Adequadas condições de trabalho dos profissionais de saúde é uma das premissas básicas para a construção de um Sistema de Saúde de boa qualidade, resolutivo e humanizado. Não é possível organizar serviços eficientes se os profissionais não tiverem condições dignas de trabalho. Este Manual vem preencher uma lacuna no que diz respeito à normatização de biossegurança para os profissionais da Odontologia. O estabelecimento dessas normas representa um compromisso da Secretaria de Higiene e Saúde em garantir condições de trabalho compatíveis com a defesa da saúde dos profissionais da área. Isso inclui técnicas e utilização de equipamentos de proteção individual, que certamente vão contribuir não só para a melhoria das condições de trabalho do odontólogo e pessoal auxiliar, como também para o próprio paciente. 3 ÍNDICE Apresentação............................................ pág. 3 Introdução................................................. pág. 7 I - Controle de infecções no consultório odontológico.................................... pág. 8 II - Métodos de esterilização .................. pág. 10 1 - Físicos ....................................... pág. 10 2 - Químicos .................................... pág. 14 III - Métodos não preconizados................ pág. 16 IV - Método de desinfecção para os profissionais e pessoal auxiliar .......... pág. 17 V - Lembretes técnicos .......................... pág. 19 VI - Controle da infecção no consultório odontológico.................................... pág. 19 VII - Atender sem medo........................... pág. 22 VIII - Bibliografia....................................... pág. 25 INTRODUÇÃO Este manual é uma compilação das normas preconizadas pela Organização Mundial de Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde e vários autores, com vistas à proteção do profissional odontológico, pessoal auxiliar e do próprio paciente. Procurou-se organizar, de modo simples e objetivo, os métodos de esterilização e desinfecção, assim como a rotina do trabalho odontológico. Alguns métodos citados estão fora da nossa realidade econômica, razão pela qual são apresentadas formas alternativas que poderão ser utilizadas por qualquer profissional nos seus diversos serviços (públicos e/ou privados). Outros, embora ultrapassados, são citados apenas como reminiscência e não para serem utilizados. Com este manual, a Secretaria de Higiene e Saúde espera haver contribuído para dirimir algumas dúvidas existentes no que concerne à biossegurança na prática odontológica. Eventuais consultas e sugestões podem ser feitas à Policlínica do Centro Velho, Rua João Octávio nº 40, ou ao Núcleo de Aids em Odontologia de Santos, que funciona no Centro de Referência em Aids (CRAids), Rua Dona Luíza Macuco nº 40. 7 I - CONTROLE DE INFECÇÕES NO CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO O cirurgião-dentista trabalha na boca do paciente e muito próximo deste, expondo-se assim aos microorganismos presentes na flora bucal e às gotículas de respiração. Por outro lado, muitos instrumentos, materiais e mesmo os dedos do profissional são colocados e retirados constantemente da área de trabalho. Segundo os pesquisadores Calmes e Lillich, a contaminação cruzada no consultório pode ocorrer por quatro vias: - de paciente para o pessoal odontológico - do pessoal odontológico para o paciente - de paciente para paciente, através do pessoal odontológico - de paciente para paciente, através de instrumental, material e equipamentos. Uma cadeia epidemiológica eventualmente formada, passando pelo consultório, é difícil de ser comprovada, uma vez que a maioria dos pacientes é aparentemente saudável. Além disso, muitas das moléstias cuja cadeia envolve a orofaringe podem ser transmitidas antes do aparecimento dos sintomas clínicos (período de incubação), bem como em casos de infecções subclínicas, infecções inaparentes e por portadores sãos. Se considerarmos o número de pacientes atendidos e o número de moléstias sob suspeição, tornase clara a evidência do risco de contaminação. Não é de se estranhar que muitas das moléstias profissionais na odontologia sejam moléstias infecciosas. 