III Congresso Consad de Gestão Pública A EXPERIÊNCIA DA ENAP NA EDUCAÇÃO CONTINUADA DOS EPPGG DO GOVERNO FEDERAL Maria Stela Reis Painel 32/124 Carreiras de gestor governamental: seus modelos nos estados e no Governo Federal A EXPERIÊNCIA DA ENAP NA EDUCAÇÃO CONTINUADA DOS EPPGG DO GOVERNO FEDERAL Maria Stela Reis RESUMO Sob a denominação de Programa de Aperfeiçoamento para Carreiras, a ENAP implementa a educação continuada de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, por meio da oferta semestral de cursos de curta duração, para o desenvolvimento de competências necessárias para a melhoria permanente do seu desempenho profissional no setor público federal. Os cursos contemplam conceitos e ferramentas que cobrem todas as dimensões presentes na gestão governamental e de políticas públicas. É objetivo da ENAP, ao mesmo tempo em que viabilizar a progressão profissional, desenvolver as competências necessárias para o desenvolvimento profissional associado à melhoria da administração pública na gestão das políticas públicas. O objetivo deste artigo é apresentar os pressupostos, estratégias e desafios do Programa de Aperfeiçoamento, considerando o propósito de conjugar os objetivos de mudança de patamar dos profissionais na trajetória da carreira (progressão), o desempenho eficaz no órgão, com agregação de valor em uma política pública, e a melhoria do Estado. SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................... 03 O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL................................................................ 04 DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS........................................................... 05 MISSÃO E COMPETÊNCIAS DA CARREIRA DO EPPGG...................................... 06 A ARTICULAÇÃO DA FORMAÇÃO INICIAL COM A EDUCAÇÃO CONTINUADA NO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL.................................... 08 OS MARCOS POLÍTICOS E INSTITUCIONAIS DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS EPPGG – A GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NO GOVERNO FEDERAL............................................................................................... 10 DESAFIOS DO ESTADO CONTEMPORÂNEO – RAZÃO DE SER DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL.................................................................... 13 COMPETÊNCIAS PARA A GOVERNANÇA.............................................................. 15 A PROPOSTA ATUAL DO PROGRAMA DE APERFEIÇOAMENTO PARA CARREIRAS................................................................................................... 16 CONCLUSÕES E DESAFIOS................................................................................... 23 REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………. 25 3 INTRODUÇÃO A ENAP tem entre suas atribuições, a de promover a seleção e a formação inicial dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG) e dos Analistas de Planejamento e Orçamento (APO) ingressantes na administração pública federal, que são duas carreiras do ciclo de gestão do governo federal, bem como a de oferecer cursos de educação continuada para os EPPGG que estão na ativa, cujo cumprimento é pré-requisito para a progressão em sua carreira. A educação continuada dos EPPGG tem sido realizada por meio do Programa de Aperfeiçoamento para Carreiras, atividade regular da escola, que cumpre a função de propiciar aos gestores as condições para progredir na carreira, como já mencionado, mas que tem também promovido espaço de encontro e reflexão sobre as experiências vividas em cada contexto de trabalho do vasto campo de atuação da administração pública federal. É fundamental que seja consolidada uma proposta abrangente e forte de desenvolvimento profissional dos EPPGG, alinhada à missão da carreira na administração pública federal e às competências requeridas para um desempenho adequado à crescente complexidade dos desafios da gestão de políticas públicas no Brasil. 4 O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL O desenvolvimento profissional tem início na formação inicial para ingresso no cargo e extrapola a oferta de cursos. Ela se realiza no próprio exercício profissional e requer estratégias diversificadas que promovam a identificação permanente do gestor com a razão de ser de seu trabalho e que levem à motivação profissional. É um processo complexo, construído coletivamente, que guarda sua especificidade e características frente aos demais grupos profissionais. É objetivo da ENAP, ao mesmo tempo em que viabilizar a progressão profissional, desenvolver as competências necessárias para o desenvolvimento profissional associado à melhoria da administração pública na gestão das políticas públicas. Esse propósito depende da articulação de três elementos: a mudança de patamar na trajetória da carreira (progressão), o desempenho eficaz no órgão, com agregação de valor em uma política pública, e a melhoria do Estado. 