de crianças com xeroftalmia corneal, em crianças e 80% delas referiam ingestão de leite desnatado, não fortificado, doado pelo Fundo do Socorro à Infância (FISI), hoje conhecido como Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) (PEREIRA et al.,1966). Posteriormente, inquérito dietético, bioquímico e clínico de vitamina A realizado em 9 comunidades de São Paulo, no período de 1969 – 1973, mostrou prevalência de 5,6% de deficiência (< 0,35 µmol/L) e de 18,9% de baixos níveis de retinol sérico (< 0,70 µmol/L), FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 17 sendo os pré-escolares o grupo populacional mais atingido (RONCADA et al.,1981). Já na região metropolitana de São Paulo, a prevalência de níveis inadequados desse micronutriente (< 0,70 µmol/L) foi de 30,2 % em menores de cinco anos de idade (RONCADA et al., 1984). Estudo realizado no Vale do Jequitinhonha-MG, região do País considerada endêmica em DVA, identificou sinais clínicos da deficiência desse micronutriente nas crianças avaliadas ultrapassando os níveis críticos adotados pela OMS para a carência ser considerada problema de saúde pública (ARAÚJO, et al. 1986). Atualmente, o problema nessa região ainda persiste. Estudo realizado nos municípios de Novo Cruzeiro e Francisco Badaró com crianças de 6 a 71 meses, identificou prevalências de hipovitaminose A de 11,5 e 18,2% respectivamente, e observou maior chance de desenvolvimento dessa carência nas crianças menores de 2 anos e de menor estatura (TEIXEIRA, 2010). Em Campinas-SP, estudo envolvendo crianças de três a dez anos de idade, em 18 comunidades de baixas condições socioeconômicas, estimou prevalência de 6,9% de níveis séricos de retinol < 0,70 µmol/L nos pré-escolares (GONÇALVES-CARVALHO et al., 1995). Nesta mesma cidade, foi realizado estudo caso-controle com 712 pares de mãe/filho para investigar a associação entre os níveis de vitamina A maternos e no cordão umbilical de recém-nascidos com retardo do crescimento intra-uterino e peso adequado para idade gestacional (AIG), e foi observada prevalência de 14,6% de baixos níveis de retinol nos recém-nascidos AIG (RONDÓ et al., 1997) No Rio de janeiro, estudo realizado no período de 1995-1996 em 2 maternidades públicas identificou prevalência de 26,5 % de níveis baixos de retinol (< 0,70 µmol/L) no sangue do cordão umbilical de recém-nascidos (RAMALHO et al., 1998). Posteriormente, foi avaliado o sangue do cordão umbilical de 286 recém-nascidos de uma maternidade escola no mesmo município apresentando prevalência de 28,0% de deficiência de vitamina A (< 0,70 µmol/L) (RAMALHO et al., 2006). Entretanto, o problema carencial foi melhor caracterizado na região Nordeste. De uma forma geral, os estudos caracterizaram a hipovitaminose A no Nordeste como importante problema de saúde pública de moderado a grave, principalmente na região semi-árida (SANTOS et al., 1996). Estudo clínico-nutricional realizado no Estado da Paraíba, 1981-2, envolvendo as três mesorregiões bio-climáticas do Estado, demonstrou uma prevalência significativamente elevada de manchas de Bitot e cicatrizes corneais na mesorregião do sertão, principalmente, no período da entressafra (SANTOS et al.,1983). Manifestações clínicas de xeroftalmia moderada, bem como seqüelas cicatriciais, foram também documentadas na Paraíba em crianças de 2 a 28 meses de idade, em anos FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 18 subseqüentes, sobretudo na seca prolongada de 1981 a 1984 (ARAÚJO, et al.,1984; DRICOT D`ANS et al.,1988). Em 1986, evidências de xeroftalmia também foram observadas no Rio Grande do Norte (MARIATH et al.,1989). Estudos realizados nos Estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia, nos anos de 1987-1991, mostraram prevalências de 35,5%, 16,0%, 34,1% e 55,1%, respectivamente, de níveis séricos de retinol abaixo de 0,70µmol/L em crianças pré-escolares (McAULLIFE et al., 1991). Foi também relatada a ocorrência, em 1989, de elevada prevalência de níveis séricos de retinol inadequados e de baixo consumo de alimentos fonte de vitamina A, em áreas urbanas do semi-árido baiano (SANTOS et al.,1996). No Estado de Pernambuco, evidências clínicas (KELNER, 1966) e, sobretudo, bioquímicas da hipovitaminose A tem sido documentadas a partir da década de 70, tanto pela determinação das concentrações hepáticas (FLORES, ARAÚJO, 1984), quanto dos níveis séricos de retinol (GOMES et al., 1970; BATISTA FILHO et al., 1973; BATISTA FILHO, TORRES, 1982). Estudo realizado na cidade do Recife, em crianças menores de 7 anos, mostrou elevado número de xerose cutânea e conjuntival, principalmente na faixa etária de 3 a 7 anos (SOBREIRA, 1987). Posteriormente, foi observado baixo consumo alimentar de vitamina A e níveis baixos de retinol sérico em mais de 30,0 % dos pré-escolares de uma cidade do agreste pernambucano (FLORES et al., 1988). Na década seguinte, os dados da II Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição – Pernambuco (II PESN/97), já indicava prevalência de 16,0 % no Estado em crianças menores de cinco anos e 12,2 % na Região Metropolitana do Recife (ANDRADE, 2000). Em Recife, a prevalência de DVA nas crianças de 6 a 59 meses de creches públicas foi de 7,0 % em 1999 (FERNANDES et al., 2005) e 7,7% em 2007 (AZEVEDO et al., 2010), entretanto, deve-se considerar que essas pesquisas foram realizadas com crianças institucionalizadas o que possivelmente contribui para um melhor estado nutricional devido a maior regularidade na alimentação. Em Teresina-PI foi observado prevalência 15,4 % de concentrações de retinol < 0,70 µmol/L em crianças de 36 a 83 meses de idade matriculadas em creches comunitárias da cidade (PAIVA et al., 2006) e associação positiva desses níveis com a idade da criança, escolaridade materna, a renda per capita e suplementação prévia de vitamina A. Atualmente, percebe-se redução nos relatos de sinais clínicos dessa carência nutricional, entretanto, a DVA subclínica ainda é motivo de preocupação. Estudo realizado em Sergipe, envolvendo 607 crianças de 6 a 60 meses de idade encontrou prevalência de deficiência de vitamina A de 32,1%, no qual 22,5% dos pré-escolares apresentaram níveis séricos de retinol considerados baixos (0,35 a 0,69 µmol/L) e 9,6% deficientes (< 0,35 µmol/L) (MARTINS et al, 2004). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 19 Já o estudo realizado na região semi-árida de Alagoas com 652 crianças menores de cinco anos identificou uma prevalência de 44,9% de hipovitaminose A nessa população e 44,8 % nas crianças menores de 12 meses (VASCONCELOS, FERREIRA, 2009), configurando problema grave de saúde nessa região. 2.2. Metabolismo da Vitamina A A vitamina A foi a primeira vitamina a ser identificada, no início do século passado, simultaneamente, por Osborne e Mendel e por Mc Collum e Davis, sendo denominada de “fator dietético não-identificado lipossolúvel A” (RONCADA, 1998). Nos alimentos, a vitamina A se apresenta sob duas formas: a vitamina A pré-formada (ésteres de retinil), de origem animal, tendo o fígado, leite e derivados, gema de ovo como principais fontes; e a pró-vitamina A (β-caroteno e carotenóides de atividade pró-vitamina A), de origem vegetal, dentre os quais, destacam-se os legumes e frutas de cor amarelo-alaranjada e as folhas de cor verde-escura (EL BEITUNE, et al. 2003). Os carotenóides, diferentemente do retinol, apresentam-se em estruturas complexas que dificultam o processo de digestão e absorção destes no intestino (FAO/WHO, 2001). Dentre os carotenóides o β-caroteno é o de maior atividade biológica in vivo. Estima-se que em países em desenvolvimento 82% da vitamina A da dieta são provenientes desse nutriente (SIMPSON, 1983). Na digestão, os ésteres de retinil e os vários carotenóides sofrem ação de enzimas proteolíticas no estômago e separam-se dos alimentos sendo agregados em glóbulos junto a outros lipídeos da dieta (OLSON, 1987). Todos os ésteres de retinil são enzimaticamente convertidos a retinol na luz intestinal antes da absorção pelos enterócitos; já os carotenóides são parcialmente convertidos em retinol ao nível do enterócito, no qual ambos são melhores absorvidos na porção mais alta do intestino (GOODMAN, 1984). Após ser reduzido a retinol, o composto é transportado pelos quilomicrons via linfática para rins, músculos e principalmente para o fígado. Uma pequena quantidade de β-caroteno não sofre nenhuma hidrólise e chega ao fígado via canal torácico e pela circulação geral (AMÉDEE-MANESME, DEMAEYER, 1989). No momento da mobilização do fígado, o retinol é acoplado à proteína fixadora de retinol (RBP) e é transportada a tecidos determinados num complexo com as préalbuminas séricas (COMBS, 2002). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 20 No processo de absorção dos carotenóides e retinol algumas características devem ser consideradas devido suas implicações nutricionais, dentre elas: o percentual de absorção do retinol de 70 - 90%, enquanto o dos carotenóides situa-se numa faixa de 20 - 50% em humanos (BLOMHOFF et al., 1992); o retinol é mais eficientemente absorvido do que os carotenóides e à medida que a quantidade ingerida aumenta, a eficiência na absorção do retinol continua alta (60 - 80%), enquanto que a dos carotenóides cai acentuadamente, situando-se em patamares inferiores a 10% (OLSON, 1972); A absorção de retinol dispensa a presença de sais biliares (BLOMHOFF et al., 1994) enquanto que os carotenóides dependem destes e necessitam de uma dieta rica em gordura para serem absorvidos (PRINCE, FRISOLI, 1993). Além disso, os carotenóides também podem ser afetados pelo efeito das condições de preparação, processamento e armazenamento dos alimentos (RODRIGUEZ-AMAYA, 1997). Outros fatores parecem afetar a absorção de vitamina A, tais como, as parasitoses intestinais, as diarréias (SOMMER, 1995) e a desnutrição calórico-protéica grave, por inibir a absorção, liberação e transporte desta vitamina (MANDANI, ROSS, 1988). Quase todo retinol absorvido é armazenado nas células do parênquima hepático, o que corresponde a 90% da reserva de vitamina A do organismo; os 10% restantes são distribuídos pelas células do sangue, medula óssea, tecido adiposo e baço (GOODMAN, 1984). 2.3. Funções e Recomendações de Vitamina A A vitamina A desempenha diversas funções no organismo, destacam-se as relacionadas à visão, ao crescimento, ao desenvolvimento, às funções imunológicas e à reprodução. O papel da vitamina no ciclo visual sempre foi descrito por sua importância nesse sistema. O retinol ao combinar-se com a proteína opsina forma a rodopsina nos bastonetes da retina do olho e estes por sua vez têm a função de permitir a adaptação ao escuro (WOLF, 2001). Sendo assim, a deficiência desse micronutriente pode levar a cegueira noturna. Além disso, na carência dessa vitamina as células produtoras de queratina irão substituir as células produtoras de muco em muitos tecidos epiteliais do corpo humano, resultando na xerose que leva à secura da córnea e da conjuntiva ocular (WOLF, 2001). As concentrações adequadas de retinol têm sido associadas à resistência orgânica contra as infecções. Esse micronutriente favorece a fagocitose e aumenta a expressão de FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... receptores de interleucina 1 em suas células precusoras (GARBER, 21 BURCK, HAMMELLING, 1992). Adicionalmente, essa deficiência associa-se à piora do controle da infecção por micobacteriose em seres humanos (OLSON, 1999). A deficiência grave de vitamina A e o excesso de retinol têm apresentado relação com a malformação do embrião. Este estaria susceptível às influências teratogênicas no início da gestação (1° trimestre) (GESTER, 1997). Embora, esses efeitos tenham sido primeiramente descritos em animais (HAYES et al., 1983), há evidências que a suplementação diária de vitamina A pré-formada (25.000 UI) na gestação esteja associada com anomalias do aparelho urinário (OMS, 2001). Os requerimentos de vitamina A são, provavelmente, mais elevados nos países em desenvolvimento, em razão da estrutura demográfica mais jovem, que nos países industrializados (FAO/OMS, 1991). As necessidades nutricionais desse micronutriente estão bem estabelecidas para os humanos, levando-se em consideração as diferentes classes de idade e sexo, sendo a ingestão dietética de referência (IDR) - Dietary Reference Intakes (DRI) - o instrumento utilizado na avaliação de adequação dietética individual e coletiva. Os componentes dessa referência são utilizados para avaliação da ingestão dos nutrientes de indivíduos e grupos considerando a necessidade média estimada (EAR), sendo definida como o valor de ingestão diária de um nutriente para que metade dos indivíduos saudáveis tenha sua necessidade suprida. A recomendação dietética diária (RDA) que equivale à cobertura das necessidades de 97 a 98% dos indivíduos saudáveis de certo grupo de mesmo gênero e estágio de vida e os níveis de ingestão máxima tolerada (UL), considerandoos como limites para o risco de ingestão excessiva (COZZOLINO, COLI, 2001). Atualmente, a Food and Nutrition Board (2001) preconiza ingestão adequada (AI) de 400µg de retinol por dia para crianças de 0 a 6 meses de idade visto que ainda não se encontra estabelecido a RDA para essa faixa etária. Segue abaixo a tabela com as recomendações de vitamina A para gestantes, lactentes e lactantes. Tabela 1- Valores da ingestão dietética de referência (DRI) para vitamina A em crianças gestantes e lactantes. Faixa etária RDA µg/d * EAR µg/d* AI µg/d* UL µg/d 0-6 meses Não estabelecida 400 600 7-12 meses Não estabelecida 500 600 Gestantes 770 550 3000 Lactantes 1300 900 3000 * Como equivalente de atividade de retinol (RAE). 1 RAE = 1 mg retinol, 12 mg beta-caroteno, 24 mg alfacaroteno ou 24 mg beta-criptoxantina. O RAE para a pró-vitamina A é duas vezes maior que o retinol equivalente (RE), enquanto que o RAE para a vitamina A pré-formada é o mesmo que o RE. Fonte: National Academy of Science, 2004 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 22 2.4. Vitamina A na Gestação e Lactação O metabolismo da vitamina A ainda não está bem definido na gestação, bem como os mecanismos de transferência do retinol para o feto e lactente, através da placenta e do aleitamento materno, respectivamente (BLOMHOFF et al., 1992). Sabe-se que esta passa para o feto por difusão simples, ligada a um complexo protéico envolvendo duas proteínas, a préalbumina (transtirretina -TTR) e a RBP (DANCIS et al, 1992). Durante a gravidez o processo de transferência de vitamina A por meio da placenta ocorre de maneira limitada mesmo considerando que a quantidade de retinol transferida para o feto se mantém constante durante a gestação. Ainda assim, a placenta assegura adequado suprimento de vitamina A nesse período, devido a capacidade adaptativa placentária para variações na ingestão materna de vitamina A, exceto em situações extremas de ingestão excessiva ou baixa (STOLTZFUS, UNDERWOOD, 1995). Pequena quantidade da vitamina A é transferida para o feto na gestação, logo, pode-se supor que mesmo os recém-nascidos de mulheres bem-nutridas nasçam com baixas reservas hepáticas de vitamina A (STOLTZFUS, UNDERWOD, 1995). A baixa reserva hepática materna, a mobilização de vitamina A para transferência transplacentária, o prejuízo no transporte do retinol pela redução na síntese de RBP e a inadequação do estado nutricional materno são fatores que interferem nos níveis séricos de retinol da criança e conseqüentemente na biodisponibilidade para o feto. Além disso, as proteínas, lipídeos e zinco, também estão envolvidos na metabolização normal da vitamina A (UNDERWOOD, 1994). Considerando que as reservas de vitamina A são baixas ao nascimento, o aleitamento materno pode aumentar essas reservas dos lactentes, principalmente, com o oferecimento do colostro que é bastante rico nesse micronutriente. Concentrações adequadas também são encontradas nos leites de transição e maduro. No período da lactação a transferência de vitamina A é cerca de 60 vezes maior do que o período gestacional, o leite materno chega a contribuir com 80,0% dos requerimentos de vitamina A até o final do segundo ano de vida (STOLTZFUS, UNDERWOD, 1995). Por outro lado, a ingestão materna de vitamina A está intimamente relacionada com o teor deste nutriente no leite materno, sendo assim, lactentes de nutriz com dieta pobre em vitamina A, terão maior chance de desenvolver carência subclínica e xeroftalmia em torno de seis meses de vida, efeito similar pode ocorrer com o desmame FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 23 precoce (MILLER et al., 2002; NEWMAN, 1993; UNDERWOOD, 1994). 2.5. Hipovitaminose A e Morbimortalidade Embora a atenção maior tenha sido dada às manifestações oculares decorrentes da deficiência de vitamina A, muitos estudos vêm observando, desde os anos 80, relação entre essa deficiência e o aumento da morbimortalidade em pré-escolares nos países em desenvolvimento (SOMMER et al.,1983; COHEN et al.,1986; De SOLE et al.,1987). No início da década de 90, investigação envolvendo 117 crianças com idades de 6 meses e 6 anos de idade em zona peri-urbana de Ankara, mostrou níveis de vitamina A mais baixos nas crianças que apresentavam diarréia persistente e infecções respiratórias agudas do que no grupo controle (BÜYÜKGEBIZ et al., 1990). No Sudão, estudo realizado com menores de cinco anos registrou que as crianças suplementadas apresentaram menor incidência de diarréia (EL-BUSHRA et al., 1992) Já no Peru, observou-se entre as crianças de 6 a 18 meses admitidas em hospital de Lima com diarréia níveis baixos de retinol em relação ao grupo controle (SALAZAR-LINDO et al., 1993). Desde então a deficiência de vitamina A vem sendo associada, mesmo na sua forma moderada, ao aumento da gravidade de doenças infecciosas particularmente sarampo e diarréia, da anemia ferropriva e ao retardo do crescimento pondo-estatural (SOMMER, 1998). Por outro lado, estudos têm mostrado que a deficiência desse micronutriente também estaria relacionada ao aumento da ocorrência e duração da infecção respiratória aguda. Estudo comparativo com três grupos de crianças de acordo com status de vitamina A, mostrou que havia um aumento de aderência bacteriana às células epiteliais da mucosa respiratória nas crianças com deficiência de vitamina A (< 0,70 µmol/L), em relação ao grupo controle (CHANDRA, 1988). Humprey et al. (1996) observaram redução na prevalência e na severidade de infecção respiratória em crianças jovens que receberam suplementação de vitamina A. Enquanto Julien et al. (1999) encontraram redução estatisticamente significante na duração do internamento de crianças, com infecção respiratória aguda após suplementação com vitamina A. Estudos realizados em Gana (ROSS et al., 1993) e no Brasil (BARRETO et al., 1994) tem indicado que a suplementação de vitamina A reduz a severidade das infecções, reforçando essas evidências. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 24 Estudo tem relatado a interferência das parasitoses intestinais na absorção da vitamina A (SOMMER, 1995). A infecção com ascaridíase e giárdia em populações onde a ingestão de vitamina A e seus precursores são deficientes contribui de forma importante para a deficiência clínica de vitamina A. Crianças com ascaridíase tendem a uma elevada incidência de sinais oculares devido à DVA (SOUZA, VILAS BOAS, 2002). Além desses a leishmaniose visceral também tem sido descrita em crianças com menores concentrações de retinol sérico (LUZ et al, 2001). Quanto à associação entre deficiência de vitamina A e mortalidade infantil, em três estudos realizados em crianças hospitalizadas com sarampo, que receberam suplementação com vitamina A, foi observado redução na taxa de mortalidade em até 60% (WHO,1988). No Sudão, crianças de 6 a 72 meses foi avaliada a associação do consumo de vitamina A e mortalidade e observou-se que o componente dietético mostrou-se especialmente protetor nas crianças com desnutrição aguda e/ou crônica, ou que apresentavam diarréia ou tosse (FAWZI et al., 1994). Entretanto, Guilermo-Herrera et al. (1992) não observaram redução do risco de mortalidade em crianças Sudanesas suplementadas com vitamina A. Outro estudo que realizou suplementação de vitamina A (200.000 UI) em crianças da Tanzânia com pneumonia mostrou apena maior taxa de respiração rápida no grupo placebo em relação ao suplementado, e, nenhum outro efeito benéfico foi evidenciado nesse estudo (FAWZI et al., 1998). Em virtude das controvérsias, quatro meta-análises foram desenvolvidas na década de 90 e apontaram para um efeito protetor da vitamina A na redução de taxa de mortalidade infantil. Para Beaton et al. (1994), a suplementação com este micronutriente reduziu a mortalidade infantil em 23%, Fawzi et al. (1993) e Glasziou e Mackerias (1993) encontraram redução de 30%, enquanto Tonascia (1993) observou uma redução de 34%. Mais recentemente, estudo tem mostrado variação na redução na taxa de mortalidade infantil de 23 a 30% (BENN, 2005). 2.6. Estratégias de Prevenção da Hipovitaminose A Desde 1980 que a OMS/UNICEF propõem estratégias para prevenir a hipovitaminose A em três níveis de atuação: A curto prazo, por meio da suplementação de crianças de 6 -59 meses de idade com doses maciças de vitamina A como medida emergencial; A médio prazo, FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 25 com o enriquecimento de alimentos com vitamina A e a longo prazo, com a mudança nos hábitos alimentares das famílias e a diversificação dietética como solução definitiva (SUCUPIRA, ZUCOLLOTT, 1988). Embora a ingestão de alimentos fontes desse nutriente tem sido vislumbrada como importante fator no combate a DVA, as mudanças de hábitos alimentares e o tabu para alguns alimentos fonte de vitamina A vem sendo apontado como um dos principais problemas enfrentados na prevenção dessa carência nutricional (SOUZA, VILAS BOAS, 2002). A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), discutiram na Conferência Internacional de Nutrição realizada em Roma (1992), a necessidade de instituir programas de prevenção da deficiência de vitamina A, anteriormente definidas, nos locais onde havia relatos desta carência (FAO, 1992). A suplementação com megadoses de vitamina A em crianças já vinha sendo realizada no País desde 1983, o Ministério da Saúde, com o Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), administrou cápsulas de vitamina A para pré-escolares durante as campanhas de vacinação anti-pólio. A distribuição desse micronutriente integrada ao programa de imunização foi um dos mecanismos propostos pela OMS e pelo International Vitamin A Consultative Group (IVACG) para tornar eficiente o combate à deficiência da vitamina A (WHO/IVACG, 1993). Entretanto, apenas em 29 de dezembro de 1994, a Portaria no 2.160 do Ministério da Saúde, instituiu o Programa de Combate à Deficiência de Vitamina A e, a partir de então, a distribuição de megadoses a pré-escolares intensificou-se (BRASIL, 1994). O programa da suplementação com megadose de vitamina A é destinado às crianças de 6 a 59 meses de idade para toda a região Nordeste, em Minas Gerais (região norte Vale do Jequitinhonha) e São Paulo (Vale do Ribeira) (BRASIL, 2005). A criança recebe uma dose de 100.000UI (6 a 12 meses) e 200.000UI (maiores de 1 ano) da vitamina a cada seis meses para garantir adequação da reserva corporal. Desde 2001, o programa foi ampliado para atendimento às puérperas no pós-parto imediato. Essas mulheres recebem uma dose de vitamina A de 200.000 UI ainda na maternidade, antes da alta hospitalar. Esta dosagem assegura disponibilidade adequada de vitamina A para a criança nos seus primeiros meses de vida e evita o risco de teratogenicidade ao feto caso haja uma nova gravidez em curso (BRASIL, 2004). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 26 Apesar dos programas de distribuição de doses maciças de vitamina A apresentarem bons resultados, para alguns autores com o tempo estes podem tornar-se ineficazes, pois dependem essencialmente da vontade política e da participação ativa da comunidade (CHAGAS et al., 2003). Além disso, visto que a diversificação dietética é uma medida de longo prazo e difícil de ser instituída, pois consiste na mudança de hábitos alimentares, o enriquecimento de alimentos é visto como uma estratégia promissora. Na década passada, foi descrita uma pré-mistura que incorpora vitamina A aos grãos de arroz reconstituídos. Os testes preliminares confirmaram que a vitamina A na pré-mistura é suficientemente estável ao armazenamento e a cocção para quaisquer fins práticos (FLORES et al, 1994). Apesar disso, o enriquecimento de alimentos de largo consumo no País com esse micronutriente, ainda não foi adotado pelo governo como forma de combate a essa carência nutricional. 2.7. Suplementação de vitamina A Materna e Morbimortalidade Infantil A suplementação materna com megadose de vitamina A é uma estratégia importante para melhorar as reservas hepáticas dos recém-nascidos. Como apenas uma pequena quantidade dessa vitamina é transferida ao feto na gestação, levando a baixos estoques ao nascer, as crianças dependem da disponibilidade desta vitamina no leite materno para acumular e manter adequado nível orgânico até que os alimentos complementares forneçam expressivas quantidades adicionais desse nutriente (WHO, 1996). Alguns estudos têm avaliado os efeitos dessa suplementação no leite materno, nas concentrações de retinol sérico das crianças e na redução de eventos de morbidade infantil. Roy et al, (1997) suplementaram mães do Bangladeste com 200.000 UI de vitamina A e encontraram menor número de dias de infecção do trato respiratório nas crianças das mulheres suplementadas e menor média de episódios de febre (0,1) em relação as crianças de mulheres não suplementadas (0,3) (p < 0.002). Basu et al. (2003) suplementaram mães no pós-parto com mesma dose de vitamina A, de Calcutá, Índia, e observaram redução significante nos número e duração de diarréia, infecção respiratória aguda e menor número de FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 27 episódios de doenças febris nos filhos das mulheres suplementadas em relação as não suplementadas. Outro estudo realizado em Ghana, Índia e Peru, com 2990 pares de mãe/filho, suplementaram as mães no pós-parto com 200.000 UI e as crianças com três doses de 25.000 UI nas campanhas de vacinação com 2, 3 e 4 meses de idade. Não foi encontrada redução significante nos eventos de tosse, infecção respiratória e diarréias das crianças entre os grupos de vitamina A e placebo. Também não houve diferença entre os grupos em relação a mortalidade das crianças até o 9° mês de vida, entretanto, observou-se um decréscimo nos óbitos das crianças suplementadas a partir desta idade (WHO, 1998). Venkataro et al.,(1996) analisaram o impacto da suplementação materna com 300.000 UI de vitamina A na morbidade por diarréia e infecção respiratória, tanto nos primeiros seis meses de vida da criança, nos seis meses subseqüentes, quando as crianças também foram suplementadas. Os resultados evidenciaram que a incidência de no mínimo um episódio de diarréia foi de 70.5% e 65.3% e de infecção respiratória de 86.3% e 86.5%, respectivamente nos grupos de suplementados e placebo. A média de episódios de diarréia foi de 1,4 e 1,3 e de infecção respiratória foi de 2,8 e 2,6, enquanto que o número de dias foi de 8 e 7 para diarréia e 17 e 16 para infecção respiratória. Os achados nos seis meses seguintes, após suplementação da criança também não apresentaram redução nos eventos de morbidade nos diferentes grupos de tratamento (p > 0,2). Estima-se que a suplementação materna com megadose de 200.000 UI vitamina A não mantenha os níveis adequado desse nutriente até o sexto mês de vida (BHASKARAM et al., 1998; BAHL et al., 2002; BASU et al., 2003) período que a criança começará a ser suplementada. Portanto, o IVACG tem recomendado uma suplementação materna com 400.000 UI fracionada em duas doses como forma de garantir um aporte de vitamina A durante todo o período de lactação (DE BENOIST et al., 2001). Idindili et al., (2007) realizaram estudo na Tanzânia, e suplementaram puérperas em dois momentos: no pós-parto imediato (200.000 UI) e um mês após o parto (placebo ou 200.000 UI); e as crianças foram suplementadas nos primeiros três meses de vida com 50.000 UI ou 25.000 UI de vitamina A. Estes pesquisadores verificaram redução no número de episódios de febre no 1 mês de vida no grupo de crianças de mães suplementadas com 400.000 UI, entretanto essa redução não mais foi observada nos meses subseqüentes. Darboe et al.,(2007) realizaram estudo em Gâmbia e suplementaram mulheres no parto com 200.000 UI de vitamina A e com 1 semana após o parto com 200.000 UI ou placebo. E as crianças com 2, 3 e 4 meses de vida receberam 50.000 UI ou placebo e aos 9 e 12 meses FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 28 com 100.000 UI e 200.000 UI, respectivamente em ambos os grupos. Neste estudo, também não foi observado nenhum impacto positivo substancial da suplementação de 400.000 UI sobre a morbidade das crianças em relação ao grupo de 200.000 UI. Além disso, os marcadores imunológicos analisados no estudo não apresentaram nenhuma evidência consistente de qualquer efeito diferencial nos dois regimes de tratamento. Portanto, diante dos poucos estudos realizados até o momento com essa posologia e dos dados controversos sobre seus reais efeitos benéficos faz-se necessários novos ensaios que compare o impacto da suplementação materna com 400.000 UI com 200.000 UI sobre a morbidade de crianças em aleitamento materno. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 3. 29 MÉTODOS 3.1. Desenho do Estudo Estudo tipo ensaio clínico, triplamente mascarado, controlado, randomizado, de base hospitalar, realizado a partir de informações primárias do binômio mãe/filho pertencentes à pesquisa intitulada: “Impacto da suplementação materna com dupla megadose de vitamina A no post partum sobre o estado nutricional de vitamina A e ferro no binômio mãe-filho e no crescimento e na morbidade das crianças menores de 6 meses em aleitamento materno”. Esta pesquisa foi viabilizada mediante convênio com o Ministério de Ciência e Tecnologia (convênio 01200.006980/2005 MCT), Ministério da Saúde (convênio n.4807/2005) e o Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – IMIP. 3.2. Amostragem O dimensionamento da amostra foi calculado considerando-se uma taxa de incidência de diarréia no Estado de Pernambuco, para o ano de 1994, da ordem de 22,5 episódios por 100 crianças/mês (VASQUEZ et al. 1994), corrigida para 2007 em 18 episódios por 100 crianças/mês (dados não publicados), a partir de uma estimativa de redução dessa taxa de incidência de 15% para o grupo suplementado com 200.000 UI de vitamina A (µ0) e de 25% para o grupo suplementado com 400.000 UI (µ1). Foi adotado o nível de significância de 5% (u) e um poder de 90% (v) e a amostra calculada pela fórmula n= [(u + v)2 (dp12 + dp22)] / (µ1 - µ2)2 (KIRKWOOD, STERNE, 2005). O tamanho amostral mínimo, para cada grupo de tratamento, foi de 94 pares mãe-filho. Foram adicionados 20% da amostra, no sentido de corrigir eventuais perdas no acompanhamento das coortes, totalizando 138 pares mãe-filho em cada grupo. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 30 3.3. População e Local do Estudo Participaram do estudo os recém-nascidos de mulheres domiciliadas no município do Recife e Região Metropolitana, admitidas na maternidade do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP e na maternidade Municipal Prof. Bandeira Filho no período de agosto de 2007 a junho de 2009. Ambas as maternidades estão localizadas na cidade do Recife, atendem a mulheres, predominantemente, de baixa renda, oriundas do Sistema Único de Saúde (SUS) e realizam cerca de 400 partos por mês. O IMIP é uma instituição filantrópica que atua na assistência médico-social, ensino, pesquisa e extensão comunitária e está credenciada como hospital de ensino pelos Ministérios da Educação e da Saúde e como Centro de Referência Nacional e Estadual na área Materno-Infantil para o Ministério da Saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS) - PE, respectivamente. Esta instituição é considerada hospital amigo da criança pelo Ministério da Saúde sendo o pioneiro no Brasil e tem como característica o incentivo ao aleitamento materno além de atender uma maior demanda de gestantes de alto risco da cidade do Recife, cidades circunvizinhas e interior do Estado. A maternidade Prof. Bandeira Filho fica a 3,5 km do IMIP, também é considerada pelo Ministério da Saúde Hospital amigo da Criança, está vinculada a Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife e atende apenas gestantes de baixo risco obstétrico. 3.4. Seleção da Amostra Para compor a amostra de conveniência foram selecionados 293 recém-nascidos no alojamento conjunto, filhos das mulheres que concordaram em participar do estudo mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A) e que atenderam aos seguintes critérios: Inclusão 1. Ser filho de gestante de baixo risco obstétrico; 2. Residir na cidade do Recife ou Região Metropolitana FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 31 Exclusão 1. Ser filho de mulheres com transtorno mental grave, Síndromes hipertensivas, Diabetes Mellitus e HIV; 2. Recém-nascidos com hipóxia perinatal grave (apgar < 4 no 1º e 5º minutos de vida); 3. Recém-nascidos com malformações ou outras doenças graves que favorecem o surgimento de doenças infecciosas ou interferem no seu crescimento e/ou dificultam as aferições do peso e comprimento ou impossibilitam o aleitamento materno (síndromes de má-absorção, síndromes metabólicas, cardiopatia, fenda de palato). 3.5. Coleta de dados Inicialmente todos os profissionais envolvidos na pesquisa (auxiliares de pesquisa, técnicos de laboratório, auxiliares de enfermagem, motorista, enfermeiras e acadêmicos de nutrição e enfermagem) foram informados sobre os objetivos desta e seus aspectos éticos. Em seguida, realizou-se treinamento com os auxiliares de pesquisa responsáveis pela aplicação dos formulários. Todas as instruções foram descritas em um manual elaborado pelas pesquisadoras para auxiliar a equipe em caso de dúvida, mantendo assim a padronização na coleta das informações (APÊNDICE B). Após treinamento da equipe foi realizado um estudo piloto com duração de 4 meses para avaliar o fluxograma da pesquisa, identificar os pontos críticos e treinar a equipe na aplicação dos formulários. Posteriormente, o fluxograma e os formulários foram reajustados e após novo treinamento da equipe da pesquisa iniciou-se a coleta de dados. Todos os profissionais envolvidos na pesquisa receberam crachás e camisas para melhor identificação dos mesmos pelas puérperas. Cada setor das maternidades participantes na pesquisa foi informado previamente sobre os objetivos da mesma e a data de início da coleta de dados. 3.5.1. Procedimentos para seleção da amostra As gestantes selecionadas na triagem das referidas maternidades através de um checklist que abordava questões sobre local de domicílio, tempo de gestação e comorbidades gestacionais, foram esclarecidas sobre os objetivos do estudo, e após assinatura do TCLE, FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 32 responderam um questionário com informações socioeconômicas, demográficas e obstétricas. Além disso, foram aferidas as medidas antropométricas e coletado amostra de sangue para análise laboratorial (APÊNDICE C). Posteriormente, estas foram encaminhadas a sala de parto. Após o parto, foram coletados 5 ml de sangue do cordão umbilical do recém-nascido e as medidas antropométricas, aferidas pelo neonatologista, foram anotadas em formulário específico (APÊNDICE D). No dia seguinte, as pesquisadoras checavam os critérios de elegibilidade no binômio mãe/filho e aqueles selecionados para o estudo tiveram seus prontuários carimbados como participantes da pesquisa. Antes da alta hospitalar, todas as puérperas receberam uma cápsula com 200.000 UI de vitamina A seguindo o Programa de Suplementação de Vitamina A do Brasil (Farmanguinhos/Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e orientações sobre a importância do aleitamento materno exclusivo. Em seguida, foi entregue à puérpera um cartão de identificação da pesquisa, contendendo o número de telefone para contato e o agendamento do retorno a puericultura. No início da pesquisa algumas reformas estruturais realizadas no centro obstétrico e no setor de pré-parto do IMIP levaram a suspensão temporária dos partos de baixo risco nessa instituição. Diante disso, a captação das gestantes e seus conceptos foi estendida à maternidade Prof. Bandeira Filho. Essa unidade foi escolhida devido à proximidade do IMIP e por uma das pesquisadoras ter vínculo com essa instituição. Após assinatura da carta de anuência (ANEXO E) foi iniciada a coleta de dados seguindo o mesmo protocolo adotado na maternidade do IMIP. Entretanto, devido a algumas dificuldades operacionais não foi possível coletar o sangue do cordão umbilical dos recém-nascidos dessa maternidade. 3.5.2. Randomização e dose de suplementação Após 8-10 dias do parto, 276 pares de mãe/filho elegíveis foram randomizados por uma pesquisadora da equipe, de forma individual em dois grupos de suplementação. Os pares de mãe-filho recebiam uma numeração para identificação na pesquisa de forma seqüenciada de acordo com a ordem de entrada na pesquisa. Portanto, primeiro par mãe-filho selecionado na pesquisa recebeu o número 1 o segundo par o número 2 e assim sucessivamente. Os pares já identificados, de acordo com o número de ordem da pesquisa, foram randomizados nos FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 33 grupos de suplementação mediante uma tabela de números randômicos, elaborados pelo programa EPI INFO versão 6.04 (WHO/CDC, Atlanta, GE, USA), antes da consulta clínica do recém-nascido. As cápsulas de vitamina A e placebo foram embaladas em recipientes e estes rotulados de forma codificada. Essa codificação foi realizada por um profissional do IMIP não participante da equipe da pesquisa. A codificação foi guardada em envelope lacrado durante todo o estudo e os membros da pesquisa só tiveram ciência da alocação dos grupos de suplementação após a conclusão da análise dos dados. No grupo de suplementação de 400.000 UI as mães receberam a segunda cápsula com 200.000 UI de vitamina A e no grupo de 200.000 UI receberam a segunda cápsula com placebo. As cápsulas de vitamina A e placebo administradas às mães na randomização foram fornecidas pela Relthy Laboratórios (Indaiatuba, SP, Brasil) apresentando mesmas características quanto ao aspecto (gelatinosa mole), formato, coloração (opaca para fotoproteção) e sabor. As cápsulas de vitamina A eram compostas de palmitato de retinol adicionado de 40 mg de vitamina E e as de placebo continham óleo de soja adicionado de 40 mg de vitamina E. As puérperas selecionadas para a pesquisa eram contatadas por telefone para confirmar a data de retorno da criança ao serviço de puericultura e durante três dias consecutivos, após administração da segunda cápsula, foram monitoradas sobre possíveis efeitos adversos da suplementação com megadose de vitamina A. Nenhuma referência que pudesse ser relacionada a esses efeitos colaterais (febre, náuseas e vômitos) foi mencionada às mães para evitar que fossem sugestionadas sobre algumas das manifestações clínicas pesquisadas. Na suspeita de algum desses sinais clínicos, um auxiliar de pesquisa se deslocava até o domicílio para confirmar ou não a suspeita clínica e avaliar a ocorrência de abaulamento de fontanela. 3.5.3. Procedimentos e acompanhamento dos participantes Após a alocação nos grupos, as crianças foram acompanhadas a cada consulta na puericultura do IMIP, mensalmente, até o 6° mês de vida para avaliação clínica e a cada quinze dias das consultas foram realizadas visitas domiciliares para avaliar a morbidade (APÊNDICES E- H). A cada novo contato, as mães foram incentivadas a manter o FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 34 aleitamento materno exclusivo até o sexto mês da criança. Todas as consultas e visitas domiciliares eram agendadas no cartão da pesquisa e previamente confirmadas por telefone com as mães das crianças. Ao final da consulta clínica as mães recebiam o vale-transporte para o retorno no mês subseqüente (figura 1). TRIAGEM Critérios de inclusão e exclusão da gestante Mulheres elegíveis para pesquisa Concorda em participar: Aplicar o termo de consentimento e o questionário da triagem. Auxiliar 1: coleta dados antropométricos e sangue materno. Não concorda em participar SALA DE PARTO Técnica de enfermagem: coleta o sangue do cordão umbilical do RN e certificar-se da suplementação materna com cápsula de 200.000 UI ALOJAMENTO CONJUNTO Pesquisadora: checar os critérios das mães e aplica critérios de exclusão às crianças elegíveis para pesquisa. Não elegível = excluída Elegível = orientada quanto ao retorno da mãe com a criança na puericultura de 8-10 dias pósparto. Entrega de cartão da pesquisa. Incentivo ao aleitamento materno exclusivo. PUERICULTURA: 8 – 10 dias Pesquisadora: randomiza os pares mãe/filho nos grupos de suplementação e administra a 2° cápsula às mães (vitamina A ou placebo). Incentivo ao aleitamento materno. Enfermeira: Realiza exame clínico na criança. Auxiliar de pesquisa: realiza questionário de morbidade, anota data de retorno da puericultura; entrega vale transporte. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 35 PUERICULTURA: 1, 2, 3, 4, 5 e 6 meses Auxiliar pesquisa: realiza questionário de morbidade, anota data de retorno da puericultura e entrega vale transporte. Incentivo ao aleitamento materno. Enfermeira: realiza avaliação clínica da criança. VISITA DOMICILIAR 1 mês e ½, 2 meses e ½, 3 meses e ½, 4 meses e ½ e 5 meses e½ Auxiliar de pesquisa: aplica questionário de inquérito domiciliar (apenas na primeira visita) e de morbidade da criança. Confirma próximo retorno da criança para consulta da puericultura. Figura 1 – Fluxograma da Pesquisa No último mês de acompanhamento da criança as mães responderam a um questionário de freqüência alimentar (QFA) semiquantitativo (APÊNDICE I), com o objetivo de comparar o consumo de vitamina A das puérperas nos dois grupos de suplementação. Dificuldades Encontradas Antes de cada visita domiciliar o endereço e o ponto de referência eram confirmados por contato telefônico. Entretanto, a equipe da pesquisa teve dificuldade em localizar alguns domicílios, devido à mudança de endereço ou de número de telefone não informada, erro no fornecimento do ponto de referência e acessibilidade ao local do domicílio. As residências situadas em regiões de difícil acesso tiveram suas visitas domiciliares realizadas utilizando o carro da pesquisa devidamente identificado. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 36 Perdas de Seguimento As mulheres que não foram localizadas, mesmo após três tentativas foram consideradas como perda. Na recusa do binômio mãe/filho em continuar na pesquisa o motivo desta foi anotado em formulário especifico (APÊNDICE J). Ao longo do estudo ocorreram 52 (18,8%) perdas, sendo 2 (3,8%) por aquisição de plano de saúde para os RNs, 4 (7,7%) devido o retorno das mães ao trabalho, 6 (11,5%) por residir muito longe do IMIP, 8 (15,4%) por migração, 9 (17,3%) por recusa dos pais em permitir a coleta de sangue da criança e 22 (42,3%) desistências incluindo neste motivo a perda completa de contato com a mãe (figura 2). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... Critérios de inclusão e exclusão Assinatura do TCLE Captação ( n= 293) Randomização individual (n= 276) 2 moram distante do IMIP 5 desistentes 1adquiriu plano de saúde 4 Mudanças de cidade 400.000 UI (n= 134) 17 excluídas – não tomaram 2 ° cápsula 1 recusa do genitor 3 mastite 1 complicação no parto 1 Complicação com o RN 11 não retornaram à consulta 8 dias 200.000 UI (n= 142) Retorno com 1 mês ( n = 122) Retorno com 1 mês ( n = 125) Retorno com 2 meses ( n = 121) Retorno com 2 meses ( n = 115) 1 recusa de coleta sangue 1 recusa do genitor 2 moram distante do IMIP 11 desistentes 2 mudanças de cidade 1 adquiriu plano de saúde 4 desistente 1 mora distante do IMIP 5 recusas de coleta de sangue 1 prefere atendimento posto saúde 1 mora distante do IMIP 1 desistente Retorno com 3 meses ( n = 119) 2 retornos ao trabalho 2 recusas de coleta de sangue 37 Retorno com 4 meses ( n = 115 ) Retorno com 3 meses ( n = 114) Retorno com 4 meses ( n = 109 ) 2 mudanças cidade 1 desistentes 2 retornos trabalho Sem perdas Sem perdas Retorno com 5 meses ( n = 115 ) Retorno com 5 meses ( n = 109) Sem perdas Sem perdas Retorno com 6 meses ( n = 115 ) Figura 2 – CONSORT flowchart Retorno com 6 meses ( n = 109 ) de ao FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 38 Apesar das perdas os grupos de suplementação apresentarem-se homogêneos (p=0,08) (tabela 1). Tabela 2. Distribuição de perdas das crianças segundo o grupo de suplementação. Recife-PE, 2007/09. Estudo Perdas Total Grupo de suplementação n % n % n % 400.000 UI vitamina A 115 85,8 19 14,2 134 100,0 200.000 UI vitamina A 109 76,8 33 23,2 142 100,0 Teste do X 2 p= 0,08 As características socioeconômicas, demográficas e antropométricas do binômio mãe/filho não diferiram entre os grupos de crianças que concluíram o estudo e o grupo de perdas (tabela 2). Tabela 3. Comparação das características das crianças seguidas no estudo com o grupo das perdas de seguimento. Recife-PE, 2007/09. Perdas Estudo Características pa n Media + DP n Média + DP Idade materna (anos) 224 24,6 + 6,2 52 23,6 + 5,5 0,22 Escolaridade materna (anos) 224 8,8 + 2,7 52 8,4 + 2,4 0,27 Renda per capita (R$) 222 145,3 + 97,2 49 133,8 + 69,0 0,37 IMC materno (kg/m2) 176 28,5 + 4,4 29 27,2 + 4,6 0,08 Peso nascer (g) 224 3313,0 + 390,0 52 3283,0 + 415,4 0,57 Sexo masculino [n (%)] 224 107 (47,8) 52 26 (50,0) 0,38 Saneamento adequado [n (%)] 221 171 (77,5) 30 25 (83,3) 0,32 Maternas Crianças a Teste “t” de student para dados não pareados FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 39 3.5.4. Padronização da coleta de dados Morbidade Todas as mães estavam orientadas a procurar o serviço de puericultura do IMIP para reavaliação clínica quando a criança apresentava intercorrência nos intervalos das consultas ou visitas, e a natureza e duração de episódios de morbidade era registrada em formulário específico (APÊNDICE K). A avaliação clínica da criança foi realizada pela enfermeira da puericultura, membro da pesquisa, conforme rotina do serviço e em caso de intercorrência a criança era examinada por pediatra da pesquisa. Mesmo aquelas crianças que não se encontravam em aleitamento exclusivo, continuaram sendo acompanhadas e avaliadas, com base no desenho do estudo, ou seja, na “intenção de tratar”. Os dados de morbidade foram coletados, na puericultura e domicílio, através de entrevistas com as mães ou responsáveis pela criança em questionário estruturado que continha informações específicas sobre febre, diarréia, otite e os sinais e sintomas característicos de infecção respiratória aguda (tosse, nariz obstruído, cansaço e dificuldade de respirar). Na consulta clínica todas as crianças eram submetidas ao exame de superfície ocular para detecção de qualquer sinal de xeroftalmia, pela enfermeira da equipe de pesquisa, e esta era examinada pelo oftalmologista para confirmação de qualquer suspeita. A gravidade da doença foi determinada com base no tempo do internamento hospitalar, no uso de hidratação venosa e/ou de antibióticos. Os dados coletados pelos auxiliares de pesquisa foram verificados por supervisores a cada um terço das visitas domiciliares realizadas. O número total de episódios e duração da doença diarréica, infecção respiratória aguda, quadros febris, otite média, foram definidas, com base nas características apresentadas no Quadro 1. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... Técnicas 40 Descrição de avaliação Febre Relato de febre pela mãe (responsável) ou quente ao toque no exame físico (dorso da mão do examinador no tórax) ou temperatura axilar ≥ a 38o C por um período > 48 h (AIDPI, 2003) Episódios de Referida pela mãe ou ocorrência de ≥ 3 evacuações amolecidas ou diarréia líquidas ou pelo menos 01 evacuação com sangue visível em um período de 24 h (WHO, 1998). Infecção Presença 1 ou mais sintomas como tosse, dificuldade de respirar, coriza, respiratória aguda dor de garganta. A febre pode ou não estar presente. O reaparecimento dos sintomas após 7 dias ou mais de interrupção, foi considerado como um novo episódio (BARATA et al., 1996). Otite Presença de otalgia, febre, irritabilidade, dor de ouvido. Podendo ocorrer a presença de secreção purulenta no ouvido. Otoscopia com hiperemia e abaulamento da membrana timpânica (RAHAMATULLAH et al., 1991). Deficiência de Presença de mancha de bitot, xerose conjutival, xerose corneal ou úlcera vitamina A de córnea. (RAHAMATULLAH et al., 1991). (DVA) Quadro 1. – Características clínicas para definição de doenças na criança Indicadores laboratoriais Para análise dos indicadores laboratoriais, foram colhidos 5 ml de sangue do cordão umbilical dos recém-nascidos e, na sala de parto 10 ml da mãe por venipuntura braquial, na triagem da maternidade por técnico de enfermagem da pesquisa, antes da suplementação materna com a vitamina A que correspondeu ao baseline. O sangue foi separado em tubos previamente identificados para determinar os níveis de retinol sérico e hemograma do binômio mãe-filho. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 41 Retinol Sérico As alíquotas de sangue para determinação do retinol foram colocadas em tubos previamente identificados e protegidos da luz. Após uma hora de decantação, as amostras foram centrifugadas a 3000 rpm (rotação por minuto), durante 10 minutos, separado o soro e acondicionado em tubos eppendorf e armazenado no freezer à temperatura de – 20 °C. Mensalmente, as amostras eram transportavam para o laboratório do Centro de Investigações de Micronutrientes (CIMICRON /UFPB) em caixas de isopor com gelo, para análise das concentrações do retinol sérico pela cromatografia liquida de alta resolução (HPLC, modelo 305, Gilson, França), segundo o método estabelecido por Furr et al. (1992). Após o descongelamento, foram pipetados 100µL de soro de cada amostra e colocados em tubos cônicos de vidro, identificados, e adicionados 100µL de etanol absoluto (C2H5OH), para promover a precipitação das proteínas, e 200µL de hexano (C6H14), para extração do retinol. Em seguida, as amostras foram agitadas por 30 segundos, no agitador de tubos, em velocidade contínua, e centrifugados à velocidade de 3000 rpm, durante 5 minutos. Posteriormente, foram extraídos 100µL do sobrenadante, colocados em tubos de vidro pequeno e evaporados com nitrogênio, por aproximadamente 1 minuto. O resíduo da amostra foi redissolvido com 50µL de metanol e deste, retirados 20µL para leitura. Para classificação dos níveis de retinol sérico foram adotados os pontos de corte propostos pela OMS (1994): Deficientes < 0,35 µmol/L (< 10 µg/dL); Baixos de 0,35 |- 0,70 µmol/L (10 |- 20 µg/dL); Marginais de 0,70 |- 1,05 µmol/L (20 |- 30 µg/dL). Hemoglobina Para análise da hemoglobina, a amostra de sangue foi colocada em tubo de ensaio heparinizado a vácuo e encaminhado ao laboratório do IMIP para determinação pelo contador eletrônico de células (Sismex SF 3000 Automated Hematology Analyser, GMI, Inc. Ramsey, MN, USA). A anemia neonatal foi definida quando o recém-nascido apresentava níveis de hemoglobina do cordão umbilical < 13,6 g/dL (SZARFARC, 1974) e para mãe foi definida como anêmicas as que apresentaram hemoglobina < 11g/dL (WHO, 2001). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 42 Avaliação antropométrica A avaliação antropométrica da criança foi realizada a partir das medidas: peso e comprimento, aferidas no nascimento pelo neonatologista e a cada consulta mensal pelos auxiliares de pesquisa. O peso ao nascer foi adotado como indicador antropométrico, considerando-se baixo peso <2500g, peso insuficiente de 2500g à 2999g e > 3000g como peso adequado (PUFFER, SERRANO, 1987). Para as adequações dos índices peso/idade (P/I), altura/idade (A/I), peso/altura (P/A) e Índice de Massa Corporal para idade (IMC/I), utilizou-se como referência o padrão do OMS (2006), definindo- se baixo peso para P/I < - 2 escores Z, déficit estatural para A/I < - 2 Escores Z e excesso de peso quando P/A e IMC/I encontrava-se > + 2 escores Z. Dados Socioeconômicos,demográficos, obstétricos Quanto às variáveis de características socioeconômicas foi avaliada a renda familiar per capita e escolaridade materna. A renda per capita foi expressa em salários mínimos (SM) e categorizada em três grupos: < ¼ SM, de ¼ a ½ SM e > ½ SM (1 SM = R$ 413,00). A escolaridade materna foi considerado o último ano concluído pela mãe e classificada < 8 anos, 8 à 11 anos e > 11 anos de estudo, sendo considerado baixa escolaridade mulheres com menos de 8 anos de estudo. Em relação às variáveis obstétricas, foram descritos o número de consultas pré-natal realizadas pela mulher durante a gestação e a paridade. Considerou-se adequado o número de consultas > 6, segundo recomendação do Ministério da Saúde do Brasil (2006) e a paridade foi categorizada em primíparas e multíparas. A característica biológica idade materna foi expressa em anos e categorizada em < 20 anos; 20 a 35 anos e > 35 anos. Quanto à situação do domicílio foi avaliado o tipo de abastecimento de água da residência, se havia canalização interna ou externa, o destino do lixo e do esgoto. As residências que apresentavam abastecimento de água ligado à rede geral com canalização FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 43 interna, esgotamento sanitário ligado à rede pública e coleta regular de lixo foram consideradas com saneamento básico adequado (RAMALHO et al., 2006). Consumo alimentar A ingestão dos alimentos fontes de vitamina A da puérpera foi avaliada pelo questionário de freqüência alimentar semiquantitativo no 6° mês pós-parto, para comparação dos grupos. Foi observada a freqüência por dia/semana/mês e a quantidade ingerida numa estimativa de consumo cujas porções foram referidas mediante o uso de medidas caseiras. Quanto às dúvidas no relato das preparações/porções dos alimentos, utilizou-se um álbum de fotografias com o tamanho das porções dos alimentos, identificadas como pequena, média e grande. O consumo alimentar foi analisado pelo Programa DIETSYS (National Cancer Institute, Bethesda, Estados Unidos; http://appliedresearch.cancer.gov/DietSys/ software.html). Definição e operacionalização das variáveis Variável independente Intervenção materna com 400.000 UI e 200.000 UI da vitamina A Quadro 2 - Variáveis dependentes VARIÁVEL Retinol do REFERÊNCIA/DESCRIÇÂO cordão WHO, 1994 TIPO CATEGORIAS Variável numérica < 0,70 µmol/L Variável Presença categórica Ausência umbilical Morbidade: Diarréia WHO, 1998 Febre AIDPI, 2003 Otite RAHAMTULLAH et al., Infecção respiratória aguda 1991 BARATA et al., 1996 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 44 Quadro 3 – Variáveis de controle VARIÁVEL REFERÊNCIA/DESCRIÇÃO TIPO Variável numérica da criança contínua WHO, 2001 Variável Hemoglobina numérica materna contínua Variável Retinol sérico WHO, 1994 numérica materno contínua Renda per Renda calculada a partir da renda Variável familiar dividida pelo número de numérica capita moradores do domicílio contínua Hemoglobina SCARFARC, 1974; Idade materna Idade em anos completos no momento da entrevista Escolaridade Número de anos de estudo considerando o último ano cursado com aprovação materna Paridade Número de gestações considerando a gestação do momento da entrevista Assistência pré- Números de consultas realizadas durante natal a gestação confirmada pelo cartão da gestante Saneamento Tipo de abastecimento de água, destino básico do lixo e destino do esgoto Consumo freqüência alimentar de alimentos fonte alimentar de vitamina A materno Sexo da criança Gênero Peso ao nascer Peso em gramas Comprimento ao nascer Comprimento em centímetros Peso/Altura WHO, 2006 Altura/idade WHO, 2006 Peso/idade WHO, 2006 IMC/idade WHO, 2006 Variável numérica discreta Variável numérica discreta Variável numérica discreta Variável numérica discreta Variável categórica Variável numérica contínua Variável categórica dicotômica Variável numérica contínua Variável numérica contínua Variável numérica contínua Variável numérica contínua Variável numérica contínua Variável numérica contínua CATEGORIAS < 13,6 g/dL < 11 g/dL < 1,05 µmol/L Categorizada em quartis de salário mínimo Categorizada em anos completos Categorizada em anos de estudo completos Categorizada em primíparas e multíparas Categorizada em < 6 consultas ou > 6 consultas Adequado e inadequado Expressa em mediana Masculino e feminino Categorizada Baixo peso; insuficiente; adequado Escore Z: -2 a +2 em: Peso Peso Magreza < - 2 Escore Z excesso de peso > + 2 Escore Z Déficit estatura < - 2 escore Z Baixo peso < - 2 escore Z Magreza < - 2 Escore Z excesso de peso > + 2 Escore Z FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 45 3.6. Análise dos dados A construção do banco de dados foi realizada no programa Epi-Info versão 6.04 (WHO/CDC, Atlanta, GE) com dupla entrada e verificados com o módulo validate. Para análise estatística foi utilizado o programa Statistical Package for Social Science - SPSS for Windows, versão 12.0 (SPSS Inc., Chicago, IL). O consumo alimentar de vitamina A materno apresentou distribuição não normal sendo apresentado sob a forma de mediana e percentis. Na descrição das proporções, a distribuição binomial foi aproximada à distribuição normal pelo intervalo de confiança de 95%. A comparação entre médias foi realizada, pelo teste “t” de Student (duas médias) para dados não pareados, e pela Análise de Variância (mais de duas médias). A associação das concentrações de retinol sérico no binômio mãe/filho foi avaliada pela correlação de Pearson. Foi adotado o nível de significância de 5% para rejeição da hipótese de nulidade. O cálculo e a comparação das taxas de incidência de cada manifestação clínica, entre os dois grupos, foram realizados utilizando a biblioteca “epitools” do software R.2.11.1 (R Development Core Team (2010). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for statistical computing Vienna, Áustria. ISBN 3900051-07-0, VRL http://www.R-project.org). Os intervalos de confiança e os valores p foram obtidos pelo método “mid-p exact method”. Para comparação da duração de diarréia, febre e tempo de internamento foi utilizado “Mood Median Test”. 3.7. Viabilidade Finaceira Este trabalho foi financiado pelos Ministérios da Saúde [convênio n° 4807/2005, processo n° 25000.202.039/2005-11] e da Ciência e Tecnologia [convênio n° 01.0265.00/2005-MCT, processo nº 01200.006980/2005-83] do Brasil. As maternidades do IMIP e Bandeira Filho disponibilizaram a estrutura física e a Relthy laboratório forneceu as cápsulas administradas na randomização (vitamina A e placebo). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 46 3.8. Considerações Éticas O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), sob o n° 720/2006, em 27 de janeiro de 2006 (ANEXO F), de acordo com as normas para pesquisas em seres humanos e registrado no www.clinicaltrials.gov sob o número NCT00742937. As crianças foram selecionadas nas referidas maternidades, após a concordância das respectivas mães em participar da pesquisa e assinarem o TCLE. As que apresentaram anemia ou qualquer outra morbidade, durante a pesquisa, foram encaminhadas à médica assistente da pesquisa para avaliação clínica e recebiam orientação quanto ao uso de sulfato ferroso e/ou medicações específicas para os sintomas apresentados. Não foram estabelecidas regras formais para a interrupção do ensaio clínico. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 47 3. RESULTADOS Os resultados deste estudo estão apresentados sob a forma de artigos científicos originais, conforme regulamentação do Colegiado de Pós-Graduação do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco. Artigo 1: “Concentrações de Retinol Sérico no Binômio Mãe/Filho de uma Maternidade Pública de Recife, Nordeste, Brasil”. Artigo 2: “Efeito da suplementação materna com 400.000 versus 200.000 UI de vitamina A na morbidade infantil”. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 48 Concentrações de Retinol Sérico no Binômio Mãe/Filho de uma Maternidade Pública de Recife, Nordeste, Brasil Título corrido: Retinol sérico no binômio mãe/filho Autores: Taciana Fernanda dos Santos Fernandes1 Alcides da Silva Diniz2 Ilma Kruze Grande de Arruda2 Luciana Marques Andreto1 Carmina Silva dos Santos Vieira1 1. Doutoranda em Nutrição, Departamento de Nutrição, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil. 2. Doutor em Nutrição, Departamento de Nutrição, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil. Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco. Autor para correspondência: Taciana Fernanda dos Santos Fernandes Rua Dom Estevão Brioso, no 36 – Apt. 2303 – Boa Viagem – Recife – PE. CEP 51.021.430 Telefone (081) 30234144 / 92324542 E-mails: [email protected] [email protected] FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 49 Introdução A vitamina A é um nutriente essencial para a manutenção e diferenciação celular, para o ciclo visual (1), crescimento, desenvolvimento (2) e resposta imune (3). A deficiência desse micronutriente pode levar a alterações oculares (xeroftalmia), além de aumentar o risco de morbimortalidade infantil (4) e materna (5). A deficiência de vitamina A (DVA) é considerada um problema de saúde pública que atinge mais de 70 países no mundo. As últimas estimativas relatam que, aproximadamente, 190 milhões de pré-escolares e 20 milhões de gestantes têm essa deficiência, dos quais, aproximadamente 7 milhões de crianças apresentam xeroftalmia e 9-10 milhões de mulheres sofrem de cegueira noturna durante a gestação (6). De acordo com a Iniciativa Micronutriente (Micronutriente Initiative –MI) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a DVA compromete o sistema imune de aproximadamente 40% das crianças menores de cinco anos de idade em países em desenvolvimento (7). Na América Latina, essa deficiência encontra-se associada à desnutrição energético-protéica e outras carências, como a anemia, sendo o Nordeste brasileiro a área de maior magnitude (8). Pesquisas realizadas na Ásia Meridional desde 1995 apontam uma maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de intercorrências gestacionais e processos infecciosos em gestantes e nutrizes com DVA, além de favorecer uma maior mortalidade dos lactentes nos primeiros 6 meses de vida (9-11). No Brasil, Rondó et al. (12) encontraram uma prevalência de DVA de 14,6% nos recém-nascidos de maternidades de Campinas, São Paulo que apresentavam peso adequado para idade gestacional (AIG). Saunders et al. avaliaram as concentrações de retinol sérico no sangue do cordão umbilical de um hospital universitário do Rio de Janeiro e identificaram inadequação (< 1,05 µmol/L) desse nutriente em 45% dos recém-nascidos (13). A vitamina A é veiculada ao lactente sob duas formas: via placenta na gestação e via leite materno na lactação. Durante a gestação, o suprimento fetal dessa vitamina é regulado com uma margem de segurança provavelmente para evitar presumíveis efeitos teratogênicos. Esse mecanismo de transmissão da vitamina A durante a gestação favorece a baixa reserva hepática no recém-nascido. Logo, a criança irá construir suas reservas durante os 6 meses de aleitamento materno. No período da lactação a transferência de vitamina A é cerca de 60 vezes maior comparado ao período gestacional (14). Portanto, o leite materno é uma fonte de FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 50 vitamina A importante para suprir as reservas hepáticas da criança, além de contribuir com 80,0% dos requerimentos de vitamina A até o final do segundo ano de vida (8). Crianças na idade pré-escolar são apontadas como grupo de maior risco para desenvolver a DVA, visto que é nessa fase que há um rápido crescimento linear e um aumento na demanda dessa vitamina proporcionalmente maior que em outros grupos etários. A maior suscetibilidade nesse período da vida é traduzida por uma maior prevalência de manifestações oculares típicas da DVA, que vão desde a cegueira noturna/mancha de Bitot até as mais graves como a úlcera/ceratomalácia (15), além da maior suscetibilidade às doenças infecciosas como as diarréias e infecções respiratórias (16). Poucos estudos têm explorado a DVA no binômio mãe/filho. Entretanto, a alta morbimortalidade associada às concentrações marginais, baixas ou deficientes de retinol sérico, demanda estratégias de intervenção precoce como forma de prevenção desse agravo nesse grupo populacional. O objetivo desse estudo foi avaliar as concentrações séricas de retinol no binômio mãe/filho e sua associação com características biológicas, sócio-econômicas, ambientais e obstétricas. The finding reflect these relationships as they exist in typical, lower middle, urban class women giving birth in a public hospital in northern Brazil, in a society where 80 % of mothers deliver their babies in similar hospital settings. Métodos Desenho e população do estudo Estudo tipo série de casos envolvendo 65 mães e seus respectivos filhos, nascidos a termo, de ambos os sexos, rastreados no período de janeiro a agosto de 2008, na maternidade do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP). Foram adotados os seguintes critérios de elegibilidade: ser filhos de gestantes de baixo risco obstétrico, residir na cidade do Recife ou Região Metropolitana. Foram excluídos os recém-nascidos de mães que apresentaram intercorrências no parto que impossibilitassem a coleta do sangue do cordão umbilical e nascer durante a semana e no período diurno. As gestantes de baixo risco obstétrico foram selecionadas na triagem da referida maternidade, após concordarem em participar da pesquisa e assinarem o TCLE. Das crianças selecionadas 12,3% apresentaram apgar no 1° minuto < 8 e no 5° minuto nenhuma criança apresentou apgar < 8. Foram excluídas crianças com apgar < 4 no 1° e 5° minuto. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 51 Coleta dos dados Dados bioquímicos Foram coletos 5 mL de sangue das mães por venipuntura braquial na triagem da maternidade e 5 ml dos recém-nascidos por ordenha do cordão umbilical na sala de parto para análise da retinolemia tomou-se uma alíquota de 2 mL de sangue, colocado em tubo previamente identificado envolto em papel alumínio para proteção da luz. Após a completa coagulação, as amostras foram centrifugadas a 3.000 rpm (rotação por minuto), durante 10 minutos para a separação total do soro, que foi transferido para tubos eppendof e acondicionados à temperatura de - 20ºC. As amostras de soro foram transportadas para o Centro de Investigação em Micronutrientes (CIMICRON) da Universidade Federal da Paraíba, mantendo-se a cadeia de frio. O método utilizado para determinação das concentrações de retinol sérico foi o cromatográfico (cromatografia líquida de alta resolução HPLC), segundo a técnica estabelecida por Furr et al. (17). Os níveis de retinol sérico foram classificados segundo a recomendação da OMS (18), em deficientes < 0,35 µmol/L, baixos de 0,35 |- 0,70 µmol/L e marginais de 0,70 |- 1,05 µmol/L ou adequados >1,05 µmol/L. Em relação ao retinol materno utilizou-se a categorização de níveis inadequados (<1,05 µmol/L) e adequados (>1,05 µmol/L), visto que nenhuma mulher apresentou baixos níveis de vitamina A (< 0,70 µmol/L). Para obtenção da hemoglobinemia, tomou-se uma alíquota de 3mL de sangue, em tubo de ensaio heparinizado a vácuo e encaminhado ao laboratório da própria maternidade, para determinação pelo contador eletrônico de células (Sismex SF 3000 Automated Hematology Analyser, GMI, Inc. Ramsey, MN, USA). O ponto de corte de Hb < 11,0 g/dL foi considerado para o diagnóstico da anemia nas mulheres por se encontrarem na condição de gestantes no momento da coleta do sangue (19). Para o diagnóstico de anemia neonatal foi utilizado o ponto de corte de Hb < 13,5 g/dL (20). Antropometria As informações quanto ao peso e o comprimento dos recém-nascidos foram coletadas logo após o nascimento a partir do registro do parto, segundo a rotina do serviço. O peso ao nascer foi adotado como indicador antropométrico, considerando-se baixo peso <2500g, peso insuficiente de 2500g à 2999g, e > 3000g como peso adequado (21). Também foram utilizados os índices altura para idade (A/I) e massa corporal para idade (IMC/I) que foram calculados e avaliados pelo software Anthro 2005 versão 2 (WHO, Geneva, CH). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 52 Dados Socioeconômicos, biológico e obstétricos Foram incluídas no estudo variáveis de características socioeconômicas como a renda familiar per capita expressa em salários mínimos (SM) e categorizada em três grupos: <¼ SM (< US$ 62,2) ¼ a ½ SM (US$ 62,2 a 124,4) e ≥ ½ SM (≥ US$ 124,4) ( 1 SM = US$ 248,8); a escolaridade materna em anos de estudos e classificada em < 8 anos, 8 à 11 anos e > 11 anos. Como variáveis obstétricas, o número de consultas pré-natal realizadas pela mulher durante a gestação, considerando-se como adequado o no de consultas > 6, segundo recomendação do Ministério da Saúde do Brasil. A paridade foi categorizada em primíparas e multíparas. Foram também avaliadas a idade materna e as condições de saneamento, considerada adequada quando o domicílio apresentava abastecimento de água ligado à rede geral com canalização interna, esgotamento sanitário ligado à rede pública e coleta regular de lixo. Análise dos dados A construção do banco de dados foi realizada no programa Epi-Info versão 6.04 (WHO/CDC, Atlanta, GE) e para análise estatística foi utilizado o programa Statistical Package for Social Science - SPSS for Windows, versão 12.0 (SPSS Inc., Chicago, IL). As concentrações de retinol sérico tiveram distribuição normal pelo teste de KolmogorovSmirnoff sendo descritas sob forma de média e desvio-padrão. Na descrição das proporções, a distribuição binomial foi aproximada à distribuição normal pelo intervalo de confiança de 95%. A comparação entre médias das concentrações de retinol sérico das crianças segundo sexo, características antropométricas e sócio-econômicas foi realizada pelo teste “t” de Student (duas médias) para dados não pareados, e pela Análise de Variância (mais de duas médias) A associação das concentrações de retinol sérico no binômio mãe/filho foi avaliada pelo teste de correlação de Pearson. Foi adotado o nível de significância de 5% para rejeição da hipótese de nulidade. Aspectos Éticos O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, sob o n° 720/2006, em 27 de janeiro de 2006, de acordo com as normas para pesquisas em seres humanos. Todas as mulheres e recém-nascidos que apresentaram anemia foram acompanhadas de maneira pormenorizada pelo médico da pesquisa e receberam tratamento específico com sais de ferro, além do incentivo ao aleitamento materno exclusivo. Não foi fornecido nenhum tratamento medicamentoso às FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 53 mulheres com DVA, visto que essas foram suplementadas com megadose de vitamina A (200.000 UI) no pós-parto imediato, seguindo o protocolo do Programa de Suplementação de Vitamina A desenvolvido pelo Ministério da Saúde do Brasil. Resultados O IMIP é um hospital centro de referencia no Estado para acompanhamento de gestantes de alto risco. A média de partos realizados por mês no referido hospital é de 400, sendo 42% dos partos considerados de baixo risco obstétrico. Dos 65 recém-nascidos estudados, 56,9% eram do sexo feminino. Cerca de 72,0% nasceram com peso adequado, entretanto ao ser utilizado o índice massa corporal/idade (escore Z) observou-se que 18,0% das crianças apresentavam risco para sobrepeso e obesidade. Com relação ao índice comprimento/idade, 8,2% da amostra tinham déficit estatural. Em relação às características maternas, 84,6% tinham 20 anos ou mais de idade, 78,4% apresentavam mais de 8 anos de estudo, 87,0% residiam em locais com saneamento adequado, e 76,5% possuíam uma renda per capita menor que ½ SM. Quanto à deficiência de vitamina A sérica, cerca 23,1% dos recém-nascidos apresentaram baixas concentrações de retinol e 43,1% eram anêmicos, enquanto que 23,0% das mães apresentavam níveis inadequados de retinol sérico e 17,5% tinham anemia (tabela1). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 54 Tabela 1. Concentrações de retinol sérico e de hemoglobina no binômio mãe/filho do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, Recife – PE, 2008. Variáveis n f %* IC † Bioquímicas Recém- nascidos Retinol Sérico (µmol/L) < 0,70 15 23,1 13,9 – 35,5 0,70 |- 1,05 21 32,3 21,5 – 45,2 > 1,05 29 44,6 32,5 – 57,4 Total 65 100,0 < 13,6 25 43,1 27,3 – 53,4 > 13,6 33 56,9 43,3 – 69,6 Total 58 100,0 < 1,05 14 23,0 13,5 – 35,8 > 1,05 47 77,0 64,1 – 86,5 Total 61 100,0 < 11 11 17,5 9,4 – 29,5 > 11 52 82,5 70,5 – 90,6 Total 63 100,0 Hemoglobina (g/dL) Maternas Retinol sérico (µmol/L) Hemoglobina (g/dL) * f % – Freqüência simples percentual ; †IC – Intervalo de confiança de 95%; +; Stratifying the serum retinol distribution by various risk factors, we observed male infants to have a lower mean value than females (- 0.4 µmol/L , p=0,01),while no further differences were observed across other newborn strata of birth weight, body mass index for age and length for age (tabela 2). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 55 Tab. 2. Concentrações médias de retinol sérico, segundo o sexo e indicadores antropométricos, em recém-nascidos do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, Recife – PE, 2008. Retinol Sérico (µmol/L) Características do recém-nascido n SD p* 0,01 N = 65 Sexo Masculino 28 0,9 0,4 Feminino 37 1,3 0,7 < 3000 18 1,2 0,9 > 3000 47 1,2 0,5 >-2 a < +1 50 1,2 0,8 > +1 a<+2 09 1,3 0,7 >+2 a<+3 02 1,0 0,4 > -3 a<-2 05 1,1 0,5 > -2 56 1,2 0,6 Peso ao nascer(g) 0,66 Massa corporal para idade (Escore Z) 0,78† Comprimento para idade (Escore Z) 0,83 *teste “t” de Student para dados não pareados; † ANOVA; Não foram observadas associações entre as concentrações médias de retinol dos recém-nascidos com as condições socioeconômicas, o número de consultas pré-natal, número de gestações e idade materna (tabela 3). No entanto, as concentrações de retinol sérico do recém-nascido mostraram uma associação direta com as concentrações de retinol sérico materno (r = 0,27; p = 0,04), explaining 7% of the variance in this measure of infant status. A negative correlation of similar strength existed between newborn serum retinol and blood hemoglobin (figura 1). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 56 Tab. 3. Concentrações médias de retinol sérico do recém-nascido, segundo características materna, do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, Recife – PE, 2008. Retinol Sérico (µmol/L) Características Maternas n SD p* 0,52† Renda per capita (SM)‡ <¼ 18 1,2 0,9 ¼ |- ½ 31 1,1 0,5 >½ 15 1,0 0,4 <8 14 1,2 0,6 8 |- 11 20 1,1 0,6 > 11 31 1,0 0,5 Adequado 47 1,1 0,5 Inadequado 07 1,1 0,6 <6 22 1,3 0,8 >6 43 1,0 0,5 Escolaridade (anos) 0,46† Saneamento¶ 0,91 N° consulta pré-natal 0,10 N° de gestações Primíparas 31 1,2 0,7 Multíparas 34 1,0 0,6 0,17 Idade (anos) < 20 10 1,4 0,8 > 20 55 1,1 0,6 0,18 *teste “t” de Student para dados não pareados † Anova ‡ SM = salário mínimo ¶ Saneamento adequado = domicílio que apresentasse abastecimento de água interno da casa + sistema de coleta de lixo + esgoto ligado à rede; Inadequado = domicílio que não apresentasse 1 ou mais dos aspectos descritos. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 4,00 18,00 Pearson r = - 0,26 p = 0,05 3,00 hemoglobina do RN (g/dL) Retinol sérico RN (mcmol/L) Pearson r = 0,27 p = 0,04 57 2,00 1,00 16,00 14,00 12,00 0,00 0,00 1,00 2,00 Retinol sérico materno (mcmol/L) 3,00 10,00 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 retinol sérico do RN (mcmol/L) Figura 1. Associação entre concentrações de retinol sérico e hemoglobina no binômio mãe/filho do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, Recife – PE, 2008. Discussão A ocorrência de concentrações inadequadas de retinol sérico no binômio mãe/filho demonstra a suscetibilidade que esse grupo populacional está exposto aos efeitos deletérios da DVA, considerando o impacto negativo que essa deficiência causa no crescimento, no desenvolvimento, na resposta imune, na manutenção e diferenciação celular normal, além de repercussões importantes no ciclo visual. É plausível supor que a estimativa da deficiência seja ainda maior, visto que o indicador utilizado para avaliar o estado nutricional de vitamina A foram as concentrações séricas de retinol que sofrem controle homeostático e só decrescem quando as reservas hepáticas desse micronutriente estão depletadas. Resultados similares foram também relatados por Saunders et al. (13) , realizaram estudo no binômio mãe-filho de hospital universitário do Rio de Janeiro e observaram concentrações inadequadas de retinol (< 1,05 µmol/L) no sangue materno e no cordão umbilical de 24% e 45%, respectivamente. Por sua vez, estimativas oriundas do Estado de São Paulo mostraram uma prevalência de 14,6 % de concentração inadequada de retinol sérico em recém-nascidos de maternidades da cidade de Campinas (12) e de 25,0% em recém-nascidos de um hospital escola na cidade de Ribeirão Preto (2). Embora os contextos ecológicos FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 58 estudados guardem diferenças marcantes, uma vez que a região sudeste tem o grau de desenvolvimento econômico e social superior ao grau observado para a região nordeste, essa característica isoladamente parece não ser um fator discriminatório no padrão de ocorrência da carência de vitamina A nesse grupo biológico. Sabe-se que o consumo inadequado de vitamina A e as baixas concentrações de retinol sérico durante a gestação parecem influenciar o estado nutricional de vitamina A do recémnascido (23) e na composição do leite materno (24). Portanto, mulheres com baixa ingestão dessa vitamina tendem a terem filhos com baixas reservas hepáticas aumentando as chances de desenvolvimento de carência subclínica, e mesmo clínica (xeroftalmia) nos primeiros meses de vida (14). A hipovitaminose A tem sido associada ao baixo peso ao nascer embora na nossa casuística essa relação não veio a se confirmar. É plausível supor que a ausência de recémnascidos classificados como de baixo peso, embora cerca de ¼ tenha apresentado peso insuficiente, se deva ao fato de todos recém-nascidos do estudo serem a termo e suas mães consideradas de baixo risco obstétrico. Essa não associação persiste quando utilizado outro indicador antropométrico (comprimento/idade), uma vez que as concentrações de retinol sérico foram semelhantes tanto nas crianças com baixo comprimento para idade quanto para comprimento adequado. No entanto, Rondó et al. relataram que recém-nascidos pequenos têm menores concentrações de retinol sérico em relação aos maiores (2). A não associação entre hipovitaminose A com a renda per capita, escolaridade materna, idade materna e condições de saneamento básico, foi uma achado inesperado considerando o peso dessas variáveis no modelo explicativo da DVA. Sabe-se, que os fatores socioeconômicos, o saneamento inadequado, o abastecimento de água deficitário, tabus e maus hábitos alimentares tendem a agravar a carência de vitamina A. Saif et al. (25) avaliaram 500 crianças do zona rural do Paquistão e observaram uma relação direta da baixa renda e escolaridade com a deficiência de vitamina A. Na interpretação desses resultados deve-se levar em consideração o fato que essas mulheres embora sejam de baixo nível social não se encontram em condições de extrema pobreza. Um outro achado que merece a devida atenção foi a não associação da retinolemia do recém-nascido com a assistência pré-natal e a paridade, variáveis essas que têm sido constantemente associadas ao peso ao nascer e à saúde materno-infantil (2,22). Esperar-se-ia que um maior número de consultas pré-natais proporcionasse um melhor acompanhamento antropométrico, orientação dietética, prevenção e controle das intercorrências gestacionais, e estímulo ao aleitamento materno que repercutiriam favoravelmente na ingestão e utilização FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 59 biológica da vitamina A, melhorando o teor dessa vitamina do leite materno e os conseqüentes benefícios para os RNs. Concernente à paridade, se por um lado, o maior número de gestações tenderia a uma maior espoliação nutricional materna que poderia comprometer o estado nutricional de vitamina A, por outro lado, é importante ressaltar a oportunidade que essas mães têm de serem suplementadas no pós-parto imediato, considerando a abrangência do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A do Brasil, que tem se expandido significativamente no contexto ecológico estudado. A maior vulnerabilidade do sexo masculino à hipovitaminose A, observada na nossa causuística, é um achado que vem se confirmando como uma das características ligada ao indivíduo quando se estuda a distribuição da hipovitaminose A. A maior suscetibilidade a esse gênero também foi descrita por Dricot d´Ans et al., onde crianças do sexo masculino tendem a apresentar um risco duas vezes maior de desenvolver xeroftalmia moderada (xerose conjuntival/mancha de Bitot) e até três vezes maior de desenvolver xeroftalmia grave (úlcera/ceratomalácia) (26). A associação significativa entre as concentrações de retinol sérico no binômio mãe/filho quando da utilização de indicadores bioquímicos foram observado nesse estudo. Resultados similares foram descritos por Yeum et al. (27) em estudo realizado em 10 pares mães-filhos realizado em Montreal. Entretanto, estudo realizado no Sudeste de Israel verificaram que crianças com baixos níveis de retinol são influenciadas pelo baixo retinol sérico materno (28). A ausência de correlação entre as concentrações de vitamina A e a hemoglobina foi um resultado não esperado considerando que essa associação tem sido descrita desde 1920 (29). Sabe-se que a vitamina A parece atuar na diferenciação e maturação das células hematopoiéticas, no aumento da absorção do ferro não-heme e prevenção do efeito inibitório dos polifenóis, bem como na maior mobilização do ferro hepático para hematopoiese (30). Faisel et al. mostraram que gestantes com baixas concentrações de retinol sérico, após serem suplementadas com vitamina A, aumentaram os níveis de hemoglobina, sendo então recomendada a suplementação desse nutriente em casos de anemia (31). A ocorrência de hipovitaminose A no binômio mãe/filho evidencia uma maior necessidade de atenção a esse grupo populacional. Isso reforça a importância da manutenção do Programa Nacional de Suplementação de vitamina A do Brasil como estratégia de prevenção e controle dessa carência no binômio mãe/filho. Além disso, o incentivo ao aleitamento materno nos primeiros 6 meses de vida e ao consumo de alimentos fontes de FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 60 vitamina A durante a gestação são medidas essenciais no enfrentamento dessa deficiência nutricional. Agradecimentos Aos Ministérios da Saúde (convênio n.4807/2005) e da Ciência e Tecnologia (MCT) (convênio n. 01.0265.00/2005) do Brasil pelo financiamento da pesquisa, ao Centro de Investigação em Micronutrientes (CIMICRON) e ao Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira pelo apoio logístico. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 61 Referências 1. Wolf, G. The Discovery of the Visual Function of Vitamin A. J Nutr 2001; 131:1647– 1650. 2. Rondó PHC, Abbott R, Tomkins AM. 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Autores: Taciana Fernanda dos Santos Fernandesa; José Natal Figueiroab; Ilma Kruze Grande de Arrudac; Alcides da Silva Dinizc a Doutoranda em Nutrição, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil; bMestre em Estatística, Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP. Recife, PE, Brasil; cDoutor em Nutrição, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil. Short Title: Efeito da suplementação materna com 400.000 UI vs 200.000 UI de vitamina A Abreviações: DVA – Deficiência de Vitamina A; HPLC – Cromatografia Líquida de Alta Resolução; IC – Intervalo de Confiança; IMC- Índice de Massa Corporal; IMIP – Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira; IQ – Intervalo Interquartílico; IRA – Infecção Respiratória Aguda; IVACG – International Vitamin A Consultative Group; RT – Razão de Taxas; Palavras-chaves: Vitamin A supplementation, morbidity, infants, randomized clinical trial, Northeast Brazil O ensaio clínico está registrado sob o número NCT00742937 Financiamento: Este trabalho foi financiado pelos Ministérios da Saúde [convênio n° 4807/2005, processo n° 25000.202.039/2005-11] e da Ciência e Tecnologia [convênio n° 01.0265.00/2005-MCT, processo nº 01200.006980/2005-83] do Brasil. Conflito de interesses: Nós declaramos que não temos nenhum conflito de interesses. Autor para correspondência: Taciana Fernanda dos Santos Fernandes R. Dom Estevão Brioso, n 36 apto 2303, Boa Viagem - Recife –PE, Brasil. CEP: 51021-430. Tel: (81) 30234144 / 92324542; e-mail: [email protected] FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 65 Contribuição dos autores: Todos os autores em geral contribuíram para e elaboração desse artigo. TFSF foi a pesquisadora envolvida na coleta, analise e interpretação dos dados. JNF participou da análise estatística e interpretação dos resultados. IKGA e ASD foram os pesquisadores responsáveis pela concepção do desenho do estudo, revisão do conteúdo e aprovação da versão final do artigo. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 66 O que se sabe sobre o assunto? A suplementação com vitamina A no post-partum é uma estratégia no combate à hipovitaminose A e parece reduzir a morbi-mortalidade infantil. No entanto, existem controvérsias sobre a dosagem de maior efetividade: 200.000 UI (protocolo OMS) ou 400.000 UI (protocolo IVACG)? O que esse estudo encontrou? Nesse estudo, a suplementação materna com 400.000UI de vitamina A no post-partum não aportou nenhum efeito benéfico adicional na redução da morbidade infantil, quando comparada com a megadose padrão de 200.000 UI. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 67 RESUMO Objetivo: A suplementação com vitamina A no post-partum é uma estratégia no combate à hipovitaminose A e parece reduzir a morbi-mortalidade materno-infantil. Entretanto, estudos têm mostrado que uma dose de 200.000 UI (protocolo OMS) parece não assegurar níveis adequados de retinol. O objetivo desse estudo foi o de comparar o impacto da suplementação materna, no pós-parto, com 400.000 UI (protocolo IVACG) vs 200.000 UI de vitamina A na morbidade infantil. Métodos: Ensaio clínico, randomizado, controlado e triplo cego, realizado em duas maternidades públicas da cidade do Recife, Nordeste do Brasil. 276 pares de mãe-filho foram alocados em dois grupos de tratamento: 400.000 UI ou 200.000 UI de vitamina A e acompanhados durante 6 meses para avaliação da morbidade infantil. Resultados: A taxa de incidência de febre (RT 0,92; IC95% 0,75-1,14), diarréia (RT 0,96; IC95% 0,72-1,28), otite (RT 0,94; IC95% 0,48-1,85), infecção respiratória aguda (RT 1,03; IC95% 0,88-1,21), necessidade de rehidratação venosa (RT 2,08; IC95% 0,64-2,07) e uso de antibioticoterapia (RT 0,80; IC95% 0,43-1,47) não diferiram entre os 2 grupos de tratamento. Conclusões: Nossos achados sugerem que a suplementação materna com 400.000 UI de vitamina A, no post partum, parece não ter nenhum efeito benéfico adicional na redução da morbidade em crianças menores de 6 meses, e portanto, não respaldam a proposta de incremento da megadose padrão de vitamina A existente no protocolo da OMS. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 68 INTRODUÇÃO Ensaios clínicos controlados e randomizados têm descrito uma relação entre a deficiência de vitamina A e o aumento da mortalidade em crianças jovens nos países em desenvolvimento.1,2,3 No entanto, os efeitos na morbidade não são ainda consensuais.4,5,6 Várias estratégias têm sido desenhadas para redução da DVA, dentre elas, a suplementação massiva e em altas dosagens de Vitamina A (200.000 UI), no post partum imediato, esquema posológico padrão recomendado pela OMS para áreas onde a DVA é um problema de saúde pública.7 No entanto, estudo multicêntrico mostrou que essa posologia parece não assegurar níveis adequados ou mesmo incremento significativo nas concentrações de retinol no leite materno, soro ou nas reservas hepáticas de recém-nascidos.8 O IVACG recomenda que a dose no post partum deva ser elevada para 400.000 UI, fracionada em duas tomadas, dentro do intervalo de infertilidade segura.9 Neste sentido, seriam beneficiadas tanto a mulher pela redução do risco de manifestações de formas clínicas de DVA e mortalidade materna,10 assim como a criança que recebe esse aporte de vitamina A via leite materno, consolidando as suas reservas de retinol.11 Poucos foram os estudos que avaliaram a efetividade desse novo esquema posológico na redução da morbidade infantil, além do que os resultados reportados são ainda conflitantes.12, 13 Logo, o objetivo desse estudo foi o de comparar o impacto da suplementação materna, no post partum, com 400.000 UI (protocolo IVACG) vs 200.000UI (protocolo OMS) de vitamina A na morbidade de crianças nos 6 primeiros meses de vida, em regime de aleitamento materno. MÉTODOS Desenho do estudo Ensaio clínico randomizado, controlado e triplo cego, de base hospitalar, desenvolvido nas maternidades do IMIP e na Maternidade Municipal Bandeira Filho, que atendem aos usuários do Sistema Único de Saúde, e estão localizadas na cidade do Recife, Nordeste do Brasil. As crianças, de ambos os sexos, foram acompanhadas do nascimento aos seis meses de idade, no período de agosto de 2007 a junho de 2009. Foram utilizados os seguintes critérios de elegibilidade na seleção da casuística: filho de mulheres de baixo risco obstétrico e residir na cidade do Recife ou Região Metropolitana. Foram excluídos os filhos de mulheres com transtorno mental, crianças com hipóxia perinatal FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 69 grave (Apgar < 4 no 1º e 5º minutos de vida), e com malformações e/ou outras doenças graves (síndromes de má-absorção, síndromes metabólicas, cardiopatia, fenda de palato) que pudessem inviabilizar a avaliação antropométrica e/ou aleitamento materno. Amostra Considerando-se uma taxa de incidência de diarréia no Estado de Pernambuco, para o ano de 1994, da ordem de 22,5 episódios por 100 crianças/mês14, corrigida para 2007 em 18 episódios por 100 crianças/mês (dados não publicados), o dimensionamento da amostra foi calculado a partir de uma estimativa de redução dessa taxa de incidência de 15% para o grupo suplementado com 200.000 UI de vitamina A (µ0) e de 25% para o grupo suplementado com 400.000 UI (µ1). Foi adotado o nível de significância de 5% (u) e um poder de 90% (v) e a amostra calculada pela fórmula15 n= [(u + v)2 (µ1 + µ0)] / (µ1 - µ0)2. O tamanho amostral mínimo, para cada grupo de tratamento, foi de 94 pares mãe-filho. No sentido de corrigir eventuais perdas no acompanhamento das coortes foram adicionados 88 pares mãe-filho. Randomização e dose As mães das crianças receberam uma cápsula de 200.000 UI de vitamina A, via oral, na sala de parto, seguindo o protocolo do Programa de Suplementação de Vitamina A do Ministério da Saúde do Brasil (Farmanguinhos/Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil). A farmacêutica do IMIP, não participante da equipe da pesquisa, acondicionou as cápsulas de vitamina A e placebo em recipientes distintos e rotulou os frascos de forma codificada guardando a codificação em envelope lacrado durante todo o estudo. Após 8-10 dias do parto, 276 pares de mãe-filho foram alocados, mediante processo de randomização simples, utilizando tabela de número aleatórios, em 2 grupos de tratamento, recebendo, respectivamente, 200.000 UI de palmitato de retinol ou placebo, oferecidos por uma pesquisadora da equipe, antes da consulta clínica do recém-nascido no Serviço de Puericultura (tabela 1). As cápsulas de vitamina A e placebo, oferecidas na randomização, foram confeccionadas pelo Relthy Laboratórios (Indaiatuba, SP, Brasil). As cápsulas de placebo apresentavam as mesmas características quanto ao aspecto (gelatinosa mole), formato, coloração (opaca para fotoproteção) e sabor das cápsulas de vitamina A. As cápsulas de vitamina A eram compostas de palmitato de retinol adicionado de 40 mg de vitamina E e as de placebo continham óleo de soja adicionado de 40 mg de vitamina E. Os membros da pesquisa só tiveram ciência da alocação dos grupos de suplementação após a conclusão da análise dos dados. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 70 Coleta dos dados e procedimentos Após a suplementação materna com a segunda cápsula (200.000 UI ou placebo), as mães foram contatadas por telefone para avaliar possíveis efeitos adversos concernente à toxicidade da vitamina A, quando ingerida em grandes dosagens. Nenhuma referência que pudesse ser relacionada a esses efeitos colaterais (febre, náuseas e vômitos) foi mencionada às mães para evitar que fossem sugestionadas sobre algumas das manifestações clínicas pesquisadas. Na suspeita de algum desses sinais clínicos, um auxiliar de pesquisa se deslocava até o domicílio para confirmar ou não a suspeita clínica e avaliar a ocorrência de abaulamento de fontanela. O binômio mãe-filho foi acompanhado mensalmente durante 6 meses. A cada contato as mães eram estimuladas a manter o aleitamento materno exclusivo. Entretanto, aquelas que paravam de amamentar seus filhos continuaram sendo acompanhadas e suas crianças avaliadas, com base no desenho do estudo, ou seja, na “intenção de tratar”. Os desfechos primários foram: manifestações clínicas, duração e severidade das infecções. E o desfecho secundário foi considerado os sinais clínicos de xeroftalmia. As crianças foram acompanhadas a cada consulta na puericultura do IMIP, nos intervalos de tempo de 8- 10 dias, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 meses post partum, sendo submetidas a uma avaliação clínica e a cada quinze dias das consultas clínicas foram realizadas visitas domiciliares para notificar a ocorrência de eventuais morbidades. As mães estavam orientadas a procurar o serviço de puericultura do IMIP para reavaliação clínica quando a criança apresentava intercorrências nos intervalos das consultas ou das visitas domiciliares, e a natureza e duração dos episódios de morbidade eram registradas em questionário específico. Os dados de morbidade foram coletados mediante entrevistas com as mães ou responsáveis pela criança em questionário estruturado que continha informações específicas sobre manifestações clínicas apresentadas pela criança, tais como febre, diarréia, otite e os sinais e sintomas característicos de infecção respiratória aguda (tosse, nariz obstruído, cansaço e dificuldade de respirar). Sinais de gravidade das intercorrências clínicas foram inferidos com base no tempo de internamento hospitalar, a utilização de rehidratação venosa e a necessidade do uso de antibioticoterapia. Todas as crianças eram submetidas ao exame de superfície ocular de qualquer sinal de xeroftalmia, na consulta clínica pela enfermeira da equipe de pesquisa, e a criança era examinada pelo oftalmologista na confirmação de qualquer suspeita (tabela 1). Os dados coletados pelos auxiliares de pesquisa foram verificados por supervisores a cada um terço das visitas domiciliares. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 71 As medidas antropométricas de peso, comprimento e perímetro cefálico das crianças ao nascer foram obtidas do registro do prontuário clínico-hospitalar. Para a avaliação nutricional utilizou-se o indicador peso ao nascer16. Utilizando amostra de sangue do cordão umbilical do recém-nascido e da mãe por venipunctura braquial, as concentrações de retinol sérico foram analisadas por cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) 17 e a hemoglobina pelo contador eletrônico de células (Sismex SF 3000 Automated Hematology Analyser, Gmi Inc., Ramsey, MN, USA). O consumo dietético de vitamina A foi avaliado por um questionário de freqüência alimentar semi-quantitativo. Foram coletadas variáveis socioeconômicas e demográficas, dentre as quais a renda familiar per capita, o nível de escolaridade materna, a idade materna e o saneamento básico foi considerado adequado quando o domicílio apresentava abastecimento de água com canalização interna ligada à rede geral, esgotamento sanitário ligado à rede pública e coleta de lixo regular.18 Análise dos dados A construção do banco de dados foi realizada no programa Epi-Info versão 6.04d (WHO/CDC, Atlanta, GE, USA) e para análise estatística foi utilizado o programa Statistical Package for Social Sciences - SPSS for Windows, versão 13.1 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA). As médias das variáveis socioeconômicas, demográficas, bioquímicas e antropométricas foram comparadas no baseline, entre os dois grupos de tratamento, pelo teste t de student para dados não pareados e para as variáveis categóricas foi utilizado o teste do qui-quadrado de Pearson. O cálculo e a comparação das taxas de incidência de cada manifestação clínica, entre os dois grupos de tratamento, foram realizados utilizando a biblioteca “epitools” do software R.2.11.1 [R Development Core Team (2010). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing Wien, Österreich. ISBN 3900051-07-0, VRL http://www.R-project.org)]. Os intervalos de confiança e os valores do “p” foram obtidos pelo método Mid-p Exact Method. Para comparação do tempo de duração da diarréia, febre e internamento hospitalar, entre os 2 grupos de tratamento, foi utilizado o Mood Median Test. ASPECTOS ÉTICOS O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, sob o n° 720/2006, em 27 de janeiro de 2006, de acordo com as normas para pesquisas em seres humanos. As crianças foram selecionadas nas referidas FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 72 maternidades, após a concordância das respectivas mães em participar da pesquisa e assinarem o TCLE. As crianças que apresentaram anemia ou qualquer outra morbidade, durante a pesquisa, foram encaminhadas à médica assistente da pesquisa para avaliação clínica e recebiam orientação quanto ao uso de sulfato ferroso e/ou medicações específicas para as manifestações clínicas apresentadas. Não foram estabelecidas regras formais para a interrupção do ensaio clínico. RESULTADOS Dos 276 pares de mãe-filho originalmente recrutadas, 224 completaram integralmente o protocolo do estudo. As perdas ocorreram em virtude da mudança de cidade ou a não autorização dos pais à coleta de sangue da criança (figura 1). Não foi relatado nenhum episódio de efeito adverso que indicasse reação de toxicidade à vitamina A. Por sua vez, nenhuma criança apresentou sinais sugestivos de xeroftalmia. As características do binômio mãe/filho no baseline estão apresentadas na tabela 2. Observou-se que não houve diferenças significativas entre as características sócio-econômicas, biológica, bioquímicas e antropométricas das mães e dos seus recém-nascidos entre os 2 grupos de tratamento. Cerca de 30% das mães, de ambos os grupos de tratamento, apresentavam menos que 8 anos de estudo, tinham menos de ¼ de salário mínimo per capita e em torno de 20 % apresentavam idade inferior a 20 anos. Quanto às características das crianças, 51% eram do sexo feminino e 24,8% apresentavam peso ao nascer insuficiente (< 3000g). Na comparação entre a distribuição dos eventos de morbidade, segundo os 2 grupos de tratamento, observou-se que a razão de taxas de febre (RT 0,92; IC95% 0,75-1,14), diarréia (RT 0,96; IC95% 0,72-1,28), otite (RT 0,94; IC95% 0,48-1,85) e infecção respiratória (RT 1,03; IC95% 0,88-1,21) não deferiram entre os grupos de tratamento. No que diz respeito às variáveis que indicam gravidade da doença, a utilização de rehidratação venosa (RT 2,08; IC95% 0,642,07) e a necessidade do uso de antibioticoterapia (RT 0,80; IC95% 0,43-1,47) também foi similar nos dois grupos de tratamento (p> 0,05) (tabela 3). Resultados similares foram também observados para os marcadores tempo de duração da diarréia, da febre e internamento hospitalar (p> 0,05) (tabela 4). DISCUSSÃO A ausência de um benefício adicional com a dupla megadose de vitamina A (400.000 UI) na redução da morbidade, seja em termos de incidência, duração e/ou gravidade dos eventos, FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 73 observada na nossa casuística, foi um resultado consoante com a maior parte dos dados observados na literatura. 12, 13 No entanto, estudo realizado na Tanzânia por Idindili et al.,12 onde, além de as mães receberem 400.000 UI, as crianças também foram suplementadas em 3 diferentes momentos nos seis primeiros messes de vida, os autores observaram uma redução no número de episódios de febre no 1º mês de vida, no grupo de crianças que tinha sido suplementado com a dupla megadose de vitamina A (400.000 UI). Entretanto essa redução não mais foi observada nos meses subseqüentes. Vale ressaltar que nessa investigação, embora as mães já tivessem sido suplementadas, as crianças também receberam uma megadose de vitamina A de acordo com a sua alocação em um dos grupos de tratamento, o que poderia ter influenciado nesses resultados de um possível efeito benéfico adicional fornecido por uma maior dosagem de vitamina A. Investigação com metodologia similar, desenvolvida por Darboe et al.,13 no Gâmbia, onde as mães foram suplementadas no parto com 200.000 UI de vitamina A e com 1 semana após o parto com 200.000 UI ou placebo e as crianças foram também suplementadas no 2°, 3º e 4º meses de vida, com 50.000 UI ou placebo e aos 9 e 12 meses com 100.000 UI e 200.000 UI, respectivamente, também não foi observado nenhum impacto positivo adicional da suplementação de 400.000 UI sobre a morbidade das crianças, em relação ao grupo que recebeu 200.000 UI. Além disso, os marcadores imunológicos analisados nesse estudo não apresentaram nenhuma evidência consistente de qualquer efeito diferencial nos dois regimes de tratamento. Os autores, inclusive chamam à atenção para os possíveis efeitos adversos de dosagens maiores de vitamina A e as interações potenciais negativas com o expanded programme on immunisation vaccines. Outro estudo desenvolvido no Zimbabwe, por Malaba et al.19, onde 9208 pares de mães-filhos foram randomizados para receber 400.000 UI ou placebo (mães) e 50.000 UI ou pacebo (crianças), também não mostrou nenhum efeito benéfico dos grupos suplementados na redução da mortalidade infantil. Tal resultado foi atribuído ao fato de as mães participantes do ensaio clínico terem concentrações séricas adequadas de vitamina A e as crianças estarem em bom estado nutricional. Essa linha de raciocínio poderia explicar também a ausência de efeito benéfico adicional no nosso ensaio clínico, considerando que na nossa casuística apenas 2 crianças apresentaram baixo peso ao nascer (< 2500 g) e apenas 6,1% das mães apresentavam concentrações baixas de retinol sérico (< 0,70 µmol/L). Esquemas posológicos, com dosagens intermediárias foram também testados, a exemplo de ensaio clínico randomizado, realizado no sul da Índia, onde mães foram suplementadas com 300.000 UI de vitamina A ou placebo no post partum e as crianças FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 74 no 6° mês de vida com 200.000 UI ou placebo, que também não mostrou qualquer redução adicional nos episódios de diarréia ou infecção respiratória.20 Uma tentativa plausível de explicação para a ausência de benefício adicional de uma dosagem maior de vitamina A, do que a recomendada pelo protocolo padrão da OMS, seria a de que uma vez que 200.000 UI já assegura reservas adequadas de vitamina A, a ação dessa vitamina jé teria o seu efeito máximo e, portanto, esgotado na função estimuladora da imunidade dessas crianças, atingindo o limite da sua propriedade antinfecciosa. Logo, seria pouco provável um efeito adicional perceptível de uma dosagem superior na redução da morbidade. Entretanto, estudo clínico realizado por Basu et al. (2003)21 em Calcutá, India, onde foram randomizadas 300 mães para serem ou não suplementadas com 200.000 UI, mostrou um maior número de episódios e duração de diarréia, febre e infecção respiratória aguda entre as crianças do grupo controle. Deve-se ressaltar que o estudo de Basu et al. não fez uso do placebo o que pode ter enviesado um maior registro de eventos de morbidade no grupo não suplementado. Por sua vez, a suplementação oferecida diretamente à criança tem mostrado uma redução na duração, na média da frequência de evacuações e na proporção de crianças com fezes semilíquidas,22 bem como na redução dos eventos de morbidade em crianças desnutridas.23,24 Nossos resultados não podem ser extrapolados para populações que tenham deficiencia de vitamina A severa. Entretanto, os resultados permite reflexões sobre as condições gerais da dieta-doença prevalente no Nordeste do Brasil. CONCLUSÃO Considerando que o esquema posológico de suplementação, que é recomendado pela OMS, tem sido largamente utilizado na região Nordeste do Brasil, e que já foi idealizado para atingir o efeito desejável na redução da mortalidade, somado ao fato de que nós não detectamos nenhum efeito benéfico adicional na redução da morbidade com uma megadose ainda maior de vitamina A, nossos resultados reforçam a manutenção do regime padrão de suplementação que vem sendo preconizado pela OMS. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Relthy Laboratórios pelo fornecimento das cápsulas de placebo, à direção da Maternidade Municipal Bandeira Filho e ao IMIP por terem permitido a utilização da estrutura física desses hospitais. Agradecemos também a todos os auxiliares de pesquisa pela excelente assistência prestada durante toda a coleta de dados. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 75 REFERÊNCIAS 1. Beaton GH, Martorell R, Aronson KA et al. 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Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 77 FIGURAS Critérios de inclusão e exclusão Assinatura do TCLE Captação ( n= 293) 17 excluídas • 3 mastite • 1 complicação no parto • 1 Complicação com o RN • 12 recusas Randomização individual (n= 276) 400.000 UI (n= 134) 200.000 UI (n= 142) 9 recusas 4 Mudanças de município 25 recusas 2 mudanças de município Retorno com 2 meses ( n = 121) Retorno com 2 meses ( n = 115) 6 recusas Retorno com 4 meses ( n = 115) 4 recusas 2 retornos ao trabalho Retorno com 4 meses ( n = 109) Sem perdas Sem perdas Retorno com 6 meses ( n = 115) Figure 1 – CONSORT flowchart Retorno com 6 meses ( n = 109) FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 78 TABELAS Tabela1 – Definição das doenças nas crianças EVENTOS Diarréia DEFINIÇÃO > 1 dia no qual há mais de 3 evacuações semi-líquidas ou líquidas ou 1 evacuação líquida com sangue. Febre Aumento da temperatura axilar acima de 38,0 ° C por um período > 48 horas. Infecção respiratória aguda (IRA) >1 dia de tosse ou coriza ou combinação de tosse com dificuldade de respirar ou dor de garganta. A febre pode ou não estar presente. O reaparecimento dos sintomas após 7 dias ou mais de interrupção, foi considerado como um novo episódio. Otite Presença de otalgia, febre, irritabilidade, dor de ouvido. Podendo ocorrer a presença de secreção purulenta no ouvido. Otoscopia com hiperemia e abaulamento da membrana timpânica Deficiência de vitamina A (DVA) Presença de mancha de bitot, xerose conjutival, xerose corneal ou úlcera de córnea. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 79 Tabela 2- Características do binômio mãe-filho no baseline. Recife, Nordeste do Brazil, 20072009. características 400.000 UI vitamina A 200.000 UI vitamina A Média DP Média DP pa Masculino [n (%)] 64 (47,7) 69 (48,6) 0,79b Peso ao nascer (g) 3344,0 405,3 3283,0 373,1 0,24 Comprimento (cm) 48,9 2,0 48,9 1,8 0,86 Perímetro cefálico (cm) 34,5 1,7 34,6 2,1 0,70 Hemoglobina (g/dL) 14,0 1,8 13,5 2,5 0,44 Retinol sérico (µmol/L) 1,0 0,5 1,0 0,5 0,93 Aleitamento maternod [n (%)] 92 (80,7) 79 (71,8) 0,11b Idade (anos) 24,3 5,6 24,9 6,8 0,48 Escolaridade (anos) 8,8 2,9 8,8 2,5 0,86 89,4 63,3 83,6 47,7 0,38 28 (56,0) 22 (44,0) 0,42b IMC g (kg/cm2) 28,4 4,1 28,7 4,6 0,66 Circunferência do Braço (cm) 28,0 3,5 27,8 5,3 0,83 1090,4 817,7-1648,5 1164,7 841,0-1748,7 0,76c Retinol sérico (µmol/L) 1,6 0,7 1,7 0,8 0,55 Hemoglobina (g/dL) 11,6 1,7 11,2 1,5 0,08 Recém-nascidos Maternas Renda per capita ($e) f Saneamento Inadequado [n (%)] Consumo vitamina Ah (µg) [Med; IQi ] a Teste “t” de Student para dados não pareados; aleitamento materno no 6° mês de vida; e b teste do Qui- quadrado; $ = dólar americano; f c teste Mann Whitney U; d Saneamento inadequado = domicílio que não apresentasse 1 ou mais das características: abastecimento interno de água da casa , sistema de coleta de lixo regular e esgoto ligado à rede; g IMC – Índice de Massa Corporal; h Consumo alimentar de vitamina A em µg de retinol; i IQ – Intervalo Interquatílico. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 80 Tabela 3 – Taxa de incidência dos eventos de morbidade das crianças. Recife, Nordeste do Brazil, 2007-2009. 400.000 IU vitamina A n a b 200.000 IU vitamina A Taxa na Taxa b RTc IC95% pd Manifestações clínicas Febre 185 26,0 161 24,0 0,92 0,75-1,14 0,46 Diarréia 98 13,8 89 13,3 0,96 0,72-1,28 0,80 Otite 18 2,5 16 2,4 0,94 0,48-1,85 0,87 319 44,8 310 46,2 1,03 0,88-1,21 0,70 Rehidratação venosa 4 0,56 8 1,19 2,08 0,64-2,07 0,23 Antibioticoterapia 24 3,37 18 0,80 0,43-1,47 0,47 e IRA Sinais de gravidade a n° de episódios; Respiratória Aguda b taxa de episódio (/100 crianças-mês); 2,68 c razão das taxas; d mid-p exact ; e Infecção FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 81 Tabela 4 – Duração de diarréia, febre e tempo de internamento das crianças do estudo. Recife, Nordeste do Brazil, 2007-2009 400.000 IU vitamin A 200.000 IU vitamin A Duração (dias) n Med P25-P75 n Med P25 – P75 pa Diarréia 54 4,0 2,0 – 8,0 50 4,0 2,0 – 8,2 0,90 Febre 78 4,0 2,0 – 8,0 89 3,0 2,0 – 8,0 0,45 15 4,0 2,0 – 8,0 18 8,0 2,0 – 8,2 0,37 Tempo internamento a Mood Median Test de FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 82 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os riscos nutricionais, de diferentes categorias (carência e excesso) e magnitudes, permeiam o ciclo da vida humana, assumindo diversas configurações epidemiológicas em função do processo saúde/doença de cada população. A deficiência de vitamina A constitui problema endêmico em grandes espaços nas regiões Norte e Nordeste. Sendo a população infantil do Nordeste considerada um grupo populacional de grande susceptibilidade ao problema. Os problemas nutricionais raramente aparecem isoladamente e as intervenções ocorrem visando a sua correção. É importante ressaltar que à medida que se implanta ou implementa qualquer programa de intervenção, se faz necessário a avaliação do mesmo, e que, segundo Frias (2001), entre as principais funções da avaliação normativa, estão o controle, acompanhamento e garantia de qualidade, permitindo que o planejamento e a tomada de decisões, sejam redirecionado, acoplando ou subtraindo ações. Segundo a OMS, avaliar é um processo permanente, encaminhado principalmente, a corrigir e melhorar ações com o fim de aumentar a pertinência, eficiência e eficácia das atividades de saúde. Neste contexto, são implementados programas voltados aos problemas mais prevalentes e de alta morbidade e mortalidade, com ênfase em ações de tecnologia de baixo custo e fácil acesso, tais como, o programa de combate à hipovitaminose A. Este com a distribuição massiva de megadoses tem sido uma das estratégias de curto prazo adotado no enfrentamento do problema nos grupos de maior vulnerabilidade (crianças na idade préescolar e mulheres no puerpério imediato). Além disso, o incentivo ao aleitamento materno nos primeiros 6 meses de vida e ao consumo de alimentos fontes de vitamina A durante a gestação fazem parte de medidas essenciais no combate dessa deficiência nutricional. Os resultados desse trabalho mostram que a prevalência de deficiência de vitamina A de cerca de 23,0% configura um problema de saúde pública na população estudada, tendo o perfil socioeconômico como um fator contribuinte para o desenvolvimento dessa carência. A correlação direta das concentrações de retinol sérico do binômio mãe/filho vem confirmar as evidências científicas que reforçam a importância de intervir no estado nutricional materno como um dos meios de assegurar níveis adequados de vitamina A para os RNs. A ausência de diferenças na comparação entre a distribuição dos eventos de morbidade nos grupos de tratamento pode ser explicado pelos baixos registros de sinais indicativos de FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 83 gravidade da doença, visto que essas crianças tinham assistência à saúde de forma sistematizada, onde as mães recebiam orientações acerca dos cuidados visando à prevenção de doenças na infância. Fato este que pode não retratar a realidade em outro contexto. Nesse sentido, embora se reconhecendo a possibilidade da importância do impacto da dupla megadose na redução da morbidade infantil, os dados apresentados não dão subsídios para propor modificação da proposta de suplementação em vigor do Programa Nacional de Suplementação de vitamina A como estratégia de prevenção da deficiência de vitamina A adotada pelo Ministério da Saúde. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 84 REFERÊNCIAS AIDPI, MS. 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Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 97 APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu, ___________________________________________, registro n° ______________, declaro que fui devidamente esclarecida pelo auxiliar de pesquisa ____________________ em relação à pesquisa sobre “Impacto da suplementação materna com dupla megadose de vitamina A no post partum imediato sobre o estado nutricional de vitamina A e ferro no binômio mãe-filho e no crescimento e morbidade das crianças menores de 6 meses em aleitamento materno” e estou perfeitamente consciente que: 1) O estudo tem como objetivo avaliar o efeito da suplementação materna com 400.000 UI de palmitato de retinol oral no pós-parto imediato, na situação nutricional do binômio mãe-filho, e no crescimento e na morbidade das crianças em aleitamento materno e até os seis primeiros meses de vida. 2) Não existem riscos potenciais à saúde dos examinados. No entanto todos os pacientes serão monitorados para detecção precoce de eventuais efeitos secundários da megadose de vitamina A mediante exame clínico/oftalmológico. O eventual surgimento de um efeito adverso, o mesmo será prontamente contornado pela equipe de saúde do projeto. No que diz respeito a coleta de material biológico serão repassadas as informações concernentes ao procedimento, inclusive sensação dolorosa, aparecimento de hematomas, etc e a equipe se responsabilizará pela assistência adequada. 