8 PRINCIPAIS MOLÉSTIAS VEICULADAS PELA SALIVA • Parotidite • Sífilis • Hepatite • Varicela • Herpes simples • Coqueluche • Citomegalia • Herpangina VEICULADAS PELA OROFARINGE • Tuberculose • Gripe • Sarampo • Rinoviroses • Adenoviroses VEICULADAS POR SANGUE OU SORO • Hepatite B • AIDS CONCEITOS a) ESTERILIZAÇÃO - processo pelo qual todos os microorganismos são completamente eliminados. A esterilização é aplicada em instrumental. b) DESINFECÇÃO - consiste na destruição de grande parte dos microorganismos patogênicos, mas não necessariamente matando os esporos. A desinfecção é aplicada em material inerte, como pisos, paredes, móveis, equipamentos odontológicos e utensílios. c ) DEGERMAÇAO OU ANTI-SEPSIA - é a remoção ou redução das bactérias da pele, seja por meio da limpeza mecânica (escovação com sabão ou detergente), ou por meio de agentes químicos (anti-sepsia). E aplicada sobre tecidos vivos - pele, mãos e gengivas. d) ASSEPSIA - é o conjunto de medidas que tem por finalidade evitar a chegada de germes em um meio (local) que não os contenha. 9 II - MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO 1) FÍSICOS 1.1 pelo calor 1.1.1 úmido - autoclave 1.1.2 seco - incineração - estufa 1.2 por irradiação 1.2.1 - ionizante 2) QUÍMICOS 2.1 glutaraldeído 2.2 óxido de etileno (gás) MÉTODOS NÃO PRECONIZADOS FÍSICOS Panela de pressão/ebulidor Flambagem Radiação não ionizantes QUÍMICOS Formaldeído MÉTODOS FÍSICOS DE ESTERILIZAÇÃO ESTERILIZAÇÃO PELO CALOR ÚMIDO • AUTOCLAVE - VAPOR D'ÁGUA SOB PRESSÃO A autoclavação é o mais conhecido, mais utilizado e o mais eficiente método de esterilização usado em todo o mundo, com exceção do Brasil. O processo é feito em aparelhos denominados autoclave, fabricados em vários tamanhos e formas, com câmara simples ou dupla. A autoclave apresenta grande eficácia na esterilização do material, porém exige, para o seu manuseio, pessoal treinado e com conhecimento básico dos princípios de seu funcionamento, noções de microbiologia, de contaminação e de infecção. Para maior eficiência desse equipamento, é importante a observância dos mesmos princípios de tempo de exposição do material à temperatura máxima exigida para cada tipo de instrumental a ser esterilizado. 10 Desse modo, 15 ou 30 minutos de exposição a 127°C de temperatura do vapor são suficientes para esterilização de qualquer das formas de bactérias. Por esse processo pode ser submetido qualquer material, não havendo danos ao efeito da umidade e da temperatura. PREPARO DO MATERIAL Depois de o material estar completamente limpo e seco, deve ser acondicionado em pacotes, tambores, caixas metálicas ou vidros. Quando os pacotes são feitos em pano, devem ter tamanho adequado e permeável ao vapor. Recomenda-se que o pano seja íntegro (sem furos) e duplo para evitar possível recontaminação. As caixas, tambores e vidros devem ser colocados semiabertos na autoclave, exigindo, no ato de sua retirada do aparelho, todo o cuidado para fechá-los a fim de evitar risco de contaminação. ESTERILIZAÇÃO NA AUTOCLAVE A 127°C E 1,5 ATMOSFERA DE PRESSÃO • roupa e outros tecidos de algodão ...............................30 minutos • objetos metálicos (instrumental) .................................30 minutos • vidros e borrachas .....................................................15 minutos • água destilada em vidros ............................................15 minutos CUIDADOS APÓS A ESTERILIZAÇÃO: • observar a completa despressurização da autoclave • observar se todos os manômetros indicam o término da operação • retirar o material, fechado e lacrado com fita crepe, e datá-lo • a umidade dos pacotes indica defeito da autoclavagem ou inobservância, pelo operador, do tempo de secagem. Nesse caso, a esterilização deve ser refeita 11 ESTERILIZAÇÃO PELO CALOR SECO • INCINERAÇÃO Resume-se na destruição dos germes e do material ao atingir a carbonização. Em hospitais, é empregado quando o material é considerado altamente contaminado e sem possibilidade de aproveitamento posterior, como curativos, colchões, travesseiros, papéis, etc. • ESTUFA Obtido através da circulação do ar quente. Por ausência de umidade, a destruição das bactérias se dá pela oxidação das células secas, exigindo, portanto, maior temperatura e maior tempo de exposição do material que se deseja esterilizar. ESTERILIZAÇÃO EM ESTUFA A 170° C: Material Tempo de exposição METAIS .............................................................. 