5 DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS O conceito de competência é um elemento norteador dos processos de capacitação profissional de indivíduos que devem ser capazes de mobilizar e dominar, na ação e em tempo real, os diferentes elementos que compõem o conjunto de saberes e habilidades pertinentes a um campo profissional. (RAMALHO & NÚÑEZ, 2004). O cerne dessa concepção está na qualidade da ação do profissional. A ENAP tem buscado estruturar seus programas por competências, buscando preparar os gestores para um saber-fazer reflexivo, crítico, no contexto em que vão desenvolver sua ação. O conceito de competência traz uma noção que comporta a interação entre teoria e prática e o desenvolvimento da competência implica a elaboração teórica e conceitual sobre a prática, extrapolando a simples capacidade de fazer, pela capacidade de produção e reprodução do conhecimento, consciente e orientada por objetivos relacionados com o trabalho. De acordo com essa perspectiva, as fronteiras dos cargos são transpostas pela ampliação das competências, sendo estas materializadas pela capacidade de criar novos conhecimentos, analisar situações, contribuir para o movimento de melhoria contínua, de forma que o foco da capacitação deixa de ser os indivíduos e passa a ser as equipes. Não se trata mais de desenvolver pessoas que cumprem, isoladamente, tarefas e ordens, mas sim grupos de indivíduos que estão envolvidos em processos e têm a capacidade de se relacionar com os grupos internos e externos à organização, com iniciativa e maior visão de propósitos. Capacitar por competências significa desenvolver um substrato de responsabilidade , autonomia, capacidade de inovação, e visão estratégica, que pautem o desenvolvimento integrado e articulado de conhecimentos, habilidades e atitudes. As qualidades acima são pertinentes ao profissional competente, seja qual for o seu campo de atuação ou posição hierárquica. E o profissional competente na função pública, por sua vez, tem que pautar-se por valores do Estado democrático, como a ética pública, a responsabilidade social e a moral pública. 6 MISSÃO E COMPETÊNCIAS DA CARREIRA DO EPPGG Formar carreiras de Estado é formar profissionais que consubstanciarão esse Estado num horizonte temporal que extrapola mandatos políticos. O cargo de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental é estratégico porque está diretamente implicado nos processos de decisão, planejamento, viabilização e gestão das ações do governo federal brasileiro. É sua atribuição pautar-se pelas prioridades de governo, pela gestão estratégica e auxiliar na promoção do desenvolvimento sustentável, com transparência, responsabilidade fiscal e social. O profissional deve estar preparado para atuar em todos os processos de trabalho que fazem parte do ciclo de políticas públicas e da gestão governamental, quais sejam: formulação de políticas publicas, cujo processo envolve a mobilização dos interessados e a formação de agenda e a formulação da política; implementação de políticas públicas, por meio de programas que devem compor o PPA, compreendendo o desenho, a execução, o monitoramento e a avaliação desses programas, desdobrados em projetos que são planejados, executados, monitorados e avaliados em suas ações físicas e financeiras. avaliação de políticas públicas; gestão de alinhamento, organizações públicas desempenho, estrutura, (estratégia, planejamento, pessoas, conhecimento, processos, tecnologia, logística, finanças, comunicação etc.). Os profissionais dessas carreiras devem ter um perfil que englobe uma visão de finalidade e prioridade; capacidade de correlacionar variáveis distintas na análise de problemas complexos, de pesquisar, buscar informações e capacitar-se; de se comunicar; de trabalhar em equipe ao mesmo tempo, em múltiplas equipes; de dar respostas aos imprevistos, flexibilizar e inovar; capacidade de trabalhar sob pressão; capacidade de liderar; e sobretudo, de trabalhar com ética e responsabilidade públicas. 7 O EPPGG transita entre as peculiaridades do cargo efetivo (que, em razão da mobilidade da carreira, já encerra a diversidade de competências organizacionais dos órgãos da administração pública federal) e das funções de confiança. Isso significa que seu desempenho está correlacionado com a sustentação e com a mudança, com a inovação e os rumos imprimidos pelo comando político. É o profissional que tem os atributos para fazer a conexão entre o político e o técnico, ou seja, de contribuir para a tradução dos ideais e da emancipação política, econômica e social para as capacidades, estruturas e processos que vão lhe dar materialidade. Para dar conta das ações que lhes são atribuídas, esses profissionais precisam ter conhecimentos sobre a realidade brasileira, as origens e as características dos desafios e problemas nacionais; os impactos dos fatores externos no contexto nacional; o papel do Estado nacional; as concepções sobre desenvolvimento econômico e social; o funcionamento do Sistema Político Brasileiro e seus impactos sobre o processo decisório a respeito de políticas públicas; os fundamentos do pacto federativo e as competências dos entes da federação; as concepções e estratégias de políticas públicas; o ciclo de gestão governamental – planejamento, programação, orçamentação, controle e avaliação; os princípios e marcos jurídico-institucionais da Administração Pública; os processos e ferramentas da gestão pública federal; e os conhecimentos sobre contextos organizacionais e as ferramentais gerenciais. 