Goiânia, Sexta-feira 11 de abril de 2014
Desemprego cai mais no Norte e Nordeste, mais
disparidade persiste
O Brasil convive há séculos com um abismo entre as regiões mais desenvolvidas e aquelas mais
pobres, uma constatação comprovada estatisticamente e sobre a qual há razoável consenso. Não há
muito consenso, no entanto, em relação aos caminhos que o combate a essas desigualdades tem
tomado, embora as estatísticas (mais uma vez) mostrem que essas diferenças têm sido encurtadas.
Qualquer que seja o ponto de vista, os números mostram que ainda há um longo percurso a cumprir
antes de atingir níveis mais equilibrados de desenvolvimento regional.
Os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
novíssimo formato da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a chamada Pnad contínua,
mostram um retrado mais nítido do mercado de trabalho no País, numa visão que não se limita a
seis regiões metropolitanas usualmente acompanhadas pela pesquisa mensal de emprego e
desemprego.
Em primeiro lugar, torna-se evidente que a economia brasileira não atingiu o “pleno emprego”, já
que a taxa de desocupação média de todo o País chegou a 6,2% no quarto trimestre de 2013 –
abaixo dos 6,9% de igual período de 2012, mas acima do desemprego de 4,6% registrado em
dezembro e da taxa média de 5,4% observada para todo o ano passado com base na pesquisa mensal
de emprego e desemprego (que, como sabido, tem abrangência muitas vezes menor).
Mas há diferenças ainda importantes entre as regiões. A desocupação no Nordeste, por exemplo,
ficou em 7,9% no quarto trimestre de 2013, mas limitou-se a 3,8% no Sul e a 4,9% no Centro-Oeste
– índices mais próximos do que se pode considerar como “pleno emprego”. No Sudeste, região
mais desenvolvida, e no Norte, a taxa de desemprego variou entre 6,2% e 6,5%.
Baixa instrução
Houve queda no desemprego para todas as regiões, na comparação com os índices de um ano antes,
mas persistem disparidades. Por exemplo, nas regiões Norte e Nordeste, 39% e 42% das pessoas
ocupadas, pela ordem, não receberam qualquer educação ou abandonaram o ensino fundamental
antes de completar o ciclo. Talvez por isso mesmo aquelas regiões registrem o maior percentual de
pessoas trabalhando por conta própria (30,3% e 29,5%, diante de 23,2% na média do País) e a mais
baixa participação de empregados com carteira assinada no setor privado (64,4% e 61,8%,
respectivamente, frente a 77,1% na média brasileira). A despeito desses indicadores nada
favoráveis, as duas regiões responderam, em conjunto, por mais da metade do crescimento do
emprego no ano passado e contribuíram fortemente para a queda no número de desempregados em
todo o País.
Balanço
A população ocupada, ainda na soma das regiões Norte e Nordeste, aumentou de 28,769 milhões no
final de 2012 para 29,594 milhões no trimestre final de 2013, num acréscimo de 825 mil ocupações,
o que correspondeu a 52,4% do crescimento do total de ocupados no País (mais 1,575 milhão de
pessoas nessa condição, saindo de 90,306 milhões para 91,881 milhões de ocupados).
Como consequência, ainda que as taxas de desocupação sejam mais elevadas por lá, o número de
pessoas nessa situação caiu 13,3%, de 2,790 milhões para 2,418 milhões – 372 mil desocupados a
menos. No Brasil, a redução permitiu a retirada de 601 mil pessoas do desemprego.
Feitas as contas, portanto, o Norte-Nordeste contribuiu com quase 62% para a redução do
desemprego no País entre o quarto trimestre de 2012 e idêntico período do ano passado. Detalhe:
somadas, as duas regiões representam 32,7% da força total de trabalho.
Mas o desemprego entre jovens de 18 a 24 anos, que alcançou 13,1% na média do País, uma taxa já
absurdamente elevada, nas regiões Norte e Nordeste esse índice sobe para 14% e 16,4%. Além
disso, respectivamente 39,5% e 38,7% desse mesmo grupo etário e 22,3% e 24,9% das pessoas com
25 a 39 anos estão fora da força de trabalho.
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