120 minutos VIDROS ................................................................... 60 minutos TALCO.................................................................. 120 minutos VASELINA E ÓLEOS EM GERAL........................... 120 minutos Como qualquer outro método de esterilização, a estufa também merece atenção especial no preparo, no acondicionamento do material no aparelho e na qualidade do material a ser submetido ao processo. • • • • Os cuidados gerais são comuns a qualquer dos métodos de esterilização: limpeza e secagem do material, acondicionamento correto, boa disposição das caixas e volumes. MANUSEIO DA ESTUFA 1. ligar a estufa vazia e fechada. 2. esperar o termômetro atingir 170° C. 3. abrir a estufa e colocar o material rapidamente para não ocorrer queda significativa de temperatura 12 4. esperar o termômetro atingir novamente 170° C 5. marcar o tempo desejado 6. depois de marcado o tempo, não abrir a porta nem colocar outro material dentro da estufa 7. durante esse período, verificar constantemente o termômetro, observando se não há alterações da temperatura. Caso ocorra alteração, regular o termostato para a temperatura desejada e recomeçar a marcar o tempo 8. terminado o tempo necessário, desligar a estufa e deixar a temperatura abaixar gradualmente, de preferência com o equipamento fechado 9. caso seja necessário o uso imediato do material, deixar a porta semi-aberta. O material, entretanto, deve ser resfriado gradualmente. ATENÇÃO: Panos, papel, algodão e borracha não deverão ser esterilizados na estufa porque • não são bons condutores de calor • queimam as fibras e perdem sua capacidade de absorção • as borrachas derretem sob a ação do calor. • são inflamáveis, pegando fogo com temperatura elevada. Para maior durabilidade, recomendase proteger, com papel laminado, os espelhos bucais e o fio de instrumentos de corte, como tesouras e bisturis. Após a higienização e secagem de instrumentais como fórceps, pinça, portaagulha e tesoura, é recomendável lubrificar suas junções e articulações. facilidade a uma ESTERILIZAÇÃO POR IRRADIAÇÃO RADIAÇÃO IONIZANTE É um processo nuclear de destruição de bactérias nas suas diferentes formas de virulência e de vida. No caso específico da esterilização de material, são empregados os raios gama. Eles causam destruição total das células vivas e desorganizam suas moléculas, além de terem alto poder de penetração, atravessando o plástico, o papel espesso, etc. As relativas desvantagens dos raios gama estão em seu alto custo e pelo fato de exigir pessoal altamente especializado para utilizar esse processo, havendo necessidade, ainda, de controle permanente da equipe, a fim de assegurar a integridade de sua saúde. Esse método é utilizado na esterilização de alimentos conservados. MÉTODOS QUÍMICOS DE ESTERILIZAÇÃO Esterilizantes químicos são preparações destinadas à esterilização de materiais sensíveis ao calor. Um esterilizante químico deve satisfazer às seguintes condições: − ser bactericida, virucida e fungicida − ser esporicida a frio − não alterar borracha ou plástico − não danificar equipamentos − não ser irritante para mucosas ou pele É importante estabelecer normas de conduta na técnica de esterilização por produtos químicos para que o resultado seja plenamente alcançado: • o instrumental a ser esterilizado deve ser rigorosamente limpo com desincrostante, sabão ou 14 detergente antes de ser colocado na solução. • o material deve ser colocado em cuba fechada e totalmente submerso na solução. • recomenda-se não colocar juntos, na mesma cuba ou bandeja, materiais diferentes (aço e alumínio, por exemplo), visando prevenir corrosão do tipo eletrolítica. • deve-se evitar abrir sucessivamente a cuba depois de colocada a solução. • observar o prazo de validade