8 A ARTICULAÇÃO DA FORMAÇÃO INICIAL COM A EDUCAÇÃO CONTINUADA NO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL Esse é o conjunto de conhecimentos que por excelência constituem a proposta curricular do curso de formação inicial dos EPPGG, oferecido ENAP. A escola tem sua criação associada à missão de formar esse profissional e durante seus 20 anos de existência vem formando turmas sucessivas, baseada num olhar de Estado, e buscando dar respostas às necessidades colocadas por cada momento histórico. Hoje em dia está bastante consolidado o pressuposto de que a formação inicial do EPPGG deva estar orientada principalmente para a construção das competências essenciais de entrada da carreira e contemplar momentos de contato com a prática profissional. O Curso de Formação Inicial para os gestores está orientado para oferecer referenciais para que esses profissionais possam compreender o contexto em que vão atuar e desenvolver uma visão realista, crítica e construtiva sobre os principais desafios nas diversas situações na Administração Pública Federal. Por essa razão, a formação inicial não pretende esgotar o universo possível das temáticas específicas com as quais os gestores se defrontarão nas diferentes áreas do Governo Federal, mas sim prepará-los para pensar, agir e interagir estrategicamente visando a busca de resolução de problemas tendo em vista o melhor desempenho em prol dos cidadãos, considerando as múltiplas possibilidades de entrada na Administração Pública. O contato e a análise da realidade operacional de governo são fundamentais para a compreensão desse contexto, e a integração da formação inicial com a posterior educação continuada dos EPPGG na ativa, embasam as diretrizes pedagógicas da concepção de desenvolvimento profissional que orienta os programas de capacitação da ENAP. Dadas a complexidade, a abrangência, a diversidade e a especificidade da Administração Pública federal, além da mutabilidade permanente do contexto econômico, social e institucional, o Programa de Aperfeiçoamento visa realizar no gestor o seu potencial de ser sujeito de seu próprio desenvolvimento, ao longo de sua carreira, fornecendo um leque de cursos amplo o suficiente para dar conta das 9 principais competências para a gestão de políticas públicas, reconhecendo a especificidade dos desafios do governo federal. A aposta é de que o EPPGG, como gestor de sua própria trajetória profissional, na identificação dos desafios específicos a cada contexto em que venha a atuar, vai optar pelos cursos que melhor responderem à sua demanda de conhecimento. 10 OS MARCOS POLÍTICOS E INSTITUCIONAIS DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS EPPGG – A GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NO GOVERNO FEDERAL O estabelecimento de uma sistemática de gestão da carreira, fundamentada na gestão por competências, é um objetivo fundamental para que o Programa de Aperfeiçoamento oferecido pela ENAP possa maximizar sua contribuição para a melhoria do desempenho desses profissionais. O sucesso da política de desenvolvimento profissional está relacionado com o funcionamento de todas as partes que compõem a política de gestão da carreira e em última instância, da gestão de recursos humanos do governo federal. É fundamental o estabelecimento de um efetivo sistema de avaliação de desempenho do EPPGG no escopo do órgão ao qual ele esteja lotado, efetivamente prestando serviço. A idéia subjacente à Gestão por Competências é a de que os órgãos responsáveis pela formação/capacitação do servidor devem conceber programas compatíveis com as exigências do contexto e dos governos, ou seja, os cursos devem enfatizar a resolução de problemas, a comunicação, a cooperação, o autodesenvolvimento, o desenvolvimento de lideranças e a criatividade, tendo como parâmetro os desafios acima elencados. A implantação de uma gestão por competências efetiva depende de um ambiente organizacional no qual preexista uma dinâmica em que a valorização e o desenvolvimento profissional sejam recursos estratégicos da organização, em especial se esta for uma organização pública em que valores e objetivos estão associados ao ideário socialmente desejável de sociedade e do papel do Estado (REIS, 2009). A literatura indica, ainda, que a gestão por competências deva estar alinhada à missão e aos objetivos superiores de políticas, propiciando um círculo virtuoso em que o desenvolvimento de competências dinamiza o aperfeiçoamento permanente da gestão pública. Neste contexto, a gestão estratégica de recursos humanos é fator decisivo, por contemplar de forma integrada e sincrônica os processos de identificação das necessidades de competências, seleção e desenvolvimento, acompanhamento e avaliação de competências, baseadas em 11 metas e indicadores de desempenho alinhados na organização e no governo como um todo. A promoção e a