3) Receberei respostas a perguntas ou esclarecimentos a qualquer dúvida, acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa; para isso, poderei me comunicar em qualquer momento com as pesquisadoras (Fátima Caminha, Taciana Fernandes, Carmina Santos e Luciana Andreto), pelos telefones (88412121, 92324542, 91682796 e 91080939. 4) Será aplicado um questionário para se conhecer os alimentos consumidos pela mãe, em especial os alimentos fontes de vitamina A e de ferro. 5) Estou concordando livremente em participar, sem receber qualquer tipo de pressão. 6) Continuarei a ser atendida no IMIP, dispondo de toda atenção, independentemente da minha participação na pesquisa. 7) Não serei identificada e será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas à minha privacidade. 8) Tenho o direito de saber o resultado da pesquisa, se assim o desejar. 9) Poderei abandonar a qualquer momento a pesquisa caso não me sinta satisfeita, sem que isso venha prejudicar o meu atendimento no IMIP. Recife, _____/_____/______ Declaro, finalmente, que concordei em participar da pesquisa ___________________________________ ENTREVISTADA ___________________________________ PESQUISADORA FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 98 APÊNDICE B – MANUAL DO PESQUISADOR PROJETO PESQUISA: Impacto da suplementação materna com dupla megadose de vitamina A no post partum imediato sobre o estado nutricional de vitamina A no binômio mãe-filho e no crescimento e morbidade das crianças menores de 6 meses em aleitamento materno MANUAL DO PESQUISADOR EQUIPE DE ELABORAÇÃO: − Alcides da Silva Diniz − llma Kruze Grande de Arruda − Ana Rodrigues Falbo − Ariani Impieri de Souza − Taciana Fernanda dos Santos Fernandes − Luciana Marques Andreto − Maria de Fátima Costa Caminha − Carmina Santos RECIFE 2007 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... SUMÁRIO 1. Instruções básicas ...................................................................03 2. Equipe de trabalho ...................................................................03 3. Aspectos éticos da pesquisa ...................................................................04 4. Instruções gerais ...................................................................05 5. Normas padronizadas ...................................................................07 5.1 Medidas antropométricas ...................................................................07 5.2 Morbidade ...................................................................08 5.3 Medidas bioquímicas ...................................................................09 5.4 Consumo alimentar ...................................................................13 6. ...................................................................15 Formulários 99 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 100 1. INSTRUÇÕES BÁSICAS O objetivo deste manual é fornecer orientação básica à equipe da pesquisa do “Impacto da suplementação materna com dupla megadose de vitamina A no post partum imediato sobre o estado nutricional de vitamina A no binômio mãe-filho e no crescimento e morbidade das crianças menores de 6 meses em aleitamento materno" na condução dos trabalhos de campo, no preenchimento dos formulários e na tomada das medidas antropométricas, bioquímicas e coleta do leite humano Com este manual, todos os pesquisadores seguirão um critério único para as definições dos termos e preenchimento dos formulários. Todas as vezes que tiver dúvida a respeito de quaisquer das questões, CONSULTE-O. A negligência das observações e orientações aqui definidas resultarão na modificação de conceitos e operações, afetando os resultados, comprometendo a qualidade do estudo e, portanto, invalidando-o. Este manual é composto de dois blocos: o primeiro engloba as orientações sobre os aspectos gerais do estudo, o segundo, versa sobre as orientações específicas do preenchimento do formulário. 2. EQUIPE DE TRABALHO • Coordenadores • Pesquisadores • Colaboradores: Auxiliares de pesquisa auxiliares de enfermagem bioquímicos enfermeiros médicos (ginecologista e pediatra) FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... consultores alunos de pós-graduação alunos de iniciação científica 101 3. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA • O pesquisador, no momento em que é selecionado e aceita participar desse trabalho, assume um compromisso profissional e, por conseguinte, um comportamento ético na condução das tarefas que lhe são atribuídas. • Apresentar-se de forma amigável aos participantes, dizendo o objetivo da pesquisa e citando as instituições responsáveis pela mesma. • Explicar que a pesquisa está sendo realizada no IMIP. Se as gestantes/puérperas não se mostrarem receptivas, explicar mais detalhadamente o processo, enfatizando a importância de contar com a colaboração delas para realizar a entrevista. • Solicitar ao informante sua permissão para realizar a entrevista. Sempre usar expressões positivas como “gostaria de conversar com a senhora por alguns minutos” ou “gostaria de fazer-lhe algumas perguntas”. Dessa forma é mais difícil receber recusa. • Assegurar ao informante o sigilo sobre as informações fornecidas e sua utilização exclusivamente voltada para a finalidade do estudo. • O pesquisador não deve emitir qualquer juízo sobre os entrevistados, como manifestar surpresa diante de certas respostas que toquem a sensibilidade do entrevistado ou “achar engraçada” alguma resposta por mais absurda que possa lhe parecer. • O pesquisador não deve comentar entrevistas ou mostrar formulários preenchidos aos outros pesquisadores ou aos supervisores diante de pessoa alheia à pesquisa. • O pesquisador não deve estar acompanhado por pessoas estranhas ao quadro da pesquisa por ocasião da realização das entrevistas, exceto da pessoa do local, considerada chave. • O pesquisador não deve induzir respostas; as perguntas devem ser formuladas da maneira exata como estão escritas no formulário; caso o entrevistado não entenda o seu conteúdo, o pesquisador deve explicá-las sem, contudo, levar o entrevistado a FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 102 responder o que ele (pesquisador) gostaria de ouvir como resposta. Em alguns casos, as alternativas deverão ser lidas para o entrevistado. • Orientar as puérperas e/ou acompanhantes, quando necessário, sobre os encaminhamentos para outros serviços para tratamento das condições observadas durante a entrevista. • Assegurar o retorno dos resultados dos exames realizados, o tratamento da anemia (sulfato ferroso) e da hipovitaminose A, e a orientação para a saúde das mães/crianças que apresentarem algum quadro de morbidade. • Uma característica fundamental do pesquisador é ser calmo e paciente e, desconhecer as provocações que por ventura sejam feitas. Nunca discutir religião, política ou futebol. • O pesquisador deve ter equilíbrio emocional para vivenciar as mais variadas situações que decorrem do contato com pessoas de diferentes níveis sociais e de diferentes personalidades. • O pesquisador deve tentar conseguir convencer o entrevistado a colaborar com o estudo, sem, contudo, tomar atitude impositiva e agressiva. • O pesquisador deverá contactar os coordenadores, caso surjam dúvidas ou problemas. 4. INSTRUÇÕES GERAIS As orientações aqui discriminadas se referem à conduta a ser seguida independente do local, ou seja, aos dados a serem coletados por ocasião da entrevista. Todos os locais estão informados oficialmente sobre a pesquisa e serão devidamente instruídos, sobre as atividades desenvolvidas em cada um. São elas: A pesquisa será desenvolvida nos seguintes setores do IMIP: triagem/maternidade, PPP/COB, alojamento conjunto, laboratório de bioquímica, ambulatório de puericultura, banco de leite; e FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 103 serão realizadas também, visitas domiciliares. Em cada setor do IMIP haverá uma pessoa referência. Os formulários das visitas domiciliares terão os dados referentes à identificação, o registro domiciliar e os dados socioeconômicos pré-preenchidos, os quais deverão ser checados no momento da visita (check list). Antes de cada visita domiciliar checar o endereço e o ponto de referência. Sempre que houver dúvidas, escrever por extenso a resposta dada pelo informante e deixar para o supervisor decidir no prazo estabelecido (rotina de revisão dos formulários). Quando uma resposta for pouco confiável, anotar, mas fazer uma observação sobre a má qualidade da resposta. Nunca deixar respostas em branco, observar a aplicação dos códigos especiais: Ignorado: código 9, 99 ou 999... = resposta desconhecida do informante ou informação muito pouco confiável. Use o código de “ignorado” somente em último caso. Aproveite as respostas aproximadas, como, por exemplo, renda entre 500 e 600 reais, anotar 550 reais. Não se aplica: código 8, 88 ou 888... = quando a pergunta não pode ser aplicada para aquele caso. Sempre que encontrar a palavra “outro”, especificar. Por uma questão metodológica, para garantir o controle de qualidade das informações colhidas, será efetuada checagem dos formulários preenchidos pelos pesquisadores, em uma sub-amostra de 10% dos mesmos. O pesquisador não deve realizar codificação, nem tampouco realizar cálculos matemáticos em campo; estas atividades serão realizadas em momento posterior, quando os formulários forem revisados pelo pesquisador. Usar lápis e borracha para preencher os formulários. Quando errar, apagar, não rasurar. 5. NORMAS PADRONIZADAS 5.2 - Tomada de medidas antropométricas A expressão numérica obtida ao registrar os dados antropométricos, deve oferecer um limite de segurança tal, que permita julgar adequadamente a intensidade do problema nutricional. O FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 104 nosso objetivo é uniformizar um método, que permita às várias pessoas treinadas, obter dados antropométricos com a maior exatidão possível. O Peso, o comprimento, a Altura e a circunferência do braço devem ser avaliadas por dois antropometristas. Antes de realizar a tomada de peso, observar se a balança está zerada. Os resultados devem ser anotados no formulário, sem rasura e no valor exato (sem arredondamentos). Os resultados do peso e altura não devem ser divulgados pelos antropometristas em voz alta. Anotar o peso antes da mãe e/ou a criança sair da balança. Peso da criança: Será aferido em balança, marca Filizzola, modelo BP baby 6767-00 (Indústrias Filizzola S/A., São Paulo, Brasil) com capacidade máxima de 15kg e mínima de 0,125kg e precisão de 0,005kg, estando a criança despida. O peso deverá ser anotado em gramas. Ex: 3550 g. Comprimento da criança: Será aferido utilizando um antropômetro horizontal (Misura Per Sarte, C&C, São Paulo, Brasil) com 130 cm de extensão e precisão de 0,1 cm. A criança deverá estar calma, sem sapatos, deitada em posição supina paralela ao eixo axial do instrumento, com a cabeça posicionada na linha média e tocando a borda superior do mesmo. Os pés serão fletidos em ângulo de 90º com a perna, tocando o limite inferior do antropômetro. O comprimento deverá ser anotado em cm com uma casa decimal. Ex: 48,5cm. Peso da mãe: O peso será avaliado fazendo-se uso da balança de plataforma eletrônica, marca Toledo, modelo 6063866, (Toledo do Brasil Indústria de Balanças Ltda, São Paulo, Brasil) carga máxima 150 kg e mínima de 0,125 kg e precisão de 0,05 kg. A mãe deverá ser pesada descalça e com a menor quantidade de roupa possível (o próprio investigador deve se possível, oferecer o vestuário do tipo bata para as mães a fim de melhor fazer a correção do peso), tendo cuidado de observar se a mãe não apresenta objetos nas mãos ou bolsos e adorno na cabeça. Colocar a mãe no centro da plataforma da balança (sobre o desenho da planta dos pés), em posição firme, com os braços ao longo do corpo e verificar o número do visor da balança. O peso deverá ser anotado em kg com 1 casa decimal. Ex: 75,2 kg FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 105 Altura da mãe: A altura deverá ser aferida com a mãe sempre descalças e sem adornos de cabeça (ex. diadema); as mães devem ser medidas com fita Stanley que já deverá estar afixada à parede ou a alça metálica acoplada a balança. A mãe deverá ficar de pé, com os calcanhares, ombros e cabeça pegados à parede ou superfície lisa, sem dobrar os joelhos, a linha de mira (plano de Frankfort) deve estar horizontal, e no momento de medir a altura, deslizar suavemente a esquadria, até tocar a cabeça da mãe. Retirar a mãe e anotar o número que se observar no visor da fita, o examinador deverá colocar-se frente à fita métrica, a fim de fazer a leitura em linha reta. O resultado deverá ser anotado em cm. Ex: 163 cm. Circunferência do Braço A circunferência deve ser medida no ponto médio entre o acrômio (ombro) e o olécrano (cotovelo). Para sua obtenção da medida deve-se utilizar o braço não dominante, flexionado-o em direção ao tórax, fazendo um ângulo de 900 para indicação do ponto médio. Feito isso, solicitar a gestante/puérpera que deixe o braço estendido ao longo do corpo com a palma da mão voltada para a coxa, em seguida contornar o braço com a fita flexível no ponto marcado de forma ajustada, sem compressão da pele ou folga. 5.1 – Morbidade As perguntas devem ser feitas a mãe/responsável pela criança. Deve-se fazer referência a quinzena anterior à visita domiciliar. Se a criança apresentar alguns desses sinais ou sintomas do quadro abaixo no momento da visita e não na semana anterior, o entrevistador deve orientar a mãe/responsável que informe a situação na quinzena seguinte e que, haverá contato por telefone, para agendar uma consulta para reavaliação, se for necessário. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 106 AVALIAÇÃO DA MORBIDADE: Técnicas Descrição de avaliação Febre Relato de febre pela mãe (responsável) ou quente ao toque no exame físico (dorso da mão do examinador no tórax) ou temperatura axilar ≥ a 38o C por um período > 48 h (AIDPI, 2003) Episódios diarréia de Referida pela mãe ou ocorrência de ≥ 3 evacuações amolecidas ou líquidas ou pelo menos 01 evacuação com sangue visível em um período de 24 h (WHO, 1998). Infecção Presença 1 ou mais sintomas como tosse, dificuldade de respirar, coriza, respiratória aguda dor de garganta. A febre pode ou não estar presente. O reaparecimento dos sintomas após 7 dias ou mais de interrupção, foi considerado como um novo episódio (BARATA et al., 1996). Otite Presença de otalgia, febre, irritabilidade, dor de ouvido. Podendo ocorrer a presença de secreção purulenta no ouvido. Otoscopia com hiperemia e abaulamento da membrana timpânica (RAHAMATULLAH et al., 1991). Deficiência de Presença de mancha de bitot, xerose conjutival, xerose corneal ou úlcera vitamina A de córnea. (RAHAMATULLAH et al., 1991). (DVA) 5.2 – Medidas bioquímicas 5.2.1.Coleta de sangue A 1a coleta será realizada na sala de parto do IMIP, por auxiliar de enfermagem com experiência em coleta de sangue. Serão colhidos 5 ml de sangue do cordão umbilical dos recém-nascidos e 10 mL do sangue venoso das mães, antes da suplementação com a vitamina A. O sangue será acondicionado em quatro tubos previamente identificados e recobertos em papel alumínio para proteção contra a luz, sendo dois para o sangue do recém-nascido e dois para o sangue da mãe. Um tubo com o sangue da mãe e outro com o sangue do recém- FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 107 nascido (cordão umbilical) serão utilizados para a avaliação hematológica; os outros tubos com amostras sanguíneas serão utilizados para as determinações bioquímicas: ferro sérico, transferrina, capacidade total de ligação do ferro, retinol sérico e PCR. As coletas subseqüentes de sangue serão realizadas bimensalmente até o sexto mês pós-parto no ambulatório de puericultura do IMIP. O técnico irá colher 10 ml de sangue por punção venosa cubital na mãe, em jejum, pela manhã e 5ml na criança. Após a coleta, parte do sangue (amostras) em tubos devidamente etiquetados, será enviada para análise dos parâmetros hematológicos no laboratório do IMIP e, a outra parte, após uma hora de decantação, os tubos contendo as amostras serão centrifugados a 3000 rpm (rotação por minuto), durante 10 minutos, separado o soro que será acondicionado em tubos eppendorf, protegidos da luz e armazenado no freezer à temperatura de - 20°C. Serão transportados para o laboratório do CIMICRON/UFPB, em caixas de isopor com gelo para análise de retinol sérico. 5.2.2.Coleta do leite materno O colostro será coletado por auxiliar devidamente treinada, de uma única mama (direita) que não tenha servido para amamentação do bebê por no mínimo 3 horas. Assim que estiverem juntos mãe e bebê, a mãe oferecerá esta mama durante quinze minutos, após este período, o bebê deverá ser retirado da mama direita sendo oferecida a mama esquerda, e o leite restante da mama direita será ordenhado por bomba elétrica durante vinte minutos e acondicionado em recipientes de vidro previamente esterilizado. Os tubos serão armazenados sob refrigeração a -20°C permanecendo até posterior análise. Nas consultas bimestrais, serão realizadas coletas do leite materno, obedecendo a mesma técnica realizada para coleta do colostro. 5.3 - PROCESSAMENTO E ANÁLISE Retinol sérico O retinol sérico será dosado, obedecendo ao método estabelecido por Furr e colaboradores (1992). Após o descongelamento, serão pipetados 100µL de soro de cada amostra e colocados em tubos cônicos de vidro, identificados, e adicionados 100µL de etanol FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 108 absoluto (C2H5OH), para promover a precipitação das proteínas, e 200µL de hexano (C6H14), responsável pela extração do retinol. Em seguida, as amostras serão agitadas por 30 segundos, no agitador de tubos, em velocidade contínua, e centrifugados, à velocidade de 3000 rpm, durante 5 minutos. Posteriormente, serão extraídos 100µL do sobrenadante, colocados em tubos de vidro pequeno e evaporados com nitrogênio, por aproximadamente 1 minuto. O resíduo da amostra será redissolvido com 50µL de metanol e deste, retirados 20µL para leitura. Os níveis séricos de vitamina A serão determinados pelo método cromatográfico, utilizandose a Cromatografia Líquida de Alta Resolução (High Pressure Liquid Chromatography HPLC). Retinol no leite materno O retinol no leite materno será dosado, obedecendo ao método estabelecido por Giuliano e colaboradores (1992). Após descongelamento das amostras de leite até 37º, por agitação em banho de água por 60 oscilações por minuto, será adicionado ethanol absoluto e KOH. Amostras serão lavadas com argon, cobertas com tampas fenólicas forradas com teflon, e sonificadas por 5 minutos em banho de água em sonificador. Seguindo a saponificação, será aderido hexane para cada amostra de leite. As amostras serão vigorosamente misturadas por movimento e sonificação por 5 minutos, então transferidas para tubos descartáveis de 16 x 125mm, onde serão centrifugadas por 10 minutos. A camada resultante de hexane será retirada e a camada aquosa será re-extraída com hexane, onde serão vigorosamente misturadas por movimento e sonificação por 10 minutos. As camadas combinadas com hexane serão evaporadas sob nitrogênio. Para remover impurezas solúveis em água das camadas combinadas de hexane, amostras serão extraídas com ethanol absoluto e água deionizada, e transferidas para tubos descartáveis de 13 x 100mm. Esta mistura é vortexada e sonificada por 5 minutos acompanhada por centrifugação por 10 minutos. A camada de hexane resultante é removida e guardada em tubo para microcentrifugação. A camada aquosa será re-extraída com hexane, como já explicado anteriormente. As camadas combinadas de hexane serão evaporadas com FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 109 nitrogênio até ficarem secas e redissolvidas em THF-methanol. Uma mais alta percentagem de THF-methanol será necessária para solubilizar os carotenóides adequadamente. Seguindo a sonificação de 30 segundos, 200 microlitros da amostra serão colocados dentro do HPLC, método cromatográfico que será utilizado nesta pesquisa para determinar os níveis de vitamina A no leite materno. Hemoglobina - Hb Para a determinação das concentrações de hemoglobina, será utilizado, aproximadamente, 1 ml de sangue (tubo á vácuo) utilizando como anticoagulante, o ácido etileno diamino tetracético (EDTA). As amostras serão encaminhadas ao Laboratório do IMIP, para realização das análises em contador eletrônico de células (Sismex SF 3000 Automated hematilogy Analyser, GMI, Inc. Ramsey, MN,USA) Ferritina Sérica Os teores de ferritina sérica serão determinados pelo método ELISA (DE MAEYER et al.,1991), no IMIP. A ferritina sérica será medida em nanogramas por mililitro (ng/ml). (MORAIS et al., 1992; KUIZON et al., 1996; KILBRI et al., 2000). Ferro Sérico - Fe Os teores de ferro sérico serão avaliados pelo método colorimétrico com ferrozine (DE MAEYER et al.,1991), no IMIP. O ferro sérico será medido em microgramas por decilitro (µg/dl). (MORAIS et al., 1992; RIBEIRO e TONE, 1996). Capacidade Total de Ligação do Ferro - CTLF As concentrações da CTLF serão mensuradas pelo método colorimétrico com ferrozine (DE MAEYER et al., 1991), no IMIP. A CTLF será medida em microgramas por decilitro (µg/dl). (RIBEIRO e TONE, 1996). Saturação de Transferrina - Str O percentual de saturação de transferrina será obtido, a partir dos resultados do ferro sérico e da CTLF, utilizando-se a fórmula (HERSHKO et al., 1981; MORAIS et al., 1992; RETTMER et al., 1999). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 110 FeS x 100 CTLF Albumina sérica - Alb Quanto a dosagem de albumina sérica: será utilizado o método de eletroforese de proteínas (acetato de celulose). O hemograma completo e a hematimetria serão analisados pelo Laboratório de Bioquímica do IMIP 5.4 – Consumo alimentar Puérperas Registrar ou descrever a ingestão dos alimentos utilizados pela puérpera com base em uma lista por grupos de alimentos e sua freqüência de consumo por dia/semana/mês e a quantidade ingerida. Trata-se de uma estimativa de consumo cujas porções são referidas mediante o uso de medidas caseiras. É o método chamado de questionário de freqüência alimentar semiquantitativo. Para análise do consumo alimentar será utilizado o Programa DIETSYS. Quanto às dúvidas no relato das preparações/porções dos alimentos, utilizar o álbum de fotografia. Especificar, em cada grupo, os alimentos. P.ex. arroz se é integral ou polido. CUIDADOS NA COLETA DE INFORMAÇÔES: Evitar qualquer sinal de surpresa, aprovação ou desaprovação do padrão alimentar do entrevistado; Não induzir as respostas, principalmente na forma de que os alimentos são preparados; Não esquecer de mencionar bebidas alcoólicas, bala/bombom, pipoca, sorvete, café, suplementos vitamínicos e consumo de alimentos à noite; Verificar se o consumo não é atípico, ou seja, o entrevistado normalmente não consome. O preenchimento do questionário de freqüência de consumo alimentar deverá ser feito associado a apresentação do álbum de fotografia para estimativa do consumo. O consumo deverá ser preenchido conforme orientação a seguir: N = nunca comeu 1 = 1 vez ; 2 = 2 vezes; 3 = 3 vezes; 4 = 4 vezes; 5 = 5 vezes ... 