da solução - a cada sete dias, no máximo, ela deverá ser trocada, dependendo de quantas vezes foi usada. • usar pinça esterilizada para retirar o material da solução. • enxaguar abundantemente o material com soro fisiológico, antes de usá-lo no paciente. • GLUTARALDEÍDO São utilizadas, atualmente, duas formulações aquosas a 2%: POTENCIALIZADA - (PH ácido ou PH 3,4 a 3,6) - mantém-se ativa por 28 dias, mas possui menor poder esporicida. ATIVA - (PH alcalino ou PH 7,5 a 8,5) - mantém-se ativa por 14 dias, porém com maior poder esporicida. O tempo de exposição do material deve ser de 10 horas (esterilização) ou de 30 minutos (desinfecção). A substância é menos irritante e corrosiva do que o formaldeído. • ÓXIDO DE ETILENO (esterilizante químico a gás) Esterilização mais complexa, razão pela qual é limitada a artigos que não resistem ao calor (uso hospitalar). O produto é altamente inflamável. 15 Durante a esterilização, o óxido de etileno dissolve-se nos materiais (plástico, borracha, téxteis e couro) e estes, impregnados, podem provocar queimaduras químicas quando entram em contato com tecidos humanos. Por essa razão, há necessidade de uma exposição mínima de 24 horas ao ar, para garantir a eliminação do gás. O óxido de etileno destrói todas as formas de microorganismos, mas tem como incoveniente o alto custo. A uma temperatura de 54° C, sua concentração deve ser de 500 mg/litro. I I I - MÉTODOS NÃO PRECONIZADOS FÍSICOS • PANELA DE PRESSÃO/EBULIDOR - seu uso é condenado em todos os países com normas rígidas de segurança. • FLAMBAGEM - não é um eficiente processo de esterilização para odontologia, pois o material só pode ser considerado estéril quando chegar ao rubro. E quando isto acontece, o material certamente estará danificado porque o processo destempera as ligas metálicas, tornando-as extremamente friáveis. O método é desaconselhável, também, pelo perigo de acidentes ocasionais. • RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE - é feita através de raios ultra-violeta. Não deve ser usada para instrumental odontológico, pois os raios ultravioleta devem incidir diretamente sobre toda a superfície a esterilizar. Isso é praticamente impossível, uma vez que o instrumental 16 necessita de apoio em algum ponto. O método é indicado para manter em condições higiênicas o local onde se colocam os instrumentos esterilizados (bandejas). QUÍMICOS • FORMALDEÍDO - é um gás incolor e cáustico que, em contato com a pele, pode sensibilizá-la e queratinizá-la. É também irritante para as mucosas nasal e ocular, podendo ainda ocasionar bronquite e pneumonia. IV - MÉTODO DE DESINFECÇÃO PARA OS PROFISSIONAIS E PESSOAL AUXILIAR DEGERMAÇÃO E ANTI-SEPSIA 1. Lavagem básica das mãos: As mãos do profissional de saúde constituem importante veículo na transmissão de várias doenças. Tal fato justifica uma maior atenção voltada para a técnica correta de lavagem, uma vez que reduz populações microbianas, diminuindo, consequentemente, a possibilidade de contaminações. 2. Soluções anti-sépticas: Um anti-séptico adequado é aquele que exerce sua atividade germicida na presença de sangue, pús ou muco, sem irritar a pele ou as mucosas. As soluções mais usadas são: a) solução aquosa de PVP-I a 10% (1% iodo ativo) - por não ser irritante, é indicada para anti-sepsia das mucosas oral, ocular, intestinal e vaginal, bem como em feridas e queimaduras. b) solução alcoólica de PVP-I a 10% (1% iodo ativo) - usada na anti-sepsia pré-operatória. c) solução alcoólica de iodo a 1% (álcool iodado) - a associação desses dois anti-sépticos (álcool + iodo) constitui um composto de ação semelhante ao PVP-I a 10%. Vem sendo utilizada, portanto, como forma alternativa, por satisfazer as exigências de um anti-séptico eficaz, associada a baixo custo e facilidade de preparo. 