progressão dos EPPGG percorre uma sucessão de classes, sendo que o alcance da última dispensa o profissional do pré-requisito da capacitação. A distinção dessas classes ainda não é definida pela diferenciação de tarefas, responsabilidades ou complexidade. Diante dessa situação e na ausência de planos de desenvolvimento nos Ministérios e outros órgãos da administração pública federal, a busca pela capacitação profissional acaba sendo auto-referida, uma questão de escopo individual, com algumas exceções, obviamente. Atualmente, o órgão supervisor da carreira de EPPGG, a Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, está construindo instrumentos para gestão da carreira, cuja implementação deverá superar a situação de dispersão e suposta desconexão entre as trajetórias individuais desses gestores e as estratégias de desenvolvimento e inovação da gestão pública federal. A Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal estabelece que os órgãos federais elaborem planos de desenvolvimento profissional (incluindo ações de capacitação) para seus quadros com base no desenvolvimento de competências. Ainda que de forma não sistemática, alguns órgãos, por adesão, têm buscado construir sues planos de desenvolvimento. A ENAP, instituição que é co-formuladora da Política e executora desses planos no que toca às ações de formação e capacitação tem atuado como ator relevante no assessoramento aos órgãos que a procuram. Contudo, as ações de capacitação para desenvolvimento de competências do EPPGG ainda requerem o olhar organizacional e setorial. Abordar o desenvolvimento de competências do EPPGG implica lançar o olhar sobre a capacidade de governo, num primeiro momento, e depois a materialização dessa capacidade em cada campo temático, em cada contexto organizacional. Como explicitado anteriormente, o fortalecimento da atuação setorial desses profissionais ainda requer uma estruturação institucional, que viabilize a superação vigente do voluntarismo, do casuísmo e da ausência de estratégia na busca pela capacitação. Por meio do reconhecimento do tamanho do desafio a ser enfrentado, em cada contexto, é que são identificadas as competências necessárias para superá-lo. 12 O estudo sistemático da realidade e o planejamento, nesse sentido, são os elementos fundamentais para a construção de um sistema de gestão pública por competências que impulsione e identifique potenciais, talentos, conhecimento num movimento sinérgico de agregação de valor para os produtos e resultados das ações governamentais. A ENAP busca contribuir tanto para o desenvolvimento das competências profissionais próprias do campo de atuação do governo federal, quanto para que sejam criadas as condições para que a profissionalização do serviço público transforme-se em valor e motor propulsor de uma função pública voltada para o cidadão e o desenvolvimento econômico e social sustentável. 13 DESAFIOS DO ESTADO CONTEMPORÂNEO – RAZÃO DE SER DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL Diante do exposto, o planejamento curricular da ENAP, para o aperfeiçoamento das competências dos EPPGG, leva em conta: atribuições do cargo de EPPGG; os processos de trabalho associados ao ciclo de gestão e de políticas públicas, que é o campo de atuação profissional do EPPGG; as competências necessárias para a realização desses processos; os conhecimentos necessários para o desenvolvimento dessas competências, conteúdos esses extraídos de conversas com docentes, literatura, conversa com especialistas que atuam nos processos e currículos de cursos oferecidos pela própria escola, ao longo de sua existência. O Estado Brasileiro enfrenta o desafio de dar continuidade a um processo de reforma ao mesmo tempo em que cria condições para o desenvolvimento social e econômico já em curso no país. A compatibilização entre o desenvolvimento e a democracia torna o desafio da formulação e da implementação de políticas públicas ainda mais complexo, se considerarmos que, no centro da questão do desenvolvimento sustentável, está o desenvolvimento social. Por meio das políticas públicas, o Estado conjuga objetivos superiores relacionados ao futuro socialmente desejável com a ação. A capacidade de governo em políticas públicas extrapola, portanto, a capacidade gerencial, abarcando o campo dos valores, concepções e compromissos que orientam as escolhas sobre os rumos da ação governamental (REIS, 2009). Na administração pública federal brasileira, coexistem processos e estruturas rígidas e hierarquizadas, com uma dinâmica ainda incipiente de valorização do desempenho por resultados, da gestão por programas. Hoje vivemos momento de profissionalização crescente da burocracia, comprovada, entre outras coisas, pela criação de novas carreiras de Estado e fortalecimento das existentes. Para o enfrentamento dos desafios do Estado, tornase essencial o progressivo desenvolvimento das burocracias por meio do fortalecimento das instituições, e não de indivíduos. Isto posto, a ENAP, como escola de governo responsável pela capacitação dos gestores públicos, direciona as suas ações e programas no sentido 14 de contribuir para a construção e o fortalecimento de uma gestão democrática, participativa, responsável, transparente e integrada para o desenvolvimento da sociedade brasileira. 