10 = 10 vezes D = por dia; S = por semana; M = por mês; A = por ano P = pequena; M = média; G = grande FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 111 Crianças Descrever a quantidade dos alimentos e de água ingerida pela criança. Nas preparações especificar também os alimentos e a quantidade utilizada para cada preparação. Além disso, será anotado a idade em que a criança iniciou cada novo alimento. 6. FORMULÁRIOS 6.1 - Formulário – Triagem Após aceitação para fazer parte da pesquisa, o prontuário da gestante terá um carimbo de identificação como pertencente à pesquisa. Os dados referentes ao endereço, ponto de referência e telefone para contato devem ser checados em todos os momentos de encontro com a paciente. Checar a coleta de leite materno e a coleta de sangue mãe/filho BIMESTRAL 6.1.1 – Dados pessoais Número do formulário: este campo será preenchido previamente. Número do prontuário: refere-se ao número do registro da paciente no hospital Nome do entrevistador: Escrever o nome de forma legível (letra de forma). Data da entrevista: anotar no início da entrevista nos espaços correspondentes a dia/mês/ano. Nome da mãe: escrever o nome completo da gestante participante da pesquisa. Endereço: registrar o endereço completo da residência do entrevistado. Bairro: bairros da cidade do Recife ou região metropolitana. Ponto de referência: ponto comercial, igreja ou outro. Telefone para contato: anotar um telefone residencial, ou celular, ou para recado. Data de nascimento da mãe: Colocar dia, mês e ano com 04 dígitos. Ex: 24/03/1973. Pedir ao entrevistado para ver o registro de nascimento, ou carteira de identidade, ou qualquer outro FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 112 documento onde conste a data de nascimento. Na impossibilidade, anotar a informação do entrevistado. Número de gestações: quantas vezes a gestante engravidou, contando com a atual Número de abortos: quantas vezes a gestante abortou (natural e/ou provocado) Data do último parto: data em que a gestante teve seu último filho antes da gestação atual. Intervalo intergestacional: calcular posteriormente. DUM: anotar a data do 1 dia da última menstruação Idade gestacional: quantas semanas de gestação (confirmar com a enfermeira do pré-natal). N° de consultas pré-natal: anotar o número de vezes que a gestante compareceu às consultas de pré-natal. Conferir cartão da gestante. 6.1.2 - Avaliação socioeconômica Número de pessoas no domicílio: anotar quantas pessoas moram efetivamente na casa, sem contar com empregados (mesmo que o empregado durma na casa) Renda Familiar: perguntar quantas pessoas da família recebem salário e qual o valor individual percebido. Somar esses valores para chegar à renda total e anotar. Renda per capita: dividir o número de pessoas no domicílio pela renda familiar (será calculado posteriormente). Escolaridade da mãe: último ano cursado com aprovação, anotando série e grau. Atividade atual: descrever a atividade profissional que exerce. Situação conjugal: anotar a referida pela gestante. 6.1.3 - Hábitos comportamentais Hábito de fumar: Assinalar com X a opção “Sim”, se a gestante fuma atualmente. Freqüência: quantas vezes por dia (colocar apenas o número de cigarros) e idade em que começou. Assinalar a opção “Não”, se ela não fuma, e a partir daí marcar com X se a mesma nunca fumou, é ex-fumante ou parou de fumar apenas devido a gravidez. Perguntar a idade em FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 113 que a gestante começou a fumar e a idade que abandonou o cigarro (caso a gestante não saiba precisar a idade, tente uma aproximação). Hábito de beber: Assinalar com X a opção “Sim”, se a gestante bebe atualmente. Freqüência: quantas vezes por semana e idade em que começou. Assinalar a opção “Não”, se ela não bebe, e a partir daí marcar com X se a mesma nunca bebeu, bebia antes ou parou de beber apenas devido a gravidez. Perguntar a idade em que a gestante começou a beber e a idade que abandonou a bebida (caso a gestante não saiba precisar a idade, tente uma aproximação). Uso de drogas ilícitas: Assinalar com X a opção “Sim”, se a gestante se droga atualmente. Caso a gestante use drogas ela é excluída da pesquisa e deverá ser comunicado a enfermeira do pré-natal para que a mesma conduza a gestante ao pré-natal de alto-risco. Assinalar com X a opção “Não”, se a gestante nunca se drogou. Caso a gestante diga que já se drogou alguma vez, perguntar: se ex-usuária, se foi devido a gravidez, a idade que começou e a idade que abandonou (caso a gestante não saiba precisar a idade, tente uma aproximação). 6.1.4 – Rastreamento Clínico Cegueira noturna na gestante: Perguntar se a gestante tem algum problema na visão. Se sim, se esse problema ocorre apenas ao anoitecer. Se a mesma responder sim, perguntar se ela já tinha essa dificuldade antes de engravidar, e por fim, perguntar se a gestante tem cegueira noturna. Estado Nutricional da gestante: O peso, altura e circunferência do braço, deverão atender às NORMAS PADRONIZADAS PARA A TOMADA DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS descritas anteriormente. Número de consultas pré-natal: número de consultas que a gestante compareceu ao pré-natal. Exames realizados: Assinalar com um X no quadro correspondente aos exames realizados pela gestante durante o pré-natal. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 114 Vacinas administradas: perguntar a gestante e escrever por extenso a (s) vacina (s) que foram administradas durante o pré-natal. 6.2 - Formulário do PPP/COB No PPP/COB, o número do formulário e o nome da mãe já estarão preenchidos. Número do prontuário: refere-se ao número do registro da paciente no hospital Nome do entrevistador: Escrever o nome de forma legível (letra de forma). Data do parto: anotar no início da entrevista nos espaços correspondentes a dia/mês/ano em que a paciente pariu. Tipo do parto: anotar se o parto foi vaginal ou cesária Sexo da criança: masculino (M) ou feminino (F) Peso ao nascer, comprimento, circunferência craniana e Apgar no primeiro e segundo minutos devem ser descritos conforme anotação do neonatologista na sala de parto (consulta de prontuário). Oferecer a cápsulas de vitamina A no pós-parto imediato (ainda na sala de parto) e anotar no formulário. Coletar sangue do cordão umbilical, conforme descrito anteriormente e anotar no formulário. 6.3 - Formulário do Egresso/Primeira Consulta de Puericultura (8 dias) Anotar o grupo que a puérpera/criança pertence, o número do formulário, o nome da mãe, o nome e o sexo da criança já estarão preenchidos. Número do prontuário: refere-se ao número do registro da paciente no hospital Nome do entrevistador: Escrever o nome de forma legível (letra de forma). Data da entrevista: anotar no início da entrevista nos espaços correspondentes a dia/mês/ano em que a paciente encontrava-se na puericultura. Número do cartão da criança: número do cartão que a criança irá receber neste momento. Coletar o colostro e anotar no formulário. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 115 Anotar o peso, que deverá atender às NORMAS PADRONIZADAS PARA A TOMADA DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS descritas anteriormente (medidas realizadas pela enfermeira da puericultura e transcritas para o formulário pelo auxiliar de pesquisa). Aleitamento materno: assinalar com X se sim ou não. Na resposta Sim, perguntar se o aleitamento é exclusivo (apenas leite materno – não entra água nem chá), caso não seja exclusivo, assinalar com X no parcial e questionar quais os alimentos introduzidos, quantas vezes e qual o volume. Morbidade na criança (febre e/ou diarréia): Se Sim: Febre: anotar há quantos dias (caso tenha sido um dia antes ou no dia da entrevista, telefonar para a mãe 48 horas depois para saber o período que a criança continuou com febre). Perguntar se a febre foi identificada apenas pelo toque ou se fez uso de termômetro, onde acusou temperatura maior ou igual a 37,5ºC. Não deixar de anotar em outros, caso seja necessário. Diarréia: anotar há quantos dias (caso tenha sido no dia da entrevista, telefonar para a mãe 24 horas depois para saber o período que a criança continuou com diarréia). Checar se igual ou maior que três evacuações amolecidas ou líquidas por dia, e se ao menos uma evacuação com sangue visível por dia. Não deixar de anotar em outros, caso seja necessário. Perguntar se a amamentação foi suspensa durante o período da diarréia e marcar com X em sim ou não. Perguntar se ofereceu algo para tratar a diarréia e se Sim, anotar o que foi oferecido a criança. Tosse: Perguntar se a criança tossiu alguma vez neste primeiro mês de vida. Se sim, perguntar se durante a tosse a criança apresentou febre, cansaço, nariz entupido, dor de ouvido, dificuldade de respirar e respiração rápida. Internamento: perguntar se nos últimos 15 dias a criança teve algum internamento hospitalar ou foi atendida em emergencia. Marcar com X em sim ou não, e perguntar se foi emergência, ou no posto de saúde, ou internamento hospitalar. Se houve internamento perguntar o motivo e quantos dias de internamento. Perguntar se durante a doença a criança fez uso de antiobioticoterapia ou hidratação venosa. Administrar a 2° cápsula a mãe e anotar no formulário. Agendar a próxima consulta da criança na puericultura com data e hora, conforme agendamento da enfermeira do setor (com 1mês de vida do bebê). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 116 6.4 - Formulário da Consulta de Puericultura (1º -3º e 5º mês de vida) Serão dados relativos a coleta da antropometria da mãe e criança e da morbidade da criança. O grupo que a puérpera pertence, o número do formulário, o nome da mãe, o nome e o sexo da criança já estarão preenchidos. Número do prontuário: refere-se ao número do registro da paciente no hospital Nome do entrevistador: Escrever o nome de forma legível (letra de forma). Data da entrevista: anotar no início da entrevista nos espaços correspondentes a dia/mês/ano em que a paciente encontrava-se na puericultura. Número do cartão da criança: número do cartão que a criança irá receber neste momento. O peso, altura e circunferência craniana, deverão atender às NORMAS PADRONIZADAS PARA A TOMADA DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS descritas anteriormente (medidas realizadas pela enfermeira da puericultura e transcritas para o formulário pelo auxiliar de pesquisa). Aleitamento materno: assinalar com X se sim ou não. Na resposta Sim, perguntar se o aleitamento é exclusivo (apenas leite materno – não entra água nem chá), caso não seja exclusivo, assinalar com X no parcial e questionar quais os alimentos introduzidos, quantas vezes e qual o volume. Morbidade na criança (febre e/ou diarréia): Se Sim: Febre: anotar há quantos dias (caso tenha sido um dia antes ou no dia da entrevista, telefonar para a mãe 48 horas depois para saber o período que a criança continuou com febre). Perguntar se a febre foi identificada apenas pelo toque ou se fez uso de termômetro, onde acusou temperatura maior ou igual a 37,5ºC. Não deixar de anotar em outros, caso seja necessário. Diarréia: anotar há quantos dias (caso tenha sido no dia da entrevista, telefonar para a mãe 24 horas depois para saber o período que a criança continuou com diarréia). Checar se igual ou maior que três evacuações amolecidas ou líquidas por dia, e se ao menos uma evacuação com sangue visível por dia. Não deixar de anotar em outros, caso seja necessário. Perguntar se a amamentação foi suspensa durante o período da diarréia e marcar com X em sim ou não. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 117 Perguntar se ofereceu algo para tratar a diarréia e se Sim, anotar o que foi oferecido a criança. Tosse: Perguntar se a criança tossiu alguma vez neste primeiro mês de vida. Se sim, perguntar se durante a tosse a criança apresentou febre, cansaço, nariz entupido, dor de ouvido, dificuldade de respirar e respiração rápida. Internamento: perguntar se nos últimos 15 dias a criança teve algum internamento hospitalar ou foi atendida em emergencia. Marcar com X em sim ou não, e perguntar se foi emergência, ou no posto de saúde, ou internamento hospitalar. Se houve internamento perguntar o motivo e quantos dias de internamento. Perguntar se durante a doença a criança fez uso de antiobioticoterapia ou hidratação venosa. Agendar a próxima consulta da criança na puericultura com data e hora, conforme agendamento da enfermeira do setor. Agendar a visita domiciliar de acordo com a disponibilidade da mãe. 6.5 - Formulário da Primeira Visita Domiciliar (1 mês e meio) Os dados a serem coletados serão referentes a morbidade da criança, sobre o aleitamento materno, inclusive reforçando sobre o benefício do leite materno para a criança. Na primeira visita fazer rapidamente um check list dos dados sobre o registro domiciliar e sócio-econômicos. O grupo que a puérpera/criança pertence, o número do formulário, o nome da mãe, o nome e o sexo da criança, endereço, bairro, ponto de referência e telefone já estarão preenchidos. Número do prontuário: refere-se ao número do registro da paciente no hospital Nome do entrevistador: Escrever o nome de forma legível (letra de forma). Data da entrevista: anotar no início da entrevista nos espaços correspondentes a dia/mês/ano da realização da primeira visita domiciliar. Número do cartão da criança: número do cartão que a criança irá receber neste momento. Registro domiciliar: perguntar a puérpera e anotar de acordo com a observação do entrevistador. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 118 Tipo, regime de ocupação, paredes, piso e cobertura: Assinalar com um X no quadro correspondente. Quando outro, escrever por extenso. OBS: Nas questões referentes a paredes, piso e cobertura, anotar o material predominante. Caso seja metade de cada, codificar como outro e especificar. Abastecimento d’água: assinalar de acordo com as instruções: (quando outro, ou combinação de duas respostas, escrever por extenso) com canalização interna – quando a família dispõe de água encanada dentro de casa. sem canalização interna – quando a família não dispõe de água encanada dentro de casa, só dispondo no máximo de uma torneira no terreno. Tratamento da água de beber: assinalar a opção mais utilizada no tipo de tratamento da água utilizada para beber, se mais de duas opções assinalar e especificar em outros Considerar clorada a água que recebe cloro adicional no domicílio. Caso não exista tratamento d’água na residência, assinalar em outros: “sem tratamento”. Esgotamento Sanitário: anotar de acordo com as especificações: (quando outro, ou combinação de duas respostas escrever por extenso) Sanitário ligado à rede de esgoto – quando dejetos e águas servidas vão para a canalização da rua. Sanitário ligado à fossa com tampa – quando dejetos e águas servidas vão para uma fossa com tampa. Sanitário ligado à fossa aberta – quando os dejetos vão para uma fossa sem tampa (casinha ou buraco negro). Banheiro: Assinalar com um X no quadro correspondente. Quando outro, escrever por extenso. Destino do lixo: Assinalar com um X no quadro correspondente. Quando outro, escrever por extenso. Cômodos: observar e perguntar se necessário (terraço e banheiro não são cômodos). Muitas vezes as pessoas não possuem quartos, mas dormem em cômodos, como sala ou cozinha. Das letras “l a r” marcar 1 (tem) ou 2 (não tem). FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 119 Aleitamento materno: assinalar com X se sim ou não. Na resposta Sim, perguntar se o aleitamento é exclusivo (apenas leite materno – não entra água nem chá), caso não seja exclusivo, assinalar com X no parcial e questionar quais os alimentos introduzidos, quantas vezes e qual o volume. Morbidade na criança (febre e/ou diarréia): Se Sim: Febre: anotar há quantos dias (caso tenha sido um dia antes ou no dia da entrevista, telefonar para a mãe 48 horas depois para saber o período que a criança continuou com febre). Perguntar se a febre foi identificada apenas pelo toque ou se fez uso de termômetro, onde acusou temperatura maior ou igual a 37,5ºC. Não deixar de anotar em outros, caso seja necessário. Diarréia: anotar há quantos dias (caso tenha sido no dia da entrevista, telefonar para a mãe 24 horas depois para saber o período que a criança continuou com diarréia). Checar se igual ou maior que três evacuações amolecidas ou líquidas por dia, e se ao menos uma evacuação com sangue visível por dia. Não deixar de anotar em outros, caso seja necessário. Perguntar se a amamentação foi suspensa durante o período da diarréia e marcar com X em sim ou não. Perguntar se ofereceu algo para tratar a diarréia e se Sim, anotar o que foi oferecido a criança. Tosse: Perguntar se a criança tossiu alguma vez neste primeiro mês de vida. Se sim, perguntar se durante a tosse a criança apresentou febre, cansaço, nariz entupido, dor de ouvido, dificuldade de respirar e respiração rápida. Internamento: perguntar se nos últimos 15 dias a criança teve algum internamento hospitalar ou foi atendida em emergencia. Marcar com X em sim ou não, e perguntar se foi emergência, ou no posto de saúde, ou internamento hospitalar. Se houve internamento perguntar o motivo e quantos dias de internamento. Perguntar se durante a doença a criança fez uso de antiobioticoterapia ou hidratação venosa. Confirmar a agenda da próxima consulta da criança na puericultura com data e hora, conforme agendamento anterior. Orientar a mãe jejum no mínimo de 04 horas e que não ofereça sua mama direita no mínimo três horas antes de ir ao IMIP. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 120 6.5 - Formulário da Visita Domiciliar (2, 3, 4 e 5 meses e meio) Os dados a serem coletados serão referentes a morbidade da criança, sobre o aleitamento materno, inclusive reforçando sobre o benefício do leite materno para a criança. O grupo que a puérpera/criança pertence, o número do formulário, o nome da mãe, o nome e o sexo da criança, endereço, bairro, ponto de referência e telefone já estarão preenchidos. Número do prontuário: refere-se ao número do registro da paciente no hospital Nome do entrevistador: Escrever o nome de forma legível (letra de forma). Data da entrevista: anotar no início da entrevista nos espaços correspondentes a dia/mês/ano da realização da primeira visita domiciliar. Número do cartão da criança: número do cartão que a criança irá receber neste momento. Aleitamento materno: assinalar com X se sim ou não. Na resposta Sim, perguntar se o aleitamento é exclusivo (apenas leite materno – não entra água nem chá), caso não seja exclusivo, assinalar com X no parcial e questionar quais os alimentos introduzidos, quantas vezes e qual o volume. Morbidade na criança (febre e/ou diarréia): Se Sim: Febre: anotar há quantos dias (caso tenha sido um dia antes ou no dia da entrevista, telefonar para a mãe 48 horas depois para saber o período que a criança continuou com febre). Perguntar se a febre foi identificada apenas pelo toque ou se fez uso de termômetro, onde acusou temperatura maior ou igual a 37,5ºC. Não deixar de anotar em outros, caso seja necessário. Diarréia: anotar há quantos dias (caso tenha sido no dia da entrevista, telefonar para a mãe 24 horas depois para saber o período que a criança continuou com diarréia). Checar se igual ou maior que três evacuações amolecidas ou líquidas por dia, e se ao menos uma evacuação com sangue visível por dia. Não deixar de anotar em outros, caso seja necessário. Perguntar se a amamentação foi suspensa durante o período da diarréia e marcar com X em sim ou não. Perguntar se ofereceu algo para tratar a diarréia e se Sim, anotar o que foi oferecido a criança. Tosse: Perguntar se a criança tossiu alguma vez neste primeiro mês de vida. Se sim, perguntar se durante a tosse a criança apresentou febre, cansaço, nariz entupido, dor de ouvido, dificuldade de respirar e respiração rápida. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 121 Internamento: perguntar se nos últimos 15 dias a criança teve algum internamento hospitalar ou foi atendida em emergencia. Marcar com X em sim ou não, e perguntar se foi emergência, ou no posto de saúde, ou internamento hospitalar. Se houve internamento perguntar o motivo e quantos dias de internamento. Perguntar se durante a doença a criança fez uso de antiobioticoterapia ou hidratação venosa. Confirmar a agenda da próxima consulta da criança na puericultura com data e hora, conforme agendamento anterior. Orientar a mãe jejum no mínimo de 04 horas e que não ofereça sua mama direita no mínimo três horas antes de ir ao IMIP. 6.7 - Formulário consulta Puericultura (2° - 4° e 6° mês) Os dados coletados serão referentes a antropometria, dados bioquímicos da mãe e da criança, morbidade da criança e a coleta do leite materno. O grupo que a puérpera/criança pertence, o número do formulário, o nome da mãe, o nome e o sexo da criança já estarão preenchidos. Número do prontuário: refere-se ao número do registro da paciente no hospital Nome do entrevistador: Escrever o nome de forma legível (letra de forma). Data da entrevista: anotar no início da entrevista nos espaços correspondentes a dia/mês/ano da realização da terceira consulta da puericultura. Número do cartão da criança: número do cartão que a criança irá receber neste momento. O peso, comprimento e circunferência craniana da criança, devem atender às NORMAS PADRONIZADAS PARA A TOMADA DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS descritas anteriormente (medidas realizadas pela enfermeira da puericultura e transcritas para o formulário pelo auxiliar de pesquisa). O peso, altura e circunferência do braço da mãe, devem atender às NORMAS PADRONIZADAS PARA A TOMADA DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS descritas anteriormente (medidas realizadas e transcritas por auxiliar de pesquisa). Coletar sangue materno, sangue do recém nascido e leite materno (Banco de Leite), devem atender às NORMAS PADRONIZADAS PARA A COLETA DE SANGUE E DO LEITE MATERNO e anotar no formulário. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 122 Aleitamento materno: assinalar com X se sim ou não. Na resposta Sim, perguntar se o aleitamento é exclusivo (apenas leite materno – não entra água nem chá), caso não seja exclusivo, assinalar com X no parcial e questionar quais os alimentos introduzidos, quantas vezes e qual o volume. Morbidade na criança (febre e/ou diarréia): Se Sim: Febre: anotar há quantos dias (caso tenha sido um dia antes ou no dia da entrevista, telefonar para a mãe 48 horas depois para saber o período que a criança continuou com febre). Perguntar se a febre foi identificada apenas pelo toque ou se fez uso de termômetro, onde acusou temperatura maior ou igual a 38ºC. Não deixar de anotar em outros, caso seja necessário. Diarréia: anotar há quantos dias (caso tenha sido no dia da entrevista, telefonar para a mãe 24 horas depois para saber o período que a criança continuou com diarréia). Checar se igual ou maior que três evacuações amolecidas ou líquidas por dia, e se ao menos uma evacuação com sangue visível por dia. Não deixar de anotar em outros, caso seja necessário. Perguntar se a amamentação foi suspensa durante o período da diarréia e marcar com X em sim ou não. Perguntar se ofereceu algo para tratar a diarréia e se Sim, anotar o que foi oferecido a criança. Tosse: Perguntar se a criança tossiu alguma vez neste primeiro mês de vida. Se sim, perguntar se durante a tosse a criança apresentou febre, cansaço, nariz entupido, dor de ouvido, dificuldade de respirar e respiração rápida. Internamento: perguntar se nos últimos 15 dias a criança teve algum internamento hospitalar ou foi atendida em emergência. Marcar com X em sim ou não, e perguntar se foi emergência, ou no posto de saúde, ou internamento hospitalar. Se houve internamento perguntar o motivo e quantos dias de internamento. Perguntar se durante a doença a criança fez uso de antiobioticoterapia ou hidratação venosa. Agendar a próxima consulta da criança na puericultura com data e hora, conforme agendamento da enfermeira do setor. Agendar a segunda visita domiciliar de acordo com a disponibilidade da mãe. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 123 6.8 – Consumo alimentar Serão aplicados o Questionário de Freqüência Alimentar semi-Quantitativo (QFA). No QFA as perguntas serão feitas referente aos 6 meses de amamentação sobre o consumo de alimentos fonte de vitamina A. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 124 APÊNDICE C – FORMULÁRIO TRIAGEM FORMULÁRIO 01 - TRIAGEM 1.Data: _____/____/_________ 2. Número do questionário _______ 3. Número do prontuário _____________________________ Nome da paciente: ___________________________________________________________ Endereço: ________________________________________________________________ Bairro: ___________________________________________________________________ Ponto de referência: ___________________________ Fone: ( )__________________ 4.Idade (anos): ______________________ Data do nascimento ____/____/____ 5.N° gestações (incluindo a atual): _______________ 6. N° abortos: __________ Data último parto/aborto: ___________ DUM ____/____/____ 7. Intervalo intergestacional: ___ (anos) 8. Idade gestacional ____________ 9. Número de consultas: ______ 10. No de pessoas no domicílio: _______ 11. Renda familiar R$ _______________ 12. Renda per capita _________________ 13. Escolaridade: (último ano cursado com aprovação) Série _____ Grau _______________ 14. Peso1:_____________ 15. Peso2: _____________ 16. Altura1: ___________ 17. Altura2: ___________ 18. Circunferência do braço1:____________ 19. Circunferência do braço2: ____________ Foi coletado: Sangue materno? 20.HB: ___________ Sim Não 21.Retinol sérico:____________ Nome entrevistador: ________________________________________________________ FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 125 APÊNDICE D- FORMULÁRIO PPP/COB FORMULÁRIO 02 - PPP/ COB 22. Data do parto: _____/____/_________ 23. Número do questionário _______ 24. Número do prontuário _____________________________ Nome da paciente: ____________________________________________________________ 25. Tipo de parto: 1.Normal 2.Cesárea 26. Sexo da criança: 1.M 2.F 27. Peso ao nascer: ______________ 28. Comprimento: _____________ 29. Circunferência craniana: _____________ 30. Apgar (1)’ ________________ 31. Apgar (5)’_______________ A mãe recebeu a cápsula de vitamina A no pós-parto imediato? 1. Sim 2. Não Coletado Sangue do cordão umbilical? 1. Sim 2. Não Nome entrevistador: ________________________________________________________ Exames do Recém-nascido 32. Hb: 33. Retinol: FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 126 APÊNDICE E – FORMULÁRIO CONSULTA PUERICULTURA 8-10DIAS FORMULÁRIO 03 – PRIMEIRA CONSULTA DE PUERICULTURA (8 DIAS) 34. GRUPO 1. A 2. B 35. Data:______________________ 36. Número do questionário _______ 37. Número do prontuário _____________________________ Nome mãe: _________________________________________________________________ Nome da criança: ____________________________________________________________ 38. Peso 1 da criança: ______________ 39. Peso 2 da criança: _________________ 40. De que seu bebê está se alimentando? 1. leite materno (exclusivo) 2. leite materno + outros alimentos ( parcial) 3. Apenas outros alimentos (não mama mais)62. Situação vacinal atualizada 1. Sim 2. Não 41. A criança teve ou está com febre nos últimos 15 dias? 1. Sim Se sim: 2. Não 42. Há quantos dias _____ 43. Quente ao toque 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 44. Temperatura medida no termômetro 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 45. Qual a temperatura _____________ 46. A criança teve ou está com diarréia nos últimos 15 dias? 1. Sim 2. Não Se Sim: 47. Quantos dias ________ 48. Como eram as fezes? 1) ≥ 3 evacuações amolecidas ou líquidas por dia FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 127 2) Ao menos 1 evacuação amolecida por dia, com sangue visível 3) Outros __________________________ 8) Não se aplica 49.Suspendeu a amamentação durante a diarréia? 1.Sim 2. Não 3. Bebê não mama mais 8. Não se aplica 50. Ofereceu algo para tratar a diarréia? 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 49. Se sim, o quê?_________________________________________ 50. A criança teve tosse nos últimos 15 dias? 1. Sim 2. Não Apresentou nos últimos 15 dias: 51.Cansaço? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 52. Nariz entupido? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 53. Dor de ouvido? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 54. Dificuldade de respirar 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 55. Respiração rápida 1.Sim 2 Não 8. Não se aplica 56. Nos últimos 15 dias a criança foi internada ou recebeu algum atendimento de emergência? 1. Sim 2. Não 57. Se sim: 1. Ficou internada 2. Atendimento de Emergência 3. Levou ao posto 8. Não se aplica 58. Qual o motivo do internamento ou atendimento de emergência? ________________ 59. Quantos dias de internamento_____ 60. Tomou antibiótico? FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 1. Sim 2. Não 3. Não sabe 8. Não se aplica 61. Tomou soro na veia? 1. Sim 2. Não 3. Não sabe 8. Não se aplica A mãe recebeu a segunda cápsula? 1. Sim 2. Não Agendamento da próxima consulta: Data: ___/____/____ Nome entrevistador: ____________________________ Hora:_____:_____ 128 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 129 APÊNDICE F- FORMULÁRIO CONSULTA DE PUERICULTURA FORMULÁRIO 04 –CONSULTA DE PUERICULTURA (1, 2 ,3 ,4 E 5 MESES) GRUPO A B Data:______________________ 62.Número do questionário _______ 63. Número do prontuário _____________________________ Nome mãe: _________________________________________________________________ Nome da criança: ____________________________________________________________ 64. De que seu bebê está se alimentando? 1. leite materno (exclusivo) 2. leite materno + outros alimentos ( parcial) 3. Apenas outros alimentos (não mama mais) 65. Situação vacinal atualizada 1. Sim 2. Não 66. A criança teve ou está com febre nos últimos 15 dias? 1. Sim Se sim: 2. Não 67. Há quantos dias _____ 68. Quente ao toque 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 69. Temperatura medida no termômetro 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 70. Qual a temperatura _____________ 71. A criança teve ou está com diarréia nos últimos 15 dias? 1. Sim 2. Não Se Sim: 72. Há quantos dias ________ 73. Como eram as fezes? FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 130 1. ≥ 3 evacuações amolecidas ou líquidas por dia 2. Ao menos 1 evacuação amolecida por dia, com sangue visível 3. Outros __________________________ 8. Não se aplica 74. Suspendeu a amamentação durante a diarréia? 1.Sim 2. Não 3. Bebê não mama mais 8. Não se aplica 75. Ofereceu algo para tratar a diarréia? 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 76. Se sim, o quê?_________________________________________ 77. A criança teve tosse nos últimos 15 dias? 1. Sim 2. Não Apresentou nos últimos 15 dias: 78.Cansaço? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 79. Nariz entupido? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 80. Dor de ouvido? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 81. Dificuldade de respirar 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 82. Respiração rápida 1.Sim 2 Não 8. Não se aplica 83. Nos últimos 15 dias a criança foi internada ou recebeu algum atendimento de emergência 1. Sim 2. Não 83. Se sim: 1. Ficou internada 2. Atendimento de Emergência 3. levou ao posto de saúde 8. Não se aplica 84. Qual o motivo do internamento ou atendimento de emergência? ________________ 85. Quantos dias de internamento_____ FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 86. Tomou antibiótico? 1. Sim 2. Não 3. Não sabe 8. Não se aplica 87. Tomou soro na veia? 1. Sim 2. Não 3. Não sabe 8. Não se aplica Agendamento da próxima consulta: Data: ___/____/____ Hora:_____:_____ Agendamento da primeira visita domiciliar: Data: ___/___/___ Turno:_______ Nome entrevistador: ____________________________ 131 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 132 APÊNDICE G- FORMULÁRIO PRIMEIRA VISITA DOMICILIAR FORMULÁRIO 05 - PRIMEIRA VISITA DOMICILIAR (1 MÊS e MEIO) GRUPO A B 88. Data:_____________________ 89. Número do questionário _______ 90. Número do prontuário _____________________________ Nome mãe: _________________________________________________________________ Nome da criança: ____________________________________________________________ Registro domiciliar: 91. Tipo 1. Casa 2. Apartamento 4. Outros:_______ 3. Quarto/Cômodo 92. Regime de ocupação: 1.Própria 3.Cedida 5.Outros:________ 2.Alugada 93. Paredes 1.Alvenaria/tijolo 94. Piso: 95. Cobertura: 4.Invadida 3.Taipa s/ reboco 5.Madeira 2.Taipa c /reboco 4.Tijolo +Taipa 6.Outros: _______ 1.Cerâmica 3.Madeira 5.Outros:_______ 2.Cimento 4.Terra (barro) 1.Tela de brasilit 2.Telha de barro 3.Outros: _______ Abastecimento d’água (se mais de duas opções assinalar e especificar em outros): 96) com canalização interna 97) sem canalização interna 1.Rede Geral 1.Rede Geral 2.Poço 2. .Poço 3.Cisterna 3. Cisterna 4.Outros 4. Outros: FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 8. Não se aplica 98. 133 8. Não se aplica Tratamento da água de beber: (se mais de duas opções assinalar e especificar em outros) 1.Fervida 3.Coada 5.Mineral: ____________ 2.Filtrada 4.Sem tratamento 99. Esgotamento sanitário 1. Sanitário ligado à rede 2. Sanitário ligado à fossa c/tampa 6.Clorada 7.Outros ____________ 3. Sanitário ligado à fossa aberta 100. Banheiros 1.Sim 2.Não 101. Se existe banheiro: 1.Interno 2. Externo 3. Coletivo 8. Não se aplica 102. Destino do lixo 1. Coletado 2. Enterrado 4. Colocado em terreno baldio 3. Queimado 5. Outros ______________ 103.Cômodos: Total: _________ 143.Servindo de dormitório: ______________ 104. Iluminação elétrica 1. Tem 2. Não tem 105. Rádio 1. Tem 2. Não tem 106. Televisão 1. Tem 2. Não tem 107. Geladeira 1. Tem 2. Não tem 108. Fogão a gás 1. Tem 2. Não tem 109. Vídeo/DVD 1. Tem 110. De que seu bebê está se alimentando? 1. leite materno (exclusivo) 2. leite materno + outros alimentos ( parcial) 3. Apenas outros alimentos (não mama mais) 2. Não tem FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 111. Situação vacinal atualizada 1. Sim 2. Não 112. A criança teve ou está com febre? 1. Sim 2. Não Se sim: 113. Há quantos dias _____ 114. Quente ao toque 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 115. Temperatura medida no termômetro 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 116. Qual a temperatura _____________ 117. A criança teve ou está com diarréia nestes nos últimos 15 dias? 1. Sim 2. Não Se Sim: 118. Quantos dias ________ 119. Como eram as fezes? 1. ≥ 3 evacuações amolecidas ou líquidas por dia 2. Ao menos 1 evacuação amolecida por dia, com sangue visível 3. Outros __________________________ 8. Não se aplica 120. Suspendeu a amamentação durante a diarréia? 1.Sim 2. Não 3. Bebê não mama mais 8. Não se aplica 121. Ofereceu algo para tratar a diarréia? 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 134 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 135 122. Se sim, o quê?_________________________________________ 123. A criança teve tosse nestes nos últimos 15 dias? 1. Sim 2. Não Apresentou nos últimos 15 dias: 124. Cansaço? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 125. Nariz entupido? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 126. Dor de ouvido? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 127. Dificuldade de respirar 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 128. Respiração rápida 1.Sim 2 Não 8. Não se aplica 129. Nos últimos 15 dias a criança foi internada ou recebeu algum atendimento de emergência 1. Sim 2. Não 130. Se sim: 1. Ficou internada 2. Atendimento de Emergência 3. Levou ao posto 8. Não se aplica 131 Qual o motivo do internamento ou atendimento de emergência? ________________ 132 Quantos dias de internamento_____ 133 Tomou antibiótico? 1. Sim 2. Não 3. Não sabe 8. Não se aplica 134. Tomou soro na veia? 1. Sim 2. Não 3. Não sabe 8. Não se aplica Nome entrevistador: ____________________________ FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 136 APÊNDICE H- FORMULÁRIO VISITA DOMICILIAR FORMULÁRIO 07 - VISITA DOMICILIAR (2, 3, 4 E 5 MESES E MEIO) GRUPO A B 135. Data:_____________________ 136. Número do questionário _______ 137. Número do prontuário _____________________________ Nome mãe: _________________________________________________________________ Nome da criança: ____________________________________________________________ 138. De que seu bebê está se alimentando? 1. leite materno (exclusivo) 2. leite materno + outros alimentos ( parcial) 3. Apenas outros alimentos (não mama mais) 139. Situação vacinal atualizada 1. Sim 2. Não 140. A criança teve ou está com febre? 1. Sim Se sim: 2. Não 141. Há quantos dias _____ 142. Quente ao toque 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 143. Temperatura medida no termômetro 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 144. Qual a temperatura _____________ FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 137 145. A criança teve ou está com diarréia nestes nos últimos 15 dias? 1. Sim 2. Não Se Sim: 146. Quantos dias ________ 147. Como eram as fezes? 1. ≥ 3 evacuações amolecidas ou líquidas por dia 2. Ao menos 1 evacuação amolecida por dia, com sangue visível 3. Outros __________________________ 8. Não se aplica 148. Suspendeu a amamentação durante a diarréia? 1.Sim 2. Não 3. Bebê não mama mais 8. Não se Aplica 149. Ofereceu algo para tratar a diarréia? 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 150. Se sim, o quê?_________________________________________ 151. A criança teve tosse nestes nos últimos 15 dias? 1. Sim 2. Não Apresentou nos últimos 15 dias: 152. Cansaço? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 153. Nariz entupido? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 154. Dor de ouvido? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 155. Dificuldade de respirar 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica 156. Respiração rápida 1.Sim 2 Não 8. Não se aplica 157. Nos últimos 15 dias a criança foi internada ou recebeu algum atendimento de emergência 1. Sim 2. Não 158. Se sim: 1. Ficou internada 2. Atendimento de Emergência FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 138 3.levou ao posto de saúde 8. Não se aplica 159. Qual o motivo do internamento ou atendimento de emergência? ________________ 160. Quantos dias de internamento_____ 161. Tomou antibiótico? 1. Sim 2. Não 3. Não sabe 8. Não se aplica 162. Tomou soro na veia? 1. Sim 2. Não 3. Não sabe 8. Não se aplica Nome entrevistador: __________________________________________________________ FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 139 APÊNDICE I – QUESTIONÁRIO DE FREQUENCIA ALIMENTAR QUESTIONÁRIO DE FREQUÊNCIA ALIMENTAR Alimentos Quantas vezes você come 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N Cereais e Derivados Arroz Pão Bolacha integ. Bolacha Biscoito Macarrão Bolo Aveia (flocos) Farinha de milho (fubá) Angu de xerém Quarenta Broa Produtos Lácteos Leite integral Leite desnatado Iogurte integral Iogurte light Queijo Carnes, Pescados e Ovos Bovina Charque Galinha Peixes frutos do mar Sardinha Carne de porco Fígado Vísceras de frango ou de boi Unidade porção D S M A Medida P M G C. de sopa Unidade Unidade Unidade porção Fatia C. de sopa C. de sopa C. de sopa porção unidade Copo Copo Copo Copo bife c.sopa Porção Porção Porção unidade Porção Bife Porção FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... Alimentos Quantas vezes você come N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Mortadela/ presunto Lingüiça/ salsicha Toucinho/ bacon Ovo de galinha Leguminosas Feijão Feijão preto Feijão verde Ervilha Soja Amendoim Verduras e Hortaliças Cebola 10 140 Unidade porção D S M A Medida P M G Fatia Porção Porção Unidade Concha concha colher C. de sopa C. de sopa Unidade Rodela pimentão, Rodela Alface Cenoura Jerimum Chuchu Couve (folha e flor) Pepino Repolho Beterraba Tomate Vagem Quiabo/ maxixe Acelga Frutas Banana Laranja Acerola Maracujá Manga Maçã Mamão Abacate Goiaba Alimentos Folha C. de sopa Fatia C. de sopa C. de sopa Fatia C. de sopa Porção Fatia C. de sopa Unidade C. de sopa Quantas vezes você come Unidade Unidade Unidade Unidade Unidade Unidade Unidade Fatia Fatia Unidade porção FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... N 1 2 3 4 Melão Jaca Melancia Uva Abacaxi Cajá Pinha Pêra Graviola Caju Carambola Água de coco Suco de frutas Raízes e Tubérculos Batata inglesa Batata doce Farinha de mandioca Macaxeira Inhame/ cará Goma de mandioca Gorduras Azeite Margarina Manteiga Açúcares Açúcar Achocolatado Balas e doces Mel/ Rapadura Chocolate Bebidas Refrigerante bebida alcoólica Chá Café Suco artificial Miscelâneas Gelatina Salgadinho Coxinha/ empada Pizza Sanduíche 5 6 7 8 9 10 D S M A Medida Fatia Unidade Fatia Unidade Fatia Unidade Unidade Unidade Unidade Unidade Unidade Copo Copo C. de sopa C. de sopa C. de sopa Porção Fatia C. de sopa C. de sopa C. de chá C. de sopa C. de sopa C. de sopa Unidades C. de sopa Unidade? Copo Copo Xícara Xícara Copo Unidade Unidade Fatia Unidade 141 P M G FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... APÊNDICE J – FORMULÁRIO DE RECUSA FORMULÁRIO MOTIVO DA RECUSA Data: ______/_____/______ Nome da mãe: ________________________________________________________ Idade da mãe: ________________________________________________________ Escolaridade (anos): _____________________ Número de filhos: _______________________ Motivo da recusa:______________________________________________________ 142 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 143 APÊNDICE K – FORMULÁRIO DE INTERCORRENCIAS FORMULÁRIO DE INTERCORRENCIAS GRUPO A B Data:_____________________ Número do questionário _______Número do prontuário _____________________________ Nome mãe: _________________________________________________________________ Nome da criança: ____________________________________________________________ A criança está com febre? 1. Sim Se sim: 2. Não Há quantos dias _____ Quente ao toque 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica Temperatura medida no termômetro 1.Sim 2. Não 8. Não se aplica 237. Qual a temperatura _____________ A criança está com diarréia? 1. Sim 2. Não Se Sim: Quantos dias ________ Como eram as fezes? 1. ≥ 3 evacuações amolecidas ou líquidas por dia 2. Ao menos 1 evacuação amolecida por dia, com sangue visível 3. Outros __________________________ 8. Não se aplica A criança está com tosse? 1. Sim 2. Não Apresentou nos últimos 15 dias: Cansaço? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica Nariz entupido? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 144 Dor de ouvido? 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica Dificuldade de respirar 1. Sim 2 Não 8. Não se aplica Respiração rápida 1.Sim 2 Não 8. Não se aplica Qual o motivo da consulta? ________________ Há quantos dias vem apresentando estes eventos_____ Tomou antibiótico? 1. Sim 2. Não 3. Não sabe 8. Não se aplica Tomou soro na veia? 1. Sim 2. Não 3. Não sabe 8. Não se aplica Nome do entrevistador: ______________________________________________________ FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 145 ANEXOS ANEXO A – CARTA DE SUBMISSÃO À JOURNAL OF HEALTH, POPULATION AND NUTRITION DO 1º ARTIGO ANEXO B – NORMAS DE PUBLICAÇÃO DO JOURNAL OF HEALTH, POPULATION AND NUTRITION ANEXO C - CARTA DE SUBMISSÃO À JOURNAL OF TROPICAL PEDIATRICS DO 2º ARTIGO ANEXO D – NORMAS DE PUBLICAÇÃO DO 2° ARTIGO - PEDIATRICS ANEXO E: CARTA DE ANUÊNCIA MATERNIDADE PROF. BANDEIRA FILHO ANEXO F - PARECER DO COMITÉ DE ÉTICA E PESQUISA DO INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF. FERNANDO FIGUEIRA, IMIP. FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 146 ANEXO A – CARTA DE SUBMISSÃO À JOURNAL OF HEALTH, POPULATION AND NUTRITION DO 1º ARTIGO: FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 147 ANEXO B – NORMAS DE PUBLICAÇÃO DO JOURNAL OF HEALTH, POPULATION AND NUTRITION: FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 148 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 149 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 150 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 151 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 152 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 153 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 154 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 155 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... ANEXO C - CARTA DE SUBMISSÃO À PEDIATRICS DO 2º ARTIGO: 156 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... ANEXO D – NORMAS DE PUBLICAÇÃO DO 2° ARTIGO - PEDIATRICS 157 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 158 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 159 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 160 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 161 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 162 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 163 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 164 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 165 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 166 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 167 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 168 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 169 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 170 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 171 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... ANEXO E: CARTA DE ANUÊNCIA MATERNIDADE PROF. BANDEIRA FILHO 172 FERNANDES, T.F.S. Impacto da suplementação materna com dupla megadose... 173 ANEXO F - PARECER DO COMITÉ DE ÉTICA E PESQUISA DO INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF. FERNANDO FIGUEIRA, IMIP.