17 TABELA PARA ESTERILIZAÇÃO calor seco APARELHO/ PRODUTO estufa TEMPERATURA 170° C 120 min. calor úmido autoclave 135° C 20 min. químico glutaraldeído a 2% TIPO TEMPO 10 horas TABELA PARA DESINFECÇÃO PRODUTO álcool a 70% LOCAL superfícies não metálicas superfícies metálicas glutaraldeído a 2% material instrumental imersão 30 minutos material instrumental imersão 20 minutos hipoclorito de sódio desincrostante Obs:.não é desinfectante 18 FORMA TEMPO fricção 30 segundos fricção 30 segundos V - LEMBRETES TÉCNICOS IMPORTANTES • A limpeza é o maior potencializador do agente esterilizador ou desinfetante. O instrumental deve ser rigorosamente limpo e seco antes de ser iniciado qualquer processo, pois resíduos orgânicos - nos quais soro, sangue, secreções e saliva são muito ricos - podem proteger os microorganismos da ação dos agentes químicos e físicos. • A escolha do método de esterilização fica condicionada às vantagens que cada um deles oferece. É preciso pensar nas particularidades do material a ser esterilizado, em sua vida útil, em sua resistência, etc. • Jamais interrompa um ciclo de esterilização ou desinfecção, sob pena de torná-lo inútil. • Procure conhecer o elemento básico que compõe o desinfetante escolhido para poder avaliar sua atividade biocida e seu tempo de ação. • Luvas de borracha são a única proteção dos profissionais contra o contágio através de microtraumas. Depois de usadas, devem sempre ser descartadas. • Considere cada paciente como potencialmente de risco. VI - CONTROLE DA INFECÇÃO NO CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO 1. LAVAGEM DAS MÃOS É uma das medidas higiênicas mais importantes. Para tanto, retire relógios, anéis ou jóias antes de iniciar as atividades do dia. 19 Use, de sabão líquido. preferência, Ensaboe as mãos e friccione-as por aproximadamente 15 segundos, em todas as faces e espaços interdigitais, articulações, unhas e extremidades dos dedos. Enxugue as mãos com papel toalha descartável. Feche a torneira, usando papel toalha descartável, sem encostar as mãos na pia ou na torneira. Na falta de papel toalha, ensaboe a torneira antes de iniciar o procedimento e enxague-a antes do término. 2. CONTROLE DO AMBIENTE 2.1 DIMINUIÇÃO DO NÚMERO DE PARTÍCULAS CONTAMINADAS PRODUZIDAS PELO AEROSSOL Germes do aerossol podem ser provenientes das tubulações e reservatórios de água e ar, ou da própria cavidade oral do paciente. É recomendada a higienização prévia da boca do paciente por qualquer dos meios convencionais - escovação e/ou bochechos -, pois isso reduz a contaminação em no mínimo 50%. 2.2 DIMINUIÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO AR POR EXAUSTOR OU FILTROS ESPECIAIS NA SALA.. O custo do equipamento e as despesas com a manu- 20 tenção são bastante elevados. Como alternativa, considere as condições de ventilação do ambiente e a incidência de luz solar direta. 2.3. USO DE BARREIRAS PARA IMPEDIR A INALAÇÃO OU CONTATO COM PARTÍCULAS CONTAMINADAS A finalidade é proteger o profissional e o pessoal auxiliar, tanto do aerossol, como de partículas maiores, afetadas durante o tratamento. Para tanto, é imprescindível o uso de máscaras, gorros, óculos e aventais pelos profissionais e pelo pessoal auxiliar. Embale o equipamento com filme de P.V.C. transparente, fazendo o mesmo com as pontas (alta, baixa rotação), a seringa tríplice, o carte e/ou mesa auxiliar, o espaldar da cadeira (pode ser usado, também, saco de lixo), o refletor (puxador e interruptor) e todas as superfícies com as quais o profissional mantenha contato. 2.4 Para limpeza de pisos, paredes, bancadas, móveis e equipamentos com superfícies não metálicas, é adequado o uso de glutaraldeído a 2%. OBSERVAÇÃO: Esta desinfecção deve ser feita logo após qualquer derramamento de sangue e/ou material infeccioso, ao terminar as atividades de trabalho de cada paciente e pelo menos uma vez por dia, antes de se iniciar o atendimento. 21 2.5 Todo material usado no atendimento odontológico (gazes, algodão, sugadores descartáveis, luvas e outros) deve ser desprezado em saco plástico próprio para lixo séptico e colocado longe de cães e roedores. Agulhas, lâminas de bisturi e todo material cortante e/ou pontiagudo precisa ser colocado em latas ou garrafas plásticas com hipoclorito de sódio e rotulado como 'contaminado'. 2.6 Todo e qualquer sangue derramado deve ser imediatamente limpo com solução de hipoclorito de sódio a 1% ou glutaraldeído a 2%. 