15 COMPETÊNCIAS PARA A GOVERNANÇA A visão de governo tem maiores implicações para competências. Até recentemente, o modelo da Nova Gestão Pública foi o mais propagado, mas agora o modelo da governança está ganhando espaço. Esses dois modelos partem de visões diferentes sobre o papel do governo na sociedade. No modelo da NGP, valores como eficiência, efetividade e economia são centrais; em contraste, no modelo da governança, a interação e o diálogo entre governo e sociedade (os stakeholders) é crucial. (HONDEGHEM, & HORTON, 2005) A idéia forte de governança é a de governar para a sociedade e ao mesmo tempo governar com a sociedade, de forma que o usuário dos serviços públicos tenha o papel de beneficiário e de regulador da prestação de serviços, dentro de um Estado democrático e republicano. O conceito de governança está associado à ampliação da participação de atores não estatais em decisões tomadas pelo poder público. A participação tem virtudes que interferem diretamente na gestão pública, tais como: constituir-se em um valor em si que fortalece a administração pública e a democracia; ampliar a mobilização coletiva e o controle social do governante; ampliar a legitimidade do Estado e da ordem democrática; reduzir a deficiência informacional; diminuir a autonomia do burocrata; ajudar a reduzir o espólio dos cargos de confiança e diminuir o predomínio dos mecanismos de controle procedimental sobre uma visão voltada para o alcance de resultados. O modelo da governança requer novas competências dos servidores públicos como as de trabalhar em rede, orientação para parcerias, habilidades de negociação etc., e vem tomando força como mais um elemento norteador dos programas de capacitação desenvolvidos pela ENAP. 16 A PROPOSTA ATUAL DO PROGRAMA DE APERFEIÇOAMENTO PARA CARREIRAS O Programa de Aperfeiçoamento de Carreiras é atualmente oferecido também para outras carreiras que fazem parte do ciclo de gestão, como uma estratégia de contribuir para o fortalecimento da integração de sua atuação na gestão governamental. A convivência entre profissionais das carreiras do ciclo de gestão, outrossim, cumpre também a função de fortalecimento da profissionalização. Trata-se de um programa de educação continuada baseado no ensino de aplicação. A principal característica da oferta é a sua modularidade, sendo aberta e flexível para que os gestores possam desenhar suas trilhas de aprendizagem e escolher os momentos mais adequados para participar. A regularidade e amplitude da oferta contribuem para o propósito de torná-lo uma estratégia de desenvolvimento profissional alinhado ao desenvolvimento das instituições. Com base nas atribuições do cargo e nos desafios da administração pública federal, os programas de aperfeiçoamento se pautam pelos objetivos de aprimorar as competências transversais relacionadas à visão sistêmica da gestão à dimensão jurídico-administrativa e política e de fortalecer a capacidade de análise das especificidades dos setores/problemas temáticos com os quais os governos e seus diversos órgãos lidam, entendendo-os como resultado de múltiplas determinações. A construção pedagógica e metodológica dos cursos do programa de aperfeiçoamento têm sido fortemente embasada nos princípios do desenvolvimento de competências. Os objetivos de ações de desenvolvimento no contexto da gestão por competências são formulados de forma a traduzir, a partir da compreensão sobre os desafios da administração pública, a preocupação de influenciar atitudes e valores e, sobretudo, sua transferência para situações concretas do trabalho, expressando competências e seu reflexo na dinâmica organizacional. Os conteúdos dos cursos não são concebidos a partir de campos de conhecimento específicos, delimitados e estanques. Para que as competências possam ser desenvolvidas, a seleção de conteúdo deve considerar as necessidades organizacionais; suas declarações estratégicas, os interesses e problemas da 17 realidade social; as motivações e as possibilidades dos indivíduos. Implícita a essas considerações, está a concepção de programa organizados por assuntos ou por problemas, que considera múltiplas dimensões, todas inter-relacionadas. (CHIPARI, Galvão e REIS, 2005) As metodologias trazem em si a preocupação de criar experiências de ensino-aprendizagem que deverão ser propiciadas para aperfeiçoar a construção de competências e sua aplicação deve facilitar as mudanças de comportamento dos indivíduos, previstos nos objetivos. Considerando que o campo de atuação das ações de desenvolvimento é a administração pública, o eixo metodológico se apóia na identificação de necessidades das instituições públicas e na integração dos saberes e da experiência com participantes e docentes, de modo que cada qual possa contribuir com elementos que, complementando-se, produzam resultados adequados às necessidades das organizações. Dessa perspectiva, a metodologia utilizada nas diferentes situações é acentuadamente ativo-reflexiva, participativa, caracterizada