2.7 As canetas de alta rotação devem ser colocadas em movimento para descarga de água dentro de um recipiente ou pia por 20 a 30 segundos, após o atendimento de cada paciente, no começo e no final do dia de trabalho, e ainda friccionadas com álcool a 70% por 30 segundos. VII - ATENDER SEM MEDO Uma das maiores preocupações dos profissionais, do pessoal auxiliar e dos pacientes é o contágio, sobretudo em relação à AIDS. Normalmente, os profissionais da área odontológica, quando se deparam com pacientes soropositivos para HIV, ou mesmo contaminados com o vírus da hepatite B, sentem-se inseguros em como proceder ao atendimento. Em muitos casos, acabam dispensando seus pa- 22 cientes por um único motivo: medo. Mas não é preciso ter receio. É só seguir as normas de biossegurança. A princípio pode parecer complicado. Mas se for criada uma rotina no consultório, essa sistemática se mostrará muito mais simples e barata cio que parece. É uma questão de hábito. Siga estas orientações para iniciar o seu dia de trabalho: CIRURGIÃO-DENTISTA Ao atender o primeiro paciente, tome as seguintes providências: • colocação de gorro, máscara e óculos de proteção • anti-sepsia das mãos com sabão líquido e/ou PVP-I degermante; enxugar as mãos e fechar as torneiras com papel toalha; vestir o avental e calçar as luvas • efetuar o exame clínico • promover o ato operatório • desprezar gaze e algodão com sangue em invólucro próprio ou separar na cuba-rim até o descarte • desprezar objetos perfuro-cortantes em latas ou garrafas plásticas com solução de hipoclorito de sódio a 0,5% terminado o atendimento: • retirar óculos, máscara gorro • retirar luvas e avental • lavar as mãos • preencher a ficha clínica • descansar Siga esse mesmo esquema ao atender cada um dos pacientes seguintes. 23 AUXILIAR ODONTOLÓGICO Para atender o primeiro paciente, é responsabilidade da auxiliar odontológica: • embalar o equipamento, equipo, pontas, espaldar da cadeira e refletor com filme PVC transparente • recepcionar o paciente • posicioná-lo na cadeira • providenciar guardanapo ou campo • paramentar-se, seguindo a mesma seqüência do cirurgiãodentista • auxiliar o ato operatório • desprezar gaze e algodão com sangue em invólucro próprio ou separar na cuba-rim até o descarte • desprezar objetos perfuro-cortantes em latas ou garrafas plásticas com solução de hipoclorito de sódio a 0,5% • acompanhar o paciente na saída da sala • colocar o instrumental utilizado no desincrostante ou em glutaraldeído a 2% por 30 minutos • desembalar todo o consultório • desinfetar o consultório: - superfícies metálicas - fricção com álcool a 70% por 30 segundos - superfícies não metálicas - hipoclorito de sódio ou glutaraldeído. • desparamentar-se • lavar as mãos. SEGUNDO PACIENTE Embalar o consultório, seguindo a seqüência anterior para cada um dos demais pacientes a serem atendidos. 24 VIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA MATA, Dilma Ferreira - Universidade Federal de Minas Gerais - Faculdade de Medicina - Apostila de Esterilizarão ROSETINI, SMO - Contágio no Consultório Odontológico - 1ª edição - São Paulo - Editora Santos - 1985 AIDS E OUTRAS INFECÇÕES VIRAIS NA PRÁTICA ODONTOLÓGICA, Brasília – 1985 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE ODONTOLOGIA: Normas de biossegurança para manejo de pacientes e indivíduos infectados pelo HIV CALMES, ROBERTO B. E LILLICH, THOMAS - Desinfecção na a prática odontológica - 1 edição, McGraw Hill do Brasil São Paulo, 1979 AUXILIAR ODONTOLÓGICA - apostilas - cursos III, IV e V Associação dos Cirurgiões-Dentistas de Santos e São Vicente - vários autores. NORMAS TÉCNICAS PRECONIZADAS PELA OMS E OPAS GENEVESE, E.J. E LOPES, ATTILIO - Doenças profissionais do cirurgião-dentista – 1ª edição - Pancast Editora COSTA, ANITA DE OLIVEIRA & GALVÃO, MARIA S.S. & MASSA, NILZETE GOMES - Esterilização e desinfecção 1ª edição - Cortez Editora, 1990 25 Manual elaborado por Alcino Antônio Campos Golegã, C.D. Regina Maria C. Tellini, C.D. Fotografias Ernesto Papa Projeto gráfico e ilustrações Artphício - Criação e Produção Gráfica Coordenação Rosangela B. Vieira de Menezes e Silva Mtb. 12.816 26