pela troca entre todos os agentes e pela construção pessoal e coletiva de competências. Merecem destaque as estratégias de simulação de situações reais e típicas do setor público federal, que tem sido desenvolvidas no Programa de Aperfeiçoamento, notadamente a Oficina de Negociação no Setor Público, a Oficina de Políticas Públicas e a Oficina de Gerenciamento de Projetos no Setor Público. São oficinas que simulam situações em que o gestor tem que utilizar capacidade de análise, conceitos e técnicas, bem como capacidade de se comunicar, se relacionar, liderar e negociar. Para o desenvolvimento dessas oficinas, a ENAP tem elaborado estudos de caso, como objetos de aprendizagem. No que respeita à dimensão de avaliação dos programas, se o objetivo da capacitação for o desenvolvimento de competência, compreendida esta como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes colocados em ação, a avaliação deve compreender níveis mais profundos de alcance da capacitação, do que o da reação, tais como o de aprendizagem, o de mudança do comportamento no trabalho (de competências), e o de avaliação do impacto das mudanças no desempenho organizacional. 18 A oferta de cursos de 2008 e 2009 foi organizada por quatro campos de competência, a saber: gestão governamental, técnicas associadas ä gestão de políticas públicas, competências de relacionamento e gestão de equipes e temas transversais de políticas públicas. A seguir são apresentadas as formulações de competências que os cursos buscam desenvolver, dentro de cada campo citado acima. 1) Gestão Governamental – contempla competências relacionadas com a capacidade de compreensão das funções, políticas, forma de organização e do funcionamento da ação do governo e da administração pública, dentro de uma perspectiva de sua integração e coordenação de processos. Gestão Orçamentária e Financeira Ser capaz de aplicar os principais conceitos e bases normativas que caracterizam o processo da gestão orçamentária e financeira governamental, tendo em vista fortalecê-lo como instrumento de viabilização de políticas públicas e de controle da aplicação dos recursos públicos aos fins a que se destinam. Execução Orçamentária e Financeira Ser capaz de programar e acompanhar a execução orçamentária e financeira de Programas e Ações, interagir com a área financeira e orçamentária e embasar decisão sobre a gestão cotidiana do orçamento. Gestão de Contratos, Compras e Licitações Ser capaz de executar e gerenciar a aplicação de recursos públicos nas compras e contratação de serviços necessários para o alcance dos objetivos dos projetos e atividades públicas, à luz dos marcos legais e da pertinente jurisprudência do Tribunal de Contas da União. Gestão de Convênios e Termos de Parceria Ser capaz de executar as transferências voluntárias da União para outras esferas de governo, de forma crítico-reflexiva, dentro dos balizadores da legalidade e daqueles de natureza prática emanados dos órgãos sistêmicos da Administração Pública Federal e dos órgãos fiscalizadores da despesa pública. 19 Análise Organizacional da Ação de Governo Coordenação de Políticas Públicas Ser capaz de analisar os mecanismos formais e informais utilizados pelos governos e líderes, para o enfrentamento de problemas de coordenação intragovernamental, do ponto de vista de sua importância enquanto capacidade de governo para implementação de políticas públicas. Gestão de Pessoas no Setor Público Ser capaz de compreender a função estratégica da gestão de pessoas, suas diretrizes e rumos em organizações do Poder Executivo Federal, bem como os papéis dos dirigentes e demais agentes públicos na esfera da gestão de pessoas e suas relações, tendo em vista acentuar a perspectiva sistêmica e orientada para resultados. Sistemas Integrados de Informação para a Gestão Governamental – Ser capaz de avaliar os sistemas gerenciais de informação quanto ao potencial de uso da informação disponível para o planejamento e controle de políticas governamentais. Marcos e instrumentos da regulação econômica Ser capaz de identificar e analisar questões de governança que afetam o desempenho da regulação econômica. Política da defesa da concorrência Ser capaz de identificar as relações entre Política Antitruste e Regulação Econômica à luz dos fundamentos teóricos e as aplicações das principais questões de Defesa da Concorrência em alguns estudos de caso. 2) Técnicas associadas ä gestão de políticas públicas – contempla o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades para usar metodologias e técnicas úteis para as diversas etapas do ciclo de políticas públicas bem como para análise e tomada de decisão sobre políticas. Oficina de Desenho de Programas Governamentais Ser capaz de utilizar os conceitos e metodologias de planejamento público, na análise de problemas e no desenho de programas governamentais. 20 Métodos de Pesquisa Social Aplicada à Avaliação de Políticas Públicas Ser capaz de entender as características, potencialidades e limitações dos diversos métodos qualitativos e quantitativos da Pesquisa Social usados em projetos de avaliação de programas públicos, bem como explorar analiticamente os resultados dessas pesquisas. Técnicas de Negociação no Setor Público Ser capaz de construir decisões compartilhadas e consensos sobre as estratégias das políticas públicas, por meio do uso de técnicas de negociação. Oficina de Negociação no Setor Público Ser capaz de tomar parte em processos de negociação, a partir da vivência de um processo simulado de negociações em tema específico da administração pública – estudo de caso sobre a aviação civil no Brasil. Gerenciamento de Projetos no Setor Público Ser capaz de: aplicar e adaptar ferramentas de gerenciamento de projetos ao trabalho que desenvolve, de modo a otimizar esforços e potencializar o alcance de resultados; elaborar planos de projetos com a definição de objetivos, resultados, indicadores, escopo, ações, cronograma e custos; planejar e dar respostas aos riscos envolvidos na gestão de um projeto; mobilizar esforços e recursos para dar direcionamento e sinergia na execução das ações de um projeto. Monitoramento de Projetos no Setor Público Ser capaz de desenvolver o monitoramento e a avaliação de projetos, com a integração de conceitos, métodos e ferramentas aos desafios, problemas e dinâmica da prática de gestão na administração pública. Oficina de Gerenciamento de projetos Ser capaz de: Aplicar os conceitos e técnicas do gerenciamento de projetos em uma situação simulada de gestão de produtos e de resultados em projeto interinstitucional do setor Público Federal. Atuar em equipes de forma cooperativa, com o exercício de liderança, da escuta ativa e de negociação no gerenciamento de projetos. 21 Indicadores sociais em Políticas Públicas Ser capaz de utilizar adequadamente as fontes de dados e Indicadores do Sistema Estatístico Brasileiro, para elaboração de diagnósticos e tomada de decisão sobre estratégias de políticas sociais em contextos específicos. Monitoramento e avaliação de políticas públicas Ser capaz de compreender o papel e a importância da avaliação de políticas públicas, distinguindo objetivos, tipos e metodologias, bem como a utilização das informações provenientes dos sistemas de monitoramento e avaliação para expandir e aprofundar o conhecimento institucional e para apoiar a tomada de decisão governamental. 3) Temas transversais de políticas públicas – são cursos que, em seu conjunto, contribuem para uma análise mais consistente sobre a complexidade envolvida nas políticas públicas. Judicialização das Políticas Públicas Ser capaz de compreender os argumentos na tensão entre a previsão constitucional dos direitos econômicos, sociais e culturais e a sua efetivação por intermédio das políticas públicas, na relação entre Poder Judiciário e Poder Executivo. Redes de Políticas Públicas – o Desafio da Governança Ser capaz de identificar uma rede de Políticas Públicas; suas características de funcionamento e principais atores que a compõem, tendo em vista a melhoria da gestão participativa da Política Pública. Ética e Política no Serviço Público Ser capaz de vizualizar um panorama dos conceitos básicos da ética e da moralidade política e de como eles incidem na estrutura normativa do serviço público. Estimular reflexão sobre problemas e dilemas concretos da conduta no serviço público, os quais emergem especialmente do fato de sua estrutura normativa situar-se no cruzamento de princípios da ação moral, normas da vida institucional e modos de lidar com o conflito político. Diversidade e políticas públicas – em fase de elaboração, para oferta no segudo semestre de 2010. Accountability e políticas públicas – em fase de elaboração, para oferta no segundo semestre de 2010. 22 4) Competências de relacionamento e gestão de equipes – cursos que desenvolvem competências que contribuem para um padrão de interação e desempenho coletivo, favorável ao desenvolvimento individual e institucional. Competências Conversacionais Ser capaz de: Distinguir o impacto que os diferentes tipos de conversação têm nos resultados da ação organizacional. Aprender como incrementar a efetividade da coordenação de ações entre sua organização e outros atores-chave em seu entorno. Aprender a influência dos estados emocionais que facilitam o cumprimento da missão e dos objetivos da organização. Aprender a importância da criação de uma base ética a partir da qual é possível relacionar-se de maneira diferente dentro da organização, gerando maior produtividade, efetividade e bem-estar. 23 CONCLUSÕES E DESAFIOS A idéia básica deste artigo é o de enfrentar o desafio permanente de capacitar o EPPGG com base em competências, preparando-o para enfrentar os desafios sociais, econômicos, institucionais e organizacionais associados à agenda governamental, os quais demandam o posicionamento desse profissional como ator do processo de mudança. Parte-se da premissa de que a competência que distingue o EPPGG na Administração Pública Federal é a de ser capaz de integrarse e agregar valor público no curto prazo, em cada situação de trabalho. A implementação de uma política depende de um “empreendedor”, que quase personifica a razão de ser da mesma, agindo como um desbravador de barreiras. O curso de formação e o programa de aperfeiçoamento devem preparar o gestor para ser esse empreendedor e, ao mesmo tempo, o agente de mudança das condições institucionais e organizacionais da gestão pública federal. As questões de natureza político-institucional que marcam a gestão de recursos humanos no governo federal colocam para a Escola e para o órgão supervisor da carreira a necessidade de estratégias de estreitamento das relações com os órgãos e entidades da administração pública, em movimento contínuo de revisão dos cursos ofertados, os quais devem envolver estudo, sistematização e disseminação de conhecimentos. Uma das linhas de inovação da educação continuada associada ao desenvolvimento profissional é a de atrelar a capacitação ao período do estágio probatório dos EPPGG ingressantes. É uma forma de direcionar o aperfeiçoamento, considerando competências básicas para o início da atuação, potencializando as ações de acompanhamento da integração dos mesmos, desenvolvidas pelo órgão superior da carreira. O cuidado, contudo, é para que haja uma separação bem clara entre o curso de formação e o estágio probatório. Essa questão merece uma análise bastante cuidadosa, porque, embora o processo de desenvolvimento seja contínuo, a formação inicial é ainda uma fase do concurso público, devendo-se zelar por seu rigor. Além disso, as questões de lotação, pertinentes à fase do estágio probatório, tendem a causar “ruídos” e dispersão durante o curso de formação, que prejudicam o bom desenvolvimento do mesmo e a concentração dos alunos 24 Sobre o processo de aperfeiçoamento para progressão funcional organizado segundo as diferenças de competências por classes, é uma questão a ser analisada com muito cuidado, para não gerar situações artificiais. Como já mencionado, atualmente, a distinção dessas classes ainda não é definida pela diferenciação de tarefas, responsabilidades ou complexidade. Diante dessa situação e na ausência de planos de desenvolvimento nos Ministérios e outros órgãos da administração pública federal, a busca pela capacitação profissional acaba sendo auto-referida, uma questão de escopo individual, com algumas exceções, obviamente. É preciso considerar também que a maturidade profissional não guarda relação causal com a idade do profissional. Neste sentido, seria prudente alguma flexibilidade no que se refere ao processo de progressão na carreira. Por fim, o grande desafio é alcançar o alinhamento das estratégias de desenvolvimento profissional com as necessidades de competências dos EPPGG nos órgãos e políticas públicas em que atuam. Como já mencionado anteriormente, melhores serão os resultados da capacitação para o desenvolvimento profissional. Por fim, a ENAP está à disposição para participar dessa construção e inovar, apoiando também as propostas em termos de ofertas de espaços de reflexão de práticas e de acompanhamento individualizado de profissionais seniores. Ainda sobre a inovação do desenvolvimento profissional a ENAP tem um campo potencial de atuação que pode contribuir para um salto na qualidade do desempenho dos EPPGG na administração pública, que é o de desenvolver um trabalho criterioso de reconhecimento de atividades de formação e capacitação realizadas em outras instituições de ensino, além de estágios etc., para efeito de eventual equivalência ao programa de aperfeiçoamento. 25 REFERÊNCIAS BOVENS, Mark (Editor); PETERS, Guy; HART, Paul. Sucess and failure in public governance: a comparative analysis. Cheltenham, UK: Edward Elgar, 2001. CHIPARI, Mariantonia, GALVÃO, Maria Cristina C. P.; REIS, M. Stela. Estratégias de capacitação da força de trabalho. Apostila Programa de Desenvolvimento Gerencial – Educação Continuada. São Paulo: FUNDAP, 2005. ENAP. Diretoria de Formação Profissional. Relatório Final do Curso de Formação para Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental. 13 ed. e 14 ed. Brasília, 2009, mimeo. GRAEF, Aldino. Cargos em comissão e funções de confiança: diferenças conceituais e práticas. Revista de Políticas Públicas e Gestão Governamental RESPVBLICA, Vol.7, No 2 – pp 61-72, Jul/Dez, 2008. Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (ANESP). HONDEGHEM, Annie; HORTON, Sylvia. Modèles de gestion des compétences en Europe. Revue Française D’Administration Publique, L’École Nationale D”Administration, no 116, 2005. pp. 561-576. NUÑEZ, Isauro Beltrán; RAMALHO, Betania Leite. Competência: uma reflexão sobre o seu sentido. In: OLIVEIRA, V. Q. S. F. de (org.). O sentido das competências no projeto político-pedagógico. 2 ed. Natal: EDUFRN – Editora da UFRN, 2004. pp. 13-33. 26 ___________________________________________________________________ AUTORIA Maria Stela Reis – Graduada e mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É Coordenadora-Geral de Formação de Carreiras da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), desde setembro de 2007, onde é responsável pela formação inicial da carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, do cargo de Analista de Planejamento e Orçamento e do Programa de Aperfeiçoamento para Carreiras. Endereço eletrônico: [email protected]